Você está na página 1de 12

RELATÓRIO 01 - ECAI07P - UNIFEI - FEV/2021

NOMES: Leonardo Souza Coelho e Paloma Medeiros Baquer

1. Introdução

Sabe-se que os comandos elétricos operam motores elétricos, que são os elementos finais de
potência de um circuito automatizado. Os motores que são dispositivos que funcionam
transformando energia elétrica em energia mecânica, podem ser de corrente contínua, que possuem
um controle preciso de velocidade e ajuste fino embora tenha um custo elevado, ou de corrente
alternada, que são mais comuns, mais baratos e a controlabilidade varia de acordo com seu princípio
de funcionamento. Estes podem ser síncronos (velocidade constante e sincronizada com a do câmbio
girante) ou assíncronos (velocidade do motor é menor do que a do câmbio girante, controlada pela
frequência da corrente). [1]
Visando aprofundar os conceitos aprendidos na disciplina teórica de Automação de Sistemas
Industriais e uma melhor compreensão em suas aplicações práticas, neste relatório será feita uma
introdução aos motores de indução trifásicos convencionais e ao dispositivo utilizado no laboratório.
Além disso, serão apresentados os conceitos de reversão e intertravamento. Serão detalhados os
modos de acionamento do motor, sentido direto e sentido reverso, bem como os tipos de ligações e
suas finalidades.
No capítulo 2 serão descritos os princípios de funcionamento e as características básicas do
motor de indução trifásico de modo geral e também da placa P003 disponível na bancada
experimental. No capitulo 3 serão detalhados os princípios básicos de acionamento de um MIT e
seus dois métodos de ligação (Y e Δ), analisando suas diferencias e funcionalidades, também será
explicado o funcionamento do exemplo fornecido pelo professor nas video aulas disponibilizadas.
No capítulo 4 serão apresentados os conceitos básicos de reversão e intertravamento e por fim será
projetado um circuito de acionamento do MIT com possibilidade de girar nos dois sentidos.

2. Motor de Indução Trifásico (MIT)

Neste capítulo será feita uma breve introdução aos motores de indução trifásicos (MIT).
Serão apresentados suas características básicas e seu princípio de funcionamento, além de descrever
a placa P003 disponibilizada no laboratório.

2.1. Características gerais de um MIT

Dentre os principais tipos de motores elétricos, os MITs são os motores mais utilizados na
indústria, pois comparados aos motores CC de mesma potência são menores, mais leves e requerem
menos manutenção. Na Figura 1 tem-se um MIT convencional. [1]

Figura 1. Motor de Indução Trifásico (fonte: [1]).


Na disciplina serão estudados os motores de indução trifásicos do tipo gaiola de esquilo,
porque são os mais comuns na indústria. Seu nome se deve ao formato do rotor. O motor de gaiola
consiste basicamente em dois subconjuntos:

● Estator: O enrolamento é instalado na carcaça do motor para fornecer o campo girante;


● Rotor: O enrolamento é composto por barras curto-circuitadas, e a corrente é induzida pela
ação do campo girante, que provoca a rotação do rotor e fornece energia mecânica ao eixo do
motor.

Ao ser energizado, o motor atua como um transformador de curto-circuito, e por isso


necessita de uma corrente muito superior à corrente nominal da rede, podendo chegar até a 7 vezes
seu valor nominal. O valor elevado destas correntes pode gerar transtornos à indústria, pois exigem
que o tamanho do cabo seja muito maior do que o diâmetro necessário. Além disso, o fator de
potência pode cair instantaneamente, gerando multas ao setor. Para evitar essas grandes correntes de
partida, existem algumas estratégias a serem tomadas. [1]
Os motores de indução podem ser comprados com 6 e 12 pontas, diferindo na quantidade de
bobinas constituintes e nos tipos de ligação possíveis. Nessa disciplina será vista a estratégia de
partida estrela-triângulo para os motores de indução de 6 pontas, que fornece 50% ou 65% da tensão
nominal ao motor. Por fim, uma característica importante de um motor de indução a ser mencionada
é sua placa de identificação, que contém informações importante, listadas a seguir:

● CV: Potência mecânica do motor em cv;


● Ip/In: Relação entre as correntes de partida e nominal;
● Hz: Freqüência da tensão de operação do motor;
● RPM: Velocidade do motor na freqüência nominal de operação;
● V: Tensão de alimentação;
● A: Corrente requerida pelo motor em condições nominais de operação;
● F.S.: Fator de serviço, quando o fator de serviço é igual a 1,0, isso significa que o motor pode
fornecer 100% de potência mecânica.

