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Projeto Vitória Musical - caminhos para a implementação curricular do

ensino de música na Rede Municipal de Ensino de Vitoria (ES).

Resumo: O artigo relata as experiências que vêm sendo desenvolvidas no âmbito da


Secretaria Municipal de Educação de Vitória (ES), no que refere à implementação curricular
do ensino de musica nas escolas municipais (educação infantil e ensino fundamental –
incluindo a educação de jovens e adultos), por meio da implantação do “Projeto Vitoria
Musical”. No texto, são apontadas as ações desenvolvidas a partir de 2005, descrevendo e
refletindo sobre as concepções norteadoras, os princípios teórico-metodológicos, os eixos de
trabalho e os resultados alcançados até este momento, maio de 2010. O relato é finalizado
apontando os desafios e as perspectivas que surgem com a aprovação da Lei 11.769/08. O
artigo traz reflexões importantes que podem contribuir para a implementação do ensino de
música nas escolas regulares brasileiras.
Palavras-chave: educação básica; ensino de música; implementação curricular.

1. Introdução

A aprovação da Lei 11.769/08, que alterou o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional (LDBEN nº 9394/06), tornando o ensino de música obrigatório em
todos os níveis da Educação Básica (BRASIL, 2008a), tem disparado o surgimento de ações
na área de Educação Musical em diferentes Estados e Municípios brasileiros.
No entanto, segundo Penna (2004), a inserção do ensino de música nas escolas
regulares já era potencialmente possível desde 1996 com a nova LDBEN nº 9.394, que deu
autonomia aos estabelecimentos de ensino para decidirem dentre as modalidades artísticas
(música, artes visuais, teatro, dança) quais seriam contempladas em seus currículos.Portanto
as experiências com vistas à inserção de aulas de música nas redes de ensino já começaram
antes mesmo da aprovação da Lei 11.769/08, e ganharam novo fôlego com a nova legislação.
Neste sentido, este artigo apresenta o processo de elaboração e implantação do
Projeto de Educação Musical: “Vitória Musical”, que vem sendo desenvolvido desde 2005, no
município de Vitoria (ES), apontando os princípios teórico-metodológicos, os eixos de
trabalho, as ações desenvolvidas e os resultados alcançados até este momento (maio de 2010).

