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DESIGN DE CURSOS PARA

AÇÕES FORMATIVAS

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Objetivos da disciplina:

Apresentar uma breve discussão sobre EaD, e a conceituação de design instru-

cional e seus fundamentos, e apontando as áreas do conhecimento em que ele

esta inserido. Fornecer um breve histórico do Design Instrucional, e os campos

de atuação desse profissional. Delimitar os pormenores das áreas de andrago-

gia e psicologia, e as respectivas influências para a aprendizagem.

CONTEÚDOS ABORDADOS

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INTRODUCAO A EDUCACÃO A DISTANCIA

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A EaD e suas características na sociedade atual

De acordo com o site da ABED

(2013), há um consenso mínimo

em torno da idéia de que Educa-

ção a Distância (EaD) é a modali-

dade de educação em que as ati-

vidades de ensino-aprendizagem

são desenvolvidas majoritaria-

mente (e em bom número de ca-

sos exclusivamente) sem que alunos e professores estejam presentes no mes-

mo lugar à mesma hora.

De acordo com Moran (2000), a EaD é o processo de ensino e aprendizagem

mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados espa-

cial e/ou temporalmente.

Podemos observar também que no Art. 1o do Decreto no 5.622, de 19 de de-

zembro de 2005, consta uma concepção próxima da adotada pela maioria dos

autores:

Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a dis-

tância como modalidade educacional na qual a mediação didáti-

co-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre

com a utilização de meios e tecnologias de informação e comuni-

cação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades

educativas em lugares ou tempos diversos.

Segundo Arruda (2011), vale ressaltar a mudança de paradigma necessária para


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compreender a Educação a Distância:

A EaD implica em inovações técnicas e sociais em diferentes seto-

res universitários: mudança no papel docente, com a incorporação

de outros profissionais envolvidos indiretamente na ação peda-

gógica, e mudança na gestão acadêmica e logística do curso, de-

vido à necessidade de organizar provas presenciais, envio de ma-

teriais didáticos, acompanhamento da aprendizagem mediada

por tutores, constituição de complexos e ágeis sistemas de avalia-

ção. Percebe-se,portanto, que, para além da introdução de tecno-

logias na mediação pedagógica, a EaD significa mudanças mais

profundas nas relações sociais estabelecidas no interior da escola

e representa, dentre outras coisas, a constituição de novos agen-

tes pedagógicos, novos papéis para o professor e, por que não, a

constituição de um novo

docente, com atribuições e

ações bem distintas da edu-

cação dita "convencional.

(ARRUDA, 2011, p.17)

A Educação a Distância tem se tornado

cada vez mais abrangente em todos os

países. Atualmente é uma área consoli-

dada e bem aceita pela sociedade, dife-

rentemente de seu inicio, quando o pre-

conceito quanto à qualidade do ensino se fazia presente em todos os meios.

No Brasil, através de indicadores do MEC, a qualidade da EaD já foi compro-

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vada, e inclusive alguns cursos EaD tiveram notas maiores do que na modalida-

de presencial. Rivalidades a parte, ao que tudo indica, essa segregação forte

entre Educação Presencial e Educação a Distância será extinta, mesmo que

demore alguns anos.

De acordo com Tori (2010), historicamente a EaD tem sido tratada como uma

modalidade diferente de educação, em contraposição à educação dita

―convencional‖, ou ―presencial‖. Ainda segundo o autor, essa separação não

contribui para o avanço da EaD.

Atualmente não tem como se falar em EaD sem abordar alguns tópicos como:

design instrucional, a produção de conteúdo adequado para EaD, objetos de

aprendizagem, ambiente virtual de aprendizagem e novas tecnologias midiáti-

cas.

A educação a distância avançou em termos quantitativos e qualitativos no ce-

nário mundial, e as experiências brasileiras, atualmente, tem tido continuidade

e indicadores de sucesso, o que torna essa modalidade de ensino uma alterna-

tiva viável para atender a um país de grandes distâncias geográficas, onde mui-

tas pessoas não têm acesso à informação.

Na sociedade contemporânea, vive-se em um mundo envolto por constantes

transformações, pela rapidez com que as informações se propagam e pelas

diferentes formas de acesso a elas. Nesse cenário, a Educação a Distância, atu-

almente, ministrada em uma ― rede de alcance mundial‖, provoca uma mu-

dança de paradigma, impulsionada pelo poder de comunicação e conexão de

informações que a internet proporciona, fazendo-a emergir, cada fez mais, para

atender instituições de ensino, organizações da sociedade civil e empresas que

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objetivam alcançar diversos públicos e favorecer a melhoria das condições de

ensino-aprendizagem presentes em diferentes contextos.

Acredita-se que o ensino depende da comunicação, seja verbal ou simbólica.

Na modalidade a distância tem-se tanto os elementos verbais presentes no uso

das hipermídia, quanto elementos simbólicos, como ícones, elementos sono-

ros, entre outros. A diversidade de mídias presentes na EaD é de uma riqueza

impressionante, como principais elementos midiáticos, pode-se citar as mídias

digitais, como DVDs e vídeos em diversos formatos, além da mídia impressa

como apostilas e cadernos de exercícios. Por fim, as mídias podem ainda ser

trabalhadas principalmente no ambiente virtual de aprendizagem, que pode

estar integrado às diversas redes sociais da atualidade.

Na concepção e implementação de um curso a distância tem-se envolvidos

diversos profissionais e até mesmo equipes, cada qual responsável por deter-

minada função; por vezes, tem-se uma equipe de Design Instrucional - respon-

sável pelo planejamento do curso, uma equipe de professores conteudistas -

responsável pela produção do material didático específico, outra equipe res-

ponsável pela tutoria e assim por diante. Mesmo com equipes separadas, é

necessário possuir uma visão global dos processos que envolvem o planeja-

mento e a construção de um curso na modalidade a distância.

A demanda dos cursos oferecidos na modalidade a distância cresceu conside-

ravelmente, seja em instituições privadas ou públicas. Para que possamos ofe-

recer um acesso cada vez mais facilitado ao usuário, atingir uma qualidade de

ensino satisfatória e procurar diminuir os custos é fundamental ter um bom pla-

nejamento condizente com a realidade dos cursos oferecidos na modalidade a

distância.
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Atualmente observa-se que a Educação a Distância é uma área em franco cres-

cimento. Com a popularização das tecnologias e principalmente do computa-

dor pessoal, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) tornou-se um dos

principais pilares de qualquer curso na modalidade a distância. Veremos mais

adiante o que vem a ser este ambiente.

Detalhando um pouco mais, apresentamos a seguir as características e os ele-

mentos da EaD, elencados por Preti (1996):

ABERTURA: uma diversidade e amplitude de oferta de cursos, com a elimina-

ção do maior número de barreiras e requisitos de acesso, atendendo a uma

população numerosa e dispersa, com níveis e estilos de aprendizagem diferen-

ciados, para atender à complexidade da sociedade moderna; 


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FLEXIBILIDADE: de espaço, de assistência e de tempo, de ritmos de aprendi-

zagem, cm distintos itinerários formativos que permitam diferentes entradas e

saídas e a combinação trabalho/estudo/família, favorecendo, assim, a perma-

nência em seu entorno familiar e laboral; 


ADAPTAÇÃO: atendendo às características psicopedagógicas de alunos que

são adultos; (andragogia) 


EFICÁCIA: o estudante, estimulado a se tornar sujeito de

sua aprendizagem, a aplicar o que está apreendendo e a se

autoavaliar, recebe um suporte pedagógico, administrativo,

cognitivo e afetivo, por meio da integração dos meios e uma comunicação bidi-

recional; 


FORMAÇÃO PERMANENTE: há uma grande demanda, no

campo profissional e pessoal, para dar continuidade à for-

mação recebida ―formalmente‖ e adquirir novas atitudes,

valores, interesses etc. 


Uma outra característica importantíssima é o PLANEJAMENTO!

Ao se desenvolver atividades pedagógicas para grandes grupos

de alunos, em distintos espaços geográficos, cujas mediações se


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deem por algum tipo de tecnologia que amplia o potencial co-

municativo de professores e alunos, dificilmente esta tarefa será́

possível sem altos graus de planejamento, tanto no campo da

gestão pedagógica quanto administrativa. (ARRUDA 2011, p.24)

E o que pode-se dizer do planejamento na área da EaD? De acordo com Cor-

rêa e Ribeiro (2004), o planejamento e a avaliação em Educação a Distância

surge numa nova perspectiva, na qual o espaço e o tempo caracterizam-se por

necessidades de reflexões e redirecionamentos de todo processo, assumindo

caráter de redemocratização do ensino e aprendizagem.

Ainda de acordo com as autoras, o planejamento enquanto articulador das

ações no processo ensino aprendizagem surge junto à avaliação, que proble-

matizará as ações desenvolvidas pelos sujeitos envolvidos em todo processo.

Logo alguns elementos tornam-se necessários para construção de um fazer


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educação na modalidade a distância, tais como: o acesso, a importância da

proposta pedagógica, a interação do sujeito com o conhecimento, os canais de

interação, o tipo de inovação, os ambientes, os custos, o processo de avaliação

e principalmente o processo de ensino-aprendizagem.

Acredita-se que com planejamento eficaz é possível apontar os melhores cami-

nhos e de menores custos para a elaboração e implementação de cursos na

modalidade a distância. É necessário desta forma, investigar quais as contribui-

ções dos recursos tecnológicos e midiáticos para o planejamento e execução

satisfatória dos cursos oferecidos na modalidade a distância.

Planejar é uma ação fundamental para o desenvolvimento e acompanhamento

de programas e projeto educacionais, principalmente em cursos a distância e

que são desenvolvidos basicamente em ambiente virtuais de aprendizagem.

Como pode-se deduzir, o planejamento em Educação a Distância é responsá-

vel por nortear todo o processo desde sua concepção até a avaliação, os con-

teúdos, os métodos de ensino- aprendizagem.

Corrêa (2007) afirma que para o planejamento de cursos a distância devem ser

consideradas algumas dimensões:

• Dimensão Pedagógica: proposta curricular, corpo docente, metodolo-

gia, perfil do aluno, entre outros.

• Dimensão Administrativa: aspectos físicos e materiais, estrutura organi-

zacional, recursos humanos, etc.

• Dimensão Financeira: recursos financeiros, qual o custo do curso? 


• Dimensão Jurídica: legislação e direitos autorais.

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Além da articulação entre estas dimensões, é primordial que o planejamento

esteja em anuência com o contexto

educacional, as políticas educacionais

e com a forma de trabalho assumida

pela instituição responsável pelos cur-

sos.

EaD no Brasil

No Brasil a EaD cresce tanto no setor

privado quanto no setor público. Em ambos os casos, percebe-se claramente

que o foco é o Ensino Superior. No setor privado predomina-se a expansão dos

cursos de especialização, já no setor público importantes ações vem sendo im-

plementadas no âmbito do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), como

por exemplo, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Bási-

ca (PARFOR) e o Programa Nacional de Formação em Administração Pública

(PNAP). 


De acordo como o site da UAB/CAPES (2013), a UAB ―é um sistema integrado

por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas

da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio

do uso da metodologia da educação a distância.‖ É um programa idealizado

em 2005 e a previsão é de ampliar sua

rede de cooperação até 2013 de manei-

ra a atender 800 mil alunos/ano.

O Sistema Universidade Aberta do Bra-

sil (UAB) tem como prioridade a forma-

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ção de professores para a Educação Básica. Para atingir este objetivo central a

UAB realiza ampla articulação entre instituições públicas de ensino superior,

estados e municípios brasileiros, para promover, por meio da metodologia da

Educação a Distância, acesso ao ensino superior para camadas da população

que estão excluídas do processo educacional.

A UAB foi criada pelo Ministério da Educação, em 2005, no âmbito do Fórum

das Estatais pela Educação, com foco nas Políticas e na Gestão da Educação

Superior sob cinco eixos fundamentais:

• Expansão pública da educação superior, considerando os processos de

democratização e acesso; 


• Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino

superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas

educacionais dos estados e municípios; 


• A avaliação da educação superior a distância tendo por base os proces-

sos de flexibilização e regulação em implementação pelo MEC; 


• As contribuições para a investigação em educação superior a distância

no país e;

• O financiamento dos processos de implantação, de execução e de for-

mação de recursos humanos em educação superior a distância. 


Tendo como base o aprimoramento da Educação a Distância, o sistema UAB

visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superi-

or. Para isso, o sistema busca fortes parcerias entre as esferas federais, estadu-

ais e municipais do governo.

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Legislação

Consideramos importante apresentar alguns marcos na legislação no que tan-

ge à EaD. Podemos considerar que uma das primeiras iniciativas no âmbito da

oferta de cursos é a LDB de 1961, que, em sua reforma, ocorrida dez anos de-

pois, há menção a um capítulo específico sobre o ensino supletivo, no qual

afirma a possibilidade dele ser usado em classes ou mediante a utilização de

rádio, televisão, correspondência e outros meios.

Depois disso, há uma grande lacuna a respeito do assunto, preenchido pela Lei

de Diretrizes e Bases no 9394 (LDB), de 1996. O artigo 80 dessa lei foi o respon-

sável pela apresentação de possibilidades, em todos os níveis educacionais, da

oferta regulamentada de Educação a Distância no País:

Este artigo foi regulamentado pelo Decreto no 5.622, publicado no D.O.U. de

20/12/05 (que revogou o Decreto no 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o De-

creto no 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização definida na Portaria

Ministerial no 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial no 301, de 07

de abril de 1998). Em 3 de abril de 2001, a Resolução no 1, do Conselho Nacio-

nal de Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto

sensu.

Cabe salientar que o decreto no 5.622 foi

alterado pelo Decreto no 6.303, de 12 de

dezembro de 2007:

Art. 80. O Poder Público incentivará o de-

senvolvimento e a veiculação de programas

de ensino a distância, em todos os níveis e


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modalidades de ensino, e de educação continuada.

Pesquise:

Faça uma leitura atenta dos decretos no 5.622 e no 6.303. Nes-

tes documentos você encontrará todas as orientações acerca do

funcionamento da EaD no Brasil, em todos os níveis.

