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BELO HORIZONTE
09 DE JUNHO DE 2010-07-09
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
a) Estado Liberal
b) Dogma da Vontade
CAPÍTULO II
b) O modelo welfarista
CAPÍTULO III
e) considerações finais
Capítulo I
O MODELO LIBERAL DO CONTRATO
Nessa tendência a total rupturas dos paradigmas, conceituou-se que o Estado deveria
intervir o mínimo possível na economia, posto que seria da própria sociedade a
busca pelo que melhor lhe conviesse.
Tal fenômeno cultural, por óbvio, gerou reflexos imediatos as relações comerciais,
ramo dinâmico que atua intrinsecamente ao cotidiano da sociedade.
Assim, neste novo modelo de concepção social, há plena ruptura com a intervenção
Estatal, surge dos ideais franceses de igualdade, fraternidade e liberdade, época dos
anos 1789, ou seja, final do século XVIII.
Neste momento histórico, é plena a idéia da ruptura, haja vista que a revolução
francesa é encabeçada pela burguesia, 3ª classe da época, abaixo dos reis e nobres,
logo, não é difícil imaginar que esta revolta de classe buscasse os ideais que melhor
lhe conviesse e, por excelência, romper com as amarras do Estado Absolutista para
então os ideais privados.
Também parece lógico que uma classe emergente detentora do poder monetário da
época defendesse os seus interesses, como lucro, expansão do comércio, etc.
Nasce o conceito de auto interesse no qual o homem não vive em sociedade, e sim
se relaciona por interesse próprio, posto que o homem é o centro e precede a própria
formação do Estado.
Sendo assim, com esse fervor pelo interesse próprio, há ascensão da idéia da
autonomia da vontade, esta é a última e única instância para o direito de contratar, o
contratual é o justo, e não haverá intervenção Estatal, a não ser que haja vício de
consentimentos, como dolo ou coação.
É clara a idéia de que com a garantia da livre manifestação haver-se-ia promoção da
justiça.
Nesta idéia foi traçado o Código Civil de 1916, onde somente há previsão de
intervenção do Estado nos vícios sociais, como simulação, etc. ou mesmo na
autodeterminação inconsciente, como no caso dos loucos, incapazes, coação, etc.
Essa idéia estática de auto-suficiência acaba por engessar os contratos, estes estão
alheios aos acontecimentos sociais, políticos e econômicos, pois a autonomia da
vontade o rege, e, tal fato, é o suficiente para garantir-lhe a legalidade.
Não é necessário muito esforço para vermos as falhas neste raciocínio, pois se
fragiliza as hipóteses de controle econômico, contratos de execução continuadas,
etc.
Capítulo II
O MODELO SOLIDARISTA DO CONTRATO
Pois bem, nessa continuação lógica ao raciocínio acima exposto, por óbvio, o
modelo liberal começa a ficar ultrapassado, já não atende mais as necessidades
sociais.
Logo, há o retorno no Estado para garantir o direito de todos, pelo menos os direitos
indispensáveis, ou assim descritos.
É também nesse momento temporal que há o rompimento com a sociedade
escravocrata e agrária do final do século XIX para então a economia de serviços
urbanos, o êxodo rural e estrutura social.
Neste momento, sonha-se com uma sociedade mais justa e igualitária, ressoam as
palavras de durkheim, duguit, demogue dentre outros, nasce o chamado direito a
solidariedade.
Nesse clamor pelo bem estar social, surge a famosa figura do Walfare State, o qual
põe o Estado como agente da promoção do bem estar social e organizador da
economia.
Se os homens são irmãos, devem ser iguais, se não o são, o mais fraco tem direito
de ser protegido. A experiência demonstra que a liberdade não basta para
assegurar a liberdade, pois os mais fortes depressa se tornam opressores. Cabe
neste caso ao Estado para intervir para proteger os fracos. O dever que cada
particular não cumpre em relação ao próximo, (...) pertence ao Estado cumpri-lo
em nome de todos, e quando passa a ser um dever do Estrado torna-se um direito
para quem se beneficia dele. A democracia moderna assegura a proteção dos
fracos com tanto mais condescendência quanto estes são, de fato, os mais
numerosos”
Sendo assim, o Estado chama para si o bem estar social e os princípios contratuais
antes eminentemente privados são ora relativizados, pois devem resguardar o
interesse social.
Há uma divisão dos trabalhos, sendo assim, há, por óbvio, uma maior necessidade
de se correlacionar.
São editadas as leis antitrustes, a boa-fé se torna a exigência e ganha força a defesa
da concorrência e economia, a justiça contratual deixa o campo de vínculo da
autonomia da vontade como plena, mas na manutenção dos níveis mínimos de
equilíbrio, colaboração e cooperação.
Note-se que nosso CC se baseou no código civil italiano de 1942, o chamado código
de Mussolini, onde há plena idéia do Estado como garantidor do bem estar social.
Leon Duguit, traduzido por Luciano Benetti Timm em o novo direito contratual
brasileiro, assim ensina:
Note-se que o estado volta a gerir o ramo privado dos contratos, fato que, por óbvio,
começa a desaguar em insatisfações, posto que apesar da autonomia da vontade, há
uma crescente relativização do direito obrigacional, fato que torna o comércio
inseguro e atenta contra um bem estar maior.
Capítulo III
A interpretação complexa dos contratos;
Mais uma vez o direito empresarial mostra seu dinamismo e vínculo embrionário
com a economia, a falência do Walfare State é uma prova disto.
Infelizmente, a maioria dos julgadores ou não tem uma segunda formação ou não se
preocupam com isso, fato que fazem julgar o caso isoladamente e não observar o
contexto social.
Ora é concedida uma resilição, ora não, ora a cobrança de uma multa, ora não, há
uma insegurança gritante.
Como princípio básico da economia, não há almoço grátis, nesse sentido também
nos valemos do método econômico do ótimo de paretto, no qual uma parte para
ganhar implica necessariamente em perda para a outra.
Uma decisão judicial não preocupada com seu valor econômico ou mesmo suas
conseqüências perante a realidade social acaba por prejudicar os demais
destinatários daquela modalidade contratual, como nos planos de saúde, uma
eventual procedência de certo procedimento, gera um efeito em cascata para os
demais consumidores com reajustes, etc.
Assim, podemos ter no poder judiciário o divisor de águas dessa nova interpretação
dos contratos, a qual adequará o contrato ao caso concreto e não permitirá e efeitos
colaterais das decisões a terceiros a lhes favorecer ou prejudicar.
Essa deve ser a interpretação correta dos contratos, sendo que os acordos são
efetivados em microssistemas e as salvaguardas de um, não podem beneficiar a
outros, as fontes se comunicam, há o diálogo, porém, não podem servir de base.
Cita-se AINDA:
Em segundo lugar, porque o sistema
judiciário, como um todo, é incapaz de uniformizar
entendimentos - com a pequena exceção das
súmulas vinculantes. Essa indeterminação e
absoluta discricionariedade judicial
incentiva as pessoas - limitadamente
racionais -- a tentar a sorte, tornando o
Judiciário uma "roleta russa". (Luciano Benetti –
Advogado – Valor Econômico)
BIBLIOGRAFIA