2.2. Placa P003

A placa P003 da bancada experimental contém um MIT, e a Figura 2 apresenta seus


terminais de ligação elétrica. Entre os terminais U1 e U2, encontra-se a bobina U do motor, entre V1
e V2 tem-se a bobina V e entre W1 e W2 a bobina W, a placa também possui os terminais T1, T2 e o
terra, embora não utilizados durante as montagens da aula. O motor pode ser ligado em 220 VAC ou
em 380 VAC, em ambos os casos as fases R, S e T são ligadas respectivamente a U1, V1 e W1. [3]

Figura 2. Terminais da placa P003 (fonte: [2]).


Na Figura 3 pode ser vista a placa de identificação do motor que contém informações
relevantes ao funcionamento e as ligações a serem realizadas, algumas dessas informações são
listadas a seguir:

● CV: 1,1
● Ip/In: 7,0
● Hz: 60
● RPM: 1715
● V: 220/380
● A: 4,42/2,56
● F.S.: 1,15

Figura 3. Placa de identificação do motor da placa P003 (fonte: [2]).

3. Acionamento do MIT

Neste capítulo serão apresentados os princípios básicos de acionamento de um MIT e seus


dois métodos de ligação (Y e Δ) e será explicada a montagem disponibilizada pelo professor de
como acionar um MIT com auxílio de relés e chaves manuais na bancada experimental, além de
circuito elétrico implementado.

3.1. Tipos de ligações

O torque é uma grandeza básica, cuja compreensão é necessária para melhor compreender as
explicações acerca do funcionamento dos motores. Também chamado de conjugado ou momento,
torque é uma medida da força necessária para girar um eixo. Quando o motor está em repouso e é
acionado, para atingir sua velocidade nominal é necessário ganhar velocidade angular, ou melhor
dizendo, aceleração angular. Dessa forma, quando o motor parte o torque é muito baixo, e vai

aumentando gradualmente até chegar em seu valor nominal, quando fica girando em velocidade
constante. Ao ser adicionada uma carga o motor deve ou aumentar o torque para tentar manter a
velocidade ou diminuir a velocidade para compensar o torque. [3]
Sabe-se que quando o torque é muito baixo a corrente é muito alta, como pode ser visto no
gráfico da Figura 4 onde a corrente do motor é dividida pela corrente nominal, assim que o motor
parte ele está sem torque e a corrente é muito elevada. Se a partida é dada com ligação direta, ou
seja, triângulo, o motor parte com uma corrente 6 vezes acima da corrente nominal, isso
considerando um motor em condições normais, se houver alguma falha interna, a corrente pode ser
muito maior.

Figura 4. Corrente de partida na chave estrela-triângulo (fonte: [3]).

Para evitar esse problema é utilizada a partida em estrela pois esta parte com 2 vezes a
corrente nominal apenas, após o motor estabilizar a ligação em estrela é passada para a ligação em
triângulo, para realizar essa troca são utilizados 3 relés. Essa estratégia é chamada de partida
estrela-triângulo, e funciona devido à tensão gerada por cada tipo de ligação. A partida em estrela é
de 370 VAC e a triângulo é de 220 VAC, sabe-se que a potência é igual a tensão (V) multiplicada
pela corrente (I), portanto quando a tensão aumenta, a corrente diminui, então na partida estrela
tem-se uma corrente menor pois parte com uma tensão maior. A corrente de partida da estrela é de ⅓
da corrente partida de triângulo.
Uma particularidade da partida estrela-triângulo é que são utilizadas apenas partidas de
máquina a vazio, ou seja, nunca é feita a partida com carga já acoplada, isso se deve ao fato de que
durante o período de ligação estrela, o torque varia aproximadamente ⅓ do torque nominal, somente
após ter atingido a tensão nominal é que a carga pode ser aplicada. Por fim os rolamentos são ligados
em triângulo e o motor recupera suas características nominais. No laboratório a partida é sempre
feita em estrela, e como não são utilizadas cargas, permanece em estrela até a conclusão dos
experimentos. [3]
Como visto antes, para realizar as ligações primeiramente as fases R, S e T são ligadas a U1,
V1 e W1 respectivamente, em seguida tem-se dois possíveis cenários: pode-se ligar U1 em W2, U2
em V1 e V2 em W1, como na Figura 5(a) ou ligar U2 em V2 e V2 em W2, curto-circuitando todo os
terminais como pode ser visto na Figura 5(b). No primeiro caso a ligação é chamada de triângulo
(representada por Δ) de 220 VAC. E a segunda ligação é chamada de estrela (representada por Y) de
370 VAC.

