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Nesse diálogo entre narrador e leitor, é nas entrelinhas do jogo de palavras e do humor sutil
que é necessário se atentar para encontrar o significado do que diz Brás Cubas, quase
sempre deixando o raciocínio final por conta do leitor.
Outro ponto fundamental para a leitura é a contextualização histórica: a obra foi criada
antes da Proclamação de República no Brasil, antes do fim da escravidão, quando a capital
era no Rio de Janeiro – onde se passa a narração.
Este resumo destina-se a contar o livro em uma linguagem mais acessível e concisa, sem
deixar de lado os episódios que sustentam a obra como um todo e explicando alguns pontos
que podem não ficar claros apenas com a leitura do texto original. Em alguns casos, para
explanações mais completas sobre fatos históricos e expressões da época, há links que
podem ser acessados diretamente no texto.
Caso restem dúvidas quanto à obra ou ao próprio resumo, entre em contato pelo site
ResumoPorCapítulo.com.br ou envie um e-mail para contato@resumoporcapitulo.com.br.
Teremos prazer em ajudar! Boa leitura!
PRÓLOGO - Ao leitor
O autor compara-se a outros escritores que trabalhavam com a ironia e o humor em seus
textos (Stendhal, Sterne e Xavier de Maistre), assumindo que sua obra provavelmente não
agradará a muitos leitores.
Quanto à forma que ele escreveu o livro - depois de morto - afirma que não dará maiores
explicações, pois isto não seria necessário ao entendimento da história.
Morto em 1869, com 64 anos, numa chácara em Catumbi, o autor era um solteirão.
Seu funeral foi acompanhado por apenas onze amigos - ele justifica esse número pela falta
de anúncios de sua morte e pela chuva fina que caía na ocasião. No entanto, com ironia
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
afirma que um dos seus amigos, um que lhe faz um belo discurso no momento do enterro,
recebera dele algumas de suas apólices - uma amizade comprada.
Descreve mais alguns dos personagens do funeral: sua irmã Sabina, casada com Cotrim, e
uma senhora que ele ainda não revela o nome, mas explica que não era sua parenta, apesar
de lamentar muito sua morte.
Explica que foi diagnosticado com pneumonia, mas acredita que morreu mesmo por uma
ideia, que em breve explicará.
CAPÍTULO 2 - O emplasto
No trapézio* que Brás Cubas trazia em seu cérebro, saltou uma ideia que começou a
chamar-lhe a atenção, fazer cambalhotas, espernear... Era a criação de um medicamento
extraordinário que serviria para aliviar a melancolia da humanidade, iria chamar-se
"Emplasto Brás Cubas".
Admitindo que além de ajudar as pessoas o medicamento lhe traria vantagens financeiras, o
autor esclarece que seu maior objetivo era ter seu nome divulgado pela marca, fazer fama,
ter o "amor da glória".
Lembra-se de dois tios seus: um religioso que dizia que o "amor da glória" era uma grande
perdição; outro militar que considerava o "amor da glória" a coisa mais humana no
homem. Convida o leitor a escolher qual tem mais razão.
CAPÍTULO 3 - Genealogia
Tendo citado seus tios, o autor decide traçar sua genealogia.
O fundador de sua família era Damião Cubas, que tinha esse nome, "Cubas", devido ao seu
trabalho com tonéis. Damião teria juntado alguns bens por ter se desdobrado como
lavrador, além das atividades como tanoeiro (quem trabalha com tonéis, com cubas). Com
esse dinheiro seu filho, Luís Cubas, teve boas condições de estudo. No entanto a família do
autor desprezava Damião, por ter um trabalho simples, e considerava apenas Luís, formado
em Coimbra, como origem genealógica.
O pai do autor, que era bisneto de Damião, foi ainda mais longe na reescrita da história da
família: alegava que "Cubas" era um apelido herdado de um cavaleiro que, lutando contra
os mouros na África, teria quebrado trezentas de suas cubas. Antes de inventar essa versão,
ele ainda teria tentado associar o nome de seu filho, Brás Cubas, autor deste livro, ao
personagem histórico fundador da vila de São Vicente*, que tinha o mesmo nome, mas a
família do capitão-mor Brás Cubas teria se oposto a esta história.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
Cita o que resta de sua família: sua sobrinha Valência, filha de Cotrim.
O autor brinca com o leitor, pelo fato de a narrativa não se desenrolar, mas prender-se a
questões filosóficas. Já avisa que assim será por todo o livro, tratando assuntos ora de forma
seria, ora brincalhona.
Sobre esse fato ele havia conversado com a senhora anônima citada no Capítulo 1, logo
antes de sua morte. Ela tinha 54 anos, era a mais formosa entre as de seu tempo, e muitos
anos antes eles tinham se amado. Agora ela voltava nos últimos momentos de sua vida.
Havia no quarto um sujeito, junto a Brás Cubas, que lhe contava sobre fatos políticos e
econômicos - nada interessantes a um moribundo. Após sua saída veio a senhora ter com o
autor: o nome dela era Virgília.
Virgília contou-lhe notícias de fora, com uma língua afiada que agradava ao doente - ele se
despedia do mundo e fazia questão de caçoar dele.
Dias depois voltou Virgília conforme haviam combinado: acompanhada de seu filho
Nhonhô - para não caírem na boca da vizinhança as visitas de uma senhora sozinha a um
homem solteiro. Quando tinha cinco anos o garoto havia sido cúmplice do caso de Brás e
sua mãe, mas não tinha consciência do que acontecia.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
CAPÍTULO 7 - O delírio
O delírio, que durou de vinte a trinta minutos, começou confuso: encontrou-se com um
barbeiro chinês, depois se viu incorporado em um livro fechado que alguém tentava abrir, e
finalmente voltou à forma humana, montado no lombo de um hipopótamo que avisou que
eles fariam uma viagem á origem dos séculos.
Brás fechou os olhos durante a jornada e sentiu o frio aumentar. Quando perguntou onde
estavam, o hipopótamo avisou que já haviam passado do Éden e continuavam rumo ao
passado.
Chegou a um ponto em que encarou uma face feminina gigante: era a Natureza, ou
Pandora. Ela o informa que está prestes a engoli-lo. O autor ainda tenta convencê-la de que
aquela não era uma boa ação, mas ela responde que vai fazê-lo porque quer e que o egoísmo
é a lei natural.
Mas nesse momento surgiu um nevoeiro, tudo o mais desapareceu, exceto o hipopótamo,
que se transfigurou num gato - era o gato de Brás Cubas, Sultão, que brincava junto à porta
de seu quarto.
CAPÍTULO 9 - Transição
Agora o autor avisa que fará uma grande transição em sua narração: de Virgília ele lembra
os tempos de juventude, da juventude vai à meninice e da meninice ao nascimento: 20 de
outubro de 1805.
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Seu pai, Bento, não se preocupava com o futuro, apenas orgulhava-se de o filho herdar sua
beleza e inteligência.
No ano seguinte, 1806, foi seu batizado, tendo como padrinhos um Coronel do norte e sua
esposa - o nome de ambos foi uma das primeiras coisas que ele aprendeu de cor, motivo de
orgulho da família.
A criança começou a andar cedo, devido constantes incentivos de sua mãe e também de sua
mucama.
Fora criado muito livremente, o que o tornou muito mal-educado: era chamado de "o
menino diabo". Enganava os adultos, maltratava os escravos - em especial Prudêncio, um
moleque que tinha a mesma idade e em quem gostava de montar, como se fosse seu cavalo.
Sua mãe, senhora caseira e modesta, temente ao marido, ensinava ao pequeno Brás orações
que ele repetia diariamente, mas serviam apenas para amenizar os pecados que nunca
deixava de cometer.
Seu pai o adorava, mesmo com todas suas traquinagens, e não dava atenção às preocupações
do tio cônego do menino, que alertava sobre o excesso de liberdade dado à criança.
João, o tio ex-oficial, era um zombador que adorava contar piadas sujas e seu sobrinho o
acompanhava, ouvindo e aprendendo todas.
Já Ildefonso, o cônego, era um homem austero e puro, apesar de não ser tão ligado à
questão espiritual da igreja: antes ele se importava com as hierarquias, as aparências, os
rituais - sua única ambição tinha sido tornar-se cônego.
Havia ainda uma tia materna, Dona Emerenciana, que se diferenciava de todos os outros:
tinha autoridade sobre o menino. Mas viveu pouco tempo com ele.
Resumindo sua base familiar numa metáfora, Brás Cubas diz: "Dessa terra e desse estrume é
que nasceu esta flor".
