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Teologia

AEADEPAR - Associação Educacional das


Assembléias dc Deus no Estado do Paraná

il^ ~ j f~^\
O L O G '^

I B A D E P - In s tit u to B íb l ic o d a s A s s e m b lé ia s d e D eu s
no E s ta d o d o P ara n á
A v. B ra sil. S /N ° - V ila E l e t r o s u l - C x .P o s ta l 248
8 5 9 8 0 - 0 0 0 - G u a ír a - PR
F o n e /F a x : (4 4 ) 6 4 2 -2 5 8 1 / 6 4 2 -6 9 6 1 / 6 4 2 -5 4 3 1
E -m a il: ib a d e p @ i b a d e p .c o m
S ite : w w w . ib a d e p .c o m

Digitalizado por
A njos, H om em , P ecad o e Salvação

Pesquisado e adaptado pela Equipe


Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP - Instituto
Bíblico das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus
do Estado do Paraná.

Com auxílio de adaptação e esboço de vários


ensinadores

3a Edição - Setembro / 2004

Todos os direitos reservados ao IBADEP


Diretorias
CIEA DEP
Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra
Pr. José Alves da Silva - Presidente
Pr. Israel Sodré - I o Vice-Presidente
Pr. Moisés Lacour - 2o Vice-Presidente
Pr. Ival Theodoro da Silva - I o Secretário
Pr. Carlos Soares - 2o Secretário
Pr. Simão Bilek - I o Tesoureiro
Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro

A E A D E P A R - Conselho Deliberativo
Pr. José Alves da Silva - Presidente
Pr. Ival Teodoro da Silva - Relator
Pr. Israel Sodré - Membro
Pr. Moisés Lacour - Membro
Pr. Carlos Soares - Membro
Pr. Simão Bilek - Membro
Pr. Mirislan Douglas Scheffel - Membro
Pr. Daniel Sales Acioli - Membro
Pr. Jamerson Xavier de Souza - Membro

A E A D E P A R - Conselho de Administração
Pr. Perci Fontoura - Presidente
Pr. Robson José Brito - Vice-Presidente
Ev. Gilmar Antonio de Andrade - I o Secretário
Ev. Jessé da Silva dos Santos - 2o Secretário
Pr. José Polini - I o Tesoureiro
Ev. Darlan Nylton Scheffel - 2o Tesoureiro

IBADEP
Pr. Hércules Carvalho Denobi - Coord. Administrativo
Pr. José Carlos Teodoro Delfino - Coord. Financeiro
Pr. Walmir Antonio dos Reis - Coord. Pedagógico
Crem os

Em um só Deus, eternamente subsistente em


três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4;
Mt 28.19; Mc 12.29). Na inspiração verbal da Bíblia
Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a
vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). No nascimento
virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em
sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua
ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).
Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória
de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na
obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o
pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). Na
necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em
Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da
Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino
dos céus (Jo 3.3-8). No perdão dos pecados, na
salvação presente e perfeita e na eterna justificação das
almas recebidas gratuitamente de Deus pela fé no
sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At
10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9). No batismo
bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só
vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt
28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). Na necessidade e na
possibilidade que temos de viver em santidade
mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no
Calvário, através do poder regenerador, inspirador e
santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver
como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14;
IPe 1.15). No batismo bíblico com o Espírito Santo que
nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo,
com a evidência inicial de falar em outras línguas,
conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo
Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a
sua soberana vontade ( IC o 12.1-12). Na Segunda vinda
premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira
- invisível ao mundo para arrebatar a sua Igreja fiel da
terra, antes da grande tribulação. Segunda - visível e
corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre
o mundo durante mil anos ( l T s 4.16,17; ICo 15.51-54;
Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). Que todos os cristãos
comparecerão ante o tribunal de Cristo, para receber a
recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo
na terra (2Co 5.10). No juízo vindouro que
recompensará os fiéis (Ap 20.11-15). E na vida eterna
de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e
tormento para os infiéis (Mt 25.46).

Equipe Redatorial
M e todologia de Estudo

Para obter um bom aproveitamento, o aluno


deve estar consciente do porquê da sua dedicação de
tempo e esforço no afã de galgar um degrau a mais em
sua formação.
Lembre-se que você é o autor de sua história
e que é necessário atualizar-se. Desenvolva sua
capacidade de raciocínio e de solução de problemas,
bem como se integre na problemática atual, para que
possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à igreja
em que está inserido.
Consciente desta realidade, não apenas
acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou
trabalhos por fazer. Tente seguir o roteiro sugerido
abaixo e comprove os resultados:
1. Devocional:
a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela
sua salvação e por proporcionar-lhe a
oportunidade de estudar a sua Palavra, para assim
ganhar almas para o Reino de Deus;
b) Com a sua humildade e oração, Deus irá iluminar
e direcionar suas faculdades mentais através do
Espírito Santo, desvendando mistérios contidos
em sua Palavra;
c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que
ser organizados, ler com precisão as lições,
meditar com atenção os conteúdos.
2. Local de Estudo: Você precisa dispor de um lugar
próprio para estudar em casa. Ele deve ser:
a) Bem arejado e com boa iluminação (de
preferência, que a luz venha da esquerda);
b) Isolado da circulação de pessoas;
c) Longe de sons de rádio, televisão e conversas.
3. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança
bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar
voluntariamente, sem imposições. Conscientize-se
da importância dos itens abaixo:
a) Estabelecer um horário de estudo e xtradass e,
dividindo-se entre as disciplinas do currículo
(dispense mais tempo às matérias em que tiver
maior dificuldade);
b) Reservar, diariamente, algum tempo para
descanso e lazer. Assim, quando estudar, estará
desligado de outras atividades;
c) Concentrar-se no que está fazendo;
d) Adotar uma correta postura (sentar-se à mesa,
tronco ereto), para evitar o cansaço físico;
e) Não passar para outra lição antes de dominar bem
o que estiver estudando;
f) Não abusar das capacidades físicas e mentais.
Quando perceber que está cansado e o estudo não
alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa
para descansar.
4. Aproveitamento das Aulas: Cada disciplina
apresenta características próprias, envolvendo
diferentes comportamentos: raciocínio, analogia,
interpretação, aplicação ou simplesmente habilidades
motoras. Todas, no entanto, exigem sua participação
ativa. Para alcançar melhor aproveitamento, procure:
a) Colaborar para a manutenção da disciplina na
sala-de-aula;
b) Participar ativamente das aulas, dando
colaborações espontâneas e perguntando quando
algo não lhe ficar bem claro;
c) Anotar as observações complementares do
monitor em caderno apropriado.
d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos.
5. Estudo E x tr a d a s se : Observando as dicas dos itens 1
e 2, você deve:
a) Fazer diariamente as tarefas propostas;
b) Rever os conteúdos do dia;
c) Preparar as aulas da semana seguinte (constatando
alguma dúvida, anote-a para apresentá-la ao
monitor na aula seguinte. Não deixe que suas
dúvidas se acumulem).
d) Materiais que poderão ajudá-lo:
* Mais que uma versão ou tradução da Bíblia
Sagrada;
* Atlas Bíblico;
* Dicionário Bíblico;
* Enciclopédia Bíblica;
* Livros de Histórias Gerais e Bíblicas;
* Um bom dicionário de Português;
* Livros e apostilas que tratem do mesmo
assunto.
e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente:
* A necessidade de dar a sua colaboração
pessoal;
* O direito de todos os integrantes opinarem.
6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações:
a) Revise toda a matéria antes da avaliação;
b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!);
c) Concentre-se no que está fazendo;
d) Não tenha pressa;
e) Leia atentamente todas as questões;
f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis;
g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a
prova.

Bom Desempenho!
Currículo de Matérias

1. Educação Geral
3 * História da Igreja
c * Educação Cristã
* Geografia Bíblica

2. Ministério da Igreja
* Ética Cristã / Teologia do Obreiro
o * Homilética / Hermenêutica
* Família Cristã
a * Administração Eclesiástica

3. Teologia
* Bibliologia
* * A Trindade
c * Anjos, Homens, Pecado e Salvação.
* Heresiologia
* Eclesiologia / Missiologia

4. Bíblia
* Pentateuco
* Livros Históricos
* Livros Poéticos
* Profetas Maiores
<s * Profetas Menores
* * Os Evangelhos / Atos
? * Epístolas Paulinas / Gerais
* Apocalipse / Escatologia
Abreviaturas

a.C. - antes de Cristo.


ARA - Almeida Revista e Atualizada
ARC - Almeida Revista e Corrida
AT - Antigo Testamento
BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje
c. - Cerca de, aproximadamente,
cap. - capítulo; caps. - capítulos,
cf. - confere, compare.
d.C. - depois de Cristo.
e.g. - por exemplo,
gr. - grego
hb. - hebraico
i.e. - isto é.
lit. - literal, literalmente.
LXX - Septuaginta (versão grega do Antigo
Testamento)
m - Símbolo de metro.
MSS - manuscritos
NT - Novo Testamento
NVI - Nova Versão Internacional
p. - página.
ref. - referência; refs. - referências
ss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos
de um capítulo até o seu final. Por exemplo: IPe 2.1ss,
significa IPe 2.1-25).
séc. - século (s).
v. - versículo; vv. - versículos.
ver - veja
índice

Lição 1 - A C r i a ç ã o ............................................................15

Lição 2 - A Doutrina dos Anjos: A ngel olo gia....39

Lição 3 - A doutrina do Homem: Antropologia..63

Lição 4 - A Doutrina do Pecado: Hamartiologia .... 87

Lição 5 - A Doutrina da Salvação: S ote riologia.111

Referências B ibliográfi cas .............................................. 135


Lição 1
A Criação

O ponto de partida de nossa fé é exatamente


o tipo de crença es posado1 quanto à Pessoa de Deus
(Hb 11.6).
A Bíblia identifica como louca a pessoa que
nega a existência de Deus (SI 14.1), muito embora em
nenhum dos seus 66 livros o Espírito Santo jamais
estabeleceu qualquer argumento, de natureza filosófica
ou racional tentando provar a existência de Deus.
Aqueles que se dão ao estudo comparativo das
religiões, são unânimes em afirmar que a crença na
existência de Deus é de natureza praticamente
universal. Essa crença acha-se arraigada até entre as
nações e tribos mais remotas da terra. Contudo, isto
não quer dizer que não existam aqui e ali indivíduos
que negam completamente a existência de Deus, como
revela a Escritura: um Ser supremo e pessoal, existente
por si, consciente e de infinita perfeição, que faz todas
as coisas de acordo com um plano predeterminado.
Declaramos que Deus trouxe à existência tudo o
que há, sem o uso de nenhuma matéria preexistente.
Tanto o primeiro versículo da Bíblia como a frase que
abre o Credo Apostólico confessa Deus como Criador.
O tema de Deus como Criador dos céus e da terra é

1 Desposado, casado.

15
claramente ensinado nas Escrituras do princípio ao fim
(Gn 1.1; Is 40.28; Mc 13.19; Ap 10.6). A Bíblia afirma
que Deus é o Criador do homem e da mulher sem
mediação (Gn 1.26-27; Mc 10.6), de Israel, povo da sua
aliança (Is 43.15) e de todas as coisas (Cl 1.16; Ap
4.11). Com as Escrituras sustentamos que a criação
ocorreu pela Palavra de Deus (Gn 1.3; SI 33.6-9;
1 4 8 . 5 ) . ^ palavra que trouxe a criação à existência está
relacionada de modo vital com o Verbo (Palavra)
eterno que estava com Deus e que era Deus (Jo 1.1). De
acordo com o Evangelho de João (Jo 1.3), todas as
coisas foram feitas pelo Verbo e sem ele nada do que
foi feito se fez. Esse Verbo era Jesus.

A criação é obra do Deus trinitário (Gn 1; Hb 11.3).


Deus, o Pai, é a fonte da criação ( IC o 8.6), o
Filho é o agente da criação (Cl 1.16), e o Espírito de
Deus pairava com amor sobre a obra da criação (Gn
1.2). A criação deu-se pela sabedoria de Deus (Jr
10.12), pela vontade de Deus (Ap 4.11), e, conforme já
observado, pela Palavra (Verbo) de Deus (SI 33.6-9). A
criação revela Deus (SI 19.1) e traz-lhe glória (Is 43.7).
Tudo na criação era originalmente bom (Gn 1.4,31),
mas agora encontra-se imperfeito por causa da entrada
e dos efeitos do pecado na criação (Gn 3.16-19).
Todavia, essa imperfeição é apenas temporária (Rm
8.19-22), pois ela será redimida na obra final de Deus,
a nova criação (Is 65; Ap 21.1-5).
A doutrina bíblica da criação afirma Deus como
Criador, Redentor e Soberano. O Deus Criador não é
distinto do Deus que efetua nossa salvação em Jesus
Cristo através do seu Espírito Santo. Deus é a fonte de
todas coisas. Isso significa que Deus trouxe o mundo à
existência a partir do nada através de um ato
intencional de sua livre vontade. Assim afirmamos que

16
Deus é o soberano e onipotente Senhor de toda a
existência. Tal afirmação rejeita toda forma de
dualismo, que afirma que a matéria existe eternamente,
sendo, portanto, má, visto que é o princípio oposto a
Deus, fonte de todo o bem.
A doutrina da criação também afirma que Deus é
distinto de sua criação e que todas as suas criaturas
dele dependem e são boas. Sustenta também que Deus é
um Deus que possui propósitos e que cria livremente.
Na criação, e na provisão e preservação de Deus em
favor da criação, ele efetua seus propósitos finais em
favor da humanidade e do mundo. Portanto, a vida
possui sentido, significado, inteligência e propósito.
Isso afirma a plena unidade e inteligibilidade do
universo. Nisso vemos a grandeza, a bondade e a
sabedoria de Deus. O relato da criação encontra sua
plena explicação em Jesus como Deus-homem, luz e
vida do mundo que trará a criação sob seu domínio na
consumação do mundo, para o louvor e a glória final do
Deus Criador.

Preservação e Providência

Preservação.
A obra de Deus de preservação inclui sua
intervenção nas questões da história. Tal afirmação
bíblica sobre a preservação deve ser distinguida da
visão deísta de um Deus distante e que não intervém.
Todavia, a obra de Deus de sustentar e de proteger a
existência do universo criado é realizada através da
natureza de sua obra criadora e pelo seu cuidado
providencial e por sua intervenção permanentes. Em
Colossenses 1.16-17 a forma do verbo (perfeito)
enfatiza o resultado permanente do fato de que em
Deus “tudo subsiste” (veja Hb 1.3).

17
Providência.
Intimamente relacionada, e até mais abrangente
em seu e s c o p o 1 é a obra divina da providência. A
providência envolve a obra contínua do Deus trino e
uno por meio da qual todas as coisas no universo são
dirigidas e controladas, levando a efeito seguramente
seu plano repleto de sabedoria (Rm 8.28). Isso ocorre,
geralmente, pelo estabelecimento e pela execução de
leis e princípios naturais que fazem parte da boa e
sábia criação divina. Pode, no entanto, incluir também
a intervenção singular, planejada e especial de Deus no
processo natural de cumprir a sua vontade, o que
chamamos de milagre. O milagre, enquanto aspecto da
providência divina, deve ser visto em função de sua
singularidade.
1. A providência divina às vezes transcende os planos
humanos.
Ao agir assim, Deus pode usar atos
intencionalmente maus para o bem (Gn 50.20). Tal
atitude divina só pode provocar uma reação de louvor
pela grandeza de Deus por parte dos crentes. Ao
mesmo tempo, isso levanta uma das perguntas mais
difíceis para a teologia cristã: por que o mal e o
sofrimento persistem neste mundo?
Alguns propuseram que ou Deus não existe ou
ele não é poderoso o suficiente para fazer alguma coisa
com o mal ou ainda ele não é amoroso o suficiente para
preocupar-se com o sofrimento. Em contraste com tal
sugestão, queremos não somente confessar que Deus
existe, mas também que ele é de fato infinitamente
poderoso e plenamente amoroso. Todavia, não
pretendemos negar nem o mal nem o sofrimento, pois
são uma realidade obviamente presente à nossa volta.

1 A l vo , mir a, i nt ui t o ; i n t e n ç ã o .
Por fim, queremos responder a essa pergunta
confessando que Deus tem um plano e um propósito e
reúne todas as coisas em perspectiva (Ec 9.11). À luz
disso, afirmamos que o mal ainda existe porque
Satanás, uma criatura inteiramente má, ainda existe e
opõe-se continuamente aos d e s íg n io s 1 de Deus e
procura frustrá-los. Também afirmamos que o mal
existe para aprofundar e ampliar a revelação de Deus
(SI 107.28). Sem o pecado, o mal e o sofrimento, e o
amor, a misericórdia e a graça de Deus não são
plenamente compreendidos. E possível que Deus use o
sofrimento para exercer disciplina e punição de suas
criaturas. Podemos afirmar que o mal existe no
presente, mas esse é um período de provação. Deus,
embora permita temporariamente o mal, redimirá todas
as coisas em seu plano final.
Concluindo, devemos confessar nosso
conhecimento limitado e dizer que o problema do mal
permanece um mistério. Podemos, com base bíblica,
estar certos de que Deus pode usar e usa o pecado, o
mal, o fracasso e o sofrimento para o seu bem eterno. O
exemplo máximo é a crucificação de Cristo, que mostra
Cristo em estado de sofrimento por causa dos delitos e
dos pecados da humanidade. Apesar disso, por meio do
triunfo da ressurreição, o maior ato do mal (a
crucificação do Deus-homem, Jesus Cristo) tornou-se o
maior bem, a provisão do perdão do pecado e da
salvação da humanidade. Tudo isso aponta para os
desígnios sábios e maravilhosos de Deus para este
mundo, parte dos quais nos foi revelado mas que, no
final, são incompreensíveis em sua totalidade para as
criaturas de Deus.

1 Intento, intenção, plano, projeto, propósito.

19
O Deus da Criação

Deus se revela na Bíblia como um ser


infinito, eterno, auto-existente e como a causa primária
de tudo o que existe. Nunca houve um momento em que
Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: “antes
que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e
o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és De us”
(SI 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e
infinitamente antes de criar o universo finito. Ele é
anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e
independe dela ( l T m 6.16; Cl 1.16).
Deus se revela como um ser pessoal que
criou Adão e Eva “à sua imagem” (Gn 1.26,27). Porque
Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam
comunicar-se com Ele, e também com Ele ter
comunhão de modo amoroso e pessoal.
Deus também se revela como um ser moral
que criou todas as coisas boas e, portanto, sem pecado.
Ao terminar Deus a obra da criação, contemplou tudo o
que fizera e observou que era “muito bom ” (Gn 1.31).
Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e
semelhança de Deus, eles também não tinham pecado
(Gn 1.26). O pecado entrou na existência humana
quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn
3; Rm 5.12; Ap 12.9).

A Pessoa do Criador

Existem diferentes fontes de revelação da


Pessoa de Deus. As principais são: a Bíblia Sagrada e a
Natureza (SI 19.1-4). A criação toda revela o Criador,
Gênesis 1 e Salmo 104, mostram detalhadamente que
Deus fez cada coisa para um fim determinado,
colocando-a também no local ou espaço que convém. A

20
natureza torna-se assim o espelho do Deus uno e
soberano. Por isso, toda a natureza se constitui num
hino de louvor a Deus (SI 104). Devemos louvar a Deus
como Criador: “Digno és, Senhor, de receber glória, e
honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por
tua vontade são e foram cr iad as” (Ap 4.11).
O método bíblico da revelação de Deus é tão
claro, intuitivo e co nduce nte1 que todos os escritores
simplesmente declaram os atos soberanos de Deus.

Deus é o Criador.
Todos os seres vivos existentes no Universo,
além do universo de elementos inanimados, têm sua
criação atribuída a Deus (Mc 13.19). Deus criou todas
as coisas (At 17.24). A fé da Igreja em relação à
criaçãoo do mundo se expressa no primeiro artigo do
Credo dos Apóstolos, ou Confissão de fé Apostólica,
que diz “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do
céu e da terra” . De acordo com esta declaração de fé,
Deus, por meio do seu todo-suficiente poder, criou o
Universo do nada. Em sentido estrito da palavra,
“cr iaçã o” pode ser definida como aquele ato livre de
Deus, por meio do qual, segundo o conselho de Sua
soberana vontade e para Sua própria glória, no
princípio produziu todo o Universo visível e invisível,
sem o uso de matéria preexistente e assim lhe deu
existência distinta da sua própria existência.

Deus é Onipotente.
Os remidos no céu celebrarão permanente e
eternamente o fato de que o Deus Onipotente reina (Ap
19.6) Esse cântico ilustra e lembra dois dos mais

1 Q u e c o n d u z (a um f im) . Q ue t e n d e ( p a r a u m fi m) ; t e n d e n t e .
2 E x p o s i ç ã o r e s u m i d a dos a r t i g o s de fé a c e i t o s p o r u m a r e l i g i ã o ,
ou d e n o m i n a ç ã o .

21
maravilhosos expressivos atributos de Deus: Sua
Onipotência e Sua Soberania. Veja também Gênesis
17.1; 35.11; Apocalipse 21.22; Êxodo 15.18; lCrônicas
29.11,12; Salmos 93.1,2; Isaías 66.1.

A Onipotência divina nos atos da criação.


Os dois primeiros capítulos da Bíblia
mencionam os detalhes da criação do mundo. Os
profetas, por sua vez, declaram que Deus fez a terra
por seu próprio poder (Is 40.21-28; 42.5; 45.12-18; Jr
10.12; 27.5; 51.15).

A Declaração Bíblica da Criação

O ponto de partida está na declaração de que


todas as coisas criadas foram feitas “segundo o
propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o
conselho da sua vontade” (Ef 1.11b). Portanto, o relato
da obra da criação no livro de Gênesis se constitui
como o princípio e a base de toda a revelação divina e,
conseqüentemente, a base da relação do homem com
Deus.
Quatro grandes verdades estabelecem os
fundamentos da obra da criação.
1 A obra da criação é autoria única do Deus Trino.
A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor
da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo
Paulo destaca a segunda Pessoa da Trindade, Jesus
Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as
coisas são de Deus, o Pai” (IC o 8.6; Jo 1.3; Cl 1.15-
17). A terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo,
participa da obra da criação em harmonia perfeita com
o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gênesis
1.2; Jó 26.13; 33.4; Salmo 104.30; Isaías 40.12,13. Não

22
há na Trindade Divina qualquer resq uício1 de
competição. As três Pessoas são distintas mas formam
uma só essência divina indivisível.

2. A obra da Criação foi feita por um ato livre da parte


do Criador.
A Bíblia deixa claro que Deus é auto-
suficiente e não tem qualquer relação de dependência
de nada e de ninguém (Jó 22.3,13; At 17.25). Ao
realizar a obra da criação, Ele o fez não por
necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de
fazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única
dependência divina é a de sua própria e soberana
vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece
o fato de que “Deus fez todas as coisas segundo o
conselho da sua vontade” (Ef 1.11; Ap 4.11).

3. A obra da Criação teve um começo.


A criação teve um princípio, um começo para
tudo, nas coisas visíveis e invisíveis. A prova
irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro
livro da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a
terra ” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico
é bereshith, que literalmente significa “com eç o” . O
sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação
teve um início, um começo (SI 90.2; 102.25). Por essas
escrituras, entende-se que num momento específico,
conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e
a substância que antes nunca existiram. Quanto à
existência do mundo espiritual, o princípio é o mesmo
estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou
tudo do nada.

