From: Magengelândia Actos de Comércio Sob o ponto de vista jurídico, o conceito de acto de comércio adquire uma amplitude tal, que se torna difícil abranger numa definição sintética todos os actos que são, ou devem ser, regulados na legislação comercial, assim, num sentido amplo Actos de Comércio serão os factos jurídicos que ocorrem no âmbito das actividades comerciais. Sob o ponto de vista económico, acto de comércio é, por definição, Todo o acto de intermediação entre produtores e consumidores, com vista à obtenção de lucro através da especulação, a qual comporta sempre um elemento de risco. O conceito de matéria comercial é um conceito jurídico e não um conceito económico, pois o Direito Comercial disciplina tanto o comércio propriamente dito, como, de um modo geral, todas as actividades que o legislador considerou deverem beneficiar do regime específico do Direito Comercial, através das normas qualificadoras, que caracterizam como comercial certa matéria jurídica, dizendo quais das empresas são mercantis, que negócios são comerciais e que pessoas são comerciantes. Assim, entendemos que a expressão “Actos de Comércio” abarca todos os factos jurídicos praticados isolada ou ocasionalmente por empresários e não empresários, bem como os actos praticados no exercício de uma empresa por visarem a prossecução de fins comuns , quer do fim imediato exploração de um determinado tipo de negócio, quer por um fim mediato consecução de lucros. Art. 4 do CCom - Interpretação Diz o art. 4 do Código Comercial 1. São considerados actos de comércio: a) Os actos especialmente regulados na lei em atenção as necessidades da empresa comercial, designadamente os previstos neste código, e os actos análogos; b) Os actos praticados no exercício de uma empresa comercial. 2. Os actos praticados por um empresário comercial consideram-se tê-lo sido no exercício da respectiva empresa, se deles e das circunstâncias que rodearam a sua prática não resultar o contrário. Deduz deste art. Que no Ccom acham-se mencionadas duas categorias de actos de comércio: Actos de comércio por natureza (Objectivamente comerciais) que se dividem em três grupos: Os actos exclusivamente regulados no Código Comercial, tais como: reporte (art. 487 e seguintes), o transporte(art. 557 e seguintes), as letras (art. 704 e seguintes), livranças (art. 778), cheques (art. 782 e seguintes), etc. Os actos que também são especialmente regulados no código Civil, mas que adquirem a natureza comercial quando neles se verificam determinadoselementos especiais, tais como o contrato de sociedade, a compra e venda, etc. Tratam-se de actos civis que se consideram comerciais, na medida em que neles se identificarem aquelas descrições privativas a cmercialidade. Actos regulados na legislação commercial extravagante. Ex: locação financeira cujo regime jurídico é regulado pelo decreto 45/94 de 12 de Outubro. Actos comerciais acessórios a um acto de comércio – quer dizer que são actos de comércio, não pelo factor objectivo, mas tão somente pelo elemento subjectivo que consiste em serem praticados pelos empresários. Ex: Contrato de Associação em participação não é um acto de comércio só porque esta regulado no Ccom. Só pode ser celebrado em 2 empresários comerciais, ou entre um empresário comercial e um não empresário, mas nunca pode ser celebrado entre empresários não comerciais (art. 600 e seguintes).
De acordo com nosso Ccom serão actos de comércio: os actos
exclusivamente regulados no CCom e em outras leis, em função dos interesses de comércio (actos objectivos). Os actos que se mostrarem como tendo sido praticados por empresários (actos subjectivos) no exercício ou em conexão com a empresa. CLASSIFICAÇÃO DOS ACTOS DE COMÉRCIO Existem diversas classificações de Actos de Comércio, mas as que a nosso ver. Revestem elvado interesse são as classificações que qualificam os actos de comércio como:
Objectivos e Subjectivos / Absolutos e Por conexão / Casuais e Abstractos
/ Puros e Mistos A classificação dos actos de comércio é importante para permitir uma densificação das respectivas características, atendendo a que o legislador não define materialmente acto de comércio. O legislador utiliza um conceito legal indeterminado, decorrente do art. 4° do Código Comercial, que nos diz quais são os actos de comércio, mas não diz o que eles são, nem faz uma enumeração explícita, nem exemplificativa, nem taxativa de tais actos, limita-se a fazer uma enumeração implícita desses actos . Actos de Comércio Objectivos e Subjectivos A classificação dos actos de comércio em objectivos e subjectivos tem por base o critério que atribui a natureza commercial ao acto de acordo com os requisites objectivos ou subjectivos.
Assim, da leitura do art. 4 al. a) do Ccom: “os actos especialmente…,
designadamaente os previstos neste código”é, por via de regra baseada nos requisites objectivos, portanto, são actos de comércio objectivos os que são regulados na lei commercial, em função do seu conteúdo e das circunstâncias ou situações.
Usando o método da enumeração implícita, este preceito legal, limitou-se “a
remeter para outras disposições do Sistema, mas tudo passa evidentemente , como se todas as actividade fossem indicadas logo no próprio artigo. Diferente do método usado pelo legislador Moçambicano, existe o método de enumeração explicita, método usado no Código Italiano de 1882, cujo art. n°3 dizia: Alei considera actos de comércio: 1 a compra de géneros e mercadorias para revenda 2 – As vendas de generos 3 – As compras de bens imóveis 4 – O reporte, etc São actos de comércio objectivos Todos os que se encontram especialmente regulados pelo direito comercial, independentemente de ser ou não comerciante a pessoa que os pratica. A qualidade comercial é-lhes intrínseca.
Por outras palavras...
Actos objectivamente comerciais,
São aqueles que conservam a sua natureza comercial mesmo quando praticados por pessoa que não seja comerciante.