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Multiverso de mini-cenários para

jogos de RPG de fantasia

Bruno M arochi Fabrício Suarez


Bruno M astrantonio Leon Santos
Dré Santos Lucas Viapiana
Fábio Campelo Nicolas Opitz
Créditos
Edição Geral: Antonio Sá Autores: Bruno Marochi
Bruno Mastrantonio
Edição: Rafael Beltrame Dré Santos
Thiago Righetti Fabio Campelo Teixeira
Fabrício Suarez
Revisão: Flávia Najar Leon Santos
Lucas Viapiana
Diagramação: Luisa Kühner Nicolas Opitz

Baseado nas regras originais criadas por E. Gary Gygax e Dave Arneson

Old Dragon é um jogo coberto pela licença Open Game e regida pela Creative Commons v3.0 by-sa. Todas as partes deste material podem
ser reproduzidas sem permissão especial, com exceção dos elementos gráficos, logo, ilustrações e diagramação.
Sumário

S um á r io
A E stalagem do H omem M orto – por Bruno Marochi ................ 4

G ranburgo – por Bruno Mastrantonio .......................................... 6

O rganom – por Dré Santos ........................................................... 8

O Vale do D esespero – por Fábio Campelo Teixeira ........................ 10

S trommen – por Fabrício Suarez ................................................... 12

G uns and Roads! – por Leon Santos ........................................... 14

Azurya – por Lucas Viapiana ......................................................... 16

Alvedrio – por Nicolas Opitz ...................................................... 18

3
A Estalagem do
Homem Morto
H omem M orto

Por Bruno M arochi


do
A E sta l agem

B em-vindo! Meu nome é Piero Cormi-


na, bardo e explorador, e este é meu
primeiro guia! Um esboço, na verdade,
presunção!”. Quem pode afirmar onde fica
o centro de infinitos universos? “Com
certeza não o dono de uma estalagem!”,
pois partirei em viagem com anões que pensei. Porém, conversando com uma deu-
roubaram um barco que navega pelo plano sa da sorte chamada Dihya, soube que a
astral e não posso me alongar. Do que se estalagem foi construída ali, eras atrás, sa-
trata este guia? Descreverei brevemente a bendo-se que aquele ponto era o centro de
Estalagem do Homem Morto; um entre- tudo. “Não só do multiverso”, ela me con-
posto comercial, lugar de descanso e pra- fessou, “mas talvez de toda a criação. Qual
zer no centro do Multiverso. Nestes salões, universo surgiu primeiro? O seu, o meu ou
crias abissais dividem jarras de cerveja todos nasceram no mesmo instante?”.
com humanos, seres alienígenas negociam
preços com anões de pele dourada e dizem Pensei muito sobre aquilo. Semanas!
que os próprios deuses de uma dezena de Conclui que ninguém sabe se o Homem
mundos vem aqui para relaxar. É um ter- Morto é o centro do multiverso, apenas
ritório neutro, apesar de, eventualmente, convencionou-se isso. Bem, alguém sabe
alguém violar essa regra (e as punições se isso é verdade, mas qual entidade é
são vigorosas, mesmo aos deuses!). Espero esta, nobres leitores, um mero contador de
instigar-te, aventureiro, pois as possibili- histórias como eu não tem a compreensão
dades são infinitas! para dizer. O que eu posso contar é que
muitos chegam na estalagem com a dúvi-
A Estalagem da e vão embora com a certeza, apesar de
Eu poderia discorrer sobre o prédio em si, ninguém a ter.
mas isso é deveras tedioso. Vou me limitar a
dizer que a estalagem é uma estrutura alta, Outra figura que conheci foi Odrich, mas
muito mais alta do que qualquer estalagem ele pede para todos o chamarem de De-
que você já viu ou verá, construída com dos Ligeiros. Eu não quis saber o motivo
blocos de pedra negra. Seu salão principal de apelido. Um humano que envelheceu
já deixou muitos reis com inveja, as muitas bem, sua idade é entregue apenas pelo ca-
salas privativas são capazes de abrigar duas vanhaque grisalho que divide sua barba
dezenas de pessoas e todos os quartos têm castanha, pelo cabelo branco nas têmpo-
a capacidade de fazer a sua vontade de ir ras e pelas rugas sob os olhos. Ele vive a
embora desaparecer. Dito isso, vamos falar tanto tempo no Homem Morto que não
sobre coisas mais interessantes. tem mais para onde ir e isso faz dele a pes-
soa certa para se embebedar. Na primeira
Meu primeiro pensamento quando entrei noite em que conversamos, uma mulher
pela primeira vez no Homem Morto e ouvi de pele azulada, olhos púrpuras e cabelos
pela primeira vez que a estalagem se en- brancos trouxe as cervejas. “Seja voltando
contra no centro do multiverso foi “Quanta para o seu mundo ou indo para outros, este

4
lugar é entreposto perfeito!”, Odrich disse cialmente a neutralidade do local. As pu-
depois do brinde. “Camas limpas e con- nições são sempre severas e não existem

H omem M orto
fortáveis, itens de todo o Multiverso para reincidentes. Os infratores aprendem ou
comprar e sempre existe uma forma de se desaparecem. Algo também desconheci-
ganhar algumas moedas de ouro. Há mui- do é a extensão do poder de Imorr, mas
to trabalho aqui, por isso já bebi com toda ele, caso deseje, pode impedir até mesmo
sorte de aventureiros!” divindades de entrarem na estalagem e,

