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Ednei Aranha
Advogado
Mestrando em Direito da Saúde, com a área de concentração Direito da Saúde: Dimensões
Individuais e Coletivas. Universidade Santa Cecília.
ednei@cunhaearanha.adv.br
1. Introdução
Este artigo discute os direitos fundamentais, no âmbito da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, notadamente quanto à saúde do
trabalhador, e a monetização do risco pelo adicional de insalubridade.
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No Brasil, os adicionais foram regulamentados pelas seguintes leis: Decreto-
Lei nº 2.162/40 que estabeleceu o índice de 40%, 20% e 10% do salário mínimo
para insalubridade.
“são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social o adicional de remuneração para atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
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julho de 19789, aprovou as Normas Regulamentadoras – NR – do Capitulo V, Titulo
II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho, e dentre elas, a NR 15 que trata especificamente dos critérios para a
caracterização ou não da insalubridade. (Portaria MTB nº 3.214, de 08 de junho de
1978. Aprovaram as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho).
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3. O Direito fundamental ao meio ambiente e o princípio da dignidade da
pessoa humana.
A ideia de produzir cada vez mais se sobrepõe a pessoa humana, ou seja, o
que mais importa é a produção, o crescimento econômico. Neste cenário, o
trabalhador é levado a um nível de objeto considerado descartável, pois o que é
pago para ele trabalhar em locais insalubres que permitirá doenças que o deixará
impossibilitado de trabalhar e consequentemente fora do mercado de trabalho.
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jurídica para a realização dessa norma depende do princípio antagônico.
Para se chegar a uma decisão é necessário um sopesamento nos termos
da lei de colisão. Visto que a aplicação de princípios válidos, caso sejam
aplicáveis é obrigatória, e visto que para essa aplicação, nos casos de
colisão, é necessário um sopesamento, o caráter principiológico das normas
de direito fundamental implica a necessidade de um sopesamento quando
elas colidem com princípios. (ALEXY, p.117, 2011).
Utiliza-se para o deslinde da colisão a técnica da ponderação entre os
princípios envolvidos e principalmente na análise do caso concreto, sempre com a
utilização das técnicas de interpretação constitucional.
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meio ambiente natural, o meio ambiente artificial e o meio ambiente cultural.
(ARAÚJO, p.446, 2015).
Urge salientar, a complexidade em compatibilizar o princípio da dignidade da
pessoa humana em um sistema que muitas vezes, o que mais importa, é a geração
de riquezas, ficando a saúde do trabalhador, sujeita à negociação, de forma que o
trabalho seja realizado mesmo em condições degradantes à saúde.
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consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana, presente logo no art.
1, III, da Constituição Federal de 1988.
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sua morte.Assim é que, sob o fundamento de que a venda da saúde e segurança do
trabalhador não se justifica por preço algum.
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Portanto, sobe o meio ambiente do trabalho há incidência de diferentes
fatores inter-relacionados, que influenciam o bem – estar físico e mental do
trabalhador, afetando sua qualidade de vida no trabalho. (PADILHA, p. 381,
2010).
Lamentavelmente, os trabalhadores que ganham esse adicional, muitas
vezes não possuem o conhecimento necessário de que, sua saúde está sendo
deteriorada, e que o dinheiro que ele recebe, não dará para custear as
consequências oriundas dos problemas de saúde que advir decorrentes da
exposição em áreas insalubres. Notadamente, essas críticas, em primeiro momento,
devem ser observadas em um contexto dentro da realidade social. E a realidade,
como bem sabemos, é constituída infelizmente de patronos muitas vezes
aproveitadores da ignorância dos seus empregados, submetendo-os a ambientes
totalmente insalubres.
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garantias constitucionais do ordenamento jurídico interno. O fato da produção em
massa, ou até mesmo da desaceleração do crescimento econômico, contribuem
para a negociação “legal” das relações trabalhistas, que por muitas vezes agridem a
dignidade da pessoa humana. Podemos destacar como exemplo, a troca de saúde
pelo adicional de insalubridade, onde o trabalhador por diversas circunstâncias não
tem possibilidade de renegar a exigência de laborar em locais insalubres, em razão
da necessidade da manutenção do emprego para o seu devido sustento e de seus
familiares.
5. O trabalhador e o risco
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Kant, em sua obra “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, defende
que as pessoas deveriam ser tratadas como um fim em si mesmas, e não como
objetos. Segundo ele:
No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa
tem um preço, pode pôr-se em vez dela qualquer outra como equivalente;
por outro lado, mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e por
isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade.( KANT,
p.58, 2004).
A preocupação com o bem estar do trabalhador e suas condições de trabalho
foi objeto de discussão e de aprovação de uma convenção internacional que trata da
segurança e saúde dos trabalhadores. A 67ª reunião da Conferência Internacional
do Trabalho (Genebra -1981), entrou em vigor no plano internacional em 11.8.83. No
Brasil sua aprovação ocorreu por meio do Decreto Legislativo nº. 2, de 17.3.92, do
Congresso Nacional. Com ratificação no dia 18 de maio de 1992; promulgado por
meio do Decreto nº. 1.254, de 29/9/94, com vigência nacional em 18 de maio de
1993.Dando origem a Convenção de nº. 155,( OIT.Organização Internacional do
Trabalho. Convenção Nº 155. Segurança e Saúde dos Trabalhadores. Disponível
em:<http://www.oitbrasil.org.br/node/504>). que dispõe sobre a Segurança e Saúde
dos Trabalhadores, especificamente em seu artigo 3º dispõe que:
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trabalhador, qual seja: o seu direito à integridade física. (BARUKI.Disponível em:
<http://online.sintese.com>).
6. Considerações finais
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momento não seja célere, que realize com maior rigor a fiscalização sobre o
cumprimento dasnormas de segurança e saúde do trabalhador.
7. Referências
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. 2ª. ed. São Paulo: Malheiros,
2011.
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_______. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm.
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. 4 ed. São Paulo: editora
Atlas, 2015.
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PADILHA, Norma, Sueli. Texto extraído do artigo: Meio ambiente do trabalho:
um direito fundamental do trabalhador e a superação da monetização do
risco.Disponível:https://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/55993/009
_padilha.pdf?sequence=1.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003.
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