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RELATÓRIO TÉCNICO

EMBARCAÇÕES DE SUSTENTAÇÃO DINÂMICA

COV762 – Projeto de Embarcações de Sustentação Dinâmica

Professor: Richard David Schachter


Aluno: Rogerio de Assis Dias Guahy

RIO DE JANEIRO

2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 2
2 Embarcações de sustentação dinâmica ..................................................... 2
2.1 EMBARCAÇÕES PLANADORAS ........................................................ 2
2.2 CATAMARÃ DE PEQUENA LINHA D’ÁGUA (SWATH) ....................... 3
2.3 VEÍCULOS COM ASAS EM EFEITO SOLO (WIG) .............................. 4
2.4 AEROBARCOS .................................................................................... 5
2.5 EMBARCAÇÕES DE SUSTENTAÇÃO AEROSTÁTICA ...................... 6
2.5.1 NAVIOS DE EFEITO DE SUPERFÍCIE (SES) - HOVERMARINE . 6
2.5.2 VEÍCULOS A COLCHÃO DE AR (ACV) - HOVERCRAFT ............. 8
3 ANÁLISE COMPARATIVA ......................................................................... 9
4 CONCLUSÃO .......................................................................................... 10
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO

O presente relatório apresenta de forma resumida as principais


características das embarcações de sustentação dinâmica, seu princípio de
funcionamento, suas vantagens e desvantagens e alguns empregos. Também é
feita uma análise comparativa das diversas características de desempenho dos
tipos de embarcação descritos, a fim de possibilitar a identificação preliminar das
concepções mais adequadas a uma dada missão especificada nos requisitos
iniciais de projeto.

2 EMBARCAÇÕES DE SUSTENTAÇÃO DINÂMICA

Embarcações de sustentação dinâmica são embarcações de superfície de


elevado desempenho, que operam na interface ar/água ou próximo a esta,
utilizando-se dos fenômenos hidrodinâmicos ou aerodinâmicos para obter a
maior porção da sua força de sustentação no meio fluido onde se desloca.
Esta concepção de embarcação originou-se da necessidade do
desenvolvimento de elevadas velocidades, mantendo-se a segurança da
embarcação por meio do seu bom comportamento em onda. A ideia básica
consiste então em fazer com que uma considerável área de casco saia da água,
a fim de proporcionar uma menor resistência ao deslocamento da embarcação.

2.1 EMBARCAÇÕES PLANADORAS

As embarcações planadoras possuem uma sustentação predominantemente


hidrodinâmica, fenômeno este que é explicado pela teoria de escoamento das
placas planas, conforme a qual, ao se atingir uma certa velocidade de avanço
gera-se uma sustentação dinâmica de magnitude suficiente para desconsiderar
a sustentação estática. Este tipo de embarcação possui um largo emprego
militar, em recreação e esporte.

i) Vantagens:

 Menor consumo de combustível em relação a outras


embarcações de sustentação dinâmica;
 Menor custo de construção e manutenção;
 Menor complexidade de construção e manutenção;
 Independe de infraestrutura portuária sofisticada para operar;
 Boa qualidade aerodinâmica;
 Boa operacionalidade no modo hidrostático;
 Simplicidade de concepção.

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ii) Desvantagens:

 Deficiência de estabilidade dinâmica nas altas velocidades;


 Perda de velocidade em ondas de baixa frequência;
 Menor capacidade de carga;
 Desenvolvimento de menores velocidades em relação aos
demais tipos de embarcação de sustentação dinâmica.