do
enquanto estiveram dentro do prédio, seus

A E sta l agem
Olhando ao redor, era fácil comprovar poderes são drasticamente reduzidos.
aquilo. Acostumados com elfos, orcs e
humanos, demoramos para aceitar a esfe- Despeço-me com três boatos que ouvi e
ra flutuante e cheia de olhos conversando que podem lhe interessar! Deuses rivais
com cinco insetóides de dois metros de farão uma reunião no Homem Morto
altura, ou o dragão em forma humanoide para negociar uma trégua e aventureiros
tocando um alaúde e cantando sobre sua que demonstrarem ser de confiança se-
própria glória, ou um grupo de pequenos rão contratados para fazer a segurança
construtos que falam alto em um idioma durante o evento; um estranho ovo foi
único, ou... Você entendeu. Mais do que encontrado em um dos quartos e todos
um prédio – formidável, sim, mas ainda aqueles que ficam com ele têm sonhos de
apenas um prédio –, a quantidade de indi- violência e estranhos seres de pele cin-
víduos únicos que podemos conhecer, de zenta, olhos vermelhos e com tentáculos
amores inusitados e amizades improváveis, surgindo do rosto estão a procura do ovo;
as aventuras que terminam ou começam por fim, duas noites atrás houve um as-
aqui são enormes. sassinato nas docas astrais. O fato não
ocorreu dentro do Homem Morto, mas
O Homem Morto os arredores da estalagem também foram
Não está morto. Seu nome é Imorr e ele é definidos como território neutro. Imorr
o dono da estalagem. ÚNICO dono, nun- pagará uma bela quantia em ouro para
ca houve outro. Eu fiz a mesma expressão quem descobrir o motivo da morte e lhe
de incredulidade, nobre leitora. Com uma trouxer as pessoas responsáveis.
constituição física fantástica distribuí-
da em um corpo de pouco mais de dois Visitem a Estalagem do Homem Morto,
metros de altura, pele da cor do carvão e meus amigos! O lugar onde infinitos mun-
olhos dourados, Imorr é uma das figuras dos se encontram!
mais imponentes do lugar, senão a mais
faustosa. Não se sabe muito sobre Imorr.
Ninguém sabe dizer de qual mundo ele
veio ou o motivo dele ter construído a
estalagem, se ele decidiu sozinho ou se al-
guma entidade solicitou que ele passasse a
eternidade limpando canecas e apartando
brigas, mas isso não parece importar. Nem
mesmo os deuses que vão até o Homem
Morto sabem responder estas perguntas.

O que todos sabem ou rapidamente apren-


dem é que existem poucas regras e pouca
tolerância com quem as desrespeita, espe-

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Granburgo
G r a nburgo

Por Bruno M astrantonio

G ranburgo tem como pano de fundo um


cenário que lembra a Europa do sécu-
lo XIX, buscando trazer para a mesa de
mentadas. As ruas são pavimentadas de
tijolos, ao menos nos locais mais abasta-
dos. A maior parte das casas são verticais,
jogo os dilemas desse longo século: o em- e existem muitos cortiços e favelas, que
bate entre a ciência e a religião, o fascínio abrigam as populações mais pobres – em
perante as novas descobertas científicas péssimas condições de higiene.
e a superstição em volta daquilo que elas
não dão conta de explicar. Ao passo que Dividida em camadas, a parte subterrânea
novos cientistas dissecam cadáveres para de Granburgo contempla criaturas som-
suas pesquisas, criminosos se escondem brias, e há adaptações das raças vigentes
nos becos da crescente cidade, enquanto causadas pela ausência da luz solar. Um am-
o poder religioso condena as práticas pro- plo e eficiente sistema de esgoto é controlado
gressistas. Mas há algo nas trevas, isto é, pelos anões do submundo, que desenvolve-
no desconhecido, que a luz da ciência não ram uma verdadeira camada da cidade.
pode iluminar… Por entre mausoléus e la- A Política é regida pelo Príncipe, uma fi-
boratórios, criaturas sombrias espreitam o gura que representa o poder simbólico,
cotidiano e ameaçam a ordem... mas que é controlado por cinco membros
do Conselho, que governam de fato. Essa
Granburgo é inspirado na fantasia gótica
estrutura de poder favorece a formação de
e nos romances e contos de autores como
inúmeras sociedades secretas, corporações
Mary Shelley, Bram Stocker e Edgar Allan
de ofícios e guildas que disputam constan-
Poe (entre outros). O mundo urbano é com-
temente com maquinações e assassinatos
posto por grandes salões, palácios, hospitais
para ter o poder em mãos.
e também favelas, ruínas antigas e becos
escuros. Trata-se de uma cidade tão imen- Como um cenário de baixa fantasia, a
sa que possui o tamanho de todo o planeta, magia é praticamente inexistente, sendo
sendo considerada uma ecumenópole. praticada pelos alquimistas, espécies de
cientistas ambiciosos que são condenados
Nela, humanos convivem com anões e hal- pelo poder religioso. Quer usar a magia
flings, enquanto que os elfos vivem reclusos sono? Não se preocupe, eles já desenvol-
nas ruínas de antigas sociedades. Devido à veram os melhores soníferos. Algo mais
inexistência de florestas, eles adquiriram ousado como reanimar mortos? Já ouviu
com o tempo uma coloração azulada, e ca- falar em um tal Dr. Frankenstein? Uma
belos cinzas ou brancos. Mas isso é apenas bola de fogo parece surreal neste cenário?
o que se vê na superfície da gigantesca cida- Fique tranquilo, os piromaníacos adoram
de, entre torres góticas e ruas infindáveis. criar bombas e coquetéis molotov.
A arquitetura de Granburgo tem elementos O poder religioso está em constante disputa
góticos, com torres e igrejas altas e orna- com o poder científico para decifrar a verda-

6
de sobre os fatos. Embora o conhecimento mais abastados, espalhando a doença. Se-
científico tenha tirado bastantes fiéis das ria algum castigo divino àquelas pessoas?

