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Curso de

Sexualidade Humana

MÓDULO II

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MÓDULO II

IV- Sexualidade anormal e disfunções sexuais

1- Introdução

Sete categorias principais de disfunção sexual estão relacionadas no DSM-


IV: (1) transtornos do desejo sexual; (2) transtornos da excitação sexual; (3)
transtornos orgásmicos; (4) transtornos de dor sexual; (5) disfunção sexual devido a
uma condição médica geral; (6) disfunção sexual induzida por substância e (7)
disfunção sexual sem outra especificação.

2- Definição

No DSM-IV, as disfunções sexuais são caracterizadas como transtornos do


Eixo I. As síndromes estão relacionadas com a resposta sexual fisiológica. Como já
vimos anteriormente, o ciclo de resposta sexual é dividido em quatro fases: desejo,
excitação, orgasmo e resolução.
O aspecto principal das disfunções sexuais é a inibição de uma ou mais
fases, incluindo distúrbio na experiência subjetiva de prazer ou desejo ou distúrbio
no desempenho objetivo. Cada tipo de distúrbio pode ocorrer isoladamente ou em
combinação desses fatores. O diagnóstico de disfunções sexuais é feito apenas
quando esses distúrbios são uma parte importante do quadro clínico. Pode
apresentar-se ao longo de toda a vida ou ser adquirida – isto é, pode se desenvolver
após um período de funcionamento normal. Ainda é possível que seja generalizada
ou limitada a um parceiro específico ou a uma situação determinada.
Os transtornos sexuais podem resultar ou ser causados por problemas de
relacionamento, e os pacientes, na maioria das vezes, desenvolvem um medo
crescente de fracasso e constrangimento com relação a seu desempenho sexual.

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Um transtorno sexual pode ser sintoma de problemas biológicos, conflitos
intrapsíquicos, dificuldades interpessoais, ou de uma combinação desses fatores. A
função sexual pode ser afetada por estresse de qualquer tipo, por transtornos
emocionais ou por uma falta de conhecimento sexual.
Ao considerar cada um dos transtornos, os clínicos precisam excluir
condições médicas adquiridas e uso de substâncias farmacológicas que possam
explicar ou contribuir para a disfunção. Em alguns casos, o paciente sofre de mais
de uma disfunção – por exemplo, ejaculação precoce e transtorno erétil masculino.

3- Transtorno do desejo sexual

Os transtornos do desejo sexual de acordo com o DSM-IV são divididos em


duas classes:

- Transtorno do desejo sexual hipoativo: é caracterizado por deficiência


ou ausência de fantasias sexuais ou de desejo por atividades sexuais.

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Critérios diagnósticos do DSM IV para transtorno de desejo sexual hipoativo

A. Deficiência (ou ausência) persistente de fantasias ou desejo de ter


atividade sexual. O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo
clínico, levando em consideração fatores que afetam o funcionamento
sexual, tais como idade e contexto de vida do indivíduo.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção sexual não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo
I (exceto por outra disfunção sexual), nem se deve exclusivamente aos
efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, droga de
abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo Adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados
Fonte: DSM IV

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- Caso clínico (Fonte: DSM IV casos clínicos)

O Sr. E Sra. B. estão casados há 14 anos e têm três filhos com idades entre
8 e 12 anos. Eles são ambos inteligentes e de boa instrução. A Sra. B. tem sido
capaz de participar passivamente do ato sexual como um dever, mas nunca o
apreciou desde que estão casados.
Antes do casamento, embora eles tenham tido relações apenas duas vezes,
a Sra. B. tinha sido altamente estimulada por beijos e carícias e achava que usara
sua atratividade para seduzir seu marido ao casamento.
Entretanto, ela sentira intensa culpa pelos dois episódios de relação sexual
pré-conjugal; durante a lua-de-mel, começou a considerar o sexo uma tarefa que
não podia ser prazerosa.
Embora periodicamente se entregasse passivamente à relação sexual, ela
quase não tinha desejo espontâneo por sexo. Nunca se masturbava, nunca tinha
chegado ao orgasmo; considerava todas as variações, como sexo oral,
completamente repulsivas; e estava preocupada com uma fantasia de como sua
família a desaprovaria se alguma vez ela se envolvesse em uma atividade dessas.
A Sra. B. estava quase totalmente certa de que nenhuma mulher que ela
admirava, em qualquer geração, tinha apreciado o sexo, e que a despeito da “nova
moda” da sexualidade, apenas mulheres vazias e grosseiras poderiam agir como
animais. Tais opiniões tinham levado a um padrão de sexo regular, mas infrequente,
que no máximo é acomodatício e dá pouco ou nenhum prazer a ela ou a seu marido.
Sempre que a Sra. B. chega perto de ter uma sensação de excitação sexual,
inúmeros pensamentos negativos lhe vêm à mente, como “O que eu sou, uma
vagabunda?”, “Se eu gostar disso, ele simplesmente vai querer com mais
frequência” ou “Como vou poder me olhar no espelho, depois de uma coisa como
esta?” Tais pensamentos quase inevitavelmente são acompanhados por uma
sensação de frieza e uma insensibilidade ao prazer sensual. Como resultado, o sexo
é invariavelmente uma experiência infeliz. Qualquer desculpa, como cansaço ou
estar ocupada, é suficiente para racionalizar a fuga do sexo.

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Contudo, intelectualmente, a Sra. B se pergunta, “Há alguma coisa errada
comigo?” Ela está procurando ajuda para descobrir se é normal ou não. Seu marido,
embora extraordinariamente tolerante à situação, é muito infeliz com sua vida
sexual, mas tem esperanças de que possa haver uma solução.

Discussão - Este casal busca ajuda para o problema sexual duradouro da


esposa. Evidentemente, as dificuldades sexuais desta mulher derivam de muitas
atitudes negativas com relação à sexualidade e não podem ser justificadas por um
transtorno não sexual, como um transtorno depressivo maior. O diagnóstico de
transtorno de aversão sexual precisa ser considerado. Embora certamente ela tenha
uma aversão extrema e persistente ao contato sexual genital e talvez queira evitar a
atividade sexual, na verdade ela tem relações regulares, embora com pouca
frequência. A ausência persistente de fantasias sexuais e desejo de ter atividade
sexual justificam o diagnóstico de transtorno do desejo sexual hipoativo, devido a
fatores psicológicos, tipo ao longo da vida, generalizado. Quando ela tem relações
sexuais, provavelmente não se torna sexualmente excitada, de modo que o
diagnóstico adicional de transtorno da excitação sexual feminina deve ser
considerado. O diagnóstico de orgasmo feminino inibido seria acrescentado apenas
se houvesse muitas ocasiões, durante a atividade sexual, em que ela não
conseguisse ter um orgasmo, mas não tivesse distúrbio na excitação sexual – o que
é extremamente improvável neste caso.

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- Transtorno de aversão sexual: caracterizado por aversão ou esquiva do
contato sexual genital com um parceiro sexual ou por masturbação.

Critérios diagnósticos do DSM IV para transtorno de aversão sexual

A. Extrema aversão ou esquiva persistente ou recorrente de todo (ou quase


todo) contato sexual genital com um parceiro sexual.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção sexual não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo
I (exceto por outra Disfunção sexual).

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados
Fonte DSM IV

O transtorno de desejo sexual hipoativo é mais comum que o transtorno de


aversão sexual. Aparece mais em mulheres do que em homens. Estima-se que 20%
das pessoas tenham transtorno sexual hipoativo.
Uma variedade de fatores causais está associada aos transtornos do desejo
sexual. Pacientes com esse tipo de problema, muitas vezes, usam a inibição como
uma defesa para se proteger de medos inconscientes ligados ao sexo.

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Sigmund Freud conceituou o baixo desejo sexual como resultado da inibição
durante a fase fálica do desenvolvimento e de conflitos edípicos não-resolvidos.
Alguns homens fixados no estágio fálico do desenvolvimento têm medo da
vagina e acreditam que serão castrados se aproximarem-se dela. Freud denominou
vagina dentada: como os homens, de forma inconsciente, acreditam que a vagina
possui dentes e evitam o contato com a genitália feminina.
Da mesma forma, as mulheres podem sofrer de conflitos evolutivos não-
resolvidos que inibem o desejo. A ausência deste também pode resultar de estresse
crônico, ansiedade ou depressão.
Abstinência de sexo por um período prolongado, às vezes, resulta na
supressão de impulsos sexuais. A perda do desejo também pode ser uma expressão
de hostilidade em relação ao parceiro ou sinal de deterioração do relacionamento.
Em um estudo com jovens casados que pararam de ter relações sexuais por
dois meses, os conflitos conjugais eram a razão citada com maior frequência para a
cessação ou a inibição da atividade sexual.
A presença do desejo depende de diversos fatores: impulso biológico,
autoestima adequada, capacidade de aceitar a si mesmo como uma pessoa sexual,
boas experiências sexuais anteriores, disponibilidade de um parceiro apropriado e
bom relacionamento com o parceiro em áreas não sexuais. Dificuldades em relação
a qualquer um desses fatores ou sua ausência podem resultar em desejo diminuído.
Ao fazer o diagnóstico, o profissional deve avaliar a idade do paciente, sua
saúde geral e o nível de estresse, além de tentar estabelecer uma linha de base de
interesse sexual antes do início do transtorno. Isto é, qual o interesse sexual antes e
depois do transtorno. A necessidade de contato e a satisfação sexual variam entre
as pessoas e ao longo do tempo.
Em um grupo de 100 casais com casamentos estáveis, 8% relataram ter
relações menos de uma vez por mês. Em outro grupo, um terço referiu falta
episódica de relações sexuais por períodos médios de oito semanas. Casais têm
relações sexuais três vezes por mês, em média.
O diagnóstico não deve ser feito a não ser que a falta de desejo seja uma
fonte de sofrimento para o paciente.

