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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADEMICO DO AGRESTE

CURSO DE PEDAGOGIA

SÍNTESE DO TRABALHO SOBRE O MOVIEMENTO ANTI-


GLOBALIZAÇÃO.

GRUPO: Elba Santos de Macêdo

Maria Eduarda Souza Santos

Vitória Fernanda

CARUARU, 2021.
MOVIMENTO ANTIGLOBALIZAÇÃO

Com as análises dos textos sobre o movimento antiglobalização que fizemos, trazemos
como início de nossa síntese algumas definições do que é a globalização coorporativa
neoliberal, que pode ser chamada de globalização neoliberal ou globalização
coorporativa. Para iniciar, é importante saber que o uso da palavra globalização teve
origem por volta dos anos 60 do século passado e teve uso intensificado nos anos 90.
Quanto a definição de globalização, primeiramente trazemos essa concepção de maneira
mais cientifica, o seu significado no dicionário Aurélio: “1. Ato ou efeito de globalizar;
2. Processo típico da segunda metade do século 20 que conduz a crescente integração
das economias e das sociedades dos vários países, especialmente, no que toca a
produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros e a difusão de
informações. Atentando aqui, que as novas tecnologias de comunicação e de
processamento de dados contribuíram muito para a globalização.

Voltando ao aspecto de sua definição, Chomsky (2003), diz que: o termo


globalização não é bem definido o suficiente para ter sinônimo ou pode ter uso neutro,
como integração econômica internacional, ou ideológico, como ideologia neoliberal. Ele
também postula que o termo neoliberalismo sugere um sistema de princípios, que são
novos e baseados nas ideias liberais clássicas de Adam Smith. O neoliberalismo
originou-se na Europa e na América do Norte, antes da segunda guerra mundial,
constituiu-se como uma intervenção teórica e política contra o Estado intervencionista e
de bem-estar. Esse sistema doutrinário é também conhecido como consenso de
Washngton, que é um conjunto de princípios de reordenamento dos mercados. Esse
consenso pode ser resumido em três objetivos; 1. Estabilização da economia em geral 2.
Reformas estruturais com redução do estado 3. Abertura da economia para atrair
investimentos internacionais e a retomada do crescimento econômico.

Com tudo, de acordo com o texto a globalização coorporativa neoliberal


caracterizasse como modelo hegemônico do capitalismo do final do século vinte, que
envolve novas formas de articulação entre centro e periferia e penetração dos estados
periféricos pelo capital financeiro transnacional, seja diretamente ou indiretamente.

Há uma grande promessa feita nos anos vinte, pelos proponentes da


“globalização por cima”, de um mundo mais justo, onde todos os países e classes sociais
se beneficiariam com o crescimento da produtividade e da prosperidade do capitalismo
neoliberal. Entretanto, essa promessa não se cumpriu e surgiram inúmeros impactos
negativos, com isso não demorou muito para que surgissem movimentos sociais em
resposta a esses inúmeros impactos negativos da globalização coorporativa. Os
impactos advindos da globalização neoliberal são os seguintes: 1. Em primeiro lugar, a
crescente poluição das águas, do ar e do solo, frutos da produção de químicos tóxicos
sem controle ambiental e social, além disso o efeito estufa e a redução da camada de
ozônio, que são as ameaças mais serias da crise ecológica que afeta o planeta e traz
vários impactos. A corrida sobre os padrões e leis de controle da poluição ambiental e
ocupacional, só cresce para baixo.

Em segundo lugar nesses impactos está, o crescimento acelerado da pobreza


e da desigualdade social em quase todo mundo, exceto em países ricos como a China.
Weisbrot et al (2000), avaliaram os efeitos da globalização nos últimos 20 anos, e
concluíram que houve declínio nas taxas de crescimento econômico em quase todos os
países do mundo; que a taxa da expectativa de vida foi reduzida em 4 dos 5 grupos de
países estudados e que progressos na diminuição da mortalidade infantil e nas taxas de
escolarização e alfabetização tornaram-se mais lentos para maioria dos grupos dos
países estudados. Cresce o desemprego, e os empregos se tornam temporários, flexíveis
e temporários, o que acarreta em graves consequências para os trabalhadores. Além da
perda dos direitos conquistados pelos trabalhadores no Pós-guerra, de acordo com
estudos do ano 2000, que constatam que trabalhadores Europeus trabalham cerca de 500
horas a menos e recebem um salário bem acima, do que trabalhadores da américa latina
e caribe, além de que atualmente há mais crianças trabalhando em condições de
servidão em todo mundo.