G r a nburgo
igrejas, os adeptos da religião ainda se Ou alguma doença causada por algum ve-
reúnem, extorquindo a população para tor? Ou ainda um plano mirabolante das
sobreviver, e oferecendo os melhores caça- elites locais que queriam se livrar da popu-
dores de recompensas de criaturas sinistras. lação pobre, mas o tiro saiu pela culatra?
Acreditam que a loucura é, na verdade, pos- Melhor contratar alguns especialistas para
sessão demoníaca: por isso seus clérigos são investigar o caso...
bons exorcistas. Acreditam também que
um frasco de água benta e uma estaca de E se, na calada da noite, um grito aterrori-
madeira são capazes de destruir qualquer zante acordasse um bairro inteiro, devido
vampiro, bem como as espadas de prata ao ataque de um assassino? Seria um caso
dilaceram o coração dos licantropos. policial corriqueiro, não fosse a condição
financeira da vítima e a forma assustadora
Como qualquer grande metrópole, Gran- como ela se encontra: marcas de dilace-
burgo precisa de uma força policial. Os ração por todo o corpo, e uma misteriosa
detetives da cidade trabalham incansavel- pedra ônix enfiada em sua boca. Que tipo
mente, decifrando os assassinatos bizarros, de ser humano faria isso? E a pedra, seria
perseguindo serial killers e policiando as algum sinal? Um recado às autoridades ou
regiões mais pobres, na vã esperança de à família da vítima? Seria um crime enco-
trazer alguma ordem. Normalmente é do mendado ou o assassino quer passar um
corpo policial que saem os melhores ho- recado aos mais ricos? O que fazer para
mens e mulheres de armas, detetives pers- tentar impedir as próximas vítimas?
picazes e observadores.
Há algo de errado no cemitério de um dos
A criminalidade é sem dúvida uma questão bairros. Diz o coveiro que, durante a noite,
cotidiana nesse cenário. Guildas oferecem vozes de tormento emanam dos túmulos, e
os mais variados tipos de ladinos: assassi- ele jura ter visto espíritos caminhando em
nos, espiões, ladrões profissionais. No meio direção às casas, murmurando palavras
da multidão que corre as ruas de Granbur- de maldição. Ainda que os mais céticos
go, escondem-se serial killers e psicopatas duvidem, o prefeito do bairro contratou
insanos. Se, por um lado, o poder religioso investigadores para conferir a veracidade
alega que o demônio possui essas almas, do fato. Ele é um homem alto e magro, e
a psiquiatria nascente tenta estudá-los a utiliza um anel de jade que faz questão de
fundo, medindo seus corpos e examinando mostrar para ser beijado. Ao verificarem o
seus cérebros. cemitério, os investigadores notam que há
um grande mausoléu aberto, que guarda os
Um cenário com múltiplas características corpos de uma antiga família muito rica...
como Granburgo permite diferentes abor-
dagens de aventuras. Granburgo é um cenário urbano que traz
conflitos entre ciência e religião, crimina-
O que aconteceria se a população po- lidade e investigação, loucura e possessões
bre de uma parte da cidade começasse a demoníacas.
morrer com sintomas de alguma doença
grave, causando náuseas e vômitos, diar-
reias e cólicas, além de sede excessiva e
ressecamento da pele? Isso não seria um
problema, se o desespero em beber água
não levasse essa população para os centros

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Organom
O rg a nom

Por Dré Santos

O rganom é um asteroide vivo de


grande poder mágico capaz de se
teletransportar e roubar poder mágico dos
existem cavalos, as carroças das caravanas
são movidas por um globo prateado, cuja
luz mística vai se apagando conforme se
planetas dos quais se aproxima. No seu move, e só pode ser reabastecido através de
exterior, mas principalmente no interior, cetros chamados de luminos, cuja energia
protegidos por uma atmosfera e gravida- mágica só é recarregada nas escolas e labo-
de artificial mágica, vivem centenas de ratórios de magia da capital Corak.
milhares de humanos e outras formas de
vida humanoide. Muitos desses seres são Aldeias.
responsáveis por manter o asteroide com O poder mágico de Organom impede que
vida, exatamente como células em um or- os moradores se reproduzam e que seus be-
ganismo comum. Todas vivem sob o peso bês cresçam saudáveis fora das aldeias, de
de um sistema ditatorial criado e encabe- onde as crianças só podem sair sem risco
çado pelo próprio asteroide. de morrer como os animais após os doze
anos. As aldeias também funcionam como
Rinn e Sto. locais de descanso, estadia e comércio. Em
Rinn é uma cidade, um oásis ao redor do alguns casos, as crianças são levadas em-
único lago de água cristalina e potável de bora, sendo afastadas dos seus pais, para
Organon. Sto, por sua vez, é uma cidade de assumirem posições nas capitais, nas fá-
fazendas, a única em que é possível plan- bricas, ou para tornarem-se soldados nas
tar na terra e criar animais. Não existem fileiras dos entrepostos.
animais fora de lá, apenas raros insetos dos
quais não é possível se alimentar. Qualquer Fábricas.
animal que saia ou seja levado, morre. As As fábricas são os lugares mais terríveis de
árvores cinzentas não dão frutos e não ali- Organom, é para lá que são mandados os
mentam, os rios e lagos de água roxa não mais desfavorecidos física e mentalmen-
matam a sede, a terra e pedras cinzas tam- te, os escravos, os inimigos do poder, os
bém não permitem plantações. criminosos e todo tipo de rejeitado pela socie-
dade de Organom. Elas existem por toda a
Corak. superfície do asteroide, e lá, os trabalhado-
De Rinn e Sto, água e alimento são trans- res se concentram em manter funcionando
portados em caravanas para todos os ou- imensas caldeiras que movem estruturas
tros lugares de Organom através dos túneis gigantescas que impulsionam o asteroide,
– alguns que sempre existiram, outros es- é a energia exalada pelas chaminés das
cavados pelos moradores. Túneis imensos, fábricas que faz o asteroide se mover, é o
que comportam cordilheiras e possuem até movimento que gera a energia cósmica que
seus próprios climas, outros tão estreitos permite a criação espontânea de água em
que forçam os peregrinos a atravessarem Rinn, alimentos em Sto, luminus em Corak
se arrastando ou mergulhando. Como não e a seiva vermelha de Cerberum.

8
precisa ser muito bem analisada, já que
Cerberum. corpos invasores de um planeta podem ser