Estava no tal jantar Doutor Vilaça, um senhor glosador (que fazia glosas, versos rimados),
que não parava de demonstrar sua arte. As senhoras encantavam-se por ele enquanto Brás
apenas desejava uma compota que aguardava na mesa. O menino fez birra e seu pai iria
atender ao seu pedido, servindo a ele a compota, quando sua tia Emerenciana decidiu que o
garoto merecia um castigo pelo mau comportamento e retirou-o da mesa.
Brás Cubas quis vingar-se do Doutor glosador, que entendeu como culpado da demora em
servir sua sobremesa. No momento em que todos convidados passeavam pela chácara o
garoto seguiu Vilaça: ele encontrava-se às escondidas com uma das senhoras que o
adoravam, Dona Eusébia. Quando percebeu que o casal se beijava o menino correu em
meio aos demais convidados gritando para todos o que vira. Como Vilaça era um homem
casado, pai, aquele fato o ridicularizava e foi motivo de muitos risos entre os presentes.
Apesar de o pai de Brás Cubas dar-lhe um corretivo na presença dos convidados, no dia
seguinte já achava graça do feito do menino.
CAPÍTULO 13 - Um salto
Neste capítulo o autor dá um salto sobre seu período escolar, do qual se lembra pelos ralhos
recebidos na escola, pelo aprendizado à força da palmatória e pelas diabruras que fazia
quando fugia das aulas.
Dá atenção à figura de seu professor: Ludgero Barata, um senhor rabugento que vivia
sozinho sua vida medíocre - quando morreu apenas um preto velho chorou sua partida. Por
causa de seu sobrenome o velho era constantemente motivo de chacota dos alunos. Um dos
colegas de Brás, Quincas Borba, sempre metia no bolso ou na gaveta da mesa do mestre
uma barata morta, deixando-o furioso.
Este Quincas era o menino mais travesso e mimado da cidade; o pajem que o cuidava
permitia que ele cabulasse as aulas; nas brincadeiras sempre encarnava o rei, o general, o
supremo.
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Após três dias Brás comentou com seu tio João que desejava ir a uma "ceia de moças" na
casa de Marcela. Durante o evento só tinha olhos para a dama e ao final, antes de partir, se
despediu lhe roubando um beijo.
CAPÍTULO 15 - Marcela
Brás Cubas abriu mão do corcel veloz em que montava para trocá-lo por um asno teimoso e
paciente: levou trinta dias para conquista o coração de Marcela.
O romance teve dois momentos: a fase "consular", quando seu amor era dividido com o de
Xavier; depois a fase "cesariana", quando dominava completamente o coração da espanhola.
A passagem da primeira para a segunda etapa do relacionamento, porém, não foi barata:
Brás Cubas precisou arrecadar dinheiro de seu pai, de sua mãe, e até sacar quantias do
banco sem o consentimento paterno, tudo para bajular Marcela com joias e outros
presentes.
Diversos objetos que a espanhola mantinha em sua casa era presentes de antigos amantes, o
que irritava Brás. Mas ela alegava que o amor que tinha por ele não precisava desses
artifícios, ao mesmo tempo em que comentava algum colar que vira numa joalheria e lhe
interessava... O garoto caía na conversa e satisfazia todos seus desejos.
Em troca, Brás Cubas era agraciado com tudo o que pedia para Marcela: que ela vestisse um
ou outro vestido, que desfilasse...
Sabendo da intenção de seu pai, Brás foi até Marcela convidá-la para acompanhá-lo. Ela
negou o convite, deu uma desculpa inventada, o garoto enfureceu-se e saiu desvairado pela
cidade. No caminho uma nova ideia pulou no trapézio que ele tinha em seu cérebro:
precisava deslumbrar Marcela e, para isso, pediu um empréstimo no banco, foi a um
ourives, comprou a melhor joia da cidade.
Estava nestes pensamentos quando surgiram três homens que o agarraram pelos braços e
botaram-no numa carruagem. Eram seus tios e seu pai, que o encaminhavam para uma
galera (tipo de barco) que partiria para Lisboa.
Já na embarcação a nova ideia fixa do rapaz era de jogar-se ao mar, repetindo o nome de
Marcela.
CAPÍTULO 19 - A bordo
Estavam a bordo onze passageiros, entre eles um louco com sua mulher além do
comandante e sua esposa, uma senhora tísica (com tuberculose pulmonar), prestes a falecer.
A intenção suicida de Brás Cubas parece ter sido adivinhada por seu pai, que teria
comunicado o capitão: ele sempre estava à espreita do rapaz. Numa das noites, quando Brás
pretendia lançar-se ao mar, o homem surgiu conversando sobre a noite e as estrelas,
recitando poesias, até receber um chamado da mulher. O empenho do capitão deu
resultado, Brás Cubas foi dormir, "que é um modo interino de morrer".
O dia seguinte foi de um temporal amedrontador. O homem louco dançava e gritava que
era sua filha que vinha buscá-lo - ele havia ensandecido pela morte da garota. Os demais
viajantes, inclusive Brás Cubas, protegiam-se ou rezavam. Após o fim da tormenta, o
capitão foi falar com ele, que antes buscava a morte e agora a temia. Recitou-lhe mais
poemas de sua autoria.
Após alguns dias vinha a noticia que a mulher do comandante não mais aguentaria a
viagem. Brás foi ter com ela, já muito pálida, mas ainda esperançosa de chegar a
Lisboa. Mais uns e dias e estava morta, foi jogada ao mar. Nosso narrador consolava o
capitão, observando as ondas do mar, ouvindo mais de suas poesias e elogiando-as. O
marujo emocionou-se e desejou ao rapaz um futuro grandioso.
CAPÍTULO 20 - Bacharelo-me
Sob o signo de "grande futuro" que o capitão lhe concedeu, Brás Cubas recuperou-se
finalmente do mal que lhe causava Marcela: ele agora iria estudar, tinha ambição de grandes
cargos, posições superiores!
Após desembarcar em Lisboa e seguir até Coimbra, no entanto, o nosso autor não fez
grandes esforços em seus estudos, era um aluno médio, superficial, além de folião. Quando
se formou - admitindo que não trazia em seu cérebro o conhecimento condizente com o
grau de bacharel - percebeu que aquilo poderia ser um problema: ao mesmo tempo que
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ganhava liberdade, também teria responsabilidades. Seu verdadeiro desejo era ainda levar a
vida como um eterno estudante folgazão.
CAPÍTULO 21 - O almocreve
O jumento que nosso narrador montava empacou. Após tentar fazê-lo andar com alguns
saltos sobre seu dorso, o bicho sacudiu-se fazendo Brás cair. Seu pé estava preso no estribo e
o animal iniciava uma disparada: haveria um grave acidente! Mas surgiu um almocreve (um
carregador) que o ajudou, segurando o asno.
Brás chamou-o e deu-lhe apenas uma moeda, e de prata! Ao sair montado no animal, ainda
mirava seu salvador à distancia, que despedia-se alegre com a recompensa. Nosso narrador
meteu a mão no bolso e sentiu alguns vinténs em moedas de cobre: arrependeu-se, poderia
tê-las dado ao pobre-diabo no lugar da moeda de prata, afinal, a ajuda que ele lhe deu não
tinha por trás nenhum interesse, era um impulso, uma ação habitual que faria em qualquer
circunstância.
Neste ponto o autor comenta - com ironia - que não esticará o capítulo, detalhando seus
passos no velho continente nem seu trajeto de volta, em respeito aos leitores que não
gostam de longos textos.
Lá estavam seu pai, sua irmã, já casada com Cotrim, seu tio João e dona Eusébia, todos
tristes. Quando encarou sua mãe, que não via há nove anos, pálida, seca, apenas pegou suas
mãos, sem saber soltar uma palavra.
No dia seguinte ela faleceu e pela primeira vez Brás Cubas sentia a morte verdadeiramente
de perto, numa pessoa amada, carinhosa, cheia de bondade.
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Agora morto, alegra-se de poder expor tranquilamente sua mediocridade, da qual era
consciente, mas negava apenas por convenções sociais: "a franqueza é a primeira virtude de
um defunto". Durante a vida o olhar alheio, a cobiça, a opinião da sociedade, mergulham o
mundo numa enorme hipocrisia. Já no além, não há plateia, não há julgamentos, as
verdades podem ser ditas!
CAPÍTULO 25 - Na Tijuca
Sete dias após a morte da mãe, Brás Cubas retirou-se para a chácara da família na Tijuca,
acompanhado de um preto, uma espingarda, charutos e livros.
Lá permaneceu melancólico, resignado do mundo. "Que bom é estar triste e não dizer coisa
nenhuma!", diz o autor, citando Shakespeare. No entanto, passados sete dias Brás Cubas
reanimava-se: era preciso viver!
