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CURSO DE ARQUITETURA

ESTRUTURAS V
Prof.: JUAN W. MOORE E.
juan@unisul.br
ÍNDICE
CAP. 1 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
1.0 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 1
1.1 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DOS AÇOS................................ 1
1.2 TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS E SEUS PRODUTOS........................................................................... 3
1.2.1 Aço-Carbono (Média Resistência Mecânica) ...................................................................................... 3
1.2.2 Aço de Baixa Liga ..................................................................................................................................... 5
1.2.3 Aços Resistentes ao Fogo ...................................................................................................................... 8
1.3 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO.......................................................................................................... 9
1.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS AÇOS ................................................................................................. 11
1.4.1 Elasticidade ................................................................................................................................................ 11
1.4.2 Plasticidade................................................................................................................................................ 12
1.4.3 Ductilidade ................................................................................................................................................. 12
1.4.4 Tenacidade ................................................................................................................................................. 12
1.4.5 Dureza ......................................................................................................................................................... 12
1.4.6 Fragilidade ................................................................................................................................................. 12
1.4.7 Resiliência................................................................................................................................................... 12
1.4.7 Fadiga .......................................................................................................................................................... 13
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO AÇO ESTRUTURAL.................................................................... 13
1.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ESTRUTURAIS ........................................................................................... 14
1.6.1 Chapas .......................................................................................................................................................... 14
1.6.2 Barras.......................................................................................................................................................... 14
1.6.3 Perfis Laminados....................................................................................................................................... 15
1.6.4 Fios, Cordoalhas, Cabos .......................................................................................................................... 15
1.7 PRODUTOS METALÚRGICOS ESTRUTURAIS .......................................................................................... 15
1.8 PERFIS FABRICADOS E PERFIS COMPOSTOS ........................................................................................ 16
1.9 DESIGNAÇÃO DOS PERFIS ............................................................................................................................ 17
1.9.1 Perfis Laminados ....................................................................................................................................... 17
1.9.2 Perfis de chapas dobradas..................................................................................................................... 17
1.9.3 Perfis soldados.......................................................................................................................................... 18
1.10 FATORES QUE INFLUENCIAM O CUSTO DE UMA ESTRUTURA .................................................... 18
1.11 PRINCIPAIS FASES NA CONSTRUÇÃO DE UMA OBRA ...................................................................... 19
1.12 ENTIDADES NORMATIVAS PARA O PROJETO E CÁLCULO DE
ESTRUTURAS METÁLICAS.......................................................................................................................... 20
1.13 APLICAÇÃO DAS ESTRUTURAS METÁLICAS ........................................................................................ 20
CAP. 2 - AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS DE AÇO
2.1 CRITÉRIO DE DIMENSIONAMENTO ELÁSTICO E PLÁSTICO ...................................................... 25
2.1.1 Teoria Elástica de Dimensionamento ................................................................................................... 25
2.2.2 Teoria Plástica de Dimensionamento das Seções ou “Estado Limite Último”........................... 25
2.2 DIMENSIONAMENTO DAS SEÇÕES NO ESTADO LIMITE DE PROJETO.................................... 26
2.3 CÁLCULO DAS SOLICITAÇÕES ATUANTES SEGUNDO CRITÉRIOS DA NB-14 ......................... 26
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS .................................................................................................. 29
CAP. 3 - PEÇAS TRACIONADAS
3.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS .................................................................................................................. 31
3.2 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO ...................................................................................................... 32
3.2.1 Distribuição de Tensões Normais na Seção ...................................................................................... 32
3.2.1.1 Peças em geral com furos........................................................................................................ 33
3.2.1.2 Pecas com extremidades rosqueadas .................................................................................. 34
3.2.2 Esbeltez das Peças Tracionadas .......................................................................................................... 35
3.3 ÁREAS DE CÁLCULO ......................................................................................................................................... 35
3.3.1 Área Bruta ................................................................................................................................................. 35
3.3.2 Área Líquida .............................................................................................................................................. 36
3.3.3 Área Líquida Efetiva ............................................................................................................................... 37
3.4 BARRAS COMPOSTAS TRACIONADAS...................................................................................................... 39
3.5 DIMENSÕES E USO DE FUROS.................................................................................................................... 40
3.5.1 Espaçamento Mínimo entre Furos ........................................................................................................ 40
3.5.2 Distância Mínima de um Furo às Bordas ............................................................................................ 40
3.5.3 Distância Máxima às Bordas ................................................................................................................. 40
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS .................................................................................................. 41
Cap. 4 - PEÇAS COMPRIMIDAS
4.1 ESFORÇO DE COMPRESSÃO ....................................................................................................................... 47
4.2 CONCEITO DE FLAMBAGEM ELÁSTICA E INELÁSTICA ................................................................. 47
4.2.1 Esforço de Compressão .......................................................................................................................... 47
4.2.2 Comportamentos de Peças pela aplicação de Cargas de Compressão
Segundo a Teoria de Euler .................................................................................................................... 47
4.3 COMPRIMENTOS EFETIVOS DE FLAMBAGEM ..................................................................................... 48
4.4 LIMITES DO ÍNDICE DE ESBELTEZ ....................................................................................................... 51
4.5 FLAMBAGEM LOCAL ...................................................................................................................................... 51
4.6 RESISTÊNCIA DE CÁLCULO SEGUNDO A NB-14 ................................................................................. 51
4.7 VALORES LIMITES DA RELAÇÃO LARGURA/ESPESSURA ................................................................ 53
4.7.1 Elementos Comprimidos não-enrijecidos (QS) .................................................................................. 54
4.7.2 Elementos Comprimidos enrijecidos (QA).......................................................................................... 55
4.8 PEÇAS COMPOSTAS COMPRIMIDAS ........................................................................................................ 56
EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................................................................................... 58
Cap. 5 - FLEXÃO
5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 60
5.2 FLEXÃO ELÁSTICA E PLÁSTICA .............................................................................................................. 61
5.3 PLASTIFICAÇÃO DA SEÇÃO E EFEITO DA TENSÃO RESIDUAL ................................................. 64
5.4 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO RESITENTE (Resistência a Flexão) ............................................ 65
5.4.1 Flambagem Local dos Elementos (FLA e FLM).................................................................................. 66
5.4.2 Flambagem Lateral da Barra por Flexo-Torção (FLT) ................................................................... 67
5.4.2.1 Vigas com Contenção Lateral (sem flambagem lateral) .................................................. 68
5.4.2.2 Vigas sem Contenção Lateral (flambagem lateral) .......................................................... 68
EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................................................................................... 70
5.5 ESFORÇO CORTANTE DE BARRAS FLETIDAS....................................................................................... 71
5.5.1 Resistência de Cálculo............................................................................................................................ 71
5.6 DEFORMAÇÕES NA FLEXÃO ........................................................................................................................ 74
5.6.1 Processo Aproximado ............................................................................................................................. 74
5.6.1.1 Viga bi-apoiada com carga concentrada no meio do vão .................................................. 75
5.6.1.2 Viga bi-apoiada com duas cargas concentradas, simétricas em
relação ao meio do vão......................................................................................................... 75
5.6.1.3 Viga engastada com carga concentrada na extremidade livre...................................... 75
5.6.1.4 Viga bi-apoiada com carga distribuída uniforme .............................................................. 75
5.5.1.5 Viga engastada e apoiada com carga concentrada no meio do vão ............................... 75
5.5.1.6 Viga engastada e apoiada com carga uniformemente distribuída ................................ 75
EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................................................................................... 78
5.7 FLEXÃO COMPOSTA......................................................................................................................................... 79
5.7.1 Equações de Interação ........................................................................................................................... 79
5.7.2 Critérios de Verificação ........................................................................................................................ 80
EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................................................................................... 80

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANEXOS
Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Capítulo 1
Propriedades dos Materiais

1. INTRODUÇÃO

As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes dos


aços, para a sua aplicação no campo da engenharia, visto que o projeto e a execução das
estruturas metálicas, assim como no campo dos componentes mecânicos, são baseados no
seu conhecimento. As propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços quando
sujeitos a esforços mecânicos e correspondem às propriedades que determinam a sua
capacidade de resistir e transmitir os esforços que lhes são aplicados, sem romper ou
sem que ocorram deformações excessivas.

1.1 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DOS AÇOS


As composições químicas determinam, muitas das características importantes dos
aços, para aplicações estruturais. Os elementos de liga, circunstancialmente, já aparecem
no ferro-gusa como parte integrante do minério de ferro, ou então são adicionados
durante o processo de produção do aço. A composição química de cada tipo de aço é
analisada em duas situações: composição do aço na panela e composição do produto
acabado (lingotado); geralmente, de uma situação para outra, há pequenas diferenças no
resultado da análise.
A seguir será descrita a influência dos principais elementos de liga no
estabelecimento das características dos aços estruturais, ressalvando que os efeitos de
dois ou mais elementos usados simultaneamente podem ser diferentes dos efeitos de
adições desses elementos isoladamente.
a) Carbono (C): o aumento do teor de carbono constitui a maneira mais econômica para
obtenção da resistência mecânica nos aços, atuando primordialmente no limite de
resistência. Por outro lado, prejudica sensivelmente a ductilidade (em especial o
dobramento) e a tenacidade. Teores elevados de carbono comprometem a
soldabilidade e diminuem a resistência à corrosão atmosférica (o teor de carbono é
usualmente limitado a 0,20%, nos aços resistentes a corrosão atmosférica).
OBS: a cada 0,01% de aumento de teor de carbono, o limite de escoamento é elevado
em aproximadamente 0,35 MPa.
Contudo, além dos inconvenientes já citados, há o aumento da suscetibilidade ao
envelhecimento. Assim, o teor de carbono nos aços estruturais é limitado em 0,3%, no
máximo, podendo ser reduzido em função de outros elementos de liga presentes.
b) Manganês (Mn): é usado praticamente em todo aço comercial. O aumento de teor de
manganês é também uma maneira segura de melhorar a resistência mecânica,
aumentando especialmente sobre o limite de escoamento e a resistência à fadiga.
Prejudica a soldabilidade, sendo, porém, menos prejudicial que o carbono; sua

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influência sobre a ductilidade é levemente desfavorável, pouco atuando sobre a


resistência à corrosão.
c) Silício (Si): é usado como desoxidante do aço. Favorece sensivelmente a resistência
mecânica (limite de escoamento e de resistência) e a resistência à corrosão,
reduzindo porém a soldabilidade.
d) Fósforo (P): aumenta o limite de resistência, favorece a resistência à corrosão e a
dureza, prejudicando, contudo, a ductilidade e a soldabilidade. Quando ultrapassa
certos teores, o fósforo torna o aço quebradiço.
e) Enxofre (S): é extremamente prejudicial aos aços. Desfavorece a ductilidade, em
especial o dobramento transversal, e reduz a soldabilidade. Nos aços comuns, o teor
de enxofre é limitado a valores abaixo de 0,05%.
f) Cobre (Cu): aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços,
em adições de até 0,35%. Aumenta também a resistência à fadiga, mas reduzem, de
forma discreta, a ductilidade, a tenacidade e soldabilidade.
g) Níquel (Ni): aumenta a resistência mecânica, a tenacidade e resistência à corrosão.
Reduz a soldabilidade.
h) Cromo (Cr): aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão atmosférica.
Reduz, porém, a soldabilidade.
O cromo melhora o desempenho do aço a temperaturas elevadas.
i) Nióbio (Nb): é um elemento muito interessante, quando se deseja elevada resistência
mecânica e boa soldabilidade; teores baixíssimos deste elemento permitem aumentar
o limite de resistência e, de forma notória, o limite de escoamento. É um componente,
quase obrigatório nos aços de alta resistência e baixa liga; além de não prejudicar a
soldabilidade, permite a diminuição dos teores de carbono e de manganês, melhorando,
portanto, a soldabilidade e a tenacidade. Entretanto, o seu efeito sobre a ductilidade
é desfavorável.
j) Titânio (Ti): aumenta o limite de resistência, a resistência à abrasão e melhora o
desempenho do aço a temperaturas elevadas. É utilizado também quando se pretende
evitar o envelhecimento precoce.

INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DOS AÇOS

Propriedade / Elemento C Mn Si S P Cu Ti Cr Nb

Resistência Mecânica + + + - + + + +

Ductilidade - - - - - - -

Tenacidade - - - +

Soldabilidade - - - - - - -

Resistência à Corrosão - + + + + +

Desoxidante + +

( + ) efeito positivo;
( - ) efeito negativo.

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1.2 TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS E SEUS PRODUTOS


O aço é um composto que consiste quase totalmente de ferro (aprox. 98%), com
pequenas quantidades de carbono, silício, enxofre, fósforo, manganês etc. O teor de
carbono é o material que exerce o maior efeito nas propriedades do aço, podendo variar
de 0% a 1,7%.

Existe uma grande variedade de formas e de tipos de aços disponíveis, o que


decorre da necessidade de continua adequação do produto às exigências de aplicações
específicas que vão surgindo no mercado, seja pelo controle da composição química, seja
pela garantia das propriedades mecânicas requeridas ou, ainda, por sua forma final
(chapas, perfis, tubos, barras, etc.).
Para a utilização na construção civil, onde suas propriedades são bem definidas o
interesse maior recai sobre os chamados aços estruturais, termo designativo de todos os
aços que, devido à sua alta resistência mecânica (comparada com qualquer material
disponível), ductilidade (capacidade que o aço têm de se deformar antes da ruptura) e
outras propriedades, são adequados para utilização em elementos que suportam cargas.
Os aços utilizados em estruturas são divididos em dois grupos: aços carbono e aços de
baixa liga).

1.2.1 Aço-Carbono (Média Resistência Mecânica):


O elemento ferro, não apresenta propriedades adequadas para o emprego
industrial. É necessário estar composto com outros elementos formando ligas. As ligas
com predominância de ferro são denominadas aço.
Os aços carbono são os tipos mais usados, nos quais o aumento de resistência em
relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pelo manganês. Eles
contêm as seguintes porcentagens máximas de elementos adicionais.

De acordo com a NBR 6215 - Produtos Siderúrgicos, aço-carbono é aquele que


contém elementos de liga em teores residuais máximos admissíveis:

Cr =0,20%
Ni =0,25%,
Al 0,10%
B = 0,0030%
Cu = 0,35%

Com teores de Si e Mn obedecendo os limites máximos de 0,60% e 1,65%,


respectivamente.

Em função do teor nominal de carbono, os aços-carbono podem ser divididos em


três categorias:

baixo carbono ⇒ C « 0,30%


médio carbono ⇒ 0,30% < C < 0,50%
alto carbono ⇒ C » 0,50%

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O aumento do teor de carbono produz redução na ductilidade, o que acarreta


problemas na soldagem. No entanto, os aços-carbono com até 0,30% de carbono (baixo
carbono) podem ser soldados sem precauções especiais, sendo também os mais adequados
à construção civil.

A tabela a seguir resume as principais características e aplicações dos aços-


carbono:
LIMITE USUAL DE PRINCIPAIS
CLASSE CARACTERÍSTICAS
RESISTÊNCIA (MPa) APLICAÇÕES
Boa tenacidade, Pontes, edifícios, navios,
BAIXO
< 440 conformabilidade e caldeiras, tubos, estruturas
CARBONO
soldabilidade mecânicas, etc.
Estruturas parafusadas de
Médias
MÉDIO navios e vagões, tubos,
440 a 590 conformabilidades e
CARBONO estruturas mecânicas,
soldabilidades.
implementos agrícolas, etc.
Más
conformabilidade e Peças mecânicas,
ALTO CARBONO 590 a 780 soldabilidade, alta implementos agrícolas,
resistência ao trilhos e rodas ferroviárias.
desgaste.

As normas de dimensionamento (NBR 8800, AISC/LRFD e AISIJLRFD) fornecem


diversos tipos de aços que podem ser especificados nos projetos estruturais. Serão
destacados os principais:
9 ASTM A-36 - especificado pela American Society for Testing and Materials
(ASTM), é o mais utilizado na fabricação de perfis soldados e laminados, sendo
produzido com espessuras maiores do que 4,57mm;
9 NBR 6648/CG-26 - especificado pela ABNT, é utilizado na fabricação de perfis
soldados e o que mais se assemelha ao anterior;
9 NBR 7007/MR-250 - é utilizado para a fabricação de perfis laminados, sendo
semelhante ao ASTM A-36;
9 ASTM A-570 - é o mais utilizado na fabricação de perfis formados a frio, sendo
produzido com espessuras menores do que 5,84mm;
9 NBR 6650/CF-26 - especificado pela ABNT, é utilizado na fabricação de perfis
formados a frio e o que mais se assemelha ao anterior.
A seguir, são fornecidos os valores dos limites de escoamento (fy) e da resistência
desses aços.

TIPO DE AÇO fy (MPa) fu (MPa)


ASTM A-36 250 400
ASTM A-570 (grau 40) 275 380
NBR 6648 / CG-26 255* 410*
245** 410**
NBR 6650 / CG-26 260 410
NBR 7007 / MR-250 250 400
* Válido para espessuras e ≤ 16 mm.
** Válido para espessuras 16 < e ≤ 40 mm.

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Quanto maior a quantidade de carbono na liga, maior a resistência esperada para o


aço, porém diminui a sua ductilidade (capacidade de se deformar). Em estruturas usuais
de aço, utilizam-se de preferência aços com teor de carbono baixo até médio, os quais
podem ser soldados sem precauções especiais.
Pode ser útil ao engenheiro de estrutura conhecer as propriedades estimadas para
os aços de acordo com a classificação SAE, cujos valores das resistências são estimados,
não havendo obrigatoriedade de serem atendidos em ensaios.

Tensão de Escoamento Mínima Tensão de ruptura mínima


Aço SAE
Laminado a quente Laminado a frio Laminado a quente Laminado a frio

1010 180 MPa 300 MPa 330 MPa 370 MPa

1020 210 MPa 350 MPa 380 MPa 420 MPa

1030 260 MPa 450 MPa 470 MPa 530 MPa

1040 290 MPa 490 MPa 530 MPa 590 MPa

1050 340 MPa 590 MPa 630 MPa 700 MPa

1060 370 MPa - 680 MPa -

Os aços 10XX são aços carbono e os valores XX indicam a quantidade de carbono.


Por exemplo, o aço 1020 apresenta 0,2% de carbono.