O rg a nom
Os entrepostos são o exército de Organom.
muito perigosos para Organom.
Com tropas, máquinas de guerra e mons-
tros treinados, eles não apenas mantêm A cúria acaba se dividindo entre os mo-
a ordem nos túneis e capitais, fiscalizan- derados, que preferem manter uma distân-
do documentações e produtos, caçando cia segura; e os radicais, que anseiam por
e eliminando células rebeldes, monstros aproximações ousadas, sem se importar
e corpos invasores; como também fazem em matar ou escravizar milhares de pes-
reparos em qualquer dano estrutural que soas de um planeta dentro do asteroide,
o asteroide possa sofrer. Suas principais isso sem falar na constante briga por poder
armas são arcos, espadas e escudos cujo entre as capitais.
material dos quais são forjados é extraído
da seiva vermelha de árvores negras que Sementes para aventura:
crescem apenas na capital Cerberum, po- • Aventureiros são transportados para Orga-
rém, essa capital é muito mais que isso. nom, tornando-se corpos invasores e tendo
Cerberum é onde está a Alma de Orga- que reunir energia luminus o suficiente
nom, uma gigantesca estátua amarela de para criar um portal em Cerberum que os
aparência alienígena que fala e ouve pelo leve de volta.
próprio Organom. Nesta capital, é onde
reside a cúria. • Através de informações secretas das biblio-
tecas proibidas de Cerberum, uma célula
Cúria. rebelde descobriu como assumir contro-
A cúria é o centro político de Organom, le do asteroide e agora planeja um golpe
formada por trezentos membros, chamados de estado.
anciãos, representantes de todas as capitais,
e um chanceler eleito que preside as reu- • Um membro radical extremista da cúria
niões que acontecem ao redor da Alma de descobriu como controlar o asteroide. Ele,
Organom. Todas as decisões políticas do por sua vez, é líder de uma religião chama-
asteroide são tomadas pela cúria, com a da Cadentes, que acredita que Organon é
aprovação ou veto do próprio Organom, um deus aprisionado, e colidir o asteroide
que muito raramente faz algum pronun- com um planeta mágico povoado para rou-
ciamento. Algumas decisões mais impor- bar todo o seu poder é a única coisa que
tantes giram em torno da rota do asteroide pode libertá-lo.
e do destino dos seus teletransportes.

O motivo dos debates acalorados, além das


disputas de poder, está no fato de a energia
mágica de Organom ser roubada de plane-
tas que possuem atividade mística. Nunca
em uma quantidade grande o suficiente
para tornar-se perceptível, mas o suficien-
te para causar certos distúrbios. Quando
ele passa por um planeta, portais mágicos
ou magias de teletransporte podem acabar
fazendo com que as pessoas que os usem
acabem indo parar no asteroide. Por isso,
a decisão de passar perto de um planeta

9
O Vale do Desespero
D esespero

Por Fábio Campelo Teixeira


do
O V a le

O vale de Modragal era uma terra


próspera e feliz que encontrou um
desenvolvimento acelerado quando o re-
tempos, valentes aventureiros organizam
expedições na tentativa de conter as ema-
nações e, se possível, fechar o portal para
nomado mago Hagen escolheu a região restabelecer a normalidade em Modragal.
para estabelecer seu laboratório. Em um Até então, nenhum retornou com vida.
dia ensolarado, quando os aldeões estavam
ocupados com a colheita, uma explosão À noite, nas tavernas e nos lares do vale,
destruiu a torre de Hagen, espalhando aldeões assustados sussurram histórias a
uma onda de antivida que exterminou respeito de cores estranhas, brilhos doen-
e adoeceu toda a vida no vale, transfor- tios e gritos e lamentos infernais que vêm
mando o idílico lugar em um reino de dor da torre e das terras ao redor.
e desespero. De alguma forma, um dos
experimentos fracassados de Hagen abriu Vila de Anacorde: Anacorde era uma das
um portal para um domínio de pesadelo, principais cidades do Vale e, depois da
além do vácuo cósmico e, agora, os habi- tragédia, se tornou a cidade para onde to-
tantes de Modragal estão presos em um dos os atingidos foram em busca de apoio
eterno pesadelo. e refúgio. Hoje, Anacorde é uma grande
cidade murada, com as ruas permanente-
As energias alienígenas transformaram a mente lotadas e rodeada por um imenso
região do vale em uma espécie de domí- campo de foragidos que ergueram uma
nio além do tempo e do espaço, do qual segunda cidade de barracas e barracos ao
seus habitantes, e qualquer um que tenha redor dos muros, se espremendo em bus-
sido puxado para dentro de Modragal, não
ca de proteção e segurança que, no fundo,
conseguem sair. A peste se espalha sem
sabem ser ilusória.
controle e monstros deformados caçam
aqueles que precisam se aventurar atrás As ruas de Anacorde são um território de
dos poucos recursos ainda disponíveis no caça, onde ladrões inescrupulosos, nobres
local. A morte estabeleceu seu domínio entediados e magos imorais caçam os fra-
em Modragal e poucos se atrevem a nutrir cos e desesperados para utilizá-los em seus
esperanças no futuro. propósitos obscuros e sinistros.

Locais de interesse: O Campo dos Mortos: Desde que a tragé-


Torre de Hagen: Epicentro de toda a tra- dia se apossou do vale, uma antiga fazenda
gédia que se abateu sobre a gente do Vale, abandonada se tornou o “local de desova”
a torre do arquimago Hagen permanece daqueles que são abatidos pela praga que
de pé, vomitando continuamente energias adveio junto com os monstros da dimensão
alienígenas, visto que não houve quem alienígena. Insepultos, os corpos apodre-
conseguisse lacrar o portal. De tempos em cem lentamente, espalhando.

10
O cheiro dos campos dos mortos se difun-
de por todo o vale, sendo um permanente

D esespero
lembrete para aqueles que, apesar de
tudo, se esquecem do desespero que sua
vidas se tornaram desde a destruição da

do
torre de Hagen.

O V a le
Sementes para aventura:
• Aventureiros famosos e renomados que
ficaram presos dentro do Vale se unem e
partem para a torre de Hagen, com o ob-
jetivo de invadir o local e fechar o portal,
na esperança que isso ponha um fim a todo
o flagelo.

• Uma misteriosa criatura alienígena conse-


gue se infiltrar nas muralhas de Anacorde,
espalhando morte e desespero na cidade.
Aventureiros se unem para caçar e, se pos-
sível, expulsar ou destruir o monstro.

• A filha de uma rica família tem sua car-


ruagem atacada em uma viagem entre ci-
dades do Vale e fica presa nos Campos dos
Mortos. Um grupo de resgate é montado
para ir buscá-la.

• Pessoas do Vale fazem uma tentativa de-


sesperada para tentar escapar da região,
partindo em uma jornada mortal.

