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Nome da Revista O USO DOS INCENTIVOS FISCAIS DO ESTADO DE

Vol. , Nº. 0, Ano 2010 MATO GROSSO COMO INSTRUMENTO DE


COMPETIÇÃO DE MERCADO.

autor RESUMO
Jacqueline Campos Vieira
jacqueline@pasprojetos.com.br Este artigo discute á intervenção do governo na economia, como um
mecanismo de regulação das imperfeições do mercado realizando ajustes
econômicos de modo a direcionar os caminhos da economia. O governo
orientador utilizando de suas funções econômicas direciona políticas setoriais de
Luciano Rocha Passos desenvolvimento abrangendo regiões necessitadas de investimento e
luciano.passos@unianhanguera.edu.br criando meios para atrair novos empreendimentos oferecendo benefícios
através de programas de incentivos. Dentro deste contexto surge o
PRODEIC um programa de incentivos fiscais de Mato Grosso, que visa
promover a sustentabilidade dos negócios e desenvolvimento do estado,
assegurando a competitividade das empresas.

Palavras-Chave: Competitividade; Incentivos Fiscais; Mercado, Governo.

ABSTRACT

This article discusses the government intervention in the economy as a


regulatory mechanism of market imperfections making economic
adjustments in order to guide the paths of the economy. The government of
using its economic sectoral development politics directed spanning regions
in need of investment and creating ways to attract new businesses to offer
benefits through incentive programs. Within this context arises the
PRODEIC a tax incentive program in Mato Grosso, which aims to promote
the sustainability of business and development of the state, ensuring the
competitiveness of enterprises.

Keywords: Competitiveness; Tax Incentives; Market; Government.

Anhanguera Educacional S.A.


Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original / Informe Técnico / Resenha
Recebido em:
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2 O Uso dos Incentivos Fiscais do Estado de Mato Grosso Como Instrumento de Competição de Mercado

1. INTRODUÇÃO

Evidentemente Mato Grosso nos últimos anos apresentou um crescimento expressivo


de novas indústrias de diversos segmentos e a partir de então o setor industrial passou a
apresentar relevância econômica para o estado e os principais fatores que influenciaram este
desenvolvimento foram os incentivos concedidos pelo governo para as empresas que desejam
se instalar e investir nesta região.

Com a diferenciação do contexto econômico como já descrito, foi implementado em


2003, através da Lei nº 7.958 e regulamentado pelo decreto nº1.432/03 o Programa de
Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso (PRODEIC), com o objetivo
de atrair novos investimentos industriais, promovendo a diversificação das atividades
produtivas e estimulando as inovações tecnológicas com ênfase na geração de emprego e renda.

Sem dúvida nenhuma as empresas que optam em se instalar nesta localização e


usufruir dos benefícios obtidos por meio dos incentivos fiscais do programa obtêm uma
vantagem competitiva frente às concorrentes, tanto nacionais quanto internacionais, pois
podem produzir com custos menores e praticar preços mais atraentes ao mercado.

Conforme o exposto acima se constituiu objetivo deste trabalho analisar a importância


dos benefícios fiscais como impulsor de novos investimentos industriais para o estado de Mato
Grosso bem como a sua relevância no contexto econômico, mas principalmente identificar a sua
importância na competitividade das empresas por meio do uso deste incentivo.

O presente artigo foi dividido em três capítulos, o primeiro discorre sobre como o
governo pode intervir através de suas políticas fiscais para corrigir as imperfeições do mercado.
O segundo descreve o PRODEIC e como as empresas interessadas devem proceder para
usufruir o beneficio. O terceiro é discutido a importância do referido programa para aumentar a
competitividade das empresas matogrossenses.

2. A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

Este tema promove diversas discussões e controvérsias entre economistas de diferentes


bases teórico - analíticas, onde de um lado havia os favoráveis a intervenção como modo de
melhor alocar os recursos econômicos escassos e aplicá-los para os fins desejados de uma
sociedade, regulando assim as falhas existentes no mercado e de outro os adeptos a auto-
regulação, que analisavam que as forças competitivas da economia se encarregariam de fazer os
ajustamentos necessários a qualquer desequilíbrio sem interferência.

