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Por fim, Amato (2018, p. 136) esclarece que a consagração dos direitos
indígenas no âmbito internacional chega com a Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas, adotada pela Assembleia Geral da
ONU em 2007. Essa Declaração, conjugada às bases constitucionais
nacionais, é marco normativo que redefine as argumentações e as lutas pela
concretização dos direitos indígenas, na transversalidade das arenas políticas
internacionais e nacionais.
Além disso, apresenta outras abordagens sobre o constitucionalismo
sul-americano que tem desenvolvido notáveis inovações na matéria. Contudo,
é preciso discernir a situação dos países com grandes contingentes indígenas
daqueles em que estes representam minoria não apenas qualitativamente
(politicamente), mas também quantitativa/demograficamente. Abordando sobre
o contexto do Peru, Venezuela, Chile, Colômbia e Argentina (AMATO, 2018, p.
136-140).
Com referência ao Direito e política indigenista no Brasil, o autor
(AMATO, 2018, p.141-146) traz uma breve rememoração, com base nos
estudos do pesquisador Villas Bôas Filho, tratando em síntese, sobre à
violência do período colonial, que manifesta no extermínio físico dos grupos
indígenas, quer simbolizada na aculturação sob a proteção católica, seguiu-se
o projeto de construção nacional do Império, quando José Bonifácio de
Andrada e Silva propunha a “civilização dos índios bravos”, o banimento da
“ignorância” e “barbárie de costumes” pela imposição da língua portuguesa e
dos hábitos civilizados.
Todavia, a Constituição brasileira de 1988, entretanto, como balanço
negador da experiência autoritária direcionado à programação da democracia
que se inaugurava, recuperou a incontornável experiência do Xingu – a
organização de relações pacíficas intertribais, de um lado e, de outro, o
reconhecimento dos povos indígenas como experiência cultural valorosa e
agente político com autor respeito e respeitável pela “modernidade” e pela
“oficialidade” nacional. O projeto humano, cultural e ambiental do Parque
Indígena do Xingu estabeleceu-se como paradigma para “outras grandes áreas
de proteção etnoambiental no Brasil e em toda a América do Sul” (HEMMING,
2006, p. 147). Gomes (2006, p. 160) realça a influência do Parque na redação
do artigo 231 da Constituição de 1988 e apresenta como “extensões
conceituais” do Xingu (AMATO, 2018, p.142).
Neste contexto através da Constituição Federal de 1988, correram
inovações. Vajamos:
a) a superação da tutela, reconhecendo a capacidade civil dos índios;
b) abandono do pressuposto integracionista, em favor do
reconhecimento do direito à diferença sociocultural dos povos
indígenas, na linha do multiculturalismo contemporâneo;
c) reconhecimento da autonomia societária dos povos indígenas,
garantindo para isso o direito ao território, à cultura, à educação, à
saúde, ao desenvolvimento econômico, de acordo com os seus
projetos coletivos presentes e futuros;
d) reconhecimento do direito à cidadania híbrida: étnica, nacional e
global. (BANIWA, 2012, P. 206-207) (AMATO, 2018, p.145).