11
Strommen
S trommen

Por Fabrício Oliveira Suarez

G raças à aliança com os gnomos e


halflings, os Nibelungos, anões es-
cravizados pelos gigantes, conseguiram
difícil sobrevivência. Devido a experiên-
cias de magos elfos, centenas de anos atrás,
o clima muda aleatoriamente, podendo ir
conquistar sua liberdade. Os gigantes so- de neve e frio intenso à tempestades de ve-
breviventes da revolta fugiram para as rão em questão de horas.
Terras Exiladas, enquanto os anões recla-
maram para si os domínios da cadeia de A Montanha Kraat: Os anões Nibelungos
montanhas de Strommen. Décadas depois, transformaram o interior da montanha de
os anões, donos de um grande exército e Kraat em uma enorme forja de alta tecno-
tecnologias bélicas mortais, tornaram-se os logia arcana. Em seus longos corredores
tiranos do mundo, aterrorizando as comu- trafegam carrinhos sobre trilhos levando
nidades existentes. Os gnomos e halflings, metais e madeira para as forjas nas grandes
traídos por seu antigo aliado, agora servem câmaras, onde são trabalhados para a con-
como escravos dos anões, e esperam que fecção de armas, armaduras, canhões e
um milagre possa pôr fim ao domínio de veículos bélicos de destruição. A mão-de-
seus novos carrascos. obra fica por conta dos halflings e gnomos
escravos, que sofrem nas prisões dos anda-
Locais de interesse: res mais baixos da montanha.
A passagem subterrânea de Eveileb: Uma
trilha subterrânea que vai dos domínios dos A Pedra do Esplendor: É a maior monta-
anões, passando por baixo das montanhas nha de Strommen, onde o rei anão Orsik
de Strommen, até as terras livres do norte. tem seu trono. Lá seus generais possuem
Muitos os que querem fugir dos anões Ni- grandes salões de guerra onde coordenam
belungos se arriscam na passagem, mesmo os ataques aos reinos que ainda não pagam
ouvindo dizer que lá existem elfos negros tributos ao domínio dos anões Nibelungos.
canibais e muitas criaturas horrendas. Ainda assim, o rei Orsik mantém algo em
segredo, pois diariamente ele frequenta
O mirante do Rei Gigante: Este local fica uma câmara secreta no centro da grande
no alto da última montanha que compõe montanha, saindo de lá com ainda mais
a cordilheira de Strommen. Dizem que lá ódio e sede por conquistas.
existe uma enorme biblioteca onde está re-
gistrado muito do conhecimento gigante. A Montanha Ighb’Rhezzan: Esta mon-
Mas, os anões não ousam se aproximar, tanha fica próxima a Pedra do Esplendor.
pois dizem que é assombrado por espíritos Antigamente era um local de peregrinação
de outras eras. para elfos de outras terras, hoje os anões
transformaram seu interior em uma gran-
As Terras Exiladas: Esta é uma faixa de de cidade anã com comércio e lazer de
terra caótica para onde muitos criminosos todas as espécies. Há boatos que Ighb’Rhe-
são enviados para morrerem por conta da zzan abriga um criadouro onde os anões

12
Nibelungos tentam adestrar várias criatu-
ras selvagens para a guerra. Dizem ainda
Sementes para aventura:

S trommen
• Um gnomo fugiu dos calabouços da Mon-
que um grande dragão está trancafiado em
tanha Kraat. Ele fala que os gnomos estão
seus calabouços. sendo usados para fornecer magia para as
tecnologias de guerra dos anões e pede ajuda
Aspectos do cenário: para libertar seus irmãos.
Tecnologia anã: Os anões Nibelungos apri-
moraram seu poder bélico usando recursos • A vila do Pé-Pisado está passando difi-
encontrados em Strommen. Em especial, a culdade e não tem como pagar aos anões
utilização da pólvora para a criação de ca- por suprimentos. Eles pedem ajuda para
rabinas de fogo e canhões de bolas de fer- escoltar um grupo de civis pela passagem
ro. Com o trabalho escravo de seus antigos subterrânea de Eveileb, para terem cami-
aliados, os gnomos, eles criaram veículos nho livre para a Floresta de Sisäo.
encouraçados de destruição bem como
• Em uma taverna, um bardo elfo chamado
constructos de batalha para compensar sua Vilafel canta uma canção sobre um velho
baixa estatura. gigante da montanha que mora próximo de
A Resistência: O reino de Tun ainda luta um obelisco arcano, nas Terras Exiladas.
O gigante passa dia e noite criando um
bravamente contra os anões Nibelungos.
plano para retomar as montanhas de volta
Possuem a vantagem estratégica de um
para sua raça e afirma que os anões não
bastião separando os anões de sua capital,
têm ideia de que foram corrompidos pelo
a fortaleza de Braven’Tun. Sua líder, a ra-
mal ancestral que mora no coração da Pe-
inha Viperah III, está ficando sem recursos
dra do Esplendor.
a cada novo ataque rechaçado. E para man-
ter sua posição, ela passou a buscar o auxí-
lio de mercenários para repor suas perdas.

A magia Anti-Gigante: Magos anões Ni-


belungos desenvolveram uma terrível ma-
gia. Ela causa uma dor lacerante contra os
gigantes. Há boatos que em algum lugar de
Strommen, o rei anão ordenou que fosse
colocado um grande cristal emanando a
magia Anti-Gigante para impedir qualquer
tentativa de invasão gigante a seu território.

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Guns and Roads!
R oa ds !

