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DOI: 10.1590/1413-81232014192.

05802013 4 29

ARTIGO ARTICLE
Atenção à saúde dos homens
no âmbito da Estratégia Saúde da Família

Men’s health care in the scope of the Family Health Strategy

Erly Catarina de Moura 1


Wallace dos Santos 1
Alice Cristina Medeiros das Neves 1
Romeu Gomes 2
Eduardo Schwarz 1

Abstract The National Policy of Comprehensive Resumo A Política Nacional de Atenção Integral
Care for Men’s Health created the guidelines for à Saúde do Homem orientou a formulação de es-
the strategies and actions based on comprehen- tratégias e ações fundamentando-se na atenção
sive care, seeking the promotion of health and the integral, com vistas à promoção da saúde e à pre-
prevention of disease duly focused as core issues of venção de agravos, tendo sido focalizadas como ei-
the Family Health Strategy (FHS). This article xos fundamentais na Estratégia Saúde da Família
describes the specificities of men’s health care in (ESF). Este artigo teve por objetivo descrever as
the context of the FHS from the standpoint of the especificidades da atenção à saúde dos homens no
manager, the demands of the men linked to the âmbito da ESF, conforme a visão do gestor, a de-
health units assessed and the practices adopted by manda dos homens adstritos às unidades avalia-
the teams. Men’s health care was evaluated by das e as práticas desenvolvidas pelas equipes. A aten-
interviews with 43 FHS team managers (FHST), ção à saúde do homem foi avaliada por meio de
systematically selected considering the geograph- entrevista a 43 gestores de equipes da ESF (EqSF),
ical region, city size and FHS coverage; and by sorteadas de forma sistemática contemplando as
interviewing 86 adult men of the respective FHS diferentes regiões, porte dos municípios e cobertu-
coverage area. It was seen that the strategy of the ra da ESF; e pela entrevista de 86 homens adultos,
FHST is to address the health-disease process in das respectivas áreas de cobertura da ESF. Obser-
the family and environmental context. However, vou-se que as EqSF têm como estratégia abordar o
in men’s health there are still several gaps, from processo saúde/doença no contexto familiar e am-
the adaptation of the structure of primary health biental, no entanto, no que se refere à saúde do
care through to the motivation and development homem, ainda há lacunas, desde a adequação da
of actions against the most common health prob- estrutura para o atendimento na atenção básica à
lems of this population group. This situation some- motivação e desenvolvimento de ações de promo-
times limits men’s access to health services there- ção contra os agravos mais frequentes nesta popu-
by negating the goal of the Policy. lação, o que, por vezes, têm dificultado o acesso à
Key words Men’s health, Health policies, Gender saúde, por parte da população masculina, distan-
and health, Family Health Program ciando o alcance do objetivo da Política.
1
Ministério da Saúde. Asa Palavras-chave Saúde do homem, Políticas de saú-
Sul. 70.070-923 Brasília
DF Brasil. erlycm@usp.br
de, Gênero e saúde, Programa Saúde da Família
2
Instituto Fernandes
Figueira, Fiocruz.

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Introdução para a atenção integral, com vistas à prevenção e


