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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

ESCOLA SUPERIOR DE ARTES E TURISMO – ESAT


BACHARELADO EM TURISMO

ETNOGRAFIA - CENTRO CULTURAL PALÁCIO RIO NEGRO: IDENTIDADE


CULTURAL LOCAL E TURISMO

MANAUS
2018
DANIEL LEAL PARÁ
DAVID ARRUDA TAVARES
DYANA BRUNA DA SILVA LOPES
LIGIA CONCEIÇÃO OLIVEIRA DA CRUZ
RODOLFO VIANA

ETNOGRAFIA - CENTRO CULTURAL PALÁCIO RIO NEGRO: IDENTIDADE


CULTURAL LOCAL E TURISMO

Trabalho apresentado para a obtenção de nota


na disciplina Introdução a Antropologia
ministrada pela Profa. Jocilene Gomez da
Cruz, no Curso de Turismo, da Escola
Superior de Artes e Turismo – UEA.

MANAUS
2018
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CENTRO CULTURAL PALÁCIO RIO NEGRO: IDENTIDADE CULTURAL E


TURISMO.

INTRODUÇÃO

A etnografia é um tipo de metodologia que usa um conjunto de técnicas para coletar


e realizar levantamento de dados sobre valores, crenças, praticas sócias e religiosas e
comportamento social de um grupo social, com o propósito de conhecer melhor o grupo em
questão. Este tipo de estudo é baseado em investigações antropológicas, realizadas através de
trabalho de campo (LAKATOS; EVA, 2017, p. 114).
A partir desta abordagem teórica o objetivo desta pesquisa é transmitir o máximo de
informações a cerca de identidade cultural do Centro Cultural Palácio Rio Negro – CCPNR,
descrevendo sua estrutura, funções e modificações que ocorreram tanto no atrativo quanto no
ambiente que o cerca. Nos estudos sobre o turismo o interesse se desenvolveu em uma breve
análise sobre o turismo exercido diariamente no local, em função de descobrir se o mesmo
está evidenciando seus pontos altos de identidade cultural para os visitantes, principalmente
aos amazonenses.
Esta abordagem etnográfica foi realizada a partir de pesquisas bibliográficas,
aprofundadas propriamente na obra dos autores Otoni Mesquita e Stuart Hall, além de
pesquisas de campos realizadas no CCPNR.
Levando em consideração o estudo podemos afirmar que o atrativo possui vários
pontos que evidenciam a identidade cultural, como é o caso do prédio, que foi construído nos
tempos áureos da borracha e ainda foi residência de um dos barões mais importantes da
época. Dentre as salas do CCPNR, identificamos que três transmitem bem o conceito em
pauta, pois expõe os símbolos do estado, assim como contam sua origem e importância.
Atualmente o CCPNR recebe um fluxo de turistas e visitantes locais que varia entre
moderado a intenso dependendo da temporada. O guiamento é realizado de forma ordenada e
dura cerca de 20 minutos dependendo do interesse e tempo do visitante, no decorrer do roteiro
o guia narra didaticamente histórias que decorreram no atrativo durante as funções de cada
período.
Desta forma afirma-se que o atrativo transmite a identidade cultural do povo
amazonense, pois estimula a memória e a importância das pessoas historicamente vinculadas
a ele, assim como os símbolos do Amazonas expostos no local.
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1 CONTEXTO HISTÓRICO

Construído em 1903, tempos áureo da borracha, o Palácio Rio Negro serviu de


residência para o grande exportador da borracha Karl Waldemar Scholz. Alemão, culto e
energético, Scholz era considerado um dos barões da elite do látex, foi Presidente da
Associação Comercial do Amazonas e Cônsul da Áustria, desde 1913.
No palacete, onde morava com a esposa, Sholz criava animais no jardim, dos quais ia
de pássaros amazônicos a cavalos, mas tal paixão lhe trouxe consequências inestimáveis,
aconteceram pelo menos dois acidentes envolvendo os animais. O mesmo perdeu a visão do
olho direito após ser bicado por uma garça, depois arremessado ao chão por um cavalo que
segundo ele era dócil, a consequência do acidente foram vários dias no hospital.

