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Curso de Fonoaudiologia

Audiologia Ocupacional

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA

Profa. Dra. Valdete Alves Valentins S. Filha


Departamento de Fonoaudiologia - UFSM
Tópicos da Aula
Como constatar a PAIR?
Anamnese
Audiometria Tonal Liminar
Etapas da Avaliação Auditiva
O que pode afetar a qualidade do exame ?
Público-Alvo
Quem deve e quando realizar ?
Exames Complementares
NR – Normas Regulamentadoras
Relativas a Segurança e Medicina do trabalho.
NR 1 a NR 36
NR4– SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho)
NR6 – EPI (Equipamento de Proteção Individual )
NR7 – PCMSO (Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional) – Portaria 19
NR9 – PPRA (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais)
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres
NR32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos
de Saúde
NR7 – PCMSO (Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional)

“Estabelece que todos os empregadores e


instituições que admitem trabalhadores como
empregados, têm a obrigatoriedade de elaborar e
implementar um PCMSO – promover e preservar a
saúde do trabalhador”.
Audiograma - PAIR
PAIR

 Não existe nenhum tratamento clínico ou cirúrgico para


recuperação dos limiares auditivos;

 A PAIR não provoca incapacidade para o trabalho, mas pode


ocasionar limitações na realização de tarefas diversas;

 Reabilitação - por meio de ações terapêuticas, visando


possibilidade de protetização (uso de aparelho auditivo) e
adequação do ambiente de trabalho.
Como constatar a PAIR?

1. Anamnese
2. Otoscopia
3. Audiometria Tonal Liminar (via aérea e via óssea)
4. Logoaudiometria (SRT)
5. Imitanciometria (timpanometria e reflexos acústicos)
6. Outros exames complementares (solicitado pelo
médico)

(NR 7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva)


Anamnese

Deve constar:

1. Anamnese Ocupacional
2. Exposição em atividades não profissionais
3. Sintomas relacionados com a audição
4. Sintomas não auditivos relacionados com a exposição
5. Antecedentes mórbidos
6. Impressão do examinador
Anamnese

1. História Laboral
A. Descrição ordenada de todas as atividades profissionais;
B. Tipo de atividade;
C. Agentes nocivos;
D. Nível de ruído;
E. Medidas tomadas (uso EPI?)
F. Acidentes
G. Doenças ocupacionais contraídas
Anamnese

2. Exposição em atividades não profissionais*


A. Exposição atual ou pregressa;
B. Música – fones de ouvido, festas frequentes, academias de
ginástica;
C. Atividades de lazer.

* Perguntar se há algum tipo de exposição fora do trabalho que não


foi mencionada
Anamnese

3. Sintomas relacionados com a audição


A. Dificuldade no reconhecimento de fala – especificar
condições (ruído e silêncio)
B. Zumbido
C. Algiacusia
D. Otalgia
E. Recrutamento
F. Vertigem
G. Uso de telefone
Ibanez et al. (2001)
Anamnese

4. Sintomas não auditivos relacionados com a exposição


A. Comunicação – restrição da participação
B. Perturbações do sono
C. Neurológicas (ex: tremor das mãos e alteração na percepção
das cores
D. Digestivos (ex: vômito, falta de apetite)
E. Comportamentais (ex: alteração de humor e depressão)
Anamnese

5. Antecedentes mórbidos
A. Doenças
B. Medicação ototóxica
C. Histórico de deficiência auditiva na família
D. Tabagismo
E. Hipertensão arterial
F. Diabetes
G. Radio/quimiotepia
H. TCE
I. ...
Anamnese

6. Impressão do examinador
A. Fez leitura orofacial?
B. Solicitou repetições?
C. Usou apoio auditivo (mão em concha)?
D. Teve dificuldades para entender e responder perguntas
durante a entrevista?
E. Apresentou respostas prontas (aparentemente ensaiadas)?
F. Alterações na qualidade vocal e padrão articulatório?
G. Suas informações são consistentes?
Anamnese

ANAMNESE é barata, mas dá trabalho, mas...


…Você ganhará tempo nas próximas etapas.