Decreto 5.622 de 20 de dezembro de 2005 Decreto 2.494 de 10 de fevereiro de

1998 Decreto 2.561 de 27 de abril de 1998 Portaria ministerial 4.361

Portaria Ministerial 301 de 07 de abril de 1998 Decreto 6.303 de 12 de dezem-

bro de 2007

A EaD e a evolução tecnológica

CASTELLS (2007) afirma sobre a evolução tecnológica:

Em fins da década de 1990, o poder de comunicação da Internet,

juntamente com os novos progressos em telecomunicações e

computação provocaram mais uma grande mudança tecnológica,

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dos microcomputadores e mainframes descentralizados e autô-

nomos à computação universal por meio da interconexão de dis-

positivos de processamento de dados, existentes em diversos

formatos. Nesse novo sistema tecnológico o poder de computa-

ção é distribuído numa rede montada ao redor de servidores da

web que usam os mesmos protocolos da Internet, e equipados

com capacidade de acesso a servidores em mega- computadores,

em geral diferenciados entre servi-

dores de bases de dados e servido-

res de aplicativos. (CASTELLS, 2007,

p89)

A educação ganhou novas perspec-

tivas com a aprendizagem baseada

nas tecnologias interativas. Estão em jogo os critérios de uso desses novos ins-

trumentos tecnológicos, cada vez mais acessíveis – que proporcionaram o

acesso das multidões ao conhecimento, antes mediados, necessariamente, por

um professor presente, numa dinâmica vertical. (TORI, 2010, p.7)

Ainda de acordo com Tori (2010), as tecnologias interativas são, e deverão ser

cada vez mais, de grande importância dentro de um processo de ensino-

aprendizagem. Na EaD o uso dessas tecnologias propiciam a interação entre os

alunos de um curso, além de facilitar o acesso ao material didático. Sobre esse

assunto, Brito afirma:

A educação a distância (EAD) pode e tem sido realizada por diver-

sos meios, seja rádio, correio, telefone, televisão, dentre outros.

No entanto, o sucesso dos cursos não depende unicamente da


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tecnologia empregada, assim como, muitas experiências atuais

não obtêm o êxito esperado devido a diversos fatores alheios ao

meio tecnológico utilizado. Entretanto, não se pode negar que o

surgimento de novas tecnologias de informação e comunicação

(NTIC), originadas na década de 60 e consolidadas nos anos 90,

têm corroborado sensivelmente para o crescimento do ensino a

distância.

De maneira geral, a maioria dos autores possuem uma definição aproximada

sobre a EaD, que pode ser resumida em um processo de ensino e aprendiza-

gem no qual os professores e alunos estão distantes espacialmente, mas po-

dem estar próximos por meio da mediação de alguma tecnologia de comuni-

cação e informação, seja ela o texto impresso, o CD-ROM, DVD-ROM, rádio,

televisão ou internet.

Na EaD as atividades são desenvolvidas de maneira assíncrona ou síncrona.

Comunicação de natureza assíncrona se dá quando professor, tutor e aluno

interagem de forma off-line, ou seja, não há necessidade de todos acessarem

no mesmo dia e horário. Já a comunicação de natureza síncrona é a interação

on-line, com todos conectados no mesmo dia e horário, como por exemplo em

um chat ou sistema de webconferência.

Vejamos o que o CensoEAD.BR descreve a respeito das mídias virtuais: a utili-

zação de tecnologia nas instituições ainda é feita principalmente de modo as-

síncrono, sem a troca de informações ao vivo, mas a preferência por esse mé-

todo não está muito à frente da utilização da comunicação síncrona. Ambas são

utilizadas por ampla maioria tanto das instituições credenciadas quanto das de

cursos livres (Tabela 1) e foram citadas cerca de 140 vezes pelas instituições
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credenciadas quando se pediu que respondessem a uma escala, de 1 (mais

importante) a 5 (menos importante), sobre qual seria a mídia tecnológica mais

relevante para elas. Note-se, porém, que a comunicação síncrona é a mais cita-

da como segunda preferida, o que pode indicar tendência ao crescimento.

A tabela 1 mostra os modos mais comuns para utilização das tecnologias, como

formas síncronas e assíncronas e utilização de email.

Tabela 1 - Modo de utilização das tecnologias adotadas

Podemos observar que as atividades tanto síncronas quanto assíncronas são

bem utilizadas tanto nas instituições credenciadas quanto nas instituições que

oferecem cursos livres. O email ainda se mostra uma ferramenta bastante utili-

zada.

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No detalhamento sobre o tipo de apoio tutorial que é utilizado, o apoio on-line

mostra- se bem mais difundido entre as instituições de ensino superior (IES) do

que entre as de educação básica. Entre as instituições que ministram cursos

livres, os chats e os fóruns de discussão são os recursos on-line preferidos, mui-

to à frente dos demais. A tabela 2 mostra o tipo de apoio tutorial online, se-

gregado por situação jurídica (pública ou privada).

Tabela 2 - Tipo de apoio tutorial on-line, por situação jurídica

Como podemos ver na tabela 2, o fórum de discussão é o tipo de apoio pre-

sencial mais utilizado, talvez pela sua simplicidade de uso e pelo fato de con-

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sumir pouco recurso de banda da internet, se comparado com uma videocon-

ferência.

Vamos entender melhor sobre essas questões e outras variáveis do planeja-

mento?

=)

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INTRODUÇÃO DO
DESENHO INSTRUCIONAL

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O que é Desenho Instrucional

De maneira simplista, dizemos que o design instrucional - DI é uma ação inten-

cional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, desenvolvimento,

aplicação de técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais

em situações didáticas específicas, a fim de promover a aprendizagem humana.

Em outras palavras: o DI é definido como um processo de identificação de pro-

blemas de aprendizagem e, consequentemente, o desenho, implementação e

acompanhamento das soluções arquitetadas para este problema.

Ao desenvolver o projeto de um curso a distância, é preciso considerar uma

série de fatores, mas talvez o mais importante deles seja a percepção de que a

estratégia de aprendizado on-line é, em sua própria essência, diferente do pre-

sencial.

A prática de estudar e arquitetar soluções para o problema de instrução educa-

cional ocorre em diferentes níveis de concepção.

Define-se esses níveis como macro, meso e micro. Em nível macro, a ação defi-

ne-se uma direção comum a todas as experiências de aprendizagem de uma

instituição, departamento, ações governamentais em que as diretrizes adota-

das pelo designer instrucional na prática de suas atividades seguem recomen-

dações de âmbito nacional, estadual ou municipal.

Em nível meso, o designer instrucional ocupa-se com a estruturação de disci-

plinas, cursos programas ou projetos educacionais ou coorporativos, enquanto

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que em nível micro atua com desenho e composição das unidades de estudo a

serem incorporados dentro de disciplinas ou módulos.

O processo mais aceito dentro do Desenho Instrucional é o Instructional Sys-

tem Design - ISD ou Design de Sistemas Instrucionais, em que, embora cada

instituição tenha sua forma de aplicação do DI, todas compartilham a ideia cen-

tral do ISD de dividir o desenvolvimento de ações educacionais em fases ou

sequência menores: de análise de necessidades, projeto, desenvolvimento,

implementação e avaliação das soluções educacionais.

Ao compreender que o Design Instrucional é um processo sistemático e reflexi-

vo de traduzir princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de

produtos educacionais, podemos afirmar, também, que metodologia de de-

senvolvimento de materiais didáticos se distingue de métodos tradicionais pelo

seu caráter metódico e cuidadoso de análise, planejamento, desenvolvimento e

avaliação do treinamento.

Quando falamos de desenho de instrução, devemos ter em foco que a apren-

dizagem se constitui num processo pelo qual o organismo muda seu compor-

tamento em função de experiências, sendo esta experiência transformada em

conhecimento.

Diria, em outras palavras, que a experiência (aquilo que experimentamos) trans-

forma-se em conhecimento (aquilo que sabemos). Portanto, é interessante sali-

entar que, quando o aluno está sentado na frente de um computador, ele pre-

cisa receber estímulos que o façam segurar o mouse e clicar em um botão na

tela sem que ninguém esteja por perto dizendo para ele estudar. Embora pare-

ça simples, este é o principal objetivo a ser atingido.

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Fundamentos do DI

O Design Instrucional é uma teoria, um corpo de conhecimento voltado à pes-

quisa e teorização de estratégias de instrução. Dedicado a produzir conheci-

mentos sobre princípios e métodos de instrução mais adequados a diferentes

tipos de necessidades de aprendizagem.

Fundamentos da Profissão

(Fonte: Adaptado de FILATRO, Andrea. Design Instrucional na Prática, 2004)

• Comunicar-se efetivamente por meio visual, eletrônico e escrito;

• Aplicar pesquisas e teorias atualizadas à prática de design instrucional;

• Atualizar e melhorar habilidades, atitudes e conhecimentos em relação

ao design instrucional e suas áreas afins;

• Aplicar habilidades básicas de pesquisa em projetos de design instruci-

onal;

• Identificar e resolver problemas éticos e legais que surjam no trabalho

do DI.

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Planejamento e Design e Implementação


Análise Desenvolvimento e Gestão

Planejamento e Análise

• Conduzir um levantamento de necessidades;

• Projetar um currículo ou programa;

• Selecionar e usar várias técnicas para definir conteúdo instrucional;

• Identificar e descrever as características do público-alvo;

• Analisar as características do ambiente de aprendizagem;

• Analisar características de tecnologias existentes e emergentes e seus

usos em um ambiente instrucional;

• Refletir sobre elementos de uma situação antes de finalizar decisões so-

bre soluções e estratégias de design.

Design e Desenvolvimento

• Selecionar, modificar ou criar modelo apropriado de design e desenvol-

vimento de determinado projeto;

• Selecionar e usar uma variedade de técnicas para definir e encadear o

conteúdo e as estratégias instrucionais;

• Selecionar ou modificar materiais instrucionais existentes;

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• Desenvolver materiais instrucionais;

• Projetar uma solução educacional que se adapte a diversos perfis de

alunos ou grupo de alunos;

• Avaliar a instrução e seu impacto.

Implementação e Gestão

• Planejar e gerenciar projetos de design instrucional;

• Promover colaboração, parcerias e relacionamentos entre os participan-

tes do projeto de design;

• Aplicar habilidades de gestão de projeto ao design instrucional;

• Planejar sistemas de gestão de instrução;

• Implementar eficazmente produtos ou programas.

Tal diferenciação repercute no modelo de design instrucional adotado, desde a

formação da equipe, produção, execução, fontes de informações, canais de

comunicação, no formato dos programas, cursos e unidades de estudos dos

projetos, prazos, desenvolvimento, avaliação dos programas, orçamentos e

forma de distribuição dos recursos, requisitos de qualidade, avaliações do re-

torno sobre o investimento.

O Design Instrucional fundamenta-se em diferentes campos do conhecimento:

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Design Instrucional

Ciências Humanas: Ciências da Informação: Ciências Sociais Aplicadas:


Psicologia do Comunicação, mídias Abordagem sistêmica,
Comportamento, Social, audiovisuais, gestão da administração, gestão de
Cognitiva e do informação e gestão da projetos e engenharia de
desenvolvimento humano comunicação produção

Figura 1.1 Campos do conhecimento do desenho instrucional:

Nas Ciências Humanas, a psicologia do comportamento evoluiu

entre as décadas de 1940 e 1960, influenciando diretamente as teo-

rias do Design Instrucional, por discorrer que a aprendizagem não

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pode apenas ser compreendida, mas também controlada.

O uso da instrução programada, a decomposição ou fragmentação do material

em pequenos pedaços é facilitada pela condução do aluno por meio de um

caminho construído (teoria do construtivismo).

Porém, a psicologia do comportamento não sustentou sozinha a necessidade

de busca do desenvolvimento de tarefas mais complexas como análise, síntese

e avaliação da aprendizagem, por ser limitada às ações exclusivas do compor-

tamento do aluno frente às situações externas.

Entra em cena a psicologia cognitiva, que estuda sobre como o aluno organiza,

põe à prova e reorganiza suas observações do ambiente, tanto quanto como

este amadurece, desenvolve estruturas complexas e abstratas de compreensão

do que vê. Inicia-se a busca por uma perspectiva construtivista do desenho ins-

trucional defendida por Jean Piaget, entre outros psicólogos.

Jonh Dewey e Jerome Bruner consideravam a aprendizagem uma manifestação

ativa e os alunos verdadeiros exploradores – considera-se assim a psicologia

social – em que se observa a importância da aprendizagem experimental e em

grupos. Abre-se caminho para a aprendizagem sócio construtivista de interação

pessoal e cooperação social, antevendo, assim, a posterior incorporação destes

ideais no processo de design de instrução.

Nas Ciências da Informação é que constatamos a importância fun-

damental da mídia interativa como elemento motivador fundamen-

tal para o sucesso ou fracasso de um curso. Isso não quer dizer que

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a elevada quantidade de desenhos, recursos de flash e afins sejam os mais in-

dicados. Também se prevê a desmotivação no excesso destes recursos.

Está constatado que a mídia interfere nos processos de percepção de cada

aluno. O campo das comunicações nos conscientiza de que afetam não apenas

as percepções, mas também a forma como armazenamos e recuperamos essas

informações. Diferentes mídias estimulam o desenvolvimento de diferentes ha-

bilidades de processamento da informação. Como resultado, cada mídia re-

quer diferentes abordagens e considerações do design instrucional.

Da mesma forma, o avanço da Ciência da Computação oferece a cada dia mais

ferramentas de aprendizagem variadas e flexíveis, baseadas em modelos com-

plexos e simulações. Redes digitais, computação gráfica, simuladores e inteli-

gência artificial abrem uma nova perspectiva do pensamento e aprendizagem

humana, visando a um repositório massivo de informações e produtos educaci-

onais.

Com a Ciência da Administração, as abordagens sistêmicas, gestão

de projetos e engenharia da produção, pode-se ter uma ideia da

necessidade deste conhecimento responsável pela divisão de pro-

jetos complexos em atividades menores, a identificação de estratégias, abor-

dagens, atividades, organização e métodos com maior probabilidade de êxito.

A combinação de competências e habilidades de gerenciamento ajuda na res-

ponsabilidade destas tarefas que requerem ferramentas de gestão de projetos

e conhecimento em como gerir equipes de profissionais multitalentos, a fim de

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que mantenham o foco no trabalho, no cumprimento de prazos, segurança da

integridade do serviço, qualidade e consistência dos materiais instrucionais.