Figura 1 - Embarcação tipo WIG, modelo 1325 -1P

2.2 CATAMARÃ DE PEQUENA LINHA D’ÁGUA (SWATH)

Os SWATH, embora não se enquadrem especificamente como


embarcações de sustentação dinâmica, visto que possuem somente
sustentação hidrostática e desenvolvem velocidades máximas de até 30 nós,
conseguem obter baixa resistência ao avanço, pois apresentam uma pequena
linha d’agua devido ao seu casco bastante afilado, assemelhando-se a um
torpedo.

i) Vantagens:

 Excelente comportamento em onda em todo estado de mar;


 Excelente comportamento em mar, quando parado;
 Baixa assinatura de vibração e ruídos;
 Plataforma com grande superfície.

ii) Desvantagens:

 Maior resistência friccional;


 Reduzida área de operação devido ao grande calado;
 Grande sensibilidade à variação de peso;
 Complexidade estrutural;

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 Necessidade de sempre operar com um mínimo de trim;
 Estabilidade em avaria deficiente;
 Dificuldade para instalação dos motores;
 Instabilidade de heave e pitch.

Figura 2 - Embarcação tipo SWATH

2.3 VEÍCULOS COM ASAS EM EFEITO SOLO (WIG)

Veículos com asa em efeito solo são veículos mais pesados que o ar, com
propulsão própria e projetados para operar nas proximidades de uma superfície
que esteja abaixo do mesmo, principalmente superfícies líquidas, utilizando
como forma de sustentação a sustentação aerodinâmica e o aproveitamento do
fenômeno de efeito solo. Sob a ótica naval, também são classificados como
embarcações, no entanto, quando operando seguem regras das autoridades
marítimas como a IMO e das autoridades aeronáuticas, como a FAA.
Existem algumas características que contribuem para diferir os veículos com
asa em efeito solo dos hidroplanos, dentre as quais cita-se a pequena razão de
aspecto, o largo uso de endplates, o emprego de mecanismos especiais para
auxiliar a decolagem e/ou o pouso, o emprego de um estabilizador horizontal
com posição elevada que o mantém fora da influência do efeito solo e dos
escoamentos provenientes da asa, a não necessidade de pressurização interna
das cabines e principalmente o fato de operar a baixíssimas alturas de voo, bem
próximo à uma superfície.
Há diversas concepções e respectivas nomenclaturas para os veículos com
asa em efeito solo, conforme as suas características específicas. Inicialmente, o
termo RAM Wing foi empregado para designar de forma generalizada os
primeiros veículos que utilizavam o princípio do efeito solo. Neste relatório,
considera-se a concepção denominada WIG (Wing in Ground Effect), que é a
mais utilizada atualmente.

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i) Vantagens:

 Capacidade de manobra nos planos horizontal e vertical;


 Pode operar em aguas rasas com bancos de areia;
 Independe de infraestrutura portuária sofisticada para operar;
 Capacidade de desenvolvimento de elevadas velocidades;
 Menor exposição a detecção radar;
 Menor custo de manutenção e operação, em relação a
aeronaves;
 Excelente relação sustentação/arrasto (L/D) devido ao efeito
solo;
 Baixa complexidade em relação a aeronaves;
 Facilidade de transpor objetos flutuantes.

ii) Desvantagens:

 Impossibilidade de operar em regiões habitadas;


 Vulnerabilidade a condições de baixa visibilidade;
 Requer maior grau de adestramento da tripulação;
 Dificuldades de projeto em relação a determinação da
estabilidade longitudinal.

Figura 3 - Embarcação tipo WIG, modelo 1325 -1P

2.4 AEROBARCOS

Os aerobarcos são veículos hidrofólios que, por meio de superfícies


hidrodinâmicas denominadas fólios, que ao serem atravessados por um
escoamento hidráulico, geram sustentação dinâmica. Existem dois tipos de
aerobarcos, os de folio submerso (concepção criada pela Boeng, que opera até
50 nós) e os de fólio secante.

