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Unidade II

FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA

Prof. Vladimir Fernandes


Conteúdos da segunda aula

Unidade II
Valores, moral e ética
 Aristóteles e a ética finalista
 Santo Agostinho e o livre arbítrio
 Kant e a ética racional
 Os direitos humanos
 Nietzsche e a genealogia da moral
 Weber: a ética da convicção e a ética da responsabilidade
 Habermas e a ética discursiva
Valores

O ser humano constantemente faz escolhas


 Escolhas cotidianas: qual roupa usar?
Qual programa de TV assistir?
 Escolhas mais complexas: qual profissão escolher?
Devo me casar?
E qual a base para essas escolhas?
 São os valores que atribuímos às coisas.
 Diante do existente, não ficamos indiferentes.
 Constantemente fazemos julgamentos.
 O ser humano é um ser que valora a realidade.
Valores

Diariamente fazemos juízos de valor e juízos de realidade.


Juízos de realidade
 Constatações sobre o existente.
 Exemplos: a chuva molha a rua. A caneta é azul.
Pedro está chorando.
Juízos de valor
 Avaliações sobre o existente.
 Feio, bonito, bom, mau, certo, errado etc.
 Exemplos: a chuva é bela. A caneta não presta.
Pedro não devia chorar.
Valores

 O ser humano faz escolhas a partir de valores.


E o que são valores?
 Valores são aquilo que vale, o que se julga importante;
o que se prioriza.
 Todos possuem uma escala de valores.
 Geralmente, são considerados importantes valores como:
saúde, amizade, felicidade, educação, bem-estar etc.
 Dessa forma, os valores orientam a ação, uma vez que
a pessoa irá agir de acordo com os valores que julgar
mais importantes.
Valores

 Toda sociedade produz valores?


 Os valores das diferentes épocas e das diferentes sociedades
são os mesmos?
 Cada época e cada sociedade estabelecem seus próprios
valores e, dessa forma, alguns podem coincidir,
mas outros não.
 Nascemos em uma sociedade e herdamos os valores dessa
sociedade.
 Somos educados de acordo com os valores considerados
corretos.
Valores e educação

 E como a educação deve lidar com a questão dos valores?


 A educação visa à formação do ser humano. Tal formação
pressupõe valores.
 Que ser humano se quer formar? Quais valores devem ser
transmitidos?
 Os valores são imutáveis?
 Se educar pressupõe valores, a educação deve refletir sobre
os valores herdados no meio social, questionando se estão a
serviço do bem-estar comum ou não.
Moral

 É no campo da moral que será designado o “agir correto”.


 Qual o comportamento adequado?
 Moral (mores, em latim) significa jeito de ser, costume.
 A moral se manifesta no conjunto de normas e regras que
visam a regular as relações dos indivíduos em uma sociedade.
 Revelam os valores morais considerados corretos.
Ética

 A palavra ética vem do grego ethos, que significa costume,


modo de ser.
 A ética se caracteriza como um ramo da Filosofia que visa a
refletir sobre os fundamentos da moral.
 Busca refletir sobre o porquê dos valores, qual seu sentido,
a quem interessam?
 Enquanto a moral nos diz como devemos agir, a ética reflete
sobre o porquê se deve agir dessa forma e não de outra.
Moral e ética

 O ser humano nasce moral?


 O ser humano não nasce moral ou ético.
 O ser humano nasce amoral.
 Aos poucos vai se apropriando da moral do seu grupo.
 A princípio seguimos uma moral heterônoma.
 Hetero = “outro” + nomos = “norma”, “regra”.
Moral e ética

 É desejável que se passe de uma moral heterônoma para uma


moral autônoma.
 Autos = “eu mesmo” + nomos = “norma”, “regra”.
 Autonomia é o mesmo que individualismo?
 É possível a convivência moral se cada um seguir os seus
desejos?
 A atitude ética pressupõe a reflexão sobre três questões:
Quero? Posso? Devo?
Sujeito ético

