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Sexualidade Humana
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
MÓDULO III
V- Homossexualidade
1- Introdução
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O prefixo “homo” vem da palavra grega que significa “mesmo” e o termo
“homossexualidade” refere-se genericamente a qualquer atividade sexual entre
pessoas do mesmo sexo.
“Lesbianismo” é frequentemente usado para designar a homossexualidade
feminina. A palavra gay (alegre, em inglês) é comumente usada com referência ao
sujeito homossexual, podendo ser usada para ambos os sexos, mas o é comumente
para homossexuais masculinos.
Gay também passou a indicar um grupo particular de homossexuais –
aqueles que são aberta e orgulhosamente homossexuais – e o estilo de vida viável
para os que ignoram e desafiam a estigmatização.
Os termos “homossexual enrustido” e “homossexual egodistônico” são,
circunstancialmente, usados para aqueles que estão em conflito ou ainda não
assumiram sua condição e, especificamente para aqueles que reconhecem a base
conflituosa de sua orientação e não têm orgulho dela.
O termo “homossexualidade”, quando usado correta ou incorretamente como
diagnóstico, é enganador, pois ele sugere uma unidade de significado ou de
atividades sexuais que não é valida. A atividade homossexual ocorre em uma ampla
variedade de circunstâncias emocionais e existenciais que tornam a atividade
conceitual e qualitativamente distinta, mesmo que os comportamentos anatômicos e
genitais possam ser idênticos.
Homossexualidade e heterossexualidade não são sempre orientações para
toda a vida, mutuamente excludentes, pois uma grande parcela de sujeitos teve
ambos os tipos de experiências em determinados momentos de suas vidas.
A palavra “homossexualidade” é usada aqui com referência ao padrão
sexual de atração erótica ou atividade sexual preferencial ou exclusiva entre
pessoas do mesmo sexo, independentemente da disponibilidade de parceiros
heterossexuais. “Preferencial” não deve ser erroneamente interpretado como
significando uma escolha consciente entre opções iguais, psicologicamente
disponíveis e sexualmente excitantes. A preferência é conscientemente conhecida,
mas a direção da orientação sexual, quer heterossexual ou homossexual, é algo que
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a pessoa simplesmente descobre em si mesma: não se tem uma escolha original
quanto à orientação erótica.
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basicamente, que a orientação homossexual fosse uma preocupação interior
persistente do paciente; a simples insatisfação e conflito moderados entre a
homossexualidade do sujeito e a sociedade não qualificam o diagnóstico.
A décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas
relacionados à saúde (CID 10), da Organização Mundial de Saúde, inclui uma
categoria de orientação sexual egodistônica sob o título de transtornos psicológicos
e comportamentais associados com desenvolvimento e a orientação sexual. O tópico
é acompanhado por uma observação de que a orientação sexual isoladamente não
deve ser considerada um transtorno. A categoria egodistônica é assim definida: a
identidade de gênero ou preferência sexual não está em dúvida, mas a pessoa
gostaria que ela fosse diferente em razão dos transtornos psicológicos ou
comportamentais associados, podendo procurar tratamento para modificá-la.
Entretanto, na terceira edição revisada e na quarta edição do DSM (DSM-III
e DSM-IV, respectivamente), a homossexualidade egodistônica não é mais um
termo diagnóstico. Sob “transtornos sexuais sem outra especificação”, uma das três
categorias é o sofrimento persistente e marcado em relação à orientação sexual.
Desaparecem quaisquer comentários ou critérios diagnósticos, e supõe-se que a
condição poderia incluir heterossexuais que sofram com sua heterossexualidade e
desejam persistentemente serem homossexuais.
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um papel na potência do conflito intrapsíquico X realidade ambiental. O poder da
influência dos pais pode sobrepor-se à predisposição à heterossexualidade ou
homossexualidade. As qualidades positivas ou negativas dos relacionamentos de
um menino com seus pares e adultos do mesmo sexo podem sobrepujar um
autoconceito não masculino ou ser uma influência adicional à orientação
homossexual.
Indiscutivelmente, entre as espécies de mamíferos, a biologia típica da
espécie e as condições de criação resultam em heterossexualidade como
preferência adulta. Segundo este ponto de vista, a homossexualidade como
preferência adulta representa uma adaptação – com frequência incontestavelmente
bem-sucedida – a diferenciação e condições evolutivas de qualquer natureza que
tornem a heterossexualidade típica da espécie inacessível ou inaceitável.