Figura 1 - Karl Waldemar Scholz

Fonte: Manaus antigamente, 2018.

Com a quebra da linha de navegação Manaus-Hamburgo, na Alemanha, Sholz voltou


para seu país de origem, antes de sair da cidade, para sanar dívidas hipotecou o Palácio, que
foi arrematado por outro comerciante da borracha, Luiz da Silva Gomez, que o comprou por
400 contos de réis, o prédio foi entregue com arquitetura e decoração ainda por terminar. Na
época o prédio era chamado de Palacete Scholz, na então Rua Municipal, depois batizada
como Avenida Fileto Pires e, mais tarde, Avenida Sete de Setembro. Scholz ainda viveu por
alguns anos em Hamburgo, Alemanha, e faleceu em 1928 por decorrência de um câncer de
garganta.
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1.1 Arquitetura e modificações

O Palácio Rio Negro possui a arquitetura eclética, que é caracterizada pela simetria,
grandiosidade e riqueza decorativa, seu engenheiro foi o alemão, também residente em
Manaus, Henrique Joseph Moers. O interior é decorado por azulejos, ladrilhos, frizos e lustres
art-nouveau oriundos da Europa, possui três andares e uma torre, onde encontra-se o mirante,
que possui vista panorâmica do Centro de Manaus.

Figura 2 - Vista aérea do Palácio Rio Negro, com visão da torre.

Fonte: Instituto Durango Duarte, 2018.

De acordo com os guias do local, Scholz costuma avistar seus barcos indo e vindo no
Rio Negro, pois a parte de trás de prédio ficava a beira do antigo Igarapé de Manaus, hoje
atual Parque Jefferson Peres.

Figura 3 - Vista aérea com o Igarapé de Manaus ao fundo

Fonte: Site Durango Duarte, 1945.


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A planta baixa do edifício era originalmente simétrica, porém em 1945 uma ala
lateral foi acrescida no andar superior à esquerda, durante o governo de Álvaro Maia. Do lado
interno a ampliação é bem visível ao olhar para o teto, pois os detalhes foram preservados e
para que não perdesse a bela arquitetura na lateral.

1.2 Salas, móveis e peças

A estrutura do prédio é formada por 9 salas, um Salão Nobre, varanda superior e


inferior, salas de serviço, banheiros e jardins na área na externa. Cada sala faz homenagem a
um antigo governador do Amazonas, são elas:
 Sala Governador Silvério Nery – possui 24m², é uma das principais, sendo
utilizada como Sala Vip pelo governador ou por visitantes.
 Sala Governador Antônio Bittecourt – possui 37m², esta sala é reservada para
exposições temporárias de artes plásticas, fotografias, pinturas, esculturas, e
desenhos.
 Salão Nobre Governador Pedro de Alcântara Bacellar - possui 62m², o Salão
Nobre é utilizado para espetáculos de música, palestras e reuniões oficiais.
 Sala Governador Ephigênio Salles – possui 6m², esta saleta é reservada para
exposições temporárias de fotografias, pinturas e esculturas.
 Sala Governador Eduardo Ribeiro – possui 46m², nesta sala encontra-se uma
exposição permanente de móveis da época no estilo manuelino. Além de ser
usada como gabinete despachos do Chefe Executivo Estadual, em ocasiões
especiais.
 Sala Governador Jonathas Pedrosa – possui 24m², esta sala é uma das mais
principais no primeiro anda, pois nela se encontra uma exposição permanente
de fotos dos governadores do Estado do Amazonas. A sala ainda possui saída
para a varanda, com vista para a Avenida Sete de Setembro.
 Sala Governador Álvaro Maia - possui 40m², esta sala abriga móveis antigos
nos estilos manuelinos, português e inglês.
 Sala Governador Leopoldo Neves – possui 21m², nesta sala há uma exposição
de mobília imperial com peças de estilo oriental compõem a decoração
enquanto o palácio foi sede do Governo e residência oficial dos chefes de
estado.
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 Sala Governador Plínio Coelho – possui 8m², esta pequena sala contém a
exposição “O Poder Executivo nas Constituições do Estado” retrata as
constituições criadas ao longo da história pelo executivo do Amazonas.
 Sala Governador José Lindoso – possui 21m², nesta sala está exposição
permanente “Símbolos do Estado do Amazonas”, o espaço destaca os
emblemas do estado do Amazonas.