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- Caso clínico (Fonte: DSM IV casos clínicos)

Um corretor da bolsa de valores, de 33 anos, procurou tratamento em virtude


da “impotência”. Cinco meses antes, um amigo íntimo havia morrido de oclusão
coronariana, e nas semanas seguintes o paciente desenvolvera uma ansiedade com
relação à sua própria condição cardíaca. Sempre que seu coração batia rápido em
função do esforço, ele ficava ansioso, pensando que estava prestes a ter um ataque
cardíaco. Ele tinha sonhos perturbadores, dos quais despertava ansioso e incapaz
de adormecer novamente. Ele parou de jogar tênis e correr.
O paciente começou a evitar as relações sexuais, presumivelmente em
razão de sua ansiedade com relação ao esforço físico, o que causou dificuldades
com sua esposa, que achava que ele estava deliberadamente privando-a do sexo e
também impedindo-a de ficar grávida. O que ela desejava muito.
No mês anterior, embora não mais preocupado com seu coração, o paciente
havia evitado as relações sexuais por completo. Ele alegava ainda ter algum desejo
por sexo, mas quando a situação surgia, ele não se resolvia a fazê-lo. Ele se tornou
tão perturbado por suas dificuldades sexuais que começou a ter problemas de
concentração no trabalho. Ele se sentia um fracassado, tanto como marido quanto
como homem.
O paciente não havia tido qualquer experiência sexual anterior ao
casamento e se masturbava esfregando o pênis nas roupas de cama, sem nunca
tocá-lo com as mãos. Quatro anos antes, aos 29 anos e após três anos de
casamento, ele procura tratamento com a queixa de que nunca tinha tentado ter
uma relação sexual com sua esposa. A atividade sexual dele consistia em obter uma
ereção sem que ele nem a esposa tocassem no seu pênis, e a ejaculação ocorria
esfregando o pênis sobre o abdômen da esposa. Ele era incapaz de tocar a genitália
da esposa com as mãos ou de permitir que seu pênis fosse colocado em qualquer
lugar próximo da genitália da esposa.

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O tratamento tinha consistido de duas semanas de terapia de casais
intensiva, com sucesso. A atividade sexual tornou-se frequente, com penetração
vaginal e ejaculação. O marido começou a exibir o comportamento sensual em
relação a outras mulheres, o que ocasionou algumas situações sociais
embaraçosas, mas na promiscuidade.
A ansiedade da esposa com relação à própria sexualidade e a adoção de
um papel mais passivo levou-a a procurar tratamento por conta própria. Após um
ano de psicoterapia, suas ansiedades foram mitigadas; a relação sexual e os
relacionamentos interpessoais entre o paciente e sua esposa estavam em um nível
satisfatório até o surgimento do problema atual.

Discussão - A reação do homem à morte do amigo cinco meses antes


envolveu severa ansiedade e restrição em suas atividades físicas devido ao medo
de que ele pudesse ter um ataque cardíaco; tivesse ele sido avaliado naquela
época, um diagnóstico apropriado teria sido de transtorno de ajustamento com
humor ansioso. O que aconteceu a seguir foi que a ansiedade afetou seu
funcionamento sexual, e foram as dificuldades sexuais que persistiram e
ocasionaram esta avaliação.
O problema sexual atual é uma recorrência do problema que o fez procurar
terapia sexual quatro anos antes: esquiva da relação sexual em razão da ansiedade
associada com ela. Embora ele se refira a seu problema como “impotência”, o
diagnóstico de transtorno erétil masculino pressupõe a existência de atividade
sexual durante a qual o homem não consegue alcançar ou manter uma ereção até a
finalização da atividade sexual. Entretanto, o que este homem demonstra é esquiva
do intercurso sexual. Extrema aversão ou esquiva persistente ou recorrente de todo
ou quase todo contato sexual genital com um parceiro é diagnosticado como
transtorno de aversão sexual, devido a fatores psicológicos, adquirido.

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4- Transtornos da excitação sexual

Os transtornos da excitação sexual são divididos pelo DSM-IV em duas


classes. O diagnóstico leva em conta o foco, a intensidade e a duração da atividade
sexual do paciente. Se a estimulação sexual for inadequada em foco, intensidade ou
duração, o diagnóstico não deve ser feito.

- Transtorno da excitação sexual feminina: é caracterizado pelo fracasso


persistente ou recorrente, parcial ou completo, de obter ou manter a resposta de
lubrificação-turgescência da excitação sexual até a finalização do ato sexual.

Critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da excitação sexual feminina

A. Fracasso persistente para adquirir ou manter uma resposta de excitação


sexual de lubrificação-turgescência até a consumação da atividade sexual.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I
(exceto por outra disfunção sexual), nem se deve exclusivamente aos
efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, droga de
abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido
Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional
Especificar:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados
Fonte DSM IV

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A prevalência do transtorno da excitação sexual feminina tende a ser
subestimada. Mulheres que têm disfunção na fase de excitação, muitas vezes,
também apresentam dificuldade em atingir orgasmos.
Muitos fatores psicológicos (por exemplo, ansiedade, culpa e medo) estão
associados ao transtorno da excitação sexual feminina. Em muitas, os transtornos
da fase de excitação estão associados à falta de desejo.
Estudos fisiológicos sobre disfunções sexuais indicam que um padrão
hormonal pode contribuir para a responsividade naquelas com disfunção na fase de
excitação.
Algumas evidências indicam que mulheres com disfunções sexuais estão
menos cientes da excitação fisiológica e experimentam menos calor ou menos
sensibilidade nos genitais.

- Transtorno erétil masculino: é caracterizado pelo fracasso recorrente e


persistente, parcial ou completo, de obter ou manter a ereção para realizar o ato
sexual.

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Critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno erétil masculino

A. Incapacidade persistente ou recorrente de obter ou manter uma ereção


adequada até a conclusão da atividade sexual.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoais.
C. A disfunção erétil não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I
(outro que não disfunção sexual), nem se deve exclusivamente aos
efeitos fisiológicos diretos de uma substancia (por exemplo, droga de
abuso, medicamento), ou de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar:
Devidos a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados

Fonte DSM IV

O transtorno erétil masculino também é denominado disfunção erétil e


impotência. O homem com tal condição ao longo da vida nunca foi capaz de obter
uma ereção suficiente para a inserção vaginal.

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Se o transtorno foi adquirido, o homem já alcançou a penetração vaginal em
algum momento de sua vida sexual, mas depois se tornou incapaz de fazê-lo. No
tipo situacional, é capaz de ter coito em certas circunstâncias, mas não em outras;
por exemplo, pode ter um desempenho satisfatório com uma prostituta, mas ser
impotente com a esposa.
Suas causas podem ser orgânicas ou psicológicas, ou ainda uma
combinação de ambas, mas em homens jovens e de meia-idade a causa costuma
ser psicológica. A obtenção da história detalhada é de importância primária para se
determinar a causa da disfunção. Se o homem relata ter ereções espontâneas em
momentos nos quais não planeja ter relação sexual, ereções matinais, boas ereções
com masturbação ou com outras parceiras que não sua parceira habitual, as causas
orgânicas da impotência podem ser consideradas insignificantes, e procedimentos
diagnósticos dispendiosos podem ser evitados.
O transtorno erétil masculino causado por uma condição médica geral ou por
uma substância farmacológica será discutido mais à frente.
Freud atribuiu um tipo de impotência à incapacidade de conciliar em relação
à mulher, sentimentos de afeição com sentimentos de desejo por ela. Homens com
tais sentimentos conflitantes podem funcionar somente com mulheres que veem
como desvalorizadas.
Outros fatores citados como influentes na impotência incluem um superego
punitivo, incapacidade de confiar e sentimentos de inadequação ou sensação de não
ser desejável como parceiro. O homem pode ser incapaz de expressar impulsos
sexuais em virtude de medo, ansiedade, raiva ou proibições morais.
Em um relacionamento estabelecido, a impotência pode refletir dificuldades
entre os parceiros, em especial quando o homem não consegue comunicar suas
necessidades ou raiva de forma direta e construtiva. Além disso, os episódios de
impotência são reforçadores, com o aumento da ansiedade antes de cada encontro
sexual.

