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UAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.

ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO 3/STJ. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACESSO
DO MINISTÉRIO
PÚBLICO E TRIBUNAL DE CONTAS AOS DOCUMENTOS DA
SECRETARIA ESTADUAL
DA FAZENDA. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LEGITIMIDADE
DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. SÚMULA 280/STF. COMANDO NORMATIVO
INADEQUADO. SÚMULA
284/STF. FUNDAMENTO AUTÔNOMO NÃO ATACADO.
SÚMULA 283/STF.
NECESSIDADE DE OBERVÂNCIA DO PROCEDIMENTO DO
ART. 198 DO CTN.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF E
SÚMULA 211/STJ.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Primeiramente, embora seja admitida a realização de
mediação no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, em conformidade
com os
artigos 288-A a 288-C do RISTJ, é necessário que ambas as
partes
demonstrem interesse na composição do conflito através da
mediação.
Na hipótese em análise, uma das partes, qual seja, o
Ministério
Público do Estado do Rio Grande do Sul, expressamente
declarou sua
ausência de interesse na mediação, por não vislumbrar
razão ou
utilidade prática nela. Assim, uma vez que não se está na
fase
inicial do processo prevista no artigo 334 do CPC, não foi
designada
a audiência pleiteada.
2. No caso dos autos, conforme se extrai do acórdão
recorrido,
cuida-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério
Público do
Estado do Rio Grande do Sul em face do Estado do Rio
Grande do Sul,
objetivando obrigar que este, através do órgão responsável
pela
gestão tributária (Secretaria Estadual da Fazenda),
fornecesse ao
Ministério Público e ao Tribunal de Contas todos os dados,
informações e documentos eventualmente requisitados
quando do
exercício de suas funções constitucionais e legais, não
podendo a
eles ser invocada a exceção do sigilo. Em primeira
instância, os
pedidos iniciais foram julgados procedentes e, interposta
apelação
pelo Município, o Tribunal a quo negou provimento ao
recurso.
3. No que toca a alegação de violação dos artigos 485, IV e
VI e
§3º, do CPC e 1º, parágrafo único, da Lei 7.347/85, por
inadequação
da via eleita, deve ser destacado que a Lei da Ação Civil
Pública
veda o seu ajuizamento para veicular pretensão que
envolva tributos
e contribuições previdenciárias. No caso, conforme
consignado pelo
Tribunal de origem, não se está discutindo questões
tributárias, mas
sim a garantia de acesso a documentos, sem oposição de
sigilo, pelos
órgãos e instituições incumbidos do controle externo da
Administração, a fim de evitar eventual lesão ao erário.
Deve ser
destacado que o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o
RE
576.155/DF (Tribunal Pleno, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJe de
25.11.2010), no regime dos arts. 543-A e 543-B do CPC/73
(repercussão geral), pacificou entendimento no sentido de
que "o
Parquet tem legitimidade para propor ação civil pública com
o
objetivo de anular Termo de Acordo de Regime Especial -
TARE, em
face da legitimação ad causam que o texto constitucional
lhe confere
para defender o erário", não se aplicando "à hipótese o
parágrafo
único do artigo 1º da Lei 7.347/1985". Precedente: AgRg
no AREsp
302.933/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/08/2013, DJe 13/08/2013. Destarte, deve
ser
reconhecida a adequação da via eleita, qual seja, a ação
civil
pública.
4. No tocante à tese de ilegitimidade dos Promotores de
Justiça para
defender, pela via da ação civil pública, as prerrogativas
institucionais do TCE e do Ministério Público, verifica-se que
o
recorrente invoca diversos dispositivos de leis e normativos
estaduais em suas razões recursais (artigo 27, XI, e 28 da
Lei n.°
11.424/2000, Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado
do Rio
Grande do Sul; artigo 16 do Regimento Interno do Tribunal
de Contas,
aprovado pela Resolução n.° 1028/2015; artigo 25, inciso I,
da Lei
Orgânica Estadual do Ministério Público (Lei n.° 7.669, de
17 de
junho de 1982). Ocorre que a análise de lei local não é
cabível em
sede de recurso especial, o que atrai ao caso o óbice da
Súmula
280/STF ("Por ofensa a direito local não cabe recurso
extraordinário"), por analogia. Destaque-se que, embora a
parte
agravante aduza que as alusões ao direito local seriam
mero reforço
argumentativo, verifica-se que a invocação de tais
dispositivos nas
razões recursais se deu como fundamento para a pretensão
de
reconhecimento da alegada ilegitimidade ativa do parquet
no caso.
5. No tocante à indicação do artigo 10, I, da Lei Orgânica
Nacional
do Ministério Público (Lei 8.625/1993) como dispositivo
violado,
verifica-se que referido artigo não possui comando
normativo capaz
de sustentar a tese relativa à ilegitimidade dos Promotores
de
Justiça para defender, pela via da ação civil pública, as
prerrogativas institucionais do TCE e do Ministério Público,
pois
ele apenas prevê a competência do Procurador-Geral de
Justiça de
representar judicial e extrajudicialmente o Ministério
Público.
Destarte, a argumentação presente no apelo excepcional é
deficiente,
atraindo a aplicação do óbice da Súmula 284/STF. Ainda
que assim não
fosse, não houve impugnação adequada ao fundamento do
acórdão
recorrido no sentido de que que o Ministério Público atuou
no caso
como substituto processual de toda a coletividade e agente
fiscalizador na proteção do patrimônio público. O trecho
das razões
recursais em que o agravante defende ter impugnado
referido
fundamento, em verdade, dizia respeito ao argumento de
que o
Ministério Público não poderia afastar o sigilo fiscal sem
autorização da autoridade judiciária. Aplica-se, portanto, o
disposto na Súmula 283/STF.
6. Por fim, no tocante à alegação de violação do artigo 198,
§§1º e
2º, do CTN, nota-se, pela leitura dos autos, que, em que
pese a
citação do referido artigo pelo Tribunal de origem, não
houve
apreciação específica sobre a tese de que era necessário
seguir o
procedimento previsto em citado artigo e que, no caso, o
autor não
estaria seguindo esse procedimento, o que impossibilita o
julgamento
do recurso nesse aspecto, por ausência de
prequestionamento. Assim
sendo, o recurso, nesse aspecto, não deve ser conhecido,
por
ausência de prequestionamento, nos termos das Súmulas
282/STF e
211/STJ. Efetivamente, para a configuração do
questionamento prévio,
não é necessário que haja menção expressa dos
dispositivos
infraconstitucionais tidos como violados. Todavia, é
imprescindível
que no aresto recorrido a questão tenha sido discutida e
decidida
fundamentadamente, sob pena de não preenchimento do
requisito do
prequestionamento, indispensável para o conhecimento do
recurso.
7 . Agravo interno não provido.

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