promoção da saúde, à qualidade de vida e à edu-
Tradicionalmente, os homens não têm suas es- cação, como dispositivos estratégicos de incenti-
pecificidades reconhecidas e não fazem parte das vo às mudanças comportamentais10. Adicional-
populações usualmente mais assistidas nos ser- mente, a promoção da saúde e a prevenção de
viços de atenção básica à saúde (ABS). O uso dos agravos têm sido focalizadas como eixos priori-
serviços de saúde pelos homens difere daquele tários na Estratégia Saúde da Família (ESF)11.
feito pelas mulheres, concentrando-se na assis- A PNAISH tem como objetivo facilitar e am-
tência a agravos e doenças, em que a busca por pliar o acesso com qualidade da população mas-
atendimento, em geral, acontece em situações culina às ações e aos serviços de assistência inte-
extremas de emergência e/ou em nível especializa- gral à saúde da Rede SUS, mediante o enfrenta-
do ou de urgência. Essa discussão pode ser mais mento racional dos fatores de risco e a atuação
ampliada a partir da perspectiva de gênero, aqui nos aspectos socioculturais, sob a perspectiva de
entendida como referência sócio-histórica que, gênero, contribuindo de modo efetivo para a re-
baseada nas diferenças entre os sexos, ordena dução da morbidade, da mortalidade e a melho-
material e simbolicamente a vida social de ho- ria das condições de saúde10. Mais recentemente,
mens e mulheres1. Nas construções dos modelos pela crescente percepção/aceitação das diferen-
de gênero, costuma-se representar o masculino ças entre os gêneros no que tange às demandas e
em oposição ao universo feminino. Reflexos des- necessidades de saúde, a produção acerca da saúde
sa oposição têm sido observados em relação aos dos homens vem aumentando de uma forma
cuidados em saúde. Nesse sentido, observa-se que expressiva12.
homens costumam ter mais dificuldades na bus- Neste contexto, a Área Técnica de Saúde do
ca por assistência em saúde quando veem as ne- Homem do Ministério da Saúde tem realizado
cessidades de cuidado como uma tarefa femini- esforços significativos para ampliar a participa-
na2. Assim, eles costumam só chegar aos serviços ção deste segmento populacional na ABS, princi-
de saúde com intercorrências graves ou quando palmente tornando-o visível aos gestores e tra-
se veem impossibilitados de exercer seu papel de balhadores da saúde nas potenciais oportunida-
trabalhador, ressaltando também que, segundo des de inclusão deste.
a visão dos profissionais de saúde, os homens Este artigo tem por objetivo descrever as es-
não buscam os serviços para fins preventivos3,4. pecificidades da atenção à saúde dos homens no
Dados do Sistema de Informações Ambula- âmbito da ESF, conforme a visão do gestor, a
toriais do SUS (SIA/SUS) apontaram que, em demanda dos homens adstritos às unidades ava-
2010, o número total de consultas médicas para liadas e as práticas desenvolvidas pelas equipes
homens entre 20 e 59 anos de idade apresentado da ESF (EqSF).
ao gestor do SUS e registrado no sistema foi de
3.217.197, o que resulta numa média de 0,06 con-
sulta/homem/ano5. Esta situação se configura Métodos
como consequência da histórica priorização da
população feminina e infantil pelo próprio setor Este artigo é produto do projeto “Fortalecimen-
saúde e também pela dificuldade de verbalização to e disseminação da Política Nacional de Aten-
das necessidades de saúde, do próprio homem, ção Integral à Saúde do Homem” que teve como
no contexto da assistência, que se encontra en- objetivo geral avaliar o impacto da intervenção
raizada à própria noção de invulnerabilidade6-8. das equipes de Atenção Básica, em especial da
Por consequência, ao se sentir invulneráveis, os ESF, na implementação das ações de atenção à
homens, de maneira geral e em sua pluralidade, saúde do homem e identificar as ações e as estra-
se expõem mais a riscos e acabam sendo de fato tégias utilizadas pela Atenção Básica para forta-
vulneráveis7. Há estudos que também conside- lecer a PNAISH.
ram que os homens estão mais vulneráveis aos Para este estudo, foram elegíveis os 79 muni-
problemas de saúde, em virtude da baixa acessi- cípios pactuantes da PNAISH em 2009 ou 2010.
bilidade aos serviços de atenção primária9. Em Destes municípios foram escolhidos apenas aque-
face a esta realidade, a Política Nacional de Aten- les que tinham o Programa Nacional de Melhoria
ção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), ins- do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica
tituída em 27 de agosto de 2009, por meio da (PMAQ-AB) homologado, restando 65. Os mu-
Portaria GM/MS nº 1944, orientou a formulação nicípios foram, então, classificados de acordo com
de diretrizes e ações voltadas fundamentalmente o nível de cobertura do Programa da Saúde da

