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Resumo
INTRODUÇÃO
(ii) O que define a escolha de uma obra artística é apenas o que ela
comunica?
(iii) Se todas as obras possuírem a mesma característica comunicativa, o
que as diferencia?
(iv) Da mesma forma, se as obras são consideradas registros históricos,
qual o critério para escolha?
Assim, uma obra artística deverá apresentar determinado nível de encanto para
ser apreciada e apreendida pelo espectador. Este nível de encantamento, traduzido na
experiência estética, é, indiscutivelmente, um requisito pedagógico de suma importância,
configurando-se como ponto de partida para o desenvolvimento de nossa proposta. Ao
investigar a natureza da obra de arte através da abordagem estética, procuramos
identificar como se dá o provável encantamento inicial e o posterior uso da arte em
termos educacionais.
ARTE E EDUCAÇÃO
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A experiência estética pode ser definida como o estado de contemplação do sujeito diante da
obra de arte. Para Pareyson, esta contemplação não deve ser passiva, pois “representa o cume
de uma atividade intensa e operosa (PAREYSON, 2001, p. 207). Ainda segundo ele, “na
contemplação o olho não é imóvel, mas percorre a obra de lado a lado, [...] colhe a obra no ato de
chegar a ser como ela própria queria ser [...] é extremamente ativo este estado, [...] porque antes
implica uma tomada de posse, uma afirmação de domínio, uma verdadeira e própria conquista da
obra de arte.” (p. 207-208).
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[...] entende-se que aprender arte envolve não apenas uma atividade
de produção artística pelos alunos [arte como fazer], mas também a
conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da
percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico
visto como objeto de cultura através da história e como conjunto
organizado de relações formais [arte como expressão] [...] Ao fazer e
conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que
propiciam conhecimentos específicos sobre a relação com o mundo
[arte como conhecer]. (BRASIL, 1998, p. 44).
[...] a poética diz respeito à obra por fazer e a crítica à obra feita: a
primeira tem a tarefa de regular a produção da arte, e a crítica de avaliar
a obra de arte. [...] A estética, pelo contrário, não tem nem caráter
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normativo nem valorativo: ela não define nem normas para o artista nem
critérios para o crítico. Como filosofia, ela tem um caráter exclusivamente
teórico: a filosofia especula, não legisla. (PAREYSON, 2001, p.10-11)
A ESTÉTICA FILOSÓFICA
Assim, além de seu poder sensibilizador, a arte tem um valor importante como
atividade de reconstrução e representação do mundo, baseando-se, portanto, em
questões pertencentes ao mundo comum e que testificam o valor universal das obras de
arte. O fazer artístico trabalha com elementos que transpõem o mero processo de
assimilação e reconstrução de informações, alcançando um nível de entendimento e
linguagem própria, que consegue atingir o indivíduo em seu âmbito pessoal e emocional.
Pareyson afirma que a arte verdadeira e propriamente dita utiliza-se de toda a
operosidade humana, por sua vez já provida de “um caráter ‘artístico’, que [a arte]
prolonga, aprimora e exalta.” (2001, p.32-33).
Ele prossegue apontando que a arte não pode se limitar a uma provocação
sentimental, mas, antes de tudo, “é uma atividade na qual execução e invenção
procedem pari passu, simultâneas e inseparáveis, na qual o incremento de realidade é
constituição de um valor original.” (2001, p. 26).
Tal incremento caracteriza o próprio valor de criação presente na obra de arte,
trazendo para a mesma um diferencial e tornando-a tão inovadora. Ainda assim,
percebemos que o valor estético e a historicidade estão intimamente relacionados.
Pareyson aponta que quem “estudar o influxo da sociedade sobre a arte deverá começar
por reconhecer o caráter artístico da própria sociedade.” (2001, p.117).
Com isso, entendemos que a estética pode ter um rico e extenso papel na
validação da arte como instrumento educativo e transformador, atuando em questões que
compreendem desde uma subjetividade intimista despertada na obra, até suas
implicações histórico-sociais, sobre as quais podemos também refletir, fazendo uso de
uma racionalidade e concretude, em função da estética filosófica.
CONCLUSÃO
Assim, vemos que, em suma, a arte precisa ser desmistificada quanto à sua
funcionalidade que, embora exista, não deve ser o seu objetivo e fim. O ato de
contemplação, ou experiência estética, há de prevalecer. São estes elementos estéticos,
contidos na poética e nas técnicas empregadas, passíveis de crítica inclusive, que
constituem a base de nosso pensamento sobre o conceito de experiência estética e sua
inserção nos processos educativos, baseada na discussão entre as interpretações diversas
oriundas do contato com a obra artística. É a partir de um diálogo entre as experiências, portanto,
que buscamos o caminho para uma possível universalização no tocante da arte unida à
aprendizagem. Ao aproximar as diferentes experiências estéticas dos alunos, buscamos gerar uma
integração de conhecimentos e reflexões. Assim, caminhamos no sentido de responder as
perguntas inicialmente formuladas sobre as especificidades da arte e seu uso
pedagógico, a fim de gerar um discurso agregador dentro da sala de aula - muitas vezes
adentrando o viés técnico - mas que por si só justifica e demonstra o potencial artístico como
formador de conhecimento omnidirecional, na tentativa de definir o verdadeiro papel da
estética na educação.
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