Por Leon Santos


a nd
G uns

“ A guerra acabou!”. É o que o Diário


de New East traz em sua capa. Mas
não caia nessa conversa fiada. Talvez te-
limitando-se à meia dúzia de destemidos e
esperançosos cowboys, ou grande o sufi-
ciente para lotar um bordel em Amatista.
nha acabado para os habitantes da Costa Junte seu bando, abra um negócio clan-
Leste, em seus ternos Blueberry e vestidos destino da viciante e alcoólica Redshine,
Marylock. De fato, a tecnologia e a civili- gerencie os jogos de azar do seu saloon, tra-
dade vêm engolindo as cidades da União balhe como um caçador de recompensas,
Federativa Continental como uma onda minta, chantageie, com Mil Demônios,
milagrosa de cura à barbárie. Contudo, faça a diferença! Ou seja engolido por um
as terras do Oeste se recusam a entrar na bando rival, oportunista.
linha! Enquanto no Leste não há mais es-
paço para pistoleiros à margem da lei, no
Oeste bandos bairristas disputam espaço O DIABO VESTE NADA
ao som de balas. Para piorar, o Diabo resol- Então você acha que o Diabo é um sujeito
veu assombrar as estradas dos mortais com de chifres e rabo? Você deve estar confun-
aquilo que o Inferno tem de melhor: mortos dindo-o com sua sogra. Aqui, o Diabo é
errantes. Acalme-se, parceiro. O pior ainda “apenas” um sopro do além, recheado de
está por vir! más intenções. Ele está por aí, fomentando
a discórdia e trazendo aos eventos aleató-
JUNTE SEU BANDO! rios uma explicação adequada.
O Oeste abriga gente decente e gente não
Toda vez que apertar o gatilho da sua Tau-
tão decente. Todas as cidades possuem leis
rus e o som e o cheiro da flatulência de um
e xerifes o suficiente para pôr ordem na
gambá indicar a falha de um tiro, você se
casa na maioria das vezes. Mas eles não
fariam nada sozinhos se não fosse a imper- lembrará do Diabo e quase poderá ouvi-lo
tinência oportuna de um bando ou outro rindo a sua frente.
interferindo nos desígnios da história.
E os mortos e demais seres da noite assom-
Um bando é a reunião de gente com inte- brando as estradas de Norte a Sul? Dizem
resses e ideais próximas, e algum código que quando o Inferno estiver cheio, os mor-
de conduta freando os maus modos, dis- tos caminharão sobre a terra. Besteira! O lar
postos a unir forças para alcançarem um Dele não precisa estar lotado para que seus
objetivo comum sem que para isso tenham afilhados perambulem por aí como bêbados
de ferir uns aos outros (pelo menos na sedentos de sangue e carne alheia. E pode
maior parte do tempo). ter certeza, eles estão lá fora.

Nem sempre se trata de ser bom ou de ser GUNS...


mau, meu parceiro, a questão é fazer o que Ou você tem uma arma de fogo na cintura,
for preciso. O seu bando pode ser pequeno, no calcanhar, na sela do cavalo, no decote

14
do espartilho, ou você será alvo fácil para os
abutres do Oeste. Faça um favor a você mes-
SAINT CATHERINE

R oa ds !
Essa cidade faz fronteira com a Costa Les-
mo e visite a loja de armas mais próxima.
te, e isso a torna a mais civilizada cidade
do Oeste. Fábricas modernas de comida

a nd
CLUBE DE CAÇA enlatada lançam suas fumaças de carvão
Compre uma licença de caçador de re-

G uns
nos céus. Cientistas soberbos e perdidos
compensas e faça parte do Clube de Caça. em suas inteligências peculiares tentam
Seja um matador de criminosos autoriza- descobrir o segredo da imortalidade ten-
do pelo Governo. Traga a carcaça cheia tando reanimar corpos com descargas
de buracos do procurado ou entregue-o elétricas. Uma alta sociedade de bufões
amarrado e com vida ao xerife. Tanto faz. esnobes e mulheres de botas de salto alto
imitando os nobres da Costa Leste conver-
• O bando vai atrás de Jack, o lobo das pla-
sam nas ruas ladrilhadas sobre as novas
nícies, um conhecido matador de xerifes.
tendências da moda.
Os personagens vão conseguir pegá-lo an-
tes que a lua cheia chegue e Jack comece a • Os personagens devem caçar um criminoso
uivar para ela? e entregá-lo ao xerife. Mas o que acontece
quando o homem da lei está de complô com
AND ROADS! um cientista louco e pretende mandar tan-
Enquanto a Costa Leste se vangloria com to o bandido quanto o bando para a mesa
seus bondes elétricos deslizando por tri- eletrificada do cientista?
lhos, mulheres vestem espartilhos costura-
dos por mãos habilidosas vindos do outro AMATISTA
lado do oceano e as disputas entre dois A joia do deserto ao sul é marcada pela
homens adultos são resolvidas na frente violência das ruas, saloons lotados, bor-
de um juiz federal, o Oeste resolve escar- déis com as mais lindas gurias do Oeste,
rar na cara do bom senso e zombar dos tudo isso somado a um clima quente e in-
bons costumes da sociedade. Mas cuida- fraestrutura precária. Uma loja clandesti-
do! Não tome os habitantes das cidades na no porão do Blue Saloon trafica quase
do Oeste como caipiras analfabetos (ain- tudo o que há de valor no Oeste. Por um
da que esse tipo de gente seja uma parcela preço, é claro.
significante).
• Mary Jonhson, a xerife de Amatista, entra
Os dois mundos são separados apenas por no saloon e mete uma bala entre os olhos de
quilômetros de terrenos infindáveis. Essas um homem ao lado dos personagens. “Suas
estradas percorrem paisagens tão diversas cabeças estão a prêmio, a menos que me
e magníficas em suas belezas que às vezes sigam e consigam resolver o problema da
é difícil imaginar que a influência do Dia- Minas.” Às vezes não há muita escolha...
bo vagueie por elas.
Uma guerra entre bandos bairristas assola
• Um cavaleiro falecido corta a encruzilha- um Oeste doentio que se recusa ceder à pa-
da na direção do bando, cavalgando um cífica e inevitável modernidade.
puro-sangue oriental cadavérico de olhos
vazios e cascos rachados. “A vingança esta
noite será minha. E vocês estão destinados
a me ajudar” – ele diz com uma voz gutu-
ral. E agora? Ajudar esta cria do Diabo ou
provocar a fúria dele?

