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súditos (elementos internos) padecem por ele não estar plenamente apto a
governar seu mundo. Há um desejo coletivo pela melhora do rei, a espera por
um milagre ou redenção. O rei, quando rapaz, feriu-se ao tentar provar um
salmão no espeto que encontrara por acaso e acaba queimando as mãos, pois
o peixe estava muito quente. Ao levar as mãos feridas à boca prova o gosto
sublime do salmão que não pôde comer. Isso o perturba. Ou seja, a ferida do
pescador é a mágoa por ter provado rapidamente de uma plenitude que não
conseguiu segurar nas mãos e que lhe causa hoje a angústia por tê-la de volta.
É a experiência da adolescência – o sentido de poder – que se perdeu e
buscamos a todo custo recuperar! O homem é muitas vezes levado a fazer
coisas estúpidas na tentativa de curar a ferida e suavizar o desespero que
sente. É como se buscasse uma solução inconsciente, fora de si próprio (na
religião, bebida, droga, relacionamentos, esportes radicais, etc), queixando-se
de seu trabalho, do casamento ou do lugar que tem no mundo. Pode até, nessa
fase, tentar encontrar uma outra mulher ou outro trabalho, o que na maioria das
vezes agrava o problema, pois a ferida ainda não foi curada e o rei não tem
condições de ser e de ter de forma apropriada e satisfatória! Tudo o que ele
atrai ressoa sua ferida profunda! Essa ferida reside no sentimento (ou dor) que
o desqualifica para a busca ou ganho daquilo que mais quer na vida. O objeto
da busca está diretamente relacionado à causa da busca. [Rogério, minha
busca por adolescente, está diretamente relacionado à imagem que gostaria de
ter e ser, mas que me sentia desqualificado para ser ou ter. Logo, atraio
relacionamentos impossíveis de se realizar ou rejeição]. Ironicamente, O Rei
Pescador preside à sua corte no Castelo do Graal, onde o Santo Graal - cálice
da Última Ceia (O PODER) - é guardado. A mitologia nos ensina que o rei que
governa nossa corte interior confere a ela e a todos os aspectos de nossa vida
o tom e o caráter. Se o rei está bem, estamos bem; se as coisas estão bem
dentro, também tudo estará bem fora. Com o Rei Pescador ferido presidindo à
corte interior do homem ocidental de hoje, podemos esperar muito sofrimento e
alienação.
PARSIFAL: menino tão insignificante que nem nome tem, o que significa que
nossa redenção, segundo o mito, vem do lugar menos esperado. O mito está
dizendo que é a parte inocente do homem que o curará de sua ferida-Rei-
Pescador. Sugere, assim, que se alguém pretende curar-se deverá
reencontrar algo no seu interior que tenha a mesma idade e a mesma
mentalidade de quando foi ferido. Encontramos na Bíblia: "A não ser que nos
tornemos criancinhas, não entraremos no Reino dos Céus". É humilhante para
um Rei Pescador depender de sua natureza-Parsifal para sua salvação, pois
seu orgulho é pisoteado com isso. O menino fica encantado com a passagem
dos cavaleiros do rei e resolve segui-los, iniciando sua jornada. A mãe tenta
detê-lo contando como foi terrível ao pai e irmãos essa jornada. Não cedendo
ao medo incutido pela mãe e resolve seguir viagem. Mas antes a mãe lhe dá
três conselhos que serão no futuro desastrosas, pois ao seguir os conselhos da
mãe, não consegue executar seu destino – curar a ferida do Rei Pescador.