Habilidades em gerir procedimentos de concepção, melhoria, implementação

e desenvolvimento dos sistemas instrucionais.

Numa visão integrada dos fundamentos, deve-se afirmar que o design instruci-

onal não é apenas resultante de escolhas de recursos visuais e formas de co-

municação, mas implica acreditar que qualquer problema educacional e de

treinamento se resolve com uma boa gestão da informação e soluções acerta-

das de recursos midiáticos.

O comportamento humano aliado à informação corretamente combinada, pro-

cessada e apresentada de forma criativa, passa a ser reconhecida em contextos

históricos, sociais e organizacionais mais amplos, visando à fundamentação do

DI como um novo campo de atuação e elemento integrador da aprendizagem.

Histórico do DI

Situamos as origens do Design Instrucional na época da Segunda Guerra Mun-

dial, que representou um imenso desafio instrucional aos profissionais envolvi-

dos com os treinamentos de militares.

Era necessário treinar rapidamente milhares de recrutas a fim de que soubes-

sem manejar sofisticadas armas de guerra que exigiam controle e perícia nunca

antes visto.

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Educadores e psicólogos norte-americanos tinham experiência na condução de

pesquisa experimental e foram convocados a desenvolver materiais de treina-

mento para o serviço militar.

Embasados nas idéias de Edward Thorndike - que assume a

tese de que a aprendizagem ocorre quando o tema é cuida-

dosamente controlado e sequenciado e quando os alunos

recebem reforço apropriado – desenvolveram filmes para o

treinamento militar, tendo por inspiração o cinema – recurso

audiovisual melhor sucedido na época.

Nos anos 1950, com a publicação da obra “The Science of

Learning and the Art of Teaching – obra de Burrhus Frederic

Skinner, em 1954, considerou-se o ponto de partida do de-

sign instrucional moderno dado a descrição da instrução

programada e sua ênfase na formulação de produtos e con-

teúdo instrucional em pequenas unidades, baseados no sistema de recompen-

sa frequente e de curto prazo a respostas corretas. Descrevendo os requisitos

necessários para a aprendizagem humana, ele especifica as características dos

materiais instrucionais efetivos (chamados de “instrução programada”) nos

quais esses materiais deviam: apresentar instruções no passo-a-passo, exibir

respostas abertas para as suas perguntas, fornecer retroalimentação imediata,

permitir que o aluno seguisse seu ritmo de estudos.

Em 1956, Benjamim Bloom, lançou a “Taxonomia dos Obje-

tivos Educacionais”, hoje necessários quando precisamos

analisar os resultados da aprendizagem. Os objetivos eram

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classificados de acordo com o tipo de comportamento dos alunos e numa po-

sição hierárquica entre si.

Entre 1962 e 1965, Gagné demonstrou em suas obras a pre-

ocupação com os diferentes níveis de aprendizagem, afir-

mando que para que se possa aprender uma habilidade

complexa é preciso assimilar as mais simples, reforçando o

construtivismo das relações de aprendizagem. Traz consigo

a “análise da tarefa instrucional”, decompondo os objetivos de aprendizagem

em unidades menores, para que o aluno possa construir seu conhecimento por

etapas.

Em “Conditions of Learning”, Gagné descreve etapas ins-

trucionais que considerava adequadas para se alcançar

qualquer objetivo de aprendizagem e tornou-se um dos pila-

res do desenvolvimento instrucional. São elas: informação

verbal, habilidades intelectuais, habilidades psicomotoras,

estratégias cognitivas e atitudes onde cada qual requer con-

dições específicas para que a aprendizagem ocorra de fato.

Após lançamento do Sputnik na União Soviética, os EUA não queriam perder

espaço na corrida pelo lançamento de satélites orbitais, tendo investido mi-

lhões de dólares no ensino de matemática e ciências, porém os materiais de-

senvolvidos para o treinamento logo se tornaram inviáveis e nada efetivos, pois,

mesmo sendo criados por especialistas de primeiro escalão, foram desenvolvi-

dos sem a realização de testes com estudantes.

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Entre 1967, Scriven indicou a necessidade da realização de testes junto aos alu-

nos antes da produção didática do material, a fim de estabelecer a efetividade

do conteúdo aprendido por eles.

Em 1970, e ainda discorrendo sobre a psicologia cognitiva,

David Paul Ausubel trouxe alguns insights a respeito de co-

mo os indivíduos adquirem, organizam e retém a informa-

ção. Afirma que para que o aprendizado ocorra, deve-se

predispor uma situação social determinada no qual os novos conhecimentos

devem, necessariamente, relacionarem-se significativamente com ideias e in-

formações preexistentes na estrutura cognitiva dos alunos.

O uso de organizadores prévios e sequenciamento dos conteúdos são essenci-

ais para o aperfeiçoamento da aprendizagem e solução dos problemas.

Ainda em 1970, surgiram vários modelos de design instrucional (Briggs, Dick,

Carey, entre outros) refletindo a consolidação do campo. Nos anos 1980, os

microcomputadores foram as estrelas da vez. Soluções em formatos multimídia

passaram a dominar a literatura e a prática do DI.

Na década seguinte, a explosão da internet trouxe não ape-

nas inovações tecnológicas, mas também novas abordagens

de instrução e aprendizagem. Thomas Duffy, David Jonans-

sen, Seymourt Papert consolidaram o construtivismo como

modelo instrucional, onde questões socioculturais e cognitivas podiam ser

apoiadas por ferramentas computadorizadas, como sistema de ajuda online e

linguagem de programação Logo.

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Ainda, na década de 1980, com o crescimento e desenvolvimento da indústria

da informática, comércio e forças armadas, a influência desse maquinário na

escola tornou-se comum, apesar de reduzida. Centros de desenvolvimento de

instruções encontraram um novo filão de negócios, voltando sua atenção para

o desenvolvimento de instruções interativas e com novas mídias agregadas.

Inicia-se a utilização de computadores na automatização de tarefas de plane-

jamento instrucional, aliviando a carga de trabalho na elaboração de conteúdos

instrucionais.

Em 1990, o DI foi fortemente influenciado pe-

la teoria pedagógica do construtivismo, em

que os princípios instrucionais voltam-se para

o desenvolvimento do conhecimento do aluno

que agora deve resolver problemas comple-

xos e reais, trabalhar em equipe na resolução de problemas, examinar esses

problemas sob diversas facetas, assumir sua autonomia sobre o processo de

aprendizagem e deixar de ser passivo no momento em que receber a instrução

e consciente do seu papel na construção deste conhecimento. Outra mudança

imprescindível foi o uso da internet para realizar a educação a distância.

Recentemente, o DI tem se voltado para a criação de

ambientes de aprendizagem apoiados por tecnologias

de informação e comunicação online, reunindo uma vari-

edade imensa de recursos e repositórios de informações

(livros-texto, enciclopédias, vídeos, revistas), suportes

simbólicos (processadores de texto, aplicativos gráficos, programa de banco

dados), micro mundos e programas de simulação da vida real, kits de constru-

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ção (blocos, softwares de manipulação matemática), e gerenciadores de tare-

fas. Dentre as principais tendências na área do DI estão: a flexibilidade das

formas de comunicação (palmtops, iphones, ipad´s, celulares, blackberry´s, net

books, notebooks, e-books, etc.) que vieram para facilitar a vida do aluno em

qualquer lugar e a qualquer hora – objetivo principal da inclusão educacional

oferecida pela educação a distância.

DI no Brasil

No Brasil, o campo do design instrucional foi redes-

coberto a partir da necessidade de incorporar tecno-

logias da informação e comunicação às ações educa-

cionais. Isso aconteceu porque, no aprendizado ele-

trônico, a qualidade das ações educacionais não as-

segura o único responsável pela tarefa: o educador.

No aprendizado eletrônico, as equipes de trabalho multidisciplinar constituem

uma solução de planejamento e implementação de produtos educacionais de

qualidade, levando em questão a interatividade, o uso de multimídias, etc.

Esses sistemas de informação são projetados para solucionarem demanda pre-

cisa aos trabalhadores que necessitam do conhecimento de determinadas tare-

fas para melhoria de seu desempenho no campo profissional. Sistemas estes,

que são efetivados no formato específico pedido por cada cliente.

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Campos de Atuação do Designer Instrucional

A atuação do Designer Instrucional é fundamen-

tal para assegurar o equilíbrio entre a educação,

comunicação, tecnologia, conteúdos e gestão de

processos. É este profissional que, com todas as

suas competências, será capaz de analisar as ne-

cessidades de treinamento, descrever o perfil

dos alunos, mapear as aprendizagens necessá-

rias, projetar soluções cabíveis em relação às implicações e dados levantados e

acompanhará a implementação e avaliação do projeto final de DI, como vere-

mos a seguir.

O designer instrucional é o responsável por projetar soluções para problemas

educacionais específicos. O trabalho deste profissional é baseado em três per-

guntas fundamentais:

Para onde vamos? (consiste nas etapas de delimitação dos objeti-

vos da instrução e da análise do contexto);

De que forma chegaremos lá? (consiste na delimitação da metodo-

logia: das estratégias e mídias instrucionais utilizadas);

Quando chegarmos lá, como saberemos que chegamos? (consiste

no entendimento dos resultados, ou seja, o processo de avaliação).

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Como vimos, a presença e atuação desse profissional não é tão recente assim e

tampouco suas ações estão restritas apenas às ações do aprendizado eletrôni-

co. Suas competências já foram descritas pelas comunidades acadêmicas e

profissionais e revistas desde 2002, visando à incorporação das questões relaci-

onadas às tecnologias, conforme registrado pelo Ministério do Trabalho e do

Emprego.

O Ministério do Trabalho e do Emprego incluiu na Classificação Brasileira de

Ocupação - CBO - o profissional Designer Educacional. É o fruto de um esforço

intenso feito em abril/2008 cujo resultado surtiu efeitos em janeiro de 2009 com

a regulamentação da profissão de Designer Instrucional no Brasil. Para maiores

informações acesse www.mtecbo.gov.br.

As competências do designer instrucional abrangem três áreas do conhecimen-

to que fundamentam o design instrucional: ciências humanas, ciências da in-

formação e da administração. Essas competências são desenvolvidas por meio

de uma formação interdisciplinar combinada à experiência prática.

No Brasil, por exemplo, existem alguns cursos de especialização (pós-

graduação lato sensu) com carga horária de 360 horas, reconhecidos pelo MEC,

que formam esse profissional. Para os profissionais que já possuem formação

docente ou que trabalham com educação, podem optar também por cursos

livres certificados pelo MEC e secretarias da educação que também exploram

com qualidade dimensões tecnológicas, pedagógica, comunicacional e organi-

zacional.

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Pode-se dizer que os campos de atuação do profissi-

onal são ilimitados, visto que a aprendizagem eletrô-

nica no nosso país desponta apenas recentemente.

Permeando todo o sistema de educação, desde brin-

cadeiras infantis até certificação profissional, o treina-

mento a distância é o top do momento.

Contudo, deve-se tomar o cuidado de restringir a ação do designer instrucional

às iniciativas educacionais e coorporativas. São necessários esforços de pesso-

as, grupos institucionais que se empenham de forma deliberada em orientar e

informar outros indivíduos de forma qualificada.

É possível dividir o grupo de design instrucional em dois grandes campos:

Campos em que a educação é atividade-fim: (educação institucional) a educa-

ção é a principal atividade das pessoas, grupos ou instituições, ou seja, sem a

educação o contexto não existiria. Neste campo estão: instituições do ensino

fundamental, médio, superior, bem como profissionalizante, educação especial,

educação de jovens e adultos e formação de docentes. Inclui-se instituições de

ensino de idiomas, música, esportes, editoras, livros gráficos, fabricantes de

jogos eletrônicos, softwares educacionais, desenvolvedores de e-learning, en-

tre outros.

Campos em que a educação é atividade-meio: (educação corporativa) a educa-

ção apoia a atividade-fim de pessoas, grupos ou instituições. São elas ações

educacionais promovidas por organizações sem fins lucrativos, programas de

educação executiva, desenvolvimento gerencial, treinamento de funcionários,

estagiários, trainees, distribuidores, representantes, pessoal de assistência téc-


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nica, usuários, clientes. Órgãos de administração pública, associações, sindica-

tos, patronatos, partidos políticos, órgãos internacionais etc.

Finalmente, numa análise ampla, o desenhis-

ta instrucional é o elemento que serve de

“ponte” entre o especialista da área em que

se está trabalhando um curso e toda a equipe

de produção deste material (animadores, programadores, pedagogos, técnicos

de informática, entre outros envolvidos).

Sua visão deve ser abrangente e, de certa forma, destituída dos problemas or-

ganizacionais administrativos, já que o objetivo e foco de suas ações devem

permanecer nos aspectos instrucionais e de treinamento.

Outro aspecto relevante é que nem sempre o desempenho insatisfatório de um

projeto se deve à falta de competência do profissional ou de conhecimentos

dos alunos. Diversos fatores influenciam o desempenho humano, tais como

depressão, baixa autoestima etc. Portanto, é necessário que o desenhista ins-

trucional tenha consciência da necessidade de discorrer sobre a psicologia hu-

mana e sugira ações integradas de treinamento e comunicação e mudanças

organizacionais como solução inicial do projeto em questão.

Somente quando a falta de conhecimento e competências profissionais são

elementos reais é que podemos dizer que existe um problema instrucional,

pois estes afetam o desempenho da equipe envolvida.

Vamos finalizar esse tópico com uma passagem do Michael Moore do Ameri-

can Journal of Distance Education em que ele cita: “a educação é uma das

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poucas áreas da vida moderna na qual a divisão do trabalho, ou a especializa-

ção, ainda não é praticada em grande escala”.

O maior desafio com que se defronta a educação, atualmente, tem a ver com o

desenvolvimento de políticas legislativas que auxiliem as instituições educacio-

nais ou corporações a passarem de uma abordagem artesanal de ensino para

essa abordagem sistêmica, na qual os professores passam a ser vistos como

especialistas em gestão de sistemas e não apenas gestores de ações pontuais

junto aos seus alunos em respostas às necessidades de sua instituição.