Organizava sua partida quando o preto veio alertar-lhe que se mudavam para a casa vizinha
dona Eusébia e sua filha - fruto de seu romance com Vilaça, que deixou-lhe uma boa
quantia de herança após morrer. Lembrando-se do caso de 1814 (Capítulo 12) em que
pregou uma peça à senhora, Brás envergonhou-se e preferiu não encontrá-la. Mas quando o
preto informou-lhe que fora ela quem vestira o corpo de sua mãe defunta, o rapaz entendeu
que era seu dever agradecê-la com uma visita.
O rapaz inicialmente recusou a proposta, ele não entendia nada de política e não queria
casar-se, ainda estava abalado pela morte da mãe. Mas após a insistência do pai e alguns
momentos de reflexão, a ideia já não parecia tão má.
O pai de Brás cobra uma resposta definitiva do filho, e revela o nome de sua pretendente:
Virgília.
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CAPÍTULO 27 - Virgília?
Sim, a pretendida de Brás Cubas era a mesma Virgília que em 1869, como narrado no
Capítulo 6, acompanharia seus últimos dias de vida.
Mas naquele momento ela era uma moça de quinze ou dezesseis anos, atrevida,
voluntariosa. O autor abre mão da descrição romântica tradicional, que lhe daria ares de
perfeição, para assumir que ela tinha lá seus defeitos, sardas e espinhas, coisa da idade, mas
ainda assim era bonita.
O autor brinca com a diferença entre os elogios que dirigia a ela pessoalmente, naquela
época, e o relato realista de sua fisionomia que fazia agora, defunto. Mas não considera que
mentiu em nenhum dos momentos: o homem é uma "errata pensante", cada estação da
vida reedita a anterior, sempre, até que a versão final seja entregue aos vermes.
Brás Cubas afirma que atenderá ao pedido do pai, contanto que possa eventualmente
escolher entre ser político ou casado, não os dois ao mesmo tempo. O pai brinca que a
noiva e o parlamento são quase a mesma coisa, mas aceita a contraproposta do filho,
contanto que ele saia daquela vida inútil: houve muitos investimentos em Brás Cubas para
que ele não brilhasse, para que vivesse na obscuridade. Afirma que "os homens valem por
diferentes modos, e o mais seguro de todos é valer pela opinião dos outros homens".
E foi pelo desejo de nomeada, de fama, que Brás Cubas foi seduzido - a mesma fama que
desejaria mais tarde, com seu Emplasto (Capítulo 2).
CAPÍTULO 29 - A visita
Feito o acordo, o pai de Brás despede-se, seu filho partiria somente no dia seguinte -
precisava ainda visitar dona Eusébia.
O rapaz foi à casa da senhora, com quem conversou sobre sua finada mãe. Vendo que o
garoto se entristecia, Eusébia perguntou-lhe das viagens na Europa, dos estudos, das
namoradas, assumiu que era uma velha patusca (tagarela). Isto fez o jovem lembrar-se do
episódio de 1814, do beijo dela com Vilaça.
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Uma enorme borboleta preta invadiu a sala, atormentando Eusébia devido à superstição de
que elas trariam um aviso de morte.
Agora o autor entra numa reflexão profunda sobre a borboleta: imaginou que ela teria saído
felizmente do meio do mato e ao entrar no quarto, topando com ele, teria imaginado que
aquele ser gigante era o "inventor das borboletas", resolvendo beijá-lo na testa; após ser
espantada e pousar na janela teria visto o retrato do pai do "inventor das borboletas" e teria
ido ate ele pedir misericórdia.
Mas de nada valeu a aventura da borboleta - e o autor comemora por ser superior às
borboletas. Considera que nem sendo azul ela se salvaria, pois provavelmente iria enfiar-lhe
um alfinete para guardá-la. Após lançar a borboleta ao chão e ver que já vinham formigas
para lhe comer, retoma o pensamento de que seria melhor se ela fosse azul.
Eugênia estava vestida de forma mais simples, simples como sua beleza, que chamava a
atenção de Brás.
Caminhando para conhecer a chácara de Dona Eusébia o autor percebeu que a menina
coxeava (mancava) um pouco. Perguntou se ela havia machucado o pé, mas a própria
Eugênia informou que ela era coxa de nascença.
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O dia seguinte foi chuvoso e Brás se deixou ficar mais um tempo na chácara. Os convites
para estar com Dona Eusébia e sua "Vênus manca" continuavam, a descida para a cidade
estava adiada há uma semana.
Mesmo manca, Eugênia cada vez mais despertava o desejo de Brás. Ele atendeu ao pedido
da moça para que não fosse embora e adicionou um versículo ao evangelho: "Bem-
aventurados os que não descem, porque deles é o primeiro beijo das moças". Lembrando-se
do episódio de 1814 com Dona Eusébia, Brás apostou na hereditariedade dos hábitos para
beijar a filha e teve sucesso sem necessitar muitos esforços. A mãe não suspeitou de nada.
Eugênia, deixada para trás por ser coxa, não acreditou quando Brás jurou-lhe que só descia
a serra por necessidade e que a queria muito bem: ela ainda avaliou que ele estava fazendo o
correto.
Descendo da Tijuca, Brás Cubas dividia-se entre a amargura do que deixava para trás e a
satisfação do seu futuro, com esposa e carreira política.
Em alguns dias tinha o autor se descalçado dos sentimentos por Eugênia e agora gozava da
liberdade do coração. Já Eugênia deveria continuar com suas botas e mancando.
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CAPÍTULO 37 - Enfim!
Enfim, se encontrariam Brás Cubas e Virgília. Conselheiro Dutra recebeu seu prometido
genro e apadrinhado político com gosto, apenas solicitando que esperassem alguns meses
para sua candidatura. A moça rapidamente encantou Brás, tornaram-se íntimos.
Seguia seu passeio quando seu relógio de bolso caiu e quebrou-se. Entrou numa ourivesaria
onde, para sua surpresa, encontrou sua antiga amante Marcela - agora uma senhora já
maltratada pelo tempo e por doenças. Ela herdara aquela loja de um de seus amantes que
veio a falecer em seus braços. Daí em diante trabalhava vendendo muitas das joias que
acumulou durante a vida.
Brás desejava retirar-se logo dali, mas Marcela pegou o relógio quebrado e deu a um garoto
que iria consertá-lo. Enquanto isso o interrogou sobre a vida que levava, se já era casado,
Brás mal respondia aos questionamentos. Agora ele enxergava naquela mulher a cobiça que
a movia, ela não parecia ter falta de dinheiro, mas ainda assim empenhava esforços em gerar
fortunas.
CAPÍTULO 39 - O vizinho
Entrou na loja um senhor com uma menina de quatro anos. Ele conta para Marcela que a
garota tem adoração por ela, chegando a oferecer suas orações à Santa Marcela, em forma
de homenagem.
Brás percebeu que Marcela emocionou-se com o relato do velho, explicando que ele é um
relojoeiro vizinho, que vive com sua esposa e filha.
CAPÍTULO 40 - Na sege
O relógio consertado foi trazido pelo menino. Brás despediu-se rapidamente e subiu à sege
(carroça) para seguir até a casa do Conselheiro Dutra.
O dia havia iniciado alegre, durante o almoço seu pai interpretou o primeiro discurso que
deveria ser feito quando Brás se tornasse deputado. O futuro batia a porta, até que o
passado surgisse no encontro com Marcela e causasse desconforto ao nosso narrador, que
permaneceu abalado até a chegada ao seu destino.
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CAPÍTULO 41 - A alucinação
Brás Cubas foi recebido por Virgília de maneira estranha. Ele enxergava em seu rosto as
mesmas marcas de velhice que encontrou em Marcela. Esta o abalou de tal forma que
pensou em fugir do lugar.
Após sentarem-se no sofá, Brás voltou a observar sua pretendida e as estranhas marcas
haviam sumido, a pele estava jovem, como de costume. Seu comportamento, porém,
continuou estranho.
A garota caiu na lábia de Lobo Neves e coube ao Conselheiro Dutra informar Brás de que
os planos haviam mudado: ele não seria mais noive de sua filha, de Virgília só lhe restariam
as lembranças de alguns beijos que recebera.
CAPÍTULO 44 - Um Cubas
O pai de Brás, ao saber do fracasso dos planos para seu filho, foi quem mais se abalou. "Um
Cubas!", repetia ele, incrédulo sobre o desastre lhe ocorrera. Enquanto o próprio Brás
digeriu a derrota sem muitos ressentimentos o pai acabou adoecendo e morrendo de
desgosto.
CAPÍTULO 45 - Notas
O autor expõe uma lista do que viu durante o enterro do seu pai, os preparativos, o velório,
a marcha fúnebre... Notas que ele utilizaria para escrever um capítulo "triste e vulgar", do
qual abre mão.