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Dessa forma, são três as correntes ideológicas que abordam este assunto: ortodoxa,
desenvolvimentista e evolucionista, e estes apresentam suas posições sobre a questão:
A perspectiva ortodoxa coloca em questão as fronteiras de atuação do Estado e do
mercado na promoção das atividades econômicas. A ótica desenvolvimentista prioriza o
poder econômico e produtivo das nações no contexto internacional. Na perspectiva
evolucionista o foco está na competência dos agentes econômicos em promoverem
inovações que transformem o sistema produtivo. (FERRAZ, DE PAULA, KUPFER, 2002,
p. 545).

Em síntese, desde as primeiras escolas econômicas se debatia está relação, sendo que os
mercantilistas mostravam-se a favor desta intervenção considerando que, o livre jogo de forças
do mercado não se auto-regulava e que em algum momento necessitariam ser guiados. De
outro lado o liberalismo de Adam Smith, culminava a “mão invisível” que explicaria a auto
regulação.

No fim dos anos 20 e meados da década de 30, Keynes aborda este tópico, sendo que o
governo passou de mero coordenador das atividades nacionais gerais, a uma situação de
capitalista. Através de medidas próprias o Estado realizava os ajustes econômicos, tomadas de
decisões de investimento, e de poupança, de modo a direcionar os caminhos da economia,
intervindo em sua estrutura.

Outrossim, para Keynes o sucesso do desenvolvimento de uma economia se deve a


complementaridade entre os dois agentes e não a afirmação de um deles, sobre este assunto o
autor aborda que:
Para Keynes deve haver uma complementaridade entre Estado e mercado: várias
atividades específicas do capitalismo exigem o estímulo ao ganho individual, cabendo
ao auto-interesse a determinação do que será produzido e em que proporção os fatores
de produção serão associados para realizar tal tarefa. Contudo, em determinadas
condições, o livre jogo de forças do mercado precisa ser refreado ou mesmo guiado. (DE
PAULA in SICSÚ, 2008, p. 218).

Ainda assim, pela ótica das falhas de mercado, a auto regulação provoca o
aparecimento de resultados econômicos não eficientes ou indesejáveis que não consegue
atender a toda sociedade e para tanto necessita da intervenção a fim de abranger um número
maior de usuários.

Portanto é pertinente citar que:


As falhas (externalidades, custos de transação, bens públicos, etc.) nos mostram de
forma cristalina que o mercado não consegue resolver todos os problemas relacionados
com a alocação dos escassos recursos de uma determinada sociedade. Em economias de
mercado, a ocorrência dessas falhas ou imperfeições fundamentam a atuação do Estado
na atividade econômica (LEMOS, 2010, p.1).

Logo está participação é um importante meio de conduzir a economia em vários


momentos visando corrigir as imperfeições. Destacando:

a) Oferta de Serviços Coletivos: É gerada pela insuficiente provisão do consumo dos bens
públicos, onde toda sociedade é beneficiada pela oferta destes, mas não é possível ser
preciso no rateio do custo pelo fornecimento do referido produto ou serviço, onde todos

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podem se beneficiar sem reduzir o seu valor aos outros;


b) Externalidades: Os efeitos externos provocados pelas externalidades surgem quando os
indivíduos ou empresas realizam ações e deixam de considerar os custos e benefícios
sociais desta, ressaltando a relevância somente dos custos e benefícios privados que frisa
o beneficio obtido pelo individuo que consome o bem e serviços, não levando em
consideração o impacto desse consumo para todos os indivíduos da sociedade,
explicando a necessidade da intervenção do Estado, idealizador de políticas e leis que
minimizam o impacto destas;
c) Monopólios Naturais: Estes acontecem quando somente uma empresa tem grande
capacidade de produção em escala, pois, quanto mais produzem menores se tornam os
custos unitários, produzindo com custos inferiores do que existiria se houvesse
concorrentes, em busca somente de lucros exorbitantes, sendo que cobram preços muito
acima de seus custos marginais, criando influências no mercado que busca preços
menores e melhora na qualidade que diminui devido os monopolistas não possuírem
mais incentivos para investir em inovação tecnológica, que visa na melhora de seus
produtos e serviços, restringindo o ganho de produtividade da economia.
d) Monopólios Institucionais ou estatais: Ocorrem principalmente em setores
considerados pelo governo como investimentos estratégicos ou de segurança nacional.