1.2.2 Aços de Baixa Liga (Média e Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão
Atmosférica):
De acordo com a NBR 6215, são aços com teor de carbono inferior ou igual a
0,25%, com teor total de elementos de liga inferior a 2,0% e com limite de escoamento
igual ou superior a 300 MPa. Usualmente, esses aços são fabricados com baixo teor de
carbono e pequenas adições de elementos de liga, tais como níquel, cromo, molibdênio,
vanádio, titânio, nióbio, cobre, zircônio ou boro, além de manganês e silício, em algumas
combinações e quantidades adequadas, de forma que se obtenha alta resistência,
mantendo boa ductilidade, tenacidade, soldabilidade, resistência à corrosão e à abrasão.
A utilização de aços de alta resistência proporciona uma redução na espessura das
peças, comparativamente aos aços-carbono, o que implica em redução do consumo e
melhor aproveitamento do material, o que os recomenda nas aplicações da construção
civil.
Aços de alta resistência e baixa liga disponíveis no mercado:
USI-SAC-350, COS-AR-COR 500 e CSN 500 que possuem alta resistência
mecânica. Devem ser citados também os aços que, apesar de sua alta resistência à
corrosão, possuem média resistência mecânica, com custo unitário menor do que o
anterior:
USI-SAC-250 e 300, COS-AR-COR 400 e 400E, e CSN 420.
No tocante aos tipos de atmosfera que afetam os metais, e os aços em particular,
convencionou-se adotar os seguintes padrões: urbana, industrial, rural e marinha. A
adição, em pequena proporção, de elementos de liga, como cobre, cromo, fósforo e silício,

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criou o grupo dos aços patináveis ou aclimáveis, que se caracteriza por excelente
resistência à corrosão atmosférica aliada à resistência mecânica adequada.

A água atravessa a camada de ferrugem Fino filme aderente de ferrugem (pátina),


pelos poros e fissuras, atingindo o metal. no qual sais insolúveis de sulfato
bloqueiam poros e fissuras, protegendo o
metal

9 Resistência à Corrosão Atmosférica: A Característica dos Aços Patináveis


Os aços patináveis ou aclimáveis apresentam como principal característica a
resistência à corrosão atmosférica, muito superior à do aço-carbono convencional,
conseguida pela adição de pequenas quantidades dos elementos de liga já mencionados.
Quando expostos ao clima (daí o nome aclimáveis), desenvolvem em sua superfície uma
camada de óxido compacta e aderente, que funciona como barreira de proteção contra o
prosseguimento do processo corrosivo, possibilitando, assim, a utilização desses aços sem
qualquer revestimento. Esta barreira ou pátina protetora só é desenvolvida quando a
superfície metálica for submetida a ciclos alternados de molhamento (chuva, nevoeiro,
umidade) e secagem (sol, vento). O tempo necessário para a sua formação varia em função
do tipo de atmosfera a que o aço está exposto, sendo em geral de 18 meses a 3 anos; após
um ano, porém, o material já apresenta uma homogênea coloração marrom-clara.

9 Propriedades Mecânicas
Além da excelente soldabilidade, os aços patináveis podem apresentar tanto alta
como média resistência mecânica; no primeiro caso, proporcionam economia no peso da
estrutura, pela redução da espessura da chapa.
Na tabela a seguir são mostradas as propriedades mecânicas dos aços patináveis
brasileiros:

DOBRAMENTO
DESIGNAÇÃO LE LR
SIDERÚRGICA LONGITUDINAL
COMERCIAL (MPa) (MPa)
180° (Calço)
USI-SAC-250
≥ 250 402 a 510 1,5 (e)
(USI-SAC-41)
USI-SAC-300
USIMINAS ≥ 300 402 a 510 1,5 (e)
(USI-SAC-41)
USI-SAC-350
≥ 373 490 a 608 1,5 (e)
(USI-SAC-50)
COS-AR-COR-400 ≥ 250 380 a 520 1,0 (e)
COSIPA COS-AR-COR-400 E ≥ 300 380 a 520 1,0 (e)
COS-AR-COR-500 ≥ 375 490 a 630 3,0 (e)
CSN COR 420 ≥ 300 420 1,5 (e)
CSN
CSN COR 500 ≥ 380 520 1,5 (e)
NOMENCLATURA:
LE = Limite de Escoamento; LR = Limite de Ruptura; (1 MPa = 10 kgf/cm2); e = espessura

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9 Utilização sem Revestimento


O uso de aços patináveis sem revestimento é recomendado para ambientes em que
possam formar inteiramente a camada de óxido protetor (pátina). De forma geral,
atmosferas classificadas como industrial não muito agressiva, rural, urbana e marítima
(distante mais de 600 m da orla marítima) podem abrigar aplicações de aços patináveis
sem revestimento. Em atmosferas industriais altamente agressivas, sua resistência à
corrosão é menor, porém sempre superior à do aço-carbono comum.
Cuidados especiais:
Na utilização dos aços patináveis não revestidos, para desenvolver a camada de
óxido de forma compacta, aderente e homogênea, e com característica protetora, são
necessários alguns cuidados:
9 A carepa de laminação deve ser eliminada, por jateamento com granalha ou areia;
9 Os respingos de solda, resíduos de óleo e graxa, bem como os resíduos de
argamassa e concreto devem ser removidos;
9 Áreas em que possa haver retenção de água ou de resíduos sólidos devem, se
possível, ser eliminadas no projeto; se isto for impraticável, deve-se protegê-las
com pintura.
9 As panes não expostas à ação do intemperismo, como juntas de expansão,
articulações. Regiões sobrepostas e frestas devem ser convenientemente
protegidas, devido ao acúmulo de resíduos sólidos e de umidade.
OBS.: As estruturas construídas com aço patinável sem revestimento precisam ser
acompanhadas periodicamente, para verificação do desenvolvimento do óxido. Caso
não ocorra a formação da pátina, de forma compacta e aderente, será necessário
recorrer à pintura.

Aço Patinável sem pintura


Prefeitura de Salvador – BA

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Utilização com Revestimento


Os aços patináveis devem ser revestidos com pintura em locais em que as
condições climáticas ou de utilização não permitam o desenvolvimento completo da pátina
protetora, ou quando houver uma expressa indicação neste sentido no projeto. Deve haver
revestimento quando a atmosfera for industrial altamente agressiva, marinha severa ou
moderada (à distância de até 600 metros da orla marítima), regiões submersas ou
sujeitas a respingos e locais em que não ocorram ciclos alternados de molhamento e
secagem. Os revestimentos apresentam excelente aderência aos aços patináveis, com um
desempenho no mínimo duas vezes superior em relação ao mesmo revestimento aplicado
sobre aço-carbono comum.

Aço patinável com pintura


Universidade Federal de Ouro Preto – MG

1.2.3 Aços Resistentes ao Fogo (Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão


Atmosférica):
9 Resistência ao fogo.

Um dos pontos mais importantes nos projetos de construção civil é reduzir o risco
de incêndios e, caso estes ocorram, aumentar o tempo de início de deformação da
estrutura, conferindo, assim, segurança a essas construções.

9 Composição Química.

Os aços resistentes ao fogo são basicamente resultado de modificações de aços


resistentes à corrosão atmosférica (*).
As adições são ajustadas sempre no limite mínimo possível, de forma que garantam
um valor determinado e elevado de resistência mecânica à tração, proporcionando também
boa soldabilidade e mantendo o padrão de excelente resistência à corrosão atmosférica,
intrínseco ao aço de origem.

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Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Os elementos normalmente adicionados são níquel, titânio, nióbio, vanádio,


molibdênio, obedecendo sua soma a um limite mínimo estrito, para garantir o equilíbrio
das propriedades almejadas.
(*) Por exemplo, a composição química dos aços resistentes ao fogo produzidos pela
Cosipa -COS AR COR FIRE 500 e pela Usiminas - USI-FIRE-400 e USI-FIRE-490 foi
desenvolvida com base nos aços COS AR COR 400, 400E e 500, e USI-SAC-250, 300
e 350 respectivamente, recomendados para aplicações sujeitas à corrosão
atmosférica

1.3 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO


A relação entre a tensão aplicada e a deformação resultante pode ser
acompanhada pelo diagrama tensão deformação. Os valores para a construção deste
diagrama são obtidos submetendo o material ao ensaio de tração, sendo a deformação
medida com o auxílio de um aparelho denominado extensômetro, acoplado à máquina de
ensaio.
As propriedades mecânicas dependem da composição química, processo de
laminação e tratamento térmico do aço. Outros fatores podem influenciar, tais como:
técnica de ensaio, temperatura, geometria do corpo de prova, etc.
Dentro de certos limites (fase elástica), ao tracionar-se uma peça, a sua
deformação segue a “Lei de Hooke”, ou seja, é proporcional ao esforço aplicado (Fig. 1). A
proporcionalidade pode ser observada no trecho retilíneo do diagrama tensão-deformação
e a constante de proporcionalidade é denominado módulo de elasticidade ou módulo de
deformação longitudinal. Ultrapassando o limite de proporcionalidade, tem lugar a fase
plástica, na qual ocorrem deformações crescentes sem variação de tensão (patamar de
escoamento). O valor constante da tensão, nessa fase, é chamado limite de escoamento
do aço.

Após o Tensão
Limite de
f Re = Resistência
escoamento, ainda na fase (σ)
f Y = Escoamento
Limite de

plástica, a estrutura
f P = Proporcionalidade
Limite de
interna do aço se
f Re
rearranja e o material
passa pelo encruamento,
em que se verifica
novamente a variação da fY
fP
to

tensão coma deformação,


en e

en
am r d
to

m
co m a

ua

porém não-linearmente. O
Es a t a

cr
En
P

valor máximo da tensão é


chamado de limite de
resistência do aço. O Deformação
α
limite de escoamento de "Fase" de
Linear
Específica
"Fase" "Fase"
um material é calculado Elástica Plástica Ruptura (ε)
dividindo-se a carga
Fig. 1. Diagrama tensão-deformação típico para o aço estrutural.
máxima que ele suporta,
antes de escoar, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova. Em materiais

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Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

como os aços, o limite de escoamento é bem definido, pois a determinada tensão aplicada
o material escoa, isto é ocorre deformação plástica sem haver praticamente aumento da
tensão. O limite de escoamento é a constante física mais importante no cálculo das
estruturas de aço. Deve-se impedir que essa tensão seja atingida nas seções transversais
das barras, como forma de limitara a sua deformação.

O limite de resistência de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que


ele suporta, antes da ruptura, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova.
Este limite, como os demais, é expresso em unidade de tensão (kgf/cm2 ou kN/cm2 ou
MPa). Observa-se que o limite de resistência é calculado em relação à área inicial, o que é
particularmente importante para os materiais dúcteis, uma vez que estes sofrem uma
redução de área quando solicitados pela carga máxima. Embora, a tensão verdadeira que
solicita o material seja calculada considerando-se a área real, a tensão tal como foi
definida anteriormente é mais importante para o engenheiro, pois os projetos devem ser
feitos com base nas dimensões inicias.

Em um ensaio de compressão, sem a ocorrência de flambagem, obtém-se um


diagrama tensão-deformação similar ao do ensaio de tração, porém com tensões sempre
crescentes após o escoamento; ocorre um aumento da área da seção transversal, sem que
seja atingida a ruptura propriamente dita.
Durante o alongamento da
barra, há uma contração lateral P P
(estrição), que resulta na diminuição
da área de seção transversal. Isto
Fig. 2. Estrangulamento (estrição) de uma barra sob tração
não têm nenhum efeito no diagrama
tensão-deformação imediatamente
após o limite de escoamento, porém deste ponto em diante a diminuição da área afeta de
maneira apreciável o cálculo da tensão na barra (Fig. 2).
A Fig. 3, representa um diagrama típico de aço carbono.
(σ)
• Limite de proporcionalidade (fP). É o
valor da tensão correspondente ao
final da reta de proporcionalidade.
f Re
•Tensão de escoamento ou ponto de
escoamento (fY): O patamar de
fY escoamento costuma apresentar uma
fP tensão de escoamento máxima seguida
de uma tensão de escoamento mínima.
Genericamente, refere-se à tensão
superior como tensão de escoamento à
(ε)
qual corresponde a deformação (εy).
εRe ε Y εP Para aços que não apresentam patamar
Fig. 3 - Diagrama típico para o aço carbono de escoamento a tensão de
escoamento é obtida com a interseção
de uma reta traçada paralela ao trecho do gráfico a partir de um ponto nos eixos das
abcissas correspondente a uma deformação de 0,2%, com o próprio gráfico tensão-
deformação.

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• Tensão de ruptura ou Limite de Resistência (fRe). É o valor máximo da tensão que se


obtém na peça. Corresponde ao ápice da curva tensão-deformação.
• Módulo de elasticidade ou módulo de Young (E). É a razão entre tensões e
deformações ( σ = E . ε ), conhecida como “Lei de Hooke”; corresponde ao coeficiente
angular da reta de proporcionalidade. Para o aço seu valor situa-se entre 0,25 e 0,33
na zona elástica.
• Módulo de elasticidade transversal. É a razão entre as deformações transversais e
as tensões cisalhantes na zona de proporcionalidade. Pode ser determinada através da
equação:
E
G=
2 (1 + µ )

• Resistência à fadiga. É definida como a tensão para o qual o aço rompe depois de
repetidas aplicações de carga, está relacionada com o número de ciclos de carga e com
a amplitude da variação das cargas.
• Coeficiente de dilatação térmica. Na faixa normal de temperaturas ambientais.

Segundo norma NB-14 para aços estruturais adota-se valores (item 4.6.10):

β = 12 x 10-6 /°C ⇒ Coeficiente de Dilatação Térmica


E = 205000 MPa ⇒ Módulo de Elasticidade
νa = 0,3 ⇒ Coeficiente de Poisson
γa = 77 kN/m3 ⇒ Peso Específico
G = 78850 MPa ⇒ Módulo de Elasticidade Transversal

1.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS AÇOS


As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes dos
aços, para a sua aplicação no campo da engenharia, visto que o projeto e a execução das
estruturas metálicas, assim como a confecção dos componentes mecânicos, são baseados
no seu conhecimento. As propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços
quando sujeitos a esforços mecânicos e correspondem às propriedades que determinam a
sua capacidade de resistir e transmitir os esforços que lhes são aplicados, sem romper ou
sem que ocorram deformações excessivas.
1.4.1 Elasticidade: elasticidade de um material é a sua capacidade de voltar à forma
original após sucessivos ciclos de carregamento (carga e descarga).
Uma peça de aço, por exemplo, sob o efeito de tensões de tração ou de
compressão sofre deformações, que podem ser elásticas ou plásticas. Tal comportamento
deve-se à natureza cristalina dos metais, pela presença de planos de escorregamento ou
de menor resistência mecânica no interior do reticulado.
A deformação elástica é reversível, ou seja, desaparece quando a tensão é
removida.

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Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

A relação entre a tensão e a deformação linear específica é o “módulo de


elasticidade” característica dos materiais (ou que possuam fase elástica) relacionada com
a sua rigidez.
1.4.2 Plasticidade: deformação plástica é deformação permanente provocada por tensão
igual ou superior ao limite de escoamento. É o resultado de um deslocamento
permanente dos átomos que constituem o material, diferindo, portanto, da
deformação elástica, em que os átomos mantêm as suas posições relativas.
1.4.3 Ductilidade: ductilidade é a capacidade dos materiais de se deformar
plasticamente sem se romper. Pode se medida por meio do alongamento (e) ou da
estrição, que é a redução na área da seção transversal do corpo de prova.
Quanto mais dúctil o aço maior é a redução da área ou o alongamento antes da
ruptura.
A ductilidade tem grande importância nas estruturas metálicas, pois permite a
redistribuição de tensões locais elevadas. As vigas de aço dúcteis sofrem grandes
deformações antes de se romper, o que na prática constitui um aviso da presença de
tensões elevadas. Um material não-dúctil, o ferro fundido, por exemplo não se deforma
antes da ruptura. Diz-se, no caso, que o material é de comportamento frágil, ou seja,
apresenta ruptura frágil.
Denomina-se ductilidade a capacidade do material de se deformar sob a ação das
cargas. Os aços dúcteis, quanto sujeitos a tensões locais elevadas sofrem deformações
plásticas capazes de redistribuir as tensões; esse comportamento plástico permite, por
exemplo, que se considere numa ligação rebitada distribuição uniforme de carga entre os
rebites. Além desse efeito local, a ductilidade tem importância porque conduz a
mecanismos de ruptura acompanhados de grandes deformações que fornecem avisos da
atuação de cargas elevadas.
1.4.4 Tenacidade: tenacidade é a capacidade que têm os materiais de absorver energia
quando submetidos a carga de impacto.
Em outras palavras, tenacidade é a energia total, elástica e plástica, que um
material pode absorver por unidade de volume até a sua ruptura (medida em J/m3 –
Joules por metro cúbico), representada pela área total do diagrama tensão-deformação.
OBS: um material dúctil com a mesma resistência de um material frágil vai requerer
maior quantidade de energia para ser rompido, sendo, portanto, mais tenaz.
1.4.5 Dureza: Denomina-se dureza a resistência ao risco ou abrasão. Na prática mede-
se dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração de uma
peça de maior dureza. Existem diversos processos como Brinel, Rockwell, Shore. As
relações físicas entre dureza e resistência foram estabelecidas
experimentalmente, de modo que o ensaio de dureza é um meio expedito de
verificar a resistência do aço.
1.4.6 Fragilidade: É o oposto da ductilidade. Os aços podem ser tornados frágeis pela
ação de diversos agentes: baixas temperaturas ambientes, efeitos térmicos locais
causados, por exemplo, por solda elétrica, etc.
1.4.7 Resiliência: É a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico.

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1.4.8 Fadiga: A resistência à ruptura dos materiais é em geral medida em ensaios


estáticos. Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos
em grande número, pode haver ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios
estáticos. Esse efeito denomina-se fadiga do material.
A resistência à fadiga é em geral determinante no dimensionamento de peças sob
tração de efeitos dinâmicos importantes, tais como peças de máquinas, de pontes etc.
As normas americanas e brasileiras verificam a resistência à fadiga pela variação
de tensões elásticas (∆σ) provocadas pelas cargas variáveis.

