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PROCESSO Nº 5004000-89.2013.404.7101
ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL
REQUERENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REQUERIDO(A): MARIA VANDERLÉIA DOS SANTOS
RELATOR: JUIZ FEDERAL DOUGLAS CAMARINHA GONZALES
VOTO – EMENTA
1. Prolatado acórdão pela Turma Recursal do Rio Grande do Sul que abonou
sentença de procedência de pedido de manutenção de pensão por morte à filha
maior não inválida, sob a assertiva da decadência de se revisar o ato em pauta,
ainda que ilegal.
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(...)
7. Data venia, não se visualiza passível de compreensão que o art. 103-A da Lei
nº 8.213/91 busque sustentar situações de ilegalidade - dada a natureza dos
benefícios que alcança a tutelar – quer por força da ratio interpretativa do artigo
em pauta que não sustentar a extensão apontada pela decisão recorrida; quer
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ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 8ª ed.
Malheiros: 2008. p. 52-54. Exemplifica o raciocínio com o choque de normas abstratas do Código de Ética
Médica que determina que o médico deve dizer para seu paciente toda a verdade sobre sua doença, e outra
estabelece que o médico deve utilizar todos os meios disponíveis para curar seu paciente. Como deliberar o
que fazer no caso em que dizer a verdade ao paciente sobre sua doença irá diminuir as chances da cura, em
razão do abalo emocional daí decorrente ? Casos hipotéticos como esse não só demonstram que o conflito
entre regras não é necessariamente estabelecido em nível abstrato, mas pode surgir no plano concreto, como
ocorre normalmente com os princípios. Esses casos também indicam que a decisão envolve uma atividade de
sopesamento entre razões.
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STF, 2ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, HC 73.662-Minas Gerais, DJ 20.09.96. Considerou o Min. Rezek
expressamente em seu voto ao acompanhar o Ministro Relator, concedendo a ordem de habeas corpus, a
convicção de que não concedê-la, significa proferir, no Supremo Tribunal Federal, uma tese jurídica de
extremo risco: a de que a máquina judiciária está dispensada de raciocinar. Segundo se infere do julgado,
exsurgindo dos autos prova de aparência física e mental de pessoa com idade superior aos 14 anos, impõe-se a
conclusão sobre a ausência da configuração do tipo penal.
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BARCELLOS, Ana Paula de. “Alguns parâmetros normativos para a ponderação constitucional”, in A nova
interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003, p. 102/103. SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil, vol. I,Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1988, p. 145 observa: Em resumo podem ser fixados os seguintes princípios: a equidade, como
função interpretativa da norma, independe de autorização legal, pois deve ser utilizada para coadjuvar a
inteligência do dispositivo interpretando, de acordo com os dados sociológicos que o envolverem e a
finalidade que tiver.
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Apud, Menelick de Carvalho Neto. A hermenêutica constitucional sob o paradigma do Estado Democrático
de Direito, in Notícia do Direito Brasileiro, nº 06, p. 245-246.
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12. Nesse passo, tenho como iníqua a interpretação que fulmina de decadência o
poder-dever do INSS de cassar a pensão por morte de filho pensionista não
inválido maior de idade, diante da extensão interpretativa do art. 103-A não
albergar essa hipótese, nem tampouco qualquer outro valor constitucional
sufragar essa assertiva. Factível, pois, a racionalidade da Súmula 473 do Supremo
Tribunal Federal ao caso: “A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”
13. Incidente conhecido e provido para (i) firmar a tese no sentido de que o INSS
tem o poder dever de cassar a qualquer tempo pensão por morte vigente, cujo
filho pensionista saudável atingiu a maioridade (21 anos), pois inaplicável a
decadência, via interpretação extensiva do art. 103-A da Lei nº 8.213/91 ao caso;
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Também nesse sentido: HÄBERLE, Peter. Hermenêutica constitucional: a sociedade aberta dos intérpretes
da Constituição. Porto Alegre: Sérgio A. Fabris, Editor, 1998, p. 13.
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14. Julgamento nos termos do artigo 7º, inciso VII, alínea “a”, do RITNU, servindo
como representativo de controvérsia.
ACÓRDÃO
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
Requerente: INSS
Proc./Adv.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
CERTIDÃO