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VI- Parafilias
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Desde o primeiro artigo de Freud, as atitudes culturais a respeito da
sexualidade passaram por modificações dramáticas. À medida que a sexualidade
tornou-se uma área legitimada para o estudo científico, ficou evidente que os casais
“normais” envolviam-se em uma variedade de comportamentos sexuais. Relações
orogenitais, por exemplo, passaram a ser amplamente aceitas como comportamento
sexual saudável. De forma análoga, a homossexualidade e o relacionamento anal
foram retirados das listas das atividades perversas. Mais recentemente a
preocupação com a AIDS aumentou a consciência pública sobre a prevalência
relativamente alta de relações sexuais anais entre casais heterossexuais.
Os escritores psicanalíticos têm repetidamente confirmado a observação de
Freud de que existe uma essência perversa latente em todos nós. Logo, a
psicanálise foi acompanhada por uma atitude de maior aceitação em relação à
sexualidade perversa. McDougall (1986) enfatizou que as fantasias perversas são
encontradas regularmente em todo comportamento sexual adulto, mas tendem a
provocar poucos problemas por não serem vividos como compulsivos. Ela sugeriu o
uso do termo neossexualidade para refletir a natureza inovadora da prática e o
intenso investimento do sujeito na sua busca. Enfatizou que os clínicos devem ser
empáticos com seus pacientes que vivenciam estas solicitações sexuais como
necessárias para a sobrevivência emocional.
Em um esforço de excluir julgamento na sua definição de parafilias, o DSM-
IV sugeriu a restrição do termo a situações nas quais objetos não-humanos são
utilizados, nas quais a humilhação ou dor real são infligidas a alguém ou a um
parceiro, ou nas quais estão envolvidos adultos ou crianças que não concordam com
a situação. Para lidar com o continuum entre a fantasia e a ação, o DSM-IV
desenvolveu um espectrum de severidade. Nas formas “leves”, os pacientes sofrem
com seus desejos sexuais parafílicos, mas não os atuam. Nos graus “moderados” de
severidade, os pacientes traduzem seus desejos em ações, mas apenas
ocasionalmente. Em caos “severos”, os pacientes repetidamente atuam seus
desejos parafílicos. Finalmente, em um esforço de ser mais científico e menos
pejorativo, o DSM-IV utiliza o termo parafilia em vez de perversão ou desvio.
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1- Epidemiologia
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excitação e o orgasmo dependem da elaboração mental ou do desempenho
comportamental da fantasia. A atividade sexual é ritualizada ou estereotipada,
fazendo uso de objetos degradados, reduzidos ou desumanizados.
- Exibicionismo
Fonte: DSM IV
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ofensor sentiu-se humilhado, na maioria das vezes, por uma mulher. Em troca, o
exibicionista vinga-se desta humilhação chocando mulheres estranhas.
Além disso, a exposição dos genitais possibilita ao homem recuperar algum
sentido de valor e identidade masculina positiva. Com frequência estes homens
revelam uma profunda insegurança em relação a seu sentido de masculinidade.
Por outro lado, alguns autores afirmam que a ansiedade de castração não
capta totalmente a motivação para o ato exibicionista. Nesta visão, a ameaça “é
melhor colocada em termos de identidade, pois a humilhação tem a ver com a
‘ansiedade existencial’, uma ameaça à identidade de gênero nuclear”. Os
exibicionistas com assiduidade sentem que não causam impacto em ninguém de sua
família e assim têm que recorrer a medidas extraordinárias para serem notados.
Cada ato exibicionista pode, consequentemente, ser uma tentativa de reverter uma
situação traumática da infância.
- Fetichismo
Fonte: DSM IV
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No fetichismo, o foco sexual está em objetos (por exemplo, sapatos, luvas,
meias) associados intimamente ao corpo humano. O fetiche em particular está ligado
a alguém intimamente envolvido com o paciente durante a infância e tem uma
qualidade associada a essa pessoa amada, necessária ou até mesmo
traumatizadora. Em geral, o transtorno começa na adolescência, embora possa ter
se estabelecido na infância. Depois de efetivado, tende a ser crônico.
A atividade sexual pode ser direcionada para o fetiche em si (por exemplo,
masturbação com ou dentro de um sapato), ou este pode ser incorporado ao
intercurso sexual (por exemplo, a exigência de que sejam usados sapatos de salto
alto). O transtorno é quase exclusivamente encontrado em homens.