Abordagens Pedagógicas e Andragógicas do DI

No tópico anterior, vimos os aspectos históricos e os fundamentos em que o

Design Instrucional fomentou suas bases. Agora entraremos em contato com as

principais abordagens Pedagógicas e Andragógicas que atendem diferencia-

das necessidades educacionais.

A maneira mais fácil de selecionar qual o tipo de abordagem que você deve

usar no desenvolvimento de seu projeto é analisando os objetivos de aprendi-

zagem do seu curso.

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Quando os alunos não têm conhecimento sobre o tema ou não possuem habi-

lidades anteriores, estratégias mais formalmente estruturadas são as mais ade-

quadas, pois permitem que o aluno forme conceitos que serão utilizados como

referências em futuras explorações.

Aprendizagens mais complexas (instituições de ensino, universidades ou cursos

corporativos que possuem uma demanda de assunto mais complexo de trei-

namento) necessitam o desenvolvimento de competências especializadas, con-

textos de aprendizagem mais autênticos e que exijam do aluno a tomada de

decisões inteligentes que alterna entre a ação e reflexão.

Independentemente das ações propostas, os alunos EAD devem treinar a si

mesmos para adquirir um hábito de estudos diferenciado, tanto no local de

trabalho, como em casa. Habilidades tais como: capacidade de concentração,

disciplina, foco e interesse no assunto, são algumas das variáveis que ajudam o

DI a compreender o quanto é importante o conhecimento das teorias de

aprendizagem, a fim de se estabelecer uma relação produtiva entre a teoria e a

prática de um curso online.

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Os níveis de planejamento educacionais encontram-se nos materiais didáticos

como apostilas, livros, cd-roms, aulas, tutoriais, entre outros.

Os métodos do desenho instrucional aplicados devem manter o foco nestes

objetivos de aprendizagem mais amplos direcionados às necessidades do cli-

ente, tal como resultado mediante validação do que foi aprendido durante o

percurso didático pelos alunos ou servidores corporativos.

Objetivos de aprendizagem são obtidos da análise de necessidades do cliente

e formatados de maneira tal que o curso ofereça soluções plausíveis para que

esses objetivos sejam alcançados. Veja a hierarquia a que os diferentes níveis

de planejamento educacional devem respeitar:

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Durante nosso curso, manteremos a abordagem instrucional e construtivista em

nível de planejamento de objetivos. Utilizaremos a definição de Gellevij (2001),

na qual ele afirma que a instrução é conseguir através de um método que um

aprendiz dentro de um sistema sob certas condições alcance um objetivo de

aprendizagem pré-definido.

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ANDRAGOGIA

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Aprendizagem de Adulto

O tema "aprendizagem de adulto" ocupou a atenção dos grandes mestres da

antiguidade. A história da educação, desde as primeiras civilizações, Egito, Me-

sopotâmia, China, Grécia, Roma, Idade Média, passou por fases de avanços e

regressões até nossos dias. No dizer de CRUZ:

(...) a educação existiu em mundos diversos e se constituiu de ma-

neiras diferentes: (...) registrar os valores sagrados e tradicionais

das civilizações orientais; formar guerreiros indispensáveis para a

defesa de sua pátria; como necessidade do homem se reconhecer

como indivíduo racional e pensante não submetido mais ao desti-

no e, desde então, a educação passou a ser entendida como fator

primordial de ordem social na construção de toda e qualquer so-

ciedade. (CRUZ, 2004, p. 29)

Pela forma de articular o conhecimento junto aos aprendizes nota-se que os

mestres da antiguidade se relacionavam com seus ouvintes de forma adulta

convidando-os a pensar, se expressar e compartilhar raciocínios. No dizer da

autora a educação em seus avanços e retrocessos em ̳mundos diversos‘ buscou

atender a ̳necessidade do homem se reconhecer como indivíduo racional e

pensante‘. Tomemos como base os profetas hebreus (1513 a.C.), Confúcio (551-

479 a.C.), Sócrates (469-399 a.C.), Platão (428-348 a.C.) e Aristóteles (384-322

a.C.) Jesus Cristo 1o século da Era Cristã, foram instrutores de adultos.

Knowles nos chama a atenção sobre o método dos chineses e dos profetas he-

breus que "inventaram o que chamamos Estudo de caso – em que o aprendiz

ou um dos membros do grupo descreve uma situação, ou formula uma parábo-

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la e, com a pessoa ou com o grupo, explora suas características e possíveis so-

luções". KNOWLES (2009, p. 39). A partir da discussão e reflexão infundiam

profundos ensinamentos que persistem até hoje no século XXI inspirando nos-

sos pensamentos, crenças e ações.

A utilização de perguntas bem formuladas feitas pelos chineses, profetas he-

breus e o mestre Jesus ajudavam tanto o instrutor como o aprendiz em sua in-

teração. Ao ouvir atentamente o conteúdo da resposta do aprendiz o instrutor

tinha uma ideia da verdadeira opinião do aprendiz. O que ele tinha no coração,

o que ainda não havia entendido. Isso dava ao instrutor uma pista de como re-

formular sua abordagem para esclarecer o ponto à base do raciocínio. A per-

gunta instrutiva dirigida ao aprendiz sempre tinham como pano de fundo a ex-

periência e o contexto do aprendiz. A pessoa do aprendiz era considerada com

respeito, como um ser pensante e capaz de tirar conclusões e tomar decisão. O

aprendiz era convidado a utilizar sua imaginação diante dos quadros mentais

criados para sua reflexão. As ilustrações eram compreensíveis porque tinham

como conteúdo objetos e experiências do dia a dia do aprendiz. Assim chega-

va à conclusão pelo raciocínio baseado em conhecimento prévio. A resposta

era descoberta por si mesmo.

Com os gregos inicia-se a discussão sobre o conceito educação enquanto esta-

tuto filosófico, presente na poesia, tragédia ou comédia, especificamente no

século V a.C., com os Sofistas e depois com Sócrates, Platão e Aristóteles.

Tomemos como exemplo o Diálogo Socrático (469-399 a.C.). Um Diálogo So-

crático é uma atividade cooperativa entre pessoas com diferentes backgrounds

e experiências de vida. No dizer de BENITO POPE:

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O que Sócrates dizia fazer era a Maiêutica, algo como um proces-

so de parto. Ele dizia que da mesma maneira que sua mãe (que

era parteira) dava a luz às crianças, ele era parteiro de homens, fa-

zia nascer o ―conhecimento‖ que já estava dentro das pessoas,

ou melhor, despertava um canal, um caminho através da dialética

socrática a fim de, pela refutação, buscar o ―conhecimento‖ ain-

da que fosse o da consciência da ignorância. BENITO POPE (2012,

p. 5).

A descrição do modelo socrático coloca de forma clara a possibilidade de

ação educativa praticável pelo facilitador andragógico: ̳fazer nascer o conhe-

cimento que já está dentro da pessoa’, veja que o papel do educador andra-

gógico ainda pode ser este hoje: ―despertar um canal para a busca do conhe-

cimento‖.

Segundo KNOWLES, (2009, p. 40), "os romanos confrontavam mais os mem-

bros do grupo, eles apresentavam desafios que forçavam os membros do gru-

po a declarar sua posição e então defendê-la. Um dos elementos da educação

romana era a retórica cuja arte ―corresponde à formulação de um pensamento

através da fala e por isso depende em grande parte da capacidade mental do

orador.‖ (...) ―Significa a arte de falar bem, de se comunicar de forma clara e

conseguir transmitir ideias com convicção.”

Avancemos um pouco mais na história e examinemos como Jesus ensinava a

seus discípulos, há mais de 2.000 anos de nossa era. Jesus utilizava o método

de parábolas ou ilustrações e perguntas bem formuladas. Em seus ensinamen-

tos incentivava seus ouvintes a desenvolver a habilidade de raciocinar e encon-

trar suas respostas. Ele não raciocinava por seu ouvinte, mas sim o convidava a
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encontrar respostas e mediante o pensamento, tirar as conclusões. Fazendo

esse manejo de forma habilidosa e construtiva, Jesus muitas vezes perguntava:

"O que achais?", "E vocês, o que dizem?", convidando o ouvinte a se expres-

sar.

Podemos inferir que tanto estudos de caso, diálogos socráticos, retórica grega

e romana, parábolas, perguntas e ilustrações exigiam uma articulação adulta de

pensamento para encontrar respostas e para declarar uma posição. Havia uma

interação própria de indivíduos adultos, entre mestre e aprendiz.

Para os mestres da antiguidade, a aprendizagem acontece dentro do indivíduo,

usando sua liberdade de escolha da informação e pesquisa, investigação e

adaptação do conhecimento a partir de suas descobertas. Reflexão mental, e

não a recepção passiva de conteúdos transmitidos. As técnicas utilizadas envol-

viam os alunos em uma investigação.

Dando um salto na linha do tempo, passemos pelo período medieval: Europa e

Educação. Façamos uma pequena parada no século VII e examinemos os co-

mentários de ARANHA sobre esse período:

Notamos que a educação, nesse contexto histórico, é controlada

pela igreja, sua finalidade principal era educar o indivíduo segun-

do os ensinamentos sagrados. A igreja passa a atuar significativa-

mente não só nos aspectos educacionais, mas

também nos aspectos políticos e jurídicos desta sociedade. (...) As

técnicas do ensinar mantinham-se caracterizadas pela forma aus-

tera e formal. Contrária à antiguidade romana, a educação medie-

val centrava seus princípios na formação do homem cristão, aque-


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le que atingiria a mais alta espiritualidade. Acreditavam que desta

forma abraçariam a vida eterna e salvariam a própria alma. Aos

poucos, o espírito crítico e a autonomia do pensamento deixado

pelos humanistas vão diminuindo cedendo lugar a uma educação

cuja ação pedagógica fundamentava-se em Deus e na leitura dos

clássicos, bem como, dos textos sagrados. (ARANHA, 1996, p. 82,

apud CRUZ, 2010, p. 10)

Veja que no século VII houve um retrocesso do ―espírito crítico e a autonomia

do pensamento deixado pelos humanistas (...)‖. Cedeu lugar a ―uma educação

cuja ação pedagógica fundamentava-se (...) na leitura dos clássicos e escritos

sagrados‖. Restando ao ―alúmino‖ aceitar a interpretação vinda do

―professor‖ isto é aquele que ―professava‖ ―revelava‖ a iluminação vinda de

cima. Nessa época desenvolveu-se um conjunto de pressupostos sobre estra-

tégias de ensino para crianças denominado pedagogia.

A tarefa dos professores era preparar meninos para o sacerdócio. Conforme

afirma Aranha, (1966, p.82) "As técnicas do ensinar mantinham-se caracteriza-

das pela forma austera e formal. Contrária à antiguidade romana...". As aulas

eram dadas por professores que eram detentores do saber e os "alúminos", ou

seja: aqueles que não têm luz, ouviam e assimilavam as informações, em silên-

cio, sem fazer perguntas nem interrupções. Qualquer ação do aluno que fosse

considerada insubordinação era tratada com castigos.

Muito se pode aprender sobre a herança de nossa educação ao estudar este

longo período da história e também sua influência até nossos dias.

Para avançarmos mais um pouco na linha do tempo. Examinemos a seguir as-

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pectos pontuais da educação na renascença, no iluminismo e o advento da in-

dustrialização até nossos tempos e seus reflexos sobre a educação do adulto.

A Renascença, enquanto movimento, surge em consequência da revalorização

da cultura clássica antiga, rumando para um ideal humanista e naturalista. É na

Renascença que surgem os colégios e a busca da educação pela nobreza e

burguesia. No Brasil, há a chegada dos jesuítas e seu ensino voltado à catequi-

zação dos Índios. A educação na colônia assume papel de agente colonizador.

No Iluminismo acontecem as reformas pombalinas e a expulsão dos jesuítas

das colônias de Portugal. Com isso há o fim da influência dos jesuítas na edu-

cação de todas as colônias de Portugal. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil,

não houve um sistema educacional em substituição a educação até então pro-

movida por eles.

Como se organizaram as escolas seculares nos séculos seguintes no Brasil e nos

Estados Unidos? Qual era o modelo educacional no século XIX e XX?

Como vimos, desde o século VII, a organização escolar na Europa estava orien-

tada, primordialmente, para preparar os meninos para o sacerdócio nas escolas

chamadas de escolas catedrais e monásticas, portanto foi desenvolvido um

conjunto de pressupostos sobre aprendizagem de crianças. Esse modelo per-

sistiu até o século XX e serviu de base para o sistema educacional dos Estados

Unidos e do Brasil.

A partir do final da I Guerra Mundial, começaram a surgir vagas ideias sobre as

distintas formas de aprendizagem do adulto. Confira as afirmações de KNO-

WLES.

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Pouco depois do término da Primeira Guerra Mundial, começou a

surgir tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, um conjunto

crescente de ideias sobre as características distintas dos aprendi-

zes adultos. Mas foi só nas últimas décadas que essas ideias evo-

luíram e formaram um modelo integrado de aprendizagem de

adultos. (KNOWLES, 2009, p. 40)

Sabemos que "Pedagogia é a arte e a ciência de ensinar crianças" (KNOWLES,

2009, p. 66). Mas segundo o autor, nas escolas seculares, organizadas nos sécu-

los seguintes, e nas escolas públicas no século XIX, este era o modelo educaci-

onal existente.

(...) o modelo pedagógico era o único modelo educacional exis-

tente. Portanto, toda a estrutura educacional das escolas dos Es-

tados Unidos, inclusive a educação superior, estava congelada

nesse modelo. Os esforços sistemáticos para estabelecer progra-

mas de educação de adultos nos Estados Unidos, iniciados após a

Primeira Guerra Mundial, também empregaram esse modelo, pois

era o único de que os professores dispunham. Como resultado,

até recentemente, os adultos, em sua maioria, têm sido ensinados

como se fossem crianças. O modelo pedagógico atribui ao pro-

fessor total responsabilidade por tomar todas as decisões sobre o

que será aprendido, como isso será aprendido, quando e se foi

aprendido. Essa é a educação dirigida pelo professor, que conce-

de ao aluno apenas o papel submisso de seguir as instruções de-

finidas por ele. (KNOWLES, 2009, p. 66)

No século XX como diz KNOWLES (2009, p. 66-67) "os adultos, em sua maioria,
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têm sido ensinados como se fossem crianças." Palavras que combinam com o

pensamento de Paulo Freire, quando se referia à educação de jovens e adultos

que acontecia "como pura reposição dos conteúdos transmitidos às crianças e

jovens" (PAULO FREIRE apud GADOTTI, 1996, p. 70).