2. Histórico: da constituição da Equipe de Educação Musical à


elaboração da proposta de atuação

Em novembro de 2005 a Prefeitura Municipal de Vitória abriu concurso para quatro


vagas destinadas a professores licenciados em música, cujo local de atuação seria o órgão
central da Secretaria Municipal de Educação (SEME). O trabalho destes profissionais teria
como objetivo formular uma proposta de educação musical para as escolas públicas do
município. Dessa forma, foi constituída a Equipe de Educação Musical da SEME.
Ao assumirem seus postos de trabalho, em 2006, estes profissionais buscaram
conhecer a realidade do Sistema Municipal de Ensino de Vitória, em seus aspectos gerais, e
especificamente os projetos de educação musical. Assim, foram desenvolvidas ações que
incluíam: a constituição de parcerias com assessores/formadores da SEME (que permitiram a
participação da Equipe de Educação Musical nas formações continuadas de todas as áreas de
conhecimento); o desenvolvimento de atividades e projetos musicais de curta duração nas
escolas, e; a realização de um levantamento sobre a situação do ensino de música nas escolas
do município.
O referido levantamento foi realizado por meio de questionários, que foram enviados
a todas as unidades de ensino. O mesmo buscou investigar: 1) a presença de projetos
específicos de música nas escolas municipais; 2) a utilização da música na prática pedagógica
dos professores; 3) a formação ou experiência musical dos professores em geral, e; 4) o
interesse dos docentes em participarem de formações em música.
A pesquisa apontou que os professores, principalmente os unidocentes, contemplam
a música em sua prática pedagógica, apesar de não possuírem, em sua maioria, uma formação
específica na área. Também foi constatada uma enorme demanda por formações na área de
música e a existência de vários projetos específicos de educação musical.
Ao final de 2006 a Equipe de Educação Musical concluiu a elaboração do
“Documento Norteador da Proposta de Atuação da Equipe de Educação Musical”. Este
documento apresenta os princípios, as ações e as concepções que subsidiariam a proposta de
educação musical que se pretendia implementar no município, um resgate histórico da
educação musical no Brasil e a legislação da mesma, e um levantamento de propostas de
ensino de música desenvolvidas em estados e municípios brasileiros (VITÓRIA, 2006).
Estas informações permitiram uma visão ampla do histórico da educação musical
brasileira, o que ajudou a orientar a elaboração das propostas e a evitar erros do passado, uma
vez que, pela inexistência de uma tradição de ensino musical nas escolas regulares de Vitória
(como no Brasil de forma geral) poderiam surgir idéias equivocadas a respeito dos conteúdos,
objetivos e funções dessa área de conhecimento.
Assim, buscou-se deixar claro no documento o papel que a música deve
desempenhar na escola regular, bem como suas funções e valores sociais, para que o seu
retorno à escola acontecesse de uma forma lúcida e fundamentada.
Neste sentido, o documento que norteia os projetos desenvolvidos até o presente
momento, 2010, apresenta concepções e referenciais que conduzem ao entendimento de que a
música é uma linguagem artística socialmente construída, sendo assim, socialmente
aprendida, através da interação entre sujeitos sócio-históricos (PENNA,1991). Esta afirmação
é complementada por Loureiro, quando aponta que

Qualquer pessoa pode aprender música e se expressar através dela, desde


que sejam oferecidas condições necessárias para a sua prática. Quando
afirmamos que qualquer pessoa pode desenvolver-se musicalmente,
consideramos a necessidade de tornar acessível, às crianças e aos jovens, a
atividade musical de forma ampla e democrática. (LOUREIRO, 2004, p.66)

Além das idéias acima referidas, o documento apontava que o aprendizado musical
deve ser entendido como um processo que se inicia no convívio familiar e se desenvolve
durante toda a vida em diferentes espaços e contextos, por meio de vivências e contatos
cotidianos com a música. Embora reconheçamos a importância destes processos não-formais
de musicalização, entendemos que os mesmos não são equivalentes para todos os sujeitos,
pois de acordo com Penna (1991), eles dependem de condições socioculturais individuais.
Assim, apontamos, em concordância com diferentes autores (LOUREIRO, 2004; PENNA,
1991; QUEIROZ, MARINHO, 2007), que a educação musical é fundamental para a formação
integral do indivíduo e desta forma, deve estar presente na escola pública, que por sua
abrangência é o espaço ideal para promover o acesso ao ensino musical a todas as classes e
indivíduos.

No que se refere às práticas pedagógico/musicais o documento apontava que as


mesmas deveriam realizar-se por meio de vivências significativas e contínuas. Nesse sentido,
as atividades mais relevantes são a execução/performance, a composição e a apreciação,
sendo a literatura e a técnica consideradas atividades secundárias, embora também
importantes. Evitando assim, a redução do trabalho na pura focalização dos elementos
musicais: altura, duração, intensidade, andamento, timbre, etc (ARROYO, 1990; FREIRE,
2001; GROSSI, 1999; PENNA, 1991).

3. Eixos de atuação
A partir dos princípios acima referidos foram construídas as linhas de atuação para a
equipe de educação musical, estruturadas em três eixos: 1) Formação continuada dos
educadores; 2) Coordenação e desenvolvimento de projetos em educação musical; 3)
Implementação curricular do ensino de música nas escolas municipais (VITÓRIA, 2006)