1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO AÇO ESTRUTURAL.


# Como vantagens das estruturas de aço podemos citar:
9 Alta resistência do material nos diversos estados de tensão (tração,
compressão, flexão etc.), o que permite aos elementos estruturais suportarem
grandes esforços apesar da área relativamente pequena das suas seções; por
isso, as estruturas do aço, apesar da sua grande densidade, são mais leves do
que os elementos constituídos em concreto armado, permitindo assim vencer
grandes vãos.
9 Garantias das dimensões e propriedades dos materiais.
9 Material resistente a choques e vibrações.
9 Os elementos de aço oferecem uma grande margem de segurança no trabalho, o
que se deve ao fato de o material ser único e homogêneo, com limite de
escoamento, ruptura e módulo de elasticidade bem definido.
9 Os elementos de aço são fabricados em usinas, oficinas; e sua montagem é bem
mecanizada, permitindo com isso diminuir o prazo final da construção, em caso
de necessidade, possibilita a desmontagem das estruturas e sua posterior
montagem em outro local.
9 Os elementos de aço podem ser desmontados e substituídos com facilidade, o
que permite reforçar ou substituir facilmente diversos elementos da estrutura.
9 Possibilidade de reaproveitamento do material que não seja mais necessário à
construção (valores que chegam a 100% de aproveitamento).
# Como desvantagens das estruturas de aço podemos citar:
9 Limitação na execução em fábrica em função do transporte até o local de sua
montagem final.
9 Necessidade de tratamento superficial das peças contra oxidação devido ao
contato com o ar atmosférico.
9 Necessidade de mão-de-obra e equipamentos especializados para sua
fabricação e montagem.
9 Limitação de fornecimento de perfis estruturais.

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1.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ESTRUTURAIS (NB-14, Anexo A)

As estruturas metálicas devem ser constituídas, preferencialmente, por produtos


siderúrgicos padronizados, de forma a minimizar os custos. A adoção de formas
diferentes das padronizadas pode aumentar o custo final, então, o projetista deve estar
com catálogos das usinas
siderúrgicas à mão, para
utilização em projetos.

As usinas produzem
aços para utilização
estrutural sob diversas
formas: chapas, barras,
perfis laminados, fios
trefilados, cordoalhas e
cabos.
1.6.1 Chapas - As chapas
são produtos
laminados, nos quais
Fig. 4 - Chapas Finas ou Grossas (em formatos específicos)
uma dimensão
(espessura) é muito menor que as outras duas (largura e comprimento).
As chapas se dividem em duas categorias:
• chapas grossas: t ≥ 4,76 mm (3/16”); a espessura é oferecida em polegadas ou
milímetros Fig. 4.
• chapas finas: a espessura das chapas finas é em geral fornecida em bitolas
sendo usual no Brasil a bitola MSG, as mesmas são fabricadas em bobinas Fig. 5.

MSG n° 9 10 11 12 13 14 15 16

t (mm) 3,80 3,42 3,04 2,66 2,28 1,90 1,71 1,52

As chapas fornecidas com os


bordos naturais de laminação (sem cantos
vivos), se denominam universais; quando os
bordos são cortados na tesoura, as chapas
se denominam aparadas.

As chapas finas produzidas pela


Companhia Siderúrgica Nacional (Volta
Redonda) têm espessuras compreendidas
entre as bitolas 9 e 16.

1.6.2 Barras – as barras são produtos


laminados no quais duas dimensões
(da seção transversal) são
Fig. 5 - Chapas em bobinas (medidas variáveis em
comprimento e largura) pequenas em relação à terceira
(comprimento).

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As barras são laminadas em


seção circular, quadrada ou retangular
alongada; estas últimas chamam-se Fig. 6 - Barras do tipo quadrada, circular e chata.
vulgarmente barras chatas Fig. 6.

1.6.3 Perfis Laminados – Os laminadores produzem perfis de grande eficiência


estrutural, em forma de H, I, [, L , os quais são denominados correntemente perfis
laminados (Fig. 7).
Os perfis H, I, [, são produzidos em grupos, sendo os elementos de cada altura
constante “h” e largura de abas variável “b”; a variação da largura se obtém aumentando o
espaçamento entre os rolos laminadores de maneira que a espessura da alma tem variação
igual à da largura das abas.
Os perfis “[“ são, corretamente denominados perfis U.
Os perfis L (cantoneiras) são também fabricados com diversas espessuras para
cada tamanho das abas. Existem cantoneiras com abas iguais e com abas desiguais.

Fig. 7 – Perfis laminados

1.6.4 Fios, Cordoalhas, Cabos – Os fios ou arames são obtidos por trefilação.
Fabricam-se fios de aço doce e também de aço duro (aço de alto carbono).
Os Fios de aço duro são empregados em molas, cabos de protensão de estruturas
etc.
As cordoalhas são formadas por três ou sete fios arrumados em forma de hélice.
O módulo de elasticidade da cordoalha é quase tão elevado quanto o de uma barra maciça
de aço.

1.7 PRODUTOS METALÚRGICOS ESTRUTURAIS.


As empresas metalúrgicas produzem os perfis compostos por chapas dobradas ou
compostos por chapas soldadas (Fig. 8).

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Existem chamadas viradeiras, que permitem dobrar chapas a frio, formando perfis
L e U. para evitar a fissuração da chapa, as dobras obedecem a raios mínimos, de maneira
que os cantos dos perfis dobrados são arredondados. Como exemplo, temos:

Fig. 8 – Produtos Metalúrgicos


Os cabos de aço são formados por três fios trefilados finos, agrupados em
arranjos helicoidais variáveis. Os cabos de aço são muito flexíveis, o que permite seu
emprego em moitões para multiplicação de forças. Entretanto, o módulo de elasticidade é
baixo, cerca de 50% do módulo da barra maciça.
Os perfis laminados são obtidos pela passagem de blocos de aço (lingotes) por
rolos de laminação que levem à forma final com dimensões padronizadas de pequena
tolerância. Como os laminadores são equipamentos muito caros, não é economicamente
viável trocar o padrão dos perfis laminados ou criar um novo. Os tipos mais comuns para
construção metálica são os perfis I (ou duplo T), os perfis U (ou canal, ou C), as
cantoneiras (ou L) e as barras redondas.
Os perfilados obtidos por dobramento de chapas estão sujeitos ao limite de
capacidade de dobramento das chapas que, por isso, não podem ser espessas. São
empregados em geral em coberturas de galpões de esportes e existem empresas
especializadas em fabricá-las, dispondo de catálogo com dimensões padronizadas e
propriedades geométricas das seções.

1.8 PERFIS FABRICADOS E PERFIS COMPOSTOS.


Os perfis fabricados são formados pela associação de chapas ou de perfis
laminados simples sendo a ligação, em geral, soldada.
Na Fig. 9a vemos um perfil I formado pela união de três chapas. Graças aos
processos automatizados de solda, esses perfis podem ser produzidos competitivamente
em escala industrial.
A Companhia Siderúrgica Nacional têm uma fábrica de perfis I soldados,
produzindo três linhas de perfis padronizados:

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Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Perfis CS (colunas soldadas)


Perfis VS ( vigas soldadas)
Perfis CVS (colunas e vigas soldadas)

Na Fig. 9b, c, d,
vemos perfis compostos
formados pela associação
de perfis laminados
simples Esses perfis são
(a) (b) (c) (d)
evidentemente mais caros
que os laminados simples; Fig 9 - Perfis compostos de chapas ou perfis laminados
seu emprego se justifica para atender conveniências de cálculo como, por exemplo, em
colunas ou estacas onde se deseja o momento de inércia elevado nas duas direções
principais.

1.9 DESIGNAÇÃO DOS PERFIS


1.9.1 Perfis laminados
No Brasil os perfis laminados são designados como:

Código Literal, altura (mm), peso (kg/m)

Exemplo de códigos literais:


L → cantoneira com abas e espessuras iguais ou desiguais.
I → perfil de seção transversal I.
H → perfil de seção transversal H ou I invertido.
U → perfil de seção transversal U.
T → perfil de seção transversal T.

Exemplo de perfis:
I 100 → perfil I, abas inclinadas com altura de 100 mm.
IP 500 → perfil I, abas paralelas com altura de 500 mm.
HPP 500 → perfil H, abas paralelas, série pesada com altura de 500 mm.
HPM 400 → perfil H, abas paralelas, série média, com altura de 400 mm.
HPL 100 → perfil H, abas paralelas, série leva, com altura de 100 mm.
U 100 → perfil U, abas inclinadas com altura de 100 mm.
L 50 x 3 → perfil L (cantoneira), abas iguais de 50 mm e espessura 3 mm.
L 50 x 30 x 3 → cantoneira de abas desiguais (50 e 30 mm) e espessura 3 mm.

1.9.2 Perfis de chapas dobradas


São designados como:

Tipo, altura, aba, dobra, espessura.

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Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Podendo ser acrescentada a designação


“chapa dobrada” para diferenciar dos perfis
laminados Fig. 10.

1.9.3 Perfis soldados


Os tipos já padronizados podem ter
designação dos fabricantes (Fig. 11), por exemplo:

CS → perfil coluna soldada (d/bf ≈ 1).


VS → perfil viga soldada (d/bf ≈ 2).
PS → perfil soldado.
CVS → perfil coluna-viga soldada (d/bf ≈ 1,5).

Fig. 10 – Perfis em chapas dobradas


Fig. 11 – Perfil soldado

1.10 FATORES QUE INFLUENCIAM O CUSTO DE UMA ESTRUTURA


Tradicionalmente o aço tem sido vendido por toneladas e, conseqüentemente,
discutindo-se o custo de uma estrutura de aço impõe-se que se formulem seus custos por
tonelada de estrutura acabada. Só que se ignora o fato, do grande número de fatores que
têm influência significativa no custo final, por tonelada, de uma peça de aço fabricada. No
projeto, detalhe, fabricação e montagem de uma estrutura de aço, os seguintes fatores
influenciam o custo de uma estrutura:
a) seleção do sistema estrutural;
b) projeto dos elementos estruturais individuais;
c) projeto e detalhe das conexões;
d) processo a ser usado na fabricação;
e) especificações para fabricação e montagem;
f) sistema de proteção à corrosão;
g) sistema a ser usado na montagem;
h) sistema de proteção contra fogo, etc.
A seleção do mais eficiente sistema estrutural, compatível com o processo de
fabricação, é fundamental para otimizar os custos. Economia na fabricação e montagem
só é possível como resultado de conexões bem elaboradas durante a fase de
detalhamento, de acordo com as premissas de projeto. A especificação é a que a maior
influência tem nos custos de fabricação e montagem, onde se determinam a qualidade do
material e as tolerâncias requeridas. Outro item importante é a proteção contra a
corrosão, que, em muitos casos, pode chegar a até 25% do valor da estrutura.

18 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Se o projeto e o detalhamento não são executados pelo fabricante, e este é


desconhecido é importante deixar opções no projeto para uso de conexões soldadas ou
parafusadas, ou, mesmo, o detalhamento propor soluções alternativas de acordo com a sua
fabricação.
Em geral, o custo de uma estrutura metálica pode ser apresentado da seguinte
maneira:

Projeto estrutural 1 – 3%

Detalhamento 2 – 6%

Material e insumos 20 – 50%

Fabricação 20 – 40%

Limpeza e pintura 10 – 25%

Transporte 1 – 3%

Montagem 20 – 35%

1.11 PRINCIPAIS FASES NA CONSTRUÇÃO DE UMA OBRA.


As principais fases que precedem a construção de qualquer tipo de edifício, ou,
mesmo, qualquer tipo de obra, são:
☛ Arquitetura: onde é desenvolvidos todo o estudo da obra, materiais de acabamento,
dimensões, características de ventilação, iluminação, forma etc.
☛ Projeto Estrutural: é onde se dá corpo ao projeto arquitetônico, calculando-se os
elementos de sustentação, ligações principais, tipos de aço, carga nas fundações
especificando se a estrutura será soldada ou parafusada, etc.
☛ Sondagem do Solo: é de fundamental importância para o delineamento das estruturas,
pois se o solo é de má qualidade o calculista da estrutura deve evitar engastá-las às
fundações, o que tornaria muito mais onerosa. Porém, se o solo for de boa qualidade,
poder-se-ia perfeitamente engastá-las. Portanto, o tipo de solo pode definir o
esquema estrutural.
☛ Detalhamento: Onde o projeto estrutural é detalhado peça por peça, visando atender
ao cronograma de fabricação e montagem, dentro das recomendações do projeto,
procurando agrupar ao máximo as peças.
☛ Fabricação: e onde as diversas partes (peças) que vão compor uma estrutura são
fabricadas, usando-se as recomendações de projeto quanto à solda, parafusos,
tolerâncias, controle de qualidade, etc.
☛ Limpeza e proteção: após a fabricação, as peças que vão compor a estrutura são
preparadas para receber proteção contra a corrosão e, após a limpeza, a estrutura
deve ser pintada e galvanizada, ou mesmo no estado natural, se for ASTM-A588 ou
similar e a sua localização assim o permitir.
☛ Transporte: É preciso, já na fase inicial de projeto e detalhamento, indicar o tamanho
das peças, procurando, dentro do possível, evitar transporte especial.
☛ Montagem: É aonde as peças vão se juntar, uma a uma, para compor uma estrutura,
necessitando-se de um planejamento, visando especificar os equipamentos a serem
usados, tipo de ferramentas e seqüência de montagem. É considerada a fase clave de
toda a obra, é quando sabemos se houve ou não um bom projeto.

Prof. Juan W. Moore E. 19


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

☛ Controle de Qualidade: Atua em todas as fases, estabelecendo os procedimentos de


solda, inspecionando peças, verificando se estão dentro das tolerâncias de normas,
etc.
☛ Manutenção: Após toda a conclusão da obra, é necessário fazer um plano de inspeção,
o que depende do local e uso das estruturas. Outro requisito de serviço importante é a
média de vida útil da estrutura, juntamente com os problemas de corrosão, devido às
condições atmosféricas, umidade e outros.

1.12 ENTIDADES NORMATIVAS PARA O PROJETO E CÁLCULO DE ESTRUTURAS


METÁLICAS
No Brasil, a entidade normativa e representativa da classe é a ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
É utilizada a norma técnica NB 14 (NBR 8800), de 14 de abril de 1986, Projeto e
Execução de Estruturas de Aço de Edifícios (método dos estados limites) – ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Como normas técnicas complementares utilizadas para o dimensionamento
estrutural, temos:
NB 862 ou NBR 8681/84 Ações e segurança nas estruturas – ABNT 12/84.
NBR 6120/80 ou NB 5/78 Cargas para o cálculo de estruturas de edifícios – ABNT.
NBR 6123/88 Forças devidas ao vento em edificações – ABNT.
NBR 14 323/99 Dimensionamento de estruturas de aço em edifícios em
situação de incêndio – Procedimentos.
NBR 14 432/00 Exigências de resistência ao fogo de elementos
construtivos de edificações.
NBR 5884/99 Perfil I Estrutural de aço soldado por arco Elétrico.

1.13 APLICAÇÃO DAS ESTRUTURAS METÁLICAS


Dentre as inúmeras aplicações das estruturas metálicas, podemos citar:

Fig. 12 - Telhados

20 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Fig. 13 - Edifícios industriais e comerciais

Fig. 14 - Residências

Fig. 15 - Hangares

Prof. Juan W. Moore E. 21


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Fig. 16 – Pontes e viadutos

Fig. 17 – Galpões industriais

Fig. 18 - Reservatórios

22 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Fig. 19 - Torres Fig. 20 – Painéis e postes

Fig. 21 – Escadas e passarelas

Prof. Juan W. Moore E. 23


Cap. 1 - Propriedades dos Materiais Estruturas V

Fig. 22 – Ponte rolante

Fig. 23 - Obras de engenharia no geral

24 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

Capítulo 2
Ações e Segurança nas Estruturas de Aço

2.1 CRITÉRIO DE DIMENSIONAMENTO ELÁSTICO E PLÁSTICO


2.1.1 Teoria Elástica de Dimensionamento
Nas estruturas de aço, geralmente se considera o limite de escoamento como início
de ruptura do material. Para ter segurança contra a ruptura por escoamento, utiliza-se no
cálculo, as tensões admissíveis que são obtidas dividindo-se o limite de escoamento pelos
coeficientes de segurança respectivos. Como as tensões admissíveis ficam dentro do
regime elástico, os cálculos são efetuados com as fórmulas usuais de Resistência dos
Materiais.
A teoria de dimensionamento descrita acima se chama teoria elástica porque todos
os cálculos se fazem dentro do regime elástico.
A teoria elástica de dimensionamento é caracterizada por quatro pontos:
a) o estado limite de resistência é o início de plastificação da seção no ponto de
maior tensão;
b) o cálculo dos esforços solicitantes é feito em regime elástico, não sendo
considerada a redistribuição de momentos fletores causada pela plastificação
de uma ou mais seções da estrutura;
c) as cargas atuantes são consideradas com seus valores reais estimados (cargas
em serviço);
d) a margem de segurança da estrutura fica embutida na tensão admissível
adotada para cada tipo de solicitação.
O dimensionamento é considerado satisfatório quando a maior tensão solicitante
“σ” em cada seção é inferior ao valor admissível “σadm” correspondente.