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Família (PSF): baixa (< 30%), regular (30 a 59%), absolutos e relativos, ilustrados por meio de grá-
boa (60 a 79%) ou muito boa > 80%) e o porte da ficos. Os dados foram analisados com auxílio
cidade: pequena (< 100 mil habitantes), média do aplicativo IBM SPSS® versão 20.0.
(100 a 500 mil habitantes) ou grande (> 500 mil Neste artigo são descritas as percepções dos
habitantes). Em seguida, foram criados nove es- gestores a cerca das necessidades de saúde dos
tratos, por combinação dessas duas variáveis: homens e as demandas por saúde relatadas pe-
baixa cobertura e médio porte (4 municípios); los homens das áreas das EqSF avaliadas, em
baixa cobertura e grande porte (12 municípios); particular da motivação para a procura de aten-
cobertura regular e médio porte (7 municípios); dimento e das oportunidades de inclusão dos
cobertura regular e grande porte (7 municípios); homens na AB.
boa cobertura e médio porte (16 municípios); boa Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Éti-
cobertura e grande porte (4 municípios); muito ca em Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde
boa cobertura e pequeno porte (3 municípios); da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernan-
muito boa cobertura e médio porte (11 municípi- des Figueira da Fundação Oswaldo Cruz, em
os); e muito boa cobertura e grande porte (1 cumprimento dos preceitos da Resolução 196/96
município). Foram selecionados 10 municípios, do Conselho Nacional de Saúde13.
sendo dois de cada região geográfica brasileira,
dos quais ao menos um de cada estrato: Itacoati-
ara (AM) e Rio Branco (AC) na Região Norte, Resultados
Aracaju (SE) e Paulista (PE) na Região Nordeste,
São Gonçalo (RJ) e Volta Redonda (RJ) na Região A maioria dos gestores era do sexo feminino (37),
Sudeste, Curitiba (PR) e Maringá (PR) na Região com graduação em Enfermagem (40). A idade
Sul, Anápolis (GO) e Campo Grande (MT) na média foi de 39 anos, não havendo diferença en-
Região Centro-Oeste. tre homens e mulheres. O tempo médio de for-
Em cada município selecionado foram sorte- mação foi de 12 anos, sendo de oito anos o tem-
adas até 10% do total de Unidades Básicas de po de trabalho na Atenção Básica e de quatro na
Saúde (UBS), não ultrapassando o máximo de atual gestão. Todos os gestores tinham 40 horas
cinco por cidade. Em cada UBS foi sorteada uma de contrato, dedicando em média 14 horas para
equipe da ESF, totalizando 43 equipes: quatro da as atividades administrativas.
região Norte, nove da Nordeste e 10 de cada uma Sete dos 43 gestores nunca ouviram falar so-
das demais regiões (SE, S e CO). bre a PNAISH e apenas quatro já participaram
Em cada EqSF foram sorteadas duas famíli- de alguma discussão, sendo que a maioria já
as da respectiva área de cobertura, para identifi- ouviu falar e 10 já leram algo sobre a PNAISH.
cação de homens entre 20 e 59 anos de idade, que Os homens entrevistados tinham em média
também foram entrevistados, resultando num 40,5 anos de idade e 8,3 de escolaridade, pertenci-
total de 10 homens em Anápolis, Aracaju, Cam- am à famílias com média de 3,9 pessoas e 1,3
po Grande, Curitiba, Maringá, São Gonçalo e homens entre 20 a 59 anos, representando 38,1%
Volta Redonda; oito em Paulista e quatro em Ita- da família.
coatiara e Rio Branco, num total de 86. Caso a Segundo os gestores das equipes de saúde da
família sorteada não tivesse nenhum morador família participantes, os três principais motivos
nesta faixa etária, buscava-se a família de ordem que levam os homens à procura de atendimento
imediatamente superior no cadastro local. na ESF se referem à: 1) presença de doença aguda
A coleta de dados se deu por meio de formu- ou crônica, 2) busca de medicamentos, tanto
lários específicos, desenvolvidos e pré-testados prescrição quanto dispensa e 3) situações especí-
para este estudo, que foram aplicados por entre- ficas da saúde do homem, como disfunção erétil,
vistadores treinados juntos aos gestores das equi- obstrução urinária, suspeita de câncer de prós-
pes e aos homens sorteados, acompanhados, tata, vasectomia e busca de preservativo. Toda-
nestes casos, por um agente comunitário de saú- via, a maioria dos homens entrevistados infor-
de local. Os formulários continham questões mou ter buscado por atendimento no último ano
acerca da estrutura da EqSF, do responsável pela em razão de: 1) doença aguda (inclui dor repen-
equipe, da composição da equipe, da área de co- tina), 2) exames de rotina e 3) acidente. Apenas
bertura e da rotina de trabalho, além das per- um homem referiu buscar o serviço de saúde
guntas específicas sobre a saúde do homem. Fo- para exame da próstata e nenhum para medica-
ram realizadas análises descritivas dos dados, mento. Destaca-se a busca por saúde mental,
sendo os resultados apresentados em números identificada como a quarta causa entre os ho-

