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Fichamento de Palestra (dia 11/05)

Tema: Crise Política em meio à Pandemia


Palestrantes: Profs.ª Thaís e Renata (CPTE)

Júlia Dias de Souza


RA: 22076
Turma: 2DD

1. Brasil e o Neoliberalismo

• Racionalidade Neoliberal – Conceito de Necropolítica do filósofo


camaronês Achille Mbembe: (a) Pandemia tem instrumentalizado o
processo de escolha de “quem vai morrer e viver”; (b) “Devir-negro do
mundo”; (c) Universalização do “processo de racialização” (domínio de
corpos considerados pelo neoliberalismo como indesejáveis).

• No Brasil, uma reflexão importante: Será que, de fato, a crise política


vivenciada atualmente nasceu durante a pandemia, em meio a uma crise
sanitária, ou será reflexo de uma crise permanente, que já ocorre há
aproximadamente 40 anos (desde a redemocratização do país),
antecessora de crises pontuais na conjuntura política?

• Resgate do contexto histórico de Industrialização tardia brasileira, do


liberalismo econômico de Adam Smith e a ideia de Laissez-faire.

• Agenda Neoliberal: desregulamentação de atividades públicas nos EUA


e na Inglaterra; no Brasil, alguns serviços essencialmente públicos
passam a ser de titularidade privada, ocorrendo uma transferência de
titularidade (“agências reguladoras” – ex.: ANS). Desse modo, percebe-
se um enxugamento do aparelho estatal com a consequente submissão
do poder político ao econômico.

• Contraditoriamente, o Brasil optou por políticas de caráter neoliberal


diante da crise do COVID-19, embora o momento exija uma intervenção
maior do Estado, enquanto garantidor dos direitos sociais fundamentais.

• Na literatura, o livro “A Peste”, de Albert Camus, retrata bem o momento


atual vivenciado pelo mundo: as pessoas começam a redimensionar a
função do Estado e das políticas públicas em meio à peste, no nosso
caso, ao vírus.

2. Sobre a Crise Institucional vivenciada durante a Pandemia

• Crise Institucional retratada principalmente na questão federativa:


presencia-se um Governo Federal omisso na edição de normas e
diretrizes gerais, que é de sua competência, e uma guerra política entre
o Presidente da República e os Governadores e Prefeitos quanto às
medidas implementadas para o combate ao Coronavirus;
simultaneamente, observa-se o P. Judiciário, representado pelo STF, em
consonância à defesa da autonomia dos entes federativos subnacionais.
• Lei nº. 13.979, de 2020: dispõe sobre medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional, decorrente do
coronavírus, responsável pelo surto de 2019.

• Decreto Legislativo Nº. 6, de 2020: reconhece a ocorrência do estado


de calamidade pública no Brasil.

• Necessidade de se implementar medidas eficazes e organizadas num


sistema de cooperação enquanto política pública nacional. No âmbito
estadual, há a tentativa dos Governadores de implementar uma
cooperação “horizontal”, isto é, entre os estados-membros → a maioria
deles tem seguido um alinhamento àquilo que a área técnica da saúde e
a OMS têm manifestado.

• MP nº. 926, de 2020: caberia ao Pres. da República dispor sobre serviços


públicos e atividades essenciais durante o período de calamidade.

3. Sobre o Estado de Calamidade e Direitos Fundamentais

• A CF prevê, no Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições


Democráticas), situações que permitem criar uma exceção ao Estado
Democrático de Direito, por exemplo, o Estado de Defesa e o Estado de
Sítio. A União utilizou-se do art. 136, CF/88, que dispõe sobre o Estado
de Defesa, em que prevê sua aplicação em locais atingidos por
“calamidade de grandes proporções” para decretar Estado de
Calamidade Pública, em estados como Maranhão e Rio de Janeiro.

• Qual o limite de se ter direitos fundamentais suprimidos, por


exemplo, a liberdade de ir e vir? (por exemplo, isolamento social,
lockdown, fechamento de comércios e rodízio de carros). Resp.: o limite
é aquele previsto na CF/88, pela qual pequenas restrições da liberdade
individual são permitidas, desde que sejam suficientes e atentem para a
finalidade e proporcionalidade da situação, em respeito à ponderação de
princípios constitucionais (liberdade individual X saúde pública).

• Legalidade Extraordinária (jurista Pedro Serrano): Na visão do jurista,


os mecanismos de estado de emergência e de calamidade pública -
instituído pelo Congresso - são suficientes para combater o coronavírus.
Portanto, o Estado segue submisso à legislação e deve criar o mínimo
possível de novas leis, não sendo preciso suspender a ordem vigente,
através de decreto de Estado excepcional, para permitir a ação dos
estados-membros de restringir parcela do direito à liberdade de
locomoção para tal fim.

4. Sobre Crime de Responsabilidade cometido pelo Pres. da República

• Crime de Responsabilidade (art. 85, CF/88 e Lei nº. 1079/50)


• Impeachment é uma forma de retirar os Chefes do Poder Executivo do
poder, quando estes cometerem tipos penais que ensejam crimes de
responsabilidade, conforme previsão legal.
• Processo essencialmente político: legitimidade para propor ação é
ampla, porém a admissibilidade é de competência da Câmara dos
Deputados e quem faz o julgamento do Presidente da República é o
Senado Federal.

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