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CAPÍTULO 46 - A herança
Surge um grande embate entre Brás Cubas, sua irmã Sabina e seu cunhado Cotrim: a
divisão da herança. O interesse nas pratas, nos pretos e nas casas deixadas pelo pai alimenta
uma longa discussão.
Quando o tio Ildefonso, o cônego, soube da disputa durante um jantar, lembrou Cristo,
que dividiu um pão entre todos. Cotrim retrucou, afirmando que "a questão não é de pão, é
de manteiga".
Cubas percebeu que o tempo fez com que ele enxergasse sua irmã de outra forma, com
menos beleza, assim como fez com Marcela.
CAPÍTULO 47 - O recluso
Do inventário de seu pai até 1842 Brás Cubas viveu recluso, apenas conheceu algumas
mulheres - mas delas mal guarda lembranças.
Nesse mesmo período ele escreveu política e literatura, alcançando certo sucesso com suas
publicações. Lembrando-se de Lobo Neves e Virgília, pensava que poderia também ter sido
um bom deputado, até melhor que Lobo Neves - ele pensava nisso "a olhar para a ponta do
nariz".
Luís era um primo de Virgília que contava com Brás Cubas como um crítico de seus
poemas. Mas Brás, mesmo sabendo da qualidade dos escritos, fazia pouco caso do trabalho
do rapaz, privando-se de comentar as poesias. O narrador assume que sua intenção era
"fazê-lo duvidar de si mesmo, desanimá-lo, eliminá-lo". Esclarece que essa atitude também
era tomada "a olhar para a ponta do nariz".
Parece confuso? Pois façamos uma breve análise: na verdade o que Brás Cubas diz é que se
deve "olhar para o próprio umbigo" (é a expressão que melhor se encaixaria). O "nariz" e a
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"elevação espiritual" são apenas eufemismos para um ato que ele entende como puramente
egocêntrico e que aponta em diversos momentos de seu livro, mas defende como
necessários para a evolução da espécie humana.
No dia seguinte Brás já avistou a moça, ainda mais bela. Depois cruzou com ela em festas,
convidou-a para valsas em bailes... Até ganhar a simpatia de Lobo Neves.
CAPÍTULO 51 - É minha!
"É minha!", comemorava Brás Cubas após conquistar Virgília em suas danças - este
pensamento não lhe saía da cabeça.
Chegando a sua casa Brás topou com uma moeda de meia dobra de ouro no chão: "É
minha!", repetiu e botou-a no bolso.
No dia seguinte sua consciência pesou e resolveu que precisava procurar o verdadeiro dono
da moeda - talvez fossem pobres, passassem fome. Entregou-a ao chefe de polícia e sentiu-se
melhor!
Nosso narrador estabelece o que ele chamou de "lei da equivalência das janelas": cada janela
que se fecha deve ser compensada por outra aberta, numa analogia à moralidade de seus
atos: se estava flertando com uma mulher casada, algo contra a moral vigente, por outro
lado teve uma atitude muito valiosa moralmente ao devolver uma moeda achada no meio
da rua, sua consciência estava compensada!
Em seu escritório abriu o embrulho que continha cinco contos de réis, cédulas e moedas
novas, tudo arrumado. Sem ter certeza do que fazer com aquilo, foi a um evento na casa de
Lobo Neves.
Na festa estava o chefe de polícia que contou a todos o caso da moeda de meia dobra de
ouro que Brás havia encontrado e devolvido ao dono. Todos o admiraram, inclusive
Virgília.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
Voltando à sua residência, no dia seguinte, Cubas tornou a pensar nos cinco contos
encontrados: não era um crime ficar com eles, foram achados, um sinal de sorte, uma
felicidade! Ele poderia fazer bom uso daquela quantia, dá-lo a uma garota pobre...
Porém, no mesmo dia foi ao Banco do Brasil depositar o dinheiro em sua conta. Lá ainda
havia quem o elogiasse pela moeda de ouro encontrada e devolvida.
CAPÍTULO 53 - . . . . . . .
Virgília entregava-se cada vez mais a Brás Cubas, o amor crescia rapidamente, até a noite
em que lhe deu um beijo breve, ardente e aflito - em frente ao portão da chácara de Lobo
Neves.
CAPÍTULO 54 - A pêndula
Saboreando ainda o beijo recebido, Brás Cubas deitou-se em sua cama.
Atentou-se ao barulho da pêndula do relógio: imaginou um velho diabo com dois sacos à
sua frente, um da vida e outro da morte, que a cada tique-taque tirava uma moeda de um
saco e jogava no outro. Continuou sua divagação sobre o tempo e a morte, percebendo que
mesmo quando o relógio parava, logo ele daria corda novamente, era algo a que os homens
estavam todos presos.
CAPÍTULO 57 - Destino
Esse amor, que ia contra as regras sociais, era justificado até por motivos santos: "Amo-te, é
a vontade do céu", disse Virgília a Brás Cubas. Era o destino, pois o próprio Brás teria
afirmado "Seja o que Deus quiser", e foi!
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CAPÍTULO 58 - Confidência
Tal era a confiança de Lobo Neves no amigo Brás Cubas que certa vez lhe confidenciou
certa melancolia quanto à sua carreira: não havia atingido a glória pública e, além disso,
estava envolvido numa trama política que era coberta de invejas, vaidades, interesses...
Mas assim que terminou a conversa e chegaram alguns deputados e o chefe de polícia, Lobo
Neves converteu-se num homem muito alegre, participando de uma longa conversa com
risos de todos os lados.
CAPÍTULO 59 - Um encontro
Saindo da casa de Lobo Neves, Brás Cubas começou a pensar na possibilidade de tornar-se
político. Coincidentemente cruzou o seu caminho um ministro, cumprimentou-o, era um
antigo colega de escola de Cubas. Daí elevou seus planos: "Por que não serei ministro?",
comparando-se ao seu companheiro de colégio com quem fazia travessuras quando
pequeno.
Brás já se retirava, dizendo a Quincas que ele poderia trabalhar para arranjar mais dinheiro,
quando o pedinte lhe informou que ensinaria a ele sua "filosofia da miséria".
CAPÍTULO 60 - Um abraço
Pensando que o homem estaria louco, Brás desviou-se para seguir seu caminho, mas foi
segurado pelo braço. Quincas o rodeou, elogiou suas roupas, perguntou sobre suas
mulheres... Pediu apenas que quando o encontrasse novamente, lhe desse mais dinheiro. Ao
final, ofereceu um abraço, como forma de agradecimento pela doação.
Brás saiu triste com a mudança que ocorreu em seu amigo: outrora era grande promessa de
sucesso, agora era mendigo. Ao procurar seu relógio de bolso, ele não estava mais lá, Borba
o havia roubado.
CAPÍTULO 61 - Um projeto
Ainda incomodado pelas lembranças infantis do amigo Quincas, em contraponto ao seu
estado atual, Brás Cubas decidiu que precisava ajudá-lo. Após o jantar procurou-o no
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passeio público, mas sem sucesso. Comprometeu-se em procurá-lo novamente, para tentar
uma regeneração, colocá-lo para trabalhar, intenções que muito o agradavam e tiravam-lhe
o ar melancólico.
CAPÍTULO 62 - O travesseiro
Cubas foi ao encontro de Virgília. Bastaram alguns olhares, mãos dadas, um beijo, e em
cinco minutos estavam desfeitos todos os planos em referência a Quincas Borba: para quê se
importar com um andarilho quando se têm uma amada que é como um travesseiro para seu
espírito?
CAPÍTULO 63 - Fujamos!
Havia se passado três semanas quando, ao encontrar Virgília, Brás Cubas percebeu um
abatimento na expressão da mulher. O fato é que havia pessoas desconfiando do
relacionamento dos dois e isso a preocupava.
Cubas teve uma ideia: fugirem para uma casa só deles, fugir da pressão social, do marido...
Mas Virgínia recusou, dizendo temer a reação de Lobo Neves. Brás insistia, contra-
argumentava, mas Virgínia encontrava novas desculpas.
Chegou Lobo Neves à chácara convidando Brás Cubas para jantar e acompanhá-los a uma
ópera. Ele ficou para jantar, deixando transparecer certa irritação, e depois voltou para sua
casa.
CAPÍTULO 64 - A transação
Cubas cogitou ir à ópera, mas desistiu e ficou a pensar em Virgínia, que parecia aborrecer-se
com ele.
No dia seguinte foi ter com ela, que estava chorando pelo comportamento que ele teve no
jantar, dizendo que a havia maltratado.