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- Caso clínico (Fonte: DSM IV casos clínicos)

Paul e Petula estão morando juntos há seis meses e estão pensando em


casar. Petula descreve o problema que os trouxe à clínica de terapia sexual.
“Nos últimos dois meses ele não tem conseguido manter sua ereção após
me penetrar”.
O psiquiatra vira-se para Paul e pergunta como ele vê o problema. Paul,
embaraçado, concorda com Petula e acrescenta: “Eu simplesmente não sei por
que”.
O psiquiatra fica sabendo que Paul, 26 anos, é um advogado recém-
formado, e que Petula, 24 anos, é uma gerente de compras bem sucedida de uma
grande loja de departamentos. Eles cresceram em famílias educadas de classe
média, conheceram-se por meio de amigos comuns, começaram a ter relações
sexuais alguns meses após se conhecerem e não tinham tido problemas até então.
Dois meses depois, Paul mudou-se da casa de sua família para o
apartamento de Petula. Isso foi ideia dela, e Paul não tinha certeza se estava pronto
para um passo tão importante. Dentro de poucos meses, Paul notou que, embora
continuasse a ficar sexualmente excitado e quisesse ter relações, assim que
penetrava a parceira, ele começava a perder sua ereção e não conseguia continuar
o ato. Eles tentavam novamente, mas então seu desejo já havia diminuído, e ele era
incapaz de conseguir uma nova ereção.
Após isso ter acontecido algumas vezes, Petula tornou-se tão irritada que
começou a golpeá-lo no peito e a gritar com ele. Paul, que pesa 90 Kg.
Simplesmente se esquivava da parceira de 45 Kg, o que a enfurecia ainda mais.
Ficou claro que o sexo não era a única área de problemas no
relacionamento. Paul não passava tempo suficiente com ela, preferindo ir a jogos de
beisebol com seus amigos. Mesmo quando estava em casa, ele assistia a todos os
eventos esportivos que passavam na TV e não se interessava em ir ao cinema, a
museus ou ao teatro com ela. A despeito dessas diferenças, Petula estava ansiosa
por casar com Paul e o estava pressionando para marcar uma data.

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O exame físico do casal não revelou anormalidades e não havia evidências
de que qualquer um dos parceiros fosse persistentemente deprimido.

Discussão - Paul e Petula têm muitos problemas nos quais um profissional


de orientação familiar gostaria de se concentrar, tais como a ambivalência de Paul
em relação a comprometer-se em um relacionamento com Petula e os esforços
frenéticos dela para conseguir tal compromisso. O efeito desses problemas sobre o
funcionamento sexual de Paul é evidente: ele é incapaz de manter sua ereção até a
conclusão da atividade sexual.
Quando não há evidência de que o distúrbio seja causado exclusivamente
por uma condição médica geral (tal como neuropatia diabética ou certas
medicações), é feito o diagnóstico de transtorno erétil masculino, devido a fatores
psicológicos. Observamos que transtorno é adquirido (início recente), não vitalício.

5- Transtorno do orgasmo

O transtorno do orgasmo é dividido pelo DSM IV em três classes:

- Transtorno do orgasmo feminino: ou orgasmo feminino inibido, é


caracterizado pela inibição frequente ou persistente do orgasmo feminino,
manifestado pelo retardo habitual ou ausência de orgasmo, após uma fase de
excitação sexual normal.

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Critérios diagnósticos do DSM IV para transtorno do orgasmo feminino

A. Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase


normal de excitação sexual. As mulheres apresentam uma ampla
variabilidade no tipo ou na intensidade da estimulação que leva ao
orgasmo. O diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino deve
fundamentar-se no julgamento clínico de que a capacidade orgástica da
mulher é menor do que a esperada para sua idade, experiência sexual e
adequação da estimulação sexual que recebe.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção orgástica não é mais bem explicada por outro transtorno do
Eixo I (exceto por outra disfunção sexual).

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados

DSM IV

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O transtorno do orgasmo feminino é definido pela incapacidade de a mulher
alcançar o orgasmo pela masturbação ou coito. Aquelas que conseguem alcançar o
orgasmo por meio de um desses métodos não são, necessariamente, consideradas
como anorgásticas, embora alguma inibição sexual pode ser detectada.
Pesquisas sobre a fisiologia da resposta sexual feminina mostraram que os
orgasmos causados pela estimulação do clitóris e aqueles causados pela
estimulação da vagina são fisiologicamente idênticos.
A teoria de Freud de que as mulheres devem abandonar a sensibilidade
clitoriana em prol da vagina para alcançar a maturidade sexual atualmente é
considerada equivocada; mas algumas mulheres relatam obter uma sensação
especial de satisfação com o orgasmo propiciado pelo coito. Alguns estudiosos
atribuem isso ao sentimento psicológico de intimidade engendrado pelo ato do coito,
mas outros sustentam que o orgasmo gerado pelo coito é uma experiência
fisiologicamente diferente. Muitas mulheres atingem o orgasmo durante o coito com
uma combinação de estimulação manual do clitóris e da estimulação peniana
vaginal.

É considerado um transtorno orgástico primário ao longo da vida, quando a


mulher jamais experimentou orgasmo por qualquer espécie de estimulação. Este
transtorno é mais comum entre as mulheres solteiras do que entre as casadas.
Um transtorno orgástico adquirido está presente, se a mulher experimentou
orgasmo anteriormente, independentemente das circunstâncias ou tipo de
estimulação, seja pela masturbação ou durante o sono, enquanto sonhava.
Este transtorno é uma queixa comum em populações clínicas. Um centro de
tratamento clínico descreveu as mulheres não-orgásticas como sendo quatro vezes
mais comuns em sua prática clínica do que todos os demais casos de transtornos
sexuais. Geralmente, a inibição da excitação e os problemas argásticos ocorrem
juntos.
O potencial de orgasmo aumenta com a idade. Esse aumento tem sido
explicado com base na menor inibição psicológica, mais experiência sexual, ou
ambas.

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Numerosos fatores psicológicos estão associados com o transtorno
orgástico feminino. Esses incluem, entre outros, rejeição pelo parceiro sexual,
temores de danos à vagina; hostilidade para com os homens; e sentimentos de
culpa com relação aos impulsos sexuais.
Para algumas mulheres, o orgasmo é equivalente a uma perda do controle
sobre si, ou a um comportamento agressivo, destrutivo ou violento. O temor desses
impulsos pode ser expresso através da inibição da excitação ou do orgasmo. As
expectativas culturais e restrições sociais que pesam sobre as mulheres também
são relevantes. Muitas cresceram acreditando que o prazer sexual não é um direito
natural das mulheres ditas “decentes”.
As mulheres não-orgásticas podem não ter outros sintomas ou podem ter
experiências frustrantes de várias maneiras, incluindo queixas pélvicas, como dor
abdominal inferior e corrimento vaginal, bem como aumento da tensão, irritabilidade
e fadiga.

- Transtorno do orgasmo masculino: também chamado de orgasmo


inibido ou ejaculação retardada, é caracterizado pelo atraso ou ausência persistente
ou frequente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual.

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Critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno do orgasmo masculino

A. Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase


normal de excitação sexual durante a atividade sexual, que o clínico julga
adequada em termos de foco, intensidade e duração, levando em
consideração a idade da pessoa.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção orgástica não é mais bem explicada por outro transtorno do
Eixo I (exceto por outra disfunção sexual), nem se deve exclusivamente
aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, droga de
abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados

Fonte: DSM IV

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No transtorno do orgasmo masculino, o homem não alcança a ejaculação
durante o coito ou o faz com grande dificuldade.
Alguém com o tipo ao longo da vida nunca foi capaz de ejacular durante o
coito. O transtorno diagnosticado como adquirido se desenvolve após um
funcionamento anterior normal.
Alguns pesquisadores pensam que orgasmo e ejaculação devem ser
diferenciados, em especial no caso de homens que ejaculam, mas se queixam de
sensação subjetiva de prazer diminuída ou ausente durante a experiência orgástica.
A incidência deste transtorno é muito mais baixa do que a de ejaculação
precoce ou impotência. O tipo ao longo da vida indica psicopatologia grave. O
paciente pode pertencer a uma família rígida e puritana, pode perceber o sexo como
pecaminoso e os genitais como sujos. Pode ainda, ter desejos incestuosos
conscientes ou inconscientes e culpa.
Em geral, apresenta dificuldade com a proximidade não apenas na relação
sexual, mas também em outras áreas. Em alguns casos, a condição é agravada pelo
transtorno de déficit de atenção, no qual a falta de concentração impede uma
estimulação suficiente para a ocorrência do clímax.
Em um relacionamento estabelecido, o transtorno do orgasmo masculino
adquirido tende a refletir dificuldades interpessoais. O transtorno pode ser a forma
de o homem enfrentar mudanças reais ou fantasiosas no relacionamento, tais como
planos de gravidez, em relação ao qual está ambivalente, perda da atração sexual
em relação à parceira ou exigências de mais comprometimento por parte desta,
expressas no desempenho sexual. Em alguns casos, a incapacidade de ejacular
pode ser também, a expressão de uma hostilidade não-expressa em relação à
mulher.

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- Ejaculação precoce: é caracterizada pelo alcance do orgasmo e a
ejaculação antes do esperado de forma frequente ou persistente.

Critérios diagnósticos do DSM IV para ejaculação precoce

A. Ejaculação persistente ou recorrente com estimulação sexual mínima


antes, durante ou logo após a penetração, antes que o indivíduo o deseje.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A ejaculação precoce não se deve exclusivamente aos efeitos diretos de
uma substância (por exemplo, abstinência de opioides).

