O documento discute a crise política e institucional no Brasil durante a pandemia de COVID-19, analisando a racionalidade neoliberal e o enfraquecimento do Estado, as tensões federativas e a necessidade de cooperação entre os entes, e os limites dos direitos fundamentais durante estado de calamidade.
O documento discute a crise política e institucional no Brasil durante a pandemia de COVID-19, analisando a racionalidade neoliberal e o enfraquecimento do Estado, as tensões federativas e a necessidade de cooperação entre os entes, e os limites dos direitos fundamentais durante estado de calamidade.
O documento discute a crise política e institucional no Brasil durante a pandemia de COVID-19, analisando a racionalidade neoliberal e o enfraquecimento do Estado, as tensões federativas e a necessidade de cooperação entre os entes, e os limites dos direitos fundamentais durante estado de calamidade.
• Racionalidade Neoliberal – Conceito de Necropolítica do filósofo
camaronês Achille Mbembe: (a) Pandemia tem instrumentalizado o processo de escolha de “quem vai morrer e viver”; (b) “Devir-negro do mundo”; (c) Universalização do “processo de racialização” (domínio de corpos considerados pelo neoliberalismo como indesejáveis).
• No Brasil, uma reflexão importante: Será que, de fato, a crise política
vivenciada atualmente nasceu durante a pandemia, em meio a uma crise sanitária, ou será reflexo de uma crise permanente, que já ocorre há aproximadamente 40 anos (desde a redemocratização do país), antecessora de crises pontuais na conjuntura política?
• Resgate do contexto histórico de Industrialização tardia brasileira, do
liberalismo econômico de Adam Smith e a ideia de Laissez-faire.
• Agenda Neoliberal: desregulamentação de atividades públicas nos EUA
e na Inglaterra; no Brasil, alguns serviços essencialmente públicos passam a ser de titularidade privada, ocorrendo uma transferência de titularidade (“agências reguladoras” – ex.: ANS). Desse modo, percebe- se um enxugamento do aparelho estatal com a consequente submissão do poder político ao econômico.
• Contraditoriamente, o Brasil optou por políticas de caráter neoliberal
diante da crise do COVID-19, embora o momento exija uma intervenção maior do Estado, enquanto garantidor dos direitos sociais fundamentais.
• Na literatura, o livro “A Peste”, de Albert Camus, retrata bem o momento
atual vivenciado pelo mundo: as pessoas começam a redimensionar a função do Estado e das políticas públicas em meio à peste, no nosso caso, ao vírus.
2. Sobre a Crise Institucional vivenciada durante a Pandemia
• Crise Institucional retratada principalmente na questão federativa:
presencia-se um Governo Federal omisso na edição de normas e diretrizes gerais, que é de sua competência, e uma guerra política entre o Presidente da República e os Governadores e Prefeitos quanto às medidas implementadas para o combate ao Coronavirus; simultaneamente, observa-se o P. Judiciário, representado pelo STF, em consonância à defesa da autonomia dos entes federativos subnacionais. • Lei nº. 13.979, de 2020: dispõe sobre medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional, decorrente do coronavírus, responsável pelo surto de 2019.
• Decreto Legislativo Nº. 6, de 2020: reconhece a ocorrência do estado
de calamidade pública no Brasil.
• Necessidade de se implementar medidas eficazes e organizadas num
sistema de cooperação enquanto política pública nacional. No âmbito estadual, há a tentativa dos Governadores de implementar uma cooperação “horizontal”, isto é, entre os estados-membros → a maioria deles tem seguido um alinhamento àquilo que a área técnica da saúde e a OMS têm manifestado.
• MP nº. 926, de 2020: caberia ao Pres. da República dispor sobre serviços
públicos e atividades essenciais durante o período de calamidade.
3. Sobre o Estado de Calamidade e Direitos Fundamentais
• A CF prevê, no Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas), situações que permitem criar uma exceção ao Estado Democrático de Direito, por exemplo, o Estado de Defesa e o Estado de Sítio. A União utilizou-se do art. 136, CF/88, que dispõe sobre o Estado de Defesa, em que prevê sua aplicação em locais atingidos por “calamidade de grandes proporções” para decretar Estado de Calamidade Pública, em estados como Maranhão e Rio de Janeiro.
• Qual o limite de se ter direitos fundamentais suprimidos, por
exemplo, a liberdade de ir e vir? (por exemplo, isolamento social, lockdown, fechamento de comércios e rodízio de carros). Resp.: o limite é aquele previsto na CF/88, pela qual pequenas restrições da liberdade individual são permitidas, desde que sejam suficientes e atentem para a finalidade e proporcionalidade da situação, em respeito à ponderação de princípios constitucionais (liberdade individual X saúde pública).
• Legalidade Extraordinária (jurista Pedro Serrano): Na visão do jurista,
os mecanismos de estado de emergência e de calamidade pública - instituído pelo Congresso - são suficientes para combater o coronavírus. Portanto, o Estado segue submisso à legislação e deve criar o mínimo possível de novas leis, não sendo preciso suspender a ordem vigente, através de decreto de Estado excepcional, para permitir a ação dos estados-membros de restringir parcela do direito à liberdade de locomoção para tal fim.
4. Sobre Crime de Responsabilidade cometido pelo Pres. da República
• Crime de Responsabilidade (art. 85, CF/88 e Lei nº. 1079/50)
• Impeachment é uma forma de retirar os Chefes do Poder Executivo do poder, quando estes cometerem tipos penais que ensejam crimes de responsabilidade, conforme previsão legal. • Processo essencialmente político: legitimidade para propor ação é ampla, porém a admissibilidade é de competência da Câmara dos Deputados e quem faz o julgamento do Presidente da República é o Senado Federal.