Todas as salas mencionadas acima estão no roteiro guiado do Centro Cultural Palácio
Rio Negro, portando é possível que o visitante amazonense ou estrangeiro conheça todos os
itens expostos em cada sala, todas as salas são compostas por móveis da época, no estilo
manuelino.
A imagem abaixo é da Sala Governador Eduardo Ribeiro, a mesma não fica aberta
para visitação, pois ainda é usada pelo Governador em eventos especiais e visitas de
personalidades, em destaque a beleza dos móveis do estilo manuelino.

Figura 4 - Sala Governador Eduardo Ribeiro.

Fonte: Ligia Cruz, 2018.

Na sala Governador Leopoldo Neves, encontra-se exposto um móvel que chama


bastante atenção, por se caracterizar no estilo pagode chinês, de acordo com a gestão do local
não há registro de quando ou quem fez a doação da peça. Muitas das peças expostas na sala,
assim como em outras, foram doações de pessoas anônimas.
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Figura 5 - Móvel Chinês.

Fonte: SEC, 2018.

Outros itens expostos no local são peças de cerâmicas e quadros de diversos estilos,
dentre eles pinturas que relembram a Belle Époque, assim como imagens de antigos
governadores que por ali passaram. Estátuas e lustres são itens fora à parte a decoração que
chamam bastante a atenção pela beleza e detalhes que possuem. De acordo com os guias do
local alguns lustres foram deixados por Scholz e outros foram integrados conforme foram
passando os anos.

1.3 Funções por período

Com a saída de Scholz o prédio foi alugado em 1917 ao Governo do Amazonas, em


função da instalação de sua sede. Em julho do mesmo ano o governador Pedro de Alcântara
Bacellar, comprou o prédio por 200 contos de réis, valor considerado muito alto para um
Estado em crise financeira, a partir dali passou a denominar-se Palácio Rio Negro.
Dali em diante o imóvel se transformou na residência dos governadores e sede do
poder executivo até 1959, encerrando-se esta função no governo de Gilberto Mestrinho. A
partir desta data, até 1995, foi utilizado apenas como sede de Governo. No mesmo ano a sede
do governo é transferida para um imóvel na Avenida Torquato Tapajós e o Palácio Rio Negro
começa a ser adaptado para se tornar um Centro Cultural.
Com a nova função, o prédio tem sua inauguração em 1997, em 2003 o governo de
Eduardo Braga, volta ser sede do governo até 2004, quando o poder executivo se transfere
para o bairro da Compensa e o Centro Cultural Palácio Rio Negro – CCPRN, volta a exercer a
função de atrativo turístico cultural.
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Com o passar dos anos nossa história é marcada de diversas formas, conforme o
tempo foi passando fomos criando nossa própria cultura, muitos lugares demonstram o que já
foi vivido em momentos antigos de nossa cidade, estado ou país. Estas riquezas históricas são
chamadas de Patrimônios históricos Culturais.
No Brasil de acordo com a Constituição Federal é um patrimônio cultural tudo que
tenha um conceito de referência cultural e definição de bens passíveis de reconhecimento,
sobretudo os de caráter imaterial (IPHAN, 2018).
Para que permaneçam preservados e possam ser apreciados pelas próximas gerações,
o governo federal criou o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O
órgão é responsável por promover e coordenar a preservação e valorização destes bens
culturais, sendo eles Patrimônios Culturais materiais ou Patrimônios Culturais imateriais. Este
tipo de patrimônio cultural é registrado nos livros do tombamento, para que então eles fiquem
sobre responsabilidade do IPHAN.
O CCPRN foi tombado como patrimônio histórico estadual no dia 30 de outubro de
1980, a partir do Decreto de nº 5218. A gestão do atrativo fica a critério da Secretaria de
Cultura do Governo do Estado do Amazonas – SEC.