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados

Fonte: DSM IV

Não há um período determinado dentro do qual definir a disfunção; o


diagnóstico é feito quando há ejaculação regularmente antes ou logo após penetrar
a vagina.
Os clínicos precisam levar em conta fatores que afetam a duração da fase
de excitação, como idade, novidade da parceira sexual, frequência e duração do
coito. Alguns autores conceituam o transtorno em termos do casal e consideram o

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homem um ejaculador precoce quando não é capaz de controlar a ejaculação
durante a penetração pelo tempo suficiente para satisfazer sua parceira em pelo
menos metade de seus episódios de coito.
Como as outras disfunções, a ejaculação precoce não é diagnosticada
quando causada exclusivamente por fatores orgânicos ou quando é secundária a
qualquer outra síndrome psiquiátrica.
Alguns pesquisadores dividem os que são acometidos pela ejaculação
precoce em dois grupos: aqueles que são fisiologicamente predispostos a um clímax
rápido em razão do menor tempo de latência dos nervos e aqueles com uma causa
psicológica.
A dificuldade de controle ejaculatório pode estar associada à ansiedade em
relação ao ato sexual, com medo inconsciente da vagina ou um aprendizado cultural
negativo em relação ao coito.
Homens cujos primeiros contatos sexuais ocorreram em grande parte com
prostitutas que exigiram que o ato acontecesse rapidamente; ou em situações nas
quais serem descobertos seria embaraçoso (por exemplo, no banco traseiro do
carro) podem ter sido condicionados a atingir o orgasmo de forma mais rápida.
Em jovens, o problema pode resolver-se com o tempo. Em relacionamentos
estabelecidos, a parceira tem maior influência no ejaculador precoce, e um
casamento estressante exacerba o transtorno.
A história do desenvolvimento e a psicodinâmica, encontradas no transtorno
de ejaculação precoce e na impotência são semelhantes.

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6- Transtornos sexuais dolorosos

- Dispareunia: caracteriza-se essencialmente pela dor genital, manifestada


durante ou após o ato sexual.

Critérios diagnósticos do DSM IV para dispareunia

A. Dor genital recorrente ou persistente associada com o intercurso sexual


em homem e mulher.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A perturbação não é causada exclusivamente por vaginismo ou falta de
lubrificação, não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I
(exceto por disfunção sexual), nem se deve exclusivamente aos efeitos
fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, droga de abuso,
medicamento) ou de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados
Fonte: DSM IV

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A dispareunia é a dor genital recorrente ou persistente que se manifesta
tanto em homens como em mulheres, durante ou após o ato sexual. É muito mais
comum em mulheres, e, muitas vezes, coincide com o vaginismo. Episódios
repetidos de vaginismo podem levar à dispareunia, e vice-versa, e, em qualquer um
dos casos, as causas somáticas devem ser descartadas.
A dispareunia não deve ser diagnosticada quando for encontrada uma base
orgânica para a dor ou quando for causada exclusivamente por vaginismo ou pela
falta de lubrificação.
Na maioria dos casos, os fatores dinâmicos são relevantes. A dor pélvica
crônica é uma queixa comum em mulheres com história de estupro ou abuso sexual
na infância. O coito doloroso pode resultar de tensão e ansiedade em relação ao ato
sexual, que fazem com que os músculos vaginais sejam contraídos de forma
involuntária. A dor é real e torna o ato sexual desagradável ou insuportável, e a
antecipação dessa dor pode fazer com que a mulher evite o coito. Se o parceiro
continua a relação sexual, a despeito do estado de prontidão da mulher, a condição
é agravada.
A dispareunia também pode ocorrer em homens, mas é incomum e costuma
estar associada a uma condição orgânica, como herpes, prostatite ou doença de
Peyronie, que consiste em placas escleróticas no pênis que causam sua curvatura.

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- Vaginismo: é a contratura muscular involuntária do terço externo da
vagina que interfere na penetração peniana e no ato sexual.

Critérios diagnósticos do DSM IV para vaginismo

A. Espasmo involuntário, recorrente ou persistente da musculatura do terço


inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I
(por exemplo, transtorno de somatização), nem se deve exclusivamente
aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo ao longo da vida
Tipo adquirido

Especificar tipo:
Tipo generalizado
Tipo situacional

Especificar tipo:
Devido a fatores psicológicos
Devido a fatores combinados
Fonte: DSM IV

Essa contratura muscular pode ocorrer também durante um exame


ginecológico, quando a contração involuntária impede a introdução do espéculo. O
diagnóstico não é feito quando a disfunção é causada exclusivamente por fatores
orgânicos ou quando é sintomática de outro transtorno mental do Eixo I.

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O vaginismo é menos prevalente do que o transtorno do orgasmo feminino.
Com maior frequência, aflige mulheres escolarizadas ou membros de grupos
socioeconômicos privilegiados. Mulheres com o transtorno podem desejar o coito de
forma consciente, mas inconscientemente impedir a entrada do pênis. Um trauma
sexual, como um estupro, pode causar a condição, pois mulheres com conflitos
psicossexuais podem perceber o pênis como uma agressão.
Em alguns casos, a dor, ou a sua antecipação, na primeira experiência
causa vaginismo. Clínicos observaram que uma criação religiosa estrita na qual o
sexo é associado ao pecado é frequente nestas pacientes.
Outras mulheres têm problemas em relacionamentos duais e quando se
sentem emocionalmente “abusadas” pelos parceiros, podem protestar
inconscientemente, dessa forma não-verbal.

7- Disfunção sexual devido a uma condição médica geral

A categoria disfunção sexual devido a uma condição médica geral engloba


disfunções sexuais que resultam em sofrimento acentuado e dificuldade
interpessoal; a história, o exame físico, ou achados laboratoriais devem fornecer
evidências de uma condição médica geral que é considerada a causa do problema.

Critérios diagnósticos do DSM IV para disfunção sexual devido a uma


condição médica geral

A. Predomina no quadro clínico uma disfunção sexual clinicamente


significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
B. Existem evidências, a partir da história, do exame físico ou de achados
laboratoriais, de que a disfunção sexual é plenamente explicada pelos
efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral.
C. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (por
exemplo, transtorno depressivo maior).

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Selecionar código e termos com base na disfunção sexual predominante:

Transtorno de desejo sexual feminino hipoativo devido a... [indicar a condição


médica geral]. Este termo é usado se, em uma mulher, a característica
predominante é uma deficiência ou ausência de desejo sexual.
Transtorno de desejo sexual masculino hipoativo devido a... [indicar a
condição médica geral]. Este termo é usado se, em um homem, a característica
predominante é uma deficiência ou ausência de desejo sexual.
Transtorno erétil masculino devido a... [indicar a condição médica geral]. Este
termo é usado se a característica predominante é uma disfunção erétil masculina.
Dispareunia feminina devido a... [indicar a condição médica geral]. Este termo é
usado se, em uma mulher, a característica predominante é dor associada ao
intercurso.
Dispareunia masculina devido a ... [indicar a condição médica geral]. Este
termo é usado se, em um homem, a característica predominante é dor associada ao
intercurso.
Outra disfunção sexual feminina devido a... [indicar a condição médica geral].
Este termo é usado se, em uma mulher, predomina alguma outra característica (por
exemplo, transtorno do orgasmo), ou nenhuma.
Outra disfunção sexual masculina devido a... [indicar a condição médica geral].
Este termo é usado se, em um homem, predomina alguma outra característica (por
exemplo, transtorno do orgasmo), ou nenhuma.

Nota para codificação: Incluir o nome da condição médica geral no Eixo I, por
exemplo, transtorno erétil masculino devido ao diabete melito; codificar também a
condição médica geral no Eixo III.
Fonte: DSM IV

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- Disfunção erétil masculina devido a uma condição médica geral: a
incidência do transtorno erétil masculino psicológico, em oposição ao orgânico, tem
sido o foco de muitos estudos. Estatísticas indicam que entre 20 e 50% dos casos
têm base orgânica.

As causas orgânicas do transtorno erétil masculino são listadas a seguir:

- Doenças infecciosas e parasitárias


Elefantíase
Caxumba

- Doenças cardiovasculares
Doença aterosclerótica
Aneurisma da aorta
Síndrome de Leriche
Insuficiência cardíaca

- Distúrbios renais e urológicos


Doença de Peyronie
Insuficiência renal crônica
Hidrocele e varicocele

- Distúrbios hepáticos
Cirrose (geralmente associada à dependência de álcool)

- Distúrbios pulmonares
Insuficiência respiratória

- Genéticas
Síndrome de Klinefelter
Anormalidades penianas estruturais e vasculares congênitas

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- Distúrbios nutricionais
Desnutrição
Deficiência de vitaminas

- Transtornos endócrinos
Diabete melito
Disfunção do eixo hiofisário-adrenal-testicular
Acromegalia
Doença de Addison
Adenoma cromófobo
Neoplasia adrenal
Mixedema
Hipertiroidismo

- Distúrbios neurológicos
Esclerose múltipla
Mielite transversa
Doença de Parkinson
Epilepsia do lobo temporal
Doenças traumáticas e neoplásicas da medula espinal
Tumor no sistema nervoso central
Esclerose lateral amiotrófica
Neuropatia periférica
Paresia geral

- Fatores farmacológicos
Álcool e outras substâncias indutoras de dependência (heroína, metadona,
morfina, cocaína, anfetaminas e barbitúricos)
Drogas prescritas (psicotrópicos, agentes anti-hipertensivos, estrógenos e
antiandrógenos)

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Envenenamento
Chumbo
Herbicidas

- Procedimentos cirúrgicos
Prostatectomia
Ressecção abdominal-perinal do colo
Simpatectomia (frequentemente interfere na ejaculação)
Cirurgia aortolíaca
Cistectomia radical
Linfadenectomia retroperitoneal

- Outras
Radioterapia
Fratura pélvica
Qualquer doença sistêmica grave ou condição debilitante

- Dispareunia devido a uma condição médica geral: estima-se que 30%


de todos os procedimentos cirúrgicos na área genital feminina resultem em
dispareunia temporária. Além disso, 30 a 40% das mulheres com queixa atendida
em clínicas de terapia sexual têm patologia pélvica. As anormalidades orgânicas que
levam a dispareunia e ao vaginismo incluem restos himenais irritados ou infectados,
cicatrizes de episotomia, infecção na glândula de Bartholin, várias formas de vaginite
e cervicite e endometriose.
Mulheres com miomas e endometriose relatam dor pós-coito, atribuída às
condições uterinas durante o orgasmo. Aquelas na pós-menopausa podem
apresentar dispaurenia resultante do afinamento da mucosa vaginal e redução da
lubrificação.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Transtorno do desejo sexual hipoativo devido a uma condição médica
geral: o desejo costuma diminuir após uma doença grave ou cirurgia, em especial
quando a imagem corporal é afetada por procedimentos como mastectomia,
ileostomia, histerectomia e prostatectomia.
Doenças que exaurem a energia da pessoa, condições crônicas que exigem
adaptação física e psicológica e doenças sérias que causam depressão podem
diminuir de forma acentuada o desejo sexual tanto em homens quanto em mulheres.
Drogas que inibem o sistema nervoso central (SNC) ou reduzem a produção
de testosterona podem diminuir o desejo.

