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SPECIAL. PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO.

VIOLAÇÃO DO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. NÃO OCORRÊNCIA.
MUTIRÃO PARA AGILIZAÇÃO
DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE
IMPEDIMENTO DE
DESEMBARGADOR. PROLAÇÃO DE DESPACHOS DE MERO
EXPEDIENTE.
CARACTERIZAÇÃO DOS ATOS COMO IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA E
DOSIMETRIA. SANÇÕES. REVISÃO. ÓBICE DA SÚMULA N.
7/STJ. DISSÍDIOS
JURISPRUDENCIAIS NÃO CONHECIDOS E PREJUDICADOS.
RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA PARTE CONHECIDA,
DESPROVIDO.
I - Trata-se, na origem, de ação de improbidade
administrativa
movida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso
alegando, em
síntese, que, em janeiro de 2000, quando não mais atuava
como
Procurador do Estado de Mato Grosso, auxiliado por
servidores
lotados na Procuradoria Fiscal do Estado, o réu interveio no
Processo Administrativo Tributário - PAT n. 29/96,
instaurado em
desfavor da empresa Romana Distribuidora de Papéis Ltda.,
juntando
documentos e forjando a Decisão Extintiva n. 340/98
assinalada com
data retroativa de 27/3/1998, assinando-a por extenso e a
homologando como sub-procurador, apondo sua rubrica
simplificada.
Assim, praticou o réu os ilícitos previstos no art. 11, caput
e I,
da Lei n. 8.429/1992.
II - Por sentença, julgou-se procedente o pedido para
condenar o réu
ao pagamento de multa civil no importe de dez vezes o
valor dos seus
proventos, à suspensão dos seus direitos políticos por cinco
anos e
à proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos. Interpôs o réu recurso
de
apelação, ao qual, por unanimidade, a Primeira Câmara de
Direito
Público do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso
negou
provimento. Opostos embargos de declaração pelo réu,
foram
desprovidos. Inconformado, interpôs recurso especial
admitido pelo
Tribunal de origem.
III - É consolidado o entendimento desta Corte de que não
há ofensa
ao princípio do juiz natural, o qual não possui caráter
absoluto,
nos casos de mutirão para agilização da prestação
jurisdicional.
Precedentes: HC 449.361/PR, Rel. Ministro Reynaldo Soares
Da
Fonseca, Quinta Turma, julgado em 12/3/2019, DJe
25/3/2019; AgInt no
REsp 1.591.302/BA, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira
Turma,
julgado em 27/4/2017, DJe 16/5/2017; e AgInt no AREsp
830.774/PR,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado
em
21/6/2016, DJe 24/6/2016.
IV - Nos termos do art. 144, II, do CPC/2015, para o
reconhecimento
do impedimento do magistrado é necessária a comprovação
de que tenha
atuado no outro grau de jurisdição em atos de cunho
decisório.
Assim, a análise das alegações do recorrente importaria no
reexame
do conjunto fático-probatório encartado nos autos,
providência
obstada pela Súmula n. 7/STJ.
V - A configuração do ato de improbidade que atenta contra
os
princípios da administração pública não exige o dolo
específico,
bastando a presença do dolo genérico, ou seja, a simples
vontade
consciente de aderir à conduta, produzindo os resultados
vedados
pela norma jurídica - ou, ainda, a simples anuência aos
resultados
contrários ao Direito quando o agente público ou privado
deveria
saber que a conduta praticada a eles levaria -, sendo
despiciendo
perquirir acerca de finalidades específicas. (AgRg no REsp
1.539.929/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma,
DJe 2/8/2016).
VI - Constatada pelo Tribunal de origem a presença do dolo
na
conduta do agente, o conhecimento da argumentação do
recorrente a
fim de alcançar entendimento diverso demandaria
inconteste reexame
do acervo fático-probatório, o que é inviável em recurso
especial,
sob pena de violação da Súmula n. 7/STJ. Afinal de contas,
não é
função desta Corte atuar como uma terceira instância na
análise dos
fatos e das provas. Cabe a ela dar interpretação uniforme à
legislação federal a partir do desenho de fato já traçado
pela
instância recorrida. Ademais, é assente o entendimento
desta Corte
de que o enquadramento das condutas descritas no art. 11
da Lei n.
8.429/92 prescinde de prova do dano ao erário.
Precedentes: AgInt no
REsp 1.725.696/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma,
julgado em 30/5/2019, DJe 4/6/2019; e AgInt no AREsp
1.184.699/RJ,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado
em
20/9/2018, DJe 27/9/2018.
VII - Também implica revolvimento fático-probatório,
hipótese
inadmitida pelo referido verbete sumular, a apreciação da
questão da
dosimetria de sanções impostas em ação de improbidade
administrativa, pois não configurada manifesta
desproporcionalidade
da sanção, situação essa que, caso presente, autorizaria a
reanálise
excepcional da dosimetria da pena.
VIII - Dissídio jurisprudencial acerca do art. 132 CPC/1973
não
conhecido por ausência de similitude fática com os
paradigmas e
prejudicado o dissídio jurisprudencial relativo ao art. 11 da
Lei n.
8.429/1992 pelo não conhecimento do apelo raro na parte
em que
apontada violação do mesmo dispositivo legal.
IX - Recurso especial parcialmente conhecido e, na parte
conhecida,
desprovido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes
as acima
indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do
Superior
Tribunal de Justiça, por unan

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