Em terceiro, a votatilidade e instabilidade financeira, causada pela


desregulação financeira global defendida pelo neoliberalismo, o que pode levar a
recessão grave de economias nacionais. Em quarto lugar temos a erosão da democracia
pela enorme concentração de poder nas mãos de um pequeno número de indivíduos e
corporações, que faz com que poderes públicos se tornem cadeias de transmissão de
interesses desses grupos. Além disso, faz com que seja difícil que governos locais
resistam a pressão de lobistas do grande capital contrários as políticas sociais de
interesse do povo. Além disso, um pequeno número de pessoas, tomam decisões que
afetam bilhões dos cidadãos do mundo afora.
O neoliberalismo, junta os problemas existentes no desenvolvimento capitalista
nos anos 70 e 80 com os danos ambientais, que assumem proporções de catástrofes
mundiais no final do século vinte. Há então um efeito de entropia nas empresas globais,
sendo que na medida em que para melhor funcionar, tais empresas criam uma ordem
para si próprias e desordem para todo resto, então elas não se preocupam com as
consequências que o mundo, o meio ambiente e a sociedade sofrerá, está preocupada
apenas com seu desenvolvimento e seu lucro, e assim ultrapassam todos os limites,
comprometendo até mesmo a sobrevivência humana. Assim acontece uma agressão do
homem ao meio ambiente, sem pensar em qualquer consequência.

Outra consequência desse processo, está na diferença no desenvolvimento


regional, a exemplo do Brasil, com grande concentração de renda e tecnologias no
sudeste, funcionando como um campo fértil para possibilidade de investimento de
industrias agrícolas, mas que é utilizado apenas como um celeiro espoliativo, sem o
retorno nescessário de capital. Mas, apesar disso, a globalização neoliberal dá
preferência aos mercados externos, aprofundando ainda mais as diferenças regionais,
aumentando então a grande concentração de capital em poucos países. O que também
acontece dentro do próprio território brasileiro, com a implantação e crescimento
desordenado com implantação de modelos de desenvolvimento superado e não
sustentáveis colocados como salvação em regiões não privilegiadas como o nordeste,
contribuindo para aumentar ainda mais as desigualdades regionais.

O movimento antiglobalização é um movimento social global que aglutina redes


e movimentos sociais diversos, com uma perspectiva de unir o local e o global
construindo identidades coletivas multirreferênciaís que superam o Estado-nação e uma
luta contra a globalização neoliberal.

Esse movimento tem como caracterização a sua enorme heterogeneidade


derivada de amplos setores da esquerda; outra característica é seu caráter espetacular de
seu repertorio de ações coletivas que contribui para a sua inclusão na agenda midiática e
que se articula entre o pacifismo; a utilização das novas tecnologias de informação e
comunicação,as quais se tornaram ferramentas chaves em todo o mundo para canalizar a
informação contada pelos próprios movimentos sociais e funcionam como uma forma
de mobilização, participação e criação de identidades; a horizontalidade como forma de
organização politica, a presença de uma conexão gloca, cujo lema é “ pensar
globalmente, atuar localmente” , uma radicalidade reivindicativa frente ao modelo
socioeconômico. Essas são algumas das características deste movimento, agora nessa
sequência que há um grande numero de variáveis ligado a heterogeneidade que existe
no movimento antiglobalização, entre elas estão: o eixo ideológico direita/ esquerda, o
grau de institucionalização, o posicionamento perante o Estado e suas diferentes
localizações e manifestações geográficas.

Ao teorizar sobre esse novo tipo de ativistas , Tarrow propõe a nação de


“cosmopolitas arraigados” que são pessoas e grupos arraigados em contextos nacionais
específicos , mais comprometidos com atividades de contestação politica que os
envolves em redes transnacionais de contatos e conflitos. Essa nação não compreende
todo o grupo de ativistas já que em alguns casos eles podem não estar arraigados em
contextos nacionais específicos como por exemplo por migrações, historia de vida entre
outro contextos.

Ademais é necessário explicar o surgimento dos atores sociais no cenário


internacional. A necessidade por parte da cidadania de dar uma resposta ao
distanciamento dos centros de tomadas de decisões dos lugares habituais de
participação. O surgimento do movimento se relaciona ao contexto de crise de
governabilidade e representatividade dos sistemas políticos e do Estado de bem estar
social.

Além disso os movimentos de antiglobalização aparecem em parte, por causa da


incapacidade das ONGs. O surgimento desse movimento se da em termos analíticos em
ciclos e subciclos .