- Frotteurismo
Costuma ser caracterizado pelo ato de um homem esfregar seu pênis contra
as nádegas ou outras partes do corpo de uma mulher totalmente vestida para
alcançar o orgasmo.
Em outros casos, pode-se usar as mãos para esfregar uma vítima
desavisada. Os atos tendem a ocorrer em lugares muito cheios, em especial metrôs
e ônibus.
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Homens com frotteurismo são extremamente passivos e isolados, e esse
ato, muitas vezes, é sua única fonte de gratificação sexual. A expressão da
agressividade nessa parafilia fica logo aparente.
- Pedofilia
Especificar se:
Atração sexual pelo sexo masculino
Atração sexual pelo sexo feminino
Atração sexual por ambos os sexos
Especificar se:
Restrita ao incesto
Especificar se:
Tipo exclusivo (atração apenas por crianças)
Tipo não exclusivo
Fonte: DSM IV
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Envolve impulsos ou excitação sexuais recorrentes e intensos em relação a
crianças de 13 anos de idade ou menos por um período de pelo menos seis meses.
Pessoas com a condição têm no mínimo 16 anos de idade e pelo menos cinco anos
a mais do que suas vítimas. Quando o perpetrador é um adolescente envolvido em
um relacionamento sexual com uma criança de 12 ou 13 anos de idade, o
diagnóstico não é feito.
A maioria dos molestamentos de crianças envolve toques genitais ou sexo
oral. A penetração vaginal ou anal ocorre com pouca frequência, exceto em casos
de incesto.
Embora a maioria das vítimas que chegam à atenção pública seja composta
de meninas, este achado parece ser um produto do processo de encaminhamento.
Os criminosos relatam que, quando tocam uma criança, a maioria das vítimas são
meninos. Esse número faz um contraste acentuado com os números de vitimização
de crianças sem toque, tais como espiar por janelas e exibicionismo; 99% desses
casos são feitos contra meninas. 95% dos pedófilos são heterossexuais, e 50%
tinham consumido álcool em excesso no momento do incidente. Além da pedofilia,
um número significativo dos perpetradores está ou já esteve envolvido em
exibicionismo, voyeurismo ou estupro.
- Masoquismo sexual
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O masoquismo deve seu nome às atividades de Leopold Von Sacher-
Masoch, um romancista austríaco do século XIX, cujos personagens derivam prazer
sexual de serem abusados e dominados por mulheres.
Segundo o DSM-IV, pessoas com masoquismo sexual têm uma
preocupação recorrente com impulsos e fantasias sexuais envolvendo o fato de
serem humilhadas, espancadas, amarradas ou de alguma outra forma submetidas a
sofrimento.
As práticas sexuais masoquistas são mais comuns entre homens do que
entre mulheres. Cerca de 30% dos portadores de masoquismo sexual também têm
fantasias sádicas. O masoquismo moral envolve a necessidade de sofrer, mas não é
acompanhado de fantasias sexuais.
- Sadismo sexual
Fonte: DSM IV
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O sadismo sexual está relacionado ao estupro, embora este seja
considerado uma expressão de poder. Alguns estupradores sádicos, no entanto,
matam suas vítimas após o sexo. Em muitos casos, essas pessoas têm
esquizofrenia subjacente. Alguns autores falam em cinco causas que contribuem
para o sadismo sexual: predisposição hereditária; mau funcionamento hormonal;
relacionamentos patológicos; história de abuso sexual e presença de outros
transtornos mentais.
- Voyeurismo
Fonte: DSM IV
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- Travestismo fetichista
Especificar se:
Com disforia quanto ao gênero: se o indivíduo sente um desconforto com
o papel ou a identidade de gênero.
Fonte: DSM IV
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Quando um homem com travestismo fetichista está vestido de mulher, sua
aparência de feminilidade pode ser notável, embora não no mesmo grau encontrado
no transexualismo. Quando não estão vestidos com roupas de mulher, os homens
com o transtorno podem ser hipermasculinos em aparência e ocupação.
O transtorno pode variar de um ato solitário, deprimido e cheio de culpa até
um estilo de vida egossintônico com inserção social em uma subcultura de
travestismo.
A condição clínica manifesta de travestismo fetichista pode começar na fase
da latência, mas é vista com maior constância em torno da puberdade ou na
adolescência. A prática explicita de vestir-se com roupas do sexo oposto em geral
não principia até que a mobilidade e a relativa independência dos pais estejam bem
estabelecidas.