Tais comentários da baronesa não eram sem propósito: ela era uma mulher que vigiava a
vida de todos e, provavelmente, desconfiava do romance de Brás com Virgília. Da mesma
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forma havia um parente de Virgília, Viegas, um velho que poderia imaginar algo sobre o
relacionamento secreto. Por último, Luís Dutra, o primo de Virgília, que só não devia
denunciar o casal a Lobo Neves em gratidão à parceria que tinha com Cubas, com seus
escritos e poesias.
CAPÍTULO 66 - As pernas
Enquanto pensava em todas essas pessoas que deveriam saber de seu romance, Cubas era
levado ao hotel Pharoux, onde costumava jantar. Ele era levado pelas suas próprias pernas,
inconscientemente, como se elas tivessem vontade própria. Decidiu, portanto, dedicar-lhes
um capítulo exclusivo.
CAPÍTULO 67 - A casinha
Após jantar, voltando à sua casa, Brás Cubas encontrou um bilhete de Virgínia dizendo-lhe
que desconfiavam deles e, por isso, precisavam terminar o romance.
Cubas foi correndo à casa de Virgília, onde a encontrou já arrependida do bilhete, mas
ainda abalada pelo alarme dado pela baronesa: ela a havia avisado sobre a suspeita que havia
em torno deles, por toda a sociedade, principalmente após a ausência de Brás no camarote
de Lobo Neves, na ópera.
A saída foi a casinha: comprada na região da Gamboa, seria cuidada por uma conhecida de
Virgínia e serviria de esconderijo para os encontros românticos. Assim Brás se livraria de
encarar Lobo Neves e seu filho, que já o irritavam.
CAPÍTULO 68 - O vergalho
Logo depois de ajustar a tal casinha, Brás Cubas avistou na praça dois negros, um açoitando
o outro. Aproximando-se identificou Prudêncio, seu antigo escravo, que seu pai libertou,
agora com um escravo próprio.
Cubas questionou Prudêncio o porquê daquela violência, e ele explicou que aquele era um
escravo folgado que bebia muito. Brás pediu que ele fosse perdoado, e seu ex-escravo o
atendeu.
Continuando seu caminho, Brás Cubas pôs-se a pensar que a violência de Prudêncio com
seu escravo era apenas a réplica da violência que ele havia recebido quando ele mesmo era
escravo - violência essa originária do próprio Brás, que tinha o costume de montar no
negro, lhe pôr arreios, tal qual um animal.
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O autor, entretanto, confessa que a piada não tem graça quando escrita e decide voltar a
falar sobre a casinha na Gamboa.
Dona Plácida era a senhora que cuidava do lugar, tendo a casa como oficialmente sua. A
princípio ela sentiu nojo de seu papel, sabendo da finalidade do lugar, mas teve a confiança
conquistada por Brás Cubas após ele contar uma novela inventada em torno do romance
proibido.
Após alguns meses era possível considerar Dona Plácida como a sogra de Cubas, que acabou
lhe destinando os cinco contos que havia encontrado anteriormente na praia, como forma
de agradecimento.
CAPÍTULO 72 - O bibliômano
O autor confessa que deve suprimir o capítulo anterior, pois haveria nele um
"despropósito" sobre o qual não desejava críticas.
Em seguida ironiza um suposto leitor do seu livro, setenta anos à frente, encontrando um
exemplar único e questionando-se qual era este "despropósito", procurando-o por cada
página. Não o encontraria - pois o despropósito não existe, foi suprimido -, mas isso não
faria com que ele desmerecesse o livro, pelo contrário, o adoraria pelo simples fato de ser
um exemplar único!
CAPÍTULO 73 - O luncheon
Observando que seu "despropósito" o fez perder mais um capítulo, o autor volta a refletir
sobre seu estilo ébrio de escrever. Observa que também tinha a mesma estrutura suas
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O casal sempre chamava Dona Plácida para compartilhar a mesa, mas ela nunca aceitava o
convite. Um dia Virgília perguntou se ela estava descontente, e Dona Plácida negou,
dizendo que ela era a única pessoa de quem gostava no mundo. Brás deixou-lhe uma prata
no bolso do vestido.
Foi nesse último que período conheceu a família de Virgília, o que a levou a sua situação
atual, tornando-a muito grata pela proteção que recebe do casal, ao cuidar da casa em que
se encontram - do contrário, poderia estar a pedir esmolas.
CAPÍTULO 75 - Comigo
O autor descreve a reflexão que teve sobre a vida de Dona Plácida: Cubas imagina o
encontro do tal sacristão da Sé com a futura mãe de Plácida, uma "conjunção de luxúrias"
que resulta no bebê que, chegando ao mundo, questiona "Para que me chamastes?".
Respondendo ao bebê, seus pais explicam, com ironia, que ela veio à vida para sofrer em
uma vida de servidão, até acabar esquecida num canto qualquer.
CAPÍTULO 76 - O estrume
A consciência de Brás Cubas pesou sobre ele: estava fazendo de Dona Plácida uma
intermediária em uma relação indecente. Agora entendia porque, no início, a senhora tinha
nojo da situação.
Como resposta à consciência, Brás entende que aquela era a forma possível de tornar a
velhice de Dona Plácida mais suportável, longe da mendicância, era um mal que se tornava
bem: "o vício é muitas vezes o estrume da virtude".
CAPÍTULO 77 - Entrevista
Os encontros com Virgília já não contavam com o ar de novidade, cercado de tensão e
sustos, que tinham no início - e que os tornavam mais belos. O relacionamento entrava em
uma constante, como acontece com os casamentos.
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Certo dia Virgília surgiu zangando-se com Brás Cubas por ele ter faltado a um evento que
prometera comparecer. Cubas revelou que sua falta ocorreu por ciúmes, já que na ocasião
anterior havia visto Virgília a valsar com um rapaz que a cortejava.
Virgília ri da suposição de Brás Cubas, fazendo com que ele também ria, dando o caso por
encerrado - apesar de o autor entender que, naquele momento, ela o enganara.
CAPÍTULO 78 - A presidência
Passados alguns meses Lobo Neves surgiu com a notícia que se tornaria presidente de uma
província, o que obrigava a mudança dele e de Virgília. Mesmo com a mulher
demonstrando que não gostava da ideia, ele não abriu mão de sua ambição.
Na casinha da Gamboa, Virgília chorava ao contar sobre seu destino a Dona Plácida,
quando chegou Brás Cubas imaginando alguma solução para o caso. Ela propunha que
Cubas viajasse junto a eles, mas ele acreditava que isso era loucura.
Por fim, Brás deixou nas mãos de Virgília a decisão que teria de ser tomada.
CAPÍTULO 79 - Compromisso
Após deixar a casa, Brás Cubas sofreu um embate interno: deveria manter sua atitude
egoísta, deixando Virgília sozinha com suas decisões; ou deveria ter piedade, permanecendo
com ela nesse momento difícil?
Ao final houve um compromisso entre egoísmo e piedade: ele iria visitar Virgília nesse
período, mas somente na casa dela, assim poderia marcar sua presença sem lhe falar sobre o
assunto. O autor percebe, no entanto, que essa ainda era uma atitude egoísta.
CAPÍTULO 80 - De secretário
Na noite seguinte Brás Cubas vai à casa de Lobo Neves que o recebe com um convite: que
siga com ele para o Norte, em sua futura província, como seu secretário.
Inicialmente Brás assustou-se, acuado como se o convite fosse uma armação de Lobo Neves,
que possivelmente saberia algo de seu relacionamento com Virgília. Mas não, era um
pedido autêntico. E Cubas aceitou.
CAPÍTULO 81 - A reconciliação
No dia seguinte Brás ainda estava em dúvida se era acertado seguir para o Norte com Lobo
Neves e Virgília, se isso não mancharia a honra de sua amada.
Eis que chega uma visita em sua casa: era sua irmã Sabina, com quem não tinha contato
desde a discussão sobre a herança deixada pelo seu pai. Ela propôs uma reconciliação que
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foi prontamente aceita. Brás se emocionou ao lembrar-se de seu passado com a irmã, ao
conhecer sua sobrinha, Sara, já com cinco anos, e também ao rever Cotrim, que deixava
para trás as velhas desavenças.
Entusiasmado, Cubas contou sobre sua futura viagem para todas as pessoas com quem
cruzava. Uns o parabenizavam, outros, sabendo de boatos sobre ele e Virgília, batiam-lhe no
ombro e davam sorrisos maliciosos. Inicialmente Brás reagia a essas indiretas com um
sorriso tímido, que com o tempo foi se abrindo, tal qual uma flor em botão que desabrocha
- uma questão de botânica.
CAPÍTULO 83 - 13
Cotrim tirou Brás Cubas deste estado extasiante para lembrá-lo que a viagem era arriscada:
seu caso com Virgília não despertava interesse na corte, onde havia muitos outros
acontecimentos para se comentar, mas numa província chamaria a atenção de todos! Sabina
também insistia que era necessário arranjar uma noiva para seu irmão.