 A primeira fase ocorre nos anos de 1980, com o aparecimento dos primeiros
protestos na Europa;
 A segunda etapa ocorre nos aos de 1990, com manifestações de cúpula amarela.
Nesse mesmo ano celebra-se um dos principais eventos dessa fase que foi a
conferencia da Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento do
Rio de Janeiro, mais conhecida como Rio-92 e aparecem também campanhas
com vocação de solidariedade internacionalista como os 500 anos de
resistência.
 A terceira etapa vai de 1999 a 2001, que foi protagonizada por sucessivos
protestos e um aumento da intensidade de conflitos sociais. O máximo expoente
dessa fase é a criação do (AGP) ação global dos povos que é um instrumento de
coordenação de movimentos de base de todos os continentes.esta logica de
mobilização e contra cúpulas demonstra também algumas de suas limitações,
como o desgaste e a repressão sofrida nas ações contra a cúpula do G-8 em
Genova.
 A quarta fase temos o predomínio da proposta e certo recolhimento dos grupos
de protestos ao nível local e ao trabalho virtual na internet, sendo notória a
multiplicação de paginas e ativistas dedicados a contrainformação. Ademais
podemos destacar nesta fase a primeira edição do FSM, Fórum Social Mundial ,
que passa a ocupar espaço central na visibilização de propostas, além de servir
como ponto de encontro e espaço de intercambio de experiências de diferentes
atores e iniciativas de todo mundo.

Dentro desses aspectos observamos em um breve período de tempo as estratégias


de ação do movimento antiglobalização. Em seguida foram aparecendo os
primeiros sinais do esgotamento do movimento que implica em um profundo
processo de rearticulação frente a um novo cenário politico-social na sociedade
internacional, a qual não é mais a mesma de dez anos antes.

AS REDES CONTRA A GLOBALIZAÇÃO CORPORATIVA


NEOLIBERAL

Discutiremos agora como o movimento de antiglobalização vem se organizando


ao longo dos anos para lutar contra os impactos destrutivos da globalização
neoliberal.

Para Santos (2000), a política na sociedade global neolibera se desenvolve nos


mercados, onde os protagonistas são as empresas globais desprovidas de ética.
Resta à sociedade retomar o significado de solidariedade e cooperação mútua já que
a disputa com essas empresas retira qualquer possibilidade de altruísmo. Santos
propõe então um outro tipo de globalização, para ele, as bases materiais que servem
de sustento para as ações das empresas globalizadas, estabelecidas na comunicação
e informação, podem servir para outros objetivos, desde que sejam colocadas a
serviço de outra consciência e fundamento, por exemplo, as redes construídas pelo
movimentos sociais.
Estamos falando aqui de um padrão de rede que é comum em todos os níveis de
vida, como as teias alimentares dos ecossistemas. No final do século 20 a sociedade
global só pode ser compreendida partindo da estrutura de redes e da compreensão
sistêmica da sociedade capitalista. Enquanto as classes do alto globalizam para
avançar em suas agendas, as classes mais baixas organizam a resistência através de
uma “globalização por debaixo”.

Em 1994 com a rebelião zapatista no Sul do México e continuando m 1999 com as


batalhas de Seattle, Washington, D.C e Praga (2000), Québec (2001), presenciamos
a aparição de uma nova forma de luta contra a globalização: as redes mundiais de
movimentos sociais antiglobalização(Arquilla e Ronfeldt, 2001). Estes autores
definem netwar como um modelo emergente de conflito social onde os
protagonistas - ONGs dispersas, indivíduos e pequenos grupos- se utilizam de
organizações em rede articuladas com as mídias sociais da era da informação. O
sucesso do movimento zapatista, embora a rebelião tenha se iniciado em uma área
pobre e isolada do México, ganhou grande visibilidade internacional graças ao
trabalho em rede de várias ONGs tanto mexicanas como internacionais que
divulgaram o pronunciamento do Comandante Marcos acerca dos objetivos do
Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN).

Segundo Arquilla e Ronfeldt (2001), este novo modelo de movimento social e


netwar tem as seguintes características:

● Organização policêntrica, composta de diversos grupos e com rede


ideologicamente integrada. Os líderes desses movimentos tendem a ser
carismáticos e não burocráticos.

● Tem flexibilidade, fluidez e autonomia. Está em constante movimento e


se comunicam pela internet de maneira horizontalizada, estabelecendo
relações não hierárquicas onde a comunicação e o compartilhamento de
saberes são fundamentais.