σ ≤ σadm ( 2.1)

2.1.2 Teoria Plástica de Dimensionamento das Seções ou “Estado Limite


Último”
Quando uma seção da estrutura entra em escoamento, duas coisas importantes
acontecem:
a) o escoamento começa no ponto de maior tensão, e depois se propaga a outros
pontos da seção, aumentando a resistência interna da mesma;
b) em estruturas hiperestáticas, o escoamento de uma ou mais seções provoca
redistribuição dos momentos fletores, aumentando a resistência da estrutura.
O dimensionamento estrutural das seções, segundo as teorias plásticas (ou
estados limites últimos NB-14, item 4.7.1.1), consiste em calcular a resistência limite
de cada seção (resistência à ruptura Ru) e compará -las com os esforços solicitantes (S)
provocados pelas cargas (Qi) multiplicadas por coeficientes de segurança (γi)

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Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

S ( Σ γi . Qi ) < Ru ( 2.2)

A resistência interna de uma seção é determinada considerando-se a plastificação


generalizada da mesma, ou outra condição de ruptura por instabilidade.
Os coeficientes de segurança (γ) são adotados com valores diferentes para cada
tipo de carga, dependendo da maior ou menor influência de cada solicitação no colapso da
estrutura.
2.2 DIMENSIONAMENTO DAS SEÇÕES NO ESTADO LIMITE DE PROJETO
O estado limite de projeto, também chamado estado limite de cálculo, é uma
situação derivada da Eq. 2.2, decompondo-se os coeficientes de segurança (γ) em dois
fatores:
a) fator de ampliação das solicitações (γf) – majorando o esforço teórico solicitante,
multiplicando por um fator de ponderação que torne pequena a probabilidade de que
ele seja superado durante a vida útil da estrutura
b) fator de redução da resistência interna (φ). – minorando a resistência teórica de
cada componente, multiplicando-a por um coeficiente (menor do que 1) que, também,
torne pequena a probabilidade dela ser menor do que o valor calculado.
O dimensionamento das seções no estado limite de projeto obedece à seguinte
equação de conformidade, para cada seção da estrutura:

Sd = ( Σ γf . Qi ) ( 2.3)

Segundo a NB-14 que estabelece que a solicitação de cálculo “Sd” não pode ser
maior do que a resistência de cálculo “Nr” do elemento estrutural:
Sd ≤ N r ( 2.4 )

Que por sua vez a resistência de cálculo é calculada para cada estado limite
aplicável, sendo igual ao produto da resistência nominal “Nn” pelo coeficiente de
resistência “φ” (fator redutor menor do que a unidade):

Nr = φ . Nn ( 2.5 )

Onde:
Sd → solicitação de cálculo (ou projeto);
Nr → resistência de cálculo;
Nn → resistência nominal;
φ → coeficiente de resistência (coeficiente de redução NB-14, Caps. 5, 6 e 7).

2.3 CÁLCULO DAS SOLICITAÇÕES ATUANTES SEGUNDO CRITÉRIOS DA NB-14


Os esforços solicitantes oriundos de ações estáticas ou quase estáticas e que
atuam nas diversas seções de uma estrutura, podem ser calculados por dois processos:
a) estática clássica ou elástica, admitindo-se que a estrutura se deforma em regime
elástico;
b) estática inelástica, considerando-se o efeito das deformações plásticas nas
seções mais solicitadas, sobre a distribuição dos esforços solicitantes
provocados pelas cargas.

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Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

As ações a serem consideradas em projetos de estruturas metálicas e seus


respectivos componentes são estipuladas pela norma, apropriadas e as decorrentes das
condições a serem preenchidas pela estrutura. Essas ações devem ser tomadas como
nominais (NB-14, Anexo B), tais como:
• ações permanentes (G);
• ações variáveis (Q);
• ações excepcionais (E).
Para obter o esforço de cálculo nos estados limites últimos, as combinações de
ações em duas situações são os seguintes:
a) para combinações normais de utilização e combinações aplicáveis a etapas
construtivas (NB-14, item 4.8):

 n 
Sd = S ( γ g . G ) + γ q1.Q1 + S( γ qj
. ? j . Q j ) ( 2.6 )
 j= 2 
Onde:
Q1 → ação variável predominante para o efeito considerado;
Qj → demais ações variáveis que atuam simultaneamente com a ação principal;
γg → coeficiente de ponderação da ação permanente;
γq1 → coeficiente de ponderação da ação predominante;
γqj → coeficiente de ponderação das ações variáveis;
ψj → fator de combinação de ações no estado limite de projeto.
b) para combinações excepcionais (NB-14, item 4.8):

 n 
S d = S (? g . G) + E + S (? q . ? . Q ) ( 2.7 )
 j= 2 

Onde:
E → ação excepcional; são consideradas excepcionais, tais como: explosões, choque
de veículos, efeitos sísmicos (terremotos), etc.
ψ → fator de combinação de ações no estado limite de projeto.

A NB-14, apresenta os coeficientes de ponderação como mostrados na tabela 1.

Tabela 1 - Coeficientes de Ponderação

Ações Permanentes Ações Variáveis


Demais Cargas Variáveis
Combinação de Grande Pequena Recalques Variação de
Ações Decorrente do uso
Ações Variabilidade Variabilidade Diferenciais Temperatura
Variáveis da Edificação
γg γg γq γq γq γq

Normais 1,4 (0,9*) 1,3 (1,0*) 1,2 1,2 1,4 1,5

Durante a
Construção 1,3 (0,9*) 1,2 (1,0*) 1,2 1,0 1,2 1,3

Excepcionais
1,2 (0,9*) 1,1 (1,0*) 0 0 1,0 1,1

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Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

OBS:
Algumas explicações são necessárias para aplicação da tabela 1.
ü As ações permanentes são consideradas de grande variabilidade quando a imprecisão
no processo construtivo levar incerteza aos valores finais de carga, por exemplo:
§ obras de alvenaria, onde as paredes costumam apresentar espessuras diversas;
§ a espessura dos revestimentos;
§ peças de concreto fundidas em obra; etc.
ü As ações permanentes de pequena variabilidade, podem ser consideradas os
componentes das estruturas oriundas do peso de peças de aço e de elementos em
concreto pré-moldado com controle final de peso.
ü As variações de temperaturas definidas na tabela 1, são apenas as variações devidas
ao meio ambiente.
ü Dentro de ações variáveis pode-se considerar como cargas variáveis decorrentes do
uso da edificação: sobrecargas em pisos e em coberturas, cargas de pontes rolantes,
cargas de outros equipamentos, etc.
ü Os valores entre parênteses (*) correspondem aos coeficientes para ações
permanentes favoráveis à segurança; ações variáveis e excepcionais favoráveis à
segurança não entram nas combinações.
ü Quando o peso próprio da estrutura supera 75% do peso permanente total da
construção, este último é considerado como carga permanente de pequena
variabilidade; caso contrário, como de grande variabilidade.
Os valores que a NB-14 apresenta para os fatores de combinação (ψ) encontram-
se na tabela 2, levando em conta que as solicitações variáveis provavelmente não ocorrem
em seus valores máximos simultaneamente.
Tabela 2 – Fatores de Combinação “ψ”

Ações ψ

Sobrecarga em pisos de bibliotecas, arquivos, oficinas e


0,75
garagens;
conteúdo de silos, e reservatórios

Cargas de líquidos e graneis em reservatórios e silos 0,75

Carga de vento em estruturas (pressão dinâmica) 0,60

Carga de equipamentos, incluindo pontes rolantes;


0,65
sobrecargas em pisos diferentes dos anteriores

Variação de temperatura 0,60

OBS:
Algumas explicações para aplicação da tabela 2.
• O impacto, quando aplicável, deve ser considerado na carga variável correspondente;
• Adota-se ψ = 1, para combinações envolvendo cargas da mesma natureza, por exemplo, todas
as ações variáveis decorrentes do uso de uma edificação (sobrecargas em pisos e coberturas,
cargas de pontes rolantes e de outro equipamento) são consideradas da mesma natureza da
ação variável predominante (Q1 ), assim como as ações variáveis não citadas nesta tabela.

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Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

EXERCÍCIOS:

1) Calcular a solicitação de projeto (intervalo de cargas) que agem sobre uma barra de
treliça de um galpão industrial decorrentes dos seguintes carregamentos:

Descrição das Cargas Cargas


Peso próprio dos elementos da estruturas. +120KN
Peso próprio das vigas pré-moldadas feitas em fábrica com controle
+150KN
tecnológico de dosagem do concreto.
Sobrecarga dos equipamentos. +110KN
Carga do vento. +180KN
Carga decorrente da temperatura. -50KN
Recalque diferencial. -800KN

Solução:

Sd1 = (120 x 1,3) + (150 x 1,3) + (110 x 1,5) + (180 x 1,4 x 0,6)
Sd1 = 156 + 195 + 165 + 151,20
Sd1 = 667,20 KN

Sd2 = (120 x 1,3) + (150 x 1,3) + (180 x 1,4) + (110 x 1,5 x 1,00)
Sd2 = 156 + 195 + 252 + 165
Sd2 = 768 KN

Sd3 = (120 x 1,0) + (150 x 1,0) + (-50 x 1,2) + (-800 x 1,2 x 1,00)
Sd3 = 120 + 150 – 60 - 960
Sd3 = 270 - 780
Sd3 = - 750 KN

Sd4 = (120 x 1,0) + (150 x 1,0) + (-800 x 1,2) + (-50 x 1,2 x 1,0)
Sd4 = 120 + 150 – 960 - 60
Sd4 = - 750 KN

Intervalo de Carregamentos:

Sd = 768 kN (Tração)

Sd = - 750 kN (Compressão)

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Cap. 2 - Ações e Segurança Estruturas V

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. A viga de um edifício comercial apresenta os seguintes momentos fletores:

ü Peso-próprio da viga metálica = 4,5 kN.m;

ü Peso próprio da laje pré-moldada = 13 kN.m;

ü Sobrecarga de biblioteca = 12,0 kN.m;

ü Sobrecarga de escritório = 7,5 kN.m;

ü Sobrecarga dos pisos do vão contíguo = -16,0 kN/m;

Determine o Md na viga.

2. A treliça da cobertura de uma oficina mecânica encontra-se submetida a um conjunto de cargas


como se indica:
ü Pp = 0,85 kN/m;
ü Peso próprio da talha (no nó C) = 17 kN;
ü Capacidade da talha = 135 kN;
ü Vento frontal = - 2,80 kN/m;
ü Vento de trás = 3,1 kN/m.

Determinar a solicitação de projeto da barra AB

F
G
H
1,5 m
I

E D C B A
1,5 m 1,5 m 1,5 m 1,5 m
Fig. 1

3. Determinar a envoltória de esforços para as demais barras.

4. Calcular o momento máximo de solicitação da viga metálica da doca de descarga da Fig. 2,


sabendo que:
ü Peso-próprio da viga = 1,5 kn/m;
ü Peso-próprio do estrado de madeira (GV) = 3,0 kN/m;
ü Sobrecarga = 20 kN/m.

Estrado de madeira
2,0 m.

Apoio Apoio

4,0 m. 2,0 m.

Fig. 2

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

Capítulo 3
Peças Tracionadas
3.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
O elemento estrutural feito em material aço apresenta um bom desempenho quando
solicitadas a esforços de tração (carga axial), o que se denomina solicitação a tração
simples.
Os elementos tracionados são empregados, nas estruturas, sob diversas formas
como por exemplo:
• Tirantes ou pendurais;
• Contraventamento de torres (estais);
• Travejamento de vigas ou colunas, geralmente com dois tirantes em forma de X
(xizamento);
• Tirantes de vigas armadas;
• Barras tracionadas de treliça.
Os elementos tracionados em geral podem ser constituídos por barras de seção
simples ou compostas, como por exemplo:
• Cabos de aço;
• Barras redondas (rosqueadas – Fig. 1a) ou chatas (Fig. 1b);
• Barras laminadas (simples – Fig. 1c) ou compostas de duas cantoneiras simples
(Fig. 1d).

(a) (b) (c) (d)


Fig. 1 - Tipos de perfis utilizados em peças tracionadas.

Os cabos de aço são usados como estais ou cabos de suspensão de pontes,


estaiamento de torres ou suportes de coberturas. Apresenta uma eficiência notável, dado o
processo de fabricação por trefilação com o qual são agrupados em fios arranjados
helicoidalmente (fios de pequeno diâmetro), obtendo-se tensões de ruptura muito altas.
Têm como desvantagem de não resistir a esforços de compressão o que os torna
inaplicáveis em muitas situações.
As barras redondas são usadas como reforço de terças de telhado, como barras
tracionadas de treliças de madeira ou concreto armado, como contraventamentos e
tirantes de arcos.
Barras laminadas simples ou compostas são usadas em estruturas reticuladas
(treliças) em todos seus empregos na engenharia.

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

As ligações das extremidades das peças tracionadas com outras partes da estrutura
podem ser feitas por diversos meios, tais como:
• soldagem;
• conectores aplicados em furos parafusos ou rebites;
• rosca e porca (casos de barras rosqueadas).
A seguir mostra-se o desenho de um nó de treliça (Fig. 2), cujas barras são
formadas por associação de duas cantoneiras. As barras são ligadas a uma chapa de nó,
denominada “gusset”, suja espessura “t” é igual ao espaçamento entre as cantoneiras. As
ligações das barras com chapa “gusset” são feitas por meio de furos e conectores.

P P

N T

Fig. 2 - Nó de uma treliça (Gusset)

Barras tracionadas com seção transversal uniforme não apresentam problemas


quanto ao comportamento, podendo-se admitir que as tensões se distribuem uniformemente
ao longo da seção transversal. Neste caso, uma barra solicitada à tração se comporta
exatamente como um corpo de prova no ensaio a tração. Enquanto as tensões não atingem o
limite de proporcionalidade (zona elástica) o material tem um comportamento semelhante
ao teórico estudado na Resistência dos Materiais.

3.2 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO


3.2.1 Distribuição de Tensões Normais na Seção.
Nos elementos com furos solicitados a esforços de tração, as tensões em regime
elástico não são uniformes como dito pela teoria da Resistência dos Materiais, verificando-
se tensões mais elevadas nas regiões próximas aos furos (Fig. 3).

N
N N N

σmáx = 3 σ méd

fy fy fu

N N N N
(a) fase (b) início do (c) plastificação (d) limite de resistência
elástica escoamento da seção líquida da seção líquida

Fig. 3 – Distribuição de tensões normais (tração axial), em uma peça com furo

Prof. Juan W. Moore E. 32


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

Porém, quando a seção transversal varia de forma brusca, as tensões podem ter
distribuição bastante variada. O caso mais comum é a presença de furos nas ligações, que
provocam concentração de tensões. Observamos na Fig. 3a uma peça submetida a tração e
as tensões em uma seção afastada do furo são uniformes. Na Fig. 3b pode-se observar as
tensões que acontecem no furo, podendo notar:
• define-se que quando as tensões encontram-se na zona elástica a distribuição de
tensões são maiores nas fibras próximas ao furo;
• quando a fibra mais solicitada alcança a tensão de escoamento (início do escoamento)
ela permanece sem aumento de tensão, porém as demais fibras vão aumentando até,
também, chegarem à tensão de escoamento. Logo quando todas as fibras estiverem
solicitadas na tensão de escoamento atinge-se o estado limite de plastificação, que
se caracteriza por deformações grandes.
É evidente que as seções cortadas pelo furo atingem plastificação antes das demais,
mas o alongamento da peça como conseqüência desta plastificação prematura, é
praticamente desprezível.
Logo, podemos considerar que as tensões sejam uniformes na área líquida e
aumentam até a ruptura ou estado limite de ruína. Como a ruptura deve ocorrer na seção
mais frágil da peça, os furos têm que ser levados em conta.
Quando a tensão é maior a aquela correspondente à zona elástica diz-se que o
elemento começa a plastificar. Quando as deformações atingem o valor limite (ε y) diz-se
que foi atingido o estado limite de plastificação, e se supõe que toda a seção esteja
solicitada por tensões de escoamento.
A resistência de cálculo de um elemento solicitado a tração (esforço axial) pode ser
determinada pela ruptura da seção líquida (provocando colapso), ou pelo escoamento
generalizado da seção bruta (que provoca deformações exageradas).

3.2.1.1 Peças em geral com furos:


Segundo a NB-14 nos elementos com furo, a resistência de cálculo (Nr – Cap. II, Eq.
2.5) a ser usada no dimensionamento é o menor valor obtido com os estados limites de
escoamento da seção bruta e ruptura da seção líquida.
a) Estado limite de escoamento da seção bruta- ELP (resistência nominal de
plastificação):

Nr = φ t . N n ( 3.1 )

φt = 0,90
Nn = A g . f y ( 3.2 )

b) Estado limite de ruptura da seção líquida efetiva - ELR (resistência nominal de


ruptura ou ruína):

Nr = φ t . N n ( 3.3 )

φt = 0,75
Nn = A e . f u ( 3.4 )

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

Onde:
Nn → resistência nominal à tração;
Ag → área bruta da seção (desprezar a presença de furo);
fy → tensão de escoamento do aço;
Rd → resistência de cálculo;
φt → coeficiente de resistência à tração;
Ae → área líquida efetiva da barra;
fu → tensão de ruptura do aço.

OBS:
É importante ressaltar que o coeficiente de minoração para a peça plastificada é
menor do que a peça submetida no estado de ruína. Isto porque o estado limite de
plastificação não leva maiores danos à estrutura do que uma exagerada deformação,
enquanto que a ruína significa a segurança de vidas e coisas. De qualquer forma, mesmo
para peças em que o dimensionamento fica regido pelo estado limite último de plastificação,
o coeficiente de segurança à ruptura é no mínimo 0,75.

3.2.1.2 Pecas com extremidades rosqueadas (NB – 14, item 7.3.2.2)


A resistência de cálculo de uma barra tracionada com extremidade rosqueada é o
menor dos valores obtidos com base no estado limite de escoamento da seção bruta (Eq.
3.1) e no estado limite de ruptura da parte rosqueada. A resistência de cálculo para este
último estado limite, aplicável também a parafusos tracionados é “Rd = φ t . Rnt”, onde “φt =
0,75” para parafusos ASTM A325 ou A490 e “ φt = 0,65” para os demais parafusos e barras
rosqueadas.
O cálculo de resistência nominal a tração “Rnt” é dado segundo as seguintes
características geométricas do material:
a) parafusos ou barra rosqueada considerando “dn ≥ 12 mm”:

Rnt = 0,75 . A p . fu ( 3.5 )

b) parafusos ou barra rosqueada considerando “dn > 25 mm”:

Rnt = 0,95 . A r . f u ( 3.6 )

Onde:
fu → resistência à tração do material do parafuso ou barra rosqueada (segundo
Anexo A, item A-4);
Ap → área bruta, baseada no diâmetro nominal “d” do parafuso ou barra rosqueada
(A = π . d2 / 4);
Ar → área efetiva à tração (conforme item 7.3.1.2).

