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Caros colegas,
Proponho ao colegiado a:
Objetivos
Justificativa
Historicamente os alunos dos cursos do departamento de Artes Visuais da UnB,
possivelmente também do Instituto de Artes, e de outros departamentos, institutos e
faculdades do artes pelo Brasil, são orientados a seguir normalizações técnicas e estilos
de redação acadêmicas, que na maioria das vezes, não contemplam as especificidades de
seus trabalhos teóricos, teórico/práticos e práticos. A inadequação, distanciamento e
deslocamento entre a escrita acadêmica e a produção artística geram dificuldades e
conflitos entre o corpo discente e docente assim como comprometem o entendimento
dos atributos de seus trabalhos em artes visuais, tanto nos cursos de bacharelado quanto
nos de licenciatura.
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Apesar da existência de um documento normalizador, as Normas de
diplomação – Artes plásticas, VIS, as monografias apresentadas no final do curso, de
um modo geral e de acordo com a minha experiência, não a seguem. As razões podem
ser muitas:
Nos últimos 15 anos o VIS passou por uma renovação de seu quadro docente e de
seus currículos. Por meio dessas mudanças o departamento conseguiu o feito de
contemplar pedagogicamente e de modo eficaz o fato de estarmos vivendo em um
mundo tecnológico visual complexo onde as imagens transformaram-se no produto mais
essencial para nossa informação e conhecimento. O aspecto da visualidade, que se refere
a como nós olhamos o mundo tem sido particularmente relevante para a construção da
representação do conhecimento neste departamento; e mostra uma necessidade para
uma exploração adicional dos conceitos da comunicação e representação cultural destes
conhecimentos.
O VIS alcança um nível adequado e de excelência nas suas proposições
curriculares, efetivação de ementas, titulação do corpo docente e atualização de
programas. Contudo as suas práticas pedagógicas na graduação indicam a hegemonia do
fazer em relação ao pensar como faz-se o fazer. Para mediar uma relação, como sujeitos
agentes, entre as artes visuais e a academia, o corpo discente necessita destas práticas,
logo o VIS deve contemplar estas discussões. Uma maneira eficaz de atender a essa
demanda por entender modos de conhecimento e formas de comunicar como os
conhecimentos são produzidos na área de artes na academia é inserir estes elementos no
currículo.
ABNT
O Estilo e a Norma de escrita acadêmica são questões que afligem os discentes e
docentes em artes e portanto precisam ser discutidas e pesquisadas. Apesar de adjacentes,
são diferentes proposições. No Brasil, as normas da Associação Brasileira de Normas e
Técnicas (ABNT) são as condutoras da normalização de publicações técnico-científico.
Contudo, a ABNT não contempla diretamente os diversos e possíveis estilos de redação
de cada instituição, ela ocupa-se das apresentações gráficas e de suas estruturas materiais
das construções das publicações. Cada instituição de ensino, brasileira ou não, que adotar
a ABNT, pode e precisa ajustá-la a seus interesses e especificidades (As últimas revisões
da ABNT são as da NBR 6021 a 6032).
Se no Brasil a ABNT é praticamente a única norma de escrita acadêmica aceita e
utilizada pelas Instituições de Ensino Superiores, internacionalmente, nos países de
maior produção técnico/cientifico/artístico, já existem aproximadamente mais de três mil
estilos de redação acadêmica em acordo com tipos e áreas de conhecimentos de
periódicos e instituições educacionais. No Brasil já se aceita, em algumas IES, o APA –
American Pshychology Asssociation para textos de educação, psicologia e arte/educação.
Importante ressaltar também que já existe tecnologia disponível e acessível que formata
todas as referências internas e externas dos textos dentro destes estilos, inclusive a
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ABNT (e.g. EndNote, RIS ). Ou seja, atualmente para seguir a maior parte das normas
da ABNT basta usar um aplicativo computacional.
A ABNT define as normas de redação, contudo o estilo de redação das publicações
técnico-científico-artístico dos pesquisadores, professores e alunos das artes na academia
ainda seguem acriticamente um modelo positivista.
Positivismo entendido e apresentado aqui como uma teoria do conhecimento que
afirma que a pesquisa científica “séria” não precisa procurar causas últimas que derivem
de alguma fonte externa, mas restringe-se ao estudo de relações existentes entre fatos
que são diretamente acessíveis pela observação. Desse modo, o positivismo admite como
fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência e os fatos observáveis
e assim desconsidera a interpretação, justificação transcendente ou imanente da
experiência. Muitos pesquisadores, instituições de ensino e pesquisa opõem-se ao
positivismo e procuram demonstrar que o fato de que o domínio social e cultural, dentro
do qual a investigação científica e artística ocorre, representa um fator fundamental na
construção do conhecimento portanto os métodos adaptados das ciências não podem ser
tomados como o único critério para a produção e formas de circulação do conhecimento.