2 IDENTIDADE CULTURAL E TURISMO

2.1 Identidade Cultural

Quando falamos em cultura logo nos vem à mente toda uma idéia conceituada sobre
determinado local, ou seja, nos remete a pensar sobre os seus costumes, tradições, cotidiano, e
o como foi processo para se desenvolver o “formato” atual de sua cultura. E quando falamos
em identidade, o que logo nos remete a pensar em uma característica que identifique algo, que
determine sua origem e suas informações básicas.

Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia


e organiza tanto nossas ações, quanto a concepção que temos de nós mesmos. As
culturas nacionais, ao produzir sentidos, sobre a nação, sentidos dos quais podemos
nos identificar como identidades. Esses sentidos estão contidos estórias que são
contadas sobre a nação, memória que conectam seu presente com seu passado e
imagens que delas são construídas (HALL, 2006, p. 50).
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A formação desta identidade faz com o individuo se sinta inserido dentro daquela
cultura, quando memórias são transmitidas, trazem consigo símbolos que podem arremeter ao
nosso passado, como é o caso dos patrimônios históricos.
Desta forma pode-se afirmar que o CCPRN é um patrimônio que nos relembra o
passado, que podemos reviver constantemente no presente e que iremos repassar para as
futuras gerações. Mas como podemos dizer que o Centro Cultural Palácio Rio Negro se
caracteriza como um patrimônio de identidade cultural? Esse sentimento é transmitido ao
amazonense através do que está sendo exposto em relação ao contexto histórico e do próprio
local em questão.
O prédio em si já carrega grande representatividade da cultura amazonense, Scholz
era destaque da elite do látex, era tido como um dos mais ricos, o Palácio foi construindo
enquanto Manaus era o centro do comércio da borracha. A Bellé Époque segue como grande
marco da história amazonense, os detalhes em sua estrutura destacam arquitetura em
evidencia na época, conhecer este espaço é reviver a riqueza e o esplendor do tempo áureo da
borracha.
O CCPRN possui 9 salas expositivas abertas ao público, dentre estas, destacam-se 3
salas “Sala Governador José Lindoso” onde compõem-se os símbolos, a bandeira e o hino do
Amazonas; “Sala Governador Jonathas Pedrosa” onde contém retratos de fotos oficiais de
todos os governadores do Estado; e “Sala Governador Plínio Coelho” onde está o livro da
constituição vigente no Estado desde 1989.

Figura 6 – Exposição Símbolos do Estado, Figura 7 - Exposição Símbolos do


Sala Governador José Lindoso. Estado, Sala Governador José Lindoso.

Fonte: David Arruda, 2018.


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Nestas salas podemos conhecer e ter uma base sobre como se formou a política do
Estado, além de analisar as diversas fases de desenvolvimento que ocorreu ao longo desses
anos. As imagens acima fazem parte da exposição “Símbolos do Estado”, onde cada imagem
conta de forma didática a historia dos símbolos, na sala ainda se encontram a bandeira do
Amazonas e equipamentos de headphones em que o visitante pode escutar o hino do
Amazonas.
Figura 8 - Fotos dos Governadores, Sala Jhonatas Pedrosa.

Fonte: David Arruda, 2018.

Na Sala Jhonatas Pedrosa é possível fazer uma linha do tempo sobre os governos do
Amazonas, através das imagens nota-se o tipo gestão que já tivemos, as que repetiram e
inesperadas, no caso de Davi Almeida que assumiu o governo por conta da cassação do
Governador José Melo e do vice Henrique de Oliveira em 2017.

Figura 9 - Sala Plínio Coelho.

Fonte: David Arruda, 2018.