- Outras disfunções sexuais femininas devido a uma condição médica


geral: algumas condições médicas – especificamente doenças endócrinas como
hipotiroidismo, diabete melito e hiperprolactinemia primária – podem afetar a
capacidade da mulher de ter orgasmos, assim como diversas drogas.
Agentes hipertensivos, estimulantes do SNC, drogas tricíclicas, ISRSs e
inibidores da monoaminoxidase (IMAOS) interferem na capacidade orgástica
feminina. Um estudo com mulheres que usavam estes últimos, no entanto, constatou
que, após 16 a 18 semanas de farmacoterapia, o efeito adverso do medicamento
desaparecia, e elas eram capazes de experimentar orgasmos outra vez, embora
continuassem utilizando a mesma dosagem.

A seguir, algumas drogas psiquiátricas implicadas na inibição do orgasmo


feminino:

- Antidepressivos tricíclicos
Imipramina (Tofranil)
Clomipramina (Anafranil)
Nortriptilina (Aventyl)

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Inibidores da monoaminoxidase
Tranilcipromina (Parnate)
Fenelzina (Nardil)
Isocarboxazida (Marplan)

- Antagonistas do receptor da dopamina


Tioridazina (Mellaril)
Trifluoperazina (Stelazine)

- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina


Fluoxetina (Prozac)
Paroxetina (Paxil)
Sertralina (Zoloft)
Fluvoxamina (Luvox)
Citalopram (Celexa)

A inter-relação entre disfunção sexual feminina e agentes farmacológicos


não foi avaliada de forma tão extensa quanto às reações masculinas. Os
anticoncepcionais orais diminuem a libido em algumas mulheres, e determinadas
drogas com efeitos colaterais anticolinérgicos podem comprometer a excitação e o
orgasmo. Foi relatado que os benzodiazepínicos diminuem a libido, mas em alguns
casos a redução da ansiedade causada por estas drogas melhora a função sexual.
Tanto o aumento quanto a diminuição da libido foram relatados com o uso
de agentes psicoativos, e é difícil separar tais efeitos da condição subjacente ou da
sua melhora. A disfunção sexual associada ao uso de um agente desaparece
quando este é descontinuado.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Outra disfunção sexual masculina devido a uma condição médica
geral: quando outra característica disfuncional é predominante (por exemplo,
transtorno do orgasmo) ou quando não há uma única característica mais evidente, é
usada a categoria outra disfunção sexual masculina devido a uma condição médica
geral.
O transtorno do orgasmo masculino pode ter causas fisiológicas e ocorrer
após cirurgias no trato geniturinário, como a prostatectomia. Também pode estar
associado à doença de Parkinson e outros distúrbios neurológicos que envolvam a
seção lombar ou sacral de medula espinal.
A droga anti-hipertensiva monossulfato de guanetidina (Ismelin), a metildopa
(Aldomet), fenotiazinas, as drogas tricíclicas e os inibidores seletivos da recaptação
de serotonina (ISRSs), entre outros, foram implicados na ejaculação retardada.
O transtorno do orgasmo masculino também deve ser diferenciado da
ejaculação retrógada, na qual a ejaculação ocorre, mas o fluido seminal passa para
a bexiga. Esta sempre tem causa orgânica, pode se desenvolver após uma cirurgia
geniturinária e também está associada a medicamentos com efeitos anticolinérgicos
adversos como as fenotiazinas, em especial a tioridazina (Mellaril).

Alguns agentes farmacológicos implicados nas disfunções sexuais


maculinas:

Droga Prejudica Prejudica


Ereção Ejaculação
Drogas Psiquiatricas
Antidepressivos cíclicos
Impramina (Tofranil) + +
Protriptilina (Vivactil) + +
Desipramina (Pertofrane) + +
Clomipramina (Anafranil) + +
Amitriptilina (Elavil) + +
Trazodona (Desyrel) - -

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Inibidores da monoaminoxidase
Tranilcipromina (Parnate) + -
Fenelzina (Nardil) + +
Pargilina (Eutonyl) - +
Isocarboxazida (Marplan) - +

- Outras drogas com ação sobre o humor


Lítio (Eskalith) + -
Anfetaminas + +
Fluoxetina (Prozac) - +

- Antipsicóticos
Flufenazina (Prolixin) + -
Tioridazina (Mellaril) + +
Clorprotixeno (Taractan) - +
Mesoridazina (Serentil) - +
Ferfenazina (Trilafon) - +
Trifluoperazina (Stelazine) - +
Reserpina (Serpasil) + +
Haloperidol (Haldol) - +

-Agente antiansiedade
Clordiazepóxido (Librium) - +

-Drogas anti-hipertensivas
Clonidina (Catapres) + -
Metildopa (Aldomet) + +
Espironolactona (Aldactone) + -
Hidroclorotiazida + -

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Guanetidina (Ismelin) + +

- Substâncias de abuso comum


Álcool + +
Barbitúricos + +
Cannabis + -
Cocaína + +
Heroína + +
Metadona + -
Morfina + +

-Outras drogas
Agentes antiparkinsoanos + +
Clofibrato (Atromid-S) + -
Digoxina (Lanoxin) + -
Glutemida (Doriden) + +
Indometacina (Indocina) + -
Pentolamina (Regitine) - +
Propanolol (Inderal) + -

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
8- Disfunção sexual induzida por substância

A característica essencial da Disfunção Sexual Induzida por Substância é


uma disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um
acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.

Critérios Diagnósticos do DSM IV para disfunção sexual induzida por substâncias

A. Predomina no quadro clínico uma disfunção sexual clinicamente


significativa, que tem como resultado um acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
B. Existem evidências, a partir do histórico, do exame físico ou dos achados
laboratoriais, de que a disfunção sexual é plenamente explicada pelo uso
de uma substância, o que se manifesta por (1) ou (2):
(1) Os sintomas no critério A desenvolveram-se durante ou dentro de um
mês após a intoxicação por substância.
(2) O uso de um medicamento está etiologicamente relacionado com a
perturbação.
C. A perturbação não é mais bem explicada por uma disfunção sexual não
induzida por substância. As evidências de que os sintomas são mais bem
explicados por uma disfunção sexual não induzida por substância podem
incluir as seguintes: os sintomas precedem o início do uso ou a
dependência da substância (ou o uso do medicamento ); os sintomas
persistem por um período substancial de tempo (por exemplo, cerca de 1
mês) após a cessação da intoxicação, ou excedem substancialmente
aqueles que seriam esperados, dado o tipo ou a quantidade da
substância usada ou a duração de seu uso; ou existem outras evidências
sugerindo a existência de uma disfunção sexual independente, não
induzida por substância (por exemplo, um histórico de episódios
recorrente não relacionados a uma substância).

61
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Nota: Este diagnóstico deve ser feito em vez de um diagnóstico de
intoxicação com substância apenas quando a disfunção sexual excede àquela
habitualmente associada à síndrome de intoxicação e quando a disfunção é
suficientemente grave a ponto de indicar atenção clínica independente.

Codificar Disfunção sexual induzida por [substância específica]:


(291.8 Álcool; 292.89 Anfetamina [ou substância assemelhada]; 292.89
Cocaína; 292.89 Opioide; 292.89 Sedativos Hipnóticos e Ansiolíticos; 292.89 Outra
substância [ou substância desconhecida]).

Especificar se:
Com prejuízo do desejo
Com prejuízo da excitação
Com prejuízo do orgasmo
Com dor sexual

Especificar se:
Com início durante a intoxicação: se são satisfeitos os critérios para
intoxicação com a substância e se os sintomas se desenvolvem durante a síndrome
de intoxicação.
Fonte: DSM IV

O diagnóstico de disfunção sexual induzida por substância é usado quando


evidências de intoxicação ou abstinência de uma substância são aparentes na
história, no exame físico ou em achados laboratoriais. O problema deve ocorrer
dentro de um mês da intoxicação ou abstinência significativa da substância. As
substâncias especificadas incluem álcool, anfetaminas ou substâncias relacionadas,
cocaína, opioides, sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos, bem como outras
substâncias ou substâncias desconhecidas.

