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PJM - 9 / 6 / 2016

Orientação - Agressão envolvendo militares estaduais no âmbito


conjugal.

Considerando que a Constituição Federal, em seu artigo 144, § 4º, parte final, confere às
Autoridades Militares a atribuição para apuração das infrações penais militares;
Considerando que o Código de Processo Penal Militar regula o exercício da atividade de polícia
judiciária militar, em seus artigos 7º e 8º;
Considerando que a edição da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, – “Lei Maria da Penha”
suscitou dúvidas acerca da existência ou não de crime militar nos casos que envolvam militares
do Estado;
Considerando a necessidade de padronizar as ações de polícia judiciária militar no que se refere
ao registro e apuração da prática de infração penal envolvendo militares do Estado no âmbito
conjugal, solicito a V.Sª orientar os Oficiais sob seu comando, notadamente aqueles que
exerçam as funções de Justiça e Disciplina e Plantão de Polícia Judiciária Militar, nos seguintes
termos:
1. A prática de infração penal (lesão corporal, ameaça, constrangimento ilegal etc), envolvendo
militares do Estado no âmbito conjugal (seja como marido e mulher, companheiros, namorados,
em coabitação ou não), caracteriza em tese, crime militar, enquadrado na alínea “a” do inciso II
do art. 9º do Código Penal Militar – “por militar em situação de atividade, contra militar na
mesma situação ou assemelhado”;
2. Havendo subsunção da conduta em algum tipo castrense da parte Especial do Código Penal
Militar e na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do art. 9º do Código Penal Militar,
deverão ser adotadas as providências de polícia judiciária militar, instauração de Inquérito
Policial-Militar (IPM) ou lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito, nos termos do Código
de Processo Penal Militar, não havendo campo para atuação de polícia judiciária comum, sendo
desnecessária a apresentação das partes em Delegacia de Polícia, uma vez que o ato praticado,
nos termos legais, configura crime militar a ser devidamente apurado no âmbito da
administração policial-militar;
3. Nessas hipóteses, não há incidência da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – “Lei Maria
da Penha”, uma vez que os dispositivos desta lei alteraram, somente, a legislação penal
comum, material e processual, não fazendo qualquer referência ao Código Penal Militar, razão
pela qual a Autoridade de Polícia Judiciária Militar competente, ao tomar conhecimento da
prática de infração penal militar dessa natureza, deve atuar, de ofício, para o devido registro e
apuração da conduta praticada.

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