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A Sala Plínio Coelho exibe a constituição do Amazonas, assim descreve as funções


que o Poder Executivo deve exercer. É um espaço pequeno, mas que exalta os direitos e
deveres do cargo mais importante do estado, o visitante tem a oportunidade de conhecer como
foi criadas e quais são tais obrigações do governador.
Com todas essas bases de informações buscamos pessoas naturais do Estado do
Amazonas com o objetivo de entrevistá-las e saber se elas sentem um sentimento de
identidade, ao adentrar no espaço do Centro Cultural Palácio Rio Negro, e ao encontrar algo
que tenham a ver com suas origens, ou de fato, que relatam um pouco de sua história.
Tendo total análise das perguntas para obter-se conhecimento sobre o que os
amazonenses sentem de identificação foi-se obtido os resultados:
O CCPRN tem toda uma estrutura com base na época áurea da borracha, tempos em
que os barões do látex realizavam diversas construções pela cidade. O “Palacete Scholz”
assim então chamado por seu primeiro proprietário, Kalr Waldemar Scholz, lhe serviu de
residência. Sua localidade foi pensada como um lugar estratégico para os negócios do alemão,
as margens do igarapé, o mesmo podia usufruir de seu barco para realizar suas vendas.
Quando estas histórias são transmitidas ao visitante amazonense, ele constata um
sentimento de pertencimento com do lugar, todas as funções que o prédio obteve de certo
modo tiveram importância, desde sua construção até o presente momento. Ainda vale lembrar
que nos dias atuais o mesmo exerce a função de centro cultural, espaço do qual estão expostos
um contexto histórico mais levado da política que se instalou no Estado e que define a
formação dos símbolos executivos.

2.2 Turismo Cultural no CCPRN

O turismo cultural teve início na Europa onde os burgueses da época tinham interesse
em conhecer as obras de arte e ruínas da Grécia e Roma, pois aquelas obras despertavam o
interesse pelo conhecimento da história através dos olhos do observador. Segundo Silberberg
(1995, p. 361) define turismo cultural como: “[...] visitação por pessoas de fora da
comunidade receptora motivada no todo ou em parte por interesse em aspectos históricos,
artísticos, científicos ou de estilo de vida e de herança oferecidos por uma comunidade,
região, grupo ou instituição”
Nestes 107 anos de vida o atual Palácio Rio Negro adquiriu uma bagagem cultural
muito grande desde quando era apenas a residência de Scholz até ele ser tornar o que
conhecemos hoje.
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O Palácio hoje em dia é aberto para visitações de terça-feira a domingo, sendo que de
terça a sexta ele funciona das 08h00min até as 17h00min e sábado e domingo com horários
diferenciados que são definidos e divulgados diariamente nas redes sociais da SEC.
O ambiente ainda conta com climatização adequada, onde os equipamentos estão
devidamente instalados de um modo que não altere a decoração do lugar, detalhe muito
importante, pois o turista ou visitante pode fazer o registro fotográfico sem que objetos
possam entrar em contraste com o cenário.

Figura 10 - Ar condicionado camuflado, simulando a madeira


dos móveis

Fonte: Lígia Cruz, 2018.

Com guias amplamente qualificados o tour de visitação pelo ambientel é exercido de


forma didática e pondo em evidência o potencial turístico do CCPRN. A descrição do roteiro
se baseia na explanação dos itens: construção e mudanças do prédio, Karl Scholz, funções ao
longo do tempo, jardins, detalhes de diversos móveis manuelinos de vários períodos, assim
como outros que possuem artes de outros países, detalhe que agrada os apaixonados por
arquitetura e finalizando com descrição das salas e dos símbolos do Estado.
A descrição das salas é ponto alto do roteiro, em especial as três mais importantes,
Jhonatas Pedrosa, José Lindoso e Plínio Coelho, que fazem a exposição dos símbolos do
Poder Executivo nas Constituições do Estado e seus governantes até hoje.
Além de tudo isso o local conta ainda com um terceiro piso onde possui uma torre de
visitação que não está aberta ao público devido à fragilidade da mesma. Sendo assim o local
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está aberto para todo tipo de público que tem interesse em conhecer um pouco mais da
história da região do amazonas.
De acordo com os guias o atrativo recebe cerca de 50 a 100 pessoas por dia, variando
conforme a temporada, em época de chegada de cruzeiros na capital, este numero aumenta
podendo chegar até ao dobro de pessoas por dia. Responsável pela gestão do atrativo, a SEC
planeja e promove diversos eventos culturais, com o objetivo de aproximar mais o povo
amazonense, para que então visitem o espaço com mais frequência.
Um dos eventos mais importante realizado este ano, ocorreu no dia 28 de agosto
quando o CCPRN completou 20 anos exercendo a função de centro cultural. Atrações
gratuitas foram promovidas pela SEC. O local ainda é usado pelo governador para realizar
reuniões importantes, assinar documentos de grande relevância e receber Chefes de Estado,
Embaixadores e personalidades internacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho contribuiu em nosso aprendizado de forma antropológica, pois através