Já estava publicada a transferência de Lobo Neves e Brás Cubas para a província quando ele
foi ter com Virgília, para compartilhar da preocupação que Cotrim havia despertado. No
entanto não havia o que temer: a viagem estava cancelada. O motivo verdadeiro, que não
seria revelado publicamente, era uma superstição de Lobo Neves com o número 13, que
sempre lhe deu mau agouro, e que agora ressurgia - era a data da publicação de sua
nomeação para a província.
CAPÍTULO 84 - O conflito
Lobo Neves não assumiu nem para Brás Cubas o motivo verdadeiro da desistência. Chegou
a demonstrar certo arrependimento, mas a superstição era mais forte.
No fim das contas o ministro não acreditou que a mudança de planos se dava por conta de
negócios, chegou a crer em manejos políticos, afastando-se de Lobo Neves.
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CAPÍTULO 86 - O mistério
"Desciam a montanha" quando um acontecimento que Virgínia confidenciou a Brás Cubas
o fez estremecer e em seguida ser amparado maternalmente pela mulher - mas ele não diz
qual foi a revelação.
CAPÍTULO 87 - Geologia
Nesse período morreu Viegas, o parente de Virgília, de quem ela esperava alguma herança.
Lobo Neves talvez tivesse a mesma expectativa, mas a encobria.
Lobo Neves tinha uma dignidade fundamental, como uma rocha, sobre a qual havia
camadas mais finas de dignidade, feitas de areia, mas que foram levadas pela enxurrada da
vida.
CAPÍTULO 88 - O enfermo
Se Lobo Neves não deixava claro suas pretensões quanto ao velho Viegas, Virgília já não
tinha escrúpulos: adulava o homem explicitamente, recebendo-o em sua casa com todos os
cuidados, passeando junto a ele, ouvindo suas conversas sobre seus investimentos e casas
que construía.
CAPÍTULO 89 - In extremis
Viegas estava de cama, muito doente, quando Brás e Virgília foram visitá-lo. Lá ele discutia
o preço de uma casa com um possível comprador. Durante a negociação, em meio a tosses
contínuas, enquanto insistia em um preço mais elevado de sua propriedade, o velho
avarento engasgou e morreu.
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Cubas passava horas a observar a barriga de Virgília, a conversar com o pequeno feto e
imaginar seu grandioso futuro.
CAPÍTULO 93 - O jantar
O jantar na casa de Cotrim foi um torturante. Cubas sentou-se em frente a Dona Eulália,
filha do extraordinário Damasceno, conhecida como Nhã-loló, que não parava de o
observar.
Após sair da mesa, Brás foi chamado por sua irmã Sabina, que cogitou Nhã-loló como sua
futura esposa. Ele recusou, e sentiu-se mal, imaginando que a reaproximação recente de sua
irmã teria apenas este intuito, casar-lhe.
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Lobo Neves questionou Virgília, prometendo perdoá-la se dissesse a verdade. Ela negou
tudo, mas seu marido não acreditou. Por fim, Virgília disse que o máximo que ocorreu
foram palavras de gracejo não correspondidas, vindas de Brás Cubas, e prometeu tratá-lo de
forma que ele não mais visitasse sua casa.
CAPÍTULO 98 - Suprimido
Brás Cubas foi ao teatro e lá encontrou Damasceno com sua esposa e filha. Como no jantar
anterior, Nhã-loló não tirou os olhos de Cubas, que retribuía, contemplando seu corpo sob
o leve vestido que usava.
CAPÍTULO 99 - Na plateia
Ainda no teatro, Cubas avistou Lobo Neves na plateia, e foi ter com ele em um dos
corredores. A conversa foi amistosa e ao toca no nome de Virgília, Lobo Neves foi breve.
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Brás Cubas concluiu que não foi mau negócio a carta anônima, uma vez que agora poderia
encontrar-se com Virgília sem a necessidade de visitar sempre seu marido. A distância
poderia criar uma saudade que seria benéfica para seu amor. Além do mais, Cubas já tinha
quarenta anos e não havia feito nada importante da vida. Era hora obter algum êxito,
inclusive para impressionar Virgínia.
O narrador termina o capítulo discorrendo sobre sua relação com a plateia, a multidão, cuja
fama ele cobiçou até a morte. No entanto, acredita vingava-se dela ao não lhe dar ouvidos
quando o cercava - compara-se a Prometeu entre os abutres ou Gulliver entre os pequenos
homens.
Como exemplo, o caso de Lobo Neves que recusou o posto de presidente de província (vida
pública) por sua superstição com o número 13 (vida privada).
O narrador ainda não deseja esclarecer como ocorreu o movimento contrário, apenas conta
que quatro meses após o último encontro com Lobo Neves, ele reconciliou-se com o
ministério.
Cubas sabia do gosto de Virgília pela nobreza. Isto se prova por um caso que ela teve,
durante três meses, com um diplomata da Dalmácia. O breve namoro findou-se devido a
uma violenta revolução que ocorreu naquele país, exigindo a volta do diplomata - para a
alegria de Cubas.
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Após três dias Cubas pediu desculpas a Virgília, mas ela não se satisfez e atacou seu amante,
fazendo elogios a seu marido, comparando-os... Brás estava quieto observando uma mosca e
uma formiga que se atracavam no chão, quando foi cobrado pela mulher, ela queria alguma
resposta. Cubas explicou que não havia resposta a dar, que ela parecia querer romper o
relacionamento, Virgília concordou.
Um brinco de Virgília caiu e foi parar junto à mosca e à formiga. Brás Cubas pegou os
insetos e os separou: ambos saíram satisfeitos.
[Aqui ocorre uma metáfora da separação entre os insetos e a separação do casal de amantes.]
Primeiramente Virgília, assustada, escondeu-se, e Brás Cubas pôs-se a esperar por Lobo
Neves. Mas em um instante ela se recuperou e decidiu mandar Cubas para o quarto.
Lobo Neves entrou, vasculhando a casa com olhares desconfiados, explicando que decidiu
entrar ao ver Dona Plácida na janela. Dona Plácida o recebeu dizendo que Virgília estava de
visita. Sem demonstrar qualquer desespero, Virgília informou que já estava de saída e que
iria junto com o marido, então.
O próprio Cubas não soube definir se Dona Plácida o impediu por ele ter dito em voz alta
suas intenções, ou se ele falou em voz alta para que Dona Plácida o impedisse. A conclusão
que chega é que sua ação seguia a regra da equivalência das janelas, que abordou no
Capítulo 51: o tempo que esteve escondido no quarto era uma janela fechada que ele
compensava tentando atirar-se para fora da casa.
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Sozinho, Brás Cubas começou a pensar em outra vida para si. Uma vida estável, casado,
com um filho, em contraponto ao jogo perigoso que viveu que teve até então.
Quincas defendia que em seu sistema, o Humanitismo, não era necessária uma vida
modesta, pelo contrário, o prazer era bem-vindo. Cubas descreve o novo Quincas Borba,
um homem bem aprumado, elegante. Ele havia herdado uns contos de um velho tio.
Mas Brás Cubas não estava disposto ás filosofias do amigo, ele descreve sua alma como uma
peteca que era lançada ao alto, ora pelos pensamentos de Quincas, ora pelo bilhete de
Virgília.
CAPÍTULO 110 - 31
Em uma semana Lobo Neves estava novamente nomeado presidente da província. Ansioso
por ver alguma nova coincidência com o número 13, que poderia evitar a viagem mais uma
vez, Brás Cubas descobriu que a publicação ocorreu no dia 31 - uma simples inversão de
algarismos, e tudo estava resolvido!
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Brás Cubas releu o velho bilhete, lembrou-se do início do namoro, quando ele efetivamente
havia pulado o tal muro. Teve uma "sensação esquisita".
O autor levanta um questionamento sobre o comportamento de Lobo Neves: ele não agia
daquela forma exatamente por medo de Brás Cubas, mas por medo da opinião pública. Da
mesma forma, talvez já não amasse sua mulher, talvez quisesse separar-se após descobrir a
traição, mas não o fazia, novamente por medo da opinião pública. Sem poder mostrar
ressentimentos com Cubas, por não querer separar-se de Virgília, Lobo Neves simulava
ignorância sobre o caso.
Talvez todas essas manobras custassem muito a Lobo Neves. Mas seriam custos que o
tempo compensaria, já que de sua vida restaria seu filho, sua reputação, e nenhuma mancha
de sangue em sua biografia.
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ver em menos de dois anos. Terminam a conversa rapidamente quando percebem que há
alguém os observando.
Teve seu almoço, no hotel Pharoux, entre lembranças de suas aventuras e as delícias da
cozinha de M. Prudhon, com as quais "enterrava magnificamente" seus amores, que nunca
voltariam à mesma forma.