Assim também as intervenções do Estado em países emergentes eram necessárias,


devido o alto custo dos projetos de infra-estrutura para a iniciativa privada e a demanda de
tempo maior para sua implantação, por estes fatores o governo cumpria a sua função de
antecipar as obras acelerando o processo econômico e a geração de riqueza. Mas para alguns
estudiosos, tal participação não deveria perdurar por muito tempo, pois, a setor privado não
teria estímulo para aperfeiçoar as técnicas produtivas e com o intervencionismo perderia a
competitividade de seus produtos e serviços e o poder público poderia correr o risco de não
poder ter moral para exigir tais melhoras.

Dessa forma para que houvesse o desenvolvimento desses países o governo


monopolizou alguns segmentos, conforme citado:
Entre nós, porém, notadamente no inicio da fase de industrialização, a partir de 1950, o
Estado passou a fazer-se presente em todos os segmentos da economia. Substituiu a
iniciativa empresarial nos setores dos combustíveis, energia elétrica, siderurgia,
minérios, fertilizantes, transporte, armazenamento, telecomunicações, correios e até na
produção de armamentos e aviões. Passou a monopolizar o papel, aço, o açúcar e a
borracha sintética. Não satisfeito tornou-se proprietário de hotéis, canais de televisão e
poder concedente de estações de rádio. Monopolizou a extração de metais e minérios
estratégicos, explorando o transporte marítimo de cabotagem e longo curso, as
universidades, o ensino técnico e institutos de pesquisa e tecnologia agrícola, e dezenas
de outras atividades, traduzidas em centenas de entidades públicas, estatais,
paraestatais e economia mista (GASTALDI, 2005, p.438).

Para explicar ainda a intervenção do governo na economia, os teóricos definem as suas


três principais funções econômicas, sendo elas:

a) Função Alocativa: Está ligada a distribuição de bens e serviços ao qual o mercado não
consegue fornecer, denominados bens públicos que tem como característica principal a
não delimitação de usuários, ou seja, não os excluindo de seu consumo, logo, caso isso
não ocorra à presença do estado é necessária;
b) Função Distributiva: Para que haja justa distribuição de renda, o governo neste caso

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atua como um agente redistribuidor de renda, através de mecanismos de tributação e


impostos, retirando dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo para os
segmentos menos favorecidos;
c) Função Estabilizadora: Quando o sistema de preços não conseguem se auto regular,
o estado intervém como um instrumento que neutraliza os efeitos deste sobre a
produção e os níveis de preços, por meio de medidas fiscais, monetárias e cambiais.

Dessa forma o governo utilizando de suas funções econômicas direciona políticas de


desenvolvimento regionais para desenvolver regiões mais necessitadas de investimentos,
intervindo por meio de incentivos fiscais, proporciona melhora na infra-estrutura local e
regional entre outras.

3. O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL E COMERCIAL DE MATO


GROSSO - PRODEIC

O Governo visando corrigir as desigualdades regionais, vistas no Brasil em algumas


regiões como Norte, Nordeste e Centro – Oeste promove políticas setoriais de desenvolvimento
criando programas de Financiamentos e incentivos fiscais com o propósito de atrair novos
investimentos.

Em suma o estado de Mato Grosso está localizado na região Centro-Oeste, que se


encontra em pleno crescimento econômico, considerado o celeiro do agronegócio um dos
principais produtores e exportadores de soja, algodão e gado de corte, passando a ser visto por
empresários de outros estados como um centro de investimento “lucrativo”.

Dessa forma, Mato Grosso sempre foi reconhecido pelo agronegócio e o setor industrial
durante muito tempo não apresentava relevância econômica. Com a implantação do Programa
de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso, este cenário começou a
mudar, pois, as vantagens tributárias deste incentivo visam promover a entrada de novos
investimentos industriais e contribuir para a melhoria da competitividade, por meio da
diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), inclusive àqueles
relativos à entrada de insumos da produção e da aquisição de bens do ativo imobilizado.
O PRODEIC foi criado em 2003 e tem como objetivo contribuir para a expansão,
modernização e diversificação das atividades econômicas, estimulando a realização de
investimentos, a inovação tecnológica das estruturas produtivas e o aumento da
competitividade estadual, com ênfase na geração de emprego e renda e na redução de
desigualdades sociais e regionais, por meio da redução do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). (SECOM, 2006, p.1)

Ainda sobre o potencial do estado frente aos futuros investimentos industriais o


Secretário de Indústria e Comércio, Minas e Energia (SICME), comenta que:

[...] atribui os investimentos ao atrativo que o Estado apresenta em relação a outras


unidades da federação, que além dos incentivos fiscais tem matéria-prima em
abundância, principalmente as ligadas ao agronegócio. "Mato Grosso tem uma condição
diferenciada. Prova disso é o crescimento de 57,7% no Produto Interno Bruto (PIB)

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entre 2003 e 2008, que passou de R$ 27,889 bilhões para R$ 44 bilhões" (MT E SEUS
MUNICÍPIOS, 2010, p.1).