 Um dos objetivos da educação é formar o sujeito ético,


o sujeito autônomo.
 Aquele que é capaz de agir com consciência,
responsabilidade e liberdade.
 Consciência com relação a si e aos outros.
 Responsabilidade: reconhecer-se como autor da ação
e responder por ela.
 Liberdade: capacidade de autodeterminar a sua vontade.
Interatividade

De acordo com a discussão sobre juízos, podemos citar como


exemplo de um juízo de valor, a seguinte frase:
a) A folha do caderno é branca.
b) A chuva molha a rua.
c) A farmácia vende remédios.
d) A cachoeira é mais bela que a praia.
e) O sol aquece a pedra.
Ética aristotélica

Toda ação humana tem por objetivo alguma finalidade, algum


bem. Por exemplo:
 Estudar para se formar e ter uma profissão.
 Há uma hierarquia de bens, ou seja, alguns são mais
fundamentais do que outros.
 Mas qual seria o suprassumo do bem, será que há
um bem final?
 Existe um fim último superior, desejado por si mesmo,
que condiciona todos os outros?
 Segundo Aristóteles, esse fim último é a felicidade.
Busto de Aristóteles, 384 a 322 a.C.

Fonte: www.wikipedia.org
Ética aristotélica

 “[...] a ética aristotélica é finalista e eudemonista, quer dizer,


marcada pelos fins que devem ser alcançados para que
o homem atinja a felicidade (eudaimonía)” (VALLS, 1989).
 A felicidade é o fim último que todo ser humano deseja.
 O que o ser humano necessita para ser feliz?
 Para definir a felicidade é necessário explicar qual é a
“função” do homem.
Ética aristotélica

 Analogia – a função do olho é enxergar, a função


do ouvido é escutar, mas qual seria a “função”
do ser humano como um todo?
 Não é apenas viver, pois os vegetais também vivem. Nem
apenas sentir prazer e dor, pois os animais também sentem.
 O que é próprio e específico do ser humano é o pensar.
 Dessa forma, a atividade mais elevada do ser humano é sua
atividade racional, seu pensar.
Ética aristotélica

 O homem não deve apenas viver, mas viver bem.


Viver bem implica em aprimorar-se enquanto ser humano:
 Controlar as paixões, fazer escolhas com discernimento e
equilíbrio e desenvolver a prática de bons hábitos.
 O ser ético age de forma racional e, portanto, é senhor de si
mesmo. Esse é um dos pressupostos da felicidade.
Ética aristotélica

Elementos que compõe a felicidade, na perspectiva da ética


aristotélica:
 prática das virtudes;
 círculo de amigos;
 boa saúde;
 suficiência de bens materiais;
 viver numa sociedade justa;
 meditação filosófica.
(Cf. Pegoraro, 2006).
Determinismo e liberdade

 Somos livres? Podemos fazer escolhas sobre o nosso


destino?
 Somos determinados? As coisas acontecem de forma
necessária?
 Para a consciência mítica, existe a aceitação do destino.
 As Moiras eram responsáveis pelo destino de cada um.
 Concepção de que não era possível fugir ao destino
já traçado pelas divindades.
Moiras – Átropos, Cloto e Láquesis

Fonte: https://sites.google.com/site/dicionariodesimbolos/fuso
Determinismo e liberdade

Nas tragédias, peças teatrais retiradas dos mitos, o destino


é questionado. Exemplo:
Édipo rei, de Sófocles
 Jocasta e Laios, rei de Tebas, concebem Édipo;
 Revelação do Oráculo de Delfos;
 Laios manda matar Édipo;
 Édipo sobrevive em Corinto;
 Já adulto, consulta o Oráculo;
 Tenta fugir do destino e o encontra;
 Conflito com desconhecidos;
 Livra Tebas da maldição da Esfinge;
 Recebe a mão da rainha de Tebas.
Édipo e a Esfinge –
François-Xavier Fabre, 1766-1837

 Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois
e à tarde tem três?