60% dos diagnósticos são feitos pela anamnese


30% pelo exame físico
10% pelos exames complementares

(grupo d Estudos em Semiologia e Propedêutica – gesepfepar.com)


Audiometria Tonal Liminar
NR - 7 Anexo 1, Portaria 19, 09 de Abril de 1998

 Avaliações audiológicas periódicas, com acompanhamento


individual.
 Rigoroso acompanhamento: Referencial e Sequenciais
Audiometria - Definição
 Exame auditivo subjetivo, que visa estabelecer o nível
mínimo de pressão sonora audível (ou limiar auditivo) para
o indivíduo, utilizando o tom puro.

 Limiar auditivo – atingido quando o indivíduo avaliado


responde a 50% dos estímulos apresentados.

Finalidade:
 Identificar, qualificar e quantificar a perda auditiva
Objetivo da audiometria

o Acompanhar individualmente a história auditiva


o Detectar precocemente as alterações de Limiar auditivo
o Controlar os trabalhadores que já apresentam lesão
o Detectar a eficácia das medidas ambientais implantadas
o Detectar a possível susceptibilidade individual do
ambiente
Objetivo da audiometria

o Monitorização biológica das condições ambientais


 Realocar operários sensíveis ao ruído
o Investigar a efetividade do EPI auricular
o Identificar setores de trabalho responsável pela
deterioração da audição
Avaliação Auditiva - ETAPAS

oAferição acústica anual


oCalibração acústica, sempre que a aferição acústica
indicar alteração, e , obrigatoriamente, a cada 5 anos
oAferição biológica é recomendada precedendo a
realização dos exames audiométricos. Em caso de
alteração, submeter o equipamento à aferição acústica
o certificado de aferição e/ou calibração que acompanhará
o equipamento.

NR-7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva


Avaliação Auditiva - ETAPAS
o Repouso auditivo de, no mínimo 14 horas;
o Identificação do trabalhador com documento oficial que
contenha fotografia;
o Anamnese clínica e ocupacional;
o Inspeção visual do meato acústico externo no momento do
exame – encaminhar ao ORL
o Orientação ao trabalhador quanto a finalidade e a
sistemática do exame;

NR-7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva


Avaliação Auditiva - ETAPAS

o Via aérea: frequências de 500, 1000, 2000, 3000, 4000,


6000 e 8000 Hz.
o Via óssea, quando necessária: frequências de 500, 1000,
2000, 3000 e 4000 Hz.;

NR-7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva


Avaliação Auditiva - ETAPAS

o Realizar a devolutiva do exame realizado.


o Encaminhar ao ORL – em casos de alteração
o Solicitação de retorno (tempo - de acordo com o serviço
médico de cada instituição):
 Relatório do ORL com possível hipótese diagnóstica,
caso confirme a alteração.
 Orientar e treinar o funcionário, individualmente com
relação aos cuidados e proteção.

NR-7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva


Avaliação Auditiva - ETAPAS
o A ficha de registro audiométrico deve conter no mínimo:
 nome, idade,
 identificação do examinado,
 data do exame,
 assinatura e registro profissional do examinador,
 equipamento utilizado,
 data da calibração acústica,
 traçado audiométrico,
 tempo declarado de repouso auditivo,
 achados da inspeção visual do meato acústico externo
 observações. NR-7 e Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva
O que pode afetar a qualidade do exame?

o Variações Físicas:

 Calibração do próprio audiômetro


 Colocação inadequada dos fones para a avaliação
 Nível de ruído excessivo na cabine acústica

Gonçalves (2009)
O que pode afetar a qualidade do exame?

o Variações Psicológicas:

 Motivação
 Desvio de atenção
 Atributos de personalidade
 Fatores intelectuais
 Experiência em exames anteriores
 Compreensão de instruções pelo examinador

Gonçalves (2009)
O que pode afetar a qualidade do exame?

o Condições de Respostas:
 Tipo de resposta requisitada

o Variáveis Metodológicas:
 Competência do avaliador
 Técnicas utilizadas
 Tempo de intervalo entre os exames sucessivos
 Instruções dadas

Gonçalves (2009)
Público - Alvo?
• Todos os trabalhadores expostos ao ruído acima
de 80dB.
(NR-9)
Quem deve realizar?

