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A Estalagem do Homem Morto

O lugar ideal para uma cerveja no centro do Multiverso

Bem-vindo! Meu nome é Piero Cormina, bardo e explorador, e este é meu primeiro guia! Um esboço, na
verdade, pois partirei em viagem com anões que roubaram um barco que navega pelo plano astral e não posso
me alongar. Do que se trata este guia? Descreverei brevemente a Estalagem do Homem Morto; um entreposto
comercial, lugar de descanso e prazer no centro do Multiverso. Nestes salões crias abissais dividem jarras de
cerveja com humanos, seres alienígenas negociam preços com anões de pele dourada e dizem que os próprios
deuses de uma dezena de mundos vem aqui para relaxar. É um território neutro, apesar de, eventualmente,
alguém violar essa regra (e as punições são vigorosas, mesmo aos deuses!). Espero instigar-te, aventureiro,
pois as possibilidades são infinitas!

A Estalagem
Eu poderia discorrer sobre o prédio em si, mas isso é deveras tedioso. Vou me limitar a dizer que a
estalagem é uma estrutura alta, muito mais alta do que qualquer estalagem que você já viu ou verá, construída
com blocos de pedra negra. Seu salão principal já deixou muitos reis com inveja, as muitas salas privativas são
capazes de abrigar duas dezenas de pessoas e todos os quartos tem a capacidade de fazer a sua vontade de ir
embora desaparecer. Dito isso, vamos falar sobre coisas mais interessantes.
Meu primeiro pensamento quando entrei pela primeira vez no Homem Morto e ouvi pela primeira vez que
a estalagem se encontra no centro do multiverso foi “Quanta presunção!”. Quem pode afirmar onde fica o centro
de infinitos universos? “Com certeza não o dono de uma estalagem!”, pensei. Porém, conversando com uma
deusa da sorte chamada Dihya, soube que a estalagem foi construída ali, eras atrás, sabendo-se que aquele
ponto era o centro de tudo. “Não só do multiverso”, ela me confessou, “mas talvez de toda a criação. Qual
universo surgiu primeiro? O seu, o meu ou todos nasceram no mesmo instante?”
Pensei muito sobre aquilo. Semanas! Conclui que ninguém sabe se o Homem Morto é o centro do
multiverso, apenas convencionou-se isso. Bem, ​alguém sabe se isso é verdade, mas qual entidade é esta,
nobres leitores, um mero contador de histórias como eu não tem a compreensão para dizer. O que eu posso
contar é que muitos chegam na estalagem com a dúvida e vão embora com a certeza, apesar de ninguém a ter.
Outra figura que conheci foi Odrich, mas ele pede para todos o chamarem de Dedos Ligeiros. Eu não
quis saber o motivo de apelido. Um humano que envelheceu bem, sua idade é entregue apenas pelo
cavanhaque grisalho que divide sua barba castanha, pelo cabelo branco nas têmporas e pelas rugas sob os
olhos. Ele vive a tanto tempo no Homem Morto que não tem mais para onde ir e isso faz dele a pessoas certa
para se embebedar. Na primeira noite em que conversamos, uma mulher de pele azulada, olhos púrpuras e
cabelos brancos trouxe as cervejas. “Seja voltando para o seu mundo ou indo para outros, este lugar é
entreposto perfeito!”, Odrich disse depois do brinde. “Camas limpas e confortáveis, itens de todo o Multiverso
para comprar e sempre existe uma forma de se ganhar algumas moedas de ouro. Há muito trabalho aqui, por
isso já bebi com toda sorte de aventureiros!”
Olhando ao redor, era fácil comprovar aquilo. Acostumados com elfos, orcs e humanos, demoramos
para aceitar a esfera flutuante e cheia de olhos conversando com cinco insetoides de dois metros de altura, ou o
dragão em forma humanoide tocando um alaúde e cantando sobre sua própria glória, ou um grupo de pequenos
construtos que falam alto em um idioma único, ou… Você entendeu. Mais do que um prédio - formidável sim,
mas ainda apenas um prédio -, a quantidade de indivíduos únicos que podemos conhecer, de amores inusitados
e amizades improváveis, as aventuras que terminam ou começam aqui são enormes.
O Homem Morto
Não está morto.
Seu nome é Imorr e ele é o dono da estalagem. ÚNICO dono, nunca houve outro. Eu fiz a mesma
expressão de incredulidade, nobre leitora. Com uma constituição física fantástica distribuída em um corpo de
pouco mais de dois metros de altura, pele da cor do carvão e olhos dourados, Imorr é uma das figuras mais
imponentes do lugar, se não a mais faustuosa. Não se sabe muito sobre Imorr. Ninguém sabe dizer de qual
mundo ele veio ou o motivo dele ter construído a estalagem, se ele decidiu sozinho ou se alguma entidade
solicitou que ele passasse a eternidade limpando canecas e apartando brigas, mas isso não parece importar.
Nem mesmo os deuses vem até o Homem Morto sabem responder estas perguntas.
O que todos sabem ou rapidamente aprendem é que existem poucas regras e pouca tolerância com
quem as desrespeita, especialmente a neutralidade do local. As punições são sempre severas e não existem
reincidentes. Os infratores aprendem ou desaparecem. Algo também desconhecido é a extensão do poder de
Imorr, mas ele, caso deseje, pode impedir até mesmo divindades de entrarem na estalagem e, enquanto
estiveram dentro do prédio, seus poderes são drasticamente reduzidos.
Despeço-me com três boatos que ouvi e que podem lhe interessar! Deuses rivais farão uma reunião no
Homem Morto para negociar uma trégua e aventureiros que demonstrarem ser de confiança serão contratados
para fazer a segurança durante o evento; um estranho ovo foi encontrado em um dos quartos e todos aqueles
que ficam com ele tem sonhos de violência e estranhos seres de pele cinzenta, olhos vermelhos e com
tentáculos surgindo do rosto estão a procura do ovo; por fim, duas noites atrás houve um assassinato nas docas
astrais. O fato não ocorreu dentro do Homem Morto, mas os arredores da estalagem também foram definidos
como território neutro. Imorr pagará uma bela quantia em ouro para quem descobrir o motivo da morte e lhe
trouxer as pessoas responsáveis.
Visitem a Estalagem do Homem Morto, meus amigos! O lugar onde infinitos mundos se encontram!

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