1 R e s í d u o , v e s tí gi o .
2 Q u e n ã o se p o d e r e f ut a r ; e v i d e n t e , i r r e c u s á v e l , i n c o n t e s t á v e l .

23
'l^0/Yn/O ^ OS"
A* A obra da criação foi produzida do “nad a” . "V- ^ ? Ô
Esta é uma doutrina que se choca
frontalmente com as teorias materialistas que acreditam
na eternidade da matéria. Os que rejeitam essa verdade,
dizem que é impossível “criar alguma coisa do nada” ,
mesmo para o Deus Onipotente, porque não tem
elemento causante. Porém, a Bíblia declara que Deus
criou todas as coisas pela Palavra do seu Poder (SI
33.6,9; 148.5). A Escritura mais forte para aceitar a
idéia de que a criação foi feita do nada está em
Hebreus 11.3 que diz: “Pela fé entendemos que os
mundos, pela Palavra dé Deus, foram criados; de
maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é
ap arente” . Ora, podemos entender de modo claro que
pertence à natureza divina a capacidade de trazer à
existência aquilo que não existe. Ele, somente Ele,
pode criar qualquer coisa do nada, segundo o seu
arbítrio.

O Processo da Obra da Criação

A criação dos anjos só será entendida


plenamente depois de conhecermos os fundamentos da
doutrina da criação. Há um processo ordenado na
história da criação que se apresenta em três fases
distintas como se segue:

A criação das coisas espirituais.


Ao responder aos questionamentos do
patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático1 e
poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem
o mundo material havia sido criado, os seus anjos, que
são espíritos criados por Ele, já estavam presentes na

1 Q u e t em , o u e m q u e h á ê nf as e .

24
criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta escritura,
Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador
da terra e a rege com ju stiça e que, ao criar o mundo
material, “as estrelas da alva alegremente cantavam, e
todos os filhos de Deus reju bilav am ”' (Jó 38.7). Na
linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da
alva” quanto “os filhos de D eus ” são figuras dos seres
espirituais criados pelo Senhor.

A criação das coisas materiais.


A base dessa declaração está na narrativa
bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto,
a criação material é imensa e abrange todo o sistema
solar e outros sistemas existentes e descobertos pelo
homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no
espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com
muitos sóis, planetas e satélites, nos dá uma visão
limitada de toda a grandeza da criação material (Ne
9.6).

A criação da vida sobre a terra.


Na criação da terra, o Criador formou a vida
física numa combinação do imaterial com o material
(Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação, são incluídos
os homens, os animais nas mais variadas espécies, além
da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos
e homens como seres espirituais. Porém, é preciso
distinguir ambas as criações, porque os anjos são
apenas seres espirituais e os homens são seres
espirituais e materiais. A vida dos anjos é apenas
espiritual. A vida dos homens é espiritual e física. A
vida física foi criada para propagar-se, por isso, os
homens procriam e geram outros homens. A vida dos
anjos é única e eterna; não pode propagar-se, isto é, os
anjos não procriam.

25
Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

1. A palavra que trouxe a criação à existência está


relacionada de modo vital com o
a)l I Evangelho
b)[y~l Verbo escrito em João 1.1
c)l I Homem
d)l I Livro Sagrado

2. Quanto à doutrina bíblica da criação é errado dizer


que
a)l I Afirma Deus como Criador, Redentor e
Soberano
b)l I Deus trouxe o mundo à existência a partir do
nada
c ) H Afirma que a matéria existe eternamente, visto
que é o princípio de Deus
d)l I Deus é um Deus que possui propósitos e que
cria livremente

3. Uma das grandes verdades que estabelecem os


fundamentos da obra da criação
a)| I A obra da criação é autoria única do Deus Pai
b)l I A obra da Criação foi feita por um ato
reservado da parte do Criador
c)l | A obra da Criação não teve um começo
d)f>~1 A o br a da c ria ção foi p ro d u z id a do “ n a d a ”

• Marque “C ” para Certo e “E” para Errado

4. C Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar


o universo finito
5.|4: | Os anjos são apenas seres espirituais e materiais

26
O M étodo da Criação

A mente humana tem sido atingida por


inúmeras teorias do aparecimento do Universo. Os
evolucionistas, por exemplo, estão tentando ganhar
terreno impondo suas especulações. No entanto,
teorias, especulações e opiniões humanas têm qualquer
valor diante das afirmações irrefutáveis 1 da Bíblia
Sagrada. A Bíblia Sagrada não é fruto de especulação.
Ela é a revelação de Deus (2Pe 1.21; Jr 1.12).

Deus criou.
Em Gênesis 1 e 2 são originalmente usados
três vocábulos para descrever os atos criativos de Deus,
a saber: x.
• a Bara, que significa criar do nada, formar algo sem l
dispor de matéria prima (Gn 1.1,21,27, etc.);
• Asah, que significa fazer;
• Yatzar, que significa formar.
Estes dois últimos vocábulos significam
construir algo a partir de matérias pré-existentes.

{^}Deus criou por sua Palavra.


O relato insuspeito de Gênesis 1 nos afirma
que os atos criativos foram, via de regra precedida de
sua palavra. A expressão textual é: “E disse Deu s” (Gn
1.3,6,9,11,14,20,24 e etc). Na Escritura está
demonstrado o grande poder de que se reveste a
Palavra de Deus, sem esquecermos a relação que existe
entre ela e o próprio Jesus, chamado de Verbo (logos),
Palavra de Deus (Jo 1.1-3).

1 Q u e não se p o d e r e f u t a r ; e v i d e n t e , i r r e c u s á v e l , i n c o n t e s t á v e l .

27
Q) Deus criou por sua vontade (Ap 4.11).
Estas palavras do Apocalipse reafirmam a
soberania de Deus. À vontade de Deus, ao contrário da
humana, não está •sujeita a qualquer limitação. Daí a
importância da oração dominical: “Seja feita a tua
vontade, assim na terra como nos céus” (Mt 6.10).

) Deus criou por sua mão (Is 66.2).


A mão sempre foi sír símbolo de trabalho,
atividade, força, domínio, autoridade, proteção, etc. A
expressão “mão de Deus” , tantas vezes encontrada na
Bíblia, incorpora essa conotação. Nesse sentido está
escrito que foi a mão de Deus (Seu poder, força e
autoridade) que fez todas as coisas e sobre tudo exerce
autoridade e domínio (Jo 10.29; IPe 5.6).

^1/ Deus sustenta o que criou (Hb 1.3).


A Bíblia não apenas registra que Deus criou
todos os astros e planetas que povoam os céus; diz
ainda que Deus os chama pelos seus nomes, não
permitindo que nenhum deles venha a faltar (Is 40.26).

O Propósito e o Alvo da Criação

Deus tinha razões específicas para criar o


mundo.
As escrituras revelam algumas razões porque
Deus consumou o processo da criação, dentre as quais
destacam-se as seguintes:

Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua


glória, majestade e poder.
Davi diz: “Os céus manifestam a glória de
Deus e os firmamentos anunciam a obra de suas mãos”
(Is 43.7; 60.21; 61.3; Lc 2.14; SI 19.1). Ao olharmos a

28
totalidade dos c o s m o s 1 criados - desde a imensa
expansão do universo, à beleza e a ordem da natureza -
ficamos tomados de temor reverente ante a majestade
do Senhor Deus, nosso criador.

Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a


honra que lhe são devidas.
Todos os elementos da natureza - o sol e a
lua, as árvores da floresta, a chuva e neve, os rios e os
córregos2, as colinas e as montanhas, os animais e as
aves - rendem louvores ao Deus que os criou (SI
98.7,8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus espera
receber glória e louvor dos seres humanos!

Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu


propósito e alvos para a humanidade fossem
cumpridos:
1. Deus criou Adão e Eva à sua própria
imagem, para comunhão amorável e pessoal como o ser
por toda a eternidade. Deus projetou o ser humano
como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que
possui mente, emoção e vontade, para que possa
comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor,
adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão (Gn 2.7-
9; 3.8,9; ICo 1.9). O texto clássico e tradicional da
criação (Gn 1.1), não menciona a criação do inferno.
Os céus e a terra ali mencionados envolvem
apenas as áreas onde se manifesta a comunhão do
Criador com a criatura. Desde o princípio de sua
criação, o homem dispôs de condições muito especiais
para uma relação de comunhão com o Criador (Gn 2.7-
9; 3.8,9; ICo 1.9).

1Mundo, universo.
2 R i b e i r o de p e q u e n o c a u d a l ; r i a ch o .

29
2. Deus desejou de tal maneira esse
relacionamento com a raça humana que, quando satanás
conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem
contra Deus e desobedecer ao seu mandamento, Ele
prometeu enviar um Salvador para redimir a
humanidade das conseqüências do pecado (Gn 3.15).
Daí Deus teria um povo para a sua própria possessão,
cujo prazer estaria nele, que o glorificaria, e viveria em
retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef
1.11,12; IPe 2.9).
3. A culminação do propósito de Deus na
criação está no livro do Apocalipse, onde João
descreve o fim da história com estas palavras: “ ...com
eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus
estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).
4. Para Sua vontade, como encontramos em
Efésios 1.5, 6,9; Apocalipse 4.11).
5. Para ser habitada, de acordo com Isaías
45.18. Tudo nos leva a pensar que Satanás (o querubim
ungido), desfrutava da harmonia e beleza original da
Terra, isto em período bem anterior à criação do
homem, ocasião em que o mundo então existente fora
atingido pelo juízo aplicado ao anjo rebelde, vindo a
terra a tornar-se c aó tica1 (Is 14.12-14; Ez 28.12-15).
6. Para a honra pessoal de Jesus Cristo,
conforme lemos em Hebreus 2.10; Colossenses 1.16.
“O supremo propósito de Deus, na criação, em nada
está fora de si mesmo, mas é sua própria glória, na
revelação e através das criaturas da infinita perfeição
do seu Ser” .

1 Q u e e s t á e m c ao s; c o n f u s o , d e s o r d e n a d o .

30
A Atividade da Criação

Deus criou todas as coisas em “os céus e a


terra” (Gn 1.1; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; E f 3.9;
Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O verbo “cr iar ” (Hebraico
“bara”) é usado exclusivamente em referência a uma
atividade que somente Deus pode realizar. Significa
que, num momento específico, Deus criou a matéria e a
substância, que antes nunca existiram (Gn 1.3).
A Bíblia diz que no princípio da criação a
terra estava informe, vazia e coberta de trevas (Gn
1.2). Naquele tempo o universo não tinha forma
ordenada que tem agora. O mundo estava vazio, sem
nenhum vivente e destituído do mínimo vestígio de luz.
Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para
dissipar as trevas (Gn 1.3-5), deu forma ao universo
(Gn 1.6-13) e encheu a terra de seres viventes (Gn
I.20-28). O método que Deus usou na criação foi o
poder da sua Palavra. Repetidas vezes está declarado:
“E disse Deus ... ” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26). Noutras
palavras, Deus falou e os céus e a terra passaram a
existir. Antes das palavras criadora de Deus, eles não
existiam (SI 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb
I I.3 ).
Toda a trindade, e não apenas o pai,
desempenhou sua parte na criação.
O próprio filho é a Palavra (“verbo”)
poderosa, através de quem Deus criou todas as coisas.
No prólogo do evangelho segundo João, Cristo é
revelado como a eterna Palavra de Deus (Jo 1.1).
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada
do que foi feito se fez” (Jo 1.3). semelhantemente, o
apóstolo Paulo afirma que por Cristo “foram criadas
todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e

31
invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl
1.16). Finalmente, o autor do livro de Hebreus afirma
enfaticamente que Deus fez o universo por meio de seu
filho (Hb 1.2).
Semelhantemente, o Espírito Santo
desempenhou um papel ativo na criação. Ele é descrito
como “pairando” (“se m ov ia”) sobre a criação,
preservando-a e preparando-a para as atividades
criadoras e adicionais de Deus. A palavra hebraica
traduzida por “Espírito” (r uah) também pode ser
traduzida por “vento” e “fôlego” . Por isso, o salmista
testifica do papel do Espírito, ao declarar: “pela a
Palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo os
exércitos deles, pelo Espírito (ruah) da sua boca ” (SI
33.6).
Além disso, o Espírito Santo continua a
manter e sustentar a criação (Jó 33.4; SI 104.30).

A Ordem dos Eventos da Criação Natural

No Livro de Gênesis, Moisés passa a


descrever as diferentes fases da ação divina que se
estendeu por seis dias, dos quais, três para a formação
dos espaços habitáveis e outros três para a obra do
povoamento. A ilustração dada a seguir mostra a
disposição da semana da recriação e respectivos atos
criadores de Deus.

Primeiro Dia.
Criação da luz cósmica (Gn 1.3). Como bom
artista, Deus começou por iluminar o seu campo de
ação. Não se trabalha no escuro porque, sem luz -
condição fundamental de toda a obra (cientificamente
provado) - tudo é confuso. No plano natural das coisas,
a luz procede da vibração. O versículo 2 revela a

32
relação entre o movimento do Espírito sobre a matéria
in e r te 1 e a conversão operada no pecador por este
mesmo Espírito.

Segundo Dia.
Criação do Firmamento (Gn 1.6-8).
Firmamento ou expansão foi como Deus denominou o
segundo elemento criado; foi a separação da matéria
gasosa da qual surgira a luz. O que Deus chama de
“ex pa ns ão ” ou “céus”, não significa simplesmente a
atmosfera à volta da terra, mas a “grande câmara”
universal onde o Sol, a Lua e as estrelas se localizam.

Terceiro Dia.
Aparecimento da terra firme e da vegetação
(Gn 1.9-13). Neste, o movimento está ligado à
gravitação, envolvendo tudo e todas as demais forças
que começaram a concentrar a matéria debaixo do
firmamento à volta dos inúmeros centros ou planetas,
uns dos quais passa a ser o nosso globo. Para que a
terra pudesse receber seus habitantes com suas
inúmeras finalidades.

Quarto Dia
Organização do sistema solar (Gn 1.14-19).
Neste dia surgem o Sol, a Lua e as estrelas. A função
dos dois astros reis - respectivamente. O Sol indica
dias e anos; a Lua, semanas e meses; e as estrelas, as
estações.

Quinto Dia.
Surgimento da fauna marinha (Gn 1.20-23).
Neste dia surgem os pequenos e grandes peixes, com

1 Q u e t em i n é r ci a ; s em a t iv i d a d e .

33
também todas as variedades de aves. Os animais da
água em geral, e do ar, têm muita semelhança. Há aves
que vivem também nas águas.

Sexto Dia.
*• Criação dos animais terrestres (Gn 1.24-31).
À semelhança dos demais animais, estes também foram
criados por Deus. Esses animais nascem da terra e nela
vivem. Dividem-se em três grupos distintos:
1. Gado ou animais domésticos;
2. Feras ou animais selvagens;
3. Répteis, que se arrastam pelo solo.
Concluída toda a obra da Criação no sexto
dia, Deus abençoou o dia sétimo, e o santificou (Gn
2,3). Foi este um dia mui diferente dos demais
descritos durante a obra da Criação. Foi um dia
santificado. E os outros seis, não teriam também sido
santificados? Claro que sim! Apenas o sétimo foi em
especial, porque nele, o Senhor descansou, ou repousou
de suas obras.

Lições Finais da Criação

O relato bíblico da criação é uma arma


contra as terríveis heresias que atualmente enchem a
terra. A criação do Universo por Deus:
Nega a eternidade da matéria, visto que
afirma um princípio no qual todas as coisas foram
efetivamente criadas. A harmonia da criação está a
dizer-nos que antes dela houve um poder dinâmico que
a gerou, e, portanto, esta coisa - o mundo - teve um
princípio. O ser que a gerou, é o eterno Deus. Então
Deus foi o princípio, a causa primária de tudo o que
existe. Somente Deus é eterno (Gn 21.33; Ex 3.15; Dt
33.27; lC r 16.36; Ne 9.5; Jó 36.26; SI 90.1-4).

34
Nega o Ateísmo, pois afirma
categoricamente que Deus criou os céus e a terra e tudo
o que neles há. Tudo o que existe dentre de nós, em
volta de nós em cima de nós, revela a maravilhosa
existência de um Ser Criador.
Nega o Panteísmo. O panteísmo ensina que
Deus e a natureza são o mesmo e estão
inseparavelmente ligados. A Bíblia afirma, porém, que
Deus não é parte do Universo, posto que este é obra
das Suas mãos (SI 8).

Criação e Evolução

A evolução é o ponto de vista predominante,


proposto pela comunidade científica e educacional do
mundo atual, em se tratando da origem da vida e do
universo. Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar
para estas quatro observações a respeito da evolução.

1.*A evolução é uma tentativa naturalista para explicar


a origem e o desenvolvimento do universo.
Tal intento começa com a pressuposição de
que não existe nenhum criador pessoal e divino que
criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a
existir mediante uma série de acontecimento que
decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos. Os
postulantes da evolução alegam possuir dados
científicos que apóiam a sua hipótese.

2. O ensino evolucionista não é realmente científico.


Segundo o método científico, toda a
conclusão deve basear-se em evidências incontestáveis,
o r iu n d a s 1 de experiências que podem ser reproduzidas

1Originário, proveniente, procedente; natural.


em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma
experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para
testar e comprovar teorias em torno da origem da
matéria a partir de um hipotético “grande estro nd o” , ou
do desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir
das formas mais simples às mais complexas. Por
conseguinte, a evolução é uma hipótese sem
“ev idência” científica, e somente quem crê em teorias
humanas é que pode aceitá-la. A fé do povo de Deus,
pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação
inspirada, a qual declara que Ele é quem criou do nada
todas as coisas (Hb 11.3).

3. É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem


em várias espécies de seres viventes.
Por exemplo: algumas variedades dentro de
várias espécies estão se extingu in do 1; por outro lado,
ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre
algumas das espécies. Não há, porém, nenhuma
evidência, nem se quer registro geológico, a apoiar a
teoria de um tipo de ser vivente que já evoluiu doutro
tipo. Pelo contrário, as evidências existentes apóiam a
declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura
vivente “conforme a sua es pécie” (Gn 1.21,24,25).

4. Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a


teoria da chamada evolução teísta.
Essa teoria aceita a maioria das conclusões
da evolução naturalista; apenas acrescenta que Deus
deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega a
revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em
todos os aspectos da criação. Por exemplo, todos os
verbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seu

1Fazer desaparecer.

36
sujeito, a não ser em Gênesis 1.12 (que cumpre o
mandamento de Deus no v . 11) e a frase repetida “E foi
à tarde e a m an hã” . Deus não é um supervisor
indiferente, de um processo evolutivo; pelo contrário, é
o Criador ativo de todas as coisas (Cl 1.16).

37
Questionário

• Assinale com “X” as alternativas corretas

6. Vocábulo hebraico que significa criar do nada,


formar algo sem dispor de matéria prima
a ) 0 Bara
b)l I Yatzar
c)| I Ruah
d)l I Asah

7. Dia em que Deus criou os animais terrestres


a)l I Primeiro dia
b ) D Terceiro dia
c)| | Sétimo dia
d ) H Sexto dia

8. Ensina que Deus e a natureza são o mesmo e estão


inseparavelmente ligados
a)[g| Panteísmo
b)l I Ateísmo
c)| | Eternidade da matéria
d)l I Evolucionismo

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

9.KJ O método que Deus usou na criação foi o poder da


sua Palavra
10.[Ç] A evolução é uma tentativa naturalista para
explicar a origem e o desenvolvimento do universo

38
Lição 2
A Doutrina dos Anjos: Angelologia

A criação de Deus vai muito além do que


aquilo que conseguimos enxergar. O apóstolo Paulo,
em Colossenses 1.16, nos diz que em Cristo, “foram
criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as i n visíveis .. .” .
Dentre as coisas invisíveis, estão certamente
os Santos Anjos de Deus e também os Demônios, que
são anjos caídos e que pertencem, agora, aos exércitos
de Satanás. A sociedade tem se tornado cada vez mais
racionalista, acreditando somente no que pode ser
lógico e cientificamente comprovado. Isso tem trazido
conseqüências até mesmo para a Igreja de Cristo, onde
muitas pessoas colocam sérias dúvidas em tudo que se
apresente como “sobrenatural” , esquecendo-se que
inúmeras vezes, Deus agiu sobrenaturalmente, na
Bíblia.
Por todas as Escrituras, encontramos várias
referências, tanto a Anjos como a Demônios. Assim
sendo, aos que crêem que a Bíblia é a Palavra de Deus,
não há o que questionar sobre a sua existência. Há sim,
muito que aprender com o seu estudo. Efésios 6.12,
revela uma luta sendo travada entre os servos do Reino
de Deus e os agentes do Reino das Trevas, que não são
de “carne e sangue” , mas são forças espirituais da
malignidade.

39
A Realidade da Criação Espiritual

A experiência humana testemunha a


existência de seres espirituais aos quais são dados os
mais variados nomes: espíritos, deuses e semideuses,
gênios, heróis, demônios e tantos outros nomes. Porém,
J , > é a Bíblia Sagrada que revela a verdade sobre o mundo
espiritual. Independentemente das idéias e fantasias
mitológicas das religiões do mundo, a revelação
aceitável no mundo religioso se encontra na Bíblia.

Os anjos são reais.


> O A palavra anjo no hebraico é malakh e no
grego é angelos que significam a mesma coisa:
mensageiro, enviado. O termo anjo aplica-se a todas as
ordens dos espíritos criados por Deus (Hb 1.14). Eles
exercem atividades importantes no mundo espiritual,
mas não são independentes nessas atividades, pois as
fazem dentro dos limites a que foram criados. A Bíblia
fala da manifestação dos anjos na obra da criação do
mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes
quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb
2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram
servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt
4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5);
na ascensão de Cristo (At 1.10); etc. Sua manifestação é
inco rpóre a1; eles são seres espirituais e morais, porque
acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se
comprova mediante os atributos de personalidade que
eles demonstram falando, pensando, sentindo e
decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas
através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os
demônios, que são anjos caídos da graça de Deus,

1 Q u e n ã o te m c o r po ; i m a t e r i a l , i m p a l p á v e l ; i n c o r p o r a i .
tomam para se incorporarem corpos de pessoas vivas
ou de animais, e por essas possessões materiais se
manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros
corpos para se manifestarem, mas tomam formas de
pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.
rj •,
Existem • ,bons e maus.
anjos
Na criação original dos anjos, não houve
essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara
que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça
bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre
bons e maus é o fato de que foram criados como seres
morais c o m livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha
consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer
deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16;
Ez 28.1 2-1 9').
A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram
contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe
2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e
não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os
confirmou em sua posição celestial e para sempre
estarão na sua presença ( lT m 5.21; Mt 18.10).

A habitação dos anjos.


Ao estudarmos as várias classes angelicais,
entendemos que estas são distintas por várias
atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das
“regiões celestiais ” . A Bíblia declara ainda que os
anjos de Deus são organizados em m ilícias* espirituais
que povoam os céus e são distribuídos em distintas
ordens e graus (Lc 2.13; Mt 26.53). Trata-se, portanto,
de uma habitação numa dimensão celestial.

1Tropas auxiliares. 0

41
O número de anjos.
A Bíblia não nos dá informação sobre o
número total dos anjos, mas diz claramente que eles
formam um exército numeroso e poderoso. A
quantidade existente de anjos é única e incontável,
porque desde que foram criados não foram aumentados
nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de
uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia
utiliza expressões variadas para designar: “milhares de
milhares” ; “multidão dos exércitos celestiais” ; “muitos
milhares de anjos” ; “m ir ía des 1 de anjos” ; “legiões de
anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10;'Dt 33.2; Hb 12.22; Mt 26.53;
Lc 2.13).