Às vezes Brás Cubas abria suas gavetas e retirava folhas velhas, antigas cartas, de amigos,
namoradas, e as lia, remontando seu passado. Sugere ao leitor que guarde suas cartas de
juventude para que possa, da mesma forma, no futuro, "cantar suas saudades".
A vida seria o maior benefício concedido pelo Humanitas, fazendo com que todo ser que
nasça queira gozá-la tal qual seu genitor. A única coisa negativa seria não nascer. A inveja,
por exemplo, é vista como um sentimento danoso pela maioria das religiões; mas no
Humanitismo ela é apreciada como autêntica emanação do Humanitas, já que os homens,
por terem uma mesma origem, se invejam. Da mesma forma homens que atacam são
Humanitas, pois a luta é uma de suas funções.
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Neste momento Cubas estava estupefato pelas revelações do colega. Quincas devorava uma
asa de frango quando voltou a filosofar.
O frango que ele comia era o resultado de diversos esforços (desde escravos trazidos da
África, em navios construídos por outros homens, etc.) com o objetivo de saciar sua fome.
O Humanitismo era a destruição da dor, já que esta seria uma ilusão - consciente de ser
parte do Humanitas, todos saberiam que cumpriam seu papel, sem sofrimentos.
Quatro volumes tinha a obra de Quincas Borba, escrita em letras miúdas. O último tratado
era político, no qual era revelado que mesmo com a reorganização da sociedade, a guerra, a
fome e a miséria não cessariam, pois não seriam motivo de impedir a felicidade humana.
"Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos
andassem de carruagem."
"Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau.
Esta é a reflexão de um joalheiro."
"Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro
andar."
Foi ter com Quincas, confidenciando-lhe suas intenções. O filósofo declarou que era o
Humanitas que se manifestava nele, levando-o ao casamento, convidando novos seres à
vida: Compelle entrare, expressão de Jesus que seria um prenúncio ao Humanitismo.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
Certo dia, após assistir à missa na capela do Livramento, desciam o morro Damasceno,
Cubas e Nhã-loló. Uma rinha de galos chamou a atenção do pai, que parou para assistir. O
casal seguiu descendo, Brás Cubas abriu um guarda-sol e eles se beijaram. Nosso narrador
descreve que naquele momento sentiu-se mais novo, como se tivesse descido o morro dos
anos, de volta à sua juventude.
Brás tentou relevar o ocorrido, fazendo piadas, mas nada tirava Nhã-loló daquela tristeza.
Essa atitude fez Cubas entender que ela intencionava separar as causas dela das causas de seu
pai, e isto o animou para "arrancar esta flor a este pântano".
Sem entender muito bem os escrúpulos de seu cunhado, que por vezes o aconselhou a
casar-se, inclusive pela importância política do matrimônio, o narrador ainda o defende:
Cotrim era um homem honrado, um tanto avarento - o que não seria um vício, mas sim a
"exageração de uma virtude"; maltratava seus escravos - mas apenas os perversos e fujões;
contrabandeava negros - mas isso não era algo que provinha de sua índole, era efeito de suas
relações sociais. A prova dos bons sentimentos de Cotrim estava no seu amor aos filhos,
inclusive na dor que sofreu com a morte da filha Sara. Além disso, ele participava de
irmandades, realizava boas ações. Talvez um defeito fosse uma mania de publicar nos
jornais as benfeitorias que praticava, mas mesmo isto poderia ser justificado: ações de
caridade eram contagiosas, quando bem divulgadas.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
A morte daquela jovem que seria sua esposa, bem como a de tantos outros na mesma época,
fez com que Cubas se sentisse mal. Quincas Borba, no entanto, argumentou que as
epidemias tinham sua utilidade para humanidade, observando a sobrevivência dos que não
morriam.
Na missa de sétimo dia Damasceno estava desconsolável. Doía-lhe, além da perda da filha,
o fato que apenas doze pessoas compareceram ao enterro, quando foram enviados oitenta
convites. Cotrim tentou amenizar, dizendo que os doze presentes eram realmente
interessados na família, o restante estaria ali apenas por formalidade. Damasceno rebateu:
que fosse por formalidade, mas que viessem!
Por exemplo, certo dia estava observando um retrato de seis damas turcas que trajavam o
tradicional véu que deveria tapar o rosto. No entanto o véu era transparente e permitia ver
suas faces por inteiro. A relação que tirou daí, com o desconsolo de Damasceno pela falta
dos convidados no enterro de sua filha, está na exigência da formalidade. O véu cumpria
com a formalidade tradicional de cobrir o rosto, mesmo que seu efeito não fosse exatamente
de escondê-lo.
Considerando isto, Cubas faz um elogio à formalidade, uma intermediária entre os homens
e também entre os homens e seus deuses. Mais valeria uma ação formal, mesmo que sem
uma intenção genuína, do que uma intenção sem a devida formalidade.
feito com que ambos, enfim, dividissem o mesmo espaço como deputados — para isso,
Lobo Neves continha seu ressentimento, Cubas deveria conter seu remorso. Deveria, mas
não continha nada a não ser a ambição de ser ministro.
Deste diálogo o narrador analisa que, apesar de as mulheres terem fama de serem
indiscretas, os homens é que o são. Em questão de aventuras amorosas, mulheres negam
tudo, dizem que são calúnias; enquanto os homens se orgulham do feito, o consideram uma
vitória sobre o outro homem - que não deve ser omitida.
de amor com Virgília; mas na realidade, como havia assinalado nos capítulos anteriores,
sendo ele um homem, havia outro interesse mais imediato, espontâneo, que o fez escancarar
seu antigo relacionamento perante seu amigo.
O autor observa que, devido a este avanço no tempo, seu estilo já não é tão ágil. E por causa
daquele baile, após embriagar-se na juventude que o cercava, percebeu, ao voltar a seu
carro, que aquela rejuvenescência não emanava dele, mas apenas era um reflexo dos outros.
Quincas animou-o: ele deveria lutar até o fim, pois "a pior filosofia é a do choramingas que
se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas".
Após o conselho do filósofo, Brás Cubas decidiu entrar de vez na vida política, não mais
como mero coadjuvante: preparou um discurso que defendia a diminuição da barretina da
guarda nacional! Este tema "importantíssimo" gerou alvoroço na câmara, unindo prós e
contra num debate acalorado.
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RESUMO POR CAPÍTULO
Ao fim, ainda que com o apoio moral de Quincas Borba, Brás Cubas recuou diante da
pressão dos parlamentares e aceitou que a mudança da barretina não fosse imediata, que
fosse alvo de maiores estudos.
Ao perder a cadeira na câmara de deputados, Brás Cubas ficou inconsolável. Quincas Borba
observou que isto acontecia porque ele não era movido pela paixão do poder, a qual o
levaria ao seu objetivo, quaisquer que fossem os meios; mas por um capricho, o que lhe
causa maior desencanto uma vez não alcançado. E daí ele aplicaria esta teoria ao seu
Humanitismo... Mas Brás Cubas não permitiu e pediu que se calasse.
Ficou Cubas em sua sala, com suas janelas, seus pássaros, seus livros, sua cadeira que, no
entanto, não encobria a saudade que tinha da cadeira que não mais era dele.
Saíram a caminhar quando cruzaram com dois cães a brigar por um osso. Quincas Borba
logo remeteu a cena aos princípios do seu Humanitismo, enxergando beleza naquela luta.
Ao fim um dos cães saiu com o osso, o outro saiu ferido. Quincas lembrou ainda que há
situações em que criaturas humanas disputam o osso com os cães, tornando a batalha ainda
mais interessante, pela ação da inteligência do homem.
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Chegando à sua casa, Brás Cubas recebeu uma carta de Virgília: pedia que visitasse Dona
Plácida, pois estava doente, morando no Beco das Escadinhas, e deveria levá-la para a
Misericórdia (hospital).
Quincas Borba retirava um livro da estante para embasar suas teorias: Pascal havia dito que
o homem tem "uma grande vantagem sobre o resto do universo: sabe que morre, ao passo
que o universo ignora-o absolutamente". Daí sentenciou uma frase que considerou mais
profunda que a de pascal: o homem "sabe que tem fome" — afinal, a morte é definitiva
para o ser, enquanto a fome vai e volta.
Chegando à casa de Dona Plácida, ela estava moribunda, sozinha, em sua cama. Levou-a
para a Misericórdia e em uma semana morreu. Ou melhor, amanheceu morta: saiu da vida
às escondidas, da mesma forma que entrara.