(a) (b)
Figura 5. Ligação das bobinas em (a) triângulo e (b) estrela (fonte: [modificado de 1]).

Nas Figuras 6 e 7 pode-se observar um exemplo dos circuitos das ligações em triângulo e em
estrela respectivamente na placa P003.

Figura 6. Exemplo de ligações em triângulo.

Figura 7. Exemplo de ligação em estrela.


3.2. Circuito elétrico e montagem

Um exemplo de ligação utilizando a bancada experimental onde o MIT é acionado com o


auxílio de relés e chaves manuais foi disponibilizado pelo professor, o diagrama do circuito
desenvolvido no software CADeSIMU pode ser visto na Figura 8, e a montagem que será explicada
a seguir pode ser vista na Figura 9.

Figura 8. Diagrama para acionamento do MIT com o auxílio de relés e chaves manuais.

Inicialmente utiliza-se a placa P000 para fazer a ligação das fases R, S e T na devida ordem
nos contatos 1 dos fusíveis F10, F11 e F12 da placa P052. É utilizada essa placa devido a corrente
nominal ser maior (6 A) resultando em uma menor chance de queimar um fusível. Em seguida é feita
a ligação das fases R, S e T a partir das saídas dos fusíveis F10, F11 e F12 nos contatos principais 1,
3 e 5 do relé da placa P053, são utilizados esses terminais por consistirem de fios mais espessos e
que aguentam correntes maiores, liga-se a as saídas dos contatos principais 2, 4 e 6 respectivamente
aos terminais U1, V1 e W1 da placa P003 do MIT, posteriormente é feita a ligação em estrela
curto-circuitando os terminais U2, V2 e W2 da mesma placa. A ligação em estrela é utilizada por ter
uma tensão maior e portanto uma corrente de partida menor, diminuindo as chances de queimar
algum fusível.
Para ligar e desligar a bobina K1 do relé serão utilizados os botões manuais S5 e S10.
Usualmente é utilizado um contato NA da placa P019 que possui botões de cor verde para ligar o
circuito e um contato NF da placa P062 que possui botões de cor vermelha para desligar o mesmo.
Uma ligação é feita entre a fase R (pelo contato 2 do fusível F10) e o contato 13 de S5. O contato 14
de S5 é ligado em série com contato 11 de S10 e o contato 12 do mesmo é ligado ao contato A1 da
bobina K1. O contato A2 de K1 é ligado a fase S através do terminal 2 do fusível F11. Por fim é
necessário fazer a auto retenção da saída através de uma ligação de selo em paralelo com o contato
de ligamento da botoeira para garantir que o circuito permaneça ligado mesmo após o operador tirar
a pressão sob o botão, dessa forma, os contatos auxiliares 13 e 14 do relé são ligados
respectivamente aos contatos 13 e 14 de S5.

Figura 9. Exemplo de ligação para acionamento do MIT com o auxílio de relés e chaves
manuais (fonte: [2]).
4. Reversão do MIT

Neste capítulo serão detalhados os conceitos de reversão de fases de um MIT e os princípios


de intertravamento, exemplificados por circuitos desenvolvidos no software CADeSIMU. E por fim,
será projetado um circuito para acionar o motor implementando os conceitos mencionados.

4.1 Reversão

Ao ligar um motor, ele gira em determinado sentido, habitualmente chamado de sentido


direto, a ligação das fases R, S e T é feita na primeira, segunda e terceira entrada do motor na devida
ordem. Ao inverter duas fases o sentido que o motor gira é invertido, por convenção, uma vez que
RST é o sentido direto, tem-se RTS, TSR ou SRT como o sentido inverso. [3]
Para realizar a reversão basta trocar a ordem de duas fases. Na Figura 10 tem-se um exemplo
da reversão, vamos associar as fases R, S e T as linhas L1, L2 e L3 de modo respectivo. A fase T
(L3) passa pelo fusível K2 e é ligada à primeira entrada do motor, a fase S passa por K2 e permanece
na mesma entrada e a fase R passa por K2 e é ligada à terceira entrada do motor. Desse modo,
quando K1 é ligado o motor recebe as fases RST e gira no sentido direto, e quando K2 é ligado o
motor recebe as fases TSR e gira no sentido reverso.

Figura 10. Circuito de reversão do MIT.


