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CAPÍTULO 11 PROJETO DE PESQUISA

O Trabalho de Conclusão de Curso é um processo constituído de três grandes partes: o


planejamento (elaboração do Projeto de Pesquisa), a execução (realização da pesquisa que foi
planejada) e o relatório da pesquisa realizada (elaboração da monografia). Essas partes são
interdependentes, ou seja, um erro na fase anterior tende a repercutir na subsequente.
O Projeto de Pesquisa permite:
- o planejamento do caminho a ser seguido na coleta e análise dos dados, bem como na
elaboração do relatório;
- a definição da pesquisa em bases em que possa ser realizada; e
- o acompanhamento e a avaliação de possibilidades, limites e possíveis desvios.
Para Severino (2000, p. 159), “o projeto de pesquisa, além de orientar o caminho a ser
seguido, explicita as etapas a serem alcançadas, os instrumentos e as estratégias a serem
usadas.”
Um Projeto de Pesquisa constitui-se de elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais
(APÊNDICE A). O esquema 1 apresenta a estrutura de um projeto de pesquisa. Os elementos
textuais de um Projeto dividem-se em três partes: Introdução, Referencial Teórico e
Referencial Metodológico.

Esquema 1 – Estrutura do projeto de pesquisa


Parte externa:
CAPA
Parte interna: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais
Elementos pré-textuais:
FOLHA DE ROSTO
SUMÁRIO
Elementos textuais:
1 INTRODUÇÃO
(tema, delimitação do tema, problema, questões de estudo, justificativa)
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
1.1.2 Objetivos específicos
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO / MATERIAIS E MÉTODOS / METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
3.2 MÉTODOS
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
4 CRONOGRAMA
Elementos pós textuais:
REFERÊNCIAS
Fonte: ABNT (2011), com adaptações
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Por ora, trataremos somente dos elementos textuais; os pré-textuais e os pós-textuais


estão acessíveis no texto “Redação científica”. A seguir, trataremos do conteúdo de cada item
textual de um projeto de pesquisa.

11.1 INTRODUÇÃO

A introdução do Projeto de Pesquisa, como o próprio nome sugere, pretende introduzir


o leitor no tema a ser pesquisado, colocá-lo “dentro” do tema. É o cartão de visitas do projeto
e deve despertar o interesse na continuidade da leitura.
Na introdução do Projeto de Pesquisa, é preciso situar a pesquisa a ser realizada em
uma área de estudo das Ciências Militares e em uma linha de pesquisa, ou seja, em uma
subdivisão da área de estudo. Deve-se deixar evidente, já na introdução, tema da pesquisa,
delimitação do tema, problema, questões de estudo, justificativa e objetivos.
Também é essencial apresentar, na introdução, a explicação detalhada da relevância e
da justificativa da pesquisa, respondendo satisfatoriamente às seguintes perguntas: Por que é
importante pesquisar este tema? Em que a pesquisa pode contribuir? Que interesses
institucionais e/ou pessoais podem ser atendidos com a pesquisa que se pretende realizar?
Nesse item, trata-se de persuadir o leitor de que vale a pena realizar a pesquisa planejada. É
“vender o peixe” da pesquisa.

11.1.1 Delimitação do tema

Delimitar o tema é fixar limites quanto à abrangência, ao enfoque e ao aspecto


específico a ser discutido no tema escolhido. É muito comum, ao iniciarmos uma pesquisa,
pretendermos dar conta de todo o tema ou de grande parte dele. Com a prática, percebemos
que é impossível, em uma pesquisa científica, esgotar um tema, pesquisando-o em toda a sua
extensão. Faz-se necessário selecionar para pesquisar, ou seja, é necessário delimitar o tema.
A delimitação de um tema deve levar em conta aspectos como tempo (quando?),
espaço (onde?), população (com quem?) e abordagem (como?).
A delimitação do tempo auxilia o pesquisador e/ou o orientador na condução e
orientação da pesquisa. Caso não haja delimitação de tempo, a pesquisa pode se tornar
inviável ou imprecisa quanto a seu enquadramento e alcance. Há casos em que a localização
de um momento ou fato histórico já deixa implícito o período de tempo abordado. Feita a
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demarcação do tempo que será investigado, cabe a explicação dos fatores que justificam o
período escolhido como significativo e relevante.

Exemplo:
Análise das regras de engajamento do Exército Brasileiro no controle de distúrbios urbanos
durante o Estado Novo.

A delimitação no espaço é a localização do contexto da pesquisa, a definição do


espaço que será analisado pelo pesquisador.
Os aspectos de delimitação do tempo e do espaço compõem o campo da investigação –
indicação do “lugar” histórico e/ou geográfico que permite a localização do assunto.

Exemplo:

Análise das regras de engajamento do Exército Brasileiro no controle dos distúrbios urbanos
ocorridos na Capital Federal durante o Estado Novo.

Devido às características de determinadas pesquisas, há situações em que a definição


da população, objeto da pesquisa, pode não ser facilmente caracterizada – por exemplo,
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica etc.
Contudo, há pesquisas em que é imprescindível a delimitação da população – por
exemplo, pesquisa experimental, pesquisa de campo, levantamento, pesquisa-ação etc.
A delimitação da abordagem estabelece as características da investigação e o seu viés
– qualitativo, quantitativo ou ambos. Tal aspecto é identificado ao analisarmos a ação de
pesquisa que pretendemos desencadear: medir, conhecer, identificar, comparar, analisar etc.
Convém destacar que a abordagem é determinada pelo tipo de pesquisa que se pretende
realizar. O tipo de pesquisa, por sua vez, é determinado por uma série de fatores, dentre os
quais se destacam as qualificações do pesquisador, a quantidade e a qualidade dos dados de
que dispõe e os objetivos da pesquisa.

Exemplo:

Análise das regras de engajamento do Exército Brasileiro no controle dos distúrbios urbanos
ocorridos na Capital Federal durante o Estado Novo.
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Resta destacar que, antes de delimitar um tema, na verdade, até antes de escolher um
tema a ser pesquisado, é essencial realizar um reconhecimento sobre a qualidade, a quantidade
e a possibilidade de acesso às fontes de dados acerca do tema. Esse reconhecimento
exploratório é extremamente necessário e inicia a revisão da literatura sobre o tema.

11.1.2 Problema

O problema define o objeto principal da investigação. Sem problema não há pesquisa.