Fonte: http://pt.wahooart.com/@@/9GZGS4-
Fran%C3%A7ois-Xavier-Fabre-%C3%89dipo-ea-Esfinge
Santo Agostinho

 É um importante representante do pensamento cristão.


 Na sua obra “Confissões” narra suas experiências pessoais
e a sua evolução espiritual.
 Não escreveu um tratado exclusivo sobre ética, mas contribui
para discussão do tema.
 Livro “O livre arbítrio”. Trata-se de um diálogo entre Santo
Agostinho e Evódio.
Santo Agostinho, 354 a 430 d.C

Fonte: www.consciencia.org
Santo Agostinho

 1.Ev. Se possível, explica-me agora a razão pela qual Deus


concedeu ao homem o livre-arbítrio da vontade, já que, caso
não o houvesse recebido, o homem certamente não teria
podido pecar [...].

 3.Ag. [...] Com efeito, não é pelo fato de uma pessoa poder se
servir da vontade também para pecar, que é preciso supor que
Deus no-la tenha concedido nessa intenção. Há, pois, uma
razão suficiente para ter sido dada, já que sem ela o homem
não poderia viver retamente.
Santo Agostinho

 [...] Se o homem carecesse do livre-arbítrio da vontade, como


poderia existir esse bem, que consiste em manifestar a
justiça, condenando os pecados e premiando as boas ações?

 Ag. [...] Ora, todo bem procede de Deus. Não há, de fato,
realidade alguma que não proceda de Deus. Considera, agora,
de onde pode proceder [...] o pecado – sendo ele movimento
defeituoso, e todo defeito vindo do não-ser, não duvides de
afirmar, sem hesitação, que ele não procede de Deus.
Santo Agostinho

 Dessa forma: Deus dotou o ser humano com o livre-arbítrio.


 O homem pode escolher entre fazer
o bem ou o mal.
 O mal não provém de Deus, mas das escolhas do homem.
 Se não houvesse livre-arbítrio para o mal, o homem não
pecaria, mas suas ações não teriam mérito.
 O mérito da ação consiste em, podendo agir mal, não pecar
e escolher agir de acordo com os mandamentos divinos.
Interatividade

Segundo as concepções de Santo Agostinho, é correto


afirmar que:
a) no mundo existem coisas ruins, portanto, Deus não é bom.
b) o homem é filho de Deus, logo, quando o homem peca não
pode ser culpado.
c) por ter livre-arbítrio, o homem só pode praticar o bem.
d) Deus dotou o homem de livre-arbítrio para escolher entre
o bem e o mal.
e) o homem é imperfeito, dessa forma, só pode escolher
fazer o mal.
Ética kantiana

 Kant busca fundar uma ética universal e necessária.


 Uma ética válida para todos os seres humanos e que siga os
mesmos princípios.
 A observação empírica pode nos informar a respeito de como
as pessoas agem, mas não por qual motivo elas devem agir
dessa forma.
 Daí que essa ética não pode ser fundada na experiência.
 Kant busca uma fundamentação não empírica para a ética,
uma fundamentação racional.
Immanuel Kant, 1724-1804

Fonte: www.consciencia.org
Ética kantiana

“Por que devo agir de tal forma?”


 No decorrer dos tempos, as respostas em geral apontavam
para um motivo externo: Deus, a tradição, a autoridade
paterna etc.
 A resposta de Kant é: “[...] ‘devo’ – porque sou um ser
racional. Eu não preciso perguntar a ninguém o que devo nem
por que devo, mas unicamente a mim mesmo enquanto ser
racional” (PORTA, 2002).
 A razão é capaz de produzir e ditar suas próprias leis na forma
de imperativos.
Ética kantiana

 Não sou um ser exclusivamente racional, mas também sujeito


a impulsos e paixões.
 Um ser absolutamente racional seguiria a lei ética de modo
espontâneo.
 Para um ser que não é absolutamente racional, a lei adquire o
caráter de um imperativo (Cf. PORTA, 2002).
 Devemos seguir os imperativos ditados pela razão.
Ética kantiana

 O ser livre é aquele que impõe a si mesmo sua própria lei.


