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Resenhas 451

(p. 116), Theo Hermans (p. 122) bem humoradas. Estes capítulos
e Delabastita, José Lambert e (que vão da página 160 à 201)
Lieven D’hulst (p. 123). merecem ser lidos antes dos ou-
No capítulo 8, Pym tenta for- tros, porque simplesmente contêm
mular algo pessoal e aqui vemos o mais útil e mais sutil do livro, o
como ele é tão melhor para demo- que inclui uma amena defesa de
lir do que para construir algo pró- estudos não apenas culturais mas
prio. Sua proposta de “regimes”, interculturais.
conceito tomado do especialista em Resumindo, trata-se de um li-
política internacional John Ruggie, vro que todo interessado em estu-
para caracterizar projetos dos da tradução deveria ler, se bem
tradutórios históricos resulta em que cum grano salis. Uma boa
um aparato desnecessariamente medida para os leitores mais sen-
complicado e menos convincente síveis, que o estilo de Pym prova-
do que os conceitos de Toury, tão velmente irritará, é ler, ou reler,
convincentemente criticados no em seguida a este trepidante livro
capítulo anterior. O mesmo se pode o calmo – e quão mais sólido –
dizer de sua incursão um tanto clássico de Antoine Berman,
atabalhoada em terreno filosófico L’épreuve de l’étranger (Paris:
no capítulo 9, que tem por título Gallimard, 1984, reeditado em
nada menos que “Causes”. 1995): uma obra de minuciosa e
Depois de se perder na selva es- elegante reconstrução histórica,
cura, Pym retorna ao seu melhor que nos pode ajudar a medir de
modo nos capítulos 10, 11 e 12, forma mais acurada a importân-
que tratam respectivamente de cia, ou desimportância, relativa do
“Translators”, “Intercultures” e livro objeto desta resenha, a que
“Interdisciplinarity”. São páginas poucos mostrarão indiferença.
de leitura agradável e proveitosa, Walter Carlos Costa
cheias de achados e, novidade, UFSC

Impulsionada pelo forte desenvol-


Antologias Espanholas de Textos vimento da tradutologia ocidental
Clássicos sobre Tradução a partir da segunda metade deste
século, a historiografia da tradu-
ção redescobre em antigos e clás-
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sicos textos teóricos ou de refle- Cátedra.