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

3.2.2 Esbeltez das Peças Tracionadas.


Denomina-se índice de esbeltez (λ ) de um elemento a relação entre seu
comprimento e o raio de giração mínimo da seção transversal. Estudas a esbeltez em peça
tracionadas não têm muita importância, uma vez que o esforço de tração tende a retificar a
haste, reduzindo excentricidades construtivas iniciais. Porém, a NB-14 (item 5.2.6), a
exemplo de normas de outros países fixam-se limites do índice de esbeltez de peças
tracionadas, com a finalidade de reduzir efeitos vibratórios provocados por impactos,
evitar a ressonância com vibrações induzidas por efeitos de vento, etc.

λ
Para barras principais 240

Barras secundárias e peça de


300
contraventamento

O índice de esbeltez é calculado por:

le
λ =
r
I
r =
A
Onde:
le → comprimento entre os centros de ligação (apoios) da barra;
r → raio de giração da seção;
I → momento de inércia (o menor com relação aos eixos principais);
A → área de seção transversal.

A esbeltez das peças será estudado com maior ênfase no Cap. IV – para peças
comprimidas.

b
3.3 ÁREAS DE CÁLCULO
3.3.1 Área Bruta ( A g )
t
A área bruta de uma seção deve
ser calculada pela soma dos produtos da
espessura pela largura bruta do
elemento (Fig. 4), medida em direção Fig. 4 – Área bruta de emenda de duas chapas

normal ao eixo da barra.

Ag = b . t ( 3.7 )

Para cantoneiras, a largura bruta é a soma das abas subtraída de sua espessura (Fig.
5).

Ag = l . t ( 3.8 )

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

sendo: t

l =a+b-t
a

3.3.2 Área Líquida (A n)


b
A área líquida de um
elemento, numa seção qualquer, Fig. 5 – Área bruta - Cantoneiras
deve ser calculada substituindo-
se a largura bruta pela largura líquida.
A ruptura de uma placa de aço, quando apresenta vários furos que de alguma forma
atuem em conjunto, e comprometam a placa, quando submetida a tração, pode ser difícil de
ser determinada teoricamente. Existem várias maneiras de resolver o problema, de forma
simples e confiável. A NB-14 (item 5.1.1.2 – “b”) descreve para o caso de análises de largura
efetiva em elementos com furos em diagonal ou em zig-zag (Fig. 6), como sendo a “Relação
de Cochrane” para o cálculo da área líquida:

s2
bn = b - ∑ d f + ∑ 4g ( 3.9 )

Onde:
bn → largura líquida da seção;
b → largura bruta da seção;
s → distância entre furos consecutivos medida na direção do esforço;
g → distância entre furos consecutivos medida ortogonalmente ao esforço.
Sendo:
df = d + p + f ( 3.10 )
Onde:
d → diâmetro do parafuso;
p → espessura da parede danificada (imperfeições) pela punção do furo
(NB 14 - item 7.3.4.1- furo padrão);
f → folga entre o parafuso e o furo (f = 2,0 mm) (NB-14, item 5.1.1.2 - “a”).

1 2 3 4
1 3 4

4
g 1
3

N 1 4 N
2

1 3 4

Fig. 6 – Seção líquida de peças com furos

Prof. Juan W. Moore E. 36


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

OBS:
Considera-se que, quando trabalhamos com ligações parafusadas observa-se que a
largura do furo da ligação é maior que o diâmetro do parafuso, isto se deve que é muito
comum furar a peça por puncionamento, conseqüentemente o furo é obtido por rasgamento
da peça, acarretando um orifício aproximadamente tronco-cônica, com paredes de
superfície irregular. O material que circunda as paredes do furo apresentando algumas
trincas (Fig. 7), o que faz t
com que seja considerada
uma folga provocada pelas 1,5 mm
imperfeições que nela se a
.

criam, pelo processo de içõ


es
rfe
furação. Imp
e
b
Caso o furo seja
perfurado com brocas, d

pode-se adotar “p = 0” e,
para parafusos e furos
ajustados, isto é, parafusos
Fig. 7 – Imperfeições na peça, provocado pelo puncionamento do furo
usinados e furos
perfurados por brocas, podem reduzir a folga entre o furo e o fuste do conector.
3.3.3 Área Líquida Efetiva (Ae)
Segundo a NB-14, ressalta que, quando a transmissão de carga for feita para apenas
alguns elementos (mesa ou alma) da seção, a área líquida efetiva (Ae) deve ser calculada
por:

A e = Ct . A n ( 3.11 )
Onde:
Ct → coeficiente que depende da forma com é feita a ligação (item 5.1.1.3).
Isto acontece, devido a que nem sempre a superfície de ruptura por tração é plana.
Por uma simples razão, o fluxo de tensões que ocorre na região de transferência de
esforços (furos, soldas, etc.). Assim, é que em alguns casos uma peça sem furos (onde a
área bruta é igual à área líquida) ao ser tracionada rompe-se com tensões inferiores às
tensões de ruptura (fu) do aço que a compõe.
Já no caso de uma cantoneira tracionada, cuja ligação se faz por uma de suas abas,
apenas pode romper por uma superfície tal que sua resistência seja inferior à resistência
teórica da área líquida transversal ao eixo de aplicação do esforço.
Segundo NB-14 (item 5.1.1.3), alguns critérios para adoção do Ct:
a) perfis I ou H cujas mesas tenham uma largura não inferior a 2/3 da altura do perfil e
perfis T cortados desses perfis, com ligações das mesas (Fig. 8), tendo, no caso de
ligações parafusadas, um mínimo de três parafusos por linha de furação na direção da
solicitação.

Ct = 0,90

Prof. Juan W. Moore E. 37


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

N/2

N Se:
d < 1,5 b → C t = 0,90
d
d ≥ 1,5 b → Ct = 0,85

N/2
b
Fig. 8 – Perfis I, H ou T com um mínimo de 3 parafusos por linha de furação, na direção da solicitação
(ligado somente pelas mesas)

b) perfis I e H que não atendam os requisitos anteriores (Fig. 8), perfis T cortados desses
perfis e todos os demais perfis, incluindo barras compostas, tendo, no caso de ligações
parafusadas um mínimo de três parafusos por linha de furação na direção da solicitação:

Ct = 0,85

c) em todas as barras com ligações parafusadas, tendo somente dois parafusos por linha
de furação na direção da solicitação (Fig. 9):

Ct = 0,75

d) Quando os componentes da estrutura Fig. 9 – Dois parafusos por linha de furação, na direção
apresenta todos os seus elementos da solicitação.
ligados entre si (Fig. 10).

Ct = 1,0

Fig. 10

Prof. Juan W. Moore E. 38


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

3.4 BARRAS COMPOSTAS TRACIONADAS

A NB-14 (item 5.2.4) estabelece critérios relativos ao comportamento e vinculação


de peças compostas de tal forma a se ter o comportamento conjunto das barras que
compõem um perfil composto (Fig. 11).
Estas recomendações têm como objetivo o comportamento efetivo das barras de um perfil
composto como um conjunto único, ou seja, com todas as barras do perfil trabalhando com a
mesma tensão média.

N N N N

SOLDA INTERMITENTE DE FILETE


≤ 300mm.

≤ 600mm
≤ 24 t

PARAFUSOS

PARAFUSOS

2b/3
(L/rmín) ≤ 300

≤ 150 mm


b

(L/rmín) ≤ 300
SOLDA INTERMITENTE DE FILETE

SOLDA INTERMITENTE DE FILETE

D D

B B

PARAFUSOS
A
L

≥ 2b/3
≤ 150 mm
≤ 300mm.

≤ 600mm
≤ 24 t

b
C C
≥ b/50

N N N
N
t

rmín

CORTE A-A CORTE C-C

CORTE D-D

CORTE B-B

Fig. 11 – Barras compostas tracionadas

Prof. Juan W. Moore E. 39


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

3.5 DIMENSÕES E USO DE FUROS


As dimensões máximas de furos devem obedecer aos valores indicados na tabela 1 a
seguir:
Tabela 1 – Dimensões máximas de furos para parafusos e barras rosqueadas
Diâmetro nominal Diâmetro Diâmetro do Dimensões de um
Dimensões de um
do parafuso ou do furo furo furo muito
furo pouco alongado
barra rosqueada padrão alargado alongado
Diâmetros

≤ 24 d + 1,5 d+5 (d + 1,5) x (d + 6) (d + 1,5) x (2,5d)


em mm

27 28,5 33 28,5 x 35 28,5 x 67,5


≥ 30 d + 1,5 d+8 (d + 1,5) x (d + 9,5) (d + 1,5) x (2,5d)
Diâmetros

polegadas

≤ 7/8” d + 1/16” d + 3/16” (d + 1/16”) x (d + 1/4”) (d + 1/16”) x (2,5d)


em

1” 1 1/16” 1 1/4” 1 1/16” x 1 5/16” 1 1/16” x 2 1/2”


≥ 1 1/8” d + 1/16” d + 5/16” (d + 1/16”) x (d + 3/8”) (d + 1/16”) x (2,5d)

Nas ligações parafusadas entre barras devem ser usados furos padrão, a não ser
que seja aprovado pelo responsável pelo projeto o uso de furos alargados ou alongados.
3.5.1 Espaçamento Mínimo entre Furos
A distância entre centros de furos padrão, alargados ou alongados, não pode ser
inferior a “2,7d”, de preferência “3d”, sendo “d” o diâmetro nominal do parafuso ou barra
rosqueada. Além deste requisito, a distância livre entre as bordas de dois furos
consecutivos não pode ser inferior a “d”.
3.5.2 Distância Mínima de um Furo às Bordas
A distância do centro de um furo padrão a qualquer borda de uma parte ligada não
pode ser inferior ao valor indicado na tabela 2 (NB-14, Tab. 18).
Tabela 2 – Distância mínima do centro de um furo padrão à borda
Diâmetro “d” Borda cortada com serra ou Borda laminada ou cortada
ASTM ISO tesoura (mm) a maçarico (mm)
M12 21 18
1/2” 22 19
5/8” M16 29 22
3/4” 32 26
M20 35 27
7/8” M22 38 29
M24 42 31
1” 44 32
1 1/8” M27 50 38
M30 53 39
1 1/4” 57 41
M33 58 42
> 1 1/4” > M33 1,75d 1,25d

3.5.3 Distância Máxima às Bordas


Para qualquer borda de uma parte ligada, à distância do centro do parafuso (ou barra
rosqueada) mais próximo até essa borda não pode exceder 12 vezes a espessura da parte
ligada considerada, nem 150 mm.

Prof. Juan W. Moore E. 40


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

EXERCÍCIOS:

1. Para a chapa (MR 250 / ABNT), calcular a espessura necessária quando sujeita a um
esforço axial de 100 kN (Fig. 1), sabendo que a chapa apresenta uma largura de 10 cm.
(a) fazer o dimensionamento no
estado limite; (b) considerando que
a tensão admissível é 60% da
10 cm.
tensão de escoamento, qual a
100 kN 100 kN
espessura da chapa.
Fig. 1

Solução:

a) Considerando P como sendo uma carga variável o esforço de cálculo (solicitação):

Sd ≤ N r Nr = Φ t x A g x f y (Φ t = 0,90)

Sd = γq x Q

Nr 150 x 10 3
Sd = 1,5 x 100 Ag = =
Φ t . fy 0,90 . 250

Sd = 150 kN Ag = 666,67 mm2

Área Bruta:
666,67
Ag = l x t t= t = 6,67 mm
100

b)
σTADM = 0,6 . fy

σ TADM = 0,6 x 250

σ TADM = 150 MPa σ ADM ≥ σSERV

100 x 10 3
150 ≥
A

A ≥ 666,67 mm2 t ≥ 6,67 mm

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

2. Para a emenda abaixo (Fig. 2), determinar a área líquida da chapa.

4 parafusos com φ = 25,4 mm.

45

50

55 N

45

[ mm ]
60 40 # 12 mm

Fig. 2
Solução:

Devemos obter a superfície de ruptura analisando as possíveis linhas de ruptura,


onde será determinada uma largura útil para cada uma delas.

bn = b - ∑d f +
∑S 2

4g

bf = φ + 2 + 1,5

bf = 28,9 mm

Análise das linhas de ruptura:

LR1 :
bn = 195 – 2 × 28,9 + 0 = 137,2 mm

LR2 :
60 2 60 2
bn = 195 – 3 × 28,9 + + = 171,56 mm
4 × 50 4 × 55
LR3 :
40 2 60 2
bn = 195 – 3 × 28,9 + + = 132,66 mm
4 × 50 4 × 55
LR4 :
60 2
bn = 195 – 2 × 28,9 + = 155,2 mm
4 × 50
Logo:
bn = 132,66 mm
An = b n × t
An = 15,92 cm²

Prof. Juan W. Moore E. 42


Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

3. Duas chapas de 7/8“ x 30 cm (Fig. 3), são emendadas por transpasse, com 8 parafusos
com l = 16 mm. Verificar se as dimensões das chapas são satisfatórias, admitindo-se aço
A-36.

300 kN 300 kN

# 7/8 "

Solução: Fig. 3

• Área bruta:

Ag = 30 + 2,22 = 66,68 cm²

Ag = 6668 mm²

• Área líquida:

An = [ 30 – 4 (16 + 2 + 1,5)] x 2,22

An = 49,22 cm² ⇒ 4922 mm²


Se:
Sd ≤ Nr

Sd = γ x Q

Sd = 1,5 x 300

S d = 450 KN

Esforços resistentes de cálculo

Ag:

Nr = 0,9 x 6668 x 250 Os esforços resistentes de


cálculo são muito superiores
Nr = 1500KN aos de Sd.

An:

Nr = 0,75 x 4928 x 400

Nr = 1478,4 KN

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

4. Seja a cantoneira indicada ASTM A-36, determinar a resistência de cálculo do


elemento.
20 Parafusos com φ = 20 mm.
50

90

[ mm ]
70

63 37 '
50 50 50 50 50

Fig. 4
Solução :

Largura bruta pode ser calculada por:

b = 200 + 100 – 20

b = 290 mm

Logo:

Ag = 29,0 x 2,0

Ag = 58,0 cm²

Para o estudo da linha (superfície) de ruptura, faz-se o rebatimento de uma


das fases, tornando a cantoneira plana.

Análise das linhas de ruptura: 1,2,3 e 4.


s2
bn = b - ∑ bf + ∑ 4g

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

bf = 20 + 2 + 1,5

bf = 235 mm = 2,35 cm
LR1 :

bn1 = 29,0 – 2 (2,35) + 0 = 24,3 cm


LR2 :
bn2 = 29,0 – 3 (2,35) +  5,0 + 5,0 
2 2

 4 × 9,0 4 × 11,3 

bn2 = 23,19 cm
LR3 :
bn3 = 29,0 – 3 (2,35) +  5,0 + 5,0 
2 2

 4 × 9,0 4 × 11,3 

bn3 = 23,19 cm
LR4 :
bn4 = 29,0 – 2 ( 2,35) +  5,0 
2

 4 × 9,0 

bn4 = 24,99 cm

Área líquida:
Ag = 56,0 cm²
An = 46,38 cm²

Área líquida efetiva: (Ct = 1,0)


Ae = C t x An
Ae = 46,38 cm²

A-36 ⇒ fy = 250 Mpa, f u = 400 MPa.

Cálculo no Estado Limite de Escoamento (ELP)


Nr = 0,9 x A g x f y
Nr = 0,9 x 5600 x 250
Nr = 1260 KN

Cálculo no Estado Limite de Ruptura (ELR)


Nr = 0,75 x A g x f u
Nr = 0,75 x 4638 x 400
Nr = 1391,4 KN

Conclui-se que a resistência de cálculo dá-se pelo escoamento da seção.

Nr = 1260 KN

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Cap. 3 - Peças Tracionadas Estruturas V

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

5. Na treliça abaixo, A C D
dimensione a barra AB Q

para o aço A-36. Para


as cargas P e Q que
0,8 m.

são: E F

P = 200 kN (GV);
B

Q = 20 kN (vento). P

P = 230 kN. 1,5 m. 1,5 m.

Nó B

50

50
35
35
35
35

φ = 13 mm.

Fig. 5

6. Na treliça da figura 6 a carga P é de 126 kN o aço usado na sua construção é o MR 250.


Pede-se dimensionar:
a) As diagonais, usando cantoneiras duplas de abas iguais. Os parafusos da ligação têm
diâmetro igual a Φ = 3/4";
b) A corda inferior, usando perfis C duplos. A ligação da corda inferior à chapa de nó é
feita por meio de solda.

P/2 P P P P P P/2

Detalhe do Nó

Fig. 6

Prof. Juan W. Moore E. 46


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Capítulo 4
Peças Comprimidas
4.1 ESFORÇO DE COMPRESSÃO
Os elementos estruturais sob carga de compressão podem ser caracterizados
basicamente em colunas (em diferente configuração) e barras de treliça.
As colunas são elementos cuja finalidade é levar os carregamentos neles aplicados
às fundações (elemento de apoio). Sob o ponto de vista estrutural, as colunas podem ser
divididos em: principais, que suportam maior parcela de das cargas, e secundárias, que
suportam menor parcela de carga (colunas de tapamento).
Basicamente, cada coluna é composta de três partes principais: fuste, que é o
elemento portante básico da coluna; ponto de ligação, que serve de apoio para outras partes
da estrutura e a base, que têm por finalidade distribuir as cargas nas fundações, além de
fixá-la. Com relação à fixação das bases, as colunas se subdividem em rotuladas e
engastadas.
As colunas podem ser sujeitas a esforços de compressão; compressão com flexão;
tração com flexão (caso de pendurais e o caso de algumas colunas, quando solicitadas ao
peso próprio mais vento). Nas colunas sujeitas a cargas de compressão, podemos dividi-las
em compressão centrada, em que as cargas estão aplicadas diretamente no centro da seção
da coluna (Fig. 1a) ou de forma simétrica em relação ao eixo do fuste (Fig. 1b e 1c) e
compressão excêntrica, em que as cargas estão aplicadas fora do eixo longitudinal (C.G. em
relação à seção transversal – Fig. 1d e 1e).

N N
N

(a) (b)
N

N N N

(c) (d) (e)


Fig. 1

Prof. Juan W. Moore E. 47


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Nos dois casos também pode ocorrer a flexão simultânea, típica de colunas de galpões
industriais (Fig. 2).