Como citado Mato Grosso, por meio deste beneficio promove o crescimento do setor
industrial, fazendo com que muitas empresas busquem se enquadrar e para tal devem atender
algumas condições, dentre elas:

a) Estabelecer-se dentro do território Mato-Grossense;


b) Estar regular junto aos órgãos de fiscalização e controle ambiental;
c) Utilizar matéria - prima e mão – de – obra local;
d) Promover programas de qualificação profissional;
e) Ter programa de participação de lucros para funcionários;
f) Participar do Programa Primeiro Emprego.

Em resumo para a empresa pleitear os incentivos do referido programa, encaminhará


ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial (CEDEM), uma carta-consulta que
explana as informações importantes a cerca do empreendimento, demonstrando a sua
viabilidade e importância para o desenvolvimento do estado, que após sua análise e aprovação
publicará no Diário Oficial do Estado (DOE), para que a empresa usufrua dos benefícios. Para
consolidar o acesso aos incentivos será assinado um termo de acordo entre empresa e o governo
do estado, estabelecendo as regras para seu atendimento.
O Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (PRODEIC) atraiu 484
empreendimentos para Mato Grosso nos últimos 6 anos. Estas empresas investiram
R$10,7 bilhões, o que gerou 100.152 empregos diretos e 300.304 indiretos. É importante
destacar que este valor é investido pelas empresas que tem como incentivo o desconto
no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Até receber
o incentivo concedido pelo Governo, a empresa passa por várias etapas, entre elas a
apresentação de uma carta consulta e o planejamento de implantação da unidade. Cada
etapa é acompanhada de perto pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial
(Cedem) formado por representantes de 19 entidades. Os conselheiros se reúnem sempre
na última terça-feira de cada mês (GAZETA DIGITAL, 2010, p.1).

É necessário frisar também que a distribuição dos incentivos tributários leva em


consideração beneficiar todas as regiões do estado abrangendo o maior número de municípios
possíveis, oferecendo oportunidades para as empresas que possuem como atividade principal
“Fabricação”, ou seja, que se enquadra como indústria ao instalar ou implantar filiais, ampliar,
modernizar ou reativar suas plantas industriais no estado de Mato Grosso.

Finalmente as empresas incentivadas pelo PRODEIC deverão destinar sobre o


montante do beneficio 4% para o Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado
de Mato Grosso (FUNDEIC), para financiamento de micro e pequenas empresas visando à
ampliação da cadeia produtiva, e 1% ao Fundo de Desenvolvimento Desportivo e Lazer do
estado de Mato Grosso (FUNDED), para aumento das atividades esportivas do estado.

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4. O USO DO PRODEIC COMO INSTRUMENTO DE COMPETITIVIDADE NAS


EMPRESAS DE MATO GROSSO

Em busca de alternativas para se manter no mercado frente à globalização, empresas


tendem a agregar maior valor do que os concorrentes no mesmo produto, primando o sucesso
corporativo a atitude de ser competitivo vem se intensificando em um cenário de necessidade
de inovações.

Ê por isso que, segundo Ferraz (1997, p. 03), “a competitividade é a capacidade da


empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou
conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.

Nota-se por outro lado, que ao conceituar a competitividade é possível verificar que
não adianta as empresas adotarem as mesmas atitudes que as concorrentes frente às
transformações do seu setor somente em busca da satisfação dos clientes é necessário ter
posição exclusiva e valiosa de diferenciação como estratégia e a partir de um planejamento
abranger o tipo de público-alvo a ser conquistado.

Constantemente em busca de melhor posição as empresas devem estar atentas as


mudanças de cenário e as novas oportunidades, sendo que a visão futura torna-se fundamental
para serem competitivas, investindo cada vez mais em capital humano. Conforme Hamel e
Prahalad (1997), a competição não esta baseada apenas no presente, ela deve ser vista como a
competição pelo futuro, onde a competição é avaliada pela participação nas oportunidades e
não apenas pela participação do mercado. Neste sentido torna-se fundamental que a
organização desenvolva fortemente seu capital intelectual.