62
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O abuso de substâncias recreativas afeta a função sexual de várias formas.
Em pequenas doses, muitas delas melhoram o desempenho sexual, diminuindo a
inibição ou a ansiedade ou causando uma elevação temporária do humor. Com o
uso continuado, no entanto, a turgescência erétil, a capacidade orgástica e a
capacidade ejaculatória se tornam comprometidas.
O abuso de sedativos, ansiolíticos, hipnóticos e, particularmente, opiáceos e
opioides quase sempre deprime o desejo. O álcool pode promover a iniciativa da
atividade sexual removendo inibições, mas também afeta o desempenho. A cocaína
e as anfetaminas produzem efeitos semelhantes. Ainda que não haja evidências
diretas indicando que o impulso sexual é melhorado, os usuários, no início, têm
sentimentos de maior energia e podem tornar-se sexualmente ativos. A disfunção
surge com o tempo, sendo que os homens passam por dois estágios: a experiência
de ereção prolongada sem ejaculação e, posteriormente, a perda gradual da
capacidade erétil.
Pacientes que estão se recuperando de dependência de substâncias podem
necessitar de terapia para reconquistar a função sexual, em parte em virtude do
reajustamento psicológico a um estado de não-dependência.
Muitos abusadores de substâncias sempre tiveram dificuldades com
interações íntimas. Outros, que passaram os anos cruciais do desenvolvimento sob
a influência de uma substância, perderam as experiências que os teriam capacitado
a aprender habilidades sociais e sexuais.

- Agentes farmacológicos implicados na disfunção sexual

Diagnóstico diferencial de disfunção induzida por drogas:


- Problema após o início da terapia medicamentosa ou superdosagem.
- O problema não é específico a uma situação ou parceiro.
- Não é um problema ao longo da vida ou recorrente.
- Nenhum precipitante não-farmacológico óbvio.
- Desaparece com a descontinuação da droga.

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Quase todos os agentes farmacológicos, em particular aqueles usados na
psiquiatria, foram associados a efeitos na sexualidade. Em homens, esses efeitos
incluem diminuição do impulso sexual, insuficiência erétil (impotência), diminuição do
volume da ejaculação e ejaculação retardada ou retrógada.
Em mulheres, pode ocorrer diminuição do impulso sexual, diminuição da
lubrificação vaginal, orgasmo inibido ou retardado e diminuição ou aumento de
contrações vaginais.
As drogas também podem melhorar as respostas sexuais e aumentar o
impulso sexual, mas isso é menos comum do que os efeitos adversos.

Drogas psicoativas

Drogas antipsicóticas – A maioria das drogas antipsicóticas é antagonista


do receptor de dopamina e também bloqueia receptores adrenérgicos e colinérgicos,
o que explica seus efeitos sexuais adversos.
A clorpromazina (Thorazine), a tioridazina e a trifluoperazina (Stelazine) são
anticolinérgicos potentes que comprometem a ereção e a ejaculação, fazendo com
que o fluido seminal retorne para a bexiga em vez de ser expelido pela uretra. Os
pacientes ainda têm a sensação prazerosa, mas o orgasmo é seco. Ao urinarem
após o orgasmo, a urina pode ser leitosa e esbranquiçada, porque contém a
ejaculação. Essa condição é desconcertante, porém inofensiva, e pode ocorrer em
até 50% dos pacientes que utilizam essas drogas.

Drogas antidepressivas – Uma vez que a depressão está associada à


diminuição da libido, níveis variáveis de disfunção sexual fazem parte do processo
da doença.
Alguns pacientes relatam melhora do funcionamento sexual à medida que a
depressão diminui como resultado da medicação antidepressiva. O fenômeno
dificulta a avaliação dos efeitos colaterais sexuais, e estes também podem
desaparecer com o tempo.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Os antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos têm efeitos anticolinérgicos que
interferem na ereção e retardam a ejaculação. Como esses efeitos variam entre os
antidepressivos cíclicos, aqueles com menos efeitos (por exemplo, desipramina
[Norpramin]) produzem menos reações adversas. No caso dos tricíclicos e
tetracíclicos, não foram documentados dados suficientes sobre mulheres, mas
poucas parecem ter qualquer queixa.
Alguns homens relatam maior sensibilidade da glande, que é prazerosa e
não interfere na ereção, embora retarde a ejaculação.
A venlafaxina (Effexor) e os ISRSs quase sempre têm efeitos adversos em
função do aumento nos níveis de serotonina. A diminuição do impulso sexual e a
dificuldade de chegar ao orgasmo ocorrem em ambos os sexos.
Os IMAOs produzem comprometimento da ereção, ejaculação retardada ou
retrógada, secura vaginal e inibição do orgasmo.

Lítio – O lítio regula o humor e, no estado maníaco, pode reduzir a


hipersexualidade, possivelmente por meio da atividade de antagonista da dopamina.
Em alguns pacientes, foi relatado comprometimento da ereção.

Simpaticomiméticos – Os psicoestimulantes, às vezes, são usados no


tratamento da depressão e incluem anfetaminas, metilfenidato e pemolina (Cylert). A
libido aumenta, mas com o uso prolongado, os homens podem experimentar perda
do desejo e das ereções.

Agentes antiansiedade – A principal classe de ansiolíticos é a dos


benzodiazepínicos (por exemplo, [Valium]), que agem sobre os receptores do ácido
y-aminobutírico (GABA), os quais se acredita estarem envolvidos na cognição, na
memória e no controle motor.
Como diminuem as concentrações plasmáticas de epinefrina, reduzem a
ansiedade e, como resultado, melhoram a função sexual em pessoas inibidas.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Álcool – O álcool suprime de modo geral a atividade do SNC e, assim, pode
produzir transtornos eréteis em homens. Seu efeito gonadal direto diminui os níveis
de testosterona em homens, mas, de maneira paradoxal, pode produzir um ligeiro
aumento nos níveis de testosterona das mulheres. Esse achado pode explicar os
relatos femininos e aumento da libido após a ingestão de pequenas quantidades de
álcool.
O uso prolongado reduz a capacidade do fígado de metabolizar compostos
estrógenos, o que nos homens produz sinais de feminilização (por exemplo,
ginecomastia como resultado da atrofia testicular).

Opioides – Assim como a heroína, têm efeitos sexuais adversos, como


insuficiência erétil e diminuição da libido. A alteração da consciência pode aumentar
a experiência sexual em alguns usuários.

Alucinógenos – Estes incluem a dietilamida do ácido lisérgico (LSD), a


fenciclidina (PCP), a psilocibina (de alguns cogumelos) e a mescalina (do cacto
peiote). Além de induzirem alucinações, causam perda do contato com a realidade e
expansão e aumento da consciência.
Usuários relatam que a experiência sexual também melhora, mas outros
experimentam ansiedade, delírios ou psicose, os quais interferem na função sexual.

Cannabis – O estado alterado de consciência produzido por ela pode


aumentar o prazer sexual para algumas pessoas. Seu uso prolongado deprime os
níveis de testosterona.

Barbitúricos e drogas de ação semelhante – Os barbitúricos e os


sedativos hipnóticos de ação semelhante podem aumentar a responsividade sexual
em pessoas com inibições sexuais como resultado da ansiedade. Não têm efeitos
diretos nos órgãos sexuais, mas produzem uma alteração da consciência que
algumas pessoas consideram prazerosa. Estão sujeitos a abuso e podem ser fatais
quando combinados ao álcool ou a outros depressores de SNC.

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9- Disfunção sexual sem outra especificação

Esta categoria engloba as disfunções sexuais que não podem ser


classificadas nas categorias já descritas. Os exemplos incluem pessoas que
experimentam os componentes fisiológicos da excitação sexual e do orgasmo, mas
relatam ausência de sensação erótica ou até mesmo anestesia (anedonia orgástica).
Mulheres com condições análogas à ejaculação precoce em homens são
classificadas aqui. As que são orgásticas e desejam experimentar orgasmos
múltiplos, mas não conseguem, também podem ser classificadas sob essa rubrica.
Transtornos de disfunção sexual excessiva, e não apenas inibida, como
masturbação ou coito compulsivo (adicção sexual), ou ocorrência de dor genital
durante a masturbação podem ser tratados neste tópico.
Outros transtornos não-especificados são encontrados em pessoas que têm
uma ou mais fantasias sexuais em relação às quais se sentem culpadas ou
disfóricas, mas a gama de fantasias comuns é ampla.

Disfunção sexual sem outra especificação de acordo com o DSM IV

Esta categoria inclui disfunções sexuais que não satisfazem os critérios para
qualquer disfunção sexual específica. Exemplos:

1. Ausência de sensações eróticas subjetivas (ou sensações


substancialmente diminuídas), apesar de excitação e orgasmo de outro
modo normal.
2. Situações nas quais se conclui que uma disfunção está presente, mas é
impossível de determinar se ela é primária, devido a uma condição
médica geral ou induzida por uma substancia.
___________________________________________________________________
Fonte: DSM IV

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- Orgasmo feminino prematuro: os dados sobre o orgasmo feminino
prematuro são esparsos, e não há uma categoria própria para este transtorno no
DSM IV. Foram relatados casos de pessoas que tomavam antidepressivos (por
exemplo, fluoxetina e clomipramina) e experimentam orgasmos espontâneos
associados a bocejos.

- Cefaleia pós-coito: a cefaléia pós-coito, caracterizada por cefaleia logo


após o coito, pode durar várias horas. Em geral, é descrita como um latejamento e
está localizada na área occipital ou frontal. Sua causa é desconhecida. Pode haver
implicações vasculares, psicogênicas ou ligadas à contração muscular (tensão).