Fig. 2 – Colunas submetidas à compressão por flexão

4.2. CONCEITO DE FLAMBAGEM ELÁSTICA E INELÁSTICA


4.2.1 Esforço de Compressão
O dimensionamento de peças submetidas a esforços de tração ou compressão, se
faz utilizando-se a tensão normal média, obtida da relação:

F
s=
A

Sabemos que quando um elemento submetido a esforço de tração a sua configuração


tende a ser retificada, reduzindo o efeito de curvaturas iniciais que por algum motivo
existiam. Os esforços de compressão, ao contrário tendem a aumentar os efeitos de
curvaturas iniciais e, acima de um certo valor provocam deslocamentos laterais visíveis;
diz-se então que o elemento apresenta flambagem, que é a instabilidade provocada pelo
esforço de compressão.
4.2.2 Comportamentos de Peças pela aplicação de Cargas de Compressão - Segundo a
Teoria de Euler (Flambagem Elástica, Material Elástico-Linear)
Uma peça comprimida pode chegar ao estado limite de ruína por esmagamento,
quando as tensões atingem valores limites de ruptura, ou por instabilidade geométrica
(flambagem) sem que as tensões cheguem necessariamente aos valores de ruptura.
A ruína por esmagamento se dá em peças em que o comprimento é pequeno quando
comparado às dimensões transversais e, neste caso, os estado limites podem ser
determinados da mesma forma que para peças tracionadas, ou seja, estado limite de
plastificação para a área bruta da seção transversal e estado limite de ruína da área líquida
efetiva.
Conforme visto na RII (Cap. VI – Item 6.3), a análise da fórmula de Euler sob a
forma da tensão crítica mostra que o numerador é constante para peças comprimidas de
mesmo material. Então, a tensão crítica de flambagem depende apenas do índice de
esbeltez (λ). Quanto mais esbelta a peça, menor será a carga de compressão que ela
suporta (carga crítica).
π 2 .E le
fcr = onde: ? =
(? )2 r

48 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Exemplo:
Sejam duas barras comprimidas, uma
tubular com seção transversal S = 7,07

50 mm.
40 mm.

30 mm.
cm2 e outra redonda maciça com a
mesma área e feitas do mesmo material,
ambas com comprimento de 1 m.
rotuladas nas extremidades, calcular as
Fig. 3
resistências teóricas de Euler (Fig. 3).
4.3 COMPRIMENTOS EFETIVOS DE FLAMBAGEM
A fórmula de Euler está deduzida para hastes com duas extremidades rotuladas,
mas pode ser aplicada para outros casos de vinculação.
Conforme NB-14 (Anexo H – Fig. 16) estabelece valores para o parâmetro “K”
(Tabela 1) que corrige o comprimento da barra em função do tipo de vinculação, permitindo
assim o cálculo do índice de esbeltez.

Tabela 1 – Valores de “K” (casos ideais de comprimentos de flambagem)

A Linha Tracejada
Indica o Eixo da Barra Original.
A Linha Contínua Indica a Linha
Elástica de Flambagem

(a) (b) (c) (d) ( e ) ( f )

Valores Teóricos de (k) 0,50 0,70 1,00 1,00 2,00 2,00


Valores Recomendados para o
0,65 0,80 1,20 1,00 2,10 2,00
Dimensionamento

Rotação e translação impedidas

Rotação livre e translação impedida


Código para a Condição
de Apoio
Rotação impedida e translação livre

Rotação e translação livres

Para o caso de treliças, estas condições de vinculação não são ideais e para tanto a
NB 14 (Anexo G – Tab. 17) apresenta valores do coeficiente “k”, determinados a partir de
uma análise de flambagem elástica para cada tipo de barra. Estes valores apresentados na
Tab. 2.

Prof. Juan W. Moore E. 49


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Tabela 2 - Parâmetro de flambagem K para barras de treliça


Caso Elemento considerado K

1 Corda 1,0
Flambagem no plano da treliça

2 Diagonal extrema 1,0

3 Montante ou diagonal 1,0

Diagonal comprimida ligada


4 no centro a uma diagonal 0,5
tracionada de mesma seção

Corda com todos os nós


5 contidos fora do plano da 1,0
treliça

Cordas contínuas onde


Flambagem fora do plano da treliça

somente A e B são contidos F2


6 0,75 + 0,25
fora do plano F1
(F1 > F2 )

7 Montante ou diagonal 1,0

Diagonal comprimida
Ft
contínua, ligada no centro a 1,0 − 0,75 ≥ 0,
8 Fc
uma diagonal tracionada de
mesma seção

Montante contínuo de treliça F2


9 em K 0,75 + 0,25
(F1 > F2 )
F1

50 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Para colunas de pórticos cuja estabilidade lateral depende da rigidez à flexão das
vigas e dos pilares, o parâmetro de flambagem “k”, segundo a NB 14 (Anexo I), deve ser
determinado por uma análise estrutural e não deve ser menor que 1,0.
O valor de “k” é obtido pela reta que une os valores de GA e GB, onde:
IC
∑  
l C 
GA = A
IV
∑ 
A

lV 
Onde:
IC e l C são os momentos de inércia e os comprimentos das colunas que chegam no nó
“A”. IV e l V são os momentos de inércia e os comprimentos das vigas que chegam no nó “A”.
o somatório é feito para todas as vigas e colunas rigidamente ligadas à colunas em análise.
O cálculo de GB é análogo ao de GA apenas referido à extremidade “B” da coluna em
análise.
4.4 LIMITES DO ÍNDICE DE ESBELTEZ (Estado Limite de Utilização)
Para evitar a introdução de esforços não contabilizados no cálculo corrente,
provocados pelo fenômeno da vibração nas barras comprimidas, a NB 14 (item 5.3.5)
estabelece como limite para o índice de esbeltez (λ) o valor de 200, independente o tipo de
barra.
4.5 FLAMBAGEM LOCAL
Em peças de aço com paredes finas, onde a espessura é muito pequena diante da
largura, pode ocorrer instabilidade localizada, antes da flambagem global da peça,
denominada flambagem local. Esta instabilidade se caracteriza pelo colapso das paredes
sob tensões inferiores às tensões de escoamento do aço.
Para quantificar a flambagem local a NB-14 (item 5.3.4.2) apresenta um coeficiente
“Q” (minorador da resistência ), onde Q = 1, para seções cujos elementos têm relação “b/t”
iguais ou inferiores às dadas na Tabela 1 (NB-14), para seções classe 3, solicitadas por
força normal, abaixo dos quais não existe flambagem local.
Para perfis onde a relação “b/t” não cumpre a condição de norma, têm-se Q < 1 (ver
NB-14 / Anexo E).
4.6 RESISTÊNCIA DE CÁLCULO SEGUNDO A NB-14
A resistência de cálculo de uma barra comprimida é obtida pela redução da
resistência nominal da peça pela introdução de um coeficiente de segurança (minorador) φ c,
através da equação:

Nr = φ c . N n ⇒ φ c = 0,90

O coeficiente minorador da resistência é introduzido para reduzir a possibilidade de


ocorrer uma peça de resistência menor do que a teórica, ou nominal.
A resistência nominal de uma barra de aço submetida a compressão é dada por:

Nn = ρ . Q . N y Nn = ρ . Q . A g . f y

Prof. Juan W. Moore E. 51


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Tabela 3 – Ábacos para a determinação dos Coeficientes GA e GB para estruturas


indeslocáveis e deslocáveis.

52 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Valores aproximados de “ρ” são dados pelas fórmulas a seguir mais precisos estão
indicados na Tab. 4 e na Fig. 4 (NB-14).

ρ = 1,0 0 ≤ λ ≤ 0,2

1
? = ß− ß2 − λ > 0,2
( λ )2

β =
1
[
2 .( λ ) 2
1+ α ( λ ) 2 − 0,04 + ( λ ) 2 ]
1 k.l Q . fy
? = . .
p r E

Os valores aproximados de “α” variam de acordo com os tipos de seção e eixos de


flambagem, de acordo com a Tab. 3, sendo:

Tipo de Curva α

a 0,158
b 0,281
c 0,384
d 0,572

O valor de “ρ” pode ser obtido alternativamente na NB 14 (Figura 4 ou pelas Tabelas


4 para todas as curvas).
Sendo o comprimento efetivo para cada tipo de vinculação da equação anterior,
obtêm-se:

λ Q . fy
λ = .
p E
Como o coeficiente Q sendo:

 = 1, para seções classe 1, 2 e 3


Q → 
 = Q a . Q s (conforme item 3.4.5

4.7 VALORES LIMITES DA RELAÇÃO LARGURA/ESPESSURA


Para seções cujos elementos que o compõem tenham relações b/t iguais ou
inferiores às dadas na Tabela 1 – NB 14 (correspondentes às seções compactas) o valor Q
= 1, caso contrário os elementos poderão sofrer flambagem no regime elástico e o
coeficiente será dado por:

Q = Q s x Qa
onde:
Qs e Qa são coeficientes que levam em conta a flambagem local de elementos não
enrijecidos e enrijecidos respectivamente.

Prof. Juan W. Moore E. 53


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

Definem-se elementos comprimidos não-enrijecidos aqueles que apresentam uma


borda livre paralela à direção da tensão normal de compressão e elementos enrijecidos
aqueles que apresentam duas bordas suportadas lateralmente em toda sua extensão.
4.7.1 Elementos Comprimidos não-enrijecidos (Qs) – Anexo E (E-2)
a) Casos 1, 2 e 8 da tabela 1 (NB 14), chapas ou abas em projeção de cantoneiras ligadas
com elementos comprimidos; mesas de perfis “I”, “H” ou “U”.

p/ E b E
0,55 < ≤ 1, 02
fy t fy

temos:
b fy
Q s = 1, 42 − 0,76 . .
t E

p/ b E
> 1,02
t fy

temos:
0,67 . E
Qs = 2
b 
fy .  
 t

b) Caso 6 da tabela 1 (NB 14), almas de tês.

p/ E b E
0,74 < ≤ 1,02
fy t fy

temos:

b fy
Q s = 1,91 − 1,24 . .
t E

p/ b E
> 1,02
t fy

temos:
0,67 . E
Qs = 2
b 
fy .  
 t

c) Caso 7 da tabela 1 (NB 14), cantoneiras simples ou duplas ligadas de forma


intermitentes.

p/ E b E
0, 44 < ≤ 0,90
fy t fy

temos:

b fy
Q s = 1,34 − 0,77 . .
t E

54 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

p/ b E
> 0,90
t fy

temos:
0,52 . E
Qs = 2
b 
fy .  
t 

Elementos não enrijecidos de perfis “U” e “T” também devem obedecer as seguintes
limitações:
Perfil Fabricação bf /d tf /tw
Laminado ≤ 0,25 ≤ 3,00
U
Soldado ≤ 0,50 ≤ 2,00
Laminado ≥ 0,50 ≥ 1,25
T
Soldado ≥ 0,50 ≥ 1,10

4.7.2 Elementos Comprimidos Enrijecidos (Qa) – Anexo E (E-3.1)


a) seções caixão, quadradas ou retangulares, de espessura uniforme.

797 . t  158 
bef =  1−  ≤b
f  ( )
b . f
t 

b) outros casos.

797 . t  140 
bef =  1−  ≤b
f 

( )
b . f
t 

Onde:
f → tensão de cálculo no elemento enrijecido, em MPa, obtida por aproximações
sucessivas, dividindo-se a força normal de cálculo pela área efetiva A ef.
(NB 14 / Anexo E – 3.2);
Nd
f=
Aef

b → largura rea l de um elemento comprimido enrijecido, conforme (NB 14, item


5.1.2.2.2), na mesma unidade de “t”;
bef → largura efetiva, na mesma unidade de “t”;
t → espessura do elemento enrijecido.
O coeficiente Qa será então:

Aef
Qa =
Ag

Onde:
Aef = Ag − ∑ ( b− b ef
). t

Prof. Juan W. Moore E. 55


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

4.8 PEÇAS COMPOSTAS COMPRIMIDAS


A NB-14 estabelece limitações para as barras compostas comprimidas que estão
apresentadas na Fig 4.

Fig. 4 – Barras compostas comprimidas

Observa-se que a recomendação proposta pela NB-14, quanto ao espaçamento das


chapas de união restringe-se a verificar que o coeficiente de flambagem da peça com um
todo seja maior que o coeficiente de flambagem de cada peça que componha a seção
composta.

56 Prof. Juan W. Moore E.


TRAVEJAMENTO EM ARRANJO SIMPLES TRAVEJAMENTO EM ARRANJO DUPLO OU EM X

E
L2 ≥ b ≥ b2 ≥b
Chapa de extremidade Chapa intermediária Chapa de extremidade

de travejamento
mín. 3

r1 = raio de giração
mínimo do elemento
Cap. 4 - Peças Comprimidas

paraf.

F
0,7
L
r1 3≤

L1
20 L3
0

/r 1
≥60
°

b
b
b

≤1
≥45°

L1

L1 40

N
N

CORTE F-F
CORTE E-E

F
r mín
≤ 6d
≥ 50b
r mín

Soldas
E

L L
L KL L KL
( rmin) ≤ ( r )conjunto ( rmin) ≤ ( r ) conjunto
Para b>380 mm usar

da solda ≥ 3
2
Comprim. total
travejamento simples
c/ cantoneiras ou
travejamento duplo

Prof. Juan W. Moore E.


L ≤2 D s≥b

Fig. 4 – Barras compostas comprimidas


G

H
40
r≥

D
N

N
CORTE G-G

CORTE H-H
H
G

t t t
Estruturas V

57
Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

EXERCÍCIOS:
1. Dimensionar a barra da Fig. 1, o aço é MR 250 e a carga P é de 210 kN. Apresentar cinco
soluções e comparar os resultados. Alternativas:
1a Cantoneira dupla de abas
iguais, formando T;
2a Perfil C padrão americano; P P
a
3 Perfil I padrão americano; .

4a Perfil IP. 3000 mm.

Fig. 1

2. Para a estrutura abaixo determinar a resistência de cálculo da barra de L = 6 m. (Fig.


2)

Perfil W 250x22,3 mm A = 28,9 cm2 rx = 10,09 cm bf = 102 mm

ASTM A 572 Grau 50 Ix = 2939 cm4 ry = 2,06 cm tw = 5,8 mm


Iy = 123 cm4 d = 254 mm tf = 6,9 cm

Travejamento

.
6m

3
x 22,
250
W

Fig. 2

58 Prof. Juan W. Moore E.


Cap. 4 - Peças Comprimidas Estruturas V

3. Seja a barra AB da treliça (Fig. 3) a ser dimensionada em cantoneira de aço A-36. A


barra tem ligações soldadas. São dados os
esforços atuantes na barra: A

• Carga permanente (PV): G = -28,8 kN


• Sobrecarga: Q = -18,2 kN

m
1,8
• Carga devida ao vento: Q = - 7,1 kN.

L=
B L = 1,8 m C
4. Dimensionar os pilares (Fig. 4) usando perfil
HPL de aço MR 250.
Fig. 3

Fig. 4

5. Dimensionar a corda superior e os montantes da tesoura da Fig. 5, usando cantoneira dupla


de abas desiguais, formando um T, em aço AR 345. A carga P é de 168 kN.

Fig. 5

Prof. Juan W. Moore E. 59


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Capítulo 5
Flexão
5.1 INTRODUÇÃO
Os perfis de aço estrutural carregados transversalmente são tipos comuns de
elementos estruturais em edifícios, pontes e outras estruturas. Na maioria dos casos, as
vigas têm as cargas aplicadas no plano da alma, produzindo assim, flexão em torno do eixo
de maior inércia da seção. Em algumas situações, as cargas se aplicam na direção
perpendicular à alma produzindo flexão em torno do eixo de menor inércia da seção
transversal. Em ambos os casos, considera-se a carga passando através do centro de
cisalhamento da seção transversal produzindo, portanto, flexão simples, sem torção, em
relação a qualquer dos eixos ou a ambos simultaneamente.
Quando as cargas não passam pelo centro de cisalhamento da seção é produzido um
momento torçor, o qual ocasiona a torção da viga e com isto, esforços adicionais.
Quando as barras estão sujeitas a ações axiais e de flexão combinadas, a
deformação desta barra pode ter uma influência importante nos momentos internos que
devem ser resistidos. O efeito é particularmente importante se ação axial é de
compressão.
No método dos estados limites, a verificação de uma barra prismática submetida à
flexão simples começa com a identificação dos estados limites que podem ocorrer.

I Simples Duplo I Perfil H

Duplo ou Aberto Duplo ou Fechado Perfil Soldado

Fig. 9 – Perfis mais comuns submetidos a flexão.

Os elementos com seções transversais mais adequadas para a solicitação à flexão


são aqueles com maior inércia no plano da flexão, isto é, com massas mais afastadas do eixo
neutro. É recomendável, portanto, concentrar as massas em duas chapas, um superior e uma
inferior, ligando-as por uma chapa fina. Concluímos assim que as vigas em forma de I são as
mais funcionais, devendo entretanto seu emprego obedecer às limitações de flambagem.

Prof. Juan W. Moore E. 60


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Elementos com muita massa próxima ao eixo neutro, por exemplo, peças maciças de
seção quadrada ou circular, trabalham com menor eficiência na flexão, isto é, para o mesmo
peso da viga, têm menor capacidade de carga, elemento com seções transversais com na
Fig. 1, são mais usuais.