A N atureza dos Anjos

Antes da criação do homem, Deus criou os


anjos dando-lhes personalidade, inteligência e
responsabilidade moral. Porém, a despeito da
similaridade moral e espiritual com o homem, os anjos
possuem algumas características peculiares. Ao
estudarmos a natureza dos anjos, poderemos entender
suas atividades.
Nem sempre, nos vários livros da Bíblia, os
anjos foram chamados explicitamente de “An jos” , mas
também de “San to s” , “Poderosos” , “Her óis” ,
“Vigilantes” , “Filhos de Deus” , “Seres Celestiais” ,
“Estrelas”, etc. Há por volta de 300 passagens bíblicas
envolvendo Anjos.

Anjos são seres criados por Deus.


: No princípio de todas as coisas, antes da
criação do mundo físico, Deus criou os anjos (SI 148.2,

1 U m a m i r í a d e é i g ua l a 1 0 .0 0 0 an j os .

42
5; Cl 1.16). Quando foi esta criação dos Anjos, a Bíblia
não deixou claro. E impossível fixar o tempo em que
foram criados os anjos, mas uma citação de Jó 38.4-7,
parece indicar que os Anjos, aqui chamados,
presenciaram ao' menos parte da Criação da terra.

Anjos são seres espirituais e incorpóreos (Ef 6.12).


Os anjos são descritos espíritos, porque
diferentes dos homens, eles não estão limitados às
condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem,
e movimentam-se com uma rapidez imperceptível sem
usar meios naturais. Os corpos espirituais não possuem
limitações físicas, por isso a “lei da gravidade” não
exerce qualquer influência ou poder sobre coisas
espirituais. Pela falta de gravidade de seus corpos
espirituais, os anjos podem locomover-se de um lugar
para outro com extrema rapidez. Por serem superiores à
matéria, os anjos podem tomar formas humanas para se
fazerem perceptíveis aos sentidos físicos do homem, se
houver necessidade. Várias aparições de anjos feitas a
Abraão, Ló, Jacó, Josué, Pedro e Paulo são exemplos
indiscutíveis da Bíblia (Gn 18.1-10; 28.10-22; etc).
Ainda em nosso tempo, os anjos aparecem aos servos
de Deus na terra. O autor de Hebreus nos diz que os
anjos são “espíritos ministradores” (Hb 1.14), e os
demônios, que são anjos caídos, também são
constantemente chamados de “espíritos” (Mt 8.16; Mt
12.45; Lc 7.21; Lc 8.2). Jesus nos detalha que um
espírito não tem carne nem osso (Lc 24.39). Através de
suas passagens, sabemos que os anjos não se casam
nem se dão em casamento (Mt 22.30; Mc 12.25). Estas
passagens inviabilizam uma antiga interpretação de
Gênesis 6.2, onde os “filhos de De us” ali mencionados,
seriam anjos que possuíram sexualmente mulheres.
Uma interpretação mais viável é a de que “os filhos de

43
De us ” eram descendentes de Sete, que até aquele
acontecimento, tinham um bom conceito da parte de
Deus.

Em que os anjos diferem dos homens.


\ $ A Bíblia nos diz que Deus fez o homem “um
pouco abaixo dos an jos” (Hb 2.5-7). Entretanto, fala
que os anjos são “espíritos ministradores enviados para
serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb
1.13-14). É uma situação interessante: O homem é
inferior aos anjos, mas através da redenção, os anjos
nos servem. Che ga re m os'a té mesmo a ju lgar os anjos;
evidentemente, aos que acompanharam a Satanás ( IC o
6.3). Embora a superioridade dos anjos em relação aos
homens seja notória de muitas maneiras, a Bíblia nos
mostra que eles têm também suas limitações.

Não são herdeiros de Deus.


Aqueles que têm a Jesus como Senhor de suas
vidas, experimentaram a redenção, devido à fé nEle.
Por isso, são chamados “herdeiros de D eus ” - “Ora, se
somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de
Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos,
para que também com Ele sejamos glorificados” (Rm
8.17). Os anjos que permaneceram fiéis, não
compartilharam de nosso estado de pecado, nem da
nossa necessidade de redenção. Os anjos, que não são
co-herdeiros, deverão pôr-se de lado, quando os crentes
receberem as suas recompensas eternas. Entretanto, os
anjos de Deus jamais perderão sua m agn ificência1
original, bem como manterão uma privilegiada posição
na criação divina.

1 Q u a l i d a d e de m a g n i f i c e n t e ; grandiosidade, suntuosidade,
pompa, esplendor.

44
Não podem atestar a salvação.
Os anjos não podem atestar a salvação pela
graça, através da fé. Justamente por não terem pecado,
a salvação redentora não tem sentido para eles mesmos,
embora eles se alegrem pela salvação dos homens (Lc
15.10). Os anjos anseiam por compreender mais das
coisas do Evangelho ( I P e 1.12). Eles não têm uma
compreensão total, por não terem experimentado
pessoalmente a salvação. Seria o mesmo que alguém
falar sobre casamento não tendo experimentado
pessoalmente a vida de casado.

Nada indica que o Espírito Santo habite em anjos.


Quando alguém se converte pelo Evangelho de
Cristo, a Bíblia nos diz que ele é selado com a presença
do Espírito Santo (Ef 1.13-14). Assim, uma vez que
Deus os tenha declarado justos, Ele se empenha num
processo de santificação, para que o testemunho do
Evangelho naquela vida, seja cada vez mais eficaz. O
Espírito Santo não apenas guia e orienta aos crentes,
mas faz uma obra em seus corações, para que se tornem
santos como Cristo. Os anjos não necessitam do auxílio
do Espírito Santo, para tornarem-se santos, pois têm
uma relação de obediência contínua a Ele, e, se não
fossem santos, não conseguiriam conviver na presença
de Deus.

Conhecimento, Poder e Tempo de Vida.


Os anjos são seres pessoais, dotados de
inteligência e vontade. Em 2Samuel 14.20 é
mencionada a “sabedoria de um anjo” e no v. 17 que o
“ anjo de Deus d isce rn e1 entre o bem e o mal” . O
conhecimento que eles têm é obviamente maior do que

1Estabelecer diferença; separar, distinguir.

45
1

o dos homens, pois convivem com o próprio Deus,


armazenando conhecimento de centenas de anos, não só
da terra, mas de todo o universo. Por mais vasto que
seja o conhecimento, podemos estar certos de que não
são oniscientes (o que é uma característica possuída
apenas por Deus). Jesus, referindo-se à sua segunda
vinda, disse que nem os anjos sabem (Mc 13.32). Pedro
diz que o Evangelho e a Salvação são assuntos que os
anjos “anelam perscrutar 1” ( I P e 1.12). Entretanto, os
anjos, provavelmente, sabem coisas a nosso respeito
que não imaginaríamos que soubessem. Isso, devido à
capacidade de não serem vistos, e de lutarem a nosso
favor, contra o reino das trevas, nas regiões celestes.
Os anjos desfrutam de um poder muito maior do que o
dos homens, entretanto não são onipotentes. Paulo em
2Tessalonicenses 1.7, refere-se aos “poderosos anjos
de De us” . Em Pedro lemos: “Os anjos, embora maiores
em força e poder, não proferem contra elas
(autoridades), juízo infame, na presença do Senhor”
(2Pe 2.11). Nos Salmos, são chamados “valorosos em
poder” (SI 103.20). João nos diz em Apocalipse 20.1-3
que um anjo virá do céu com uma grande corrente na
mão, amarrará a Satanás e o lançará no abismo. Qual
ser humano teria tanta força e poder? Lucas nos diz que
os anjos não morrem (Lc 20.36). Isto determina uma
existência milenar, mas não eterna. O eterno, não tem
princípio, nem fim; os anjos tiveram princípio, pois
foram criados.

Visíveis ou Invisíveis.
A Bíblia assinala que os anjos, mais comumente,
são invisíveis aos homens, pelo fato de serem espíritos
(Hb 1.13-14). Entretanto, em muitas partes das

1 I n v e s t i g a r m i n u c i o s a m e n t e ; i n d a g a r c om e s c r ú p u l o ; p e r qu i r i r .

46
Escrituras, encontramos anjos que se tornaram visíveis.
Quando ocorre esta visibilidade, podem ter a aparência
humana, por exemplo: anjos em Sodoma, foram
confundidos com homens (Gn 19.1-5); os anjos são
chamados de “varões vestidos de branco” (At 1.10-11)
- as vestes brancas são características de anjos,
conforme João 20.12. Mas, quando os anjos estão
visíveis, o normal é vermos que os homens ficam
assombrados e atur dido s1 com a magnitude de suas
feições angelicais, por vezes brilhantes como
relâmpago (Mt 28.2-3). Daniel e João descrevem o
esplendor dos anjos em passagens como Daniel 10.5-11
e Apocalipse 10.1. Nem sempre os anjos são descritos
como portadores de asas, principalmente quando
utilizam uma aparência humana. Entretanto, tanto
Serafins quanto Querubins são descritos com muitas
asas (Is 6.2,6; Ez 10.20-21). Os anjos podem até
mesmo comer (Gn 18.2,8; Gn 19.1-3).

É um exército e não uma raça.


As Escrituras ensinam que o casamento não é da
ordem ou do plano de Deus para os anjos, portanto não
se caracteriza uma raça. No Velho Testamento por
cinco vezes os anjos são chamados de “filhos de Deu s” ,
mas nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos” . Os
anjos sempre são descritos como varões, porém na
realidade não tem sexo, não propagam sua espécie.
Várias passagens das Escrituras indicam que há um
número muito grande de anjos, e são repetidamente
mencionados como exércitos do céu ou de Deus. No
Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria
defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas
que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria

1Estonteado, perturbado, atordoado. Atônito, pasmado.

47
neste momento mais de doze legiões de anjos” ?
Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor
dos Exércitos” . É evidente que eles são criaturas e
portanto limitados e finitos. Apesar de terem mais livre
<3 relação com o espaço e o tempó do que os homens, não
podem estar em dois ou mais lugares simultaneamente.

São seres racionais morais e imortais.


Aos anjos são atribuídas características pessoais;
são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato
de que são seres inteligentes parece inferir-se
imediatamente do fato dé que são espíritos. Embora
não sejam oniscientes, são superiores aos homens em
conhecimento e por ter natureza moral estão sob
obrigação moral; são recompensados pela obediência e
punidos pela desobediência. A Bíblia fala dos anjos
que permanecerem leais como “ santos anjos” , e retrata
os que caíram como mentirosos e pecadores. Os
homens podem morrer, mas os anjos são espíritos
imortais (Lc 20.34-36). Significa que eles não estão
sujeitos à dissolução, ou putrefa çã o1 orgânica, visto
que seus corpos são imateriais. A imortalidade deriva
da pura espiritualidade. A imortalidade dos anjos está
ligada ao sentido de que os anjos bons não estão
sujeitos a morte, além de serem dotados de poder
formando o exército de Deus, uma hoste de heróis
poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor
mandar, enquanto que os anjos maus formam os
exércitos de Satanás empenhados em destruir a obra do
Senhor. Ilustrações do poder de um anjo são
encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At
12.7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que
fechou o túmulo de Cristo.

1 Esta do de putrefato; apo drecim ento.


Os anjos são seres poderosos.
O salmista os descreveu como “valorosos em
po der ” que executam as ordens de Deus e Lhe
obedecem (SI 103.20). Quando os pais de Sansão
levantaram um altar ao Senhor, um anjo desceu sobre
as chamas do altar sem sofrer qualquer dano (Jz
13.19,20). Um só anjo matou 185 mil soldados do
exército assírio (Is 37.36). Um só anjo destruiu com
fogo as cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 19.1-29).
Um só anjo removeu a pedra do sepulcro onde Jesus foi
sepultado, quando se exigia vários homens para
remover aquela enorme pedra (Mt 28.2) Embora os
anjos tenham poderes, eles são limitados (2Sm 24.16;
Ap 18.1,21; Gn 19.13).

Os anjos são seres pessoais.


Na experiência com os homens, os anjos
falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a
entender que os anjos possuem uma inteligência
superior à dos homens, mas não igual ou superior à de
Deus (2Sm 14.20; IPe 1.12). Dotados de sentimentos,
anjos podem experimentar emoções quando rendem
cultos a Deus (SI 148.2). Eles conhecem suas
limitações e se contentam com tudo o que fazem (Mt
24.36).

49
Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

1. A palavra anjo no hebraico é malakh e no grego é


angelos que têm o mesmo significado
a)[ I Príncipe da paz, conselheiro
b)| I Servo, pacificador
c ) 0 Mensageiro, enviado
d)| I Guerreiro, soberano

2. Revela a verdade sobre o mundo espiritual


a ) 0 A Bíblia Sagrada
b)l I A experiência humana
c)l I A mitologia
d)l I As religiões

3. Quanto aos Anjos é errado dizer que


a ) D São seres espirituais e incorpóreos
b ) Q Foram criados por Deus após a criação do
homem
c)| | Aparecem e desaparecem; movimentam-se com
rapidez imperceptível sem usar meios naturais
d)l I Por serem superiores à matéria, os anjos
podem tomar formas humanas

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

4.KrI A Bíblia nos diz que Deus fez os anjos “um pouco
abaixo dos homens”
5-ífel Os Anjos têm relações com o espaço e o tempo, e
podem estar em dois ou mais lugares
simultaneamente

50
Características Distintas dos Anjos

O Senhor deu aos anjos conhecimento, poder


e mobilidade mais elevada do que aos homens. Por
esses elementos descobrimos algumas características
especiais capazes de fazer-nos compreender alguns
aspectos da revelação bíblica e das relações pessoais
com os homens.

Santidade.
São identificados como santos. Isto implica
em que eles foram colocados em estados eternos de
santidade (Ap 14.10). Outros textos das Escrituras os
identificam como “santos” (Mt 25.31; Mc 8.38; At
10.22) para os distinguir dos anjos caídos (Jo 8.44 e
lJo 3.8-10).

Reverência.
Uma das características principais das
atividades angelicais é o louvor e a adoração (SI
29.1,2; 89.7; 103.20; 148.2). Jesus declarou que os
anjos de Deus sempre estão na presença do Pai e vêem
a sua face (Mt 18.10). De modo geral, todos os anjos
de Deus o louvam e o adoram, mas há uma classe
específica das hostes angelicais cuja função principal é
louvar e adorar a Deus; são os serafins. Reverência é
respeito e veneração marcados pelo temor. Esse temor
não é medo, mas significa reconhecimento do poder
superior de Deus.

Serviço.
São “espíritos ministradores” (Hb 1.14),
indicando que eles exercem serviços especiais aos
interesses do Reino de Deus. Exemplos:
1. Os anjos executam a vontade de Deus. O autor de
Hebreus indica essa função angelical de serviço
quando diz: “Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele
que a seus anjos faz ventos e a seus ministros
labaredas de fo go” (Hb 1.7). Os escritores sagrados
os destacam como “ministros” para identificar o
serviço que prestam a Deus em favor dos santos em
Cristo.
2. Os anjos cuidam e protegem os fiéis (SI 34.7; lRs
19.5-7).
3. Os anjos punem os inimigos de Deus (2Rs 19.35; Mt
13.49,50).

A Classificação dos Anjos

A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus


se acham organizados de forma hierárquica, isto é,
numa forma de graduação, de autoridade. A
organização angelical abrange as várias categorias ou
classes de anjos.

Uma hierarquia especial de anjos.


1. Anjos.
São exércitos como seres a la d o s 1 para nos
favorecer. Desde a entrada do pecado no mundo, eles
são enviados para dar assistência aos herdeiros da
salvação. Eles se regozijam com a conversão de um
pecador, exercem vigilância protetora sobre os crentes
(SI 91.11), protegem os pequeninos, estão presentes na
igreja, recebem aprendizagem das multiformes riquezas
da graça de Deus e encaminham os crentes ao seio de
Abraão. A idéia de que alguns deles servem de anjos da
guarda de crentes individuais não tem apoio nas

1 Fig. L e v e , a é r e o, d e l i c a d o . G r a c i o s o , e l e g a n t e , a i r o s o .

52
Escrituras. Embora os anjos não constituam um
organismo, evidentemente são organizados de algum
modo. Isto ocorre do fato de que ao lado do nome geral
“anjo” , a Bíblia emprega certos nomes específicos para
indicar classe de anjos. O termo grego “an gelos”
(mensageiros) também e freqüentemente aplicado a
homens. Não há nas Escrituras um nome geral,
especificamente distintivo, para todos os seres
espirituais. Eles são chamados filhos de Deus,
espíritos, santos, vigilantes. Contudo, há nomes
específicos que indicam diferentes classes de anjos. Ao
que parece, a palavra “anjo” determina um termo geral,
relativo aos seres celestiais. Entretanto, além deste
termo geral, percebemos uma categoria chamada
“anjos” , que em sua forma difere de outras categorias,
como a dos Serafins e a dos Querubins (feição de rosto,
asas, etc). O único anjo mencionado pelo nome é
Gabriel (“homem de Deus” ou “Deus mostrou-se
forte”). É um “Anjo Mensageiro” , destacado por Deus
para “Assuntos Especiais” , em Daniel 8.15-17 revela o
futuro ao interpretar uma visão (544 a.C.), em Daniel
9.21-22 dá entendimento e instrução a Daniel (523
a.C.), em Lucas 1.13 e 19 anuncia o nascimento de
João Batista e em Lucas 1.26-27 anuncia o nascimento
de Jesus.

2. Querubins.
Essa classe de anjos criados por Deus se
destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus.
A palavra querubim, no original hebraico “q uerub ”,
tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela
primeira vez na Bíblia em Gênesis 3.24 no Jardim do
Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o
homem que havia pecado contra o seu Criador não
tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. O que

53
aprendemos acerca dos querubins, que eles possuem
uma posição elevada na corte celestial e estão
diretamente ligados ao trono de Deus ( IS m 4.4; 2Rs
19.15; SI 80.1; 99.1; Is 37.16). As ligações dos
querubins com o trono de Deus nos ensina que eles
guardam o acesso à presença de Deus. Só nos é
possível entrar no Santo dos Santos ou “Lugar
Santíss imo” com o sangue da aliança em nossas vidas
(Hb 10.19-22). Como demonstração dos seus poderes
de majestade, em Ezequiel 1 e Apocalipse 4 são
representados simbolicamente como seres vivos em
várias formas. Mais do qu é outras criaturas, eles foram
destinados a revelar o poder, a majestade e a glória de
Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do
Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de Deus a
terra. São protetores do trono de Deus (SI 80.1; SI
99.1; Is 37.16). São tão velozes como o vento (2Sm
22.11; Gn 3.24). Duas réplicas de querubins esculpidas
em madeira foram colocadas na cobertura da Arca (Nm
7.89). Também adornavam o Tabernáculo (Êx 26.1). E
tinham grande destaque no Templo de Salomão, com
asas que se estendiam pela largura do santuário ( IR e
6.23-28). Estes “ornamentos” em forma de querubins,
foram orientados por Deus e certamente indicam a
importância destes anjos na proteção do Trono de
Deus. A descrição de Ezequiel era de seres com vários
rostos, cheias de olhos e várias asas e o trono de Deus
está acima deles (Ez 1.5-14; 10.19-22).

3. Serafins.
A palavra no hebraico, tem uma raiz
(,saraph) que quer dizer consumir com fogo, e significa
ardente, re fulgen te1 ou brilhante, nobres ou

1 Q u e r e f u l g e ou r e s p l a n d e c e ; r e s p l a n d e c e n t e , r e f u l g i d o .

54
af o g u ead o s 1. Portanto, os Serafins são agentes de
purificação pelo fogo. São zelosos pela santidade (Is
6.1-7). Localizam-se acima do Trono de Deus (Is 6.1-
2). Parecem ter um ministério de adoração constante ao
Senhor (Is 6.3), que abalava o lugar e o enchia de
fumaça (Is 6.4). Diante da atitude de humilhação de
Isaías (considerando-se impuro, Is 6.5), um dos
Serafins o purifica com uma brasa do altar, retirando
dele a iniqüidade e informando que o seu pecado estava
perdoado (Is6.6-7). Esta classe de anjos aparece uma só
vez na Bíblia em Isaías 6.1-7. Nesta escritura, os
serafins estão intimamente ligados ao serviço de
adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles
promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus.
Na visão de Isaías, os serafins são representados como
tendo seis asas. As asas de cada Serafim tinham
funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto,
numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as
outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade
no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas,
eles voavam. Essa visão de seres alados não significa
que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de ter asas.
As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao
profeta a capacidade de movimento e locomoção dos
anjos para realizarem a vontade de Deus. E uma forma
materializada que os seres espirituais usam para serem
compreendidos, porque, de fato, os anjos são
incorpóreos.

4. Arcanjos.
A palavra “arcanjo” representa a mais
elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo
“a r c ” , do grego “arch”, sugere tratar-se de um chefe,

1 S u b m e t i d o a m u i t o f o g o ou a m u i t o c al o r . M u i t o q u e n t e ;
abrasado, ardente.

55
um príncipe, um primeiro-ministro. Na Bíblia, o único
mencionado é Miguel (Jd 9). Entre os livros apócrifos,
existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a
saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel
e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece
nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do
arcanjo Miguel (Jd 9). Não é impossível que existem
ouTros arcanjos, e que Gabriel seja um deles. Do que é
declarado a respeito de Miguel, deduzimos que os
arcanjos são principais príncipes do exército de Deus
(Dn 10.13). Miguel (quem é como Deus)? É um “Anjo
Guer reiro”, um campeão .dos exércitos de Deus (Dn
10.13,20-21), lutando contra os demônios da Pérsia e
Grécia (Ap 12.7-8), lutando contra o dragão (Satanás)
Judas 9, lutou com o diabo, pelo corpo de Moisés. O
arcanjo Miguel se destaca biblicamente como uma
espécie de administrador e protetor dos interesses
divinos em relação a Israel (Jd 9; Dn 12.1). Ele é
denominado “príncipe dos filhos de Israel” porque é o
guardião dessa nação. Na visão apocalíptica e
escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos,
o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante
dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas,
representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap
12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira
fase de convocação dos remidos do Senhor, a Escritura
não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do
arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais
ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir
ao encontro do Senhor nos ares ( lT s 4.16).

A Queda dos Anjos

Os anjos foram criados perfeitos e sem


pecado, e como o homem dotado de livre escolha. Sob

56
a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados
fora do céu (Jd 6). O pecado, no qual eles e seu chefe
caíram foi o orgulho. Segundo as Escrituras, os anjos
maus passam o tempo no inferno e no mundo,
especialmente nos ares que nos rodeiam. Enganando os
homens por meio do pecado, exercem grande poder
sobre eles, este poder está aniquilado1 para aqueles que
são fiéis a Cristo, pela redenção que ele consumou. Os
anjos não são contemplados no plano da redenção, mas
no inferno foi preparado o eterno castigo dos anjos
maus. Os anjos maus são empregados na execução dos
propósitos de Satanás, que são opostos aos propósitos
de Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos
contra a vida espiritual e o bem estar do povo de Deus.

A época de sua queda.


Nas Escrituras não há referência de quando
ocorreu a queda dos anjos, mas deixa claro que se deu
antes da queda do homem, já que Satanás entrou no
jardim na forma de serpente e induziu Eva a pecar (Gn
3).