É importante destacar que problema é diferente de tema. Tema é o assunto a ser pesquisado, e
problema é a pergunta para a qual se pretende resposta dentro de um tema. O problema é
formulado como pergunta direta — uma interrogação que o pesquisador faz à realidade
pesquisada. O problema deve ser formulado buscando-se a compreensão ou explicação do
fenômeno (Como? Por quê? O quê?).
Deve-se evitar problemas cuja resposta possa ser um simples Sim ou Não. Evitar,
também, problemas com perguntas valorativas.

[...] é preciso fazer uma distinção entre o problema de pesquisa e os problemas do


acadêmico. O desconhecimento, a desinformação, a dúvida do pesquisador em
relação a um assunto e/ou tema não constitui um problema de pesquisa. Essas
lacunas podem ser resolvidas com uma leitura seletiva e aprofundada, dispensando
portanto um projeto de pesquisa. (UNIPAR, 2008).

Um problema científico envolve variáveis que podem ser observadas, descritas ou


testadas. A formulação do problema estabelece relações entre variáveis. Deve ser formulado
de maneira clara e ser fundamentado na literatura existente sobre o tema (revisão da literatura).
Rudio (2000) afirma que:

Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e


operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos
resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o
objetivo da formulação do problema da pesquisa é torná-lo individualizado,
específico, inconfundível. (p. 94, grifo do autor)

Não existe uma única maneira de formular um problema, trata-se de um processo em


que o refazer é constante.

Você só poderá formular a pergunta da pesquisa se fizer uma boa revisão de


literatura, refletir, discutir com o orientador, reler parte do material, esboçar algumas
perguntas, submetê-las ao orientador, descartar as menos pertinentes, reformular
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outras, voltar a discuti-las, e assim por diante, até se fixar numa frase interrogativa
que sintetize bem o problema de pesquisa. (VEIGA, 1996, p.7-8, grifos do autor).

O quadro abaixo, elaborado por Moreira e Calefe (2006, p. 24), serve para
exemplificar como a formulação de problemas excessivamente amplos torna a pesquisa pouco
exequível.

Exemplo:

1. Quais os principais fatores que ajudam na melhoria da aprendizagem na escola?


2. Quais os principais fatores que melhoram a aprendizagem de uma língua estrangeira?
3. Quais os principais fatores que melhoram a aprendizagem da língua inglesa como
segunda língua?
4. Quais os principais fatores que contribuem para o uso correto do tempo subjuntivo na
língua inglesa?
5. Quais os principais fatores que contribuem para o uso correto do tempo subjuntivo do
verbo ser na língua inglesa?

Exemplo de problema de pesquisa:

Que fatores motivacionais: preocupação com a estética, ou preocupação com a saúde,


exercem maior influência na decisão de jovens de classe média alta da cidade de Resende
em iniciar um programa de atividades físicas em academias de ginástica?

11.1.3 Questões de estudo

A elaboração de questões de estudo é um exercício de criação, pois geralmente elas


têm origem na observação da realidade, na análise dos resultados de outros trabalhos e na
reflexão teórica aliada a certa intuição. Na formulação de questões de estudo, necessariamente
vamos buscar compreender como alguns fatores se articulam na determinação do objeto de
estudo, ou seja, vamos estabelecer relações entre variáveis. Quando falamos em hipótese, a
mesma deverá ser testada, geralmente utilizando-se um modelo matemático.

11.1.4 Hipótese

Hipótese é uma resposta provisória ao problema de pesquisa formulado; é, portanto,


uma sentença afirmativa diretamente relacionada ao problema de pesquisa. É “o que se
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pretende demonstrar.” (SEVERINO, 2000, p. 161). Em geral, as hipóteses são formuladas


partindo-se da observação, de resultados de outras pesquisas, de teorias etc.
A hipótese é uma bússola para o pesquisador caminhar entre as muitas e variadas
informações de que dispõe, possibilitando que atinja os objetivos da pesquisa. Propõe relação
explicativa ou compreensiva entre as variáveis — variáveis são características observáveis de
um fenômeno, que por definição sofrem variação de valor. Nas pesquisas com enfoque
quantitativo, as variáveis normalmente são medidas; naquelas com enfoque qualitativo,
normalmente são descritas ou explicadas. (TRIVIÑOS, 1987).
Seguem-se algumas relações possíveis entre variáveis:
- Condição: Se X, então Y.
- Consequência: Uma vez que X, então Y.
- Concessão: Embora X, Y.
A hipótese deve ser passível de confirmação e/ou corroboração.

Exemplo:

Os fatores ligados à exigência estética, em detrimento da preocupação com a saúde,


exercem maior influência na decisão dos jovens resendenses de classe média alta em
frequentar academias de ginástica.

11.1.5 Objetivos

Os objetivos são os resultados que se espera da pesquisa. Fixam os marcos para a


conclusão da pesquisa: “Foram atingidos?” Os objetivos têm estreita relação com a
metodologia a ser utilizada na pesquisa.
A redação dos objetivos enfatiza a ação a ser realizada — com verbo no infinitivo:
demonstrar, descrever, mensurar, explicar, elaborar, analisar etc. Os objetivos indicam aonde
se quer chegar com o trabalho.
Os objetivos subdividem-se em: objetivo geral e objetivos específicos. Os específicos
servem de etapas para atingir-se o objetivo geral da pesquisa.

Exemplo de objetivo geral:

Testar, em ambiente militar, a validade das teorias dualistas e integralistas na relação corpo
e mente.
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Exemplo de objetivos específicos:

Coletar dados do desempenho físico e intelectual dos cadetes;


Identificar os melhores desempenhos e compará-los entre si;
Avaliar a relação entre desempenho físico e desempenho intelectual; e
Identificar qual a teoria que mais se aproxima dos resultados encontrados.

11.2 REFERENCIAL TEÓRICO

No Referencial Teórico, apresentamos detalhadamente o que pretendemos pesquisar,


com quais objetivos e a partir de que base teórica a nossa pesquisa será iniciada. Trata-se da
apresentação da fundamentação teórica e da definição dos termos da pesquisa.