De acordo com Porter (1990), a vantagem competitiva surge do valor que a empresa
consegue criar para seus clientes e que este valor ultrapasse o custo de fabricação. Existem dois
tipos básicos de vantagem competitiva, a liderança de custo e a diferenciação. Já segundo
Hamel e Prahalad (1997), a competitividade não é apenas a nível de produto versus produtos
ou negócios versus negócios e sim entre empresas. Com esta visão, Ferraz (1997), coloca que a
competitividade entre as empresas depende da capacidade delas conseguirem se aproximar de
seus clientes e fornecedores, a fim de desenvolverem produtos e compartilharem informações e
tecnologias.

Logo é fundamental para as empresas obter concorrência elaborar estratégias


competitivas na cadeia de valores desde os fornecedores até os compradores. Porter (1991),
analisa a estratégia competitiva como uma das atividades essenciais para as organizações
obterem uma posição lucrativa no mercado o qual estão inseridas.

É necessário frisar também que:

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A vantagem competitiva pode ser obtida de diversas fontes, em geral estão relacionadas
às especificações dos produtos, ao processo de produção, às vendas, à gestão, às escalas
produtivas, aos tamanhos dos mercados, às relações com fornecedores e usuários, aos
condicionantes da política econômica, ao financiamento da empresa ou de sua clientela,
às disponibilidades de infra-estrutura, a aspectos de natureza legal, entre outras
(FERRAZ, 1997, p. 09).

Neste sentido, dentre as atribuições que o programa exige para as empresas se


enquadrem, os benefícios concedidos por meio de incentivos fiscais, visa oferecer vantagem
competitiva garantindo a sustentabilidade dos negócios e desenvolvimento do estado.

Assim também por meio dos benefícios fiscais o governo assegura a competitividade
das empresas ao se instalarem no estado, exigindo das mesmas a reciprocidade, com produtos
de qualidade, busca de novas tecnologias modernizando as atividades produtivas, favorecendo
a geração de emprego e renda com qualificação profissional. Com os incentivos adquiridos as
empresas, por exemplo, poderão praticar preços mais atraentes ao mercado, até mesmo
concorrendo com produtos importados em muitos casos.

Outra questão importante que melhora a imagem da empresa perante mercado a ser
destacada na competitividade é o desafio do desenvolvimento sustentável ligada às políticas
ambientais do estado, este processo cria um circulo virtuoso, onde as empresas empregam
modelos de gestão ambiental que garantem seus padrões de excelência, e acabam por também
exigir o mesmo de seus fornecedores, a fim de construir uma cadeia produtiva segura e
ambientalmente correta que atenda a legislação local.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir afirmando que as empresas se manterem competitivas frente às imperfeições


do mercado tendem a buscar alternativas que diminuam seu custo de produção e agregam
valor ao produto, visando o alcance de resultados expressivos e promissores.

Neste sentido as empresas cada vez mais destinam seus investimentos para regiões que
oferecem benefícios, como os incentivos fiscais, para se instalarem e assim garantir condições
que aumentam a sua competitividade. O estado de Mato Grosso em busca de diversificação de
negócios criou em 2003 o PRODEIC, que são benefícios concedidos por meio de incentivos
fiscais, focando a atração de novos investimentos industriais. Este oferece às empresas
beneficiadas vantagens competitivas, pois, estimula as inovações tecnológicas modernizando as
atividades produtivas com ênfase na geração de emprego e renda com qualificação profissional
e agregando valor aos seus produtos.

Dessa forma o Estado acaba interferindo na economia, pois, estimula o descolamento do


desenvolvimento econômico regional para regiões menos favorecidas. A intervenção, realizada

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desta forma mostra-se benéfica, tanto para a região favorecida, mas, sobretudo as empresas
favorecidas que melhoram seu desempenho com o apoio dos benefícios.

Assim, como se pode avaliar o Estado e iniciativa privada podem caminhar juntos na busca do
desenvolvimento econômico, como afirmado por Keynes.

REFERÊNCIAS
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keynesiana com uma referência ao Brasil. SICSÚ, J.; VIDOTTO, C. Economia do Desenvolvimento: Teoria
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Jacqueline Campos Vieira

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