- Anedonia orgástica: a anedonia orgástica é uma condição na qual a


pessoa não tem sensação física de orgasmo, muito embora o componente fisiológico
permaneça intacto (por exemplo, ejaculação). Causas orgânicas como lesões
cefálicas ou sacrais que interferem nas rotas aferentes da genitália para o córtex
devem ser excluídas.
As causas psíquicas costumam estar relacionadas à extrema culpa acerca
do prazer sexual. Esses sentimentos produzem uma resposta dissociativa que isola
da consciência o componente da experiência do orgasmo.

- Dor masturbatória: algumas pessoas podem experimentar dor durante a


masturbação. As causas orgânicas sempre devem ser excluídas; uma pequena
laceração vaginal ou doença de Peyronie nos primeiros estágios podem produzir
uma sensação dolorosa. A condição deve der diferenciada da masturbação
compulsiva, na qual a pessoa pode se masturbar com tal frequência que chegue a
causar danos físicos aos seus genitais e experimentar dor durante atos
masturbatórios subsequentes. Esses casos constituem um transtorno sexual
separado e devem ser assim classificados.

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* Certas práticas resultam no que foi denominado asfixia autoerótica. Nesta,
a pessoa masturba-se enquanto se enforca para aumentar as sensações eróticas e
a intensidade do orgasmo por meio do mecanismo da hipoxia leve. Embora os
praticantes tenham a intenção de libertar-se do laço após o orgasmo, estima-se que
entre 500 e 1000 pessoas morram enforcadas acidentalmente a cada ano. A maioria
dos praticantes são homens, o travestismo com frequência está associado a este
hábito, e a maioria das mortes ocorrem entre adolescentes. Tais práticas
masoquistas em geral estão associadas a transtornos mentais graves, como
esquizofrenia e transtornos maiores de humor.

10- CID-10

Segundo a décima revisão da Classificação estatística internacional de


doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10), disfunção sexual refere-se à
incapacidade de uma pessoa de “participar em uma relação sexual do modo como
desejaria”. Essa disfunção se expressa de várias formas: falta de desejo ou de
prazer ou incapacidade fisiológica de começar, manter ou completar a interação
sexual. Como a resposta sexual é psicossomática, pode ser difícil determinar “a
importância relativa de fatores psicológicos e/ou orgânicos”.
Problemas como falta de desejo podem ocorrer em homens e mulheres, mas
estas se queixam com maior frequência da “qualidade subjetiva” da experiência do
que do “fracasso de uma resposta específica”. A CID-10 aconselha a “ir além da
queixa apresentada para encontrar a categoria diagnóstica mais apropriada”. A
seguir apresentaremos a tabela dos critérios diagnósticos da CID-10:

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Critérios diagnósticos da CID-10 para disfunção sexual não causada por
transtorno ou doença orgânica

G1. O indivíduo é incapaz de participar de uma relação sexual do modo


como desejaria.
G2. A disfunção ocorre com frequência, mas pode estar ausente em
algumas ocasiões.
G3. A disfunção esteve presente por pelo menos seis meses.
G4. A disfunção não é inteiramente atribuível a qualquer um dos outros
transtornos mentais e comportamentais da CID-10, distúrbios físicos (como os
endócrinos) ou tratamento medicamentoso.

Comentários

A mensuração de cada forma de disfunção pode se basear em escalas que


avaliam a gravidade e a frequência do problema. Mais de um tipo de disfunção pode
coexistir.

Ausência ou perda de desejo sexual

A. Os critérios gerais para disfunções sexuais devem ser satisfeitos.


B. Existe ausência ou perda de desejo sexual, manifestada pela diminuição
da busca de pistas sexuais, de pensamentos sobre sexo com sentimentos
de desejo ou apetite associados ou das fantasias sexuais.
C. Existe uma falta de interesse em iniciar a atividade sexual, seja com um
parceiro, seja com a masturbação solitária, resultando em uma frequência
da atividade claramente mais baixa do que a esperada, levando em conta
a idade e o contexto, ou em uma frequência muito reduzida em relação a
níveis anteriores bem mais altos.

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Aversão sexual e ausência de prazer sexual

Aversão sexual

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.


B. A perspectiva de interação sexual com um parceiro produz suficiente
aversão, medo ou ansiedade para que a atividade sexual seja evitada ou,
caso ocorra, seja associada a fortes sentimentos negativos e
incapacidade de experimentar qualquer prazer.
C. A aversão não é resultado de ansiedade de desempenho (reação a um
fracasso anterior da resposta sexual).

Ausência de prazer sexual

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.


B. A resposta genital (orgasmo e/ou ejaculação) ocorre durante a
estimulação sexual, mas não é acompanhada de sensações de prazer ou
sentimentos de excitação prazerosa.
C. Não há medo ou ansiedade manifestos e persistentes durante a atividade
sexual (ver aversão sexual).

Falha de resposta genital

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.


Além disso, para homens:
B. A ereção suficiente para o intercurso não ocorre quando este é tentado. A
disfunção assume uma das seguintes formas:
(1) A ereção completa ocorre durante os primeiros estágios do sexo, mas
desaparece ou declina quando o intercurso é tentado (antes da
ejaculação, caso esta ocorra).

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(2) A ereção ocorre, mas somente nos momentos em que o intercurso
não está sendo considerado.
(3) Ocorre ereção parcial, insuficiente para manter o intercurso, mas não
ereção completa.
(4) Não ocorre qualquer tumescência peniana.
Além disso, para mulheres:
C. Há fracasso de resposta genital, experimentado como insuficiência da
lubrificação vaginal, juntamente com tumescência inadequada dos lábios.
A disfunção assume uma das seguintes formas:
(1) Geral: a lubrificação é insuficiente em todas as circunstâncias
relevantes.
(2) A lubrificação pode ocorrer no início, mas não persiste pelo tempo
suficiente para permitir a penetração peniania confortável.
(3) Situacional: a lubrificação ocorre somente em algumas situações (por
exemplo, com um parceiro, mas não com outro, durante masturbação
ou quando o intercurso vaginal não está sendo cogitado).

Disfunção orgásmica

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.


B. Existe disfunção orgásmica (ausência ou retardo acentuado do orgasmo),
que assume uma das seguintes formas:
(1) o orgasmo nunca foi experimentado em qualquer situação.
(2) a disfunção orgásmica se desenvolveu após um período de resposta
relativamente normal:
(a) geral: a disfunção orgásmica ocorre em todas as situações e
com qualquer parceiro.
(b) situacional:
Para mulheres: o orgasmo ocorre em certas situações (por exemplo, durante
masturbação ou com certos parceiros).

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Para homens, um dos seguintes pode ocorrer:
• o orgasmo acontece somente durante o sono, nunca durante o estado
de vigília;
• o orgasmo nunca ocorre na presença de parceira;
• o orgasmo se dá na presença de parceira, mas não durante o
intercurso.

Ejaculação precoce

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem der satisfeitos.


B. Existe uma incapacidade de retardar suficientemente a ejaculação para
ter prazer no ato sexual, manifesta por uma das seguintes situações:
(1) ocorrência de ejaculação antes ou logo após o início do intercurso (se
um limite de tempo for necessário: antes ou dentro de 15 segundos do
início).
(2) a ejaculação ocorre na ausência de ereção suficiente para tornar
possível.
C. O problema não é resultado de abstinência prolongada da atividade
sexual.

Vaginismo não-orgânico

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.


B. Existe um espasmo dos músculos perivaginais suficiente para impedir a
penetração ou torná-la desconfortável. A disfunção assume uma das
seguintes formas:
(1) a resposta normal nunca foi experimentada.
(2) o vaginismo se desenvolveu após um período de resposta
relativamente normal:
(a) quando a penetração vaginal não é tentada, pode ocorrer uma
resposta sexual normal;

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(b) qualquer tentativa de contato sexual leva ao medo generalizado e
ao esforço de evitar a penetração vaginal (por exemplo, espasmos
dos músculos adutores das coxas).

Dispareunia não-orgânica

A. Os critérios gerais para disfunção sexual devem ser satisfeitos.

Além disso, para mulheres:


B. Experimenta-se dor na entrada da vagina, seja durante todo o intercurso
sexual ou apenas quando ocorre a penetração profunda do pênis.
C. O transtorno não é atribuído ao vaginismo ou a insuficiência de
lubrificação, dispareunia de origem orgânica deve ser classificada
segundo o transtorno subjacente.

Além disso, para homens:


D. Dor ou desconforto durante a resposta sexual (o momento de ocorrência
da dor e a localização exata devem ser registrados com cuidado).
E. O desconforto não é resultado de fatores físicos locais. Se estes forem
identificados, a disfunção deve ser classificada de outra forma.

Impulso sexual excessivo

Não há critérios de pesquisa para esta categoria. Os pesquisadores que a


estudam devem delinear seus próprios critérios.
Outras disfunções sexuais não causadas por transtornos ou doença
orgânica.
Disfunção sexual não causada por transtorno ou doença orgânica não
especificada.
Fonte: CID-10

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11- Compreensão Psicodinâmica das Disfunções Sexuais

A compreensão psicodinâmica do paciente do sexo masculino e feminino


que não deseja fazer sexo, ou do paciente do sexo masculino que deseja, mas não
consegue atingir a ereção, começa com uma cuidadosa compreensão do contexto
em que o sintoma se insere.
Se o paciente está envolvido em um relacionamento íntimo, o clínico deve
identificar se o problema do desejo ou excitação é específico a este parceiro ou se é
generalizado a todos os potenciais parceiros sexuais.
As dificuldades sexuais específicas do casal devem ser compreendidas no
contexto da dinâmica interpessoal da díade, enquanto outras dificuldades,
primariamente intrapsíquicas, ocorrem com qualquer parceiro. Entretanto, os clínicos
devem lembrar que os problemas do desejo, como outros sintomas psicológicos, são
determinados por múltiplos fatores.