4.2 Intertravamento

É importante notar que para garantir o correto funcionamento do circuito algo deve ser feito
para evitar que o motor seja acionado em ambos os sentidos ao mesmo tempo para que não ocorra
um curto-circuito. Esse bloqueio é chamado de intertravamento e ele permite inverter o sentido do
motor com segurança. Um circuito de exemplo pode ser visto na Figura 11 e será explicado a seguir.
O botão S1 liga a bobina K1 que aciona o sentido direto do motor e o botão S2 liga a bobina
K2 que aciona o sentido reverso. Nota-se que ambos os botões foram devidamente selados para
garantir que o circuito permaneça ligado mesmo se o operador retirar a pressão sob o botão e as
respectivas bobinas são ligadas em série. Para garantir a segurança do circuito é feito o
intertravamento onde um contato auxiliar NF é implementado no ramo oposto do circuito, ou seja, o
contato K2 NF fica no ramo do K1 e vice e versa.
Quando o circuito é ligado pelo botão S1 o contato auxiliar NA que faz o selo fecha, mas o
contato NF que faz o intertravamento abre impedindo que a corrente passe pelo ramo e a bobina K2
seja ligada. Para o motor ser ligado no outro sentido é necessário desligar o circuito apertando o
botão S0 e então acionar o botão S2 que liga a bobina K2. Para realizar a inversão do sentido do
motor sem a necessidade de desligar todo o circuito como pode ser observado na figura anterior,
pode ser implementado um intertravamento com botoeira, adicionando também em série ao ramo
oposto um botão NF.

Figura 11. Circuito de intertravamento.


4.3 Montagem do circuito projetado

Um exemplo da montagem dos circuitos descritos pode ser visto na Figura 12. Foi projetado
um circuito para acionamento do MIT com possibilidade de reversão. O circuito utiliza chaves
manuais NA para acionar o motor nos diferentes sentidos e uma chave manual NF para desligá-lo,
bem como o auxílio de dois relés eletromecânicos para fazer o selo e intertravamento, a montagem
da Figura 16 será explicada a seguir.
Inicialmente utiliza-se a placa P000 para fazer a ligação das fases R, S e T na devida ordem
nos contatos 1 dos fusíveis F10, F11 e F12 da placa P052. Em seguida é feita a ligação das fases R, S
e T a partir das saídas dos fusíveis F10, F11 e F12 nos contatos principais 1, 3 e 5 do relé da
esquerda e nos contatos 1, 5 e 3 respectivamente do relé da direita, nota-se que 2 fases foram
invertidas. Liga-se às saídas dos contatos principais 2, 4 e 6 de ambos os relés aos terminais U1, V1
e W1 respectivamente, posteriormente é feita a ligação em estrela curto-circuitando os terminais U2,
V2 e W2 da placa P003.
Para facilitar o entendimento, a bobina do relé da esquerda será chamada de K1 e a do relé da
direita de K2. Os botões S5 e S6 serão usados para ligar o motor no sentido direto e reverso
respectivamente e para desligar ambos será utilizado o botão S10. O contato 11 do botão S10 é então
ligado à fase R (pela saída do fusível F10) e o contato 12 é ligado em série aos botões S5 e S6 pelos
contatos 13 de cada um. O contato 14 de saída do botão S5 é ligado ao contato auxiliar 13 do relé da
esquerda fazendo o selo de S5 e ao contato auxiliar 21 do relé da esquerda que é ligado ao contato
A1 da bobina K2 fazendo o intertravamento. De maneira semelhante o contato 14 de saída do botão
S10 é ligado ao contato auxiliar 13 do relé da direita fazendo o selo de S10 e ao contato auxiliar 21
do relé da direita que é ligado ao contato A1 da bobina K1 fazendo o intertravamento. Por fim,
ambos os contatos A2 das bobinas são ligados à fase S pelo contato de saída do fusível F11.
Dessa forma quando o botão S5 é acionado o motor liga no sentido direto, o contato auxiliar
21-22 do relé da direita se abre impossibilitando que o botão S6 seja acionado, a não ser que o botão
S10 seja acionado desligando todo o circuito, analogamente, quando o botão S6 é acionado, o motor
é acionado no sentido reverso e o contato auxiliar 21-22 do relé da esquerda abre impedindo que a
bobina K1 seja acionada.
Figura 12. Exemplo de acionamento do MIT com reversão.
5. Referências

[1] ​APOSTILA Comandos Elétricos. [​S. l.​: ​s. n.]​ , 2005.


[2] Suriani, M. A. M. Banco de Imagens da Disciplina ECAI07P.
[3] ​ECAI07P - Aula 02-03. Gravação de MARCO AURELIO MOURA SURIANI. YouTube, 2021.
Disponível em: PLUaQtvPjhUTybNC5a1RrQB8MivnDChS1p. Acesso em: 12 fev. 2021.

Você também pode gostar