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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ISCED

Trabalho de Teoria de Administração Publica

Nome do estudante: Virgínia Mubai


Introdução

A expressão "Administração Pública", tecnicamente, pode ser definida tanto em sentido


objectivo quanto em sentido subjectivo. Objectivamente, é actividade desenvolvida pelo
Estado voltada à consecução do bem colectivo. Em sentido subjectivo, é o conjunto de órgãos
e pessoas jurídicas a quem a lei atribui o exercício das actividades.

O trabalho de como tema, Surgimento e desenvolvimento da administração pública em


Moçambique. Falar-se-á no trabalho sobre o surgimento, composição, filosofia função
estrutura organizacional e áreas de actuação da Administração Publica

Para a realização deste trabalho foi usado o método hermenêutico e analítico.

 
Surgimento e desenvolvimento da administração pública em Moçambique

A Administração Pública começou a se organizar nos séculos XVIII e XIX, nessa época era
ainda embrionária devido ao Estado Absolutista, que anteriormente detinha todo o poder
centralizado e não permitia um desenvolvimento público. A administração não tinha ainda
uma elaboração normativa baseadas nos princípios constitucionais próprios que tem hoje,
apenas algumas obras e regras esparsas que dariam início aos actuais conceitos de direitos
constitucionais e administrativos.

Foi quando o Estado de Direito começou a se estabelecer, juntamente com o Direito


Constitucional, e os demais ramos de direito público que o Direito Administrativo começou a
se formar, a partir da separação dos poderes do Estado e com o Princípio da Legalidade, para
dar mais segurança aos direitos do povo em relações particulares e também nas relações
públicas.

A partir da Revolução Francesa é que o Estado de Direito, com a separação dos três poderes,
se consolidou e só nesse momento que se foi começar a delimitar normas que organizariam a
Administração Pública, retirando a aplicação do direito privado das relações jurídicas em que
o Estado participa. O direito administrativo amplia a sua actuação para actividades antes
efectuadas pelo direito privado, estendendo-se a actividades com objectivo de promover o
bem-estar social, como por exemplo, a educação, saúde, cultura.

O direito administrativo brasileiro teve contribuição do direito francês, do direito alemão e do


direito italiano na sua formação como um ramo autónomo. A inclinação do direito dos três
países foi distinta, do direito francês praticamente se originou o direito administrativo porque
o estruturou quase completamente, o direito alemão influenciou a elaboração científica do
directo administrativo como ciência administrativa e o direito italiano contribuiu para a
elaboração sistemática da administração.

 A administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado, que possuem


como objectivo assegurar a satisfação das necessidades da sociedade, tais como: segurança,
saúde e bem-estar da população.
         A evolução da administração pública é um processo de aperfeiçoamento dos serviços
prestados pelo Estado à população. E esta é representada por três modelos, a saber:
administração pública patrimonial, administração pública burocrática e administração pública
gerências; os quais se visam supri uma deficiência do modelo anterior, introduzindo novos
conceitos ou mudando conceitos ineficientes e prejudiciais ao aparelho do Estado.

        A administração pública patrimonialista foi trazida pelos europeus no século XVIII,
estes eram detentores de uma ideologia que tirava o sentido do Estado. Pois este não era visto
como uma empresa a serviço da população, mas sim como os clientes da população, ou seja,
o Estado em vez de servir a população com a finalidade de satisfazer ou dar condições para
que esta satisfaça suas necessidades, agia como uma entidade que deveria ter suas
necessidades satisfeitas por meio do trabalho da população. Por este motivo os servidores ou
funcionários públicos eram vistos como nobres e recebiam este título por indicações do
soberano, que o fazia como prova de gratidão e defesa de seus interesses.

        O trabalho a favor da sociedade se torna algo secundário e uma fantasia para esconder os
desvios de conduta de um grupo de pessoas, detentoras do título de servidor público, que
colocam seus interesses a frente dos do Estado e realizam as actividades públicas de forma
irregular, corrompendo-as para si.

         A administração pública burocrática é desenvolvida e introduzida no Estado com a


intenção de combater as práticas citadas acima, como exemplo a corrupção e nepotismo. Isso
por meio do desenvolvimento de controlos administrativos e a doação de princípios como o
da impessoalidade, formalidade, hierarquia funcional, ideia de carreira de carreira pública e
profissionalismo.