 Daí que o agir moral implica em autodeterminar a vontade,
em agir segundo a razão.
O primeiro imperativo básico da razão é:
“Age de tal forma que a sua ação possa sempre valer como lei
universal.”
 A ação será ética se você desejar que todos ajam
da mesma forma.
Ética kantiana

Outro imperativo básico da razão é:


 “Trate todo ser humano sempre como um fim em si mesmo e
nunca como um meio”.
 As coisas que existem no mundo possuem valores relativos,
já as pessoas possuem um valor em si.
 Esse valor em si é absoluto, daí que as pessoas não podem
ser empregadas como meios para quaisquer outros fins.
 O ser humano está acima de qualquer preço, é dotado de um
valor intrínseco que é a dignidade.
Ética kantiana

Dessa forma:
 O ser humano é dotado de vontade.
A liberdade da vontade é a autonomia.

 Uma vontade livre é uma vontade que obedece às leis da


razão. Assim, a autonomia da vontade pressupõe escolher
máximas que possam ser universalizadas.

 Daí que, na perspectiva kantiana, ser livre é ser racional,


é agir segundo os mandamentos da razão.
Os direitos humanos

 Após a II Guerra Mundial, em 10/12/1948, foi proclamada a


Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH).
 Ela estabelece direitos e garantias fundamentais, entre eles:
 Art.1 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos [...].

 São Direitos do cidadão


 Direito de não sofrer qualquer tipo de discriminação,
seja de sexo, cor, língua, religião, opinião política.
 Direito à livre escolha do seu trabalho, e em condições justas.
Os direitos e deveres humanos

 Direito a um nível de vida suficiente para garantir sua saúde


e seu bem-estar.
 Direito de participação política.
 Enfim, direito a ter uma vida digna.

Podemos considerar que todo cidadão deve


 Colaborar para a efetivação dos direitos de todas as pessoas
e ser o fomentador da ampliação dos direitos.
 Vários países incorporararam em suas Constituiçoes
os direitos fundamentais.
 Apesar da distância entre a teoria e a prática, a existência
dessas garantias em documentos se faz fundamental.
Nietzsche e a genealogia da moral

 Nietzsche, em sua obra “Para a Genealogia da Moral”, faz uma


investigação sobre os fundamentos da moral.
 Qual a origem dos valores bom e mau?
 No Dicionário Aurélio Eletrônico encontramos as seguintes
definições:
 Bom. adj. 2 Benévolo, bondoso, benigno. 3 Misericordioso,
caritativo.
 Mau. adj. 3. De má qualidade; inferior. 5. V. malvado (1):
pessoa má.
 Para Nietzsche, é necessário rever como estes valores foram
estabelecidos.
Nietzsche, 1844 a 1900

Fonte: www.wikipedia.org
Nietzsche e a genealogia da moral

 Qual o sentido etimológico da palavra “bom”, na sua origem?


 A ideia de “distinção”, “nobreza” é a ideia mãe da qual se
origina a ideia de “bom” e a noção de “vulgar”, “plebeu”,
“baixo”, transforma-se na ideia de “mau”.

 Nas raízes da palavra “bom” está a matriz de homens


superiores, em contraposição a “mau”, que designa o
simples, comum, “ruim”, baixo.