3.1 Eixo 1: Formação de educadores

As ações desenvolvidas neste eixo têm dois focos. O primeiro busca contribuir com a
ampliação dos conhecimentos musicais dos professores sem formação em música, uma vez
que vários destes profissionais, principalmente os que atuam na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental contemplam a música em suas práticas pedagógicas. Para
atender a este objetivo foram elaboradas três propostas de formação, a citar:
- Formação em Educação Musical nas Unidades de Ensino - busca aprofundar a
compreensão sobre a música, bem como o seu processo de ensino. Estes momentos
originaram-se de convites feitos pelas escolas, uma vez que as mesmas podiam definir os
temas que seriam abordados nas formações realizadas na unidade de ensino.
- Curso de Vivências em Educação Musical – CVEM - curso de formação fora do
horário de trabalho, oferecido a todos os profissionais das unidades de ensino. Objetiva lançar
luzes sobre os elementos intrínsecos da musica (ritmo, a melodia, a harmonia, andamento,
intensidade, timbre, etc.) por meio de vivencias musicais de criação (composição e arranjo) e
interpretação.
- Oficina de Educação Musical: Instrumentos, Corpo, Voz e Movimento – CVOM
-oficina proposta a partir das avaliações e sugestões de professores cursistas do CVEM,
interessados no aprofundamento em tópicos específicos: corpo e movimento, voz e canto-
coral, e a utilização de instrumentos (violão, flauta-doce e percussão).
Os cursos oferecidos para os educadores (sem formação inicial/específica em
música), são uma ação complementar, não substitutiva da necessária presença de professores
habilitados em Licenciatura em Música atuando na educação básica. Existe a clareza de que
os saberes específicos do professor de música devem ser valorizados e reconhecidos dentro de
um sistema de ensino.
O segundo foco do eixo de formação visa a realização de formações para os
profissionais que atuam diretamente nas aulas de música. Para tal, foram desenvolvidos os
seguintes cursos:
- Formações continuadas para Educadores Musicais - momentos disponibilizados
dentro da carga horária de trabalho dos educadores de música. Estes encontros possibilitam
espaços de estudos, reflexões e diálogos, que contribuem para a compreensão e
aprofundamento das concepções de educação musical que vêm sendo adotadas.
- Curso de Percussão para Educadores musicais - este curso buscou contribuir para
a ressignificação das práticas que envolviam a percussão, no âmbito de aulas de música
oferecidas nas unidades de ensino.
– I Seminário Municipal de Educação Musical - evento realizado em 2008, visava
discutir e avaliar a implementação do ensino de música em Vitória. Contou com a
participação dos professores Sérgio Figueiredo e Cristina Grossi, respectivamente, presidente
e vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), representantes de
Secretarias Municipais de Educação das cidades que compõem a Grande Vitória (Serra, Vila
Velha, Cariacica) e coordenadores e alunos dos cursos de licenciatura em música da
Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) e da Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES), além dos educadores musicais que atuam nas unidades de ensino municipais.
- Formação de oficineiros de música do Programa Escola Aberta – esta iniciativa
visa integrar as práticas musicais promovidas pelo Programa Escola Aberta - que são
desenvolvidas nas escolas municipais nos finais de semana - com a proposta de educacção
musical que vem sendo implementada no horário regular. A formação busca aprofundar/
ampliar os conhecimentos musicais dos oficineiros por meio de vivências musicais que
possibilitam a troca de experiências e de materiais pedagógicos musicais. Os encontros são
desenvolvidos mensalmente e acontecem aos finais de semana nas unidades de ensino
atendidas pelo programa.
Cabe ressaltar, que atualmente (maio de 2010) a rede municipal de ensino de Vitória
apresenta 4.390 professores, dos quais aproximadamente 2.200 educadores já passaram por
alguma formação em música. A tabela abaixo detalha estes números.