5.2 FLEXÃO ELÁSTICA E PLÁSTICA


Define-se de Resistência dos Materiais, que um elemento reto com, dois eixos de
simetria, submetido a esforço momento fletor dentro do regime elástico, onde, da
existência de um plano horizontal longitudinal que interceptado com os eixos transversais
de simetria, as tensões normais podem ser calculadas pela relação:

M. y
s = ( 5.1 )
I
onde:
σ → tensão normal em qualquer ponto do eixo longitudinal (onde são aplicadas as
cargas);
M → momento fletor em torno de um dos eixos ortogonais ao plano longitudinal que
contém “y”;
y → distância do eixo neutro a um dos pontos da seção transversal onde é referida a
tensão;

σxC
b P

σxC σP
y
P
d
y d

Mz

σxT
σx
T

Fig. 2 – Diagrama de tensões de uma seção retangular na flexão

A Eq. 5.1 fornece a tensão normal em qualquer ponto da seção. Para que nenhuma
fibra ultrapasse o limite elástico do material devem-se estudar as tensões máximas na
seção, as quais ocorrem nas fibras mais afastadas da linha neutra e garantir que elas não
ultrapassem o limite de escoamento característico para cada material.
Para uma viga com seção retangular de altura “d” a tensão na borda é dada por:

M  d
f =s =   ( 5.2 )
b máx I  2

Definindo-se módulo resistente “W” como sendo:


I
W=
d
2
( 5.3 )

Prof. Juan W. Moore E. 61


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

onde: σ
M
f = ( 5.4 )
b W fy

Então, o momento que leva a peça ao limite


elástico (tensão de escoamento) é dado por:
My = W . fy ( 5.5 )
εy ε

Fig. 3 – Diagrama σ x ε
O momento My define o limite de comportamento
elástico do elemento, isto é, qualquer incremento no
valor do momento fletor vai definindo um comportamento não linear (inelástico) na
deformação.
Onde, para momento atuantes de valores iguais ou menores do que My as
deformações são reversíveis, isto é, todas as fibras submetidas a tensões maiores do que o
limite elástico apresentará deformações residuais uma vez cessada a solicitação. Para
momentos atuantes maiores do que My as deformações não desaparecem totalmente após a
descarga (deformações residuais ou permanentes).
O diagrama “Tensão x Deformação” (σ x ε) de um material elasto-plástico ideal (Fig.
3) onde a reta de proporcionalidade termina ao ser atingida a tensão de escoamento e, a
partir daí, transforma-se em uma reta paralela ao eixo das deformações, o que significa
alongamento sob tensão constante.
Na Eq. 5.5, mostra-se que uma seção submetida ao momento My têm atuando em sua
fibra mais solicitada a tensão de escoamento, ou seja, o alongamento dessa fibra é o
alongamento εy. Se, incrementamos a solicitação, as fibras poderão aumentar (alongamento)
ou diminuir (encurtamento), podendo ultrapassar o valor de ε y (Fig. 4), onde as tensões
permanecem constantes no valor de f y, de acordo com o diagrama (σ x ε) da Fig. 3. Diz-se,
então, que a seção está plastificando, pois as deformações das fibras que ultrapassam o

εc

P P

εy RC
y

LN Z
d

RT

b εT fy fy

Seção Transversal
Fig. 4 – Processo de Plastificação da Seção

limite de proporcionalidade são permanentes (ou residuais).


A medida que a deformação aumenta, maior fica o patamar de tensões constantes.
No limite, quando as deformações longitudinais tendem ao infinito, obtém-se um diagrama
de tensões como da Fig. 4d e diz-se que a seção está totalmente plastificada. Toda a

Prof. Juan W. Moore E. 62


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

superfície da seção acima da linha neutra fica comprimida sob tensão constante igual à
tensão de escoamento, cuja resultante para uma seção retangular vale:

A
R = . fy ( 5.6 )
c 2
onde:
A → área da seção transversal onde as resultantes de forças (tração ou
compressão) estão referenciadas.
Analogamente, considerando-se que o comportamento do material a tração seja o
mesmo que a de compressão, a resultante das tensões de tração vale:
A
= . fy
( 5.7 )
R
T 2

O momento resistente é um conjugado definido pela soma dos momentos da


resultante de compressão e da resultante de tração em relação à linha neutra, têm-se:

Mpl(T/C) = RC . z/2 + R T . z/2 ( 5.8 )

onde:
z → braço de alavanca interno da seção em análises da resultante de esforços as
duas zonas (tração e compressão) em relação a linha neutra.
Substituindo os valores de RC e RT, têm-se:

A 
R + Rc =  . f y  .2 ( 5.9 )
c 2 

Sabemos que o momento resultante de compressão em relação à linha neutra, é:


A z
M = . . fy ( 5.10 )
C 2 2
onde:
A/2 → área da seção transversal submetida a tensões de compressão;
A z
= .
( 5.11 )
Q
C 2 2
z/2 = h/4 → distância do C.G. da área comprimida à L.N.
Definindo-se como o produto de uma área pela distância do seu C.G. a um eixo, é
caracterizado a relação de momento estático analogamente a zona tracionada, então:
M = Q C . fy ( 5.12 )
C

M = QT . f y ( 5.13 )
T

Sendo:

M = M C + M T = (Q C + Q T ). fy
pl ( 5.14 )

ou seja,
Z = QC + QT ( 5.15 )

Prof. Juan W. Moore E. 63


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

que significa que o módulo plástico é a soma dos momentos estáticos da seção em relação à
L.N.
EXEMPLO:
Determinar o módulo plástico de uma seção retangular (Fig. 5)
e o momento que provoca a plastificação total da seção.
d

5.3 PLASTIFICAÇÃO DA SEÇÃO E EFEITO DA TENSÃO


RESIDUAL
O aparecimento de tensões residuais é inerente ao processo de
fabricação dos perfis, sejam estes laminados ou perfis soldados. É um
b

fenômeno que ocorre devido ao resfriamento desigual do perfil. Fig. 5

No perfil laminado esquematizado na figura 6, as partes mais expostas esfriam e se


solidificam antes das partes menos
expostas. Quando estas últimas esfriam e
se solidificam, elas se contraem
provocando tensões de compressão nas
partes já solidificadas e como não existe
força externa atuando no perfil, estas são
completamente autoequilibradas.
As tensões residuais irão provocar
somente uma alteração no comportamento
da barra próxima ao escoamento alterando
o diagrama curvatura x momento
resistente.
Assim, o resfriamento desuniforme
das vigas laminadas ou soldadas provoca o
surgimento de tensões residuais que
afetam o comportamento para momentos
próximos ao momento de plastificação.
Fig. 6 – Tensões residuais em perfis laminados
Quando existem tensões residuais o início
da plastificação se dá para um valor menor do que My, pois as tensões residuais antecipam o
escoamento, mas deve-se notar que após a plastificação total o momento resistente da
seção será o mesmo Mpl (Fig. 7).
M
A NBR-8800/86 admite que seja
adotada a tensão residual fr = 115 MPa,
quando não for medida, para perfis M pl= Z . f y

laminados ou soldados. sem efeito de fr


M y= W . f y

Considerando o efeito das tensões M r= W (f y- f r)


com efeito de fr
residuais, a fibra mais solicitada atingirá
o início de escoamento para um momento
inferior a My, pois ela já está submetida a
φ
fr (tensão residual).
Fig. 7
Portanto o início de escoamento da
seção irá ocorrer para um momento:

Prof. Juan W. Moore E. 64


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Mr = W . (fy - fr) ( 5.16 )

5.4 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO RESISTENTE (RESISTÊNCIA A FLEXÃO)


No método dos estados limites, o dimensionamento e/ou verificação de uma viga
consiste em:
ü determinar as solicitações de cálculo;
ü determinar as resistências nominais da viga;
ü garantir que em qualquer situação Sd ≤ Rn .
As resistências nominais serão determinadas a partir da identificação dos estados
limites aplicáveis.
Considerando o início deste capítulo, os estados limites aplicáveis a uma viga
submetida à flexão simples podem ser divididos em estados limites últimos devido à
resistência da seção transversal (escoamento, plastificação ou ruptura por cisalhamento)
ou devido à instabilidade da peça como um todo (flambagem lateral por torção - FLT) ou
dos elementos componentes da viga (flambagem local da alma - FLA ou das mesas - FLM).
Os estados limites últimos devido à resistência somente ocorrerão se os estados
limites devido à instabilidade não ocorrerem.
Desta forma, devemos sempre verificar em primeiro lugar os estados limites
últimos de instabilidade.

O momento resistente de cálculo de uma seção genérica de uma viga é definido pela
relação:
MR = φ b . Mn ( 5.17 )
onde:
φ b → coeficiente minorador da resistência (φ b = 0,90);
Mn → momento resistente nominal, que depende de várias condições, vistas a seguir
para os casos de verificação da flambagem do elementos que compõem o
perfil.

Para as seções e correspondentes eixos de flexão indicados na Tabela 27, Anexo D


da NBR 8800/86 teremos Mn determinado pelo menor dos três valores obtidos
considerando os estados limites FLM, FLA e FLT:

M Pl ; para : λ p ≤ λ 
 
 λ .λp 
M n = M Pl − (MPl − Mr ) . ; para : λ p < λ ≤ λ r  (5.18)
 λr . λ p 
M ; para : λ > λ r 
 cr 

onde:

Mpl = Zx . fy

Mr = Wx . (fy – f r)

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Mcr não é aplicável para FLA.

5.4.1 Flambagem Local dos Elementos (FLA e FLM)

Para efeito de flambagem local, a NBR-8800/86, classifica a seção transversal da


viga de acordo com a relação largura/espessura (b/t) de seus elementos componentes,
sujeitos à compressão uniforme ou não.
Classe 1 – Seções Supercompactas (λ ≤ λ pl) - Seções que permitem que seja atingido o
momento de plastificação e a subseqüente redistribuição de momentos fletores
(portanto adequadas para a análise plástica). São seções que admitem grandes
rotações na região onde ocorre a plastificação.
Classe 2 – Seções Compactas (λ pl < λ ≤ λ p) - Seções que permitem que seja atingido o
momento de plastificação, mas não a redistribuição de momentos fletores. São
seções que embora admitam a plastificação da seção não aceitam grandes
rotações.
Classe 3 – Seções Semicompactas (λ p < λ ≤ λ r) - Seções cujos elementos componentes
não sofrem flambagem local no regime elástico, podendo, entretanto, sofrer
flambagem inelástica. São seções que atingem My sem flambagem local mas não
atingem Mpl, ocorrendo antes, a flambagem inelástica de um de seus elementos.
Classe 4 – Seções Esbeltas (λ > λ r) - Seções cujos elementos componentes podem sofrer
flambagem no regime elástico. São seções que não atingem My, ocorrendo antes,
a flambagem local de um dos seus elementos.
O parâmetro que fornece o limite para a definição destas classes é o índice de
esbeltez (λ = b/t) dos elementos componentes.
Os valores limites de esbeltez dependem das condições de apoio e carregamento das
chapas que compõem os perfis.
Os limites para λp e λr para diversos perfis submetidos à flexão segundo os eixos de
maior ou menor inércia (eixos principais) estão indicados no Anexo D da NBR-8800/86.
Na figura 8, estão ilustrados o comportamento de vigas com seções das classes 1, 2, 3 e
4, contidas lateralmente em todo o comprimento.
As vigas classe 4,
chamadas esbeltas, sofrem M
uma flambagem elástica e
não atingem My.
Mpl
As vigas classe 3,
chamadas semi-compactas, Classe 3
Classe 2
Compactas
Classe 1
Super-Compactas
atingem My mas sofrem My Semi-Compactas
λ p < λ ≤ λr
λpl < λ ≤ λp λ ≤ λpl

flambagem na fase P P
Classe 4
inelástica sem atingir Mpl. Compactas
λr < λ
As vigas classe 2, a a

chamadas compactas, e as
da classe 1, chamadas δ
flecha no meio do vão

Prof. Juan W.Fig. 8 - E.


Moore Ruína por flambagem 66
Cap. 5 - Flexão Estruturas V

supercompactas, atingem Mpl sem que ocorra a flambagem de nenhum dos elementos da
seção transversal.
Como nesta etapa do curso as análises das estruturas ficarão restritas à análise
elástica, as classes 1 e 2 serão tratadas como uma única classe.
Considerando os comportamentos possíveis para as diversas seções e com os limites
estabelecidos para cada classe, onde relacionamos os índices de esbeltez dos elementos da
viga com o modo de flambagem ou o
momento limite. M
Temos, portanto, uma nova Flambagem elástica

curva figura 9 para expressar a


variação do momento limite em M pl
Flambagem inelástica

função de λ.
Na NBR-8800/86 esta curva Mr

foi substituída por uma reta


Mcr

permitindo-se interpolar linearmente


os valores de M para valores de λ 1 e2
3 4
sse sse sse
entre λr e λp. Cla Cla Cla

A equação de Mcr, como λp λr


λ
dissemos, depende das condições de Fig. 9 – Momento de ruína à flexão
apoio e de carregamento das chapas
(mesa ou alma). O valor de λr é obtido igualando-se o valor de Mcr a Mr .
As limitações deste processo são de que as vigas não sejam esbeltas, isto é, λ < λr,
sujeitos à flexão normal simples e com seções e eixos de flexão conforme indicado na
tabela 27 do anexo D. Caso contrário devem ser utilizadas as recomendações do Anexo F.
A outra limitação, de caráter geral é que Mpl ≤ 1.25 W.
Outra limitação a ser considerada refere-se a um perfil U fletido em torno do eixo
de maior inércia. A seção transversal não é simétrica em relação ao plano de carregamento.
Esta assimetria introduz tensões secundárias na plastificação que impede a obtenção de
Mpl da forma descrita anteriormente. Por esta razão este perfil é geralmente classificado
apenas como semi-compacto (classe 3) ou esbelto (classe 4). Segundo a NBR 8800/86,
vigas com seção deste tipo (não simétrica em relação ao plano de carregamento), só podem
ser consideradas compactas se estas tensões secundárias forem levadas em conta na
análise. Sem a simetria em relação ao
plano de carregamento nenhuma viga pode
ser considerada de seção super-compacta.

5.4.2 Flambagem Lateral da Barra por


Flexo-Torção (FLT)
Quando uma barra é sujeita à
flexão, relativamente ao eixo de maior de
inércia, pode ocorrer a flambagem da
barra, caracterizada por deslocamentos
perpendiculares ao plano das cargas. O
modo de flambagem envolve uma flexão
Fig. 10 – Flambagem lateral de viga bi -apoiada
Prof. Juan W. Moore E. 67
Cap. 5 - Flexão Estruturas V

lateral a uma força (Fig. 10), este fenômeno é denominado de flambagem lateral por flexo-
torção (FLT).
A parte superior da viga sofre tensões de compressão variáveis na seção e
constantes ao longo da barra. Podemos considerar então que ela é uma barra sujeita à
compressão e portanto sujeita a flambagem e para a qual podemos calcular uma tensão
crítica de flambagem. Esta tensão crítica depende do comprimento de flambagem e das
condições de apoio.
A seção considerada não flamba em relação ao eixo de maior inércia, pois a viga tem
rigidez suficiente para impedi-la. A flambagem em relação ao eixo de menor inércia não é
livre, pois a parte comprimida da viga está ligada à parte tracionada que impede
parcialmente esta flambagem. Daí ocorre a flambagem lateral com torção da viga.
Segundo a NB-14 alguns critérios são levados em consideração quando trata de
elementos submetidos a solicitação de flexão em vigas I duplamente simétricas. O
momento resistente nominal depende do comprimento da peça sem contenção lateral l b
(comprimento não contraventado), que mudam o comportamento das vigas (NB-14, item
5.4.5.1), têm-se:

Classe Significado Resistência Nominal

1
Seções Super-compactas Mn = Mpl
0 < λ < λpl

2
Seções Compactas Mn = Mpl
λpl < λ < λp

3
Seções Não-compactas Interpolar entre Mr e Mpl
λp < λ < λr

4
Seções Esbeltas Mn = W . fcr
λr < λ

5.4.2.1 Vigas com Contenção Lateral Contínua (sem flambagem lateral)


Vigas com contenção lateral contínua estão isentas de flambagem lateral. Para estes
casos a resistência a flexão é definida pelo limite suportado pela seção transversal da viga.
Nem todas as seções são capazes de desenvolver tensões e deformações tais que
atinjam o estado de plastificação (Mpl), devido ao efeito de flambagem local. Seções de
paredes grossas têm bom desempenho, chegando à plastificação, enquanto que vigas de
paredes finas podem sofrer flambagem local para baixas tensões normais de compressão na
flexão. Para considerar o fenômeno, a NB-14 (item 5.1.2.1- Tab. 2) estabelece quatro
classes de seção, conforme a seguir, com os respectivos momentos nominais.

5.4.2.2 Vigas sem Contenção Lateral Contínua (flambagem lateral)

Uma viga fletida, quando simétrica em torno da sua linha neutra, a seção
comprimida funciona como uma coluna entre dois pontos de apoios sujeita a fenômeno de
flambagem (flamba em seu próprio plano), isto é existe um desalinhamento da parte
comprimida da seção transversal ao plano da solicitação do momento fletor. Como a seção
(mesa) tracionada é estabilizada pelas tensões de tração, ela combate o deslocamento

Prof. Juan W. Moore E. 68


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

lateral da mesa comprimida (comportamento de um tirante), de modo que o fenômeno


provoca uma torção da barra (Fig. 11).
a) deslocamento lateral do flange (mesa) comprimido na viga submetida a momento fletor;

b) seção transversal da viga no meio do vão, mostrando a posição antes da flambagem e após a
flambagem;
c) vista superior do flange (mesa) comprimida, sujeita a tensões de compressão σc.

(a) (b)

σc σc

(c)
Fig. 11 – Desalinhamento da viga provocado pela FLT

As vigas sem contenção lateral contínua podem ser divididas em três categorias, dependendo a
distância entre os pontos de apoio lateral: lb

OBS:

Algumas considerações na decorrência do fenômeno da flambagem lateral, faz com que o


comportamento de uma viga seja comprometido, alguns fatores que influenciam podem ser:

ü Nas vigas curtas, o efeito de flambagem lateral pode ser desprezado. A viga atinge o momento
definido por escoamento ou flambagem local;

ü As vigas intermediárias apresentam ruptura por flambagem lateral inelástica a qual é muito
influenciada por imperfeições geométricas da peça e pelas tensões residuais embutidas durante
processo de fabricação da viga;

ü As vigas longas rompem por flambagem lateral em regime elástico, atingindo o momento crítico
Mcr.

ü Esbeltez transversal da mesa comprimida: quando o momento de inércia da mesa em relação ao


eixo do esforço momento é maior ela terá maior importância no comportamento das vigas, ou
seja maior será a resistência à flambagem lateral. É importante saber que no existirá
flambagem lateral em vigas quando o esforço momento gira em torno do eixo de menor inércia.

ü Comprimento não contraventado: fazendo a analogia das barras comprimidas, para que haja
flambagem lateral é necessário que a mesa possa deslocar transversalmente e girar em torno do
seu eixo longitudinal. Peças com contraventamento contínuo não estão sujeitas a flambagem
lateral, como é o caso das vigas que suportam lajes de concreto.

ü Rigidez a torção de seção: seções com grande rigidez à torção têm, bom comportamento quanto
a flambagem lateral.