A causa de sua queda.


A queda dos anjos se deu devido a sua
revolta deliberada2 e autodeterminada contra Deus.
Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas
como possíveis causas. Ambição desmedida e o desejo
de ser mais que Deus parecem ser outra causa (Is
14.13-14).

0 resultado de sua queda.


• Todos eles perderam a sua santidade original e se
tornaram corruptos em natureza e conduta;

1 Arruinado, destruído. Abatido, prostrado.


2 Resolver-se consideradamente; decidir-se, determinar-se.

57
• Alguns deles foram lançados no inferno e estão
acorrentados até o dia do julgamento;
• Alguns deles permanecem em liberdade e trabalham
em definida oposição à obra dos anjos bons (Jd 9);
• Eles serão, no futuro, atirados para a terra, e após
seu julgamento, no lago de fogo e enxofre (Jd 6).

Os Demônios

As Escrituras não descrevem a origem dos


demônios. Essa questão parece ser parte do mistério
que rodeia a origem do mal. Porém, as Escrituras dão
claro testemunho da sua existência real e de sua
posição.
Nos Evangelhos aparecem os espíritos maus
desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das
quais se diz que têm demônios. Os efeitos desta
possessão conforme os exemplos dos textos bíblicos se
evidenciam por loucura (Mc 5.1-20), epilepsia (Mt
17.14-23) e outras enfermidades, associadas
principalmente com o sistema mental e nervoso. O
indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor
de si mesmo; o espírito fala através de seus lábios ou
emudece a sua vontade; leva-o aonde quer e geralmente
o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma
força sobrenatural.
Quando examinam as Escrituras, algumas
pessoas ficam em dúvida se os demônios devem ser
classificados juntamente com os anjos ou não; mas não
há dúvida de que na Bíblia, há ensino positivo
concernente a cada um dos dois grupos.
Ainda que alguns falem em “diabos” , como
se houvesse muitos de sua espécie, tal expressão é
incorreta. Há muitos “dem ôn ios”, mas existe um único
“diabo” . Diabo é a transliteração do vocábulo grego

58
“dia bolos”, nome que significa “acusador” e é aplicado
nas Escrituras exclusivamente a Satanás. “D emônio” é
a transliteração de “d aim o n” ou “daim onion” .

A natureza dos demônios.


• São seres inteligentes, possuem características de
ações pessoais o que demonstra que possuem
personalidade;
• São seres espirituais;
• São reputados idênticos aos espíritos imundos no
Novo Testamento;
• São seres numerosos de tal modo que tornam
Satanás praticamente u b íq u o 1 por meio desses seus
representantes;
• São seres vis e perversos - baixos em conduta;
• São servis e obs equiosos2. São seres de baixa
ordem moral, degenerados em sua condição,
ignóbeis3 em suas ações, e sujeitos a Satanás.

As atividades dos demônios.


• Apossam-se dos corpos dos seres humanos e dos
irracionais;
• Afligem aos homens mentais e fisicamente;
• Produzem impureza moral.

Satanás

Satanás aparece nas Escrituras como


reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ele era
originalmente um dos poderosos príncipes do mundo
angélico, e veio a ser o líder dos que se revoltaram

Que e st á ao m e s m o t e m p o e m t o d a a par te.


' Que p r e s t a o b s é q u i o s ; s e r v iç a l.
Q ue nã o t e m n o b r e z a ; b a i x o , d e s p r e z í v e l , vil, a bj et o.
contra Deus e caíram. De acordo com as Escrituras,
Satanás era originalmente Lucifer (“o que leva a luz”),
o mais glorioso dos anjos. Mas ele orgulhosamente
aspirou a ser “como o Altíss imo” e caiu “na
co nden aç ão ” .
O nome “Satanás ” revela-o como “o
adv er sá rio”, não do homem em primeiro lugar, mas de
Deus. Ele investe contra Adão como a coroa da criação
de Deus, f o rja 1 a destruição, razão pela qual é chamado
A polion (destruidor), e ataca Jesus, quando Este
empreende a obra de restauração. Depois da entrada do
pecado no mundo ele se tornou “dia bolos” (acusador),
acusando continuamente o povo de Deus. Ele é
apresentado nas Escrituras como o originador do
pecado e aparece como reconhecido chefe dos que
caíram. Ele continua sendo o líder das hostes angelicais
que arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa
desesperada resistência a Cristo ao seu reino. E
também chamado “príncipe deste mundo” e até mesmo
“deus deste século” . Não significa que ele detém o
controle do mundo, pois Deus é quem o detém, e Ele
deu toda autoridade a Cristo, mas o sentido é que
Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo
naquilo em que está separado de Deus.
Ele é mais que humano, mas não é divino;
tem poder, mas não é onipotente; exerce influência em
grande escala, mas restrita e está destinado a ser
lançado no abismo.

Seu caráter.
Presunçoso; orgulhoso; poderoso; maligno;
astuto; enganador; feroz e cruel.

1 I n v e n t a r , m a q u i n a r , p l a n e a r , i m a g i n a r , f o r j i c a r.
Suas atividades.
1. A natureza das atividades. Perturbar a obra de Deus;
opor-se ao evangelho; dominar, cegar, enganar e
laçar os ímpios; afligir e tentar os santos de Deus.
2. O motivo de suas atividades. Ele odeia até a
natureza humana com a qual se revestiu o Filho de
Deus. Intenta destruir a igreja porque ele sabe que
uma vez perdendo o sal da terra o seu sabor, o
homem torna-se vítima nas suas mãos
inescrupulosas.

Sua atuação.
Não limita suas operações aos ímpios e
depravados. Muitas vezes age nos círculos mais
elevados como “um anjo de luz” . Deveras, até assiste
às reuniões religiosas, o que é indicado pela sua
presença no ajuntamento dos anjos, e pelo uso dos
termos “doutrina de demônios” e “a sinagoga de
Satanás” . Freqüentemente seus agentes se fazem passar
como “ministros de ju s t iç a ” .

Sua derrota.
Deus decretou sua derrota. No princípio foi
expulso do céu; durante a grande tribulação será
lançada da esfera celeste a terra (Ap 12.7-9); durante o
milênio será aprisionado no abismo, e depois de mil
anos será lançado no lago de fogo. Dessa maneira a
Palavra de Deus nos assegura a derrota final do mal.

Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

6. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque,


que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael,

61
Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o
único nome dessa lista que aparece nos livros
canônicos da Bíblia que usamos
a ) [ ] É o d o arcanjo Gabriel
b)| I E o do arcanjo Rafael
c ) m É o do arcanjo Miguel
d)| I É o do arcanjo Remiel

7. Diabo é a transliteração do vocábulo grego


“d iabolos”, nome que significa “acusador” e é
aplicado nas Escrituras exclusivamente
a ) 0 A Satanás
b)| I Aos demônios
c)| I As potestades
d)| I Aos príncipes das trevas

8. Quanto a Satanás, é errado afirmar que


a ) D É mais que humano, mas não é divino
b)l I Tem poder, mas não é onipotente
c)| | Exerce influência em grande escala, mas
restrita e está destinado a ser lançado no abismo
d)[jT| É invisível, mas é onipresente

• Marque “C” para Certo e “E ” para Errado

9.IZ1 Os anjos cuidam e protegem os fiéis


10.U] De acordo com as Escrituras, Satanás era
originalmente Lucifer (“oque leva a luz”), o mais
glorioso dos anjos

62
Lição 3
A Doutrina do Homem: Antropologia

Toda religião gira em torno de dois pólos:


Deus e o homem e suas relações mútuas. Por isto é
importante conhecer o que a Bíblia ensina sobre Deus e
sobre o homem. Somente Deus pode verdadeiramente
revelar Deus. Esta revelação de si mesmo, tão
necessário à salvação, encontra-se nas Escrituras. Da
mesma fonte deriva a opinião de Deus sobre o homem,
que é a opinião verdadeira, pois quem melhor pode
conhecer o homem do que o seu Criador? Nestes dias,
quando as falsas filosofias representam de modo errado
a natureza humana, é de grande importância que
conheçamos a verdade. Assim melhor poderemos
compreender também as doutrinas sobre o pecado, o
juízo e a salvação, as quais se baseiam no ponto de
vista bíblica da natureza do homem.

Deus e a Origem do H om em

A Bíblia ensina claramente a doutrina de


uma criação especial, que significa que Deus fez cada
criatura “segundo a sua espécie” . Ele criou as várias
espécies e então as deixou para que se desenvolvessem
e progredissem segundo as leis do seu ser. A distinção
entre o homem e as criaturas inferiores, implica a
declaração de que “Deus criou o homem à sua
imagem” .

63
Em oposição à criação especial, surgiu a
0 teoria da evolução que ensina que todas as formas de
vida tiveram sua origem em uma só forma e que as
espécies mais elevadas surgiram de uma forma inferior.
Por exemplo, o que outrora era caramujo transformou-
se em peixe; o que era peixe chegou a ser réptil; o que
outrora era réptil tornou-se pássaro, e (para encurtar a
história) o que outrora era macaco evoluiu e tornou-se
ser humano. A teoria é a seguinte: em tempos muito
remotos apareceram a matéria e a força - mas como e
quando, a ciência não o sabe. Dentro da matéria e da
força surgiu uma célula viva - mas de onde ela surgiu
também ninguém sabe. Nessa célula havia uma
cent elha1 de vida, da qual se originaram todas as coisas
vivas, desde o vegetal até o homem, sendo este
desenvolvimento controlado por leis inerentes2. Essas
leis, em conexão com o meio ambiente, explicam a
origem das diversas espécies que têm existido e que
existem incluindo o homem. De maneira que, segundo
essa teoria, houve uma ascensão gradual e constante
desde as formas inferiores de vida às formas mais
elevadas até chegar ao homem.
A Bíblia afirma que Deus criou o homem. A
Bíblia diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó
da terra” (Gn 2.7). Esta afirmativa soberana faz cair
3 *
por terra, todas às teorias materialistas e panteístas
que se baseiam em hipóteses e suposições infundadas4.
O homem apareceu no cenário deste mundo pela
poderosa Palavra de Deus. Jesus falou disto, dizendo:

1 Aquilo que brilha momentaneamente. Inspiração, lampejo.


2 Q u e e st á p o r n a t u r e z a i n s e p a r a v e l m e n t e l i g a d o a a l g u m a c o i s a
ou p e ss o a .
3 T e o r i a f i l o s ó f i c a , s e g u n d o a q u a l D e u s é t ud o e t u d o é D e u s .
4 Q ue nã o tem f u n d a m e n t o o u m ot i v o ; s e m r a z ã o d e ser;
desmotivado.
“Aquele que os fez no princípio macho e fêmea os f e z ”
(Mt 19.4), e falou ainda “ ...desde o princípio da criação
Deus os fez” (Mc 10.6). O homem tem, desta maneira,
Deus como a sua origem, e não é descendente de algum
macaco dos tempos passados. Quando a Bíblia fala da
criação do homem, usa a palavra hebraica “A sa h ” que
significa fazer de coisas que já existem (Gn 1.26; 2.7),
porque fez o homem do pó da terra, e a mulher, da
costela de Adão. Porém a Bíblia também usa a palavra
“B a ra ” que significa fazer algo do nada (Gn 1.27),
porque Ele também “criou” no homem espírito e alma
(Gn 2.7). Em Isaías 43.7 encontramos estas duas
expressões: “os criei {bara) para a minha glória, eu os ,
formei, eu os fiz (asah)”. <7)
OA Bíblia afirma que todos os homens I v
procedem de Adão. Quando Deus criou Adão, “não
havia homem para lavrar a terra” (Gn 2.5). Depois que
Adão tinha sido criado, Deus disse: “Não é bom que o
homem esteja só” (Gn 2.18). Adão, portanto é, com
razão, chamado “o primeiro hom em ” ( IC o 15.45).
Quando Eva tinha sido formada, foi considerada “a mãe
de todos os viventes” (Gn 3.20). A Bíblia afirma ainda
que Deus “de um só fez toda a geração dos homen s”
(At 17.26). Estas palavras, e outras, desfazem
totalmente as teorias de que no princípio tenha havido
homens de outras raças ou de outra procedência, os
quais se espalharam sobre o mundo. Outros se
confundem com a expressão “os filhos de Deus” (Gn
6.2), julgando que aqui se trata de um tipo de homem
de outra origem. Porém, nesta passagem fala-se
simplesmente dos homens da linhagem de Sete, filho de
Adão e Eva (Gn 4.26), os quais creram em Deus,
motivo por que foram chamados “filhos de Deus” . Nós
também somos “filhos de D eus ” ( lJ o 3.2). As
diferenças que existem entre raças e povos na cor,

65
forma dos rostos e cabelos, não evidenciam outras
origens, pois f o r a m produzidas por fatores climáticos e
ambientais.

O H om em Foi Criado à Semelhança da Im agem


de Deus

As D im ensões da Imago Dei (do latim - im agem


de Deus) (Gn 9.6; ICo 11.7; Tg 3.9)
Dimensão O ser humano recebeu a responsabilidade
Racional de exercer domínio sobre a terra (Gn 1.26-
28; SI 8.4-9).
Adão foi instituído a cuidar do jardim.
Adão deu nome aos animais (Gn 2.19-20).
Adão reconheceu que a mulher lhe era uma
ajudadora idônea (Gn 2.22-24; ver 2.20).
Dimensão Adão e Eva tinham comunhão com Deus
Espiritual (Gn 3.8).
Adão e Eva temeram a Deus após o seu
pecado (Gn 3.10).
Dimensão Deus deu a Adão e Eva uma ordem moral
Moral (Gn 2.17).
Adão e Eva possuíam um sentido de retidão
de moral (Gn 2.25).
Adão e Eva reconheceram-se culpados logo
após a sua transg re ss ão 1 (Gn 3.7; Ec 7.20).
Dimensão Adão e Eva (presumivelmente) falavam um
Social ao outro (Gn 2.18,23; 3.6-8; 4.1).

A Bíblia diz: “Façamos o homem à nossa


imagem, à nossa semelhança” (Gn 1.26,27). Uma coisa
tão sublime não se diz a respeito de nenhuma outra
criatura de Deus. Somente o homem foi criado à

■' I n f r a ç ã o p r e m e d i t a d a e c o n s c i e n t e de um p r e c e i t o , o u p r i n c í p i o .

66
semelhança de Deus, e pode portanto ser considerado
como a coroa da criação. Vejamos o que significa ser
criado à semelhança da imagem de Deus.

Deus pôs a eternidade no coração do homem.


Deus que é eterno (Jr 10.10) pôs a eternidade
no coração do homem (Ec 3.11 - tradução revisada). A
Bíblia diz: “Deus soprou em seus narizes o fôlego de
vida e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).
Assim somos da sua geração (At 17.28). Todo o homem
é, portanto portador de eternidade dentro de si. A sua
alma não pode morrer (Mt 10.28), e o seu espírito é
incorruptível ( IP e 3.4). Somente o corpo do homem é
mortal, porém ressuscitará (At 24.15; Jo 5.28,29).

Deus criou o homem com alma e espírito.


Deus que é espírito (Jo 4.24), criou o homem
com parte espiritual, isto é, com alma e espírito. Esta
parte espiritual é invisível e imaterial, e chama-se “o
homem interior” , o qual habita no corpo, que é “o
homem exterior” (2Co 4.16).

O homem é um ser tríplice.


Deus que é trino, criou o homem como um
ser tríplice, isto é, ele é composto de espírito, alma e
corpo. O Deus trino, isto é, Deus Pai, Deus Filho, e
Deus Espírito Santo, deixou sua semelhança na
formação do homem. Também Jesus, quando se fez
homem, recebeu um corpo (Hb 10.5); uma alma (Mt
26.38), e um espírito (Lc 23.46). A Bíblia fala muito
destas três partes do homem ( lT s 5.23).

Deus que é perfeito criou o homem perfeito.


O Próprio Deus disse a respeito do homem:
“era muito bom” (Gn 1.31), e a Bíblia diz; “Deus fez o

67
homem r e to ” (Ec 7.29). Paulo escreveu que o novo
homem é criado por Deus em verdadeira justiça e
santidade (E f 4.23,24). Este “novo hom em ” é o crente
salvo, que é “a imagem daquele que o cr iou” (Cl 3.10).
O pecado havia desfigurado esta imagem. Porém Jesus
veio para restaurá-la. Ele viveu aqui na terra, da
maneira que Deus queria que os homens vivessem, e
assim se tornou o nosso exemplo (Fp 2.5; IPe 2.21).
Depois morreu por nós, para dar-nos poder para, por
meio do novo nascimento, sermos feitos filhos de Deus
(Jo 1.12,13).

O homem é um ser moral.


Deus, a fonte da verdadeira moral, criou o
homem com sentimento moral. Ele disse: “Eis que o
homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal” (Gn
3.22). Esta ciência Deus colocou dentro do nosso
espírito, num órgão que, dum modo especial, é o marco
notável do Criador, a consciência (Rm 2.15), que
declara incontestavelmente o veredicto sobre a maneira
que o hom em age.

Deus criou o homem um ser inteligente.


Deus de entendimento infinito criou o
homem como um ser inteligente em condições de
cooperar com o seu Criador. Assim o homem cooperou
com Deus j á no jardim do Éden (Gn 2.19). E ainda
Deus quer que sejamos os seus cooperadores (IC o 3.9).

Deus criou o homem com livre arbítrio.


Deus que criou o mundo conforme a sua
vontade (Ap 4.11), criou o homem com livre arbítrio. O
homem possui assim liberdade de escolha, inclusive
tem liberdade de obedecer ou não (Dt 30.19; Is 56.4;
Lc 10.42).

68
O homem tem poder de domínio.
Deus, o supremo governo, atribuiu ao homem
uma posição de domínio sobre a criação. Ele disse:
“Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra e sujeitai-
a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus e sobre todo o animal que se move sobre a terra ”
(Gn 1.28,29). Depois que o mal havia entrado no
mundo, Deus disse: “O pecado jaz à porta e para ti será
o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7).

O Homem foi Criado como uma Triplicidade,


Com posta de Corpo, Alma e Espírito

“Quem é o homem?” (SI 8.4). Esta pergunta


do salmista tem sido alvo de muitas pesquisas, através
de todos os tempos, da parte de filósofos, cientistas,
teólogos e outros. Quando o rei Davi meditou sobre
este problema, disse: “Eu te louvarei, porque de um
modo terrível e tão maravilhoso fui form ad o” (SI
139.14). E realmente um assunto interessante estudar o
que a Bíblia ensina sobre o homem. Podemos definir e
subdividir este assunto de várias maneiras: Como o
tabernáculo no deserto era dividido em três partes,
assim o homem também o é. O pátio do tabernáculo
representa a parte externa e visível do homem, que é o
seu corpo, enquanto o lugar santo, que não se podia ver
de fora, representa a alma; e o lugar santíssimo,
representa o espírito do homem. A Bíblia subdivide o
homem em duas partes: “o homem exterior” , que é o
seu corpo, e “o homem interior”, que é composto da
alma e do espírito (2Co 4.16; Ef 3.16). A parte exterior
do homem é visível material e mortal, enquanto a parte
interior é imaterial, invisível e imortal.
O Corpo do Homem

Foi formado por Deus do pó da terra (Gn


2.7), isto é, da mesma terra em que vivemos. Através
de análise química, sabemos que o corpo humano
consiste de vários compostos, como ferro, açúcar, sal,
carbono, iodo, fósforo, cálcio, etc. Porém o valor real
do corpo está na sua alta finalidade de ser a morada, o
tabernáculo em que habitam a alma e o espírito do
homem (2Pe 1.14,15; 2Co 5.1,4; Jó 14.22; 32.8; Zc
12.1). O corpo humano conserva a vida enquanto o
espírito e alma nele permanecem. Quando o espírito
(Ec 12.7; Tg 2.26; Lc 8.54,55) e a alma (At 20.9,10;
lRs 17.20-22; Gn 35.18), deixam o seu corpo, ele
morre. O corpo, por ser um produto da Palavra de
Deus, feito à sua semelhança, não será aniquilado, mas
ressuscitará (Jó 19.26). Outra afirmação de importância
é que o corpo foi por Deus determinado para ser templo
do Espírito Santo (IC o 6.19-20).

A Alma do H om em

A alma junto com o espírito formam o


“homem interior”, a parte imaterial do homem. Embora
a alma e o espírito estejam inseparavelmente unidos
tanto dentro do corpo como fora dele, existe uma
diferença entre eles. A Bíblia diz que “a Palavra de
Deus é viva... e penetra até a divisão da alma e do
espírito” (Hb 4.12).
0 A alma é o órgão que orienta a vida do
corpo, e estabelece o contato com o mundo em redor,
enquanto o espírito é o órgão do homem que lhe dá a
possibilidade de ter relações com Deus.
A alma é a sede do sentimento. A Bíblia diz:
“a minha alma tem sede de D e u s ” (SI 42.2); “A minha

70
alma se alegra” (SI 35.9), “A minha alma está
quebrantada de des ej ar ” (SI 119.20). É com a alma que
podemos amar a Deus (Mt 22.37). A alma também
aborrece (2Sm 5.8; Jr 14.19; Gn 42.21), e fica triste e
com amargura (2Rs 4.27).
A alma é a sede do intelecto com suas
faculdades: pensamento, entendimento e saber (SI
139.14; Pv 19.2). A vontade tem também na alma a sua
sede. E a alma que quer (Jó 23.13). A alma também é o
centro do temperamento, pois nela está a índole. A
alma pertence também os desejos e as paixões em
relação à vida natural e física (Lc 12.19; Ap 18.14).
A alma do homem não é o sangue, Levítico
17.11, diz: “a alma da carne está no sangue” , a palavra
“alma” está sendo usada como sinônimo de “vi da” .
Veja em Gênesis 9.4: “a carne, porém, com a sua vida,
isto é, com o seu sangue, não comereis” . A idéia de que
o sangue significa a alma do homem, abre a porta para
muitas contradições. Vejamos em Apocalipse 6.9-11, a
respeito “das almas dos que foram mortos por amor da
Palavra de D eus ” , as quais clamavam: “Até quando, ó
verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o
nosso sangue...” . Se a alma fosse a mesma coisa que o
sangue, como então as almas, poderiam estar no
Paraíso, debaixo do altar, quando tinham sido
“derramadas sobre a terra” ?! Está bem claro que o
sangue faz parte do corpo, enquanto a alma é a parte
imaterial e imortal.
A Bíblia fala da salvação da alma (Tg 5.20),
e pergunta: “Que daria o homem pelo resgate da sua
alma?” (Mc 8.37), ou “que aproveitaria ao homem
ganhar todo o mundo, e perder a sua alma?” (Mc 8.36).
Devemos, portanto, encomendar as nossas almas a
Deus, como ao fiel Criador, fazendo o bem ( I P e 4.19).