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mens, mas pouco considerada pelos gestores (Fi- ça, 10% por medo e quase 30% por valores cul-
gura 1). Diferentemente dos motivos citados para turais (o que explica não achar importante ou
busca e demanda dos homens, os gestores cita- necessário, “eu não preciso”), mas não concor-
ram como as três principais queixas apresenta- dante com incompatibilidade de horário (quase
das pelos homens ao procurarem o serviço de 30%) e espera (cerca de 10%).
saúde: presença de doença (79,1%), busca de ates- No que se refere aos dias e horários alternati-
tados (12,4%) e situações específicas da saúde do vos de atendimento, apenas uma equipe referiu
homem (7,8%). Saúde mental surge com menos atender aos sábados das 8 às 13 horas, duas que
de 1%, busca de medicamento, exames de rotina iniciavam às 6 horas e 11 estendiam o horário até
e acidentes não apareceram. às 19 horas nos dias úteis, totalizando 13 (30,2%)
Dos 86 homens entrevistados, 77 procura- unidades com horário mais compatível com as
ram por atendimento em serviços de saúde no disponibilidades de trabalhadores, o que pode-
último ano, sendo 41 em serviços públicos e, des- ria favorecer o aumento do atendimento para os
tes, 24 na EqSF local. Apenas um homem não foi homens. Duas unidades referiram já ter atendi-
atendido por falta de profissional no local. do em horário alternativo, mas não observaram
Dos 19 homens que não procuraram por redução no número de atendimentos quando
atendimento no último ano, oito não tiveram passaram a atender apenas no horário comerci-
problema de saúde e 11 tiveram algum problema al em dias úteis. Segundo os homens, o tempo de
de saúde, mas sem procura por atendimento espera médio para o atendimento no último ano
principalmente por acharem não ser importante foi de 33 minutos e nenhum deles citou limitação
ou necessário (nove de 11 casos); um homem de horário como impedimento para busca de
referiu falta de dinheiro para pagamento da con- atendimento.
sulta e outro medo de médico/injeção. Estes re- A maioria das EqSF afirmou que convida os
sultados são parcialmente concordantes com a homens para consulta pelo menos uma vez ao
opinião dos gestores que consideraram pouco ano (90,7%) e que na presença de sintomas de
mais de 10% de não busca por ausência de doen- obstrução urinária ou disfunção erétil há sem-

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gestor homem

Figura 11. Principais motivos* para procura de atendimento na unidade de saúde da família segundo visão
do gestor e demanda dos homens, dezembro de 2012.
*
doença = aguda ou crônica; medicamento = prescrição e/ou dispensa; homem = situações específicas da saúde do homem, como
disfunção erétil, obstrução urinária, suspeita de câncer de próstata, vasectomia, busca de preservativo; rotina = exames de rotina,
check-up; acidente = acidente, curativo; saúde mental = dependência química ou aconselhamento.

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pre encaminhamento para exames diagnósticos referiram abranger os temas planejamento fa-
(95,3%). Dentre os homens entrevistados, a mai- miliar, consumo abusivo de bebidas alcoólicas e
or parte referenciou ter buscado por atendimen- demais drogas, em atividades educativas especí-
to em saúde no último ano (77,9%), mas a mi- ficas para o homem. O tema mais comum entre
noria respondeu que a EqSF convidou para con- as EqSF foi o tabagismo (18,6%) e o menos co-
sulta no último ano (23,3%) ou outra atividade mum foi a prevenção de violências e acidentes
(12,8%), sendo que as atividades educativas fo- (9,3%). Questionadas sobre a estratégia de de-
ram as mais frequentes e seis dos 11 homens con- senvolvimento destas atividades, a maioria rela-
vidados atenderam ao convite. Dos cinco homens tou palestras (9), seguidas por grupos educati-
que não participaram dessas atividades, dois ale- vos (7), consulta individual (3) e distribuição de
garam incompatibilidade de horário, um falta folhetos (2). Contudo, apenas 7% do total dos
de tempo, outro falta de interesse e um falta de homens entrevistados informaram que a EqSF
acompanhante. tinha atividades direcionadas a eles e, dos 80 ho-
No que se refere às ações de orientação e sen- mens que desconheciam qualquer atividade,
sibilização da população masculina quanto às 97,5% gostariam que houvesse alguma.
medidas disponíveis para detecção precoce do Quanto à participação oportuna do homem
câncer de próstata em pacientes sintomáticos e nas atividades de pré-natal, parto, puerpério e
disfunção erétil, entre outros agravos do apare- no acompanhamento da criança, a maioria das
lho geniturinário, todas as EqSF referiram fazer unidades afirmou que pouquíssimos pais parti-
o encaminhamento para a realização de exames cipam e que não há atividade específica para os
diagnósticos na presença de sintomas de obstru- homens nas oito unidades, cuja participação pa-
ção urinária ou disfunção erétil, mas apenas terna foi reconhecida como quase nenhuma e
11,6% tinham alguma atividade específica duran- nenhuma. Nas cinco unidades que referiram ter
te o pré-natal para os pais e nenhuma delas refe- atividade específica para os homens, a participa-
riu abordar este tema, além da cobertura de aten- ção nessa fase foi pouco mais de 50% em uma
dimento aos homens ter sido identificada em unidade da região Norte (palestra para consci-
menos de 1% nas EqSF com alguma informação entização dos cuidados com a saúde), pouco
sobre o número de atendimentos. menos de 50% em uma unidade da região Sudes-
As oportunidades para atrair os homens são te (conversando diretamente com o casal) e pou-
pouco exploradas pelas EqSF (Figura 2). Das 43 quíssimos em uma unidade do Nordeste (exa-
equipes entrevistadas, 21 (48,8%) referiram rea- mes HIV e VDRL) e duas do Sul (programa pai
lizar algum evento especial para os homens no presente: exames para HIV e sífilis). Ainda assim,
último ano. Aproximadamente 15% das EqSF nas oito unidades que não solicitaram a partici-