Cubas se perguntava novamente, como havia feito no Capítulo 75, se era para isso que o
sacristão da Sé e a doceira a colocaram no mundo. Chegou à conclusão que a vida de Dona
Plácida teve sim uma utilidade: a de possibilitar seu romance com Virgília. Uma utilidade
relativa, mas, afinal, o que há de absoluto no mundo?
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O programa prometia curar todos os males da sociedade, em todos os aspectos e, para isso,
derrubar o atual ministério. Esta última posição foi contestada por Quincas Borba, que a
achou mesquinha e de alcance apenas local. Mas Cubas convenceu-lhe que ela era uma
aplicação direta do Humanitismo: toda disputa, toda guerra, possuía a mesma beleza que
movia o Humanitas.
O desenvolvimento deste programa fez Quincas Borba reafirmar suas posturas filosóficas
como verdades eternas e identificar Brás Cubas como seu grande discípulo.
Cubas ficou incrédulo com o que leu: não havia necessidade de ele tornar pública a
desavença familiar. Além disso, quando deputado, Brás era um parceiro de Cotrim no que
ele necessitasse. Sua atitude era um destempero e uma ingratidão, um problema insolúvel.
Para o filósofo, tudo era explicado pela "teoria do benefício": aquele que é beneficiado sai
de um estado de privação para um estado neutro, ou seja, indiferente, e logo a memória da
ajuda recebida se esvai; enquanto aquele que beneficia um necessitado sai de um estado
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neutro para um estado sublime, causado pela alegria de ter ajudado outrem, bem como por
sentir-se superior a este outrem, situação que fica gravada na memória com maior firmeza.
Daí que Cubas esperava alguma gratidão de Cotrim por suas benfeitorias, enquanto Cotrim
não levava o passado em conta.
Cubas estava encerrando uma rotação: a de seu jornal. Seis meses após a primeira
publicação, que restituiu ao autor a força da juventude, ele já chegava à sua própria velhice.
No enterro Virgília chorava lágrimas verdadeiras. Cubas não conseguiu falar nada, "levava
uma pedra na garganta ou na consciência". O ambiente do cemitério desagradava nosso
narrador.
[Vespasiano era um imperador romano que, para restaurar as finanças do império, impôs
tributos até para o uso das latrinas. Questionado por seu filho, ele se justificou: "o dinheiro
não tem cheiro".]
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Contando isto para Quincas Borba, foi taxado de louco. Ele não se sentia louco, mas como
nenhum louco se crê louco, não queria dizer muita coisa.
Em alguns dias surgiu um alienista (médico que cuida de loucos, alienados), enviado por
Quincas Borba. Ao analisar Brás Cubas, afirmou que ele era perfeitamente são e alertou que
seu amigo filósofo é que estava enlouquecendo.
Brás Cubas incomodou-se com a notícia e o alienista amenizou a situação, dizendo que um
pouco de sandice não era tão mal. Como Cubas não concordou com esta opinião, o médico
rebateu com um argumento que merecia um capítulo próprio — o próximo.
Comparou a situação do criado de Brás Cubas: cuidava da casa do patrão como se fosse
dele, e aquilo o alegrava.
]Nessa época Cubas reatou suas relações com Cotrim, sendo convidado a entrar para uma
Ordem em que praticava caridade. Quincas Borba o apoiou, e apenas o advertiu que sua
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verdadeira religião deveria ser o Humanitismo, que um dia haveria de dominar o mundo —
cristianismo, budismo e demais religiões orçavam pela vulgaridade e fraqueza, um dia
sucumbiriam.
Brás Cubas alegrou-se muito com suas benfeitorias e ressalta sua modéstia ao não listar
todos os auxílios que prestou aos pobres e enfermos. Foi esta a fase mais brilhante de sua
vida.
O narrador ainda lembra que nesse período viu a linda Marcela morrer no hospital da
ordem, já feia, magra, decrépita, um dia após sua internação.
Também encontrou Eugênia, sua Vênus manca, em um dos cortiços que ele visitava
distribuindo esmolas. A garota ficou pálida ao reconhecê-lo, mas em seguida ergueu a
cabeça. Vendo que ela não aceitaria esmolas suas, Cubas apenas estendeu-lhe a mão como
faria a uma dama. Não soube como Eugênia chegara àquele estado de pobreza, somente
percebeu que continuava coxa e triste.
O que mais entristeceu Brás é que Quincas sabia que estava enlouquecendo, e ainda
brincava com o fato, dizendo que seria mais uma ação do Humanitas. Recitava longos
capítulos de livros, chegou a inventar uma dança sacra para cerimônias religiosas do
Humanitismo.
Como conclusão, Brás analisa que teve uma vida de negativas: não alcançou celebridade,
não foi ministro, não se casou... Pelo lado "bom" dessas negativas, nunca comprou seu pão
com o suor de seu rosto, não enlouqueceu como Quincas, não morreu como Dona Plácida.
Fazendo as contas, seria possível imaginar que o jogo terminou empatado. Mas o narrador
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ressalta uma negativa que lhe dá algum saldo: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria".
FIM
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QUESTÕES DE VESTIBULARES
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se
poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja
começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a
primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para
quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: a
diferença radical entre este livro e o Pentateuco."
(C) que o levou a escrever suas memórias foram duas considerações sobre a vida e a morte.
(A) promontório.
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(D) intróito.
5. (E.E. Mauá-) Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, não é correto afirmar
que:
(A) é uma obra inovadora do processo narrativo, que introduz o Realismo no Brasil.
(B) Brás Cubas atua como defunto-narrador, capaz de alterar a seqüência do tempo
cronológico.
(E) revela crítica intensa aos valores da sociedade e ao próprio público leitor da época.
6. (UFPA) No capítulo "Ao Leitor", Brás Cubas (de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis) classifica sua narrativa como "obra de finado". Tal classificação se
justifica caso se leve em conta que
(A) personagem principal termina sendo ministro; o adjetivo "finado" fica por conta da
ironia do autor.
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(B) personagem-narrador, no presente da narrativa, já não faz parte do mundo dos vivos.
(C) Dona Plácida, personagem fundamental do livro, tinha verdadeira obsessão pela morte.
(E) centro da narrativa é o amor de Virgília e Brás que, ao fim, não se realiza; o adjetivo
"finado" seria um tributo à morte deste amor.
7. (UFF 2009)
Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se
poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja
começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a
primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para
quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo:
diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
(A) Este narrador em primeira pessoa é uma alternativa ao narrador intimista tradicional,
que tem seu ponto de vista absolutamente limitado pelas circunstâncias e pelo que o
narrador-personagem pode conhecer a partir delas.
(B) Este narrador em primeira pessoa é uma alternativa ao narrador onisciente, tradicional
do Realismo.
(C) Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado depois que Machado de Assis
morreu, razão pela qual Machado declara que não é propriamente um autor defunto, mas
um defunto autor, para quem a campa foi outro berço.
(D) A hesitação expressa pelo narrador (pôr em primeiro lugar seu nascimento ou sua
morte) não faz parte do repertório tradicional de autores realistas ou naturalistas.
(E) O narrador declara que é um defunto autor, para quem o túmulo foi um outro berço
porque somente depois de morto ele resolveu produzir a narrativa que o vai transformar em
autor.
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9. (Fuvest 2000)
"(...) e tudo ficou sob a guarda de Dona Plácida, suposta, e, a certos respeitos, verdadeira
dona da casa. Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício; mas
afinal cedeu. Creio que chorava, a princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que
não levantou os olhos para mim durante os primeiros dois meses; falava-me com eles
baixos, séria, carrancuda, às vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava por ofendido,
tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança.
Quando obtive a confiança, imaginei uma história patética dos meus amores com Virgília,
um caso anterior ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que
outros toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma só página da novela; aceitou-as
todas. Era uma necessidade da consciência. Ao cabo de seis meses quem nos visse a todos
três juntos diria que Dona Plácida era minha sogra. Não fui ingrato; . fiz-lhe um pecúlio de
cinco contos, - os cinco contos achados em Botafogo, - como um pão para a velhice. Dona
Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas
as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou
o nojo."
(A) a dominação dos proprietários era abrandada por sua moralidade cristã, que os inclinava
à caridade e à benevolência desinteressada.
(B) a dependência da proteção dos ricos podia forçar os pobres a transigir com seus
próprios princípios morais.
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(D) os senhores mais re. nados, mesmo numa sociedade escravista, davam preferência a
criados brancos, mas, dada a escassez destes, eram obrigados a grandes concessões para
conservá-los.
10. (Fuvest)
"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui
ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas,
coube-me a boafortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a
morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e
outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente
que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,
achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
O texto evidencia, com clareza, pelo menos uma das características principais de Machado
de Assis:
(B) a linguagem rebuscada, de tal modo ambígua, que quase prejudica a compreensão do
sentido.
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