71
O Espírito do Homem

É a parte espiritual, invisível no homem,


que, juntamente com a alma, compõem o homem
interior. Ele é o órgão no homem que, como uma janela
aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a
realidade de Deus e da sua Palavra ( IC o 2.10,12). Eis o
que distingue o homem de qualquer outra criatura: só o
homem, foi criado conforme a imagem de Deus. O
espírito do homem é a sede das suas relações com
Deus. “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor”
(Pv 20.27 - tradução revisada). Por isto a Bíblia muitas
vezes usa “co ração” (SI 51.10), como sinônimo de
“espírito” . “Era um só o coração e a alma da multidão
dos que criam” (At 4.32).
O espírito do homem não crente é morto, isto
é, separado de Deus, inativo (Ef 2.15; Lc 15.24,32; Cl
2.13; lT m 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e
concupiscência (Ef 4.17-22; Tt 1.15), sem
possibilidade de ver a glória de Deus (2Co 4.4).
Na salvação o espírito do homem é
vivificado (Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento
começará no seu espírito (Ed 1.1), quando o Espírito
Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do
juízo de Deus (Jo 16.8-10). Quando o homem aceita
Jesus como Salvador, Ele que é a vida (Jo 14.6), lhe dá
a vida eterna (Rm 6.23), e “o Espírito testifica com o
nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
Agora “tudo se fez novo...” (2Co 5.17). O
espírito do homem vivificado pode, agora, ver a glória
de Deus, porque o véu que antes o impedia foi tirado
(2Co 3.16). O seu coração se tornou limpo, e pode ver
a Deus (Mt 5.8), o invisível (Hb 11.27). A luz
resplandece em seu coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus. Agora ele pode provar
que Deus é bom (SI 34.8), e com o seu espírito adorar a
Deus (Jo 4.23), e orar (IC o 14.15,16), e o Todo-
Poderoso dá ao espírito do novo crente a inspiração
divina que o faz entendido (Jó 32.8). Assim podemos
observar com clareza que “o espírito do hom em” não
significa “o Espírito Santo operando no ho m em ”, mas
que esse espírito é um órgão do seu “homem interior” ,
onde o Espírito Santo opera, fazendo-o ouvir Deus
falar (At 2.7).
Uma das faculdades mais importante do
espírito do homem é a sua consciência (Rm 2.15,16),
que é uma jan el a no homem, pela qual Deus olha para o
interior dele. A consciência é um “es pião” de Deus que
persegue o homem quando ele peca, mas que lhe fala
com uma voz elogiosa quando faz o bem.

Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

1. Ensina que todas as formas de vida tiveram sua


origem em uma só forma e que as espécies mais
elevadas surgiram de uma forma inferior
a)[ I A teoria da criação
b ) 0 A teoria da evolução
c)l I A teoria da espécie
d)l I A teoria da genética

2. É o órgão que orienta a vida do corpo, e estabelece o


contato com o mundo em redor
a)l I O espírito
b)l I O cérebro
c)| I O coração
d ) 0 A alma

73
3. É a sede das suas relações com Deus
a)| I A alma do homem
b)l I O corpo do homem
0) 0 -0 espírito do homem
d ) 0 O consciência do homem

• Marque “C ” para Certo e “E” para Errado

4.[Ü A Bíblia afirma que nem todos os homens


procedem de Adão
5 . È Só o homem foi criado conforme a imagem de
Deus

74
O H omem - Diante da Morte e da Eternidade

O materialismo não aceita a doutrina da


Bíblia a respeito de uma vida após a morte. A Bíblia,
porém, diz que é um prejuízo inestimável1, quando o
homem não pensa no seu fim (Lm 1.9), e por isto nos
ensina a orar: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de
tal maneira que alcancemos corações sábios” (SI 90.12;
Dt 32.29). Jesus veio para trazer “a luz, a vida e a
incorrupção” (2Tm 1.10). Portanto, temos na Bíblia a
única fonte que nos dá uma verdadeira luz sobre a vida
após a morte. E bem verdade que muitas coisas sobre
essa vida não estão reveladas. Porém, “as reveladas são
para nós e para os nossos filhos para sempre” (Dt
29.29). Estas coisas reveladas sobre a vida além do véu
é que vamos procurar conhecer.

“A morte entrou no mundo pelo pecado” (Rm 5.12).


Conforme o que Deus antes havia dito (Gn
2.17). No momento em que Deus pronunciou a sentença
sobre o pecado, disse: “até que tornes a terra, porque
dela foste tomado; porquanto és pó e ao pó tornarás”
(Gn 3.19). A morte atingiu a todos os homens (Rm
5.12). Uma única exceção a esta regra infalível, haverá
na vinda de Jesus, para os que estiverem preparados
eles serão transformados e arrebatados ( lT s 4.14),
quando o mortal for revestido de imortalidade ( IC o
15.53). Deste acontecimento temos dois exemplos no
Velho Testamento: E noqu e (Gn 5.24; Hb 11.5), e Elias©
(2Rs 2.11), eles não viram a m orter''"'"^^

1 Q u e n ã o se p o d e e s t i m a r ou a v a l i a r ; i n c a l c u l á v e l , i n a p r e c i á v e l .

75
A certeza da morte faz a vida in st ável1 e passageira.
A Bíblia usa várias figuras para mostrar a
instabilidade da vida. Exemplos: a vida é “como uma
corrente de ág ua” , “como um sono”, ou “como uma
erva” (SI 90.5; 103.15; Is 40.6,7; Tg 1.10,11); como
“um conto ligeiro” (SI 90.9), como “uma sombra” (SI
102.11; 144.4); como “navios veleiros2” ou “águia que
se lança à com ida” (Jó 9.26).

A morte significa sempre separação.


A Bíblia fala de morte em vários sentidos,
mas sempre a separação é o significado principal:
1. Morte no sentido espiritual é o estado duma pessoa
que vive sem Deus, cujo espírito está morto, isto é,
separado de Deus (Ef 2.1).
2. A morte física não somente significa que a pessoa
que morreu foi separada dos familiares, mas,
principalmente, que o seu espírito e a sua alma
deixaram o corpo que morreu (Tg 2.26).
3. Há também a “Segunda morte” (Ap 2.11; 20.6), que
significa uma eterna separação de Deus.

Que acontece com o corpo na hora da morte?


1. Com a saída da alma (At 20.9,10; lRs 17.21; Gn
35.18.19), do espírito (Tg 2.26; Lc 8.54,55; Ec
12.7), o corpo é morto e volta ao pó (Ec 12.7; Gn
3.19), isto é, ele é sepultado, e encontra a corrupção
Porém, sendo o corpo uma obra de Deus, feita à sua
semelhança (Gn 1.26), não será aniquilado, mas
ressuscitará ( IC o 15.35,38), com forma imortal ( IC o
15.53), e espiritual (IC o 15.44,46).

1 Não estável; inconstante, mudável, mutável. Volúvel,


inconstante. Móvel, movediço.
2 N a v i o a vel a.

76
2 . eQuando a Bíblia, ao falar da morte, usa a palavra
“dormir” , refere-se ao corpo, e nunca à alma ou ao
' espírito (At 13.36; lT s 4.13,15; Mt 27.52; ICo
11.30; 15.51; Dn 12.2). É o corpo que dorme o sono
da morte, até à manhã da ressurreição, quando todos
ouvirão a voz de Deus, e se levantarão dos seus
sepulcros (Dn 12.2; Jo 5.28,29; At 24.15).

Que acontece com a alma e o espírito na hora da


morte?
1. Quando a Bíblia fala do espírito do homem, ou da
alma, jamais se refere ao fôlego (respiração) do
homem que se extingue na morte, conforme algumas
doutrinas materialistas querem afirmar. Com isto,
eles querem “prova r” a inexistência de uma vida real
após a morte. Como uma “prova” desta sua
afirmativa, dizem que a palavra “espírito” ou “alma”
simplesmente quer dizer “fôlego” . A Bíblia mostra
claramente que “espírito, e alma” do homem são
coisas inteiramente distintas do seu fôlego. Diz:
“Assim diz Deus, o Senhor que criou os céus... que
dá a respiração ao povo que nele está e o seu espírito
aos que nela andam ” (Is 42.5), e ainda: “Se ele
pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse
para si o seu espírito e o seu fôlego...” (Jó 34.14). O
ridículo da afirmativa que “espírito” , “alma” e
“fôlego” na Bíblia significam a mesma coisa fica
patente de modo palpável e dr ást ico 1 se, na leitura
das seguintes passagens, for substituída a palavra
“alma” pela palavra “fôlego” . Leia e compare desta
maneira as seguintes passagens: Atos 23.8;
ICoríntios 5.5; Gálatas 6.18; 2Coríntios 7.1; Mateus
10.28; Lucas 12.19; Tiago 5.20).

1Enérgico, rigoroso, extremo.


2. Alma e o espírito que deixam o corpo “voltam a
Deus que os deu” (Ec 12.7), isto é, ficam à
disposição de Deus para serem encaminhados ao
lugar que corresponde à relação que tiveram com
Deus na hora da morte (Ec 11.3), para ali
aguardarem o dia da ressurreição. Existe uma “casa
de ajuntamento” destinada a todos os viventes (Jó
30.23); onde mais que em algum outro lugar, se vê
“a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que
serve a Deus e o que não serve” (Ml 3.18).

“Rendendo o homem o espírito, então onde está?” (Jó


14.10).
1. O espírito-alma do justo irá para o paraíso (Lc
23.43; 2Co 5.8), onde gozarão descanso (Ap 14.13),
consolação e felicidade (Lc 16.23,25). Por isto é
preciosa à vista do Senhor, a morte dos seus santos
(SI 116.15).
2. Os espíritos dos injustos irão para o hades, um lugar
de to rm en tos1, onde guardarão a ressurreição para o
julgamento final (Lc 16.22,23; Ap 20.11,12).

Como será o estado intermediário do espírito e da alma


após a morte.
1. Os espíritos dos mortos não serão aniquilados,
permanecerão imortais.
Existe uma doutrina materialista que prega a
aniquilação dos que morreram, porém a Bíblia afirma,
incontestavelmente, que coisa alguma será aniquilada
no homem que foi criado à imagem de Deus. A alma
(Mt 10.28) e o espírito ( I P e 3.4) jamais morrerão.
Quanto ao corpo, que é mortal, pela morte, somente

1 S u p l í c i o , t o rt u r a . A n g ú s t i a , a f l i ç ã o . D e s g r a ç a , mi sé r ia .

78
r

passa para um outro estado, isto é, torna-se pó (Gn


3.19), porém se levantará do pó na ressurreição, para
viver eternamente (Dn 12.2).

2. Os espíritos dos mortos terão uma existência


absolutamente real e consciente.
Existem doutrinas antibíblicas, que afirmam
que os espíritos dos mortos se acham num estado
inconsciente, num sono eterno. Porém a Bíblia mostra
que o estado de inconsciência se refere só ao corpo,
para a qual “na sepultura não há obra nem indústria”
(Ec 9.10). E por isto que os mortos não sabem coisa
nenhuma (Ec 9.5), isto é, os corpos deles, “que descem
ao silêncio” (SI 115.17). Mas nós bendiremos ao
Senhor desde agora para sempre, ou seja, eternamente
(SI 115.18). As almas dos crentes louvarão ao Senhor
no Paraíso. Contando a história do homem rico e
Lázaro, Jesus provou que o espírito e a alma de crentes
ou de descrentes têm uma existência consciente no
estado intermediário entre a morte e a ressurreição (Lc
16.19-31). Convém salientar que esta história não é
uma parábola, mas fato verídico que Jesus conhecia.
Numa parábola, Ele não dava nome aos personagens. A
história de Lázaro e do homem rico é verídica e levanta
o véu sobre a existência depois da morte. Exemplos de
alguns personagens da Bíblia sobre o estado consciente
da alma-espírito após a morte:
a) Abraão.
Deus disse a Abraão: “Irás a teus pais em
paz; em boa velhice serás sepultado” (Gn 15.15).
Quando Abraão morreu, o seu corpo foi sepultado na
cova de Macpela (Gn 25.8-9). Ali não havia “pais” mas
somente a esposa que fora sepultada anos antes (Gn
23.19). Foi o seu espírito que entrou na eternidade.
Deus disse 330 anos depois da morte de Abraão: “Eu

79
sou Deus de Abraão” (Êx 3.15) e, 1500 anos depois,
Jesus explicou estas mesmas palavras, acrescentando
“Deus não é Deus de mortos, mas de vivos” (Lc 20.37-
38). Abraão ainda existia! Jesus disse que quando os
crentes chegarem ao Céu, verão Abraão, Isaque e Jacó
assentados à mesa do Senhor (Mt 8.11).

b) Moisés.
Deus disse a Moisés: “Morre no monte e
recolhe-se aos teus povo s” (Dt 32.50). No monte Nebo,
onde Deus sepultou o corpo de Moisés, não havia
“povos” aos quais ele se pudesse recolher. O seu corpo
realmente foi sepultado, enquanto o seu espírito
entrava na eternidade, numa existência tão real que
1500 anos depois, manifestou-se a Jesus no monte da
transfiguração (Mt 17.3).

c) Davi.
Davi disse quando seu filho morreu: “Eu irei
a ele, porém ele não voltará a mim” (2Sm 12.23). Davi
tinha certeza duma vida após a morte.

d) Paulo
Paulo testificou: -“Desejamos deixar este
corpo para habitar com o Senhor (2Co 5.8), e
acrescentou: “para estar com Cristo porque isto é ainda
muito melhor” (Fp 1.23).

3. Nenhum morto terá jamais missão a cumprir em


favor dos que habitam na terra.
Sem exceção, todo o serviço a Deus é feito
somente por meio do corpo (2Co 5.10). A Bíblia diz:
“Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, que descansem dos seus
trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14.13). Com a

80
morte, vem a noite, quando ninguém mais pode
trabalhar (Jo 9.4). Por isso o apóstolo Paulo julgava
necessário “por amor de vós, ficar na carn e” , “para
proveito vosso e gozo da fé” (Fp 1.24,25). É somente
pelo corpo que o crente pode glorificar a Cristo, seja
pela vida ou pela morte (Fp 1.20; Jo 21.19). Os
espíritos dos mortos são imateriais e não podem ter
contato com a matéria. Eles não podem interceder ou
orar pelos que vivem aqui na terra, porque no Céu há
somente um mediador ( l T m 2.5), e é Ele que intercede
por nós (Hb 7.25; Rm 8.34). Tampouco poderão ser
portadores de recados, ou evangelizar os que vivem no
mundo. O pedido do homem rico, de que fosse enviado
Lázaro, não foi atendido, porque, disse Abraão: “Eles
têm Moisés e os pro fetas” (Lc 16.29). A única missão
que os mortos terão no Paraíso é louvar a Deus e
atender aquilo que Deus lhe ordenar (Ap 5.10; 20.6).

4.. O estado espiritual do homem jamais poderá sofrer


alterações após a morte.
Da maneira que o homem entrar na
eternidade, permanecerá para sempre. Aquele que
entrar como crente, jamais poderá cair, e quem não for
crente, jamais poderá salvar-se. A Bíblia diz: “Caindo
a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que
cair, ali ficará (Ec 11.3). Por que não existe
possibilidade para salvação após a morte? Vejamos:
a) “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar” (Is
55.6), isto é, “no tempo em que se diz hoje” (Hb
3.13). E somente enquanto o homem ainda
“acompanha com todos os vivos ”, que há esperança
(Ec 9.4). O Filho do homem tem na terra poder para
perdoar pecados (Mc 2.10) e, por isso, é somente
aqui na terra, antes de o homem morrer, “o tempo
aceitável” , “o dia da salvação” (2Co 6.2).

81
b) “É dado aos homens morrerem uma vez, vindo
depois o j u í z o ” (Hb 9.27). Quando o pecador estiver
no Hades, aguardando “a ressurreição para a
co nd en aç ão ” (Lc 16.23; Jo 5.29), jamais poderá sair
de lá, porque “está posto um grande abismo” (Lc
16.26) que o separa dos salvos.

c) A salvação do pecador, após a morte é também


impossível porque o Espírito Santo, então, não mais
entrará em ação. Para um' homem ser salvo nesta
vida, é indispensável a operação do Espírito Santo
(Jo 6.44,65), tanto na sua chamada (Ap 22.17), para
convencê-lo (Jo 16.8,9) como na sua regeneração (Jo
3.8). Quando o Espírito Santo não mais operar, após
a morte, nenhum pecador sentirá desejo de salvação.
Poderá sentir remorso pelo prejuízo terrível que o
pecado lhe causou, porém não pedirá salvação. O
homem rico, no H a des, não pediu perdão, mas
somente água para refrescar a língua (Lc 16.24). Os
perdidos, citados em Apocalipse 6.15,16 não pediram
salvação, mas que montes e rochedos os
escondessem do rosto daquele que estava sentado
sobre o trono.

d) O ensino sobre um “purgatório” onde as almas não


preparadas podem ser perdoadas através de
sofrimentos, de castigos atrozes 1 para expiar os
pecados, não tem apoio na Bíblia. Como
conseqüências desta doutrina, aparece uma outra
prática, isto é, o esforço de procurar por meio de
votos, missas, orações, e esmolas em favor dos
mortos, aliviar as penas do pecador, mas o único

1 Q u e n ã o t e m p i e d a d e ; d e s u m a n o , b á r b a r o , c rue l. P u n g e n t e ,
intolerável. Espantoso, assombroso.

82
“lucro” desta doutrina, é aquilo que entra nos cofres
daqueles que a praticam. Para os pecadores, nenhum
proveito tem. As duas passagens bíblicas que estão
sendo usadas para “prov ar ” tal doutrina, nada
provam. A primeira está em ICoríntios 3.15, onde
está escrito: “o tal será salvo, todavia como pelo
fogo” . Esta frase se refere exclusivamente à prova de
avaliação das obras que os crentes fizeram por meio
do corpo ( IC o 3.12-15; 2Co 5.10). A Segunda
expressa em Lucas 12.59: “Não sairás dali, enquanto
não pagares o derradeiro ceitil1” . Aí se mostra a
impossibilidade de sair “da prisão” se a
reconciliação não tiver sido feita “no caminho” , pois
a porta se fechou (Lc 13.24,25).

e) A profecia sobre a “restauração de tudo” , conforme


Atos 3.21, tem sido interpretada por alguém como
prova de que os pecadores também serão
“restaurados” . Porém esta profecia fala “da
restauração de tudo que Deus falou pela boca dos
profetas” (At 3.21). E profeta nenhum falou de
salvação de pecadores após a morte, pelo contrário,
profetizaram sobre o castigo eterno deles.

f) A expressão “todo joelho se dobrará no Céu, na terra


e debaixo da terra ” (Fp 2.10), tem sido usada como
uma “prova” de que há salvação após a morte para os
que “estão debaixo da terra”, pois afirma que eles
confessarão que Jesus é o Cristo. Porém na Bíblia há
muitos exemplos de que um reconhecimento da
glória de Deus não é sinal de salvação (Js 7.19; SI
106.12-16; Lc 5.25,26; 23.47; Jo 9.24).

1 U m a m o e d a q u e v a l i a a d é c i m a p ar t e de u m d e n á r i o .

83
.
A 5. E certo ter contato, daqui da Terra, com os espíritos
\ — dos mortos?
As religiões pagãs têm procurado manter esta
forma de contato, porém, a Bíblia a proíbe
terminantemente (Êx 22.18; Lv 19.31; 20.6,7; Dt
18.10-12; Is 8.19; 19.3), por que todos os mortos estão
sob a responsabilidade de Deus (Ec 12.7). Jesus tem a
chave da morte e do inferno (Ap 1.18). Quando alguém
procura contato com o espírito de mortos, é enganado
pelo demônio, pois aí ele aparece como um espírito de
mentira ( lR s 22.22), imitando aquele cujo espírito está
sendo chamado, conforme a doutrina dos demônios
(lTm 4.1). Essas invocações constituem “as
profundezas de Satanás” (Ap 2.24), e fazem com que os
homens creiam na mentira (2Ts 2.11). Foi isto que
aconteceu quando o rei Saul procurou a feiticeira,
pedindo que ela chamasse o espírito de Samuel. O
demônio o enganou, fazendo com que cresse que
Samuel havia aparecido ( I S m 28.10-19), coisa que não
era verdade. A Bíblia afirma que encantamento contra
Israel não tem valor (Nm 23.23) e diz que “Saul não
buscou ao Senhor” ( l C r 10.14). Se Samuel tivesse
realmente aparecido, Saul teria buscado ao Senhor. E
ele morreu por ter buscado a feiticeira ( l C r 10.13), e
por não ter buscado ao Senhor ( l C r 10.14).

84
Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

6. É errado dizer
a)| I A morte entrou no mundo pelo pecado
b ) D A certeza da morte faz a vida instável e
passageira
c)l I A morte significa sempre separação
d ) 0 A morte é unicamente física

7. Eles não viram a morte


a)|x| Enoque e Elias
b)l I Enoque e Moisés
c)l I Moisés e Elias
d)| I Enoque e Eliseu

8. Quando a Bíblia, ao falar da morte, usa a palavra


“dor mir ”
a)| | Refere -se a alma, e nunca ao corpo ou ao
espírito
b ) @ Refere-se ao corpo, e nunca à alma ou ao
espírito
c)l I Refere -se ao espírito, e nunca à alma ou ao
corpo
d)| | Refere -se ao cérebro (morte cerebral), e nunca
ao intelecto ou ao coração

• Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9 . m Temos na Bíblia a única fonte que nos dá uma


verdadeira luz sobre a vida após a morte
10.(6] E certo ter contato, daqui da Terra, com os
espíritos dos mortos

85
Lição 4
A Doutrina do Pecado: Hamartiologia

Está escrito que Deus ao completar a obra da


criação, declarou que tudo era “muito b o m ” .
Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à
convicção de que muitas coisas que agora existem não
são boas - o mal, a impiedade, a opressão, a luta, a
guerra, a morte e o sofrimento. E naturalmente surge a
pergunta: como entrou o mal no mundo? - pergunta que
têm deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia
oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o
que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos
o remédio para o pecado.
As Escrituras declaram, a observação
descobre e a experiência humana comprova que o
pecado é um fato in conte st e1. O pecado é um vírus, que
atingiu toda a raça humana. E uma c h a p t universal. E
um tormento coletivo. Somente Jesus pode libertar o
homem de seus funestos2 efeitos.
O pecado é uma realidade que leva o homem
a prática do mal e como conseqüência gera a opressão,
a luta, a guerra, o sofrimento e por fim a morte.
Para melhor conhecimento da doutrina da
salvação e da doutrina do homem, é necessário
conhecer o que a Bíblia ensina sobre o pecado.

1 Q u e n ã o é c o m p r o v a t i v o , q u e nã o é a f i r m a t i v o .
2 Q u e f er e m o r t a l m e n t e ; f a t al , mor ta l.

87
A Realidade do Pecado

Depois que o pecado entrou no mundo (Rm


5.12), o ser humano vendeu-se ao pecado (Rm 7.14), e
cada criatura passou a nascer em iniqüidade (SI 51.5);
por isso é que Jesus, vindo a este mundo nos encontrou
mortos nos nossos delitos1 e pecados (Ef 2.1).

A Importância da D outrina do Pecado

Pecado é todo tipo de transgressão contra


Deus e contra o próximo. Ele leva o homem ao
desequilíbrio, fazendo-o andar errado, cometendo
falhas e desobediências. O pecado tira o homem da
direção certa e o impede de ter uma noção correta do
plano divino. Existem palavras no Antigo e Novo
Testamento que mostram varias facetas do pecado. As
línguas originais da Bíblia, o hebraico e o grego, nos
dão vários significados a cerca do pecado. Pecado no
hebraico é: “h a t t a ’th” e no grego é “ham artia”,
palavras que dão a idéia de “um mal moral” , mas que
essencialmente significam “errar o alvo” . Entende-se
então, que o homem foi criado com um alvo específico:
manter a comunhão com Deus, mas ao pecar, perdeu
esse alvo.

O pecado é uma doutrina bíblica.