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Os fólios possuem um perfil hidrodinâmico e se unem ao casco da
embarcação por meio de hastes estruturais. Ao atingir determinada velocidade,
a força de sustentação gerada pelos fólios se torna superior ao peso da
embarcação, resultando na elevação do casco e o seu descolamento da agua.
O sistema de folio submerso necessita de um sistema ativo de controle dos
movimentos, o que o torna bastante oneroso em relação ao sistema de fólio
secante.

i) Vantagens:

 Capacidade de operação em regiões de menores calados;


 Bom comportamento em onda;
 Boa manobrabilidade;
 Capacidade de desenvolvimento de elevadas velocidades.

ii) Desvantagens:

 Limitações de tamanho;
 Limitações de capacidade de carga;
 São vulneráveis ao impacto de onda, quando operando em
aguas agitadas.

Figura 4 – Embarcação tipo aerobarco.

2.5 EMBARCAÇÕES DE SUSTENTAÇÃO AEROSTÁTICA

2.5.1 NAVIOS DE EFEITO DE SUPERFÍCIE (SES) - HOVERMARINE

Este tipo de embarcação de sustentação dinâmica levanta seus cascos


laterais por meio de colchões de ar, o que reduz a formação de onda. Estes
colchões de ar estão contidos em compartimentos parcialmente flexíveis. É,

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portanto, um sistema que faz uso do colchão de ar e de dois cascos para gerar
a sus sustentação. Ao utilizar o colchão de ar, uma pequena parte do casco ainda
permanece na agua. Quando o colchão é desativado, a sustentação da
embarcação fica a cargo exclusivamente da força de empuxo.
Como sistema de propulsão, normalmente utilizam hidrojatos, porém
também podem utilizar hélices.
A passagem de ondas entre os cascos, faz com que haja um bombeamento
dessas ondas dentro do colchão de ar, induzindo movimentos verticais na
embarcação. Efeito este que é minimizado nas embarcações de maior
comprimento.
Este tipo de embarcação pode atingir até 100 nós, porém, acima de 60 nós,
o efeito de cavitação dos hélices ou dos jatos d’agua afetam significativamente
a eficiência do sistema de propulsão.

i) Vantagens:

 Capacidade de desenvolvimento de elevadas velocidades;


 Capacidade de transporte de elevadas cargas;
 Maior estabilidade direcional em relação aos hovercrafts;
 Possibilidade de operação em regiões de menores calados;
 Proporciona bom rendimento ao sistema propulsivo;
 Flexibilidade para operar de dois modos: uso do colhão de ar
(maior velocidade) ou sem o colchão de ar (maior autonomia).

ii) Desvantagens:

 Criticidade do seakeeping;
 Necessidade de um sistema ativo de insuflamento ao opera em
elevadas velocidades;
 Elevado custo de manutenção;
 Elevado custo de fabricação.

Figura 5 – Navio de Efeito de Superfície – SES-200.

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2.5.2 VEÍCULOS A COLCHÃO DE AR (ACV) - HOVERCRAFT

Os ACV são embarcações que, tal como os SES, também bombeiam ar para
dentro de um colchão, porém, possuem uma camisa flexível em torno da periferia
do colchão. Durante a sua operação, esta camisa praticamente isola a
embarcação da superfície d’agua, não havendo nenhum apêndice sobre a agua,
o que também possibilita uma operação em terra.

i) Vantagens:

 Facilidade de embarque de carga e passageiros;


 Capacidade de desenvolver altas velocidades;
 Capacidade de operação anfíbia;

ii) Desvantagens:

 Baixa estabilidade direcional;


 Necessidade de um complexo sistema de direcionamento para
operar em sincronia com a propulsão;
 Baixo nível de conforto, devido às elevadas acelerações
verticais desenvolvidas;
 Elevado custo de manutenção;
 Elevado custo de viagem (combustível);
 Elevado custo de fabricação.

Figura 6 – Embarcação tipo Hovercraft.