Os controlos possuem importante papel neste "combate", pois eles registaram a


execução do processo. Garantindo o cumprimento das normas que os regem, por exemplo:
num processo de admissão, os controles formalizarão a selecção que será feita com base nos
editais, que especificarão os trâmites do andamento do processo. Após a admissão o
funcionário público ocupará um cargo presente no plano de cargos e carreiras, além de
receber treinamentos para melhor execução de suas actividades.

         Contudo, a administração pública burocrática busca evitar a corrupção e o nepotismo,


mas ao fazer isto engessa o andamento dos processos, pois o seu andamento deve ser
formalizado por meio de documentos entre outros.
         A administração pública gerencial surgiu com a proposta de tornar a administração
pública mais eficiente, aumentando sua qualidade e reduzindo seu custo, e mudando o foco
dos serviços para o cliente: população. O motivo da mudança foi introduzir um ritmo
sistémico na prestação de serviços, isso para mudar o foco de fazer para fazer bem feito e de
forma ágil.

          A principal diferença entre a administração de empresas para a pública é o seu objecto,
ambas possuem a obrigação de montar uma estrutura organizacional de modo a construir um
processo que finalize na concretização da sua missão. Numa visão geral, o foco da
administração de empresas é o lucro, mas nem todo departamento dentro da organização
possui este objectivo como principal. Ou seja, alcançar o máximo lucro é objectivo directo de
um departamento que possui como função a "venda", para os demais este objectivo é
secundário e cabe a estes colaborar com o melhor suporte para que o primeiro venda mais.

        De forma hipotética, dentro de toda organização privada existem departamentos com o
mesmo objecto da administração pública, que é satisfazer as necessidades da população e
criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da mesma, neste caso entenda-se população
como empregados do departamento responsável pelo máximo lucro.

Portanto, administração pública gerencial trás esta ideia com base em


questionamentos como: se funciona na organização privada por que não na pública? Se os
bons resultados de empresas privadas são frutos da sua gestão, por que não trazer para a
pública? E é construída sobre bases que consideram o Estado uma grande empresa cujos
serviços são destinados aos seus clientes, a população.

A administração publica pode ser encontrada, ou actua a função da administração


pública ao zelar e cuidar dos bens da colectividade é chamada de função administrativa.
Diante dessas colocações, sob o aspecto material, quais são as actividades exercidas pela
administração pública? As principais actividades administrativas são:

1- Serviço público: é uma das actividades mais protegidas no Direito Administrativo.


Onde houver serviço público o Direito Administrativo é bastante cuidadoso para que a
prestação desse serviço chegue ao corpo social com qualidade e sem falhas. Importa ressaltar
que a titularidade do serviço público pertence sempre à Administração Pública Directa ou
Indirecta, sendo que o particular pode ser mero prestador dessa actividade. Um exemplo
clássico de serviço público é a distribuição de energia eléctrica e água.
2 – Poder de polícia: é o poder de fiscalização da Administração. Quem cria
obrigações para o particular é a lei e quem cria a lei é o legislador. Assim a lei impõe
obrigações para o particular e cabe à Administração fiscalizar se estes particulares estão
cumprindo a lei. Exemplo: polícia sanitária fiscaliza o cumprimento das leis sanitárias, que
regulamentam as actividades de restaurantes, bares e farmácias, protegendo a saúde e a
segurança dos consumidores.
3 –  Fomento: consiste no incentivo que a Administração faz a particulares especiais
visando um bem comum. Está directamente ligado ao terceiro sector, que são particulares
especiais, os quais buscam interesses públicos, e por esse motivo são incentivados pela
Administração a continuarem exercendo essas actividades. Exemplo: organizações sociais
que buscam interesses sociais sem fins lucrativos.
4 –  Intervenção no domínio económico: é aquela actividade em que a
Administração actua por meios directos e indirectos no mercado capitalista. A Administração
vai regulamentar esse mercado, apenas no caso de ser verificado relevante interesse colectivo
ou algum factor ligado à segurança nacional.
5 –  Gestão de bens públicos: actividade de cuidar para que a utilização do bem
público esteja em conformidade ao interesse social a que deve servir.
6 - Intervenção no direito de propriedade do particular: o direito de propriedade
esta assegurado consiste num direito e garantia fundamental. No entanto, esse direito não é
absoluto sofrendo, por sua vez, diversos condicionamentos e limitações advindas dessa
actividade administrativa. São institutos que permitem a incidência administrativa sobre o
exercício do direito de propriedade: a desapropriação, o tombamento, a requisição
administrativa, a limitação administrativa, a ocupação temporária e a servidão administrativa.