A doutrina do pecado é uma das mais
importantes das Escrituras Sagradas. Embora as demais
doutrinas da Bíblia fundamentadas no cristianismo,
sejam relacionadas entre si, a do pecado é uma cujo
conhecimento é de grande necessidade.

1 F at o q u e a lei d e c l a r a p u n í v e l ; c r i m e . C u l p a , f alta; p e ca d o.

88
A restauração do homem.
^ Ál )0 A queda do homem causou a depravação
v l o t a l da raça humana, a ponto de ser destituída da
glória de Deus (Rm 3.23). O pecado passou a ser um
tormento inseparável no homem. A partir daquele
momento vemos Deus providenciando meios para
alcançar o perdido pecador. A terrível situação do
homem passou a ser do maior interesse do Seu Criador.
Deus então promete o redentor (Gn 3.15). Daí por
diante, encontra Deus envolvido em todas as ações do
Velho Testamento, para resolver o problema do
homem. Isso redundou na morte sacrificial de seu
Filho. A morte de Jesus é sem sombra de dúvida, o
ponto culminante e o assunto central das Escrituras. O
seu alto sacrifício tornou possível a redenção do
homem.

A doutrina sobre o pecado.


A boa compreensão desta doutrina derrama
forte lampejo de luz sobre as demais, influindo sobre
todas as outras doutrinas, tais como: A Doutrina de
Deus (Teologia), Doutrina do Homem (Antropologia
Bíblica), Doutrina da Salvação (Soteriologia), e assim ^
por diante.^Não compreender a doutrina sobre o pecado
é não com preender a doutrina da salvação.®' Se
aplicarmos o nosso coração em conhecer as doutrinas
bíblicas, nos tornaremos sábios para a salvação, pela fé
em Cristo Jesus (2Tm 3.15). Jesus é o único salvador.
Fora dele não há salvação. “Em nenhum outro nome há
dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos”
(At 4.12). A salvação é tudo para o homem pecador. Só
necessita de salvação aquele que está perdido. Daí a
necessidade de aplicar o coração a estudar o assunto.

89
Dar importância à doutrina do Pecado é dar
importância a doutrina da Salvação.
Estas duas grandes Doutrinas andam de mãos
dadas. Foi o pecado que deu origem ao plano de
Redenção no coração de Deus. A redenção é a única
cura para o pecado. Onde o pecado é menosprezado. A
redenção fica diminuída. “Um dos métodos mais
eficientes de satanás é atacar a obra salvadora de Cristo
e enfraquecer a voz que proclama caráter maligno e o
efeito do pecado” .

As Escrituras e a redenção do pecado.


O pecado revela-nos a necessidade de um
salvador. A Bíblia, em seus 66 livros, desenvolve único
tema básico: A redenção do homem. Paul Hoff em seu
livro, “O Pentateuco” , faz as seguintes divisões das
Escrituras:
1. No Antigo Testamento: A preparação do Redentor;
2. Nos Evangelhos: A manifestação do Redentor;
3. Nos Atos: A proclamação da mensagem do Redentor;
4. Nas Epístolas: A explicação da obra Redentora;
5. No Apocalipse: A consumação da obra do Redentor.
De acordo com as divisões das Escrituras
apresentadas por Paul Hoff, conclui-se que, em Cristo
foi consumada a obra perfeita da redenção para
resolver o problema que j a z 1 de forma crônica no
homem.

A redenção da alma sobre o pecado.


A Bíblia nos declara que o pecado mudou o
relacionamento do homem com Deus e o homem era
algo harmonioso, mas o pecado destruiu essa harmonia.
Que podemos chamar de diálogo entre Deus e o

1Permanecer, continuar.

90
homem, não está totalmente acabada, mas interrompida
por parte do próprio homem. Para que essa harmonia
seja renovada, é necessário que o homem creia e aceite
incondicionalmente o Filho de Deus. Só assim, o poder
do pecado poderá ser quebrado e desfeito, e isto só
ocorre através de um único Mediador e Redentor, que
se chama Jesus Cristo ( l T m 2.5; Hb 9.15; Lc 2.11).

A realidade inegável do pecado.


Desde o princípio vem trazendo
conseqüências funestas ao homem, ofendendo Deus na
sua santidade (Gn 6.13; 18.20,21). Nenhum ser humano
que nasce neste mundo fica livre do pecado com
exceção de Jesus (SI 51.5; Hb 4.14,15).

A realidade da condenação.
Quando o homem nasce, traz consigo a
natureza pecaminosa herdade de Adão, o primeiro
homem, do qual todos nós somos descendentes. O
homem já nasce na condição de condenado (Rm 5.18).
Por esta razão, ele tem que nascer de novo, para que
seja salvo e considerado filho de Deus (Jo 1.12,13;
3.3).

O pecado tenta negar a Deus.


Alguém disse: “Negue-se a existência de
Deus e o problema deixará de existir” . A negação da
existência de Deus rouba-nos toda a esperança de
encontrar uma base para a solução. Sem Deus, como
explicar o bem, a consciência, o arrependimento e o
sentimento do dever? O homem, ao negar a existência
de Deus, nega a existência do pecado e vice-versa,
transgredindo assim a lei de Deus, quando na realidade,
o homem necessita urgentemente do perdão divino. Por
interpretar erroneamente a ação do pecado, o homem

91
in corre 1 gravemente no erro. Mas graças a Deus que o
Espírito Santo está a cada dia convencendo-nos da
realidade do pecado (Jo 16.8,9) e impulsionando-nos a
combatê-lo insistentemente, em nome do Senhor Jesus
Cristo.

A Definição do Pecado à Luz da Queda do


H omem

Existem diversos termos que são usados para


definir o que vem a ser pecado. A expressão mais
comum é errar o alvo, errar o caminho, ser achado em
falta, ou então perversidade, tortuosidade, e também
pode ser interpretado como mal, exprimindo o
pensamento de violência; e ainda pode ser entendido
por muitos outros vocábulos, de acordo com a esfera
que se queira situá-lo, como vamos abordar.
• Pecado é deixar de seguir a orientação divina (Ef
2.3);
• É errar o alvo estabelecido ( l J o 3.4), ou seja, não
atingir os padrões Divinos;
• O pecado começou com aquele que disse: “Eu serei!
Eu farei! Eu subirei! Eu exaltarei o meu trono! Eu
me assentarei!” (Is 14.12-15);
• Pecado é: vivo como eu quero;
• Santidade é: vivo como Deus quer.
Vemos em Lucas 15.18 que o filho pródigo
quebrou os padrões da casa de seu pai. Quando Adão e
sua mulher deram ouvidos a serpente (ou seja, a
Satanás) comendo da árvore do jardim, quebraram os
padrões ditados pôr Deus (Gn 2.17). Conforme lJoão
3.4 diz que pecado é iniqüidade, o homem deixa de
obedecer a Deus para dar ouvidos a Satanás, mudou o

1 F i c a r i n c l u í d o , i m p l i c a d o ou c o m p r o m e t i d o ; i nci di r .

92
rumo das ordens de Deus. Romanos 5.12 fala que pôr
um homem (Adão) entrou o pecado no mundo, pôr
causa deste fato todos nascemos debaixo deste fardo
( IC o 15.21).
Nos nossos dias é muito comum brincar com
o pecado: tudo agora pode, Deus somente quer o
coração, não precisa temer a lei do homem, e outros
fatores que vem se desenrolando em nossos dias que
pode trazer grandes conseqüências ao povo de Deus,
sendo que nós devemos estar sempre ligados para não
pecar. O conhecimento do pecado tem que ser pelo
cristão lido, relido e decorado.

O Significado de Pecado

Os diferentes nomes que a Bíblia usa a


respeito de pecado expressam as principais definições
sobre o que ele significa, as quais coincidem com o que
aconteceu a Adão e Eva no dia da queda.

Transgressão da Lei (Hb 2.2; U o 3.4).


Adão caiu em transgressão ( l T m 2.14; Rm
5.14), o que significa que ele violou as ordens de Deus,
deixando de cumpri-las. Toda a transgressão desonra a
Deus (Rm 2.23). Certamente é bom s alien tar1 que a
palavra lei é profundamente abrangente no texto
canônico. Lei pode significar os Dez Mandamentos,
mas também pode significar todos os preceitos do
Antigo Testamento, e ainda pode querer referir-se às
leis morais que Deus estabeleceu no Universo que
criou. De qualquer maneira a lei sempre existe para ser
obedecida, respeitada e cumprida.

1 Tornar-se saliente ou notável; evidenciar-se, distinguir-se,


sobressair.

93
Impiedade (Rm 1.18; Tt 2.12; 2Tm 2.16).
j É o mesmo que falta de reverência. Significa
uma ação sem piedade, isto é, uma ação sem amor e
devoção às coisas de Deus. Isso realmente caracterizou
a atitude de Adão e Eva. Existem pessoas que não dão
a menor importância às coisas que se relacionam ou se
referem a Deus. Nada do que é divino produz nelas
qualquer sentimento de reverência ou temor, por menor
ou mais fraco que seja. Essas pessoas são consideradas
como ímpias ou perversas (SI 1.5; 9.17; 36.1; 58.3).
Deus não as aprova, e se não. chegarem humilhadas e
arrependidas diante de Deus, sofrerão o castigo eterno.

Injustiça (Rm 1.18).


Justiça é um procedimento de acordo com o
direito, isso falta, então se trata de injustiça.

Desobediência (Hb 2.2).


Desobediência significa insubmissão ou
rebelião, coisa que, diante de Deus, é como feitiçaria
( I S m 15.2). Foi o que Adão e Eva cometeram (Rm
5.19). O apóstolo Paulo esclarece-nos em sua epístola
escrita aos Romanos que a raiz do pecado dos nossos
pais no jardim, foi à desobediência (Rm 5.12,19), como
se pode comprovar facilmente lendo Gênesis 3.1-24.
Ainda hoje, qualquer manifestação de desobediência
continua a ser um pecado contra Deus. Uma das coisas
que mais desagradam a Deus é justamente a
desobediência do homem. Ela é uma característica
própria de todo aquele que não quer viver em
comunhão com Deus (Ef 2.2; Tt 1.6; 3.3).

Iniqüidade (Rm 2.8; lJo 5.17).


Significa uma falta de eqüidade, de
reconhecimento do direito ou dos princípios imutáveis

94
da justiça. É algo que promove desordem, e quanta
desordem o pecado não causou na vida do homem!
Quando Lúcifer se rebelou contra Deus, promoveu a
eterna desordem. O anticristo é, por isso, chamado “o
iníquo” (2Ts 2.8). Toda iniqüidade é uma ofensa, é
uma injustiça contra Deus ( lJ o 3.4; Is 61.8).

Errar o alvo.
O certo é atirar sem errar o alvo (Jz 20.16).
Porém, quando alguém não faz o que é certo, errou o
alvo - e isso expressa o que é pecado. Os homens
procuravam “atira r” no alvo de se igualarem a Deus,
mas erraram e ficaram sendo dominados por Satanás.
Além dos termos acima citados, o pecado
ainda é descrito como dívida (Mt 6.12); queda (SI
56.13); e ainda derrota; profanação; imundícia ou
contaminação.

Realidade da Ação do Pecado

O pecado não é um mito ou uma invenção


para amedrontar o ser humano, mas é uma realidade
que opera na vida do homem.

Todo homem nasce em pecado (SI 51.5).


Nenhum homem veio a este mundo sem
escapar da presença contaminadora do pecado à
exceção do Senhor Jesus, que não conheceu pecado. O
Salmista Davi foi o grande cantor de Israel, ungido por
Deus, mas ele mesmo afirma: “em pecado me concebeu
minha m ã e ” . Todos nós recebemos a herança terrível
do pecado. Ele é inevitável a cada ser humano. As
Escrituras afirmam que por um só homem (Adão)
entrou o pecado no mundo e, conseqüentemente, a
morte atingiu a todos (Rm 5.12), e como todos os

95
homens são descendentes de Adão, dessa forma, toda a
humanidade ficou contaminada, não escapando
ninguém dessa terrível situação. O pecado age
realmente na vida do homem e o domina de tal maneira
que por si mesmo ninguém tem condições de livrar-se
desse mal.

Deus visita a iniqüidade dos pais nos filhos (Êx 34.7).


Deus é infinitamente misericordioso, porém
o homem muitas vezes sofre as conseqüências dos seus
próprios pecados. Inúmeras pessoas contraem doenças
resultantes dos seus maus procedimentos, e os filhos
herdam tais m azelas 1, vindo a sofrer muitas vezes, por
toda a vida.

O pecado separa o homem de Deus (Is 59.2).


O Diabo conseguiu o seu intento, que não era
outro senão o de destruir a comunhão maravilhosa que
existia entre Deus e o homem (Gn 3.8). Desde aquela
data em que Adão e Eva deram ouvidos à serpente que
foi usada por Satanás, o homem perdeu, a sua condição
privilegiada, ficando então privado da companhia do
Criador. É, pois, a ação do pecado que se interpõe entre
Deus e o homem, tornando-o separado e solitário
espiritualmente.

O pecado é uma carga pesada demais (SI 38.4).


O homem vive subjugado, aniquilado e
cansado sob o fardo pesado do pecado. Jesus
conhecendo essa situação tão desagradável e aflitiva,
convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados” (Mt 11.28).

1 E n c h e r de m a z e l a s ; f er ir , c h a g a r , m a c h u c a r ; a m a z e l a r .

96
O pecado é uma obra satânica.
O Diabo peca desde o princípio ( l J o 3.8), e
seu intento é fazer com que o homem permaneça no
pecado até entrar perdido na eternidade, porque as
esperanças de salvação se desvanecem com a morte.
Ele veio para isso e usa todos os meios que lhe são
disponíveis.

Estão todos carregados de iniqüidade (Is 1.4).


Iniqüidade se traduz por perversidade,
injustiça em excesso, tudo o que é m al évolo1, e também
significa desordem.

1 Q u e t e m m á í n d ol e ; ma u, m a l é f i c o , m a l é v o l o . Q u e t e m má
vontade contra alguém; malquerente.

97
Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

1. Não compreender a doutrina sobre o pecado


a ) D É nao com preender a doutrina dos anjos
b ) D É não com preender a doutrina do homem
c)[5(| É não com preender a doutrina da salvação
d ) D É não compreender a doutrina das últimas
coisas

2. É o mesmo que falta de reverência. Significa uma


ação sem piedade, isto é, uma ação sem amor e
devoção às coisas de Deus
a)| I Transgressão
b)ÍXl Impiedade
c)| I Injustiça
d)l I Desobediência

3. Não é um termo usado para definir o pecado


a ) 0 É ser possuído por satanás
b)l I Pecado é deixar de seguir a orientação divina
c ) D É errar o alvo estabelecido, ou seja, não atingir
os padrões Divinos
d)| I Pecado é: vivo como eu quero

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

4 - E A queda do homem causou a depravação total da


raça humana, a ponto de ser destituída da glória de
Deus
6 .\A Injustiça significa uma falta de eqüidade, de
reconhecimento do direito ou dos princípios
imutáveis da justiça

98
O Fato do Pecado

Não há necessidade de discutir a questão da


realidade do pecado; a história e o próprio
conhecimento íntimo do homem oferecem abundante
testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram
para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do
pecado.
O ateísmo.
Ao negar a Deus, nega também o pecado,
porque, estritamente falando, todo pecado é contra
Deus; e se não há Deus, não há pecado. O homem pode
ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar
contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado
unicamente em relação a Deus. Em fim, todo mal
praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma
violação do direito, e o direito é a lei de Deus. “Pequei
contra o céu e perante ti” , exclamou o pródigo.
Portanto, o homem necessita do perdão baseado em
uma provisão divina e expiação.

O determinismo.
É a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma
ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos
livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas
opções são ditadas por impulsos internos e
circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A
fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém
se esvai por leis in ex oráv ei s1. Sendo assim - continua
essa teoria - uma pessoa não pode deixar de atuar da
maneira como o faz, e estritamente falando, não deve

1 Q u e n ã o se m ov e a r o g os ; n ã o e x o r á v e l ; i m p l a c á v e l , i n a b a l á v e l .
A u s t e r o , r et o, r í gido.

99
ser louvado por ser boa nem culpada por ser má. O
homem é simplesmente um escravo das circunstâncias.
Mas as Escrituras afirmam invariavelmente que o
homem é livre para escolher entre o bem e o mal - uma
liberdade implícita em todas os mandamentos e
exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e
casualidade, declara-se que o homem é o árbitrp do seu
próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão
do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito
inglês, declarou: “Cavalheiros, sabemos que nossa
vontade é livre, e isto é tudo que há no as su nto!” Cada
grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de
filosofia! Uma conseqüência prática do determinismo é
tratar o pecado como se fosse uma enfermidade, por
cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser
castigado. Porém, a voz da consciência que diz “eu
dev o” refuta essa teoria.

O hedonismo.
(da palavra grega que significa “pr az er ”) é a
teoria que sustenta que a melhor ou mais proveitoso
que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à
dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é:
“Isto é corre ta?” , mas: “Trará prazer?” Nem todos os
hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência
geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo,
qual pílula açucarada, com designações tais como
estas: “é uma fraqueza inofensiva” ; “é pequeno o
desvio” ; “é mania do prazer” ; “é fogo da ju v e n tu d e ” .
Eles desculpam o pecado com expressões como estas:
“Errar é human o” ; “o que é natural é belo e o que é
belo é direito” . É sobre essa teoria que se baseia o
ensino moderno de “auto expressão” . Em linguagem
técnica o homem deve “libertar suas inibições” ; em
linguagem simples “ceder a tentação porque reprimi-la

100
é prejudicial à saúde” . Naturalmente isso muitas vezes
representa um intento para justifica r a imoralidade.
Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a
pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio
criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra
tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo
de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha
divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado.
Representa uma variação moderna da mentira antiga:
“Certamente não morrerás” . E muitos descendentes de
Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada
com a suposta suavizante segurança: “Isto não te fará
dano alg um ”. O bem é simbolizado pela alv u r a 1, e o
pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los
dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação
divina àqueles que procuram confundir as distinções
morais é: “Ai daqueles que chamam o mal, bem, e o
bem, mal” .

Ciência Cristã
Esta seita nega a realidade do pecado.
Declara que o pecado não é algo positivo, mas
simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado
tenha existência real e afirma que é apenas um “erro da
mente moral” .
O homem pensa que o pecado é real, por
conseguinte, seu pensamento necessita de correção.
Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são
mais do que reais no mundo, parece que esse tal “erro
da mente mortal” é tão terrível como aquilo que toda
gente conhece por “pe cado” ! As Escrituras denunciam
o pecado que merece castigo real num inferno real.

1 Q u a l i d a d e d o q u e é a l v o; b r a n c u r a . C a n d u r a , p u r e z a , i n o c ê n c i a .

101
A evoluç ão .0
Considera o pecado como herança do
animalismo do homem. Desse modo em lugar de
exortar a gente a deixar o “homem velho” ou o “antigo
Adão”, os p r oponente s 1 dessa teoria deviam admoestá-
los a que deixassem o “velho mac ac o” ou o “velho
tigre” . Como j á vimos, a teoria da evolução é
antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles
vivem segundo sua natureza, e não experimentam
nenhum sentido de culpa por seu comportamento. O Dr
Leander Keyser comenta: “Se a luta egoísta e sangrenta
pela existência no reino animal for o método de
progresso que trouxe o homem à existência, por que
deverá ser uma mão que o homem continue nessa rota
sangrenta?” E certo que o homem tem uma natureza
física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação
de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma
inteligência divinamente iluminada.

Ponto de vista popular.


‘ O pecado é considerado um crime contra a
sociedade e nada mais. Pecadores são os joven s em
seus excessos, prostituições, assassinatos e outros. Há
quase um século, os japoneses ofenderam-se com a
pregação de Paulo Konomori. Eles confundiam pecado
com vício; não podiam distinguir entre pecado e crime.
E certo que todos são pecadores, mas nem todos são
viciados e criminosos. Há mulheres virtuosas, mas não
são mulheres sem pecado. Há homens obedientes às
leis, mas nem por isso estão isentos de pecado. Há
crianças encantadoras, contudo procedem da mesma
natureza pecaminosa (SI 51.5; 58.3; Ef 2.1-3).

1 Q u e ou q u e m p r o p õ e .
A Origem do Pecado

Filósofos, psicólogos, teólogos, cientistas e


muitos outros se têm ocupado com o mistério da
origem do pecado. Os *resultados das suas pesquisas
diferem muito entre si, mas a Bíblia nos dá uma
definição correta!
O pecado teve a sua origem lá no céu com
Satanás (Is 14.12-14). Mesmo Deus tendo falado
figurado pelo profeta Isaías, pois ele tem sido chamado
de dominador dos poderes universais: Medo-Persa,
Babilônia, Tiro, Estrela Radiante (Ez 28.12-14). Deus é
claro quando diz: “Tu eras” (Ez 28.14), fostes lançado
(Ez 28.16), não adiantou a tua formosura (Ez 28.17).
Quando Satanás pecou, ele simplesmente perdeu tudo,
mais tudo mesmo o que Deus lhe tinha dado, foi o fim
(Ez 28.19). A desobediência estava literalmente
iniciada, não na terra, mais lá no céu, morada de Deus:
“E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu
(Lc 10.18)” . Satanás estava em uma situação cômoda lá
no céu (Ez 28.14), mais a soberba, as idéias
maquinadas em seu coração fizeram ele pecar (Is
14.13). Ele não estava contente em ser quem era,
queria mais, queria ser semelhante a seu criador, ou
seja: Deus (Is 14.14). Profanar o santuário de Deus é
coisa séria! (Ez 28.18) Deus o havia destituído para
sempre (Ez 28.19).
A origem do pecado jamais pode ser de Deus.
Deus é santo ( I P e 1.16) “Deus é luz, e não
há nele treva nenhuma” ( l J o 1.5); “Deus não pode ser
tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13).

A origem do pecado tampouco foi o homem.


O homem foi criado à imagem de Deus: “E
criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus

103
o cr iou” (Gn 1.27). Foi criado perfeito: “Viu Deus tudo
quanto tinha feito, e eis que era muito bom ” (Gn 1.31).
A Bíblia diz: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29).
Quando Adão e Eva foram criados, o mal já existia no
Universo.

A origem do pecado foi Lúcifer, o diabo.


Jesus revela a origem do pecado. Ele disse:
“Ele (Satanás) foi homicida desde o princípio e não se
firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando
ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44), e também: “O
diabo peca desde o princípio” ( U o 3.8). O diabo era
antes um “querubim ungido para pro tege r” (Ez 28.14).
Diz a palavra de Deus: “No monte santo de Deus
estavas, no meio das pedras afogueadas andavas” .
Apesar de tudo isso, ele disse em seu coração: “Eu
subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei
o meu trono, e, no monte da congregação, me
assentarei, da banda dos lados do Norte. “Subirei acima
das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”
(Is 14.14). Assim nasceu o pecado, como um
pensamento no coração de Lúcifer. E esse pensamento
ele pôs em ação! Rebelou-se contra Deus, e foi lançado
fora do céu (Ez 28.15,16). Jesus disse para os seus
discípulos que havia visto Satanás, como raio, cair do
céu (Lc 10.18). Desde então, o diabo tornou-se o
adversário de Deus. Satanás (em hebraico, S a tã) ou
diabo (em grego, diabolos) significa em português:
“adversário, acusador” . Ele era Lúcifer, isto é, “estrela
da manhã, filha da alva” (Is 14.12). Mas degenerou-se,
tornando-se o príncipe das trevas (Mt 12.24).
Por que Deus permitiu que Lúcifer caísse?
Lúcifer possuía livre arbítrio, coisa que Deus sempre
considera. Ele abusou dessa extrema liberdade e sofreu

104
as conseqüências. Pertenceu aos céus, mas torcendo-se
o antônimo do bem, o opositor de Deus.

