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Arjan Martins

O VIRADOR DE CARAVELAS
• Argentino Mauro Martins Manoel
• Escola de Artes Visuais do Parque Lage (1990)
Experimentos com tinta e papel
Caminhadas pelo centro da cidade.
“Eu comecei a olhar com muito carinho para esses materiais [folhas de
fórmica]. Eu recolhia e levava aquilo para casa, porque ainda não tinha
ateliê. Ao chegar em casa, eu pensava assim: ‘Bom, esse papel está me
falando alguma coisa, mas principalmente sou eu que estou com
necessidade de me expressar através dele”.
Santa Teresa – Sambódromo – Jardim Botânico – Parque Lage – 409
“Era uma coisa muito desconcertante entrar com aquele trambolho
[papeis com bobinas longas] no ônibus para uma aula no Parque Lage.
E também com uma bolsa de pão pendurada no ombro, do outro lado,
na outra mão. Porque eu vendia pão na hora do almoço no Parque Lage
para pagar o meu jantar”
• 2001 – Orlândia e Nova Orlândia – imóvel vazio, em obras, em São
Cristóvão.
• “Num primeiro momento, ataquei uma parede, risquei essa parede,
sulquei essa parede, apliquei nanquim.”
• “Eu queria falar sobre a Guerra do Golfo, mas a brasilidade e a
afrobrasilidade nortevam meu pensamento”.
Lógica do espaço urbano
• Santa Teresa, sem ateliê.
• Trabalhos na rua. Muros de Santa Teresa. Desenho meio pintura.
As três graças (1635) –
Peter Paul Rubens
Charles Dickens, Oliver Twist, Oscar Peterson
“O livro do Charles Dickens, o disco do Oscar Peterson e essas figuras
acabaram migrando para as minhas telas, migraram para os meus
trabalhos. (...) Eu olho um livro, eu olho um disco, eu posso estar diante
de uma fotografia e, sem que eu perceba, essas coisas vão se
incorporando ao trabalho e muitas vezes começam a resolver o
trabalho”
Impacto a partir de Antonio Risério
“Segundo Antonio Risério, só no ano de 1849, aportaram
possivelmente 89.045 escravos no Brasil. Commodities, braços de
trabalho para a exploração das minhas, mão de obra do ciclo do ouro, e
o período barroco servindo de cenário para tudo isso. Outro dia, entrou
um rapaz lá no meu ateliê, um rapaz brasileiro, branco, e ele ficou lá
durante algum tempo, observando os meus navios desenhados de
ponta-cabeça... Ele tinha os olhos verdes e, depois de olhar tudo,
dirigiu-se a mim e disse: ‘Que legal o seu trabalho, porque você está
contando a sua história...” Eu silenciei, mas pensei: ‘a minha história?
Por que não a nossa história?”
Série Américas em 2013
• 3 meses como artista residente em Londres.
• “Saía para desenhar todos os dias nos museus e tinha pouquíssimo
tempo para perambular ou ficar simplesmente largado num pub,
mesmo porque havia o bloqueio da língua... E isso do idioma foi
importante para manter alguma distância, porque eu estava
precisando ficar meio distanciado”
• “É claro que a arte exige risco e coragem, mas é uma coragem
instintiva, não é uma coragem pensada, articulada. Foi assim que eu
senti que tinha que virar as caravelas de ponta-cabeça na minha
pintura, e hoje eu viro muitas caravelas... Muitas... Meu trabalho é
virar caravelas inglesas, francesas, e todas as caravelas mais que eu
achar pertinentes virar”
• MAR 2016 – “Rio setecentista, quando o Rio virou capital”

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