Tabela 1: Educadores atendidos em formação de música - (2006 a 2010)


Ações Número de Educadores Atendidos
Formações nas Unidades de Ensino Aproximadamente 550
Curso de Vivências em Educação Musical Aproximadamente 500
(8 turmas)
Cursos e formações para Educadores de música 60
Formação de oficineiros de música do Programa 45
Escola Aberta –
Participação em formações, encontros de área e 1300
seminários

Todas as ações formativas têm como foco proporcionar condições para ampliação e
aprofundamento do trabalho pedagógico que envolve a música (já existente e carente de
condições de formação), contribuindo para que as práticas de educação musical possam se
tornar mais consistentes, auto-reflexivas e conscientes de suas implicações para o
desenvolvimento cultural/global do indivíduo.

3.2 Eixo 2: Coordenação e desenvolvimento de projetos em educação musical


Os projetos com alunos foram e ainda são desenvolvidos através de aulas de
música no “Programa Educação em Tempo Integral” (educação infantil e ensino fundamental)
e Projetos de Ampliação da Jornada Escolar.
- Ensino de música no Programa de Educação em Tempo Integral - a partir dos
apontamentos contidos no Art. 34 da LDB 9.394/96, que estabelece a ampliação gradativa do
tempo de permanência do aluno na escola, iniciou-se em 2006 a construção de um programa
que objetivava, por meio da integração de ações de diferentes instituições, governamentais
(municipais e federais) e não-governamentais (ONGs, Fundações, Institutos, etc.) ampliar as
possibilidades formativas dos alunos através do acesso aos bens culturais. Esta ação foi
chamada de “Programa de Educação em Tempo Integral” e iniciou-se em 2007, atendendo a
alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do Município de Vitória (ES). Dentre
as várias atividades que foram disponibilizadas para os alunos estão as aulas música.
Na Educação Infantil cada unidade de ensino estabelece uma proposta pedagógica
para o trabalho no contraturno, proporcionando vivências diferenciadas. Em geral o ensino de
música é realizado de duas maneiras: 1) na unidade de ensino, com alunos de seis meses a três
anos, com o apoio de estagiários de Licenciatura em Música que atuam em parceria com
professores unidocentes, e; 2) nos Núcleos BRINCARTE1 atendendo a alunos de quatro a seis
anos, onde o ensino musical é realizado em salas ambiente equipadas com instrumentos
musicais e contando educadores sociais com conhecimentos musicais e estagiários de
Licenciatura em Música.
No Ensino Fundamental o programa atende a alunos de 40 unidades de ensino. As
oficinas são oferecidas no contraturno escolar e utilizam diferentes espaços da cidade:
1
NÚCLEOS BRINCARTE – são espaços administrados por ONGs conveniadas com a Prefeitura Municipal de
Vitória, que recebem alunos da prefeitura onde são desenvolvidas atividades envolvendo diversas linguagens,
como Artes Visuais, Teatro, Dança, Música, Esporte, dentre outras, no espaço de salas ambientadas.
parques, praças, teatros, clubes, cinemas, universidade, etc. As aulas de música são
desenvolvidas em quatro Pólos de Educação Musical que visam a atender alunos de diferentes
unidades de ensino. Nestes locais são concentrados recursos materiais (instrumentos e
equipamentos musicais) e humanos (educadores musicais e estagiários), buscando aperfeiçoar
os trabalhos.
- Projetos de Ampliação da Jornada Escolar - são projetos propostos pela escola, de
acordo com o seu projeto político-pedagógico. São desenvolvidos fora do horário das aulas
(contraturno, noite e/ou finais de semana) nos quais o ingresso se dá por adesão, de acordo
com o interesse dos alunos. Atualmente são realizados os seguintes projetos: Bandas
Escolares, Corais e Grupos Instrumentais (percussão, folclóricos, populares, flauta-doce,
dentre outros).