O início do pecado na terra.


Com a liberdade que Deus dera ao homem
sobre o domínio Deus estava dando a sua criação, um
ser criado pelo próprio Deus, uma autoridade,
depositando sobre a sua criação uma confiança, pois o
próprio Criador tinha grande interesse no sucesso do
homem. Para isto disse Deus: que iria fazer o homem a
sua imagem, semelhança e para dominar (Gn 1.26).
Quando Deus criou deu atribuições ao homem. Estas
atribuições eram a confiança depositada pôr Deus ao
homem. O homem não soube preservar a ordenança de
seu Criador (Gn 2.17). Não comerás da árvore da
ciência, Quando o homem comeu, transgrediu,
desobedeceu, pecou. Com este pecado Adão não
somente se tornou pecador, mais também um escravo
do Pecado. O pecado tem sido o maior mal, a qual o
homem tem se deparado, ele além das conseqüências,
trágicas no que se refere à parte espiritual, ou seja
separando o homem de Deus. Oséias 13.9 diz que tem
trazido conseqüências sociais como guerras,
imundícies, doenças, pragas etc. (Jr 30.12). O homem
debaixo do pecado tem o seu semblante e sua
fisionomia caída (Is 3.9). O pecador faz mal a si
próprio (Gn 6.5).
Para o homem a vida estava sendo uma
verdadeira maravilha:
• A terra tinha ouro (Gn 2.11-12);
• Sombra e água fresca, pois quatro rios banhavam o
Jardim (Gn 2.14);
• Deus arrumou-lhe uma companheira (Gn 2.18);
• O homem colocava o nome nos animais (Gn 2.20);
• Tudo estava as mil maravilhas.
Mas existe uma tendência natural do ser
humano em dar ouvidos as más línguas e Satanás que é
astuto aproveitou o momento certo e enganou a mulher.

A natureza do pecado
Apesar de estarmos falando do homem no
estado do pecado, convém falar que a origem do
pecado se deu quando Satanás foi derribado do Céu
conforme consta em Isaías 14.12-15.^0 pecado não se
j originou na terra, mas foram os moradores da terra
1 (Adão e sua mulher Eva) que acolheram o pecado, pois
' j á era uma realidade. Mas ainda o pior foi o homem
contaminado pôr este vírus tão vo r a z 1 que tem atacado
com tanto ímpeto2 a humanidade, quando lemos o
trecho de Isaías que diz sobre a estrela da Manhã não
podemos deixar de aplicar a Lúcifer, como a pessoa
que quis se exaltar, mas que foi derribado pelo poder
de Deus, quando Lúcifer disse: “Eu subirei” , o pecado
tinha início porque brotava no seu coração o desejo de
ser maior do que seu criador, desobedecendo, tentando
mudar o sentido da Criação.
Assim como nos diz a Palavra de Deus “se
hoje ouvires a voz do Espírito Santo não endureçais o
seu co ração” (Hb 3.7-8). Satanás tem de todas as
formas procurado desviar os ouvidos do homem da voz
de Deus, e dar ouvidos a sua voz, pôr isto temos que
conhecer a voz do mestre (Jo 10.14) “Eu sou o bom
pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me
conhec em ” , conhecer a voz do Mestre e saber discernir
para não ser enganado.

1 Q u e s u b v e r t e ou c o n s o m e , c o r r ó i , d e s t r ó i ; d e s t r u i d o r ,
destrutivo.
2 M a n i f e s t a ç ã o s ú b i t a e v i o l e nt a ; i m p u l s o , a t a q ue , fúr ia.

106
As Conseqüências do Pecado

Quando o homem foi contaminado pelo


pecado, as conseqüências foram sentidas pôr toda a
humanidade (Rm 3.23). O pecado quando contaminou o
homem, a partir deste momento começou a se
deteriorar (2Co 11.3; Rm 5.12).
Podemos falar que após o pecado de Adão
todos os demais pecaram ficando todos contaminados
(Rm 5.12). Sendo o seu salário a morte (Rm 6.23).
Deixado o homem escravo, sujeito à destruição.
Quando Ló viu Sodoma e Gomorra pela primeira vez,
viu que era linda (Gn 13.10), quando conviveu nela
teve de sair correndo (Gn 19.28), porque se não saísse,
seria destruído com a cidade.
O pecado traz vergonha perante Deus.
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação
entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos
ouça” (Is 59.2). A primeira atitude do homem após o
pecado foi esconder (Gn 3.10). Deus é Santo e o
pecado não pode se misturar com a santidade ( I C o
3.17). Quando a Bíblia chega a dizer que nossos
pecados fazem separação (divisão) entre o homem e
Deus, mostra a vergonha provocada pela desobediência
ao seu Criador. Trazendo a vergonha o pecado também
trás a culpabilidade diante de Deus.

O pecado interrompeu a comunhão entre Deus e o


homem.
Deus convivia com o homem em comunhão e
cooperação maravilhosa (Gn 2.18,19). Porém, quando
Deus, após a queda, veio ao seu encontro, Adão e Eva
esconderam-se entre as árvores do jardim (Gn 3.8). A
pergunta de Deus: “onde estás” (Gn 3.9), mostra que a

107
atitude de Deus para com Adão era agora diferente. A
Bíblia diz: “As vossas iniqüidades fazem divisão entre
vós e o vosso Deus” (Is 59.2; Pv 15.29; Jr 5.25).
Assim, devido ao seu pecado, foram expulsos do jardim
(Gn 3.23,24).

O Pecado e a Morte

“Mas da árvore do conhecimento do bem e


do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Deus falava
para o homem sobre a morte espiritual, quando a
serpente falou para Eva: “se comeres não morrereis” ,
ela usava a inversão da Palavra de Deus. Deus falava
^ de morte espiritual e a serpente de morte “natural” .
^ D e u s havia criado um ser infinito, com o pecado o
homem virou finito ou começou a se di lac er ar 1 até
chegar ao estado da morte (Rm 3.23; 5.12).
Quando Adão pecou seria um fator muito
fácil para Deus, que simplesmente o destruísse, Deus
poderia optar pôr fazer ou criar outro casal, esquece o
primeiro e ponto final. Só que o fracasso da parte do
homem ou do casal continuaria, mais Deus queria a
recuperação do homem (Is 53.5).

Pecado trás a morte natural.


Saul morreu, pois não guardou a palavra de
Deus ( l C r 10.13). Se lembrarmos do rei Saul, o mesmo
não sendo a pessoa a quem Deus tinha estabelecido
como rei, mas Deus aceitou a decisão do povo, a
infidelidade dele para com Deus abreviou a sua morte,
muitas pessoas têm morrido jovens, até lamentamos:
morreu na flor da sua juventude. Mas devemos analisar

1 A f l i g i r mu it o; t o r t u r a r , m o r t i f i c a r .

108
pelo ângulo da obediência a Deus. O rei Acazias não
respeitou a Deus e Elias predisse sua morte (2Rs 1.16).
Também temos o exemplo de Ananias e Safira (At 5.3-
5). “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que
tornes a terra, porque dela foste tomado porquanto és
pó, e ao pó torna rás” (Gn 3.19), a palavra tornaras
estava Deus dando a sentença de tempos de vida ao
homem, ou seja, predestinava a sua criação a morrer.
Deus fala do suar do teu rosto comerás, se o homem
não comer simplesmente estará abreviando a sua morte.
A maldade tem trazido o castigo para o homem,
“Decerto o homem mau não ficará sem castigo” (Pv
11.21a), quando o escritor dizia do homem mau ele
queria dizer homem pecador.

Pecado traz a morte espiritual.


A morte espiritual é vista pôr vários aspectos
(Ef 2.1-5): nós estávamos mortos em nossos delitos e
pecados (Ef 2.1), andávamos segundo o curso deste
mundo (G1 1.4), nosso guia era o mundo tendo Satanás
como o pai deste mundo (2Co 2.10), fazendo a vontade
da carne, não do espírito, éramos pôr natureza (não
adquiridos), mas éramos herdeiros de uma
contaminação pecaminosa gerada lá no ja rdim através
de nossos pais primitivos “porque o salário do pecado é
a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23). A morte
espiritual tem sido um mau maior, pois se estamos
mortos espiritualmente devemos fazer como Jesus
ensinou a Nicodemos, devemos nascer novamente.

109
Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

6. É a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e


não uma realidade
a)F%1 O determinismo
b ) f 1 O ateísmo
c)| | O hedonismo
d)| I A evolução

7. Considera o pecado como herança do animalismo do


homem
a) 1 1 O determinismo
b)| I O ateísmo
c)| I O hedonismo
d ifÃI A evolução

8. É considerado um crime contra a sociedade e nada


mais
a)[ |O pecado do ponto de vista religioso
t > ) 0 O pecado do ponto de vista popular
c)| |O pecado do ponto de vista do ateísmo
d)| IO pecado do ponto de vista do hedonismo

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

9.IC1 O pecado não se originou na terra, mas foram os


moradores da terra (Adão e sua mulher Eva) que
acolheu o pecado, pois já era uma realidade
10.ÜJ Deus havia criado um ser finito, com o pecado o
homem virou infinito

110
Lição 5
A Doutrina da Salvação: Soteriologia

A salvação é recebida através do


arrependimento dos pecados diante de Deus e da fé em
Jesus Cristo. Pela lavagem da regeneração e da
renovação do Espírito Santo de Deus, o homem é
justificado pela graça, mediante a fé, tornando-se
herdeiro de Deus, de conformidade com a vida eterna.

Deus e a Origem da Nossa Salvação

A Salvação preparada para o mundo perdido


nasceu no coração de Deus. Por isto a multidão salva,
vestida de vestes brancas, cantará nos céus: “Salvação
ao nosso Deus, que está sentado no trono” (Ap 7.10).
No dia da queda do homem, Deus prometeu
enviar um Salvador, Ele disse a respeito da semente da
mulher: “esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o
calcan ha r” (Gn 3.15).
Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu
Filho, nascido de mulher (G1 4.4). A promessa se
cumpriu literalmente, foi uma expressão do seu amor:
• “Deus amou o mundo de tal maneir a...” (Jo 3.16).
• “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o
mundo” (2Co 5.19). Se a morte na cruz foi tremenda
para Jesus, também o foi para Deus. Foi o seu

111
grande amor que pagou o sacrifício, e foi a sua
justiça que recebeu o preço de sangue pago por
Jesus (Hb 9.24-26).
Na cruz foram provadas e mantidas quatro
coisas importantes:
1. O amor de Deus (Rm 5.8-10);
2. A sabedoria de Deus que se revelou na cruz (IC o
I.18-25), com uma profundidade insondável (Rm
II. 33 -3 5);
3. O poder de Deus ( IC o 1.24-25);
4. A justiça de Deus. Diante dos céus, do inferno e de
todo o mundo a sua Palavra foi cumprida!

O Significado da Salvação

De todas as palavras empregadas para definir


a experiência transformadora que é o encontro do
homem com Deus, “salvação” é a mais usada.
A palavra salvação significa, em primeiro
lugar, Ysér t i r a d o ~de um pe r i g o j livrar-se, escapar. A
Bíblia fala da salvação como a libertação do tremendo
perigo de uma vida sem Deus (At 26.18; Cl 1.13).
Tradução da palavra grega soterion, tem a significação
de “tornar ao estado perfeito” , ou “restaurar o que a
queda cau so u” . A salvação desfaz, assim, as obras do
diabo ( lJ o 3.8).
Seria difícil explicar o significado da
salvação sem fris armos1 o Antigo Testamento (SI 39.8),
quando descobrirmos nas ações (Jz 3.9) e palavras
Divinas (Is 43.11-12) a natureza redentora de Deus (Jr
17.14-18). Quando entendermos pelas palavras dos
profetas as suas predições sobre aquEle que estava para

1 C i ta r ou r e f e r i r oportuna e apropriadamente. Salientar,


patentear, sublinhar.

112
vir a fim de concluir o plano de Deus. Deus usou
métodos tanto no passado, presente e usará no futuro.
Deus sempre teve seus representantes para anunciar a
Salvação. Mas os obstáculos eram tão grandes, que
sempre carecia da ajuda do próprio Deus.

As naturezas de Deus e do homem.


Uma das evidências anunciada pela Palavra
de Deus é que ela mostra um Deus Salvador e redentor
(2Sm 22.3). Deus livrou o seu povo de todas as aflições
não deixando de destacar os inimigos nacionais e
individuais (SI 18.4).
Todas as pessoas precisam de um Salvador,
pois o homem não pode salvar a si mesmo (Lc 17.33).
E este Salvador é Jesus (Jo 12.47). Assim como Deus
tem a natureza salvadora em Jesus, o homem discorre
uma vida pecaminosa iniciando com o primeiro casal se
cobrindo e escondendo de Deus (Gn 3), O homicida
Caim (Gn 4), até os fatos do Apocalipse 20.
A natureza salvadora de Deus tem tido uma
evidência na obra salvadora. No Diário de Anne Frank
ela cita uma das palavras mais comuns ouvidas até nos
dias de hoje: “A humanidade precisa de educação, e
não de Salvação” . A humanidade precisa da Salvação,
como:
í • Salvação da morte (Mt 8.25); 5
j • Das enfermidades (Mt 9.22); s.
• Da possessão demoníaca (Lc 8.26-33); 3
• E principalmente da morte Espiritual ( IC o 1.21). 'i
V,
O Amor e a Santidade de Deus.
Deus é Santo, mas o homem é ímpio.
Quimicamente falando é uma mistura heterogênea,
seria impossível misturar o óleo e a água. Jesus morreu
por nós sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Pelo amor

113
de Deus entregamos nossos pecados a Jesus (Rm 4.25).
A Santidade -de Deus abrange tanto o Novo quanto o
Antigo Testamento (Js 24.19; Lc 1.49). Pelo seu grande
amor Ele não justifica o ímpio (Ex 23.7). Deus é
imparcial na justificação (Pv 17.15).
O amor de Deus é algo imensurável, se
lembrarmos dos sofrimentos de Jesus na cruz do
calvário, e Deus ficou impassível aos fatos, tudo isso
foi por amor ao homem (Jo 3.16). Diz a Palavra que
Deus deu seu filho. Quando damos algo a alguém, essa
pessoa tem o domínio sobre o bem adquirido, Deus deu
seu filho em favor dos homens, por isso Deus ficou de
mãos amarradas quanto aos sofrimentos de seu filho.
Jesus suportou a cruz, para a felicidade
nossa. Por isso Ele julgará o mundo com e q ü id a d e 1 (SI
98.9). Não aceitará propinas, pois nada se iguala a sua
morte de cruz (Dt 10.17).

A Bondade, A Graça, e a Misericórdia de Deus.


A mensagem da Salvação deve ser encarada
pelo homem com santidade, retidão.
1. A bondade de Deus:
• Deus é Bom (SI 34.8; 100.5);
• Deus é abençoador (SI 119.68);
• Não quer que ninguém se perca (2Pe 3.9);
• Deus é longânimo (2Pe 3.15).

2. Sua Graça:
• Para os dons ( I P e 4.10);
• A graça na revelação (IPe 1.13);
• Graça de chegar ao trono (Hb 4.16);
• A graça para a Salvação (Tt 2.11).

1 Igualdade, retidão, equanimidade.

114
3. Misericórdia:
• Por Maria (Lc 1.48);
• Para os que o temem (Lc 1.50);
• Para a Salvação (Lc 1.72).
Sem estes fatores primordiais em hipótese
alguma poderíamos ter a Salvação, Deus sendo
onipotente pode dar ao homem o direito de ser salvo,
mas através de Jesus temos o direito de ser chamados
filhos, não só filhos mas também herdeiros (Rm 8 . 1 6 -
17). A obra salvadora foi realizada por Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, mas o decreto foi de Deus Pai.

O Propósito de Deus

Somente podemos entender os planos e


métodos de Deus para a salvação (Rm 13.11) através de
um estudo detalhado das Escrituras (2Tm 3.15). A
salvação é a grande obra espiritual de Deus com
relação ao homem (Fp 1.19). Através de sua
p r esciê ncia 1, Deus tinha plena consciência de que o
homem haveria de cair em pecado, antes mesmo da
criação Deus já sabia. Mesmo assim Deus não mudou
seus propósitos, fez o homem e deu-lhe
responsabilidade e deveres (Ef 1.4). A onisciência de
Deus seria uma arma poderosa para Ele simplesmente
parar com o mundo; vejamos:
1. Criou o homem, o homem pecou;
2. Criou os anjos, os anjos foram lançados para baixo;
3. Criou as nações, as mesmas estão se acabando
através das guerras;
4. A natureza, a mesma está sendo consumida pelos
produtos químicos;

1 Q u a l i d a d e de p r e s c i e n t e . P r e v i d ê n c i a , p r e v i s ã o ; p r e s s e n t i m e n t o ,
presságio.

115
5. deu inteligência para o homem, o homem não sabe
usar. Ora, vejamos bem, era só Deus não ter criado,
tinha evitado dissabores. Pois Ele já de antemão
sabia todos os resultados. Mais Deus é
misericordioso e quer que o homem se salve.

O propósito de Deus na natureza humana.


Quando o homem pecou, ocasionou a perda
de sua inocência e santidade (Jó 31.33) mas isso não o
privou de todo conhecimento' espiritual ( l T m 2.14).
Deus tem providenciado para que esse conhecimento
nunca acabe (Rm 1.20). O propósito de Deus é que o
homem chegue ao conhecimento da Salvação. Mais
soínente pode entender e chegar ao conhecimento da
Salvação quem conhecer e quer se livrar da escravidão
do pecado. Note bem a história tanto secular como os
fatos narrados pela Bíblia Sagrada mostram-nos que as
m a i s diversas nações tinham seus deuses e praticavam
sacrifícios para eles, mais em nenhuma vez mostra que
os deuses tinham compaixão do povo. Os sacrifícios
eram uma forma de apaziguarem os deuses. Mesmo nos
nossos dias quantos sacrifícios em vão.

O propósito de Deus nas Escrituras.


Sabendo que o Novo Testamento é o
comprimento do Antigo, temos que voltar ao Antigo
para entender o propósito de Deus (Gn 3.15). E Deus
quem determina as coisas, Ele espalha, Ele ajunta (Dt
30-3). Deus tem propósito somente com aquele que Ele
ania (Gn 4.4). Caim trouxe uma oferta sem fundamento,
pois ele irou-se profundamente. Quando Deus deu ao
povo de Israel a tábua da lei era um propósito de
fidelidade mútuo que ambos firmaram, mais Israel não
cumpriu. Deus enviou os Profetas, os Sacerdotes, Reis,
Juizes, e hoje temos a Igreja. Deus nunca deixou seu

116
p r o p ó s it o cair por terra. Na fase i n t e r t e s t a m e n t a r i a 1
quando o povo ficou sem p ro feta du ra n te
a p r o x i m a d a m e n t e 400 anos, não foi po rqu e Deus ha via
d e ix a d o de olh ar para a h u m a n id a d e , mas era uma
p re p a r a ç ã o para o r e c e b im e n to do Mes sias, o povo
e st a va s ed en to das coisas de Deus, m esm o assim Deus
e nv io u João Bat ista pr im ei r o (Mc 1.2), Ele veio co m o
anjo do Senhor. A Igr eja atra vés dos irmãos la vad os e
remi do s pelo Sang ue de Cris to são Anjos de Deus a
s er v iço da Salvação.

A e x te n s ã o da obra da salvação.
A Bíblia nos diz que todo que nEle crê não
pereça , mas tenha a vida et er na (Jo 3.15). S om e n te
te mo s vida por Jesus (Jo 6. 33,35). É uma p r o m e s s a
un iv e r s a l (At 2.21; 3.21). Po r isso que de fe n d e m o s que
o sa c rif íc io de Jesus foi g e n ér ic o (Jo 10.11), Jesus
mo rr eu por todos, mais todos que r e c o n h e c e m o
sac ri f íc io de Jesus tem que se c h e g a r a Ele (Rm 5.18).
N ão há di s tin ç ão de pess oa s, raças, ou posi ção social
(Cl 3.11). É somen te crer (Mc 16.15-16). A obra da
s al v a ç ão não pode ser r e s tr in g id a a d e t e r m i n a d a
c a m a d a da socied ad e, pois o sacrif íci o vicário de J esu s
foi pa ra todos (At 14.27). Jesus fala: meu sangu e que é
por muitos de rra ma dos , s im p le s m e n te Ele e s ta v a
d e s v i n c u l a n d o os que c rê em e não crêem na obra
sal v í fi c a do Se n ho r ( l J o 2.1), este a dvogad o é so m e n t e
pa ra q u e m o constituiu.

Os Métodos de Deus

Deus tem um só plano de Sal vação, isso não


q ue r d iz e r que Deus age de um só modo (Hb 1.1), ou

1 P e r í o d o de t e m p o e nt re o V e l h o e o N o v o T e s t a m e n t o .

117
seja, Deus tem um só plano. Dentro deste plano
existem vários métodos. Vejamos um exemplo: o
cordeiro de Deus era conhecido com efeito antes da
fundação do mundo, porem manifestado no fim dos
tempos ( I P e 1.20). Para Eva a solução da separação do
homem com Deus estava resolvida no nascimento de
Caim, ela disse “Adquiri um varão do Sen ho r” (Gn
4.1). Puro engano, Caim tornou-se mais tarde um
assassino. Os métodos de Deus não poderiam vir
imediatamente, quando lemos: “Mas, vindo a plenitude
dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei” (G1 4.4). Os métodos não quer dizer
único método. O plano é um só, mas os métodos são as
estratégias de Deus. Não é o homem quem determina
para Deus, mais é o inverso, Deus é quem determina
para o homem. O aguardo do tempo de preparação
tinha um tríplice objetivo, vejamos:
• Revelar ao homem a verdadeira natureza do pecado
e a grande depravação em que a raça humana havia
caído;
• Revelar a verdadeira incapacidade de preservar ou
obter de novo um conhecimento adequado a Deus ou
livrar-se do pecado através de filosofia e de arte;
• Ensinar que os verdadeiros perdões somente são
possíveis através do ato substitutivo.

No passado.
Deus não muda, mas seus métodos
freqüentemente os fazem. Deus colocou nossos pais, lá
no jardim do Éden (Gn 2.15). Um lugar perfeito. Deus
tomou todas as providências para a felicidade do
homem. Mas ao submeter ao mais simples testes, o
homem caiu. Como conseqüência, ambos: homem e
mulher tornaram-se culpados perante Deus. Deus
providenciou uma salvação ao homem caído. Foram

118
dessa maneira as alianças (Aliança significa pacto,
conserto; entre homem e homem ou entre homem e
Deus). São oito as alianças, a saber: Edêmica (Gn
2.16), Adâmica (Gn 3.15), Noética (Gn 9.16),
Abraâmica (Gn 12.2), Mosaica (Êx 19.5), Palestiniana
(Dt 30.3), Davídica (2Sm 7.16) e a Nova Aliança (Hb
8.8). E bom saber que Deus sempre agiu para a
recuperação do homem caído, mais é bom entendermos
que para cada época existiu um método apropriado. No
período antediluviano, Deus deu a oportunidade para
que o homem fosse levado de volta a Deus através de
sua consciência. A Palavra de Deus nos diz que Caim
foi um assassino, mas Deus teve piedade através da
descendência de Sete, com o passar dos tempos
casaram entre si e houve a mistificação. Trazendo
desagrado a Deus. Em todos estes métodos ou épocas o
homem sempre decepcionou a Deus.