● Utiliza táticas de luta que incluem a Blitz e a guerrilha estilo “enxame de


abelhas” sobre objetivos negociados e pré-determinados, além do
ofuscamento da distinção entre defensiva e ofensiva.
● Desafia os limites entre o Estado e a sociedade, o nacional e o
internacional, o público e privado, o legal e o ilegal, e tende a criar
confusão nas instituições do Estadoresponsavel pela ordem e justiça.

É válido perguntar: O que faz com que uma rede alcance sucesso e êxito, funcione
efetivamente, se fortaleça e permaneça unificada? Arquilla e Ronfeldt (2001)
propõem os seguintes níveis para analisar e avaliar uma rede: 1. nível organizativo;
2. nível narrativo; 3. nível doutrinário; 4. o nível tecnológico; 5. nível social. Cada
nível e o desenho geral da rede devem se beneficiar da redundância e diversidade,
porque as características de cada nível provavelmente afetam as dos outros níveis.

CONSTRUÇÃO DE UM PROGRAMA ALTERNATIVO

As redes mundiais de movimentos sociais realçam de forma clara sua oposição ao


neoliberalismo por motivos diversos -ecológicos, éticos, religiosos, ideológicos,
políticos econômicos e culturais-, sendo assim, não parece haver dúvidas sobre a
concreticidade das questões que mobilizam os integrantes desse movimento. É
difícil, no entanto, caracterizar e visualizar um programa alternativo à globalização
neoliberalismo, em outros termos, pelo que se mobilizam estas redes e
movimentos? Sintetizado por Breacher et al (2000):

1. Nivelamento “por cima” de direitos humanos, ambientais e sociais para impedir


a “corrida para baixo” das leis, direitos e proteção social.

2. Democratização das instituições desde o nível local até o global pelo


estabelecimento de diálogo e negociação transparente sobre o futuro da
economia global, da democratização das instituições financeiras e de comércio
internacionais, do estabelecimento de códigos de conduta para corporações
multinacionais da participação cidadã nas decisões sobre política econômica, da
punição dos crimes ambientais corporativos, e da eliminação do domínio do
dinheiro sobre as eleições e parlamentos.
3. Construção de processo de tomada de decisões e o mais próximo possível dos
indivíduos afetados por elas, através da expansão da economia solidária, do
controle local das corporações multinacionais, da proteção da capacidade de
desenvolvimento econômico nacional e local, e do estabelecimento de pactos
contra a competição predatória entre cidades, regiões e países.

4. Equidade nas relações de poder e riqueza globais através de investimento e


consumo baseados em critérios éticos, que apoiem o comércio justo e a melhoria
das condições de vida dos trabalhadores e das minorias, e do meio ambiente. Há
também que se investir no desenvolvimento sustentável, permitir que países em
desenvolvimento tenham acesso ao conhecimento técnico, acabar com a
escravidão global das dívidas externas e fazer com que os mercados globais
favoreçam as economias dos países em desenvolvimento.

5. Conversão da economia global para sustentabilidade ecológica pela


transformação dos padrões de produção e consumo dos países “erradamente
desenvolvidos” (wrongly developed countries), do cumprimento de acordos
ecológicos internacionais, e do fim da destruição dos recursos naturais
promovida pelo Banco Mundial e FMI.

6. Criação de prosperidade pela satisfação das necessidades humanas e ambientais


através do encorajamento do desenvolvimento econômico – não da austeridade –
da promoção da produção agrícola voltada para as necessidades locais, da
utilização de técnicas de planejamento do desenvolvimento, de investimentos a
longo prazo, e do restabelecimento de políticas de pleno emprego.

7. Proteção contra a volatilidade global gerada por expansão demasiada seguida de


recessão através do controle do fluxo de capitais pelo estabelecimento de
impostos sobre investimentos especulativos de curto prazo como o “imposto
Tobin''.

Embora os pontos acima mão cumpram todas as propostas debatidas em nível


internacional para enfrentar as crises políticas, sociais, ambientais e econômicas
vividas por grande parte dos povos do mundo, a síntese acima é um resumo do que
seria um programa alternativo ao implementado pelos neoliberalistas.
REFERÊNCIAS:

SIQUEIRA, Carlos Eduardo. CASTRO, Hermano. ARAÚJO Tânia Maria. A


globalização dos movimentos sociais: resposta social à Globalização
Corporativa Neoliberal. 2003, Ciência & Saúde coletiva.

BRINGEL, Breno. MUÑOZ, Enara Echart. Dez anos de Seattle, o movimento


antiglobalização e a ação coletiva transnacional. 2010,Ciências Sociais
Unisinos, São Leopoldo, Vol. 46, N. 1, p. 28-36, jan/abr 2010.

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