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3 ANÁLISE COMPARATIVA

Considerando-se a tabela comparativa apresentada em aula, onde diversas


características dos vários tipos de embarcação de alto desempenho são
elencados e classificados, elaborou-se a Tabela 1 apresentada a seguir, onde,
para cada um dos nove critérios considerados atribuiu-se um valor para cada
tipo de embarcação avaliado, conforme um intervalo de valores que varia entre
7 e 1, onde 7 significa que o emprego daquele tipo de embarcação é
recomendável para satisfazer o critério e 1 significa que não é recomendável. Os
valores intermediários deste intervalo foram estabelecidos conforme o código de
cores apresentado na tabela comparativa apresentada em aula.

Tabela 1 – Tabela comparativa (Embarcações de Alto Desempenho)


Embarcações de alto desempenho – Quadro comparativo
Sustentação Hidrostática Hidrostática Hidrodinâmica Hidrodinâmica Aerostática Aerodinâmica Hidrostática
Tipo Deslocamento Semi- deslocamento Planeio Aerobarco Sust.Aerostática
WIG SWATH
Casco Mono Mult. Mono Mult. Mono Mult. Mono Mult. ACV SES
f(LWL) f(LWL) 30 30 30/45 30/45 45/50 45/50 60/80 60/90 >200 35
1 Velocidade (nós)
2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 4
Comportamento em
2 6 4 6 4 5 3 7 7 2 3 1 7
mar alto
3 Capacidade de carga 7 5 6 4 4 3 4 4 7 7 2 3
4 Manobrabilidade 3 7 4 7 6 7 7 7 5 3 6
5 Área de convés 3 7 3 7 3 7 3 7 6 7 2 7
6 Custo 7 5 6 4 5 4 4 3 3 2 3 4
7 Manutembilidade 7 6 7 5 5 4 3 3 2 2 3 3
8 Consumo 7 6 7 5 3 3 4 4 2 2 3 3
9 Proa dupla 7 7 7 7 1 2 1 1 7 2 1 3
Recomendado=7; Não
49 49 49 46 36 37 38 41 35 36 25 40
Recomendado=1

Tabela 2 - Score
Tipo embarcação Score
Desloc. mono 49
Desloc. mult 49
Semi-desloc. mono 49
Semi-desloc. multi 46
Planeio mono 36
Planeio multi 37
Hidrofoil mono 38
Hidrofoil multi 41
ACV 35
SES 36
WIG 25
Figura 7 – Score por tipo de embarcação
SWATH 40

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4 CONCLUSÃO

Observando-se a Tabela 2, verifica-se que, embora não sejam


classificadas como embarcações de alto desempenho, as embarcações
convencionais de deslocamento, juntamente com as de semi-deslocamento
monocasco obtiveram a maior pontuação (49), segundo o critério de avaliação
adotado. Dentre as embarcações de alto desempenho, verifica-se que os
aerobarcos multicasco obtiveram a melhor pontuação (41), seguidos pelas
embarcações tipo SWATH, que obtiveram pontuação (40). Os WIG, embora se
destaquem no quesito velocidade, obtiveram a menor pontuação 25).
Cabe ressaltar que o estudo comparativo acima apresentado é bastante
generalizado, requerendo-se para uma especificação efetiva do tipo de
embarcação a ser selecionada em um projeto, conhecer detalhadamente a
missão na qual será empregada.

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BIBLIOGRAFIA

AZEVEDO, GUILHERME DE MATOS; SCHACHTER, RICHARD DAVID.


Relatório técnico: Estudo comparativo de embarcações de alto
desempenho – Recomendações de aplicabilidade em função de suas
missões. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2006.

DU CANE, PETER. High Speed Small Hard Hardcover. April, 1974.

HALLORAN, MICHAEL; O’MEARA, SEAN. Wing in Ground Effect Craft


Review. 76 f. DSTO Aeronautical and Maritime Research Laboratory. Australia:
1999.

ROZHDESTVENSKY, KIRILL V. Wing-in-ground Effect vehicles. Saint-


Petersburg State Marine Technical University, Lotsmanskaya 3, Saint-
Petersburg, 2006.

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