Imaginemos o cenário desse momento histórico: o advento da industrialização;

a Primeira Guerra Mundial em 1914-1918; a Segunda Guerra Mundial de 1939-

1945.

As pessoas oriundas de áreas rurais empobrecidas rumam para as cidades em

busca de trabalho. Sendo em sua maioria analfabetos ou possuindo baixa esco-

laridade, e necessitando de trabalho nas indústrias, que expandiam suas ativi-

dades fabris, sem o contingente suficiente de mão de obra com saberes ade-

quado para atender sua demanda.

As indústrias organizam soluções educativas para preparar esse público para o

trabalho. Formam-se classes com pessoas provindas de dois públicos. Um pú-

blico composto por indivíduos que buscavam se preparar para uma colocação

no mercado de trabalho e outro composto por indivíduos empregados que se

apresentavam nas aulas após um dia de trabalho.

Surge algo indesejável, a evasão ou frequência irregular. Apesar de reconhece-

rem que estudar é importante para o seu momento de vida, esses alunos dei-

xam de comparecer às aulas.

Estudos foram realizados e hipóteses foram levantadas para entender por que

os adultos evadiam das salas de aula. Investigações de LINDEMAN (1926, apud

KNOWLES 2009, p. 40), revelam algumas possíveis causas da evasão de adultos

naquele tempo. Além de constatar ambientes inadequados para adultos, com


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carteiras pequenas para sentarem, salas com fraca iluminação e sem ventilação,

LINDEMAN destaca que o sistema acadêmico era impróprio aos interesses e

necessidades do adulto, como segue:

Nosso sistema acadêmico se desenvolveu na ordem inversa: as

disciplinas e os professores são o ponto de partida; os alunos vêm

em segundo lugar. Na educação convencional, espera-se que o

aluno se ajuste a um currículo estabelecido; na educação de adul-

tos, o currículo é construído em torno das necessidades e dos in-

teresses do aluno. (...) O recurso de maior valor na educação de

adultos é a experiência do aprendiz. Se a educação é vida, então

vida também é educação. (LINDEMAN, 1926 apud KNOWLES,

2009, p. 40)

O autor passa a identificar aspectos que implicam no processo de aprendiza-

gem do adulto, tais como:

O ensino autoritário, exames que boicotam ideias originais, fór-

mulas rígidas – ―nada disso tem lugar na educação de adultos."

(...) A teoria de aprendizagem de adultos apresenta desafios aos

conceitos estáticos de inteligência, às limitações padronizadas da

educação convencional (...) A educação de adultos é uma tentati-

va de descobrir um novo método e criar um novo incentivo para a

aprendizagem; suas implicações são qualitativas , não quantitati-

vas. Os aprendizes adultos são exatamente aqueles cujas ambi-

ções intelectuais são menos propensas a serem estimuladas pelas

exigências rígidas e inflexíveis das instituições autoritárias e con-

vencionais da aprendizagem. (...) Concebo a educação de adultos


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em termos de uma nova técnica para aprendizagem, uma técnica

tão essencial para o estudante universitário quanto para o traba-

lhador braçal analfabeto. Ela representa um processo por meio do

qual o adulto se torna consciente de sua experiência e a avalia.

Para fazer isto ele não pode começar a estudar "disciplinas" na

esperança de que em algum dia vão usar essas informações.

(LINDEMAN, 1926 apud KNOWLES, 2009, p. 40-43).

O autor identifica situações no sistema acadêmico que interferem no processo

de aprendizagem do adulto, que por sua vez indica necessidade de mudança

de atitude do professor. A mudança de atitude do professor, ou seja, trabalhar

com adultos no papel de facilitador de aprendizagem exige que o professor

seja uma pessoa sensível às diferenças; que saiba existir em grupo e entender a

sua dinâmica; que saiba respeitar um ser humano em sua individualidade, inte-

resses e no seu contexto; que saiba ouvir e entender o que está sendo dito ou

não dito pelo verbal e não verbal do aluno; que saiba instigar e incentivar me-

diante perguntas hábeis, para fazer acender a luz que existe em cada ser hu-

mano pronto para ser acesa, despertada.

Os estudos de Lindeman revelaram que havia necessidade de se

rever a forma de se enxergar o aluno adulto. Nesse processo, o

professor encontra uma nova função. Ele não é mais o oráculo

que fala a partir do palco de autoridade, e sim o guia, aquele que

aponta o caminho e também participa da aprendizagem de acor-

do com a vitalidade e a relevância de seus fatos e experiências.

(KNOWLES, 2009, p. 43).

Segundo KNOWLES (2009, p. 41), "no início da Segunda Guerra Mundial, os


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educadores de adultos já tinham evidências científicas de que os adultos podi-

am aprender e que eles tinham interesses e habilidades diferentes dos das cri-

anças". E KNOWLES, acrescenta que os adultos podem aprender e que apren-

dem de maneira diferente:

(...) uma corrente de investigação se preocupava com a maneira

como os adultos aprendem. Essa corrente de investigação foi lan-

çada com a publicação de The Meaning of Adult Education, de

Eduard C. Lindeman, em 1926. Lindeman (1926) estava profunda-

mente influenciado pela filosofia educacional de John Dewey, e

estabeleceu os alicerces para a teoria sistemática sobre a aprendi-

zagem de adultos. (KNOWLES, 2009, p. 41)

Havendo a consciência de que o adulto aprende de maneira diferente, pode-se

deduzir que havia a demanda de um novo professor, o qual não ocupasse o

centro do palco e do saber. Seria necessário treinar esse novo professor com

novos saberes para trabalhar com adultos. Ajudá-los a transformar sua forma de

existir e passar de "professor" para "facilitador" de adultos. Aprender a ampli-

ar/modificar o olhar para o aprendiz adulto e a forma de abordagem.

De "Professor" a "Facilitador": Ampliando o olhar para o Aprendiz Adulto

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O que significa ser um "facilitador" de aprendizagem, e não um "professor"?

Talvez nos ajude a entender a diferença lendo a descrição de Malcolm Kno-

wles, quando se considerava um bom professor em 1981:

Fui criado para ver o professor como a pessoa responsável pelo

que, como, quando, onde e se os alunos aprendem. Eles devem

transmitir determinado conteúdo, controlar a maneira como os

alunos o recebem e fazem uso dele e então testar, para ver se o

receberam. Todos os meus professores faziam assim. O único

modelo de ensino que eu conhecia era esse (...) estava orgulhoso

e satisfeito com minha performance. Transmitia muito bem o co-

nhecimento. Meu conteúdo era bem organizado e o programa ti-

nha uma boa lógica. Eu ilustrava conceitos ou princípios abstratos

com exemplos interessantes. Falava de maneira clara e dinâmica.

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Arrancava risos com frequência. Incentivava interrupções para

perguntas esclarecedoras. Havia discussões intensas e prática de

exercícios após minhas aulas. Minhas provas eram justas e produ-

ziam uma boa curva de distribuição de notas. Lembro-me de me

sentir satisfeito quando meus alunos faziam o que eu pedia o que

acontecia quase sempre. A maioria estava preparando-se para

carreiras como secretários da Associação Cristã de Moços e eles

eram diligentes e comportados. Fazia anotações, lições de casa e

davam bom retorno no exame final (a maioria colocava o que eu

dissera) e os melhores alunos lembravam-se exatamente de mi-

nhas palavras. Sentia-me recompensado por ser um transmissor

de conteúdo tão bom e por controlar meus alunos tão bem. Eu

era um excelente professor. (KNOWLES, 2009, p. 275-276)

Uma descrição bem familiar de muitos de nós no papel de "professor" em al-

gum momento de nossa vida profissional. Ensinamos como fomos ensinados.

O que mais se pode desejar do professor descrito acima? Ele tinha as compe-

tências clássicas, tais como seguir o programa, preparar e dar aulas e exercí-

cios, exigir silêncio, dar notas.... Tudo isso faz parte do contexto; continua a ser

necessário dar aulas e exercícios, obter disciplina, avaliar adequadamente. To-

davia, na medida em que a profissão de professor se torna uma "profissão in-

tegral, simultaneamente autônoma e responsável, mais essas práticas tradicio-

nais mudam de sentido e de lugar. Elas não são mais o alfa e o ômega do ensi-

no, mas componentes." (PERRENOUD, 2000, p. 175)

Knowles, em sua experiência pessoal continua nos informando o que significa

sair do papel de "professor". Depois de uma aula com Arthur Shedlin, associa-

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do a Carl Rogers, ele relata:

Quando analisei o que havia me acontecido, consegui identificar

mudanças fundamentais. Meu autoconceito mudou de professor

para facilitador de aprendizagem. Vi meu papel mudar de trans-

missor de conteúdo para gerenciador de processos e - apenas se-

cundariamente - para uma fonte de informação. Também me vi

adotando um sistema diferente de gratificação psíquica. Substitui

minha satisfação em controlar alunos pela de libertá-los. E desco-

bri que a última é muito mais gratificante. Finalmente, me vi de-

sempenhando funções diferentes que exigiam habilidades dife-

rentes. Em vez de desempenhar a função de planejador e trans-

missor de conteúdo, que exige principalmente a habilidade de

apresentação, eu estava desempenhando a função de gerencia-

dor e criador de processos, envolvendo os alunos no planejamen-

to, colocando-os em contato com as fontes de aprendizagem e

estimulando sua iniciativa. Desde então, nunca mais quis voltar

para o papel de professor. (KNOWLES, 2009, p. 277-278)

Na experiência pessoal de Knowles ele relata que se viu ―desempenhando

funções diferentes que exigiam habilidades diferentes‖. Ele se

viu ̳desempenhando a função de gerenciador e criador de processos, envol-

vendo os alunos no planejamento, colocando-os em contato com as fontes de

aprendizagem e estimulando sua iniciativa‖!!!!!

Há duas perguntas instigantes: quais são as barreiras para se tornar bem-

sucedido como facilitador? E, visto que existem momentos em que é preciso

ser ̳professor‘ e outros em que é preciso ser ̳facilitador‘, o que é necessário pa-
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ra se preparar para cada um desses papéis? A resposta que me arrisco a dar é:

Treine-se exercendo novas funções. Faça abordagens que exige de você habi-

lidade diferentes.

Eduard Lindeman, em ―The Meaning of Adult Education" (LINDEMAN, 1926)

,
apud KNOWLES (2009, p. 44) identificou pelo menos cinco pressupostos-chave

para a facilitação da aprendizagem de adultos. Mais tarde, estes se transforma-

ram em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da mo-

derna teoria de aprendizagem de adulto:

a) Adultos são motivados a aprender na medida em que experimentam

que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto estes são

os pontos mais apropriados para se iniciar a organização das atividades

de aprendizagem do adulto;

b) A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isto

as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendiza-

gem são as situações de vida e não disciplinas;

c) A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender: por isto, o cen-

tro da metodologia da educação do adulto é a análise de suas experiên-

cias;

d) Adultos tem profunda necessidade de serem autodirigidos; por isto, o

papel do professor/facilitador é engajar-se no processo de mútua inves-

tigação com os alunos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e

depois avaliá- los;

e) As diferenças individuais entre pessoas crescem com a idade; por isto, a

educação de adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lu-

gar e ritmo de aprendizagem.

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A partir desses fundamentos, o facilitador precisa entender a andragogia como

um conjunto de princípios de aprendizagem aplicáveis a diversas situações,

objetivos, contextos e a pessoas de qualquer idade. O trabalho com o modelo

andragógico pode ser considerado uma "arte" vinculada a muitas ciências co-

mo biologia, psicologia clínica, sociologia e psicologia social. Segundo KNO-

WLES (2009, p. 121-122):

O modelo andragógico é um modelo processual, em oposição

aos modelos baseados em conteúdo [...] O professor andragógico

(facilitador, consultor, agente de mudança) prepara antecipada-

mente um conjunto de procedimentos para envolver os seguintes

elementos: 1) preparar o aprendiz; 2) estabelecer um clima que le-

va à aprendizagem; 3) criar um mecanismo para o planejamento

mútuo; 4) diagnosticar as necessidades para a aprendizagem; 5)

formular os objetivos do programa (o conteúdo) que atenderão a

essas necessidades; 6) desenhar um padrão para as experiências

de aprendizagem; 7) conduzir essas experiências de aprendiza-

gem com técnicas e materiais adequados; e 8) avaliar os resulta-

dos da aprendizagem e fazer um novo diagnóstico das necessi-

dades de aprendizagem.

O conjunto de procedimentos referido foi estudado detalhadamente no Módu-

lo 2 deste curso. Trata-se de um modelo de processo no sentido de que ―(..) o

modelo de conteúdo se ocupa de transmitir informações e habilidades enquan-

to o modelo de processo se ocupa da provisão de procedimentos e recursos

para ajudar os aprendizes a adquirir informações e habilidade.‖ (KNOWLES,

2009, p. 122).

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Os procedimentos acima descritos fazem da andragogia um processo de ensi-

no- aprendizagem sustentado em concepções de comunicação clara e efetiva,

através de um alto nível de consciência e compromisso compartilhado entre

facilitador e aprendente.

Quando o facilitador promove o ambiente que proporciona a aprendizagem no

sentido de o aprendente adquirir ̳informações e habilidades‘, o aprendente

capacita-se a criar repertório de continuidade para prosseguir com sua apren-

dizagem, pois tanto eles como os ambientes e o conhecimento mudam. Não

são estáticos nem lineares.

O facilitador instiga, incentiva o aluno a desenvolver a capacidade de pensar e

fazer conexões com o que sabe com o que aprende no decorrer da vida. Vale

considerar o pensamento de ROGERS, (1985, p. 126) explicando sua visão refe-

rente ao ―ensino‖ e o contexto sócio-histórico: "O ensino e a partilha de co-

nhecimento fazem sentido em um ambiente que não se altera. Mas, se é que

existe uma verdade sobre o homem moderno, é que ele vive em um ambiente

que está continuamente se alterando‖.