15
A zurya
A zurya

Por Lucas Viapiana

A zurya é a ruína de um mundo-zoo-


lógico. Uma antiga civilização que
dominava a viagem entre mundos e era ex-
inteligentes, que se dividem em dois gran-
des grupos: as Tribos Goblinóides, com-
postas majoritariamente de orcs e goblins;
tremamente poderosa transformou Azurya e a União dos Reinos Silvestres, composta
em um enorme laboratório, onde diferentes de elfos, sátiros, dríades e outras espécies
formas de vida eram estudadas. Centenas intimamente ligadas à natureza. O ódio e
de “caixas” foram construídas, cada uma a guerra em Zúria é uma tradição antiga, e
contendo ecossistemas artificiais inteiros e no geral indivíduos desses dois grupos, ao
distintos uns dos outros. Pequenos micro- se encontrarem, se matam primeiro e fazem
mundos. Milhões de rotações se passaram e perguntas depois. Mas a chegada dos hu-
algumas das espécies adquiriram sapiência manos, com suas políticas colonizadoras e
e desenvolveram suas próprias civilizações. escravagistas, que atingem tanto os Reinos
Quando elas atingiram o desenvolvimento Silvestres quanto as Tribos Goblinóides, aos
tecnológico e o domínio da magia suficien- poucos está mudando a situação. Dizem
tes para quebrarem suas prisões e saírem que em breve todos os povos de Zúria vão
dos micromundos para o macromundo, a se unir e, quando isso acontecer, não haverá
raça criadora, tida por muitos como divina, humano vivo das Montanhas Amarelas até
já não estava mais lá.
as praias do grande mar.
Apesar de séculos de guerras entre seus rei-
Invérnia é o continente mais boreal conhe-
nos, os humanos são a espécie dominante no
cido. Uma terra implacável e misteriosa.
mundo atualmente. Eles vêm enfrentando
Como o nome sugere, lá é sempre inverno.
nas últimas décadas uma queda constante
Dizem que nem sempre foi assim, e que essa
nas colheitas e invernos cada vez mais lon-
condição, que agora se expande e atinge ou-
gos. Alguns magos acreditam que o mundo
tros continentes, é fruto de uma maldição
está congelando. A exaustão dos recursos e
despertada por um Vardrius, um príncipe
a fome do povo geraram um breve período
humano e o “Primeiro Vampiro”. Os rei-
de revoltas camponesas e sangrentas guerras
nos de sangue, mais ao sul do continente,
feudais, mas ao fim uniram a humanidade
em um único e hegemônico império. A es- são reinos sanguinocratas, governados por
tabilidade política e territorial em seu conti- aristocracias e nobrezas de vampiros, mas
nente natal, Athoria, permitiu aos humanos onde a maior parte do povo é humana. No
o empreendimento de expansões marítimas distante noroeste há cidades milenares anãs,
e a colonização de outros continentes, visan- mas ninguém sabe exatamente se ainda são
do fugir da iminente era glacial. habitadas, já que faz quase um século que
alguém viajou até lá e retornou para o mun-
Zúria, bloco continental coberto majorita- do civilizado. Invérnia é repleta de lugares
riamente por florestas tropicais a oeste de ermos, fiordes e gigantescas ravinas secre-
Athoria, é a terra ancestral de muitas raças tas, onde pode se encontrar qualquer coisa.

16
Antros de piratas, criminosos e desertores
são muito comuns. É uma terra isolada para
Sementes para aventura:

A zurya
• Lanisat, uma cidade estado pequena e dis-
onde aqueles que querem fugir de seu pas-
tante de Zinthu’na, está em constante estado
sado vão.
de eclipse. Já faz duas semanas que os raios
O último continente conhecido é Vishaa’Ra, de sol não tocam aquelas terras. Os rebanhos
ao sudeste de todos os outros. É uma terra de animais estão doentes e apáticos, as plan-
quase totalmente árida e politicamente frag- tações estão morrendo e as pessoas enlouque-
mentada entre dezenas de cidades-estados. cendo. Os sacerdotes locais dizem que se trata
Zinthu’na, a maior e mais próspera delas, é de uma maldição, mas já tentaram de tudo
chamada de “a joia do deserto” e é coman- para aplacar a ira divina. O conselho mer-
dada por um conselho formado pelos mer- cante da cidade oferece uma rica recompensa
cadores mais ricos da região. Embora cada para quem consiga normalizar a situação.
cidade seja independente, é clara a influên-
• Akkra, uma pequena aldeia de pescadores na
cia emanada de Zinthu’na sobre as outras.
Costa Cinzenta, no sudoeste de Invérnia, teve
Apesar de ser um lugar perigoso e infesta-
um desaparecimento simultâneo de todas as
do de exércitos mercenários particulares
suas crianças em uma madrugada. Não há
e gangues de saqueadores, o continente de
sinal de violência ou sequer de resistência por
Vishaa’Ra é o mais tolerante quanto à es-
parte das vítimas. É como se elas simples-
pécie de um indivíduo. Pessoas de todas as
mente tivessem decidido ir embora. Nenhum
raças convivem e cooperam nas caravanas,
pertence foi levado junto e não há pegadas. A
oásis e centros urbanos. Os magos e arqueó-
xamã da aldeia diz que se elas não voltarem
logos apontam Vishaa’Ra como a terra na-
em 7 dias, não voltarão mais.
tal da primeira raça sapiente à sair de sua
“caixa”, uma espécie de “homens-cobra”. • Um bando está matando e pilhando pelas
Embora exista ruínas de estátuas desses tais colônias imperiais em Zúria. O curioso
homens-cobra, muitos acreditam que sejam é que eles atacam a todos, nativos ou co-
só uma lenda. lonizadores, alvos militares ou civis. Não
deixam nenhum sobrevivente. Tanto os pre-
Uma coisa em comum entre todas as espé-
feitos humanos quanto as lideranças élficas
cies e civilizações é o uso estratégico das
e órquicas da região anunciaram gordas
caixas. Elas são feitas de azuryana, um
recompensas para quem interromper as
metal que só se encontra nelas, portanto de
atividades dos saqueadores.
extremo valor estratégico e muito raro. Cul-
turas e religiões se formaram em torno da
importância desse metal. As melhores ar-
mas e armaduras destinadas aos guerreiros
de família nobre são feitas desse material,
bem como as joias mais caras no mundo. As
próprias coroas reais são de azuryana. Em-
bora o valor simbólico seja imenso, é fato
que não há material mais resistente e leve.
Além disso, pode ser derretido ou transfor-
mado em pó para os mais diversos fins al-
químicos, medicinais e mágicos. Azuryana
é tido como “o sangue do mundo”.