 Bom é quem manifesta a própria força, quem enfrenta


o perigo, quem luta; e ruim quem é rancoroso e fraco.
(Cf. Marton, 1993).
Nietzsche e a genealogia da moral

 Moral de senhores é a moral dos nobres, dos fortes, dos


poderosos. É a moral que diz sim à vida.
 Moral de escravos é a moral de rebanho, dos ressentidos.
Nega os valores vitais e deixa o homem passivo e fraco.
 Mas “ ‘Os senhores’ foram abolidos; a moral do homem
comum venceu” (Nietzsche, 1983).
 Nietzsche critica as religiões por desvalorizar este mundo
e colocar a esperança no além.
 Faz o homem viver com sentimento de culpa e como parte
de um grande rebanho.
Nietzsche e a genealogia da moral

 A moral dos fracos se origina de uma negação. Veem


na força e na potência dos senhores um mal, um perigo
a ser combatido.
 Como eles não conseguem se igualar e combater os mais
fortes, designam estes por maus e se autodenominam “bons”.
 Impossibilitados de vencer os fortes, invertem, então,
os valores.
 O que significava “bom” passa a ser denominado como “mau”
e vice-versa.
Nietzsche e a genealogia da moral

 No mundo há constantes forças em devir. É natural o conflito


entre forças.
 (Analogia com o devir de Heráclito e a teoria da evolução
de Darwin).
 A ideia de igualdade, qualquer que seja ela, democrática,
cristã, socialista, contraria a ideia originária da correlação
de forças.
 Fraco: deixa-se dominar, não valoriza a vida e coloca suas
esperanças no além.
 Forte: não nega a vida, vive o presente e a vida como ela é.
Nietzsche e a genealogia da moral

O que Nietzsche propõe


 Que se resgate o elemento dionísiaco, que ficou sufocado
pelo elemento apolíneo.
 Que não se espere nada do além.
 Que se viva intensamente cada instante.
 Que se ame a existência como ela é.
 Que haja uma transvaloração dos valores.
 Que cada um resgate suas forças vitais
para enfrentar e viver a vida.
Interatividade

Segundo as concepções de Immanuel Kant, a verdadeira


moral compreende:
a) seguir rigorosamente os mandamentos divinos.
b) obedecer as ordens determinadas pelas nossas paixões
e desejos.
c) guiar-se apenas pelas orientações de pessoas consideradas
honestas.
d) seguir os mandamentos ditados pela nossa própria razão.
e) seguir a moral determinada pela tradição do nosso país.
A ética segundo Max Weber

Texto: “A política como vocação” (1919)


 Preocupação com uma ética que leve em conta suas possíveis
consequências práticas, principalmente na esfera política.
 Para Weber há dois tipos distintos de ética: a ética de
convicção e a ética de responsabilidade.
 Na ética da convicção, toda ação é alimentada na convicção
aos princípios valorativos fundamentais da própria crença.
 O adepto age segundo sua convicção moral, que é boa e,
portanto, suas ações estão justificadas.
Max Weber, 1864-1920

Fonte: www.wikipedia.org
Weber: a ética da convicção

 Na ética da convicção, quando os fins se mostram


catastróficos, o adepto não se julga responsável
por tal resultado.

Exemplo:
 Ele fez sua parte agindo por convicção, mas se o resultado
não foi o esperado, esse pode ser atribuído à vontade divina,
à incompreensão humana, à decadência do mundo etc.
 Sua única responsabilidade é manter acesa a chama da
convicção para que ela não se extinga.
Weber: a ética da convicção

 Os partidários da ética da convicção condenam o uso de


meios violentos ou perigosos.
 Mas, na ação prática, sempre se recorre a estes meios para
justificar que se alcance a paz ou um mundo melhor.
 Exemplos: quando um ataque violento é justificado como
necessário para instaurar a paz. Ou quando a igreja lançou
mão das práticas da inquisição para purificar os infiéis.
As guerras santas das diferentes religiões.
Weber: a ética da responsabilidade

 Os adeptos da ética da responsabilidade: sabem que não


podem lavar as mãos às possíveis consequências
dos seus atos.
 Qualidades fundamentais para o homem político: a paixão,
o sentimento de responsabilidade e o senso de proporção.
 Paixão no sentido de devoção apaixonada a uma causa
e não como uma forma de agir puramente subjetiva e vazia.
 Essa paixão não pode estar desconectada de um sentimento
de responsabilidade, que funciona como a estrela guia
da ação.
Weber: a ética da responsabilidade