Prof. Juan W. Moore E. 69


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

y
EXERCÍCIOS:

1. Determinar a resistência de cálculo de uma viga sujeita tf

a solicitação de esforço momento fletor do perfil W


250x25,3 ao lado (Fig. 1), feito em Aço A-36, não
d x
sujeito ao efeito de flambagem lateral.
tw

2. Determinar a resistência de cálculo a momento fletor


do perfil U 203x5,59 mm, em aço AR-345,:
b
d = 203 mm tw = 5,59 mm b = 57,4 mm

y Fig. 1

tf = 9,91 mm Wx = 133 cm3


tf

3. Para o perfil coluna soldada abaixo (Fig. 3), feita em aço


MR-250, sem efeito de flambagem lateral, determine a
d x resistência de cálculo quando submetida a solicitação
de momento fletor. Propriedades geométricas do perfil
tw CS 250x52 kg/m:

d = 250 mm tw = 8,00 mm b = 250ymm

b tf = 9,50 mm Wx = 615,5 cm3


Fig. 2 tf

4. Determinar a resistência de cálculo ao momento fletor de


d x
um perfil I 203x6,9 mm, aço MR-250, com
contraventamentos laterais espaçados de: (a) 0,90 cm; (b) tw

4,00 m; e (c) 6,00 m. Considerar que o momento fletor é


constante no trecho entre contraventamentos transversais.
Dados do Perfil I 203x6,9 mm (Fig. 1)
b

Fig. 3
d = 203 mm tw = 6,9 mm b = 101,6 mm
tf = 10,79 mm Ix = 2400 cm4 Wx = 236 cm3

5. Considere o exemplo anterior para o aço ASTM A-572 grau 50 e compare os


resultados.

Prof. Juan W. Moore E. 70


Cap. 5 - Flexão Estruturas V

5.5 ESFORÇO CORTANTE DE BARRAS FLETIDAS


De acordo com a resistência dos materiais, a tensão de cisalhamento que ocorre
em um ponto P da seção transversal (Fig. 12) de uma barra é dada por:
t
V. Q
fV = ( 5.19 )
I. t
onde:
V → força cortante da seção analisada;
P
LN
τmáx
Q → momento estático, com relação ao
eixo neutro, de seção analisada em
relação ao ponto P e paralela à
linha neutra;
I → momento de inércia da seção Fig. 12
transversal, com relação ao eixo
neutro;
t → largura da seção transversal analisada, em relação ao ponto P.
O diagrama de esforço cortante apresenta duas particularidades para barras
caracterizadas pela simetria em torno dos seus eixos, seções (perfis I duplamente
simétricos, perfis C) tais como:
ü Variação brusca da tensão de cisalhamento na transição da mesa para a alma, ou
variação brusca das larguras das seções transversais da mesa e da alma;
ü Pequenos valores de tensão de cisalhamento na mesa.
Segundo a NB-14, devido a pouca variação de tensões de cisalhamento como
apresentado na resistência dos materiais, ela substitui por um diagrama constante,
correspondente à tensão média de cisalhamento na alma e, conseqüentemente, define a
tensão de cisalhamento pela relação:

V
f Vméd = ( 5.20 )
AW
onde:
Aw → área da alma do perfil (NB-14, item 5.1.1.4)

5.5.1 Resistência de Cálculo (VR):

Para barras fletidas cuja seção transversal possui um ou dois eixos de simetria,
onde os esforços cortantes agem em um dos planos de simetria ou num plano ortogonal de
simetria e que passa pelo centro de cisalhamento, a NB-14 define para a determinação da
resistência de cálculo quando solicitada ao esforço cortante a seguinte relação:

VR = φ R . Vn ( 5.21 )
onde:
φ R → coeficiente de minoração (φR = 0,90);
Vn → resistência nominal ao esforço cortante.

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

A relação acima é aplicável para barra fletidas, prismáticas, com seção transversal:
ü perfis I, H duplamente simétricos;
ü perfis U;
ü perfis caixão.
Os valores da resistência nominais para os perfis acima referenciados são
determinados segundo os seguintes casos (NB-14, item 5.5.2):

λ ≤ λp Vn = V pl ( 5.22 )

?p
λp < λ ≤ λ r Vn = Vpl ( 5.23 )
?
2
? p 
λr < λ Vn = 1,28   Vpl
 ( 5.24 )
? 
onde:
h k .E k .E
?= ? p =1,08 ? r = 1,40
tw fy fy

5,34
k= 4 +
(a h )
2 para a/h < 1 (Fig. 13)

4
k = 5,34 +
(a h ) 2
para a/h ≥ 1

k = 5,34 para a/h > 3

para:
Vpl = 0,6 Aw . f y (análise elástica);
Vpl = 0,55 Aw . f y (análise plástica);

onde:
a → distância entre enrijecedores transversais;
h → altura livre da alma entre mesas;
tw → espessura da alma.
OBS:
Os enrijecedores transversais de cisalhamento devem obedecer às quatro condições
a a y

tf
tw
d h x

bf
Fig. 13 – Arranjo dos Enrijecedores Transversais de Cisalhamento

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

seguintes (NB-14, item 5.5.2 – Notas)

1a Condição:
Os enrijecedores transversais devem ser soldados à alma e às mesas do perfil,
podendo, entretanto, do lado da mesa tracionada, ser interrompidos de forma que a
distância “x” entre os pontos mais próximos das soldas mesa/alma e enrijecedores/alma
fique entre:
4 tw ≤ X ≤ 6 tw
2a Condição:
Quando h ≥ 260 deverá atender simultaneamente à:
tw
2
 
a
≤3 a  260 
≤ 
h h h 
 tw 
3a Condição:
As relações largura/espessura dos elementos que formam os enrijecedores não
podem ultrapassar os valores “l/b” dados na Tab. 1, para seções Classe 3 sujeitas à força
normal (compressão).
4a Condição:
O momento de inércia da seção de um enrijecedor (simples ou aos pares), com
relação ao eixo no plano médio da alma não poderá ser inferior a:
4
 h 
 
 50 

A norma NB-14 considera que as tensões são distribuídas uniformemente nas


seções por razões de simplificação dos cálculos, por isso a resistência de cálculo da seção é
dada pela relação do produto da área líquida
y
efetiva de cisalhamento (A w) pela tensão crítica de
cisalhamento (0,55 fy a 0,60 f y)
A área líquida efetiva de cisalhamento (Aw)
tf
é calculada segundo o tipo da seção: tw
a) almas de perfis laminados I, H e U (Fig. 13):
d h tw
Aw = d . t w

b) almas de perfis soldados I e H (Fig. 13): x


Aw = h . t w

c) almas simétricas do perfis caixão (Fig. 14): bf


Fig. 14
Aw = 2h . tw

d) perfis de seção cheia, quadrados e retangulares:

Aw = 0,67 . A g

e) perfis de seção cheia circular:

Aw = 0,75 . A g

f) perfis tubulares de seção circular:

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Aw = 0,50 . A g

g) almas de perfis I, H e U quando existirem dois recortes de encaixe nas ligações de


extremidade de vigas (Fig. 15):

Aw = 0,67 . d o . tw

EXERCÍCIO:
6. Determinar a resistência de cálculo ao esforço cortante de uma viga composta de um
perfil I 457x11,7 mm, aço A-36 sabendo-se que não possui enriquecedores fora dos
apoios e que o vão da viga possui l = 6 m. Dados do perfil:
d = 457 mm. tw = 11,7 mm. b = 152,4 mm. tf = 17,55 mm.

h d
do tw

bf

Fig. 15

5.6 DEFORMAÇÕES NA FLEXÃO


Existem vários processos para a determinação de deformações em estruturas. Para
as estruturas de alma cheia, podem ser citados:
ü Processo da linha elástica;
ü Processo da analogia de Mohr;
ü Processo da carga unitária;
ü Processo aproximado.

5.6.1 Processo Aproximado


O processo é válido para vigas bi-apoiadas, cujos carregamentos sejam equivalentes
a:
a) uma carga concentrada no meio vão;
b) carga uniforme em todo o vão;
c) momentos negativos no apoios.

Pode-se então, utilizar este processo também para determinar deformações em vão
internos de vigas contínuas, com carregamento acima descrito. Para facilitar as
verificações de flecha, a seguir mostram-se alguns casos comuns de vigas com seus
respectivos carregamentos e o cálculo das flechas máximas:

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

5.6.1.1 Viga bi-apoiada com carga concentrada no meio do vão:


A deformação máxima para este
carregamento, vale: P

P .L3
y máx = ( 5.25 )
L.

48 E.I Fig. 15

5.6.1.2 Viga bi-apoiada com duas cargas concentradas, simétricas em relação ao


meio do vão:
P P
P. a  3 2 2
ymáx =  L −a  ( 5.26 )
6 E .I  4 
a a.
.

L
.

Fig. 16

5.6.1.3 Viga engastada com carga concentrada na extremidade livre:


P
P .L 3
y máx = ( 5.27 )
3 E. I
L
Fig. 17

5.6.1.4 Viga bi-apoiada com carga distribuída uniforme:

W
5 q.L4
y máx = ( 5.28 )
384 E .I

Fig. 18

5.6.1.5 Viga engastada e apoiada com carga concentrada no meio do vão:

P
1 P .L 3
y máx = ( 5.29 )
5 48 E.I
L

Fig. 19
5.6.1.6 Viga engastada e apoiada com carga
uniformemente distribuída:

W .L4
y máx = ( 5.30 )
185 E.I

Fig. 20
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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Na verificação dos Estados Limites Últimos de Ruína a Estabilidade Estática,


devemos garantir uma adequada utilização da estruturas com a limitação das deformações
a valores aceitáveis, ou seja, atender à verificação dos Estados Limites de Utilização.
A NB-14 define limites para deformações no Anexo C, observando-se que os limites
podem ser alterados em função do tipo de ocupação do edifício. Podem ser ultrapassados
em construções temporárias e para locais sensíveis a deformações, tais como laboratórios,
salas de cirurgia, etc., devem ser reduzidos.
A tabela mostra que os limites de deformações recomendados com as ações a
considerar para seu cálculo. Como as deformações são no Estado Limite de Deformações,
devem ser calculadas com os valores nominais das cargas, ou seja, sem coeficientes de
ponderação (segurança).
A NB-14 define que o valor tolerável para edifícios industriais pode ser diferente
do tabelado. Para casos de força de usinas de geração de eletricidade e aciarias é comum
haver limitação das deformações para atender às especificações de fabricantes de
equipamentos como pontes rolantes, elevadores, etc.

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

Valores Máximos Recomendados para Deformações NB-14 (Anexo C)

Direção de Ações a Considerar Elemento ou Conjunto Estrutural ymáx


ymáx

Sobrecarga Barras bi -apoiadas suportando elementos vão


240
inelásticos de cobertura

Sobrecarga Barra bi -apoiadas suportando elementos vão

elásticos de cobertura 180

Sobrecarga Barras bi -apoiadas suportando pisos vão


360
Vertical
Edifícios Industriais

Cargas Máximas por Vigas bi -apoiadas de rolamento para pontes


vão
roda (sem impacto) rolantes com capacidade 800
≥ 200 kN

Cargas Máximas por Vigas bi -apoiadas de rolamento para pontes


roda (sem impacto) rolantes com capacidade vão
600
< 200 kN

Força Transversal da Vigas bi -apoiadas de rolamento para pontes vão


Ponte rolantes 600

Horizontal Força Transversal da Deslocamento horizontal do pilar, relativo à base


Ponte ou Vento (ver nota b – Anexo C) h
a
h
400 200
h = altura do pilar

Sobrecarga Barras bi -apoiadas de pisos e coberturas,


suportando construções e acabamentos sujeitos vão
360
Vertical à fissuração

Sobrecarga Idem, não sujeitos à fissuração vão


300

Vento Deslocamentos horizontal do edifício, relativo à


base, devido a todos os efeitos h
Outros Edifícios

400
h = altura do edifício

Vento Deslocamento horizontal relativo entre dois


pisos consecutivos, devido à força horizontal
total no andar entre os dois pisos considerados,
Horizontal
quando fachadas e divisórias (ou suas ligações h
500
com a estrutura) não absorverem as
deformações da estrutura
h = altura do andar

Vento Idem, quando absorverem h


400
h = altura do andar

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

EXERCÍCIOS:
7. Dimensionar as vigas de piso (Fig. 1) para o aço MR-250, de um edifício cujas cargas
são:

a) Cargas permanentes de grande variabilidade: b) Sobrecarga: 2,5 kN/m2


ü laje (25 x 0,08): 2,0 kN/m2 .
ü piso e forro: 0,8 kN/m2
ü divisórias: 0,5 kN/m2
ü Peso próprio + Revestimento: 1,2 kN/m2

A
Viga 1

2,5 m
Viga 1
Viga 2

Viga 2

Viga 2
2,5 m
Viga 1

2,5 m
Viga 1

A
5,0 m 5,0 m

Laje (8 cm.)

Viga 1
Viga 2

Corte A-A
Pilar

Fig. 1

8. Determinar a sobrecarga de cálculo de uma viga de vão 4 m. bi-apoiada do tipo VS


300x50,9 kg/m, aço MR-250, sabendo-se que não é contida lateralmente fora dos
apoios e que a carga é uniformemente distribuída.
Dados da Viga:

d = 300 mm tw = 9,5 mm b = 150 mm

tf = 16 mm Ix = 10700 cm4 Z x = 795 cm3


Wx = 713 cm3 rt = 4,1 cm ry = 3,73 cm

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

5.7 FLEXÃO COMPOSTA


Segundo a NB-14, para o caso de flexão reta composta para perfis com dois eixos
de simetria, mantém a restrição de que somente os perfis não esbeltos devam estar
submetidos à flexão composta.
Quando submetida a esta solicitação ela define duas equações de interação, sendo
que ambas devem ser atendidas. Valem as limitações definidas para flexão isenta de
flambagem lateral ou o contrário, conforme o caso.

5.7.1 Equações de Interação


1a Equação de Interação (Sem Instabilidade)
Consideração a combinação (interação) de esforços normal (tração ou compressão) e
momento fletor, não levando em conta a instabilidade do elemento.

Nd M dx Mdy
+ + ≤1 ( 5.31 )
φ . Nn φ b . Mnx φb . Mny
onde:
Nd → força normal (tração ou compressão), constante ao longo do elemento;
Mdx, Mdy → momentos fletores de cálculo na seção analisada, em torno dos eixos de
simetria;
φ.Nn → resistência de cálculo para carregamento axial, podendo ser calculada da
seguinte maneira:
ü para barras tracionadas, segundo as Eqs. do Cap. III (Barras
Tracionadas) para o ELP e ELR.
ü para barras comprimidas, segundo a Eq. do Cap. IV (Barras Comprimidas
– Item 4.3), onde ρ = 1,0 quando não se considera a flambagem por
flexão, logo:

Nd = 0,9 . Q . N y

φ b.Mnx, φ b.Mny → resistência de cálculo a flexão, em torno dos eixos de simetria,


segundo os casos decorrentes da verificação por flambagem local da
alma (FLA), quando a força normal é de compressão para perfis I ou
H (flexão em torno do eixo de maior inércia) e caixão. – NB-14 -
Item 5.6.1.3.1

Ny = A . f y

2a Equação de Interação (Com Instabilidade)


Considera-se a combinação (interação) de esforços normal (compressão) e momento
fletor, levando em conta a instabilidade (flambagem) do elemento.

Nd C mx . Mdx C mx . Mdy
+ + ≤1
φc . Nn  Nd   N  ( 5.32 )
 1 − φ b . Mnx  1 − d  φb . Mny
 0,73 . Nex   0,73 .N 
 ey 

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Cap. 5 - Flexão Estruturas V

onde:
Nd, Mdx, Mdy , φ b.Mnx, φ b.Mny → são definidos igual à Eq. da 1 a Interação;
Cmx e C my → parâmetro fixado conforme um dos três casos (NB-14, Item 5.6.1.3.2)

5.7.2 Critérios de Verificação


• Flexão Composta com Força Normal de Tração: Os perfis são adequados quando
apenas a Eq. 5.31 for verificada.
• Flexão Composta com Força Normal de Compressão: Os perfis são adequados quando
são verificadas simultaneamente as Eqs. 5.31 e 5.32. A não verificação das Eqs.
implica na rejeição do perfil.

EXERCÍCIOS:

9. Verificar a coluna da Fig. 1 que é componente da estrutura de um pórtico espacial. Há


uma carga horizontal aplicada ao nível da viga localizada no tipo, a qual têm momento de
inércia muito grande em relação à coluna. A coluna não têm contraventamentos
transversais fora dos apoios. No
sentido ortogonal ao plano do 300 kN
pórtico (da figura) a coluna é 27 kN.m

contida par deslocamentos


horizontais, havendo uma viga com
pequena rigidez à rotação. As cargas
indicadas são de cálculo. O perfil da
coluna é de aço MR-250 laminado, I
DMC
254x7,9 mm 3,6 m.

10. Verificar o perfil IP 270 em aço


MR-250, para a viga da Fig. 2.
Apenas os apoios e o ponto central 27 kN.m

do vão são travados lateralmente. Fig. 1

35 kN/m

210 kN 210 kN

4,00 m

Fig. 2

Prof. Juan W. Moore E. 80


BIBLIOGRAFIA

• DIAS, Luis Andrade de Mattos. “Estruturas de Aço – Conceitos, Técnicas e


Linguagem”. Editora Zigurate. 4a Ed. - 2002
• BELLEI, Ildony H. “Edifícios Industriais em Aço – Projeto e Cálculo”. PINI. 2a
Ed.– 1998.
• CARQUEJA, Moacir. “Apostila de Estruturas Metálicas”. UFSC.
• PFEIL, Walter. PFEIL, Michéle. – “Estruturas de Aço – Dimensionamento
Prático”. Livros Técnicos e Científicos Editora. 6a Ed. – 19995.
• PINHEIRO, Antônio Carlos da F. Bragança. “Estruturas Metálicas – Cálculo,
Detalhes, Exercícios e Projetos”. Editora Edgard Blucher Ltda. 1a Ed. – 2001.
• VASCONCELLOS, Alexandre Luiz. “Elementos da Estruturas Metálicas de Aço”.
Cursos da Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM / SP, 2003.
• NB-14. Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios (Método dos
Estados Limites). Abril de 1986.

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