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evento planejamento acidentes e tabagismo abuso de demais atividades
especial familiar violências bebidas drogas no pré-natal
alcoólicas

Figura 2 . Oportunidades para participação em atividades específicas para os homens na unidade de saúde da
família ,dezembro de 2012.

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pação dos pais nessas atividades, foram obtidas são (6%). Embora, em ambos os sexos, as doen-
as seguintes participações: nenhuma (uma uni- ças tenham sido a principal responsável pela pro-
dade do SE), quase nenhuma (duas unidades do cura por atendimento em saúde, as mulheres refe-
NE e duas do CO), pouquíssima (uma unidade riram maior busca por serviços de vacinação ou
no S) e pouco menos da metade (uma unidade prevenção (24% e 19% entre o sexo masculino),
no NE e uma no S). enquanto que entre os homens, os motivos mais
Das 43 unidades pesquisadas, o homem foi frequentes para a busca de atendimento em saú-
identificado como vítima em apenas 12 delas e de foram os acidentes e as violências (8,9% e 4,1%
como agressor em 31. Na primeira situação, os entre as mulheres)14. A doença, enquanto primei-
casos foram identificados principalmente durante ra causa de procura também foi identificada nes-
o acolhimento e na visita domiciliar, e na segun- te estudo, tanto nas citações dos gestores como
da, na visita domiciliar. Os encaminhamentos na dos próprios homens. Positivamente, a segunda
situação de vítima se referem a cuidados médicos causa relatada pelos homens foram exames de
e denúncia, enquanto que na situação de agres- rotina, reforçando um maior cuidado com sua
sor são realizadas denúncia e ações de assistência própria saúde, o que pode ser o principio da tran-
social, em especial à vítima e não ao agressor. sição de um cuidado curativo para a prevenção.
Nesta situação algumas unidades referiram não Neste estudo, a grande maioria dos entrevis-
se envolver, o que realça a dificuldade do setor tados buscou serviços de saúde do Sistema Único
saúde em trabalhar esta questão. de Saúde (SUS), o que alude o estado de saúde e
Do total dos homens entrevistados, 81,6% já as condições de acesso aos serviços, uma vez que
haviam sido atendidos na EqSF da respectiva área o ato de procurar um serviço de saúde depende,
de moradia e suas famílias estavam cadastradas principalmente, de fatores relacionados aos servi-
na ESF há seis anos. Dos 24 casos atendidos na ços disponíveis e de fatores próprios de cada indi-
EqSF, a maioria recebeu prescrição para medica- víduo. Capilheira e Santos15 e Fernandes et al.16
ção, sendo que duas pessoas do Nordeste não afirmam que há uma maior utilização dos servi-
conseguiram encontrar os medicamentos recei- ços por indivíduos que percebem sua saúde como
tados. Das 16 prescrições, 10 foram dispensadas regular ou ruim, corroborando com os achados
pelo serviço público sem ônus para o usuário. encontrados em estudo qualitativo realizado em
Quanto aos 11 homens que referiram problema quatro estados brasileiros4. Leal et al.17 justificam
de saúde e não busca de atendimento, quatro se que um problema reconhecido é a rede de apoio
trataram utilizando medicamentos que tinham deficitária, destacada, nesse cenário, pela ausên-
disponíveis em casa ou com amigos/parentes, três cia, em função da PNAISH, de fluxos específicos
com medicamentos prescritos pela farmácia (um para homens, o que vai de encontro às expectati-
do Centro-Oeste pelo atendente e por telefone) e vas masculinas de rapidez e resolubilidade. Os
três com remédio caseiro. A maioria dos homens profissionais de saúde acreditam que o longo tem-
relatou não haver limitação para falar sobre sua po de espera em atendimentos também agrava o
saúde com qualquer profissional da EqSF, inde- problema do absenteísmo masculino.
pendente do sexo. Dos seis casos que referiram Do total de homens entrevistados, 58% da-
algum limite, três usuários preferiam ser atendi- queles que não procuraram por atendimento ti-
dos por profissional do sexo masculino (1 no veram problemas de saúde, que os levaram à
NE e 2 no CO), dois referiram timidez (SE e CO) busca de tratamento sem orientação clínica, re-
e um gostaria de maior aproximação da equipe a forçando a cultura da automedicação. Estudo
fim oportunizar abordagem sobre problemas realizado em um município de São Paulo apon-
familiares (CO). tou que 91,1% dos domicílios apresentavam es-
toques de medicamentos e a aquisição destes
ocorreu principalmente em farmácias e drogari-
Discussão as, uma vez que os medicamentos adquiridos nas
ESF ou outras unidades de saúde requerem pres-
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de crição médica, corroborando os dados encon-
Domicílios (PNAD/2008)14 apontaram que as trados18. Homens, diante de algum problema de
principais razões, referidas pela população total, saúde, procuram medidas de tratamento alter-
para a busca de atendimento médico foram: doen- nativas, desde o uso de chás até automedicação,
ças (50%), seguidas por puericultura, vacinação buscando orientação de algum farmacêutico,
ou outros atendimentos de prevenção (22%), quando possível7. Pinheiro et al.19 apontaram a
problemas odontológicos (14%) e acidentes e le- maior incidência masculina na procura de servi-