ROGERS define o papel do "facilitador" como o de alguém que possibilita a

aprendizagem ligada ao contexto, para um aprendiz real em tempo real. Que

inspire o aprendiz, como diz o autor, a ser "o tipo de indivíduo que pode viver

num equilíbrio delicado, mas sempre mutável entre o que é atualmente conhe-

cido e o fluente, móvel e cambiantes problemas e fatos do futuro". E, afirma:

O único homem instruído é aquele que aprendeu como aprender,

o que aprendeu a se adaptar e a mudar, o que se deu conta de

que nenhum conhecimento é garantido, mas que apenas o pro-

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cesso de procurar o conhecimento fornece base para segurança.

A qualidade de ser mutável, um suporte no processo, mais do que

no conhecimento estático, constitui a única coisa que faz qualquer

sentido como objetivo para a educação no mundo moderno.

(ROGERS 1985, p. 126).

O elemento crítico para desempenhar esse papel de "facilitador" é o relacio-

namento pessoal entre facilitador e o aprendiz, o qual, por sua vez, depende

de o facilitador possuir três qualidades atitudinais: (1) ser real e genuíno; (2)

exibir cuidado não possessivo, estima, confiança e respeito; e (3) ter compreen-

são com empatia, ser sensível e um bom ouvinte. O facilitador é aquele que faz

a mediação das relações educativas, e, desta forma, pode transformar a reali-

dade escolar e/ou social.

Nesta perspectiva, FREIRE (1996, p. 25) destaca que ―ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua constru-

ção‖, e nas condições de verdadeira aprendizagem os aprendentes vão se

transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber en-

sinado e aprendido, ao lado do educador, transformado em facilitador igual-

mente sujeito do processo. Isto implica em um "fazer andragógico" tendo co-

mo foco o aprendiz.

Vamos nos dedicar a entender o Fazer Andragógico? Veja a leitura a seguir:

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Notas sobre Heutagogia

Nos anos 2000 surge um novo

modelo de aprendizagem pro-

posto por Stewart Hase e Chris

Kenyon denominado Heutagogia,

termo derivado do grego onde

heutos significa auto, próprio e

agogus significa guiar.

Nesta forma de aprendizagem, o aprendiz é quem determina como, quando e

o que deve ser aprendido com o uso da tecnologia, caracterizando este pro-

cesso como autodirigido e autodeterminado.

É de Fredric Litto, presidente da Associação Brasileira de Ensino à Distância

(ABED) a seguinte afirmação:

“Já passamos pela Pedagogia, método que o professor determina o

que e como aprender. Estamos tentando utilizar a Andragogia, teoria na

qual éo professor quem determina o que, mas é o aluno quem determi-

na como. Mas hoje, já temos de ingressar na Heutagogia, método pelo

qual é o aprendiz quem fixa o que e como aprender”.

A Heutagogia está diretamente relacionada com a tecnologia da informação e

comunicação (TIC) e às inovações proporcionadas pelo e-learning ou ensino à

distância.

As fontes tecnológicas para adquirir o conhecimento são:

• satélite – transmissão de teleaulas com sinal digital;

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• videoaulas – aulas pré-formatadas para reprodução;

• impressos – livros didáticos e atividades de aprendizagem;

• internet – uso progressivo de ambientes virtuais de aprendizagem;

• videoconferência – aulas, atividades interativas, etc.;

• telefonia – monitoria, tutoria, call center, etc.

E o Prof. Litto complementa: “acredito que frente à disponibilidade do conhe-

cimento existente no mundo digital, constitui-se um retrocesso o fato de um

professor ditar as regras para ensinar um determinado assunto do jeito que ele

quiser”.

A Heutagogia, como a Andragogia, aceita e reconhece as experiências do dia-

a-dia como fonte de aprendizado, as quais podem ser acessadas de forma in-

formal (estudos independentes) ou através de alguma forma de conexão com

colegas de profissão, tutores ou mentores.

Esta forma de aprendizagem também tem sua importância no que diz respeito

à assimilação de novos conhecimentos para o desenvolvimento de novas habi-

lidades, exigência de um mundo em constante mutação.

O uso da TIC torna este processo mais rápido para se adquirir o conhecimento

e, ao mesmo tempo, mais flexível, porque será o aprendiz que vai determinar

qual a parcela de tempo que ele usará para isso.

Dentro do ambiente corporativo, através da Heutagogia, poderão ser desen-

volvidos programas de capacitação, treinamentos e tudo que possa contribuir

para o desenvolvimento de seus colaboradores, dentro dos objetivos e da cul-

tura da organização.

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Embora, teoricamente, não exista a figura do facilitador (professor), a presença

de um tutor ou de um mediador pode ser necessária para orientar as escolhas

do aprendiz e para disponibilizar os meios para que o processo seja eficaz. Sua

atuação é muito mais de apoio para que o aprendiz alcance seus objetivos.

Com todas estas características, a Heutagogia acaba tornando as pessoas mais

proativas e, consequentemente, mais preparadas para atuar em cenários domi-

nados pelo binômio saber-fazer.

Sem dúvida, a Heutagogia é o modelo de aprendizagem mais atual e vem con-

tribuir, de forma significativa, para uma nova e moderna forma de aprendiza-

gem, onde dominam a TIC e os ambientes virtuais.

Pela Heutagogia tornam-nos au-

tônomos para buscar o conheci-

mento existente no mundo digital

e construir nosso próprio cami-

nho. E, se melhorarmos como

pessoas, certamente iremos con-

tribuir para a melhoria do ambi-

ente onde vivemos.

Por que a demanda para a edu-

cação de adultos aumenta no século XXI?

Examinemos pelo menos quatro situações que justificam a necessidade de

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mais profissionais habilitados para trabalhar com processos de aprendizagem

do adulto. Os desafios e oportunidades do mundo atual têm modificado a mo-

vimentação de pessoas adultas ampliando seus horizontes educacionais e de

vida.

Nesse processo encontramos uma situação inusitada justamente na primeira

situação que examinaremos:

a) A Educação de Jovens e Adultos (EJA) inicialmente referia-se à modalidade

de educação básica que garantia a jovens e adultos (a partir de 18 anos) o direi-

to à formação, assegurando-lhes a permanência no sistema de ensino e a con-

tinuidade dos estudos ao longo da vida. O EJA teve forte influência das ideias

de Paulo Freire, consolidando-se como educação popular e de alfabetização

no Brasil. O sistema se aprimorou, e hoje, vagas são ofertadas em qualquer

época do ano letivo pelas Secretarias Municipais de Educação.

No site da EJA, FERNANDA et all) traz informações sobre o que acontece no

século XXI no EJA, que merecem nossa atenção: "a presença de adolescentes

na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ensino Fundamental é preocupante,

quase 20% dos matriculados têm de 15 a 17 anos.‖(NOVA ESCOLA, 2011, p.1).

Que fenômeno é esse? Essa modalidade de educação básica de ensino não é

destinada àqueles que não tiveram acesso à escolarização universal obrigatória

ou à continuidade de estudos em idade própria? A pesquisadora constata que

de acordo com os Censos Escolares, em 2010 havia 565 mil estudantes nesta

condição. Diante deste contexto a pesquisadora lança um questionamento:

"Por que esses adolescentes não estão frequentando a educação básica regu-

lar?‖.

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A resposta a essa intrigante pergunta suscita interesse, se relacionada direta-

mente com a qualidade da educação, ou seja, ―para respondê-la há que en-

volver o Ministério da Educação (MEC), Secretarias Municipais e Estaduais, ges-

tores e, claro, os professores que lecionam na modalidade‖. (CORREIO SINDI-

CAL DO MERCOSUL, 2004, p.1)

Confira por exemplo este depoimento:

Uma das coisas mais preocupantes no processo de educação de

jovens e adultos é a metodologia usada em sala de aula, no EJA

os educadores utilizam muito da experiência de cada um para tra-

çar planos educacionais eficazes que geram e despertam interes-

se nos alunos, em contrapartida, na escola regular o aluno se de-

para com teorias e práticas de ensino que não criam estímulo e

nem despertam interesse. O educador precisa descobrir a melhor

forma de educar os jovens e os adultos, pois isso, que estes indi-

cadores estatísticos estão elevados demais. Esta matéria deve

despertar em nós o senso de mudança e construir uma nova visão

em como podemos melhorar a educação no ensino regular.

(CORREIO SINDICAL DO MERCOSUL, 2004, p.1)

O depoente acima explica a necessidade de habilitação de professores para

trabalharem com adultos no ensino regular ―(...) educador precisa descobrir a

melhor forma de educar os jovens e os adultos, por isso, que estes indicadores

estatísticos estão elevados demais". Parece uma explicação plausível que talvez

seja uma das causas da fuga dos alunos, do sistema de ensino regular para o

EJA. A metodologia usada pelos professores do EJA é eficaz para esses adul-

tos.
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b) A rede de ensino fundamental ou médio - utilizando como fonte, um levan-

tamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

(Inep), do Ministério da Educação, realizado há 14 anos, revela-se uma realida-

de que deve ter grande probabilidade de persistir até hoje. Vejamos:

Adultos que não concluíram o ensino fundamental ou médio estão voltando

para a escola. Levantamento mostra que

(...) aumentou em 42% a matrícula de alunos com 25 anos de ida-

de ou mais no período de 1999 a 2003. [...] Em 1999 havia no país

2,6 milhões de alunos de ensino fundamental e médio com 25

anos ou mais de idade. Em 2003, esse número saltou para 3,7 mi-

lhões" (CORREIO SINDICAL DO MERCOSUL, 2004, p.1)

As circunstâncias relacionadas à escolaridade insuficiente levam a um aumento

de adultos de volta à escola na busca de qualificação profissional, de empre-

gos, ou para atender desejos e necessidades da vida. Ainda acrescenta o anti-

go documento: "O ensino médio tinha 705 mil alunos com mais de 25 anos.

Dos 34 milhões de alunos na rede pública e privada de ensino fundamental, em

2003, 664 mil (1,9%) tinham 25 anos ou mais, sendo 414 mil na faixa acima de 29

anos".(CORREIO SINDICAL DO MERCOSUL, 2004, p.1)

Ainda acrescenta o levantamento:

Alunos matriculados na idade apropriada — aos 7 anos, na 1a sé-

rie — devem concluir a 8a série aos 14 anos, caso não sejam re-

provados nem abandonem os estudos. No ensino médio, que de-

ve ser concluído aos 17 anos, no ano passado havia 705 mil alunos

matriculados acima de 25 anos. De acordo com o Censo Escolar,


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eram 359 mil alunos com 29 anos ou mais. (CORREIO SINDICAL

DO MERCOSUL, 2004, p.1)

Temos nesses números a revelação de uma necessidade premente de profissi-

onais de educação habilitados para trabalhar com o ensino de adultos na rede

de ensino fundamental.

c) Instituições de Ensino Superior (IES) - os alunos entram calouros e saem ba-

charéis, licenciados, tecnólogos, etc. Nessa fase de transição de vida, esses

alunos não são mais crianças e tão pouco adultos plenamente. Tratar com gru-

pos de estudantes nesta fase de amadurecimento exige do professor muito

mais o papel de facilitador do conhecimento. Os diálogos devem manter um

tom colaborativo, como: ―Vamos decidir isto junto‖ ou "Vamos descobrir a

importância de vocês saberem isto‖.

Currículo inflexível tende a diminuir a eficácia do processo de aprendizagem,

porque o aluno ao entrar no curso superior, traz consigo diferentes graus de

dependência. Muitos dos ensinamentos de Knowles influenciado pelas ideias

de Carl Rogers, e de autores como Kolb, e Bob Bike, podem capacitar o facili-

tador de aprendizagem a fazer trabalhos de grupo com objetivos claros e rele-

vantes para cada indivíduo, considerando o contexto de seus alunos. O facilita-

dor precisa ter recursos pessoais e técnicos que o torne capaz de aumentar a

eficiência da experiência educacional em sala de aula.

d) Programas de Treinamento e Desenvolvimento no ambiente corporativo -

questões importantes devem ser levadas em consideração ao se preparar um

programa de treinamento no ambiente corporativo, considerado investimento.

Os profissionais que trabalham com educação corporativa a cada dia são desa-

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fiados a buscar alternativas, aliando teoria e prática educativa sem perder o

foco nas tendências tecnológicas e, sobretudo, no que realmente motiva as

pessoas a se desenvolverem. A experiência desta autora demonstra que pro-

gramas educacionais desalinhados aos princípios e processos de como os adul-

tos aprendem têm dificuldades de cumprir seus objetivos. Esses programas

tendem a não disponibilizar recursos e ambiente que promovam uma aprendi-

zagem significativa, capaz de atender à crescente demanda de novas compe-

tências e aprimoramento profissional no ambiente corporativo, e que agre-

guem valor ao negócio da empresa.

Que habilidades o profissional da educação precisa desenvolver para entender

e atender a especificidade do modo de aprender do adulto, também no ambi-

ente corporativo? Além deste questionamento, outros são levantados por

KNOWLES:

Como o aprendizado no ambiente corporativo vem sendo estu-

dado e aplicado na atualidade? Qual o papel do profissional res-

ponsável pela área de desenvolvimento de pessoas na definição

de metodologias de aprendizado mais eficientes para a organiza-

ção? Quais teorias de aprendizagem estão sendo adotadas por

consultores, programas padronizados e outros recursos externos

disponíveis? Que diferença a orientação teórica deles poderia fa-

zer em ações educativas dentro da organização? (KNOWLES,

2009, p. 1-2)

Acompanhando o pensamento do autor. Obter informações sobre a orientação

teórica e teorias de aprendizagem adotadas por profissionais envolvidos nas

ações educativas, dentro da organização, tende a ter maior probabilidade de


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produzir resultados positivos na qualidade da aprendizagem, considerando seu

público adulto.

Acredito que pelo menos as quatro situações acima descritas justificam um

movimento que força o reconhecimento da importância de seguirmos a inves-

tigar o processo de ensino e aprendizagem do adulto e a incrementar a capaci-

tação de profissionais para trabalharem com a aprendizagem de adultos.

Considerando que os dados analisados nesse texto não são tão recentes, a

pergunta é: quais seriam os índices atualizados destes levantamentos em 2014?

Temos fortes razões para ampliar nosso olhar para o aprendiz adulto. Isto im-

plica em desenvolver atitudes e habilidades, já disponíveis para entender e

atender a especificidade do modo de aprender do adulto.