Três elementos distintos do desejo sexual devem funcionar em sincronia


para haver adequado desejo e excitação: pulsão, desejo e motivo.

A pulsão tem raízes biológicas e pode ser afetada por fatores físicos, como
os níveis hormonais, doenças físicas e medicações.
O desejo está mais intimamente ligado a fatores cognitivos conscientes ou
ideacionais. Por exemplo, na presença de um componente pulsional normal, um
sujeito pode não querer fazer sexo em decorrência de proibições religiosas ou por
medo de pegar AIDS.
O terceiro elemento, o motivo, está intimamente relacionado a necessidades
inconscientes de relações de objeto e é o componente com maior probabilidade de
ser o foco da intervenção terapêutica.
O clínico deve avaliar todos os elementos, tentando compreender por que
não estão integrados em um todo funcional. Numerosos fatores podem interferir na
motivação de um sujeito. Um dos cônjuges pode estar tendo um caso extraconjugal
e simplesmente não estar interessado no companheiro. Ou um dos cônjuges pode

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ter um ressentimento e uma raiva crônica em relação ao outro, de forma que as
relações sexuais estão fora de questão.
Problemas no relacionamento não-sexual do casal provavelmente são
responsáveis pela maior parte das situações de inibição do desejo sexual (IDS). As
distorções do parceiro sexual também podem ter um papel importante nos
transtornos da motivação. Em muitos casais que iniciam a terapia sexual ou
conjugal, os cônjuges estão relacionando-se inconscientemente um com o outro
como se o fizessem com o genitor do sexo oposto. Quando isto ocorre, as relações
sexuais podem inconscientemente ser sentidas como incestuosas, de forma que os
parceiros lidam com a ansiedade associada a este tabu por meio da total evitação
do sexo.
Em um caso de terapia sexual, por exemplo, a esposa era altamente
resistente a fazer exercícios. Quando esta resistência foi investigada dinamicamente,
ela foi capaz de admitir frente ao terapeuta que parte dela queria que seu marido
fracassasse na terapia sexual. Ela revelou seu medo de que seu marido se tornasse
um “mulherengo” como seu pai caso ele adquirisse novamente um funcionamento
sexual adequado. Esta distorção transferencial com seu marido ameaçou arruinar o
sucesso da terapia sexual.
Mesmo pessoas solteiras, em terapia ou análise, podem vivenciar ligações
do tipo transferencial com parceiros sexuais em potencial, o que resulta em
transtornos da motivação.
Os temas e dinâmicas que emergem na terapia sexual de orientação
analítica são os mesmos vistos na terapia psicanalítica, tais como sonhos
relevantes, medo de punição, sentimentos agressivos, dificuldade em confiar no
parceiro, medo de intimidade, sentimentos edípicos e medo de mutilação genital.

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12- Casos clínicos

Caso I – O Sr. Y, 25 anos, solteiro, profissional liberal, entrou em psicanálise


em virtude de vários problemas na sua capacidade de amar e trabalhar. O
componente pulsional do desejo sexual do Sr. Y era inteiramente adequado – ele se
masturbava várias vezes ao dia para aliviar sua intensa tensão sexual. O
componente desejo também estava intacto. Ele aspirava relações sexuais com uma
mulher adequada e fantasiava fazê-lo. Entretanto, parecia estar faltando o elemento
motivacional, como evidenciado por seu padrão comportamental característico cada
vez que ele se sentia atraído por uma mulher. Quando ele falava sobre mulheres na
análise, convencia-se em lágrimas de que afinal perderia o atual objeto de sua
cobiça. Sua antecipação da perda desencadeava sentimentos de tristeza tão
intensos que ele decidia não procurar um relacionamento, mas simplesmente
refugiar-se na masturbação solitária.
Cada vez que o Sr. Y tinha estes sentimentos de perda antecipatória, seu
analista tentava esclarecer quaisquer associações com acontecimentos anteriores
ou experiências de vida que pudessem desencadear sentimentos análogos. Depois
de um período considerável de trabalho analítico, o paciente finalmente passou a dar
sentido a seus sentimentos.
Quando ele tinha 5 anos seu pai ficou um ano na guerra. Neste período o Sr.
Y havia sido o “homem da casa”, ocupando uma posição especial com sua mãe, na
ausência de seu principal rival quanto a seus afetos. Em alguns dias, ele até mesmo
dormiu na cama de sua mãe. Entretanto, quando o pai do Sr. Y retornou para casa,
o paciente sofreu a devastadora perda deste relacionamento especial e íntimo com
sua mãe.
A lembrança deste período da vida do paciente ajudou-o a compreender os
motivos de não ir em busca de relações sexuais. Tão logo ele se apaixonava por
uma mulher ele começava a formar uma ligação transferencial maternal. Ao
experimentá-la novamente (em um nível inconsciente) como sua mãe, ele

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convencia-se de que ela também iria “livrar-se” dele para ficar com outro homem,
assim como sua mãe o colocou de lado para ficar com seu pai. O Sr. Y tinha medo
de confrontar-se com esta tristeza novamente, o que o levou a evitar os
relacionamentos sexuais.
Este insight também colocou o Sr. Y em contato com uma considerável
ansiedade de castração. Ele percebeu que estava profundamente preocupado com
o fato de que seu pênis pudesse ser machucado durante o sexo, uma preocupação
que ele eventualmente associava a seu medo de retaliação por ter tomado o lugar
do pai na cama de sua mãe.

Caso 2 – Uma viúva de 34 anos apresentou-se para terapia com uma queixa
de vaginismo. Seu casamento de três anos, que não fora consumado, acabou
quando seu marido foi morto em um acidente de carro. Aproximadamente um ano
após ter perdido o marido, a paciente envolveu-se com um homem casado. Ela
estava muito apaixonada por ele e ficava muito excitada durante seus encontros
sexuais. Embora conseguisse atingir o orgasmo pela estimulação manual ou oral,
ela não podia suportar a penetração.
Sentiu-se motivada a procurar ajuda para seu problema – embora nunca
tenha considerado uma terapia quando estava casada, a despeito dos pedidos do
marido para que o fizesse – porque tinha certeza de que seu amante deixaria a
esposa por ela se eles pudessem ter uma experiência mais completa juntos.
O vaginismo da paciente resultava, em parte, de conflitos evolutivos não
resolvidos. Seus pais tinham sido pessoas amorosas, mas rígidas, provenientes de
ambientes socioeconômicos diferentes.
Seus valores frequentemente divergiam. Brigavam constantemente por
causa da filha quando ela entrou na adolescência: a mãe insistia que ela cursasse
um segundo grau voltado para a universidade, enquanto o pai defendia um curso
técnico mais prático. A paciente ficou ao lado da mãe e sentiu que seu pai, a quem
ela sempre percebera como um homem frio, ficara mais distante ainda.
Algumas de suas dificuldades eram consequências de problemas edípicos
não resolvidos: tanto o marido como o amante eram mais de 20 anos mais velhos do

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que ela, e seu amante, refletindo a situação dos pais dela, era casado com uma
mulher mais bem-sucedida do que ele. Além disso, tinha se identificado com alguns
dos sentimentos negativos de sua mãe em relação aos homens. A mãe certa vez
expressara à paciente a esperança de que ela não se casasse. O vaginismo
protegia a paciente da intimidade com os homens, que conscientemente queria, mas
que, inconscientemente, percebia como prejudiciais e perigosos.

Caso 3 – Outro paciente, um homem de 56 anos, apresentou-se para


tratamento em função de um transtorno erétil. Em geral, ele funcionava melhor em
casos extraconjugais do que em seu casamento. Embora amasse sua esposa e a
achasse atraente, ele achava que ela não estava interessada em sexo e raramente
era capaz de conseguir uma ereção com ela, tendo gradualmente parado de abordá-
la sexualmente. Sua esposa sentia-se carente pela falta de ralações sexuais e
entregava-se constantemente à masturbação.
O paciente fora uma criança adoentada, com uma mãe que ele descrevia
como devotada, mas sufocante. Ele se lembrava dela aconchegando-o na cama até
os 8 anos de idade, e achava que ela era inadequadamente afetuosa em geral: “Ela
me embaraçava.” Ao mesmo tempo, lembrava-se do pai como um homem grosseiro
e tinha uma recordação da infância, de ouvir sua mãe perguntar ao pai: “Como você
pôde, como você pôde?” O paciente acreditava que isto tinha sido a resposta da
mãe a uma proposta ou ato sexual.
Em parte, seu transtorno derivava das associações edípicas inconscientes
com a esposa, o que a tornou tabu para ele como parceira sexual. As mulheres a
quem ele respondia sexualmente precisavam ser gritantemente sexuais e sinalizar
que o aceitavam, antes de ele se arriscar a uma investida. A terapia envolveu
sessões individuais com o paciente e sessões conjuntas com ele e a esposa. A
comunicação que tinha sido parcialmente interrompida em virtude da distância
sexual entre eles, foi encorajada, e uma abordagem comportamental foi utilizada
para restabelecer alguma interação física. O trabalho individual concentrou-se em
seus problemas psicológicos mais profundos.
FIM DO MÓDULO II

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