11.2.2 Revisão da literatura

A revisão da literatura é a primeira tarefa a ser executada; trata-se de uma pesquisa de


natureza bibliográfica e/ou documental. Alguns pesquisadores utilizam entrevistas com
especialistas no assunto a ser pesquisado para iniciar e dar prosseguimento à revisão da
literatura.
Revisar a literatura é imprescindível à compreensão e problematização do assunto,
pois possibilita a apreensão do estágio atual do conhecimento em uma determinada área,
tornando possível o aprofundamento nas questões relacionadas ao tema da pesquisa e à
formulação do problema e seus antecedentes, além da elaboração da hipótese de pesquisa.
Ao analisar o conhecimento já existente sobre o tema escolhido, deve-se atentar para
não produzir uma “colcha de retalhos” de citações de documentos, mas, sim, articular ideias,
apoiadas em relatos científicos, que conduzam à formulação do problema de pesquisa. Na
revisão da literatura, deve-se demonstrar ter conhecimento das principais obras de referência,
bem como dos lançamentos mais recentes sobre o tema. Para tal, pode-se iniciar a pesquisa
em revistas, dissertações etc. As citações podem ser apresentadas na forma direta ou indireta.
Para maior aprofundamento quanto à forma correta de citar, ver o texto que trata de citação
neste manual.
Para realizar uma revisão de literatura, deve-se exercitar a curiosidade intelectual, o
entusiasmo, a perseverança, a capacidade de trabalho, além do espírito investigativo.
Na revisão da literatura, o pesquisador deverá procurar responder, dentre outras, às
seguintes questões:
100

- O que já foi publicado sobre o assunto?


- Como o assunto já foi pesquisado? (metodologia)
- Qual teoria já foi utilizada em pesquisas sobre o assunto? (fundamentação teórica)
- Que aspectos já foram abordados? (delimitação)
- Quais as principais conclusões a que se chegou nessas pesquisas?
- Seria viável repetir, em ambiente militar, uma pesquisa já realizada em outro
contexto?
- Quais as lacunas existentes na literatura?
- Existem contradições na literatura?
- Existem contradições entre a literatura e a realidade?

11.3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

É o relato detalhado do modo como será realizada a pesquisa e solucionado o


problema proposto. A metodologia deverá ser exposta de maneira clara e detalhada, para
permitir, se necessário, reprodução do estudo. É essencial para a credibilidade formal dos
resultados encontrados.

11.3.1 Procedimentos de pesquisa

Os procedimentos de pesquisa relatam como se pretende fazer a pesquisa. Têm uma


estreita relação entre a delimitação do tema, o problema, os objetivos da pesquisa, o tempo
disponível para a sua realização e o acesso aos dados a serem coletados.
Nesse item do projeto, o pesquisador deve detalhar o caminho (método) que pretende
seguir para alcançar os objetivos da pesquisa, respondendo ao problema proposto e
confirmando ou não a hipótese de pesquisa.
É imprescindível explicar minuciosamente todas as ações a serem desenvolvidas na
pesquisa, tanto na fase de coleta dos dados, quanto na fase de sua análise.
A clara definição do método e das técnicas a serem empregadas (em que situação e em
quem, quais os critérios estabelecidos para a definição da população e da amostra, se for o
caso) e das limitações da pesquisa conferem-lhe qualidade formal.
Ao se definir pelo emprego de uma técnica ou instrumento de pesquisa, deve-se tentar
explicitá-lo a ponto de determinar previamente quais os objetivos que se espera alcançar e
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quais serão as condições de sua utilização. Ou seja, deve-se responder às seguintes indagações:
O quê? Com quais objetivos? Onde e com quem? Com quais critérios de seleção? Como e
quando?
Nos procedimentos de pesquisa, deve-se informar ainda quais métodos serão
utilizados, quais critérios éticos serão adotados, que limitações a pesquisa vai sofrer, como os
dados coletados serão analisados

11.3.2 População e amostra

Nem sempre o termo população refere-se a pessoas, mas sim, ao universo do


fenômeno a ser pesquisado e do qual se pretendem válidos os resultados da pesquisa. A
população pode ser uma turma de instrução, uma classe de incorporação, como também um
conjunto de viaturas ou um número de casos a serem analisados.
A amostra é uma parcela da população a ser pesquisada. Justifica-se o uso de amostra
quando a população é muito grande, ou quando há algum impedimento em acessar toda a
população.
Uma amostra bem selecionada permite que, sem que se pesquise toda a população,
chegue-se a um resultado que corresponde, com pequenas margens de erro, ao resultado que
seria obtido se toda a população fosse alvo da pesquisa. Grosso modo, é semelhante ao que
fazemos quando experimentamos um bolo (população). Por uma fatia do bolo (amostra)
podemos identificar os ingredientes do bolo, seu recheio, o número de camadas em que se
divide e qual sua cobertura.
Um dos fatores mais importantes quanto à amostra é que ela deve ser representativa do
todo, da população, ou seja, deve representar em escala menor todas as principais variáveis
importantes da população e que são o alvo da pesquisa. Quanto menor a população, tanto
maior, em relação a ela, tende a ser a amostra.
Para uma definição mais precisa quanto ao tamanho de uma amostra, critérios de
escolha e suas margens de erro, pode-se recorrer às ferramentas disponibilizadas pela
estatística (cálculo amostral).
É importante destacar que, dependendo das características da pesquisa, pode não ser
possível identificar claramente a população envolvida.
102

11.3.3 Instrumentos de pesquisa

Os instrumentos de pesquisa a serem planejados no projeto dependem de uma série de


fatores, dentre os quais destacamos o tipo de pesquisa que se pretende realizar, o objeto de
estudo da pesquisa, onde e com quem estão os dados necessários à resposta ao problema
proposto e quais são os objetivos da pesquisa.
De forma geral, os instrumentos de pesquisa mais utilizados são os seguintes:
fichamento, observação, questionário, entrevista e formulário.

11.4 CRONOGRAMA

O cronograma é um quadro de planejamento em que cada atividade prevista para a


realização da pesquisa está relacionada com o tempo em que se espera que aconteça.
O cronograma é útil para dimensionarmos o que pretendemos fazer com o tempo de
que dispomos para realizar a pesquisa. Serve para pesquisador e orientador controlarem a
execução das tarefas previstas com base no fator tempo.
A forma mais usual de elaborar um cronograma é começar do prazo final de entrega
do relatório de pesquisa e retroceder até as etapas iniciais, incluindo a elaboração do Projeto
de Pesquisa.