Tabela 2: Alunos atendidos em projetos de música em contra-turno (2010)

Ações Ens. Fundamental Educ. Infantil Total de alunos


atendidos (aprox.)
Programa de 4 pólos de Música 7 CMEIs; 3500 alunos
Educação em atendendo a 31 EMEFs 7 Núcleos Brincarte
Tempo Integral atendendo 21 CMEIs;
Projeto de 13 corais, 5 bandas e - 850 alunos (EMEFs)
ampliação de 6 grupos instrumentais
jornada

3.3 – Eixo 3: Implementação Curricular

Conforme apontado nas descrições dos eixos anteriores, verificou-se a presença de


propostas pedagógico-musicais no cotidiano escolar, por meio de práticas interdisciplinares
(como recurso para o ensino de outras áreas de conhecimento), e por meio de projetos
extracurriculares (como corais, bandas, dentre outros). Embora estas ações sejam
significativas, têm um caráter pontual, já que não podem atender a todos os alunos, ficando
limitadas a pequenos grupos de estudantes.
Desta forma, buscamos ampliar, em diferentes âmbitos da SEME (órgão central e
unidades de ensino), as discussões acerca da música como área de conhecimento de
fundamental importância para a formação integral do indivíduo. O desafio maior se encontra
em promover os meios para garantir a todos os alunos da rede municipal de ensino de Vitória,
o acesso ao ensino de música. Assim, através das discussões acerca das diretrizes curriculares
municipais de Artes, que não contemplavam a música, foram propostas redefinições dos pré-
requisitos para os concursos e contratos de professores de Arte, o que resultou:
• em 2007, na efetivação de licenciados em Música para atuar na Educação
Infantil;
• em 2008, na contratação de professores de Arte com formação em música, por
meio de processo seletivo simplificado para o Ensino Fundamental;
• em 2009, na criação do cargo de “Professor de Música para o Ensino
Fundamental”, o que permitiu a contratação temporária de professores de música;
• em 2010 (março), na realização de concurso para cargos efetivos de professores
de música.
Estas conquistas têm permitido a implementação gradual do ensino de música no
horário regular, em todos os níveis de ensino, das escolas municipais de Vitória. Na Educação
Infantil as aulas de música são ministradas por professores “Dinamizadores de Artes/Musica”,
atendendo a alunos de 6 meses a 6 anos de 9 Centros Municipais de Educação Infantil
(CMEIs), e, no Ensino Fundamental, nos anos iniciais (1º ao 5º ano), com aulas de música na
grade curricular, e nos anos finais (6º ao 9º ano) dentro do componente curricular artes
(apenas nas escolas onde o professor de Artes possui formação em música). Este ano foi
iniciado um projeto piloto de ensino de música na Educação de Jovens e Adultos. Esta ação
vem sendo desenvolvida em quatro escolas, onde é garantida uma aula de música por semana
a todos os alunos.
Um ponto que se tornou emergencial com o avanço da proposta diz respeito à
necessidade de aquisição de recursos materiais e didáticos para o desenvolvimento das aulas.
Assim, está em fase final a realização de duas compras: a primeira refere-se à aquisição de
instrumentos musicais (pandeiros, surdos, atabaques, tambores de congo, casacas, repiques,
teclados, violões, flautas-doce) e equipamentos eletrônicos (caixas amplificadas, microfones e
aparelhos de som); a segunda, destina-se a compra de materiais didáticos (livros, CDs,
apostilas, métodos, etc.) que possam auxiliar o trabalho pedagógico musical dos professores.
Cabe ressaltar que o município de Vitória possui 98 Unidades de Ensino sendo 46
Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e 52 Escolas Municipais de Ensino
Fundamental (EMEFs), atendendo a aproximadamente 47.000 alunos. Atualmente são
atendidos em contraturno, nos projetos de música, aproximadamente 4350 alunos, e nas aulas
de música realizadas no horário regular cerca de 8.650 crianças. As tabelas abaixo detalham
estes números (VITÓRIA, 2010).
Tabela 3: Alunos atendidos com aulas de música no horário regular (2010)

Ações EMEFs CMEIs Total de alunos atendidos (aprox.)