 A essas duas qualidades deve-se unir o senso de proporção,


ou seja, a capacidade de pesar as consequências
e decidir com serenidade.
 Essa é a grande dificuldade para o chefe político: saber unir
a ardente paixão ao frio senso de proporção.
 É necessário, ao mesmo tempo, possuir a paixão por
uma causa e a capacidade de recolhimento para tomar
as melhores decisões.
Weber: a ética da responsabilidade

 A ação política muitas vezes recorre à violência. As


justificativas são colocadas nos fins nobres a serem
alcançados. Esse argumento é usado tanto por socialistas
quanto pelos nazistas.
 Aquele que se dedica à política deve estar consciente desses
paradoxos éticos: fins bons versus meios problemáticos.
 Os governantes não devem lavar as mãos às consequências
desencadeadas por seus atos. Devem assumir a
responsabilidade por suas ações, mesmo quando
desencadeiam fatos não previstos.
Habermas e a ética discursiva

 É uma tentativa de reconstrução da ética kantiana,


em que Habermas busca superar aquilo que entende
como problemático.
Habermas critica o caráter solitário e isolado da ética kantiana:
 “Age de tal forma que a sua ação possa sempre valer como lei
universal” (Kant).
 As máximas universalizáveis resultam de um monólogo
de foro íntimo.
 Proposta de Habermas: o imperativo deve ser reconstruído
em termos discursivos, ou seja, a validação das normas a
partir de consensos.
Habermas, 1929-

Fonte: http://commons.wikimedia.org
Habermas e a ética discursiva

 As normas, para serem válidas, devem encontrar aceitação


de todos os participantes do discurso.
 O discurso racional é a condição para que as regras adquiram
normatividade e aceitação universal.
 A condição para o discurso racional e para o acordo racional
é a existência de uma situação ideal de fala.
 Situação em que o discurso decorre livre, isento de todas
as formas de coações e se pauta em bons argumentos.
Habermas e a ética discursiva

 Deve existir a mesma oportunidade de falar, de perguntar,


de responder, fazer intervenções, réplicas etc.
 Defende também o princípio da veracidade entre os
participantes do discurso, ou seja, que estes sejam
transparentes nas suas verdadeiras intenções.
 Daí que dizer a verdade é condição necessária para
o desenvolvimento do discurso prático.
 Como é difícil comprovar a existência de uma situação ideal
de fala, ela se torna um pressuposto desejado ou uma
“suposição inevitável”.
Habermas e a ética discursiva

 O princípio do discurso defende que uma norma justificável


e válida para todos é aquela que foi discutida e aceita como
regra.
 Tal principio resolve de forma isenta os conflitos entre
interesses particulares com relação às normas já existentes.
 Satisfeita essa condição, torna-se possível a realização do
princípio da universalização.
 As normas aceitas como válidas são universalizadas porque
traduzem a vontade geral e resultam de um consenso.
Habermas e a ética discursiva

Dessa forma, temos:


 Na ética discursiva, a validade das normas não resulta de
máximas individuais, como na ética kantiana.
 A subjetividade de cada um deve passar pelo crivo do
discurso intersubjetivo, da discussão que busca o consenso.

Dificuldades:
 Criar as condições para existência de uma situação
ideal de fala.
 Garantir a transparência e a veracidade dos participantes
do discurso.
Interatividade

Segundo as concepções éticas de Habermas, é correto


afirmar que:
a) a ética kantiana deve ser seguida sem alterações.
b) Habermas concorda com o caráter solitário e isolado
da ética kantiana;
c) aquilo que é subjetivo e particular no indivíduo deve
se tornar regra geral.
d) não é fundamental que todos tenham as mesmas
oportunidades de falar.
e) uma norma válida para todos é aquela que foi discutida
e aceita como regra por meio do consenso.
ATÉ A PRÓXIMA!

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