Exemplo:

A-1 A
Atividades
set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun.
Elaboração do projeto x x
Pesquisa bibliográfica x x X x x
Coleta de dados x X
Análise dos dados e
discussão dos X x x x
resultados
Elaboração do relatório
x x x
final (monografia)
Revisão e impressão x
103

11.5 REFERÊNCIAS

Dá-se o nome de referências à indicação completa das fontes utilizadas na elaboração


do projeto de pesquisa, podem-se indicar obras ainda não pesquisadas, mas já identificadas
como importantes para o tema que se pretende pesquisar. Em livros de metodologia mais
antigos, esta parte do projeto recebia o nome de “bibliografia”, termo esse descartado pela
ABNT por não representar mais a totalidade de fontes hoje disponíveis em tempos de internet.
Além disso, houve uma dilatação do entendimento do conceito de documento.
Todas as fontes citadas e discutidas ao longo do trabalho devem constar nas
referências. Admite-se ainda, no caso do projeto de pesquisa, a subdivisão das referências em
documentos já pesquisados e em documentos a pesquisar.
As referências devem: ser alinhadas pela margem esquerda, estar organizadas por
ordem alfabética, ser digitadas em espaço simples e, uma da outra, separadas por um espaço
simples. Para um exato entendimento de como realizar uma referência, recomendamos a
consulta ao capítulo 9 “Referências” desse manual.
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APÊNDICE A – Modelo de projeto de pesquisa

Parte externa:
CAPA
Parte interna: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais
Elementos pré-textuais:
FOLHA DE ROSTO
SUMÁRIO
Elementos textuais:
1 INTRODUÇÃO: (tema, delimitação do tema, problema, questões de estudo,
justificativa)
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
1.1.2 Objetivos específicos
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO / MATERIAIS E MÉTODOS /
METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
3.2 MÉTODOS
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
4 CRONOGRAMA
Elementos pós textuais:
REFERÊNCIAS

Observação: atentar para a paginação, pois o exemplo de projeto está sem paginação;
observar que a numeração deve figurar a partir da primeira folha da parte textual, em
algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o
último algarismo a 2 cm da borda direita da folha. Utilizar letra Times New Roman tamanho
10, lembre-se que a capa é um elemento externo, portanto deve-se iniciar a contagem das
páginas a partir da folha de rosto.
Margem superior 3 cm em todo
o arquivo, paginação iniciar em 138 Nome da
zero e não pode aparecer Instituição e
do curso em
Times New
Roman,
tamanho 12,
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS negrito;
letras
ACADEMIA REAL MILITAR (1811) maiúsculas;
CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES centralizado
e espaço
entre as
linhas
simples.

8 espaços
simples Nome do
Cadete em
Times New
Roman,
tamanho 12,
negrito;
Xxxxxx Yyyyyyy Zzzzzzz letras
maiúsculas e
minúsculas;
centralizado
e espaço
entre as
8 espaços linhas
simples simples.
Favor
destacar o
nome de
guerra com
sublinhado.
AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO (SOBRAS E RESTOS) DE ALIMENTOS DAS
Margem
REFEIÇÕES OFERTADAS AO CURSO DE INTENDÊNCIA DURANTE A Margem
esquerda: MANOBRA ESCOLAR DE 2017 direita:
3 cm em 2 cm em
todo o todo o
arquivo arquivo

Título em
Times New
Roman,
tamanho 12,
negrito,;letra
s maiúsculas;
Poderá centralizado
variar de e espaço
acordo com entre as
o tamanho linhas
do título. simples. Se
houver
subtítulo,
separar do
título por
dois pontos.
Não utilizar
mais de três
linhas.

Local e ano
em Times
New Roman,
tamanho 12,
negrito,;letra
Resende s maiúsculas
2019 e minúsculas;
centralizado
e espaço
Margem inferior: 2 cm em entre as
todo o arquivo linhas
simples.
Nome do
Cadete em
Times New
139 Roman,
tamanho 12,
negrito;letras
maiúsculas e
minúsculas;
Xxxxxx Yyyyyyy Zzzzzzz centralizado
e espaço
entre as
linhas
simples.
Favor
7 espaços
destacar o
simples
nome de
guerra com
sublinhado.

AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO (SOBRAS E RESTOS) DE ALIMENTOS DAS


Título em
REFEIÇÕES OFERTADAS AO CURSO DE INTENDÊNCIA DURANTE A Times New
MANOBRA ESCOLAR DE 2017 Roman,
tamanho 12,
negrito;
letras
maiúsculas;
7 espaços centralizado
simples e espaço
entre as
linhas
simples. Se
houver
subtítulo,
Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de separar do
título por
Graduação em Ciências Militares, da dois pontos.
Academia Militar das Agulhas Negras Não utilizar
mais de três
(AMAN, RJ), como requisito parcial para linhas.
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Militares.
Alinhado do
meio da
mancha
gráfica para
a margem
direita, em
10 espaços
Times New
simples
Roman,
tamanho 12;
apenas nome
da titulação
em negrito;
letras
maiúsculas e
Orientador(a): Nome completo minúsculas;
texto
justificado e
espaço entre
as linhas
simples. Se
houver
subtítulo,
separar do
Poderá título por
variar de dois pontos.
acordo com Não utilizar
o tamanho mais de três
do título linhas.
entre 15 e 17
espaços
simples Times New
Roman,
tamanho 12;
letras
maiúsculas
Resende e
minúsculas;
2019 centralizado
e espaço
entre as
linhas
simples.
140

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................141
1.1 OBJETIVOS..................................................................................................................142
1.1.1 Objetivo geral...............................................................................................................142
1.1.2 Objetivos específicos....................................................................................................142
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................143
2.1 UNIDADE PRODUTORA DE REFEIÇÕES...............................................................143
2.2 COZINHA DE CAMPANHA.......................................................................................144
2.3 DESPERDÍDIO DE ALIMENTOS...............................................................................145
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO......................................................................147
3.1 TIPO DE PESQUISA..……………………………......................................................147
3.2 MÉTODOS…………………………………………………………….……...…........147
3.2.1 Avaliação das sobras…..………………..…………………………………….....… 147
3.2.2 Avaliação dos restos.....................................................................................................148
3.2.3 Protocolo de avaliação.................................................................................................148
3.2.4 Custos............................................................................................................................148
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA………................................................................................148
4 CRONOGRAMA.........................................................................................................149
REFERÊNCIAS...........................................................................................................150
APÊNDICE..................................................................................................................152