ABR e ABER
Nos últimos 15 anos, na academia norte americana e européia, muitos
pesquisadores vêm tentando compreender, valorar e conceber a produção em arte como
uma modalidade de pesquisa acadêmica. Isto gerou metodologias de pesquisa atualmente
reconhecidas e cada vez mais bem aceitas na academia como arts-based forms of
research, ABR, e arts-based educational research, ABER; ambas sem tradução literal
para o português. O argumento chave para estas metodologias é que elas, ao enfatizar a
produção cultural da cultura visual, rompem, complicam, problematizam e incomodam as
metodologias normalizadas e hegemônicas que são aquelas que estabelecem, formatam,
conduz concebe e projeta o conceito de pesquisa acadêmica em artes, educação e
arte/educação. A ABR e ABER espera deslocar intencionalmente modos estabelecidos
de se fazer pesquisa e conhecimento em artes, ao aceitar e ressaltar a incerteza,
imaginação, ilusão, introspecção, visualização e dinamismo.
Engajar-se em pesquisas utilizando ABR e ABER é um ato criativo em si e per si.
O convite ao leitor, nessas metodologias, é diferente do apelo da pesquisa tradicional,
pois está baseada no conceito de que o sentido não é encontrado, mas construído e que o
ato da interpretação construtiva é um evento criativo. Obviamente, estas novas formas
de expressão acadêmica surgiram da inadequação dos discursos acadêmicos correntes em
alcançar as especificidades na pesquisa em artes. Por meio de formas criativas, elas
estabeleceram oportunidades de ver, experimentar o ordinário, aprender a
compreender as novas e diferentes maneiras de se fazer pesquisa em artes e deram
especial atenção a forma da sua circulação e publicação. Os pesquisadores, envolvidos em
desconstruir a escrita acadêmica dominante, desafiam a voz do observador acadêmico
como possuidor de todo o conhecimento, exploram modos criativos de representação
que reflitam a riqueza e a complexidade das amostras e dados de pesquisa e desse modo
promovem múltiplos níveis de envolvimento, que são simultaneamente cognitivo e
emocionais. Portanto, no contexto de ABER e ABR é mais importante o conceito de
“vivificação” de Patti Lather, do que o da provação e replicação positivistas.
Estas metodologias de pesquisas em arte, que contemplam formas alternativas da
representação visual, criam espaços dentro e em torno dos dados de pesquisa a partir das
quais coisas novas podem continuamente irromper.
P essoal ou Impessoal?
Quem nós somos muda o objeto de que nós escrevemos e como escrevemos.
Colocado de forma direta, se a academia deve mudar, se o VIS quer transformar-se, se
nossa visões de realidade devem ser mais inclusivas, então precisamos ter uma
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perspectiva mais ampla dos que são as vozes de autoridade na escrita acadêmica. A partir
do nosso local específico de fala, das artes visuais e do VIS, é crucial desafiar o paradigma
tradicional do texto acadêmico do uso coercitivo da voz passiva, impessoal e a voz do
investigador “neutro”.
Hoje em dia, é superabundante os manuais para normalizações de textos
científicos em língua portuguesa que encontram-se disponíveis em forma de livros,
folhetos, apostilas e na internet. Eles afirmam veementemente, e muitas das vezes
impetuosamente, que:
Portanto, a sugestão geral é que seja utilizada a forma impessoal, porque é a mais usual
nos congressos científicos e publicações científicas. Outros justificam que instituições de
ensino superior brasileiras exigem que candidatos a cursos de pós-graduação escrevam na
forma impessoal ao apresentar seus projetos de pesquisa. Contudo a maioria destes
manuais não contemplam as especificidades das diferentes disciplinas do conhecimento,
especialmente das Humanas.
Diante das afirmações acima fico com uma séries de dúvidas que gostaria de
dividir com os meus colegas:
Par ecer
Recomendo:
1. Trocar o nome de Normas da Diplomação do VIS para Normas de Redação e
Estilo do VIS. Justifica-se esta mudança caso o colegiado decida ampliar a área de
abrangência curricular das normas que estão atualmente restrita a Diplomação às
disciplinas de projeto interdisciplinar, estágios supervisionado 1 e 2 da
Licenciatura Noturna, estágios supervisionado 1, 2 e 3 da Licenciatura Diurna,
atelier 1 e 2 e os seminários de teoria, crítica e história da arte.
2. Efetivação das Normas de Redação e Estilo do VIS que têm como base as normas
da ABNT. Recomendo que a ênfase pedagógica do departamento ao inserir este
agente “normalizador” não seja em conduzir e ajustar os corpos docente/discente
a camisa de força da ABNT. Ao contrário, espero que professores e alunos
contemplem as linhas mestres da ABNT, ou de qualquer outro estilo desejado ou
necessário para publicações, e as normas estabelecidas do VIS, mas voltem-se
igualmente para pensar e produzir um conhecimento de produção de textos
científicos/artísticos que envolvam e articulem relações entre os textos escritos,
verbais e imagens que sejam específicos as suas práticas.
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3. Inclusão do item “estilo de redação” no documento Normas de Redação e Estilo
do VIS. Recomendo que os alunos da graduação escrevam monografias em
diferentes estilos de escrita acadêmica.
Estilo: Os verbos podem ser utilizados em qualquer tempo verbal
desde que justificados na metodologia.