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Surgimento e desenvolvimento da administração pública em Moçambique
A Administração Pública começou a se organizar nos séculos XVIII e XIX, nessa época era
ainda embrionária devido ao Estado Absolutista, que anteriormente detinha todo o poder
centralizado e não permitia um desenvolvimento público. A administração não tinha ainda
uma elaboração normativa baseadas nos princípios constitucionais próprios que tem hoje,
apenas algumas obras e regras esparsas que dariam início aos actuais conceitos de direitos
constitucionais e administrativos.
A partir da Revolução Francesa é que o Estado de Direito, com a separação dos três poderes,
se consolidou e só nesse momento que se foi começar a delimitar normas que organizariam a
Administração Pública, retirando a aplicação do direito privado das relações jurídicas em que
o Estado participa. O direito administrativo amplia a sua actuação para actividades antes
efectuadas pelo direito privado, estendendo-se a actividades com objectivo de promover o
bem-estar social, como por exemplo, a educação, saúde, cultura.
A administração pública patrimonialista foi trazida pelos europeus no século XVIII,
estes eram detentores de uma ideologia que tirava o sentido do Estado. Pois este não era visto
como uma empresa a serviço da população, mas sim como os clientes da população, ou seja,
o Estado em vez de servir a população com a finalidade de satisfazer ou dar condições para
que esta satisfaça suas necessidades, agia como uma entidade que deveria ter suas
necessidades satisfeitas por meio do trabalho da população. Por este motivo os servidores ou
funcionários públicos eram vistos como nobres e recebiam este título por indicações do
soberano, que o fazia como prova de gratidão e defesa de seus interesses.
O trabalho a favor da sociedade se torna algo secundário e uma fantasia para esconder os
desvios de conduta de um grupo de pessoas, detentoras do título de servidor público, que
colocam seus interesses a frente dos do Estado e realizam as actividades públicas de forma
irregular, corrompendo-as para si.
A principal diferença entre a administração de empresas para a pública é o seu objecto,
ambas possuem a obrigação de montar uma estrutura organizacional de modo a construir um
processo que finalize na concretização da sua missão. Numa visão geral, o foco da
administração de empresas é o lucro, mas nem todo departamento dentro da organização
possui este objectivo como principal. Ou seja, alcançar o máximo lucro é objectivo directo de
um departamento que possui como função a "venda", para os demais este objectivo é
secundário e cabe a estes colaborar com o melhor suporte para que o primeiro venda mais.
De forma hipotética, dentro de toda organização privada existem departamentos com o
mesmo objecto da administração pública, que é satisfazer as necessidades da população e
criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da mesma, neste caso entenda-se população
como empregados do departamento responsável pelo máximo lucro.
A função administrativa
Importa registar que o conceito de função administrativa tem sido matéria de grande
dificuldade para os doutrinadores, tendo em vista a extensão e a heterogeneidade do tema. A
função administrativa compreende actividades de fornecimento de utilidades materiais de
interesse colectivo (colecta de lixo, por exemplo), mas também abrange actuação de cunho
jurídico, imaterial (regulamentação de poluição sonora, por exemplo.
Elucidando melhor essa ideia defende esse doutrinador que “a função administrativa é
o conjunto de poderes jurídicos destinados a promover a satisfação de interesses essenciais,
relacionados com a promoção de direitos fundamentais, cujo desempenho exige uma
organização estatal e permanente e que se faz sob o regime jurídico infralegal e submetido ao
controle jurisdicional.
Enquanto o ponto central da função legislativa consiste na criação do direito novo (ius
novum) e o da função jurisdicional descansa na composição de litígios, na função
administrativa o grande alvo é, de fato, a gestão dos interesses colectivos na sua mais variada
dimensão, consequência das numerosas tarefas a que se deve propor o Estado moderno.
Em relação a elas a ideia é sempre residual: onde não há criação de direito novo ou
solução de conflitos de interesses na via própria (judicial), a função exercida, sob o aspecto
material, é a administrativa”.
Contudo quem melhor discorreu sobre o tema foi Hely Lopes Meirelles ao definir que
“a natureza da administração pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a
de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da
colectividade.
Toda actividade do administrador público deve ser orientada para esse objectivo. Se
dele o administrador se afasta ou desvia, trai o mandato de que está investido, porque a
comunidade não institui a Administração senão como meio de atingir o bem-estar social.
Ilícito e imoral será todo o ato administrativo que não for praticado no interesse da
colectividade.
A administração publica em Moçambique, assim como em outros países não foge das
regras, ela obedece uma estrutura hierárquica de administração directa em que o poder de
direcção esta subordinada ao Estado e integra todos os órgãos, serviços e agentes integrados
na pessoa colectiva Estado que, de modo directo e imediato e sob dependência hierárquica do
Governo, desenvolvem uma actividade tendente à satisfação das necessidades colectivas.