O título SUMÁRIO deve ser centralizado, junto à margem superior da folha, em letras maiúsculas, tamanho 12 e em negrito. Deixar
um espaço entre as linhas de 1,5 cm. Os indicativos das seções, títulos e páginas devem estar em fonte Times New Roman, tamanho
12, espaçamento entre as linhas de 1,5 cm e justificado. Recomenda-se que sejam alinhados pela margem do título indicativo mais
extenso, inclusive os elementos pós-textuais. O indicativo de seção deve ser um algarismo arábico que precede seu título, alinhado à
esquerda, separado por um espaço de caractere. Os títulos das seções primárias devem começar na parte superior da mancha
gráfica e ser separados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5 cm. Da mesma forma, os títulos das subseções
devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5 cm. Títulos sem indicativo
numérico (sumário, referências, apêndice(s), anexo(s)) devem ser centralizados.
As páginas pré-textuais devem ser contadas mas não numeradas. A numeração deve figurar a partir da primeira folha da parte
textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da
borda direita da folha. Citações devem seguir a ABNT NBR 10520. A sigla, quando mencionada pela primeira vez no texto, deve ser
indicada entre parênteses, precedida do nome completo. Equações e fórmulas devem ser destacadas no texto, numeradas com
algarismos arábicos entre parênteses, alinhados à direita. A identificação das ilustrações aparece na parte superior, precedida da
palavra (desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa, organograma, planta, quadro, retrato, figura, imagem), seguida
de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título. Após a ilustração deve ser
citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere. Tabelas devem ser citadas no texto, inseridas o mais
próximo possível do trecho a que se referem, o título deve aparecer no topo, após a palavra “Tabela”, e do número de ordem em
que aparece no texto. O título deve responder às perguntas: o que, onde e quando. As laterais esquerda e direita da tabela devem
ser abertas. As partes superior e inferior da tabela devem ser fechadas. Não se utilizam traços horizontais ou verticais para separar
números; utiliza-se uma linha horizontal para separar o espaço do cabeçalho. No rodapé da tabela deverá conter a fonte, notas
gerais e específicas. Sse a tabela não couber em uma mesma folha, sua continuação deve ser inserida na folha seguinte, sem que
seja delimitado por traço horizontal na parte inferior, sendo o título e o cabeçalho repetidos nesta folha. A tabela deve estar
inserida próxima ao trecho a que se refere no texto.
141

1 INTRODUÇÃO

É importante delimitar e localizar o tema, no tempo e no espaço, definindo-o, com clareza, prendendo a
atenção do leitor e provocando-lhe motivação e curiosidade para continuar a leitura. É importante lembrar que,
ao escolher o tema, o Cadete deve levar em consideração qual será o seu tempo disponível, o seu interesse e a
determinação para prosseguir seu estudo e terminá-lo. A inclusão das citações é obrigatória, apenas, se o
Cadete se basear nas opiniões de outros autores.
Em tempos de paz, é clara a percepção da necessidade de preparar os futuros oficiais
da linha militar bélica, pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), para o combate.
Se esta formação é fundamental para garantir a defesa, a AMAN vem desenvolvendo uma
série de ações, a fim de promover a capacitação profissional dos cadetes.
Uma dessas ações realizadas na AMAN, durante a formação do cadete, é a Manobra
Escolar, que conta com a participação de diversos estabelecimentos militares do Exército
Brasileiro (EB). (NETO et al., 2017). A Manobra Escolar, também chamada de “manobrão”
envolve os cadetes em formação, do 2º ao 4º ano, e ocorre, geralmente, na primeira quinzena
de novembro de cada ano. Durante esse período, a rotina passa a ser diferenciada, incluindo a
alimentação dos envolvidos na atividade.
Na sequência, é importante estabelecer qual é o problema que se deseja investigar, ou seja, ao definir o
problema da pesquisa, determina-se o que interessa e o que não interessa ao pesquisador, em função de seu
objetivo. Portanto, o problema de pesquisa pode ser entendido como um aprofundamento do tema, que deve ser
apresentado da maneira mais clara e objetiva possível, para facilitar o desenvolvimento do estudo. O problema
poderá ser apresentado em formato de pergunta.
Assim, é oportuno problematizar a questão: em atividade de campanha, o apetite dos
cadetes pode variar, fato que pode gerar desperdícios, isso pode refletir na quantidade de
sobras e restos de alimentos produzidos durante a Manobra Escolar?
Há, ainda, outras questões de estudos que podem ser apontadas, pois precisamos saber
se essas quantidades de desperdícios estão de acordo com os padrões de qualidade previstos
para uma Unidade Produtora de Refeição (UPR); e, como esses desperdícios estão
relacionados com o planejamento do setor de aprovisionamento e quanto podem afetá-lo
funcionalmente e financeiramente.
Com base nesses questionamentos, este trabalho busca subsídios dentro do contexto da
segurança alimentar, mais especificamente do desperdício, para observar se o encontro entre
produção, oferta e aceitação da alimentação tem ocorrido de modo favorável à minimização
do desperdício de alimentos, nesse primeiro momento, refletindo o que acontece no Curso de
Intendência, pois o serviço de aprovisionamento será a missão de alguns dos oficiais que
estão sendo formados aqui na AMAN.
142

Cabe, aqui, explicar a relevância científica, social, etc. do estudo. A justificativa consiste na
apresentação das razões pelas quais se busca realizar tal pesquisa. A justificativa é importante, pois é o único
item que expõe as respostas para o porquê de se realizar a pesquisa. Aqui, devem-se apresentar de forma
sucinta, mas completa, as razões de ordem teórica e os motivos de ordem prática, que tornam importante a
realização do trabalho.
Esta pesquisa justifica-se por buscar otimizar os processos de produção e distribuição
das refeições ofertadas pelo Setor de Aprovisionamento da AMAN, visando o descarte
mínimo de sobras e restos. Lembramos que as sobras, quando monitoradas adequadamente,
podem ser reaproveitadas, porém todas as etapas de controle de tempo e temperatura devem
ser realizadas com exatidão. Segundo Bradacz (2003), ao considerarmos que, por segurança
dos alimentos, o reaproveitamento de sobras é baixo e de resto é zero, quanto maior a
quantidade de alimentos bons para o consumo for para o lixo, maior será o custo da produção
destes para a UPR. Portanto, o desperdício de alimentos em boas condições de consumo são
custo para a administração da UPR, logo, a identificação do quantitativo dessas sobras e
restos dos alimentos produzidos e destinados ao Curso de Intendência durante a Manobra
Escola poderá auxiliar no planejamento do rancho, contribuindo na redução e nos custos, e
sugerir melhorias para o setor, visando sempre a garantia e a qualidade das refeições
oferecidas.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar o desperdício (sobras e restos) de alimentos nas refeições dos comensais do


Curso de Intendência durante a Manobra Escolar.