Barreiras à Aprendizagem

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A partir dos estudos sobre Grupos-T e Laboratório de Sensibilidade realizados

L.P. Bradford; J.R. Gibb e K.D. Benne (19674, p.38-40) foram isolados alguns

fatores que constituem barreiras à aprendizagem de adultos. Considero inte-

ressante o facilitador conhecer e forneço algumas dicas de como tenho lidado

com estes aspectos quando os percebo presentes em alguns aprendentes.

Trago a atenção nove conforme descritos abaixo com algumas dicas de mane-

jo.

a) Procura de respostas fáceis e imediatas. Os padrões educacionais habituais

em que os professores se incumbem de dar respostas prontas aos problemas

predispõem as pessoas a esperar pela solução sem esforço nem sofrimento.

Como lidar com os choques e as resistências pessoais?

Dica para o facilitador: prepare-se psicologicamente para lidar com o choque e

a resistência inicial dos aprendentes. Ao elaborar o conteúdo das aprendiza-

gens procure ativamente, soluções para os problemas revelados pelos apen-

dentes ao praticar a escuta ativa. Trabalhe com os participantes a sua autono-

mia para que aos poucos aprendam a buscar respostas para suas próprias per-

guntas utilizando o método andragógico.

b) Conflitos entre o familiar e o desconhecido: O conflito entre apegar-se aos

padrões habituais de conduta e lançar-se a formas desconhecidas, que até po-

dem ser mais satisfatórias, são especialmente intensos quando a mudança en-

volve ameaças ao autoconceito ou a percepções dos outros sobre a pessoa. Se

você compreender as razões de suas próprias resistências se envolverá mais

nas situações de mudança que a aprendizagem produz.

Dica para o facilitador: É preciso fornecer meios de apoio aos aprendentes para

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compreenderem as razões de suas resistências a se envolverem nas situações.

c) Resistência à quebra de rigidez perceptiva do indivíduo: Os comportamentos

de cada papel social, no lar ou no trabalho, podem ser percebidos como intei-

ramente determinados pela situação e não pela personalidade individual. Des-

ta maneira, o desempenho é visto como inviolável não passível de reexame e

mudança. As pessoas aprendem a satisfazer as expectativas dos outros na situ-

ação de aprendizagem, mas sem nenhum compromisso de que assim continua-

rão a agir.

Dica para o facilitador: Ajude os aprendentes a alcançar um envolvimento mais

profundo na dinâmica do grupo, desenvolvendo situações que induzirão o indi-

víduo a examinar suas concepções e atuações rígidas e esforçar-se a integrar

comportamentos, valores, necessidades, conhecimentos e sentimentos.

d) Relutância em expor pensamentos e comportamentos aos outros. Sem expor

seus sentimentos e pensamentos, o indivíduo não poderá reconhecer mudan-

ças necessárias em seu comportamento, pois as reações dos outros, que pode-

riam ser úteis ao seu conhecimento, não aparecerão. Numa atmosfera competi-

tiva ou hostil, tal exposição pode trazer a ideia de rejeição, perda de reputação

ou ridículo.

Dica para o facilitador: Forneça condições permissivas, encorajadoras para co-

laboração e confiança entre os participantes, de modo a reduzir as ameaças

inerentes à autoexposição. O contrato de sigilo é uma ferramenta adequada

para instilar a confiança.

e) Reações defensivas resultantes de insegurança individual: Para que ocorra

aprendizagem e mudança é necessário admitir que aprendizagem e mudança


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possam ser ou são desejáveis. Se o indivíduo defende seus padrões atuais con-

tra quaisquer mudanças, torna-se difícil ou impossível a aprendizagem de no-

vos padrões de conduta.

Dica para o facilitador: Proporcione uma atmosfera que reduza as reações de-

fensivas individuais para que possam ocorrer aprendizagens.

f) Falta de habilidade na avaliação do comportamento: Se o indivíduo não tem

experiência anterior em testar seu próprio comportamento, provocando e ava-

liando as reações dos outros, ele encontrará dificuldades na participação de

situações de aprendizagens que exijam a experimentação e a avaliação dos

próprios atos.

Dica para o facilitador: Proponha discussões de assuntos dentro do contexto

dos aprendentes, promova experiências simples para tentativas de novos com-

portamentos e sua avaliação com auxílio dos outros abordando temas conheci-

dos do participante.

g) Falta de estruturas conceituais para planejar a direção da mudança: As con-

cepções sobre a conduta humana tais como ―É a natureza humana‖ ou ―A

natureza humana nunca muda‖, servem, frequentemente, para fornecer resis-

tências à aprendizagem e para evitar aproximações sistemáticas à mudança

que ela produz.

Dica para o facilitador: Inclua oportunidades para interiorizar referências con-

ceituais utilizáveis na determinação da direção da mudança. Mostre que alguns

destes pensamentos limitantes têm antídotos.

h) Hesitação em aceitar ou oferecer reações que ajudem: Em todo nosso pro-

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grama grande parte do apoio vem dos próprios participantes. Se este não tem

experiências anteriores que reconheçam tal apoio como parte do processo de

aprendizagem ou se não se estabelece se exercidas indiscriminadamente, uma

atmosfera de confiança mútua, as influências dos membros do grupo não serão

oferecidas ou até poderão ser prejudiciais.

Dica para o facilitador: Encoraje o intercâmbio de apoio entre os membros. Os

coordenadores de laboratório, todavia, desencorajam feedbacks pessoais logo

no início do treinamento porque podem levar a aumentar a desconfiança ao

invés da confiança.

i) Falta de conexão entre o programa e utilização posterior: O contraste entre

as experiências no treinamento/curso e a vida em outros grupos pode ser visto

pelos aprendentes como uma barreira que dificulta a aplicação das aprendiza-

gens feitas no curso à situação real de vida, no lar e no trabalho.

Dica para o facilitador: Construa o programa a partir de um diagnóstico com-

partilhado com os participantes. Os exercícios, atividades e questionamentos

devem ser sempre formulados tendo por base o contexto dos participantes

adulto. Eles precisam primeiro ser levados a ver a conexão que tal ensinamento

tem a ver com a utilização posterior.

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TEORIA DA COGNIÇÃO E
DO APRENDIZADO

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O desenvolvimento cognitivo

Aprendizagem é toda mudança de comportamento em resposta a experiências

anteriores porque envolve o sujeito como um todo, considerando todos os

seus aspectos, sendo eles psicológicos, biológicos e sociais. Se algum desses

aspectos estiver em desequilíbrio haverá a dificuldade de aprendizagem.

Segundo Piaget (1973), a aprendizagem só se dá com a desordem e ordem da-

quilo que já existe dentro de cada sujeito. É necessário obter contato com o

difícil, com o incomodo para desestruturar o já existente e em seguida estrutu-

rá-lo novamente, com a pesquisa e também motivações tanto intrínseca como

extrínseca para obter a aprendizagem, ressaltando que a motivação intrínseca é

mais importante porque o sujeito tem que estar interessado em aprender, sen-

do que a junção dos dois (intrínseca e extrínseca) formam importantes aliados

para a melhor aprendizagem do sujeito.

O processo do conhecimento se dá na interação entre sujeito e objeto, esta

interação Piaget (1973) chama de assimilação e acomodação.

Assimilação para Piaget (1973) é “(...) uma integração a estruturas prévias, que

podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta

própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é,

sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação”.

Simplificando, o processo de assimilação é a articulação das ideias já existentes

com as que estão sendo aprendidas de forma que adapta o novo conhecimen-

to com as estruturas cognitivas existentes.

Acomodação é toda mudança de comportamento, alteração do sujeito, este só

acontece quando o sujeito se transforma, amplia ou muda os seus esquemas.

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Esquema é a estrutura da ação, ou seja, nós vamos integrando uma determina-

da coisa com outra coisa que já entramos em contato anteriormente, assim va-

mos articulando o já conhecido com o que está sendo apresentado, mudando

ou ampliando o esquema já existente.

Não há assimilação sem acomodação e vice-versa, mas pode acontecer o pre-

domínio de uma ou de outra, para ocorrer este processo é preciso que o sujei-

to tenha situações problemas que desafiem sua inteligência.

Para Piaget (1973) o desenvolvimento cognitivo é dividido em quatro estágios.

1. O estágio Sensório motor vai aproximadamente entre 0 à 24 meses.

Aqui a criança vai percebendo aos pouco o seu meio e age sobre ele, o

bebê age puramente através de reflexos, com o tempo ele percebe que

certos movimentos e atitudes movem o seu externo, por exemplo, o

choro, ela percebe que ao chorar vai vir alguém acudi-la, neste período

há várias assimilações e acomodações que criam esquemas de ação.

Há algumas características neste estágio:

• a primeira é o reflexo, na qual ela não se diferencia do mundo ex-

terior;

• a segunda são as primeiras diferenciações, existe uma coordena-

ção entre mão e boca, uma diferenciação entre pegar e sugar,

surgem os primeiros sentimentos como a alegria, a tristeza, o pra-

zer e desprazer, que estão ligados a ação;

• a terceira é a reprodução de eventos interessantes;

• a quarta é a coordenação de esquemas, ou seja, ela começa a

usar um esquema em outras coisas para ver se obtém o mesmo

resultado, por exemplo, a criança balança um chocalho e vê que

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aquilo faz barulho, ao pegar outro objeto ela vai balançar para ver

se aquilo também fará barulho;

• a quinta é a experimentação, invenção de novos meios, a criança

passa a inventar novos comportamentos, ações a partir da tentati-

va e erro, consegue a inteligência quando consegue solucionar

problemas;

• a sexta é a representação, ela começa a ter um sentimento de es-

colha, o que quer ou não fazer.

2. O estágio Pré – operatório vai aproximadamente entre 2 à 6 anos. Aqui a

criança possui uma capacidade simbólica, uso de símbolos mentais co-

mo a linguagem e imagens, nesta fase há uma explosão da lingüística,

algumas características deste estágio são:

• primeira – a imitação diferida ou imitação de objetos distantes;

• segunda – jogo simbólico é também imitativo, a criança não se preocupa

se o outro irá entendê-la, ela se preocupa com o seu entendimento, é

uma forma de se auto-expressar;

• terceira – desenho, é a sua forma de deixar uma marca, ela desenha o

que quer, sendo ou não real;

• quarta – imagem mental, as imagens são estáticas, são imagens que re-

presenta o interno, algo que já foi passado;

• quinta – linguagem falada, a criança começa a falar uma palavra como se

fosse uma frase, aos pouco ela vai aumentando o seu repertório vocábu-

lo.

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3. O estágio Operatório concreto vai aproximadamente entre 7 à 11anos.

Aqui a criança desenvolve processos de pensamento lógico, não apre-

senta dificuldades na solução de problemas de conservação e apresenta

argumentos corretos para suas respostas, a criança descentra suas per-

cepções e acompanha as transformações, ela também começa a ser

mais social saindo da sua fase egocêntrica ao fazer o uso da linguagem,

a fala é usada com a intenção de se comunicar, ela percebe que as pes-

soas podem pensar e chegar a diferentes conclusões, sendo elas dife-

rentes das suas, ela interage mais com as pessoas, quando aparece um

conflito ela usa o raciocínio para resolver.

As operações lógicas é a ocorrência mais importante neste estágio por-

que as ações cognitivas internalizadas permitem que a criança chegue a

conclusões lógicas, sendo elas controladas pela atividade cognitiva e

não mais pela percepção e construídas a partir das estruturas anteriores

como uma função de assimilação e acomodação.

4. O estágio do Pensamento formal acontece após os 12 anos, a criança ou

adolescente começa ter um pensamento hipotético – dedutivo, ou seja,

começa a levantar hipóteses e deduzir conclusões. O adolescente usa

esquemas aprendidos dos estágios anteriores para fortalecer as hipóte-

ses deste estágio, assim ele vai aprimorando cada vez mais os estágios

anteriores. Deste estágio em diante o que ocorre é o aperfeiçoamento

dos estágios passados.

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Para Pain (1985), o processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da

transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educa-

ção, atribuindo quatro funções interdependentes:

a) Função mantenedora da educação: garante a continuidade da espécie

humana por meio da aprendizagem de normas que regem a ação.

b) Função socializadora da educação: através da linguagem, do habitat

transforma o indivíduo em sujeito social.

c) Função repressora da educação: um instrumento de controle que tem

por objetivo conservar.

d) Função transformadora da educação: transforma o sujeito, de formas

peculiares de expressão revolucionária a partir de mobilizações primari-

amente emotivas advindas das contradições do sistema.

Na tentativa de uma definição da patologia da aprendizagem, ela a define co-

mo um sintoma, no sentido de que o não - aprender não configura um quadro

permanente, mas ingressa em uma constelação peculiar de comportamentos,

assim, o seu diagnóstico está constituído pelo seu significado.

A aprendizagem possui dois tipos de condições: as externas, na qual é comum

a criança com problema de aprendizagem apresentar algum déficit real do

meio devido a confusão dos estímulos, a falta de ritmo ou a velocidade com

que são brindados ou a pobreza ou carência dos mesmos e, em seu tratamen-

to, se vê rapidamente favorecida mediante um material discriminado com cla-

reza, fácil de manipular, diretamente associado à instrução de trabalho e de

acordo com um ritmo apropriado para cada aquisição e as internas que estão

ligadas a três aspectos: o corpo como organismo que favorece ou atrasa os


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processos cognitivos, sendo mediador da ação; a cognição, ou seja, à presença

de estruturas capazes de organizar os estímulos do conhecimento; condições

internas que estão ligadas à dinâmica de comportamento.

A aprendizagem será cada vez mais rápida quando o sujeito sentir a necessida-

de e urgência na compreensão daquilo que está sendo apresentado.

Segundo Fernández (2001), é importante levar em consideração as estruturas

cognitivas e a estrutura desejante do sujeito, porque um depende do outro, é

necessário que o sujeito tenha desejo, pois este impulsiona o sujeito a querer

aprender e este querer faz com que o sujeito tenha uma relação com o objeto

de conhecimento. Para ter essa relação o sujeito precisa ter uma organização

lógica, que depende dos fatores cognitivos. No lado do objeto de conheci-

mento ocorre a significação simbólica que depende dos fatores emocionais.

Todo sujeito tem a sua modalidade de aprendizagem e os seus meios de cons-

truir o próprio conhecimento, e isto depende de cada um para construir o seu

saber.