Fonte: DSM IV
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As pessoas também usam redes interativas de computador, às vezes, de
maneira compulsiva, para mandar mensagens obscenas por correio eletrônico e
transmitir imagens sexualmente explícitas.
Em função do anonimato dos usuários nas salas de bate-papo, o sexo on-
line (cybersex) permite a algumas pessoas desempenhar o papel do sexo oposto, o
que representa um método alternativo de expressar fantasias de travestismo e
transexualismo.
Um dos perigos dessa prática é que os pedófilos a utilizam com frequência
para fazer contato com crianças ou adolescentes, que são convencidos a encontrá-
los pessoalmente, sendo então molestados.
Muitos contatos por computador se transformam em relacionamentos off-
line. Embora algumas pessoas relatem que os encontros frente a frente geram
relacionamentos significativos, a maioria desses encontros é cheia de decepção e
desilusão, pois a pessoa fantasiada não consegue satisfazer as expectativas
inconscientes de perfeição. Em outras situações, quando adultos se encontram,
podem ocorrer estupros ou até mesmo homicídios.
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- Coprofilia e Clismafilia: a coprofilia é o prazer sexual associado ao desejo
de defecar no parceiro, de que o parceiro defeque na pessoa ou de comer fezes
(coprofagia). Uma variante é a vocalização compulsiva de palavras obscenas
(coprolalia) e a clismafilia em que se usa enemas como parte da estimulação sexual.
3- Cid 10
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A compreensão psicanalítica em muito iluminou os obscuros recessos da
psique perversa. Entretanto, devemos adequada e modestamente observar que os
modelos psicodinâmicos podem esclarecer sobre o significado de uma perversão
sem necessariamente estabelecer uma etiologia definitiva.
- Exibicionismo e Voyeurismo
- Sadismo e Masoquismo
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a única forma disponível de relação objetal: um relacionamento abusivo é melhor
que nenhum relacionamento.
O sadismo e o masoquismo são únicos no sentido de serem as únicas
perversões clássicas que ocorrem regularmente em ambos os sexos. Embora o
masoquismo tenha sido ligado de forma estereotipada às mulheres, formas
modificadas de fantasias sádicas ou masoquistas são encontradas regularmente em
quase todas as pessoas.
Os pacientes que buscam a psicoterapia ou psicanálise com inibições
sexuais, com frequência fantasias altamente sádicas que os impedem de envolver-
se sexualmente com outras pessoas.
Na perspectiva da psicologia do self, a conduta masoquista é um franco
esforço de restauração de estar vivo ou de coesão do eu. Embora aparentemente
autodestrutivo, o masoquismo pode ser vivenciado pelo paciente como uma
representação do eu.
Stolorow e colaboradores (1988 ) relataram o tratamento de uma paciente de
19 anos de idade altamente perturbada, que pedia a todo momento ao terapeuta que
batesse nela. Em resposta às persistentes perguntas do terapeuta sobre a razão de
ela querer que ele batesse nela, ela escreveu: “A dor física é melhor que a morte
espiritual”. Na ausência de dor e abuso físico nas mãos de outros, esta paciente
sentia como se não estivesse ligada a mais ninguém. Estes autores observaram que
os pacientes masoquistas com frequência organizam toda a sua vida para preencher
as necessidades de seus pais. Como resultado, sua própria experiência afetiva
interna torna-se remota e inacessível por ter sido sacrificada a serviço dos pais.
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- Fetichismo
- Pedofilia
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Na prática clínica, vê-se que muitos pedófilos sofrem de patologia narcisista
de caráter, incluindo variantes psicopáticas. A atividade sexual com crianças pré-
púberes pode manter elevada a frágil autoestima do pedófilo. De forma semelhante,
muitos sujeitos com estas perversões escolhem profissões nas quais eles possam
interagir com crianças, pelo fato de as respostas idealizadas das crianças ajudá-los
a manter sua autoestima positiva.
Em contraposição, o pedófilo frequentemente idealiza estas crianças; assim
a atividade sexual com eles envolve a fantasia inconsciente de fusão com um objeto
ideal ou a restauração de um eu jovem, idealizado.