1.1.2 Objetivos específicos

Quantificar o total dos alimentos produzidos destinados ao consumo no Curso de


Intendência durante a Manobra Escolar;
Calcular a quantidade percentual de sobras e restos de alimentos produzidos
destinados ao consumo no Curso de Intendência durante a Manobra Escolar; e
Analisar o custo da refeição para verificar em valores o total do desperdício.
Os objetivos do estudo devem ser formulados de forma clara e precisa, com verbos no infinitivo. É
importante que o significado do verbo não seja ambíguo. Os objetivos de um estudo estão relacionados com seu
problema ou questões, mas não se confundem, necessariamente, com os mesmos. São divididos em gerais e
específicos. Objetivo Geral: dá uma visão mais ampla sobre o que se deseja pesquisar e aponta aonde o autor
deseja chegar com seu estudo. Objetivos Específicos: exposição das metas para se chegar ao objetivo geral da
143

pesquisa. As metas consistem em várias etapas que devem ser realizadas para que se consiga alcançar o
resultado desejado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este item consiste em realizar uma revisão dos trabalhos já existentes sobre o tema abordado, que pode
ser em livros, artigos, enciclopédias, monografias, teses, filmes, mídias eletrônicas e outros materiais
cientificamente confiáveis. É importante tomar cuidado, ao realizar as citações, para que não se torne apenas
uma cópia de ideias, mas, sim compreendam uma análise sobre o tema, incluindo frases ou palavras próprias do
autor da pesquisa.
A seguir, serão apresentadas as regras para sua utilização, conforme a ABNT NBR 10520:2002.
a) citações diretas: são a transcrição literal de trechos da obra do autor consultado. Deve-se indicar o
sobrenome do autor, o ano da publicação e a página de onde foi retirada a citação.
• se a citação direta possuir até três linhas (citações curtas), ela deve ser inserida entre aspas duplas e
dentro do texto;
• se o sobrenome do autor for colocado no corpo do texto, apenas a inicial do sobrenome é escrita em
letra maiúscula;
• se o sobrenome for apresentado dentro dos parênteses, deve ser escrito em letras maiúsculas; e
• se a citação possuir mais de três linhas (citação longa) ela deverá ser escrita em um parágrafo
independente com recuo de 4 cm, fonte em tamanho 10, espaço entre linhas simples e sem aspas.
b) citações indiretas: são a reprodução de ideias de outros autores com as próprias palavras o autor do
trabalho. Neste caso, a indicação das páginas consultadas é opcional. Podem ser feitas das seguintes maneiras:
• sobrenome do autor dentro do texto; ou
• sobrenome do autor entre parênteses.
c) citação com dois autores - tanto para citações diretas quanto indiretas - procede-se das seguintes
formas:
• sobrenome dos autores dentro do texto; ou
• sobrenome dos autores dentro dos parênteses, separados por ponto-e-vírgula.
d) citação com três autores - tanto para citações diretas quanto indiretas - procede-se das seguintes
formas:
• sobrenome dos autores dentro do texto; ou
• sobrenome dos autores dentro dos parênteses, separados por ponto-e-vírgula.
e) citação com mais de três autores - tanto para citações diretas quanto indiretas - indica-se apenas o nome
do primeiro autor, seguido da expressão “et al.”:
• dentro do texto; ou
• dentro dos parênteses.
f) citação de citação: é uma citação direta ou indireta de um texto ao qual não se teve acesso ao original,
mas que foi citado por um segundo autor em outra obra. Neste caso, deve-se citar o sobrenome do autor da
ideia original, seguido da expressão apud, ou citado por. Nas referências bibliográficas, deve-se inserir apenas
a obra realmente consultada.

2.1 UNIDADE PRODUTORA DE REFEIÇÕES

Consiste em uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha


atividades relacionadas à alimentação e nutrição. (TEIXEIRA et al., 1997). Pode ser definida,
também, como um estabelecimento que produz e distribui alimentação para coletividades, ou
seja, para comensais definidos. (POPOLIM, 2007). As UPRs têm por finalidade comprar,
receber, armazenar e processar alimentos, para posteriormente distribuir refeições às suas
clientelas. (NONINO-BORGES, 2006).
144

O Conselho Federal de Nutricionistas define UPR como “unidade gerencial do serviço


de nutrição e dietética onde são desenvolvidas todas as atividades técnico-administrativas
necessárias para a produção de alimentos e refeições, até a sua distribuição para coletividades
sadias e enfermas.” (CFN, 2005, p. 10).
A UPR tem como objetivo a produção de refeições nutricionalmente adequadas,
seguras sob o aspecto de higiene e financeiramente viáveis. Além disso, é necessário
satisfazer os comensais. A apresentação, a temperatura, a variedade do cardápio, entre outros,
são aspectos que devem ser analisados para que tal objetivo seja alcançado. (TEIXEIRA et
al., 1997; VEIROS, 2002).
Desta forma, pode-se classificar o setor de aprovisionamento da AMAN como uma
UPR, por ser responsável pelo recebimento de alimentos, por processá-los e distribuí-los em
forma de refeições apropriadas para todos os militares que estão em atividade naquela
Instituição. (BRASIL, 1939).
O bom desempenho de uma UPR é crucial para a redução de sobras e restos. Esses
dados podem caracterizar a qualidade de uma UPR, ou seja, quando são apresentados
indicativos de alta produtividade, juntamente com uma boa qualidade do produto, por
consequência, os desperdícios são menores e os custos são baixos. (HIRSCHBRUSH, 1998).