Aulas de Música no 5 9 5100 alunos
Componente Curricular
Artes
Projeto de Música no 10 - 2200 alunos
turno regular (1 ao 5 ano)
Projeto de Música no 4 - 350 alunos
noturno - EJA

Ate o mês de maio de 2010 contamos com 92 educadores musicais (licenciados,


oficineiros, estagiários de música e educadores de outras áreas, etc.) atuando no Projeto
Vitória Musical. Com a realização do concurso para Professor de Música no Ensino
Fundamental esperamos a ampliação significativa deste número.

4. Considerações Finais

Dentre os vários desafios que estão postos para a continuidade do projeto apontamos a
construção/sistematização das diretrizes municipais para o ensino de música no município de
Vitória. Porém, garantir a continuidade e a ampliação da oferta das aulas de música frente à
falta de profissionais formados na área para atuar nas escolas municipais tem sido nosso
maior entrave. Temos clareza que esta dificuldade é compartilhada nacionalmente, pois a
demanda que emerge com a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas públicas
brasileiras é enorme, como nos aponta Fernandes ao afirmar que “a dúvida agora é saber
como isso ira acontecer nas 356.439 escolas de educação básica existentes no Brasil.”
(FERNANDES, 2005, p.1).

Contudo, temos consciência dos avanços, o que em muito se deve à presença de uma
equipe de profissionais licenciados em música na Secretaria Municipal de Educação, atuando
continuamente na construção e implementação da proposta.
Embora ainda não tenhamos realizado uma pesquisa sobre os desdobramentos das
ações, principalmente as de caráter formativo, no cotidiano das escolas, acreditamos que as
discussões realizadas têm sido essenciais para a ressignificação das concepções sobre música
e educação musical. Isto contribui para que as práticas de educação musical tornem-se mais
consistentes, auto-reflexivas e conscientes de suas implicações para o desenvolvimento
cultural/global do indivíduo, na perspectiva da música como linguagem e área de
conhecimento.

5. Referências

ARROYO, Margarete. Educação musical: um processo de aculturação ou de enculturação?


Em Pauta, v. 1, n. 2, jun. 1990, p. 29-43.

BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro. Educação musical e professores dos anos iniciais de


escolarização: formação inicial e práticas educativas. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEN,
Luciane (Org.) Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo:
Moderna, 2003. p. 127 – 140

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 11.769, de 18 de agosto de 2008.


Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Brasília: 2008a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/
2008/Lei/L11769.>. Acesso em: 15 maio de 2010.

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.


Brasília: 1996. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ ldbn1.
pdf.> acessado em 15 maio de 2010.

FERNANDES, José Nunes. Educação musical de jovens e adultos na escola regular:


políticas, práticas e desafios. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 12, 35-41, mar. 2005.

FREIRE, Vanda L. Bellard. Currículos, apreciação musical e culturas brasileiras. Revista da


ABEM, n. 6, set. 2001, p. 73 - 86.

GROSSI, Cristina. Educação musical: uma forma de conhecimento significativo. Em Pauta,


v. 1, n. 2, jun. 1990, p. 44-51.

LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. A educação musical como prática educativa no


cotidiano escolar. Revista da ABEM, Porto Alegre, n.10, p.65-74, 2004.

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1991.

PENNA, Maura. A dupla dimensão da política educacional e a música na escola: I -


analisando a legislação e termos normativos. Revista da ABEM, Porto Alegre, n. 10, p.19-28,
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QUEIROZ, Luis Ricardo. S.; MARINHO, Vanildo M. Educação musical nas escolas de
educação básica: caminhos possíveis para a atuação de professores não especialistas.
Revista da ABEM, n. 17, set. 2007, p. 69-76.

SWANWICK, Keith . A Basis for Music Education. Berkshire: NFER-NELSON, 1979.


VITÓRIA. Documento Norteador da Proposta de Atuação da Equipe de Educação Musical.
Vitória: Secretaria Municipal de Educação, 2006.

_________. Política de formação continuada para os profissionais da educação do sistema


municipal de ensino de vitória. Vitória: Secretaria Municipal de Educação, 2010.

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