No presente.
Um método totalmente mudado teve por
conseqüência o presente ( IC o 1.30). O período da
Igreja. Foi uma nova sistemática, ou seja, Deus usando
seu filho como o Salvador. O método usado foi pela
morte de Jesus. Foi expiado o pecado dos crentes do
Velho Testamento (Hb 1 1.37-39). Bem como os crentes
do Novo Testamento (Rm 3.21-26). Deus agora oferece
Salvação através do seu Filho (Hb 11.40). Antes dessa
época o plano da salvação era um plano obscuro. Mas
hoje é um plano claro e evidente para qualquer pessoa
que queira conhecê-lo. Somente é exigido que o
pecador aceite o que Deus providenciou em Cristo. Se
o homem aceitar pela fé a oferta da vida ele é nascido
de novo (Jo 3.16). O Espírito Santo vai trabalhando na
vida do homem de maneira que o seu trabalho provoque
a regeneração no íntimo do homem. E o mesmo espírito

119
aperfeiçoe a santidade na vida do crente. Isso não quer
dizer que o homem responde prontamente ao convite da
salvação. Muitas vezes demora muito tempo para
entender o que Deus quer em nossa vida.

No futuro.
Deus tem prometido uma melhor mudança
para o período do reino. Cristo deve reinar em todos as
áreas nas quais o pecado entrou. Ele já veio uma vez,
mas o povo não lhe deu ouvido (Jo 1.11). Mas Jesus
virá novamente e desta vez vai assumir o controle de
tudo (Ap 11.15), pela força. Israel será o centro desse
reino. Esse período vai começar com um mundo
convertido. Muitas pessoas vão nascer no milênio, mas
nem todos serão convertidos. Não é o reinado que vai
fazer o mundo ficar justo. Mas somente a graça de
Deus pode fazer uma transformação no coração
individualmente do homem. Vai haver salvação no
futuro como ouve no passado e está havendo no
presente, somente com a atuação de Deus tem tido
métodos para cada momento.
No Armagedom o Senhor vai julgar as
nações que vieram contra Ele, acorrentará a Satanás.
Apenas os Salvos da terra serão deixados para irem ao
reino. Todas as nações virão adorar no Monte Sião.
Será uma época de muitas decisões mais nem todos
serão verdadeiros crentes.

A Obra de Cristo na Salvação

A obra de Cristo é a coluna central do plano


de Deus para a redenção. É o eixo central no qual gira
todo o sistema. Ela não se restringe somente a oferta
sacrificial de Jesus. A obra de Jesus aqui na terra é um
fator tão bem detalhado que desde a escolha de seu

120
nome tinha que ser um nome prop ício1 para tal (Mt
1.21). Mas isso j á estava no plano de Deus (Is 49.6). A
promessa de Deus era para que um só Deus pudesse ser
o Salvador (Os 13.4). Jesus veio para buscar e Salvar
os que havia perdidos (Lc 19.10). A obra salvadora é
evidenciada em Jesus ( l T m 1.15). A obra de Cristo
para a Salvação tem que passar pelo sacrifício. O
escritor aos Hebreus nos fala de um melhor sacrifício
(Hb 10.1-14), ou seja, o sacrifício perfeito. O sacrifício
está presente em quase todas as culturas, mais o
sacrifício perfeito somente está imbuído no verdadeiro
cristão através de Jesus Cristo.
Desde os tempos passados o sacrifício jamais
foi deixado de lado, mas sempre está presente. Isso não
muda na vida do crente, Hebreus 9.22 diz que quase
todas as coisas se purificam com o sangue. Mas sem
sangue não há remissão de pecados. O sangue de Jesus
Cristo vertido lá no calvário.

A humilhação.
Jesus foi humilhado, primeiro ele teve de
renunciar (Fp 2.7-8). Renunciou a sua majestade sendo
martirizado não recebendo o justo direito de nobreza
superior, pois era nobre do céu. Uma das mais
humilhantes formas foi Jesus se humanizar, pois o
homem representava o fracasso, o pecado, mais Cristo
se fez pecado por nós (2Co 5.21). Foi tentado por nós
(Hb 4.15). Ele se tornou legalmente responsável por
nossos pecados sujeitos a maldição da lei (G1 4.4).
Deus o enviou. Quando Jesus foi crucificado passou
uma dúvida cruel na cabeça dos seus seguidores, “se
ele tem poder porque se sujeita a uma morte tão
horrend a” .

1 Favorável, favorecedor. Adequado, apropriado, oportuno.

121
O sacrifício.
É importante frisar a palavra: o sacrifício.
Vejamos no Antigo Testamento, Deus queria sacrifício
de Israel (Êx 29.28). Na páscoa lembramos da figura do
cordeiro (Êx 12.1-13). Quando no Antigo Testamento
se colocavam as mãos no sacrifício significava (isso é
meu sacrifício), isso é: ele esta sendo sacrificado em
meu lugar. Hoje a conotação mudou, em João 1.29
Cristo é o cordeiro, Isaías 53.7 diz como um cordeiro.
Jesus foi sacrificado por nós. O sacrifício de Jesus não
é chamado sacrifício simplesmente porque ele foi
morto em nosso lugar, mas vejamos alguns aspectos:
• Morava nos lugares celestiais, teve que renunciar;
• Era príncipe no céu, veio como um qualquer na
terra;
• Vivia no paraíso, teve que trabalhar para se
sustentar;
• Tinha vida (literalmente falando) eterna no céu,
teve que experimentar a morte, etc.
Foi um sacrifício não só pela morte, mais
pela vida e pela existência.

A vitória.
O profeta Isaias descreveu com uma
veracidade tremenda a vitória de Jesus (Is 53.11).
Quando todos pensaram que Jesus havia se acabado, foi
ai que ele cresceu (Mt 16.18). Jesus desceu ao hades
(Ef 4.9) e venceu. Tinha a carne mortificada, mas o
espírito vivificado ( IP e 3.18), Pregou até aos espíritos
em prisão ( I P e 3.19), Jesus foi conquistando vitória, e
a maior vitória foi a salvação da humanidade. Em vida
Jesus teve as maiores vitórias que um homem pode
desejar, vejamos: contra o diabo, na tentação; na cura
dos paralíticos, dos cegos; nas ressurreições; no

122
endemoniado de Gadara e principalmente na morte de
cruz e na ressurreição, Jesus é um eterno vencedor, a
Igreja é vencedora.
A evidência interior da salvação é o
testemunho direto do espírito (Rm 8.16) - “O mesmo
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus” .
A evidência externa da salvação a todos os
homens é uma vida de retidão e de verdadeira santidade
(Ef 4.24) - “E vos revistais do novo homem, que
segundo Deus é criado em verdadeira justiça e
santidade” .

Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

1. É recebida através do arrependimento dos pecados


diante de Deus e da fé em Jesus Cristo
a)| I A coroa da vida
b ) D A ceia do Senhor
c)l I A salvação
d)| I A vida abundante

2. O p r o p ó s i t o ___________ é que o homem chegue ao


conhecimento da Salvação
a)| I Da religião
b ) f j De Deus
c)l I Da teologia
d)| I Da ciência

3. E errado afirmar
a)l I A obra de Cristo é a coluna central do plano de
Deus para Israel
b)| I A obra de Cristo é o eixo central no qual gira

123
todo o sistema
c)| I A obra de Cristo não se restringe somente a
oferta sacrificial de Jesus
d)| I A obra de Jesus aqui na terra é um fator tão
bem detalhado que desde a escolha de seu nome
tinha que ser um nome propício para tal

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

4.1 I A obra da salvação pode ser restringida a


determinada camada da sociedade, pois o sacrifício
vicário de Jesus não foi para todos
5.1 I Deus tem um só plano de Salvação, isso não quer
dizer que Deus age de um só modo

124
Aspectos da Salvação

Graça.
E o poder dinâmico de Deus que provêm
imerecidamente para capacitar o homem a desejar e
fazer a Sua vontade (Fp 2.13; ICo 1.4,5; 15.10; 2Tm
1.9; Tg 1.18; 2Co 3.5; Hb 13.21; Is 26.12; Jr 10.23; Pv
16.9; 20.24).

Predestinação.
E o conselho ou decreto de Deus concernente
aos homens decaídos, incluindo a eleição soberana de
uns e a justa reprovação dos restantes (Rm 8.29,30:
9.1 1-24; Ef 1.5,11). Os dois aspectos da predestinação
são:
• Eleição: É o ato eterno de Deus pelo qual Ele, em
seu soberano bene plác ito1, e sem levar em conta
nenhum mérito previsto nos homens, escolhe um
certo número deles para receberem a graça especial
e a salvação eterna;
• Reprovação: E o decreto eterno de Deus pelo qual
Ele determinou deixar de aplicar a um certo número
de homens as operações de sua graça especial, e
puni-los por seus pecados, para a manifestação da
sua justiça. Os dois aspectos da reprovação são
preterição2 e condenação.

Vocação.
Vocação ou chamada é o ato de graça pelo
qual Deus convida os homens, através de Sua Palavra,
a aceitarem pela fé a salvação providenciada por Cristo

1 C o n s e n t i m e n t o , l i c e nç a , a p r o v a ç ã o , a p r a z i m e n t o .
2 A to ou e fe i t o de p r e t e ri r : D e i x a r de p ar t e ; d e s p r e z a r ; r e j ei t a r .

125
( I C o 1.9; 24,26; lTs 2.12; IPe 2.9; 5.10; Mt 11.28; Lc
5.32; Jo 7.37; At 2.39; Rm 8.30; G1 1.15; Ef 4.1; 4.4;
2Ts 2.14; 2Tm 1.9).

União.
É a ligação íntima, vital e espiritual entre
Cristo e o Seu povo, em razão da qual Ele é a fonte da
sua vida e poder, da sua bem-aventurança e salvação
(Ef 5.32; Cl 1.27).

Regeneração.
E o ato de Deus pelo qual o princípio de’uma
nova vida é implantado no homem, e a disposição
dominante de sua alma é tornada santa. E a
comunicação de vida divina à alma, que implica numa
completa mudança de coração (Ez 11.19; 18.31; 36.26;
Jr 24.7; Rm 6.4,11,13; Ef 2.6; Cl 2.12,13; Jo 5.21; Jo
10.10,28; lJo 5.11,12; Jo 1.12; 3.3,5).

Conversão.
É o ato exterior, visível e prático da salvação
operada na vida do pecador regenerado (Lc 22.32). Os
dois aspectos da conversão são:
• Arrependimento: é o aspecto negativo da conversão,
porque implica no abandono do pecado e em dizer
não para as coisas pecaminosas. E a mudança
voluntária e consciente, produzida na vida do
pecador, efetuada pelo Espírito Santo, a qual atinge
sua mente, seus sentimentos e conduz o pecador ao
abandono voluntário do pecado (Mt 21.28-30; 2Co
7.9,10).
• Fé: é o aspecto positivo da conversão, porque
implica em voltar em direção a Deus e em dizer sim
para a sua Palavra. E um firme e seguro
conhecimento do favor de Deus, para conosco,

126
fundado na verdade de uma promessa gratuita em
Cristo, e revelada às nossas mentes e seladas em
nossos corações pelo Espírito Santo (As Institutas,
III, 2,7, Calvino).

Justificação.
É um ato judicial de Deus, no qual Ele
declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas
as reivindicações da lei estão satisfeitas a favor do
pecador (At 13.39; Rm 5.1,9; 8.30-33; ICo 6.11; G1
2.16; 3.11). Na justificação estão incluídos o perdão, a
adoção, a substituição vicária e a imputação. Os dois
aspectos da justificação são:
1. Adoção (aspecto positivo / o crédito é imputado).
E o resultado da ressurreição de Cristo e se
dá por meio da imputação, na qual a justiça de Cristo,
que dá o direito legal à adoção, é imputada ao crente. A
regeneração opera uma filiação moral enquanto que a
adoção opera uma filiação legal.
2. Remissão ou Perdão.
É o aspecto negativo da justificação, pois
quando Adão pecou, ele foi condenado pelo que fez de
errado (iniqüidade), como também pelo que deixou de
fazer de certo, errando o alvo (pecado). Adão, então
pecou por ação (iniqüidade = pecado consciente,
voluntário, transgressão) e omissão (pecado, leia lJo
3.4). Cristo em sua obra vicária corrigiu os erros de
Adão, obedecendo passiva e ativamente, negativa e
positivamente os mandamentos de Deus, pois a lei
inclui mandamentos negativos (não adulterarás, etc) e
mandamentos positivos (amarás a Deus, etc). O perdão
é, portanto o ato judicial de Deus pelo qual ele concede
ao pecador, na cruz, os benefícios resultantes da
obediência passiva de Cristo. O perdão é resultado da
morte de Cristo enquanto que a adoção (o aspecto

127
positivo da justificação) é resultado da ressurreição de
Cristo (Rm 4.25). Na morte Cristo aniquilou1 o pecado,
na ressurreição trouxe justiça. O perdão é operado
mediante a substituição, a ju st iç a é concedida por meio
da imputação. O perdão é concedido na cruz. A justiça
é imputada no tribunal de Deus (IPe 3.18).

Adoção.
É o ato judicial de Deus, resultado prático da
regeneração, pelo qual Ele declara seus filhos
emancipados e herdeiros da vida eterna (Tt 3.7).
Adoção não deve ser confundida com regeneração, pois
na adoção Deus coloca o pecador que já é seu filho
regenerado na posição de filho adulto. Na adoção não
há transformação interior (moral). A adoção não muda
o interior do pecador, muda a sua posição perante
Deus. Deus não adota pecadores não regenerados, Deus
só adota aqueles que já são seus filhos.

Imputação.
É o ato de Deus pelo qual Ele debita
meritoriamente2 na conta da humanidade o pecado de
Adão, e judicialmente na conta de Cristo o pecado da
humanidade, e gratuitamente na conta da humanidade a
justiça de Cristo. Imputação significa “debitar” ,
“atribuir responsabilidade” ou “lançar na conta de
algu ém ” . Paulo ensina esta doutrina quando assume a
dívida de Onésimo(Fm 18,19). Do mesmo modo Jesus
Cristo tomou a nossa dívida.

Substituição.
É o ato judicial de Deus pelo qual Ele pune
os pecadores pelos seus pecados, provendo um

1 R e d u z i r a n ad a ; nu l i f i c ar , a n u la r :
2 Que merece prêmio.

128
substituto qualificado, sobre o qual recaiu todo o
pecado e a culpa imputados à humanidade por causa do
pecado de Adão (Is 53.4-7; ICo 5.7). Um substituto
qualificado deveria possuir:
• Perfeita Encarnação: deveria ter natureza humana
completa para poder representar adequadamente a
humanidade (Hb 2.14-17; 5.1; Jo 1.14).
• Perfeita Identificação: deveria ter uma profunda
identificação com o sofrimento humano (Hb 2.18;
4.15; 5.2,3). A nossa identificação com Cristo é tão
perfeita que somos identificados com Ele na sua
morte (Rm 6.3; Cl 2.12).
• Perfeita Santidade: Um homem comum não seria um
bom representante da raça humana. O substituto
deveria ser santo, inocente, sem m á c u la 1, separado
dos pecadores (Hb 7.23-27). Um mortal comum não
poderia salvar ninguém, pois sendo mortal, não se
salvaria nem a si mesmo.

Santificação.
E a graciosa e contínua operação do Espírito
Santo pela qual Ele liberta o pecador justificado da
corrupção do pecado, renova toda a sua natureza à
imagem de Deus, e o capacita a praticar boas obras.

Perseverança.
E a contínua operação do Espírito Santo no
crente, pela qual a obra da graça divina, iniciada no
coração, tem prosseguimento e se completa, levando os
salvos à permanecerem em Cristo e perseverarem
firmes na fé. A perseverança representa o lado humano
(Lc 8.15; Rm 2.7; Ef 6.18).

1 N ó d o a , m a n c h a : D e s d o u r o , d e s l u s t r e , l abé u.

129
Segurança.
Éa garantia eterna e imutável da salvação,
iniciada e completada por Deus, no coração dos
regenerados. A segurança representa o lado divino (SI
89.28-37).

Redenção.
É o ato gracioso de Deus pelo qual Ele
liberta o pecador da escravidão da lei do pecado e da
morte (Rm 8.1,2), mediante o pagamento de um resgate
(Rm 6.20-22; ICo 6.19,20; IPe 1.18,19; Ap 1.5; 5.9;
G1 4.1-7).
1. A necessidade da redenção.
Todas as criaturas humanas da terra
pertencem a Deus ( I C o 10.26; SI 50.12), mas não são
todas de Cristo (Rm 8.9). O homem só se torna
propriedade exclusiva de Cristo mediante a obra da
redenção ( IC o 6.19,20; Hb 2.13-15). O mundo
(sistema) é de Satanás (Lc 4.6; U o 5.19) e as criaturas
humanas que estão no mundo pertencem a ele (At
26.18; Mt 12.30; Mc 9.40), por isso era necessária a
redenção, para que através de Cristo Deus resgatasse
(comprasse) do mundo os que viriam a crer nele, para
que através da redenção passassem a pertencer a Cristo
(Jo 15.19; 17.14; 18.36; Cl 1.13). Se um homem ainda
não foi redimido, embora sendo criatura de Deus,
continua sendo filho do Diabo, do qual é ele escravo
(Jo 8.44). Somente os filhos de Deus são
verdadeiramente livres (G1 2.4; 5.1; Rm 8.21; 2Co
3.17).
2. A natureza do redentor.
Deveria ser parente próximo da vítima. Era
ele, o redentor (goel no hebraico) quem deveria
resgatar o sangue da vítima assassinada (Nm 35.19-34;
Js 20.3-5); era ele quem deveria resgatar a possessão

130
da família que fora vendido (Lv 25.24,26,51,52;
27.13,15,19,20,31; Jr 32.7); era ele quem deveria
resgatar a pessoa cujo empobrecimento forçou-a a se
vender a um não judeu (Lv 25.47-49). Em Ezequiel
11.15 a expressão “os homens do teu pare ntes co ”
significa “os homens da tua redenção” . O redentor
deveria preencher certos requisitos:
• Deveria ter parentesco do escravo a ser resgatado
(Rt 2.20; 3.9,12; 4.1,3,6,14);
• Deveria ter meios com que pagar o resgate (Rt 4.6;
SI 49.7-9);
• Deveria querer efetuar o resgate (Rt 3.13; 4.4; Rm
5.7);
• Deveria ser livre e não poderia ser um escravo, um
escravo não podia resgatar outro escravo.
3. Cristo é o nosso Redentor.
Ele se fez nosso parente próximo (Hb
2.14,15; Fp 2.7); Ele pagou com seu sangue (At 20.28;
IPe 1.18,19); Ele nos resgatou voluntariamente (Jo
10.17,18); Ele não tinha pecado (2Co 5.21).

Reconciliação.
É a operação graciosa de Deus pela qual Ele
reconcilia os pecadores consigo mesmo, por meio da
morte de Jesus Cristo, removendo a inimizade (2Co
5.18-21; Cl 1.20-22). O termo usado no antigo
Testamento para reconciliação é expiação. Os dois
aspectos da reconciliação são:
1. Expiação.
A reconciliação (no grego: katallagê) tem
seu aspecto negativo na expiação, que enfatiza a morte
de Cristo para o perdão dos pecados em relação ao
homem. (A justificação possui aspectos semelhantes a
reconciliação. É negativa e positivamente considerada:
(a) Perdão e (b) Adoção). A expiação é a remoção da

131
causa da inimizade do hom em (Rm 5.10). Na expiação
a fraqueza, a impiedade e o pecado (mencionados em
Rm 5.6-8), fatores causadores da inimizade são
removidos. Portanto expiação é o cancelamento da
fraqueza (Rm 5.6), da impiedade (Rm 5.6) e
especialmente do pecado (Rm 5.8; At 3.19). Na
expiação a ação se dirige para aquilo que provocou o
rompimento no relacionamento, e se ocupa com a
anulação do ato ofensivo.
2. Propiciação.
É a reconciliação em seu aspecto positivo, e
por isso vai além da expiação, pois enfatiza a morte de
Cristo em relação a Deus. Na propiciação a ação se
dirige para Deus, a pessoa ofendida. O propósito da
propiciação é alterar a atitude de Deus, da ira para a
boa vontade e favor. Na propiciação é a ira que é
removida (Rm 5.9,10) e a amizade de Deus é
restaurada. Não é o caso de Deus mudar, mas sim de
que sua ira é desviada (SI 78.38; 79.8). Em Êxodo
32.14 o termo arrepender é wayyinnahem, no hebraico,
e hilaskomai, no grego, que significa “ser prop ício” . E
também usado em Lamentações 3.42; Daniel 9.19;
2Reis 24.4.
É claro que se trata de linguagem poética,
pois há passagens em que se diz que Deus se
arrependeu de fazer o bem, como em Jeremias 18.10,
como se o bem fosse causa para arrependimento. Na
expiação Cristo ofereceu-se pelos os homens, na
propiciação Ele ofereceu-se à Deus (Hb 9.13,14; IPe
3.18).
A expiação extingue o pecado (a inimizade
contra Deus), a propiciação extingue a penalidade do
pecado (a ira de Deus) que é desviado para a cruz de
Cristo (Rm 3.25).

132
Renovação.
E a operação graciosa de Deus que inclui
todos aqueles processos de forças espirituais
subseqüentes ao novo nascimento e decorrentes dele
(SI 51.10; 103.5; Is 40.31; 41.1; Cl 3.10).

Glorificação ou Ressurreição.
E a operação divina pela qual o crente
regenerado há de ressuscitar corporalmente, tendo seu
corpo abatido, transformado à semelhança do corpo
glorioso do Senhor Jesus (Fp 3.21; lT s 4.13-17; lJo
3.2).

Questionário

• Assinale com “X ” as alternativas corretas

6. É o ato exterior, visível e prático da salvação


operada na vida do pecador regenerado
a)| I Apelo
b)| I Redenção
c)| I Conversão
d)l I Oração

7. É a graciosa e contínua operação do Espírito Santo


pela qual Ele liberta o pecador justificado da
corrupção do pecado, renova toda a sua natureza à
imagem de Deus, e o capacita a praticar boas obras.
a)| I Santificação
b)| I Justificação
c)| I Redenção
d)| I Eleição

8. É a operação divina pela qual o crente regenerado há


de ressuscitar corporalmente, tendo seu corpo

133
abatido, transformado à semelhança do corpo
glorioso do Senhor Jesus
a)l I Renovação
b)l I Perseverança
c)| I Redenção
d)[ZI Glorificação ou Ressurreição

• Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado

9.T1 Graça é o poder dinâmico de Deus que provêm


imerecidamente para capacitar o homem a desejar e
fazer a Sua vontade
10.0 Os dois aspectos da conversão são: Batismo em
águas e a Santa Ceia

134
A njos, H om ens, P ecado e Salvação
Referências Bibliográficas

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo


Aurélio Século XXI. 3a Ed. Rio de Janeiro: Editora
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BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica.
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BERGSTEN, Eurico. Introdução à Teologia
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135
IBADEP - Instituto Bíblico das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus do Estado do Paraná
Av. Brasil, S/N° - Cx,Postal 248 - Fone: (44) 642-2581
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