2.2 COZINHA DE CAMPANHA

A confecção da alimentação da tropa sempre foi uma das preocupações constantes dos
chefes responsáveis pela logística das Forças Armadas, tanto com as cozinhas fixas, no
interior das Unidades, como com as cozinhas móveis de campanha, nos acampamentos e
manobras. (GONÇALVES, 2013).
Preocupações como essas levaram o EB a importar as cozinhas de campanha modelo
ARPA - adotada pela Portaria Nº 183-EME, de 29 de Novembro de 2011, publicada no
Boletim do Exército Nº 48/2011 (BRASIL, 2011) e o modelo Kärcher - adotada pela Portaria
N° 072-EME, de 1° de Setembro de 2003, publicada no Boletim do Exército Nº 36/2003
(BRASIL, 2003), provenientes da Espanha e da Alemanha, respectivamente.
Com o uso dessas cozinhas, tornou-se possível o preparo e suprimento de ração quente
para a tropa de forma mais aproximada, melhorando, dessa maneira, questões de logística. Os
militares que fazem uso das cozinhas de campanha podem armazenar os gêneros alimentícios
para que, posteriormente, sejam preparados, diminuindo, deste modo, o fluxo de suprimento
Classe I (material de subsistência) para a localidade.
145

2.3 DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

No gerenciamento de um serviço de alimentação um fator de grande relevância é o


desperdício, principalmente, devido ao Brasil ser um país onde a subnutrição pode ser
considerada um dos problemas mais sérios de saúde pública. (CORRÊA, 2006).
No mundo, nas fases iniciais da produção, manipulação pós-colheita e armazenagem,
ocorrem 54% do desperdício de alimentos. Os restantes 46% ocorrem nas etapas de
processamento, distribuição e consumo. Um terço dos alimentos produzidos no mundo são
desperdiçados devido a práticas inadequadas. (FAO, 2013).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura:

É possível alimentar mais de 30 milhões de pessoas, o que representa 64% dos que
sofrem com a fome, com os alimentos que se perdem apenas no âmbito da venda
(supermercados, feiras livres, armazéns, entre outros), nas regiões da America
Latina e do Caribe. No Brasil, 14 milhões de pessoas são afetadas pela fome, e no
aqui são desperdiçadas, na venda, 22 bilhões de calorias, o que seria suficiente para
satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas e permitiria reduzir
a fome em níveis inferiores a 5%. (BENITÉZ, 2014, p. 1).

Os brasileiros possuem o hábito de ter um grande estoque de comida em suas casas,


nem sempre adequados para o armazenamento, além de fazer compras de alimentos por
impulso e prepará-los de forma excessiva à mesa. Outro problema que contribui para o
desperdício, é o preconceito com o preparo das sobras de comida. A perda dentro de casa não
é o maior problema do país em termos estatísticos, mas contribui, em muito, para que as
perdas e desperdício com alimentos no Brasil somem 40 mil toneladas por ano. (CRUZ,
2016).
Visando reduzir desperdícios e otimizar a produtividade no momento em que se
conhece os processos da produção, deve-se executar atividades de controle, o que significa
analisar, comparar e avaliar os procedimentos e o desempenho dos serviços na UPR. Os
resultados com isso são: ganhos em produtividade, garantia de qualidade dos serviços,
diminuição do desperdício e refeições a baixo custo. Deve haver, no Brasil, um engajamento
na luta contra a fome e pela cidadania e, para que isto seja alcançado, os programas de
redução de desperdício devem ser efetivos e completos, agregando mudanças
comportamentais, educação e principalmente conscientização tanto dos comensais quanto dos
manipuladores de alimentos. (BRADACZ, 2003).
A tabela 1 mostra os parâmetros indicados na literatura para análise de sobras e restos
ingesta.
146

Tabela 1 – Parâmetros para análise de sobras e restos ingesta atribuídos por alguns autores
pesquisados em 2017
Autor(es) Parâmetros
Mezomo (2002) Valores de resto-ingestão inferiores a 10% podem ser considerados
aceitáveis.

Castro (2003) O percentual de resto ingesta deve manter-se abaixo de 10% em coletividades
sadias e abaixo de 20% em enfermas.

Vaz (2006) Aceitável percentual de sobras de até 3% ou de 7 a 25g de sobras por pessoa
e para resto-ingestão de 2 a 5% ou de 15 a 45g por pessoa.

Nonino-Borges Desempenho da UAN em relação ao percentual de restos: menores de 5%


(2006) - ótimo; entre 5% e 10% - bom; entre 10 e 15% - regular; acima de 15% -
péssimo
Fonte: AUTOR (2017)

As sobras estão mais relacionadas com o serviço e seu planejamento, enquanto o resto
é resultado da relação com o comensal, sendo chamado de resto-ingesta ou resto-ingestão.
(HIRSCHBRUCH, 1998).
O desperdício se mostra bastante significativo na produção de alimentos e, também,
pode ser observado dentro dos lixos, na devolução das bandejas de refeição, na ausência de
indicadores de qualidade, entre outros. (BRADACZ, 2003).
147

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

É redigido no tempo verbal futuro, pois inclui a explicação de todos os procedimentos que se supõem
necessários para a execução da pesquisa, entre os quais, destacam-se: método, ou seja, a explicação da opção
pela metodologia e do delineamento do estudo; amostra; procedimentos para a coleta de dados; bem como, o
plano para a análise de dados. Em síntese, a metodologia deve conter os seguintes tópicos: tipo de pesquisa;
dados a serem obtidos; forma de obtenção dos dados; população e amostra (quando for o caso); tratamento e
análise dos dados (como serão feitos); e limitações da pesquisa - pontos fracos que a pesquisa pode ter.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Será realizada uma pesquisa de campo com coleta de dados para mensurar o
desperdício de alimentos. Esses dados serão restritos às rações quentes fornecidas para o
Curso de Intendência durante a Manobra Escolar.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Avaliação das sobras

Será necessário anotar o número de comensais que realizarão as refeições, assim como
o número de refeições que serão planejadas para o dia a ser analisado. Informações como total
líquido produzido, total de sobras aproveitáveis e não aproveitáveis, total servido, restos
(prato), entre outros dados serão anotados, conforme instrumento de coleta de dados
(Apêndice A).
Para quantificar o total dos alimentos destinados ao consumo no Curso de Intendência
durante a Manobra Escolar, será necessário pesar diretamente as preparações para sabermos
quanto de alimento está sendo preparado/oferecido. Após o término da refeição, será
necessário pesar aquilo que não foi consumido e ficou armazenado nas cubas da linha de
servir ou em panelas. Para obtermos o valor da quantidade servida, faremos a subtração da
quantidade não consumida do total produzido. Será utilizada a equação 1 para efeitos de
cálculos. (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2003):

% Sobras = (Total Produzido – Quantidade Servida) x 100 / Total Produzido (1)


148

3.2.2 Avaliação dos restos

Para calcular a quantidade percentual de restos de alimentos durante os dias de


consumo no campo durante a Manobra Escolar, será utilizado a equação 2. (ABREU;
SPINELLI; ZANARDI, 2003):

Índice de Resto = Peso da Refeição Rejeitada x 100 / Peso da Refeição distribuída (2)

3.2.3 Protocolo de avaliação

Para estabelecer um protocolo de avaliação das sobras e restos será proposta uma
alternativa de como esses dados podem ser coletados, analisados e utilizados.