Quando a atividade pedófila ocorre em conjunto com um transtorno de
personalidade narcisista com traços antissociais, ou como parte de uma estrutura de
caráter psicopática, os determinantes inconscientes do comportamento podem estar
estreitamente relacionados à dinâmica do sadismo. A conquista sexual da criança é
a ferramenta da vingança. Os pedófilos comumente foram vítimas de abuso sexual
na infância, e uma sensação de triunfo e poder pode acompanhar sua transformação
de um trauma passivo em uma vitimização cometida ativamente.
O poder e a agressão são também preocupações relevantes para os
pedófilos cuja atividade sexual é limitada a relacionamentos incestuosos com seus
próprios filhos ou enteados. Existe uma sensação de controle e poder em relação
aos parceiros sexuais. Estes pais incestuosos abrigam uma extraordinária
hostilidade em relação às mulheres e com frequência pensam no pênis como uma
arma a ser utilizada em atos de vingança contra as mulheres. Alguns até admitiram
que sentimentos de intensa raiva produzem ereção.
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- Transvestismo
Nesta parafilia, o paciente masculino se veste como uma mulher para obter
excitação sexual que leva ao intercurso heterossexual ou à masturbação. O paciente
pode comportar-se de forma tradicionalmente masculina enquanto vestido de
homem, mas fica efeminado quando vestido de mulher.
A compreensão psicanalítica envolve a noção de mãe fálica. Imaginando
que esta mãe possui um pênis, mesmo que ele não seja claramente visível, o
menino supera sua ansiedade de castração. O ato de transvestir-se pode ser, então,
uma identificação com a mãe fálica.
O trabalho clínico com travestis revela que, quando eles se transvestem, na
maioria das vezes, vivenciam uma fusão com um objeto materno intrapsíquico. Isto
os reassegura de que eles não correm perigo de perder a presença materna
tranquilizadora dentro deles. Estes homens são sempre heterossexuais, mas sua
sexualidade é com frequência inibida.
5- Casos clínicos
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dizendo: “Eu quero ser subjugado, não ter como escapar, e depois ser usado como
escravo para o sexo e para cozinhar e limpar a casa”. Ela ameaçou deixá-lo, levando
a filha de quatro anos de idade, e insistiu que procurasse ajuda profissional. Quando
sua primeira esposa se recusou a ter tal comportamento, ele teve um caso com uma
mulher que o chicoteava. A segunda esposa “gostava de brincar de senhora e
escravo”, até ele se tornar tão obcecado que ela se sentiu desconfortável. Seu
terceiro casamento, aos 50 anos de idade, foi uma ladra muito agressiva que o
dominava sexualmente, mas que não se importava com ele fora do quarto de dormir.
Para ter relações sexuais durante a última década, ele tinha de fantasiar situações
de dominação. Masturbava-se pelo menos uma vez por dia desde os 17 anos de
idade e continua a tentar regular suas frequentes tensões sexuais 3 a 4 vezes por
dia via masturbação ou relação sexual com a esposa.
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Caso 3 - Uma mulher de 38 anos, magra e bem-vestida, mãe de três filhos,
com uma incapacidade ao longo da vida toda de obter orgasmo com um parceiro
buscou ajuda em virtude do transtorno distímico com ideação suicida recorrente,
abuso de sedativos e aversão a experiências sexuais com seu marido a que ela
muito valorizava. Ela tinha se masturbado quase todos os dias de sua vida
pensando em ser queimada, penetrada dolorosamente com instrumentos cirúrgicos.
A fantasia com instrumentos médicos começou aos 19 anos de idade, quando
trabalhava no consultório de um urologista. Ela considerava suas fantasias
“doentias, incontroláveis, mas necessárias para aliviar as tensões”. Havia sido uma
criança extremamente tímida, com fobias sociais e da escola até a vida adulta, mas
não recordava qualquer procedimento médico na infância, experiência de
queimadura ou abuso físico ou sexual que pudesse explicar por que sua vida erótica
havia sido dominada pelo masoquismo. Ela era muito próxima de sua mãe obesa,
raramente via o pai trabalhador e idealizado, e relutava em discutir a possibilidade
de que tivesse experimentado qualquer dor e sofrimento em seu lar.
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consciente de que o que estava pedindo era abusivo. Ficou chocado ao descobrir
que a esposa já tinha considerado o suicídio como uma solução para sua armadilha
conjugal de amar um homem que de outra forma era um marido afetuoso e bom pai,
mas que tinha uma necessidade sexual doentia e inexplicada.
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