A função administrativa

No Estado Democrático de Direito, a função administrativa é a actividade


desempenhada pelas pessoas estatais, sujeitas a controle jurisdicional, no fiel cumprimento do
dever de alcançar o interesse público. Essa função é marcada pela conjugação de dois
princípios caracterizadores do regime jurídico-administrativo, quais sejam: o princípio da
supremacia do interesse público e o princípio da indisponibilidade do interesse público.
O princípio da prevalência do interesse público sobre o interesse particular assegura a
quem exerce a competência administrativa uma posição de privilégio e supremacia a fim de
que as necessidades sociais sejam alcançadas e, desse modo, a finalidade pública seja
cumprida.

O princípio da indisponibilidade do interesse público pelo titular de competência


administrativa determina a subordinação da actividade administrativa aos princípios jurídicos
que vinculam à concretização do interesse público. Isto quer dizer que os órgãos e entidades
estatais são meros instrumentos da realização da função administrativa, cujo exercício é
destinado ao benefício social.

Assim sendo, como a Administração não titulariza os interesses públicos primários,


podemos afirmar que tais interesses são indisponíveis pelas pessoais estatais cabendo as
mesmas, na sua gestão, protegê-los.

Importa registar que o conceito de função administrativa tem sido matéria de grande
dificuldade para os doutrinadores, tendo em vista a extensão e a heterogeneidade do tema. A
função administrativa compreende actividades de fornecimento de utilidades materiais de
interesse colectivo (colecta de lixo, por exemplo), mas também abrange actuação de cunho
jurídico, imaterial (regulamentação de poluição sonora, por exemplo.

Elucidando melhor essa ideia defende esse doutrinador que “a função administrativa é
o conjunto de poderes jurídicos destinados a promover a satisfação de interesses essenciais,
relacionados com a promoção de direitos fundamentais, cujo desempenho exige uma
organização estatal e permanente e que se faz sob o regime jurídico infralegal e submetido ao
controle jurisdicional.

Os autores se têm validado de critérios de três ordens para a identificação da função


administrativa: 1- subjectivo (ou orgânico), que dá realce ao sujeito ou agente da função; 2-
objectivo material, pelo qual se examina o conteúdo da actividade; e 3- objectivo formal, que
explica a função pelo regime jurídico em que se situa a sua disciplina.
Sustenta o citado jurista que nenhum critério é suficiente, se tomado isoladamente.
Devem eles combinar-se para suscitar o preciso contorno da função administrativa.

A função administrativa, na prática, tem sido considerada de carácter residual, sendo,


pois, aquela que não representa a formulação da regra legal nem a composição de lides in
concreto. Mais tecnicamente pode dizer-se que função administrativa é aquela exercida pelo
Estado ou por seus delegados, subjacentemente à ordem constitucional e legal, sob regime de
direito público, com vistas a alcançar os fins colimados pela ordem jurídica.

Enquanto o ponto central da função legislativa consiste na criação do direito novo (ius
novum) e o da função jurisdicional descansa na composição de litígios, na função
administrativa o grande alvo é, de fato, a gestão dos interesses colectivos na sua mais variada
dimensão, consequência das numerosas tarefas a que se deve propor o Estado moderno.

Desse modo conclui o autor que constituem função materialmente administrativa


actividades desenvolvidas no Poder Judiciário, de que são exemplos decisões em processos
de jurisdição voluntária e o poder de polícia do juiz nas audiências, ou no Poder Legislativo,
como as denominadas ‘leis de efeitos concretos’, actos legislativos que, ao invés de traçarem
normas gerais e abstractas, interferem na órbita jurídica de pessoas determinadas, como, por
exemplo, a lei que concede pensão vitalícia à viúva de ex-presidente.