3.2.4 Custos

Os custos relacionados ao desperdício poderão ser calculados mediante a tomada dos


preços dos gêneros alimentícios utilizados nas preparações da ração quente em licitações.

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados serão tabulados e apresentados como média e desvio-padrão referente aos


dias de coleta durante a Manobra Escolar.
149

4 CRONOGRAMA

O cronograma (Quadro 1) prevê cada atividade que se pretende realizar visando a


entrega do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ou seja, as etapas estão listadas como
atividades e o tempo leva em consideração o calendário vigente.

Quadro 1 – Cronograma de atividades previstas


2018 2019
Atividades
set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun.
Elaboração do projeto x x
Pesquisa bibliográfica x x x x x
Coleta de dados x x
Análise dos dados e
x x x x
discussão dos resultados
Elaboração do relatório
x x x
final (monografia)
Revisão e impressão x
Fonte: AUTOR (2017)
150

REFERÊNCIAS

ABREU, A. S.; SPINELLI, M. G. N.; ZANARDI, A. M. P. Gestão de unidades de


alimentação e nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Ed. Metha, 2003.

BRADACZ, D. Modelo de gestão da qualidade para o controle de desperdício de


alimentos em unidades de alimentação e nutrição. 2003. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

BENITÉZ, R. Perdas e desperdícios de alimentos na América Latina e no Caribe.


Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 2014. Disponível
em: http://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/239394/. Acesso em: 14 out. 2017.

BRASIL. Decreto nº 3.932, de 12 de abril de 1939. Aprova o Regulamento Interno e dos


Serviços Gerais. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, 19 abr.1939. 8950 p.

BRASIL. Portaria n° 072-EME, de 1° de setembro de 2003. Aprova o Protótipo da Cozinha


de Campanha Móvel, Modelo MFK 2/96 – Karcher. (Ato de Aprovação de Protótipo n°
01/03). Boletim do Exército, Brasília, DF, 05 jul. 2003. 20 p.

BRASIL. Portaria nº 183-EME, de 29 de novembro de 2011. Adota a Cozinha de Campanha


Móvel ARPA modelo 2000/250BR. Boletim do Exército, Brasília, DF, 02 dez. 2011. 50 p.

CASTRO, M. D. A. S. et al. Resto-ingesta e aceitação de refeições em uma unidade de


alimentação e nutrição. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 17, n. 114/115, p.24-28, nov. 2003.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Dispõe sobre a definição das áreas de


atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência,
por área de atuação e dá outras providências. Resolução nº 380, Brasília, DF, 9 dez. 2005.
Disponível em: http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2005/res380.pdf. Acesso em: 28 out.
2017.

CORRÊA, T. A. F.; SOARES, F. B. S.; ALMEIDA, F. Q. A. Índice de resto-ingestão antes e


durante a campanha contra o desperdício, em uma unidade de alimentação e nutrição. Higiene
Alimentar, São Paulo, v. 20, n. 140, p.64-73, abr. 2006.

CRUZ, E. Brasileiro deve mudar para reduzir desperdício de alimentos, dizem


especialistas. Agência Brasil, 2016. Disponível em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-06/brasileiro-deve-mudar-para-
reduzir-desperdicio-de-alimentos-dizem. Acesso em: 14 out. 2017.

GONÇALVES, L. S. A Cozinha Fora da Sede. Espaço Cultural Tuducax, 2013. Disponível


em: http://www.aman62.com/temadomes/Acozinhaforadasede.doc. Acesso em: 15 out. 2017.

HIRSCHBRUCH, M. D. Unidades de alimentação e nutrição: desperdício de alimentos x


qualidade da produção. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 12, n. 55, p.12-14, maio 1998.

MEZOMO, I. F. B. Os serviços de alimentação: planejamento e administração. 5. ed. São


Paulo: Manole, 2002. 413 p.
151

NETO, F. F. B. et al. Projetos Estratégicos de Defesa e seus reflexos na formação do


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http://www.defesa.gov.br/arquivos/ensino_e_pesquisa/defesa_academia/cadn/artigos/xiv_cad
n/projetos_estrategicos_de_defesa.pdf. Acesso em: 28 de out. 2017.

NONINO-BORGES, C. B. et al. Desperdício de alimentos intra-hospitalar. Revista de


Nutrição, Campinas, v. 19, n. 3, p.349-356, maio/jun. 2006.

FAO. O desperdício alimentar tem consequências ao nível do clima, da água, da terra e


da biodiversidade – novo estudo da FAO. 2013. Disponível em:
http://www.fao.org/news/story/pt/item/204029/icode/. Acesso em: 14 out. 2017.

POPOLIM, W. D. Unidade produtora de refeições (UPR) e unidade de alimentação e nutrição


(UAN): definições, diferenças e semelhanças. Nutrição Profissional, v. 3, p. 40-46, 2007.

TEIXEIRA, S. M. F. G. et al. Administração aplicada às unidades de alimentação e


nutrição. São Paulo: Atheneu, 1997. 219 p.

VAZ, C. S. Restaurantes: controlando custos e aumentando lucros. Brasília: LGE, 2006. 196
p.

VEIROS, M. B. Análise das condições de trabalho do nutricionista na atuação como


promotor de saúde em uma Unidade de Alimentação e Nutrição: um estudo de caso.
2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2002.

Seguir ABNT NBR 6023:2018, as referências são alinhadas à margem esquerda, apresentadas em espaço
simples e separadas entre si por espaço duplo.

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