17
Alvedrio
A lv edr io

Por Nicolas Opitz

A lvedrio é um mundo onde a definição


de seu destino acontece no momento
em que você atinge o final de sua adoles-
Dirigentes dos Sete Estados e comitivas,
pois é do interesse de todos que os seus en-
viados sejam os sobreviventes... Assim como
cência e passa para a fase adulta. Nesse que os enviados de seus inimigos (declarados
momento, você é levado até Oirchill, que ou não) pereçam. Diante deste conflito, às ve-
é o Templo das Opções. Em Oirchill todos zes diplomático, por outras vezes ocorrendo
os recém-chegados são levados a nave cen- com sangue e frio metal, Oirchill permanece
tral, e são recebidos por Ethan Ettore, pilar neutro e paciente, aguardando as decisões
de Oirchill e Sumo-Sacerdote do Templo. emanadas na Golgorna, e a partir delas,
Após passarem por um intenso processo de Ethan Ettore se enclausura e inicia o ritual
apresentação de habilidades e competên- de criação de Tease. Passadas as quatro luas
cias, todos são levados até Tease, o Plano necessárias para a conclusão do ritual, os
das Disputas. Neste plano, todos recebem Sete Mensageiros recebem a incumbência
seus primeiros equipamentos e são deixa- de rumarem a capital dos Estados de Alve-
dos a sua própria sorte, para compreender drio, portando o Cilindro Púrpura, o recep-
suas verdadeiras habilidades/vocação ou táculo que transporta todas as informações
encontrarem seu fim. Aos que obtêm su- de Tease, bem como definindo a data para
cesso, lhes é possibilitado o retorno para o o ingresso dos jovens em idade para o in-
Plano Real. gresso à Oirchill.

Alvedrio é um continente de grandes pro- Esta é a única viagem realizada pelos Men-
porções, possuindo Sete estados: Litus, sageiros de Oirchill, e ela nem sempre é
Dovrish, Salyen, Mirthal, Ahrhal, Mea- mansa e pacífica; pois os Dirigentes dos
lhys e Droghul, onde está localizada a Sete Estados, buscando estabelecer vanta-
capital Bunúsach. Uma vez por ano, todos gem frente aos seus inimigos, conspiram e
os dirigentes dos Sete Estados se reúnem tentam de todas as formas evitar que o Cilin-
na Golgorna, a Assembleia para definir dro Púrpura chegue, uma vez que é somente
as regras e interesses para Tease, pois é através dele que todos recebem as informa-
no encerramento deste que cada um de ções sobre Tease e a data de envio de seus
seus estados receberão seus novos heróis, jovens à Oirchill.
seus escolhidos para serem seus defenso-
res, seus consultores, seus exploradores... Ainda, dentro deste cenário de conspirações
Aqueles que tomarão para si as responsa- e manipulações, existe a Manhatya, a Guil-
bilidades pelas mais nobres ações e pelas da dos Larápios. Através da Manhatya mui-
mais nefastas tarefas. tas tarefas escusas são realizadas, tendo cada
uma delas sido paga com inúmeras moedas
Diante deste cenário de estabelecimento de de ouro e a celebração de um pacto, firmado
regras, ocorrem negociações escusas, trai- e assinado, onde constam o nome do contra-
ções, conchavos e manipulações entre os tante, a tarefa a ser executada, o executor e o

18
prazo... Sendo este pacto guardado no Cofre melhores bebidas, as mais saborosas comi-
de Manhatya. Quando um pacto é assinado, das, as mais cobiçadas mulheres e as melho-

A lv edr io
acontecem duas situações: a indicação do res informações. Os caminhos de Alvedrio
executor do pacto, que é conhecido apenas já foram mudados nas mesas da Estalagem
pelo contratante e por Siras Golifay, o atual do Observador por diversas vezes. Ela é
líder da Manhatya… E a tentativa de todos conduzida por BiornBrok, um meio-orc
os demais para descobrir o conteúdo deste guerreiro, que se aposentou das aventuras
pacto, pois ele se transformará imediata- graças a uma flechada em seu joelho
mente em uma moeda de barganha para a
obtenção de inúmeras vantagens. O Mercado Central de Dovrish é o lugar que
todos os habitantes de Alvedrio se deslocam
Buscando contrapor as artimanhas e cons- para adquirir tudo e qualquer item, desde os
pirações de Manhatya, existe a Ordem mais simples até aqueles mais complexos…
Branca, a Ordem Militar de Alvedrio que Desde especiarias até os mais raros itens má-
tem como propósito manter a Lei e a or- gicos. Composto por casas especializadas
dem. Reconhecidos por todos por seus em certos itens, barracas de rua, vendedo-
Uniformes e por serem incorruptíveis, a res de rua e pelo Beco Torto… Lugar para a
Ordem Branca busca incansavelmente lo- aquisição de itens escusos e mal vistos.
calizar Manhatya, bem como findar com
as suas interferências dentro de Alvedrio. Sementes para aventura:
Bree Moonfist é sua Comandante, e con- • Uma criança levada para a Ordem Branca
duz a Ordem Branca com austeridade, foi tocada pela corrupção, levando intrigas
força e determinação. Todos os membros e manipulações... E ela atualmente ocupa
da Ordem Branca são recrutados antes de uma patente de destaque. Bree Moonfist
participarem de Tease, são escolhidos pe- duvida de sua existência, e cabe aos perso-
los Capitães Brancos residentes em cada nagens localizar esta pessoa.
um dos Sete Estados, e são levados para o
Quartel Central da Ordem Branca ainda • Dentro do Plano de Tease ocorre uma cor-
crianças, pois Bree Moonfist acredita que rupção, e os escolhidos começam a sentir as
a participação das crianças nas vicissitudes consequências desta corrupção: são assedia-
de Alvedrio turva suas mentes e inscreve dos por demônios e começam a desaparecer
em seus corações a semente da corrupção.
• Durante a Golgorna, um dos Sete Dirigentes
Cada um dos Estados de Alvedrio tem suas é assassinado, e as suspeitas recaem a todos
próprias Leis e costumes, proporcionando a os outros Seis, cabendo aos personagens
seus cidadãos uma vida tranquila, pacífica identificarem o Assassino e o apresentar a
e feliz. Cada Estado conta com suas esta- Ordem Branca.
lagens, seus templos dedicados aos Deuses
– Alena (Deusa da Bondade, da Cura e da
Paz), Helain (Deus da Justiça, da Coragem e
Honestidade) e Zhaxos (Deus da Morte, da
Traição e do Medo), e todas as demais estru-
tura. Contudo, existem alguns destaques em
Alvedrio. A Estalagem do Observador, loca-
lizada no centro de Salyen; é lá o lugar onde
todos os Bardos sonham em executar suas
melhores canções, onde são encontrados as

19
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