xões sobre a tradução farto mate- Teorías de la traducción:
rial de pesquisa. Prólogos, prefá- antología de textos, Dámaso López
cios, introduções, leis, ensaios, co- García, editor. Cuenca: 1996,
mentários, críticas, dedicatórias e Ediciones de la Universidad de
cartas que tratam da tradução, Castilla-La Mancha.
abrangendo um largo período de El discurso sobre la traducción
tempo, desde o século I a.C. até en la história – antología bilingue,
os últimos anos deste milênio, são Francisco Lafarga, editor. Barce-
reunidos em coletâneas. Muitos dos lona: 1996, EUB.
textos são apresentados em sua ín- El tabaco que fumaba Plinio –
tegra, outros em excertos. Se por escenas de la traducción en
um lado estas antologias geralmen- España y América: relatos, leyes
te não intentam apresentar a evo- y reflexiones sobre los otros, Nora
lução da tradutologia através dos Catelli e Marietta Gargatagli. Bar-
textos selecionados, por outro ofe- celona: 1998, Ediciones del
recem a possibilidade de acesso Serbal.
fácil a grandes pensadores e pen- À parte alguns poucos textos
samentos sobre a tradução através que se repetem nestas obras - como
dos tempos. um de Cícero, um de Lutero, um
Os alemães e ingleses foram os de Luis Vives e mais alguns-, as
primeiros a organizar este tipo de seleções de textos são em sua mai-
obras: J. Störig, em 1973, publi- oria distintas e preciosas. “Segu-
ca Das Problem des Übersetzens; ramente la enumeración de todos
T. R. Steiner, em 1975, English los teóricos de la traducción sería
Translation Theory, 1650-1800. el cuento de nunca acabar”
Depois deles, surgem tais antolo- (Larbaud apud Vega, pg.13). Por
gias em vários outros países. Na isso, ao eleger dentre centenas de
Espanha, J. C. Santoyo publica, textos, os editores destas antolo-
em 1987, Teoría y crítica de la gias usaram critérios de seleção
traducción: antologías. E de 1994 tipo “humanista” (Vega, pg.14),
a 1998 aparecem neste país outras ou, “aquellos textos que muestran
quatro obras do gênero: más elocuentemente la forma de
Textos clásicos de teoría de la captar o definir a los otros en
traducción, Miguel Ángel Vega, nuestra cultura” (Catelli e
editor. Madrid: 1994, Ediciones Gargatagli, pg.19), ou, como ad-
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mite López García em seu prólo- Cícero (46 a.C.) até Larbaud
go, “los criterios de selección y (1913). Apresenta um índice
omisión no son siempre fáciles de onomástico.
explicar ni de resumir” (pg.23). El tabaco que fumaba Plinio –
O critério mais claro e coinci- escenas de la traducción en
dente destas antologias é a apre- España y América: relatos, leyes
sentação dos textos em ordem y reflexiones sobre los otros, de
cronológica. Nora Catelli e Marietta Gargatagli.
As principais características É a única dentre estas antologias
formais destas quatro antologi- que apresenta a cada um dos tex-
as espanholas podem ser assim tos com comentários e opiniões.
descritas: 446 páginas, com 77 textos, des-
Textos clásicos de teoría de la de Hasday Ben Saprut (século X)
traducción, de Miguel Ángel a Borges (1925). Inclui também
Vega. 358 páginas, com 72 auto- um índice onomástico.
res e 92 textos, de Cícero (46 a.C.) O conjunto destas antologias
a A. V. Fedorov (1983). Consta compõe seguramente um acervo
também de uma introdução de indispensável aos interessados e
mais de 50 páginas sobre a histó- estudiosos do tema, e os textos se-
ria da tradução no ocidente, 10 lecionados proporcionam em últi-
páginas de bibliografia e uma ta- ma análise conhecimentos sócio-
bela sinótica da história da tradu- culturais de como o Ocidente se
ção a partir do Renascimento. posicionou em distintos momen-
Teorías de la traducción: tos dos últimos 2000 anos frente a
antología de textos, de Dámaso problemas lingüísticos e políticos
López García. 624 páginas, com quando da necessidade de interação
58 autores e 69 textos, de Cícero entre poéticas e culturas, ultrapas-
(46 a.C.) a Gianfranco Folena sando as expectativas de Vega
(1973). Possui um índice analíti- (1994), para quem o objetivo de
co e outro onomástico. uma antologia dessa ordem é mos-
El discurso sobre la traducción trar “al traductor ya en activo o el
en la história – antología bilingue, que todavía se está formando” que
de Francisco Lafarga. É a primei- “lo que se dice en nueva
ra antologia bilingue, do gênero, fraseología y terminología es el
na Espanha, com 498 páginas, 40 heracliteano eterno retorno de la
autores e 45 textos, partindo de polémica: libertad/fidelidad,
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adaptación/traducción, imitación/ no repita los mismos errores”


versión … historia magistra (pg.14).
vitae”, e que “sepa de dónde Mauri Furlan
viene y adónde debe ir, para que UFSC

FIT, em Belgrado, que a sua Co-


Os Tradutores na História. missão para a História planejou
Organizado por Jean Delisle e uma obra que teria um escopo mais
Judith Woodsworth. São Paulo, limitado, não pretendendo ser um
Editora Ática, Tradução Sérgio estudo exaustivo da história da
Bath, 1998, pp. 359. tradução, mas um exame seletivo
e temático dos principais papéis
exercidos pelos tradutores ao lon-
go do tempo. É dentro deste pro-
A idéia deste livro surge em 1963, pósito que Os Tradutores na Histó-
durante o IV Congresso da Fede- ria proporcionam ao leitor um pa-
ração Internacional de Tradutores norama histórico, mas não crono-
(FIT), e o seu objetivo inicial era lógico, da tradução para a evolu-
muito ambicioso, pois o estudo ção e o progresso da humanidade.
proposto deveria cobrir não me- A presente obra é fruto de um
nos de 25 séculos, abrangendo to- trabalho coletivo, pois contou com
dos os continentes e centenas de a participação de vinte especialis-
línguas na tentativa de reescrever tas de várias partes do mundo, e
a história do mundo através do se articula em torno de nove te-
enfoque da tradução. Georges mas: Os tradutores e a invenção
Mounin, no seu Teoria e Storia dos alfabetos; os tradutores e o
della Traduzione (1965: 29), já desenvolvimento das línguas na-
alertava para o fato de ainda não cionais; os tradutores e a emer-
existir uma história da tradução gência das literaturas nacionais;
de todos os tempos e que esta se- os tradutores e a disseminação do
ria uma obra imensa visto que a conhecimento; os tradutores e o
tradução é uma atividade que sem- poder; os tradutores e a difusão
pre existiu. Porém os anos passa- das religiões; os tradutores e a
ram-se e foi somente em 1990, transmissão dos valores culturais;
no XII Congresso Mundial da os tradutores e os dicionários e

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