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ços emergenciais, tais como farmácias, o que su- de atenção primária à saúde9. A vivência dessas
gere que os homens preferem respostas mais ações revelou ainda que os participantes apre-
objetivas às suas demandas, considerando que sentaram pouco conhecimento em relação à pro-
nesses espaços os homens seriam atendidos mais moção da saúde e à prevenção de agravos9.
rapidamente e conseguiriam expor seus proble- No estudo qualitativo realizado junto a 11
mas com maior facilidade6,13. homens com idade entre 25 e 56 anos, adstritos
Outro fator que sugere a não procura por em uma área assistida por uma EqSF, na cidade
serviços de saúde, por parte dos homens, é que de Parnamirim no estado do Rio Grande do Nor-
muitos locais de trabalho só abonam a falta te, as autoras23 constataram a necessidade de re-
mediante atestado médico, que não é fornecido estruturação das UBS, sugerindo estender o ho-
pelos serviços de saúde no caso de simples mar- rário de atendimento para o período noturno, o
cação de consulta, participação de grupos, busca que facilitaria a inserção tanto dos homens que
de medicamentos e outras atividades vinculadas estão no mercado formal de trabalho, quanto dos
à prevenção3. trabalhadores autônomos que muitas vezes ob-
Um fator a ser considerado quanto à inser- tém renda pela quantidade de horas trabalhadas.
ção do homem na atenção básica refere-se à pre- Os entrevistados demonstraram desconhecimen-
carização dos serviços públicos em relação ao to quanto às funções da EqSF e predominaram
atendimento. Pesquisa qualitativa realizada na as opiniões negativas sobre essa estratégia, prin-
cidade do Rio de Janeiro, junto a dois grupos: I- cipalmente no que se refere às dificuldades para
dez homens com idade entre 45 e 57 anos, com agendamento de consultas médicas e exames.
baixa ou nenhuma escolaridade e, II- oito ho- Outros estudos, ainda, ao avaliarem casos,
mens com idade entre 40 e 64 anos, com ensino em municípios das cinco macrorregiões do país,
superior, demonstrou que o grupo I, suposta- apontaram que não há, de fato, ações continua-
mente por ter o menor poder aquisitivo quando das voltadas à população masculina na faixa etá-
comparados ao grupo II, tem menor preocupa- ria de 20 a 59 anos de idade, o que embasa os
ção com as questões relativas aos cuidados de dados observados neste estudo, no qual a mino-
saúde, dedicando maior atenção para o trabalho ria dos homens respondeu ter recebido convite
e o sustento da casa e da família. Tal comporta- para consultas, ou atividades de saúde6,17. As ati-
mento reflete na busca pelos serviços de saúde, já vidades existentes e direcionadas aos homens são
que os homens desse grupo referiram dificulda- geralmente voltadas para ações assistenciais ou
de de acesso aos serviços assistenciais, relataram atividades pontuais, como a realização da “Se-
que enfrentam filas para conseguir consultas e mana do Homem”, não contemplando, assim,
que suas demandas, possivelmente, não seriam as diretrizes propostas na PNAISH6,17.
resolvidas no mesmo dia, o que prejudicaria seu Estudo qualitativo24, realizado junto a nove
desempenho no trabalho7. homens com idade entre 19 e 62 anos e com bai-
Alguns estudos têm relatado a invisibilidade xo nível de escolaridade, vai ao encontro dos da-
dos homens na atenção primária à saúde20,21, uma dos deste estudo, quanto à participação mascu-
vez que estes serviços, historicamente, têm de- lina no pré-natal de suas parceiras, na área de
senvolvido mais ações destinadas à saúde de abrangência da ESF do município de Catu, no
mulheres, crianças e idosos6,22. A ausência dos estado da Bahia. O estudo demonstrou que a
homens nas UBS pode ser explicada em virtude maioria das gestações não foi planejada e que os
destas não disponibilizarem atividades ou pro- homens não acompanhavam as consultas do
gramas direcionados especificamente para este pré-natal. A maioria dos entrevistados relatou
público e os homens preferirem utilizar serviços que tinha ciência que suas parceiras realizavam o
que respondem mais rapidamente e objetivamen- pré-natal, entretanto, não soube explicar o que é
te às suas demandas, como farmácia e pronto esse tipo de assistência; do total de entrevistados,
socorro6. Durante as ações de promoção da saú- apenas um acompanhou a parceira na consulta,
de e divulgação da PNAISH desenvolvidas na cabe ressaltar que nesse caso a companheira ti-
primeira semana estadual de atenção à saúde do nha deficiência auditiva e na fala. Dentre os prin-
homem, realizada para funcionários e alunos da cipais motivos para a não participação das con-
Faculdade Federal da Paraíba, no município de sultas de pré-natal, os homens destacaram a fal-
João Pessoa, observou-se que muitos homens ta de tempo, em virtude do trabalho, e desinte-
demonstraram surpresa com a existência de uma resse em participar deste tipo de atendimento.
política específica para a sua saúde e satisfação Apesar da tímida implantação da PNAISH, o
pela possibilidade de sua inclusão nos serviços público dos serviços de saúde permanece majo-