Em relação a elas a ideia é sempre residual: onde não há criação de direito novo ou
solução de conflitos de interesses na via própria (judicial), a função exercida, sob o aspecto
material, é a administrativa”.

Contudo quem melhor discorreu sobre o tema foi Hely Lopes Meirelles ao definir que
“a natureza da administração pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a
de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da
colectividade.

Como tal, impõe-se ao administrador público a obrigação de cumprir fielmente os


preceitos do Direito e da Moral administrativa que regem a sua actuação. Ao ser investido em
função ou cargo público, todo agente do poder assume para com a colectividade o
compromisso de bem servi-la, porque outro não é o desejo do povo, como legítimo
destinatário dos bens, serviços e interesses administrados pelo Estado

Toda actividade do administrador público deve ser orientada para esse objectivo. Se
dele o administrador se afasta ou desvia, trai o mandato de que está investido, porque a
comunidade não institui a Administração senão como meio de atingir o bem-estar social.
Ilícito e imoral será todo o ato administrativo que não for praticado no interesse da
colectividade.

Assim, a defesa do interesse público corresponde ao próprio fim do Estado. O Estado


tem o dever de defender os interesses da colectividade a fim de favorecer o bem-estar social.

Portanto, negar a existência dos princípios da supremacia do interesse público sobre o


privado e da indisponibilidade do interesse público é negar o papel do Estado que tem com
uma das suas funções a preservação de tais princípios.  

Estrutura da administração pública em Moçambique.

A administração publica em Moçambique, assim como em outros países não foge das
regras, ela obedece uma estrutura hierárquica de administração directa em que o poder de
direcção esta subordinada ao Estado e integra todos os órgãos, serviços e agentes integrados
na pessoa colectiva Estado que, de modo directo e imediato e sob dependência hierárquica do
Governo, desenvolvem uma actividade tendente à satisfação das necessidades colectivas.

Mas nem todos os serviços da Administração directa do Estado têm a mesma


competência territorial, pelo que devem distinguir-se: Serviços centrais e Serviços periféricos

Os Serviços centrais têm competência em todo o território nacional, como as


Direcções Gerais organizadas em Ministérios, e os Serviços periféricos têm uma competência
territorialmente limitada, como acontece com as Direcções Regionais (de Educação e de
Agricultura, por exemplo).

Nessa administração, estruturamento encontramos o presidente da Republica no topo,


passando pelos níveis hierárquicos e tendo na base o servidor que desempenha actividades
menos complexas, formando se assim uma pirâmide hierárquica: Presidente da Republica,
Ministros, Vice-Ministros e os demais.
Conclusão

A administração pública vem desde a Revolução Francesa, influenciada pelos direitos


francês, alemão e italiano, e mais tardiamente pelo direito anglo-americano se sobressaindo
no sentido de se desapegar do direito privado, formar seu sistema autónomo e abarcar todas
as áreas sociais visando sanear os anseios da sociedade.

Em Moçambique a administração publica desempenha um papel importante, na garantia de


bens dos cidadãos. O processo de modernização do Estado exige que a Administração
Pública de hoje, com o aumento da importância dos serviços fornecidos, seja eficiente. Para
tanto, verificou-se que deve-se aderir às propostas de adaptação e flexibilização advindas da
modernidade.

Muitos foram os progressos, mas a Administração Pública ainda é reflexo de um sistema


político com características tradicionais, onde a forma processualista, uniforme e rígida,
imposta para um maior controlo de poder, impede, ou, no mínimo, dificulta a actividade dos
servidores ou empregados pró-activos,
Bibliografia

CARVALHO, Fernanda de Quadros. A Administração Pública: uma análise de sua


história, conceitos e importância. Disponível
em: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_40824/artigo_sobre_a_administrac
ao_publica:_uma_analise_de_sua_historia,_conceitos_e_importancia. Acesso em:
04/08/2018

ISCED – Manual de Ciência Politica, 1o ano; curso de administração pública.

MARTINS, Manoel Henrique. Breve histórico da Administração Pública, como


campo do conhecimento – Parte 2. 2008. Disponível
em: http://www.gestaopublica.net/blog/?p=61. Acesso em: 25/08/2018.

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