Fonoaudiólogos
o Profissionais capacitados

Médicos

o Devem ser legalmente habilitados: CRFa. e CRM


Quando deve ser Realizada?

Distorcer
informações –
Tenderá a todos os sinais e
responder sintomas são
Movido pelo desejo corretamente os decorrentes das
de conseguir o questionamentos e condições de
emprego colaborar com o trabalho (futura
-omitir; exame. ação judicial ou
- distorcer informações.
permanência no
emprego)
NR 4 - SESMT
Quando deve ser Realizada?

ADMISSIONAL
 Antes dos trabalhadores assumirem suas atividades

PERIÓDICO
 Anual: menores de 18 anos e maiores de 45 anos de idade
 Bianual: maiores de 18 anos e menores de 45 anos de idade
 Intervalos Menores: a critério do médico; do examinador
e∕ou coordenador
NR 4
Quando deve ser Realizada?
DEMISSIONAL
 Demissão
 Aposentadoria por tempo de serviço.

OBS: Por invalidez exige um laudo da perícia da saúde.

DISPENSA DE REALIZAÇÂO DO EXAME


 Risco 1 e 2 - 135 dias anteriores à homologação
 Risco 3 e 4 - 90 dias anteriores à homologação NR 4
Quando deve ser Realizada?

Quando necessário
e sob solicitação
Obrigatório no médica
10dia de volta ao
Antes à data da
trabalho do
mudança quando
empregado
implicar na
ausente por
exposição a risco
período igual ou
diferente ao que
superior a 30 dias
estava exposto
anteriormente. NR 4
Exames Complementares

o Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF)

 Avaliar a habilidade de compreensão de fala do


indivíduo - identifica e reproduz estímulo de fala.
 Prova de simulação e dissimulação

Gonçalves (2009)
Exames Complementares

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

o Imitanciometria (Timpanometria e Reflexo Acústico)


 Desencadeado bilateralmente – mecanismo de proteção
da OM, quando exposto a sons superiores a 70dB
 Integridade dos sistemas periféricos e central do TE
 Auxilia no diagnóstico de doenças auditivas condutivas
e neurossensoriais.
Gonçalves (2009)
Exames Complementares

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

o Emissões otoacústicas – EOAT e EOAPD


 Mede a atividade motora da cóclea, ou seja, o
mecanismo de amplificação coclear – CCE
 Ferramenta importante para o diagnóstico e vigilância
epidemiológica de PA em trabalhadores.

Gonçalves (2009)
Exames Complementares
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

o Emissões otoacústicas – EOAT e EOAPD


 Principais aplicações:
 Identificar precocemente alterações antes do início
da PAIR
 Estudar as alterações temporárias da audição
 Monitorar a PAIR

 EOAPD mais usada – obtidas em PA moderadas


Gonçalves (2009)
Exames Complementares
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
o PEATE
 Avalia a atividade eletrofisiológica ao longo do sistema
auditivo, após o estimulo click -10ms
 Diagnóstico diferencial da PAIR – identifica lesão
retrococlear. Gonçalves (2009)
Recomendações referentes a avaliação dos prejuízos pela PAIR

O QUE VALORIZAR???
• A história clínica do trabalhador, a idade, a queixa de perda auditiva, a dificuldade de
compreender a fala em ambientes, acusticamente, desfavoráveis, o desconforto para
sons intensos e a presença de zumbidos.

• Outros testes audiológicos, além da audiometria tonal liminar.

• O desenvolvimento e a utilização de métodos que permitam avaliar os problemas de


comunicação, vivenciados pelo trabalhador acometido de PAIR, ou seja, testes de fala
em presença de ruído e questionários de auto avaliação, que possam fornecer
informações sobre as implicações psicossociais da PAIR do ponto de vista de seu
portador.

• Estas recomendações podem ser revistas de acordo com os avanços técnico-


científicos.

Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva (Boletim n.º 4)

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