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ritariamente feminino e infantil. Gomes et al.7, de violência envolvendo homens, tanto como ví-
em estudo sobre a percepção dos homens a res- tima como agressor, porém o acolhimento se dá
peito dos serviços de atenção primária a saúde, basicamente para a vítima e o encaminhamento
mostraram que os mesmos se destinam às pes- se refere principalmente aos cuidados de saúde e
soas idosas, às mulheres e às crianças, e são con- denúncia para a vítima, reafirmando a necessi-
siderados pelos homens como um espaço “femi- dade da validação e da utilização de protocolos
nilizado”, o que se espera estar em modificação clínicos e diretrizes terapêuticas para homens e
ao longo dos últimos anos, uma vez que o pre- mulheres em situação de violência na rotina de
sente estudo aponta quase a totalidade dos ho- trabalho das equipes da ESF/UBS a partir da
mens com interesse em atividades da ESF. complexidade e importância deste tema na área
A Promoção da Saúde e a prevenção de agra- da saúde.
vos têm sido focalizadas como eixos fundamen- Em relação aos agravos específicos dos ho-
tais na ESF11. Os homens estão mais vulneráveis mens, o câncer de próstata é um dos principais
a problemas de saúde, em virtude da sua baixa problemas relacionados ao aparelho genituriná-
acessibilidade aos serviços de atenção primária9. rio e corresponde à segunda causa mais comum
Diante disto, a PNAISH orientou a formulação de óbito por câncer no Brasil, atingindo princi-
de diretrizes e ações voltadas fundamentalmente palmente homens com 50 ou mais anos de idade.
para a atenção integral, com vistas à prevenção e Embora a adoção de um programa exclusivo
à promoção da saúde, à qualidade de vida e à de rastreamento populacional para esta patolo-
educação, como dispositivos estratégicos de in- gia torne-se inviável, pois com o aumento da ida-
centivo às mudanças comportamentais10. de ocorre uma maior frequência de tumores la-
A principal causa de óbito entre os homens tentes – que na maioria das vezes evoluirão de
das cidades avaliadas foram, em 2010, as causas maneira lenta e não nociva à saúde, além de uma
externas (36,4%), seguidas por doenças do apa- alta morbimortalidade relacionada aos atuais
relho circulatório (18,6%) e neoplasias (11,1%)25. procedimentos terapêuticos empregados28, faz-
Quanto às principais morbidades – causas de se de suma importância a realização do rastrea-
internação, observou-se o predomínio de causas mento oportunístico e da vigilância ativa naque-
externas (15,7%), doenças do aparelho respira- les homens que possuem histórico familiar da
tório (15,0%) e doenças do aparelho circulatório doença em parentes de 1º grau e/ou com o recor-
(12,7%). As doenças do aparelho geniturinário te de raça/cor presente, a partir dos 40 anos, a
representaram 6,1% das causas de internação em fim de que uma morbimortalidade precoce e des-
201025. Embora os gestores considerem aciden- necessária possa ser prevenida e combatida.
tes como a quinta principal causa para a procura Estes dados também corroboram com os
da UBS pelo homem, as causas externas (aciden- observados na pesquisa que avaliou as ações ini-
tes e violências) aparecem como a primeira causa ciais da implantação da PNAISH, realizada junto
de óbitos em todos os municípios e como pri- a gestores das 27 unidades federadas e de 26
meira causa de internação na maioria deles. municípios que iniciaram a implantação da polí-
As causas externas – violências e acidentes – tica, em que há pouca ou nenhuma familiarida-
exercem grande impacto na qualidade de vida e de dos entrevistados com o tema29. Leal et al.17,
nas condições de saúde da população, pois atin- em estudo que buscou compreender o ponto de
gem um número muito maior de pessoas do que vista dos profissionais do SUS acerca da PNAISH
aquelas que se encontram diretamente envolvi- em cinco municípios do Brasil, apontaram que
das e seus efeitos ultrapassam o sofrimento indi- há uma grande diferença entre os municípios
vidual e coletivo, incidindo na cultura e no modo sobre os conhecimentos das diretrizes e rotinas
de viver das pessoas26. No Brasil, em 2010, fo- contidas na política, por parte dos gerentes e dos
ram registrados no Sistema de Informação so- profissionais da assistência.
bre Mortalidade (SIM) 75 óbitos por 100.000 Estudos sobre a utilização de serviços de saú-
habitantes (126,5/100 mil em homens e 25,6/100 de pela população contribuem para o aprimora-
mil em mulheres)25. A notificação de todo caso mento da assistência, uma vez que permitem iden-
suspeito ou confirmado de violência doméstica, tificar níveis de cobertura e grupos populacio-
sexual e/ou outras contra homens e mulheres nais excluídos, auxiliando no planejamento em
atendidos em serviços de saúde passou a ser com- saúde30.
pulsória em todo o território nacional em 201127. As EqSF têm como estratégia abordar o pro-
As visitas domiciliares são importante fonte cesso saúde/doença no contexto familiar e ambi-
de informação para a identificação de situações ental, tendo como ação básica a prevenção dos