dele podemos avaliar o objeto de estudo a partir de outra visão, e não como a de visitante
apenas. Com suporte nesta análise podemos afirmar que o CCPRN, é de fato um local que
transmite identidade cultural do povo amazonense.
Da construção até o presente momento o atrativo transmite uma memória cultural
que pode ser vivida em qualquer momento do roteiro de visitação. O CCPRN passou por
várias funções em que todas foram de grande significado, a primeira durante a época áurea do
látex, a segunda como sede do governo e a terceira como atrativo turístico da capital.
Cada sala do CCPRN nos liga diretamente a identidade que nos foi transmitida com
o passar dos anos, que é afirmando quando conhecemos os itens expostos no espaço. A
sensação que temos ao adentrar nas salas é pertencimento, e que de fato nossa identidade se
encontra ali representada.
Fato que também se dá, devido à forma com que o contexto histórico é narrado pelos
guias aos visitantes, de certa maneira faz com que os itens expostos tenham um valor cultural
a “mais”. Os guias possuem conhecimento sobre história e turismo, e por serem manauaras
repassam uma mensagem mais calorosa deixando explícito o sentimento de pertencimento,
passando segurança nas informações dadas aos visitantes. Um ponto positivo, já que muitas
vezes os atrativos não possuem pessoas qualificadas, e os locais acabem sendo apresentados
de forma errada.
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Finalizamos destacando a importância que o atrativo possui no que se relaciona a


cultura do estado e que mesmo ficando a poucos metros do Centro Histórico de Manaus, o
mesmo não recebe a demanda em potencial que deveria do público local. Um erro que não
pode ocorrer, já que o mesmo exalta certa memória histórica.

REFERÊNCIAS

BLOG CLARA FAVILLA. Manaus: Palácio Rio Negro, herança do ciclo da borracha. 18
Mai 2011. Disponível em: http://clarafavilla.blogspot.com/2011/05/palacio-rio-negro.html.
Acesso em 20 Nov 2018.

BLOG MANAUS ANTIGAMENTE. Disponível em:


http://manausdeantigamente.blogspot.com/. Acesso em 20 Nov 2018.

DUARTE, Durango Martins. Manaus entre o passado e o presente. 1.ª ed. Manaus: Ed.
Mídia Ponto Comm, 2009.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2006.

IPHAN. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/526/. Acesso em: 20 Mar.


2016.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamento de Metodologia


Científica. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MANAUS AGIL.COM. Patrimônios históricos tombados no Amazonas. Disponível em:


http://manausagil.com/patrimonios-historicos-tombados-no-amazonas/. Acesso em 20 Nov
2018.

MANAUS ONTEM, HOJE E SEMPRE. Centro Cultural Palácio Rio Negro. 28 Jul 2014.
Disponível em: http://manausontemhojesempre.blogspot.com/2014/07/centro-cultural-
palacio-rio-negro.html. Acesso em 21 Nov 2018.

SILBERBERG, Ted. Cultural tourism and business opportunities for museums and heritage
sites. Tourism management, v. 16, nº 5, p. 361-365, aug.1995.

Site SEC. Secretária de Estado e de Cultura. Disponível em: http://www.cultura.am.gov.br/.


Acesso em 21 Nov 2018.

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