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agravos mais frequentes à saúde, além da pro- cluir que, embora haja interesse dos homens em
moção da saúde de modo a possibilitar o acesso ampliar sua participação nas atividades desen-
universal e contínuo a serviços de saúde de qua- volvidas pelas equipes das ESF/UBS, uma vez que
lidade, conforme os princípios de universaliza- dirigidas às suas reais necessidades, ainda há la-
ção, equidade, descentralização, integralidade e cunas significativas a serem preenchidas, desde a
participação da comunidade – mediante o ca- adequação da estrutura/ambiência para o aten-
dastramento e a vinculação dos usuários27. No dimento na atenção básica à motivação e o de-
que se refere à Saúde do Homem, ainda há muito senvolvimento de ações de promoção, tratamen-
a ser feito: desde adequação da estrutura para to e recuperação dos agravos mais frequentes
atendimento na atenção básica (São Gonçalo, nesta população (causas externas, por exemplo).
por exemplo); motivação e desenvolvimento de Desta maneira, os homens podem estar cada
ações de promoção contra os agravos mais fre- vez mais incluídos e integrados na lógica sistêmi-
quentes nesta população (causas externas, por ca das populações atendidas e dos serviços ofer-
exemplo) de modo a corresponsabilizar o ho- tados pela rede SUS, contribuindo assim para a
mem pela sua própria saúde e, consequentemen- desconstrução do paradigma cultural da mascu-
te, do meio do qual participa, colaborando para linidade vigente e do imaginário simbólico coleti-
que ele aos poucos possa ir se percebendo como vo que reforça a invulnerabilidade masculina,
um sujeito de cuidados e de direito à saúde. semeando uma melhor qualidade de vida e saú-
Ainda que este estudo não traga a represen- de para todos(as).
tação de todo o público masculino, pôde-se con-

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