O sujeito constrói esse saber a partir do momento que ele tem uma relação

com o conhecimento, com quem oferece e com a sua história. Para que o co-

nhecimento seja assimilado, é preciso que o sujeito seja ativo, transforme e in-

corpore o seu saber, esquecendo de conhecimentos prévios que já não servem

mais, é importante também que o ensinante dê significado para este novo co-

nhecimento, despertando o desejo de querer saber do aprendente. O modo

como uma pessoa relaciona-se com o conhecimento se repete e muda ao lon-

go de sua vida nas diferentes áreas.

O conhecimento acontece quando alguns esquemas operaram e utilizam dife-

rentes situações de aprendizagem, é um molde relacional e móvel que se trans-


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forma com o uso, é a organização do conjunto de aspectos (conscientes, in-

conscientes e pré-conscientes) da ordem da significação, da lógica, da simbóli-

ca, da corporeidade e da estética, tal organização ocorre espontaneamente,

isto se chama modalidade de aprendizagem, segundo Fernández, sendo que o

problema de aprendizagem ocorre quando essa modalidade se enrijece, con-

gela.

Cada pessoa tem uma modalidade singular de aprendizagem, que se organiza

a partir dos ensinante (família e escola), considerando a criança como um ser

aprendente e que tem capacidade para pensar; do espaço saudável, ou seja,

onde seja possível fazer perguntas; das experiências vividas com satisfação em

relação ao aprender; do reconhecimento de si mesmo como autor; dos espa-

ços objetivos e subjetivos, onde o jogar seja aceito; de uma possível relação

com sujeitos da mesma idade; do modo de circulação do conhecimento nos

grupos de pertencimento: família, escola, contexto comunitário.

É importante ressaltar que o sujeito é sempre ativo, é autor do seu conheci-

mento, ele constrói sua modalidade de aprendizagem e a sua inteligência que

marcará uma forma particular de relacionar-se, buscar e construir conhecimen-

tos, um posicionamento de sujeito diante de si mesmo como autor de seu pen-

samento.

O aprender significa também “perder” algo velho, mas utilizando-o para cons-

truir o novo, é o reconhecimento da passagem do tempo, do processo constru-

tivo, o qual remete necessariamente, à autoria. Aprender é historiar-se, pois,

sem esse sujeito ativo e autor que significa o mundo, aprendizagem será ape-

nas uma tentativa de cópia.

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Para aprender precisamos entender e analisar a relação entre futuro e passado,

assim entenderemos todo o processo de aprendizagem, ou seja, o sujeito tem

que ser biógrafo de sua história.

Concluímos que a aprendizagem é uma mudança de comportamento, assimila-

ções e informações nas quais o sentido de aprender não é impor barreiras e

limites para a criatividade e disponibilidade de cada ser. O desenvolvimento de

uma boa aprendizagem é a integração de aspectos: afetivo, físico, emocional,

social e intelectual do aprendiz, ocasionando uma motivação interna e constru-

indo o conhecimento a todo o momento.

Teoria Comportamentais e Cognitivas

Gestalt

Refere-se teorias cognitivas resultantes das pesquisas de Wertheimer,

Kofka, Köhler e Kurt Lewin, no início do século XX, na Alemanha. O pon-

to-chave é a percepção que leva ao insight. Explica a realidade através

da constituição de um todo estruturado que não se identifica com a so-

ma das partes. Três elementos primordiais da aprendizagem: aquisição,

retenção e transferência.

- Por se contrapor às teorias comportamentais, elencou discussões e es-

tudos que aprofundaram a compreensão da cognição. O insight, como

momento de percepção real, levando a apreensão do conhecimento, é

algo que verificamos nas ações pedagógicas, quando o aluno, levado

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por pontos chaves da cognição e da apropriação do conjunto de condi-

ções e situações, enfim obtém a compreensão daquilo que está sendo

proposto. Segundo Ana Clara Mourão, o todo é mais do que a soma das

partes. Isto equivale a dizer que A + B não é simplesmente A+B), mas

sim um terceiro elemento C que possui características próprias.

Isso ajuda o trabalho docente quando este cria condições pedagógicas

que propiciam a apreensão do conhecimento.

Jean Piaget (1896-1980)

A partir do modelo com invariáveis funcionais (Adaptação e a Organiza-

ção) e variáveis (Estruturas, os Esquemas e os Conteúdos). A aprendiza-

gem ocorre por um processo contínuo de construção de estruturas atra-

vés da progressão dos períodos cognitivos, são eles: Sensório-Motor,

Pré-Operacional, subdividido em Simbólico e Intuitivo, Operacional

Concreto e Operacional Lógico-Formal . Explica o conhecimento por

meio da interação do sujeito com o meio ambiente, físico e social, cujo

sujeito é o agente segundo suas capacidades. O professor é o agente

desequilibrador. A retenção da aprendizagem é um dos pontos fortes.

- Contribuiu e contribui com a Educação por trazer as idéias e resultados

que alertam para as fases próprias para a construção da cognição, além

de considerar o aluno como agente e ao mesmo tempo parte de algo

maior, como a sociedade e o ambiente. “Segundo este esquema, o ser

humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já

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tem uma estrutura mental que não está vazia, precisa de adaptar esses

dados à estrutura mental já existente”, Wikipédia, enciclopédia digital.

Jerome Bruner (1915...)

Discípulo de Piaget, fundamenta suas idéias, com algumas variações e

contribuições próprias. Importância dada à intuição, com apreensão da

realidade em todas as épocas da vida do sujeito, acriança pode apren-

der qualquer coisa em qualquer momento. Desenvolveu sua própria ex-

plicação para o fenômeno da aprendizagem. Analisou as categorias

cognitivas. Olhar nas conotações culturais, explicando a aprendizagem

por meio da contextualização.

- Acrescenta á teoria piagetiana a intuição e ao fato de que a pessoa

aprende em todas as fases da vida em determinadas condições, mais ou

menos à revelia das fases da cognição de Piaget, mas pautada nas con-

dições culturais. Na realidade verificamos que pessoas de determinados

lugares, levados por condições profundas da cultura, obtém conheci-

mentos que outras pessoas de outras culturas só desenvolveriam noutros

momentos de suas vidas.

Lev Vygotsky (1896-1934)

Teoria psicológica sociocultural, valoriza a mediação simbólica e se pre-

ocupa com as capacidades psíquicas a ser desenvolvidas na inter-relação

do sujeito com as demais pessoas. A principal influência é a visão dialéti-

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ca da História, com explicação extremamente calcada na biologia e na

psicologia. Outro ponto importante é o papel da linguagem. Conceito

de Zona de Desenvolvimento Proximal, a aprendizagem produz desen-

volvimento e não o contrário.

- Contribui com a idéia de interação como fator importante na aprendi-

zagem, através da socialização, da dialética (ação/reação, teoria/prática),

da linguagem, entre outros.

Howard Gardner (1943...)

Teoria das inteligências múltiplas. A aprendizagem é realizada, conforme

características específicas. São sete as principais modalidades de inteli-

gência: lingüística, musical, lógica-matemática, espacial, corporal-

cinestésica, intrapessoal e interpessoal. Cada uma se refere a uma capa-

cidade específica mais aguçada que lhe possibilita determinadas apren-

dizagens. Há maior capacidade para determinadas realizações de algu-

mas aprendizagens por parte de certos indivíduos, e estas devem ser in-

centivadas, ao mesmo tempo em que as outras inteligências também se-

rão desenvolvidas. Não há distinção qualitativa nas várias inteligências. A

aquisição da aprendizagem se dá mediante a forma de inteligência mais

adequada para cada um dos conteúdos que se apresentam num deter-

minado momento. Na fala de Celso Antunes: Howard Gardner crê que

todos temos tendências individuais (áreas de que gostamos e em que

somos competentes) e que estas tendências podem ser englobadas nu-

ma das inteligências listadas acima.

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- Essa teoria pode complementar todos os estudos da cognição por pro-

curar direcionar os rumos da aprendizagem através de características

próprias ou que venha a desenvolver nos indivíduos, tendo como ponto

de partida e facilitador as suas próprias habilidades.

Memória e cérebro

O termo memória tem sua origem no latim e significa a faculdade de reter e/ou

readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimentos adquiridos anterior-

mente reportando-se às lembranças, reminiscências.

A memória é uma faculdade cognitiva extremamente importante porque ela

forma a base para a aprendizagem. Se não houvesse uma forma de armazena-

mento mental de representações do passado, não teríamos uma solução para

tirar proveito da experiência. Assim, a memória envolve um complexo meca-

nismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências, portanto, está

intimamente associada à aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o

nosso comportamento através das experiências que foram armazenadas na

memória; em outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos conheci-

mentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos aprendidos.

Esta faculdade mental forma a base de nosso conhecimento, estando envolvida

com nossa orientação no tempo e no espaço e nossas habilidades intelectuais

e mecânicas.

Assim, aprendizagem e memória são o suporte para todo o nosso conhecimen-

to, habilidades e planejamento, fazendo-nos considerar o passado, nos situar-

mos no presente e prevermos o futuro.


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Tipos e Características da Memória

As diversas coisas que aprendemos e lembramos não são processadas sempre

pelo mesmo mecanismo neural.

Existem diferentes categorias de memórias, entre elas estão:

• A memória ultra-rápida cuja retenção não dura mais que alguns segun-

dos.

• A memória de curto prazo (ou curta duração), que dura minutos ou ho-

ras e serve para proporcionar a continuidade do nosso sentido do pre-

sente

• A memória de longo prazo (ou de longa duração), que estabelece en-

gramas (ou traços duradouros (dura dias, semanas ou mesmo anos).

Você acaba de ouvir o telefone ditado por alguém, mas em poucos segundos é

incapaz de se lembrar de parte ou de todos aqueles números. Por que ?

Esta memória é temporária e limitada em sua capacidade, sendo armazenada

por um tempo muito curto no cérebro, da ordem de milisegundos a poucos

minutos. É a memória de curta duração.

Para que ela se torne permanente, ela requer atenção, repetições e ideias as-

sociativas. Mas, através de um mecanismo ainda não conhecido, você pode se

lembrar subtamente de um fato esquecido, como aquele número de telefone

que havia esquecido.

Neste caso, a informação foi armazenada na memória de longa duração que é

mais permanente e tem uma capacidade muito mais ampla.

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O processo de armazenar novas informações na memória de longa duração é

chamado de consolidação.

A memória para datas (ou fatos históricos e outros eventos) é mais fácil de se

formar, mas ela é facilmente esquecida, enquanto que a memória para apren-

dizagem de habilidades tende a requerer repetição e prática.

Uma elaboração do conceito da memória de curta duração que tem sido feita

nos últimos anos é a memória operacional (veja abaixo), um termo mais genéri-

co para o armazenamento da informação temporária. Muitos especialistas con-

sideram memória de curta duração e memória operacional como a mesma coi-

sa.

Entretanto, uma característica chave que distingue uma da outra é, não somen-

te o seu aspecto operacional, como também as múltiplas regiões no cérebro

onde o armazenamento temporário ocorre.

Isto implica que nós podemos não ser conscientes de todas as informações

armazenadas ao mesmo tempo na memória operacional, nas diferentes partes

do cérebro. Tomemos o exemplo de dirigir um carro. Esta é uma tarefa com-

plexa que requer diversos tipos de informações processados simultaneamente,

tais como a informação sensorial, cognitiva e motora. Parece improvável que

estes vários tipos de informação sejam armazenados em um único sistema de

memória de curta duração.

Nossa habilidade de lembrar eventos não se reflete na operação de um único

sistema de memória, mas em uma combinação de no mínimo duas estratégias

usadas pelo cérebro para adquirir informação. Uma das estratégias é denomi-

nada de memória explicita, ou memória declarativa, requerendo participação

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consciente e envolvendo o hipocampo e o lobo temporal. A outra estratégia é

a memória implícita, a qual não requer participação consciente, utilizando es-

truturas não corticais. Vejamos o significado de cada uma delas.

1. Memória operacional - é crucial tanto no momento da aquisição como

no momento da evocação de toda e qualquer memória, declarativa ou

não. Através dela armazenamos temporariamente informações que se-

rão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas,

ou para a elaboração de comportamentos, podendo ser esquecidas lo-

go a seguir. Em outras palavras, ela mantém a informação viva durante

poucos segundos ou minutos, enquanto ela está sendo percebida ou

processada. Armazenamos em nossa memória operacional, por exem-

plo, o local onde estacionamos o automóvel, uma informação que será

necessária até o momento de chegarmos até o carro. Esta forma de

memória é sustentada pela atividade elétrica de neurônios do córtex

pré-frontal (a área do lobo frontal anterior ao cortex motor). Esses neu-

rônios interagem com outros, através do cortex entorrinal, inclusive do

hipocampo, durante a percepção, aquisição ou evocação.

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2. Memória declarativa (ou explícita) é a memória para fatos e eventos, por

exemplo, lembrança de datas, fatos históricos, números de telefone, etc.

Reúne tudo o que podemos evocar por meio de palavras (daí o termo

declarativa). Subcaracterizada em:

• episódica- quando envolve eventos datados, isto é relacionados ao

tempo. Usamos a memória episódica, por exemplo, quando lembra-

mos do ataque terrorista em 11 de setembro.

• semântica- Abrange a memória do significado das palavras (do latin

"significado").

É a co-participação partilhada do significado de uma palavra que possi-

bilita às pessoas manterem conversas com significado. A memória se-

mântica ocorre quando envolve conceitos atemporais. Usamos este tipo

de memória ao aprender que Einstein criou a teoria da relatividade, ou

que a capital da Itália é Roma.

3. Memória não-declarativa (ou implícita) - Se difere da explícita (declarati-

va) porque não precisa ser verbalizada (declarada). É a memória para

procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir, jo-

gar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc. Pode ser de

quatro subtipos.

• memória adquirida e evocada por meio de "dicas" (Priming) (ou me-

mória de representação perceptual) - que corresponde à imagem de

um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um obje-

to, por exemplo, pode ser retido nesse tipo de memória implícita an-

tes que saibamos o que é, para que serve, etc. Considera-se que a

memória pode ser evocada por meio de "dicas" (fragmentos de uma

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imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos, odores ou

sons).

• memória de procedimentos - refere-se às habilidades e hábitos. Co-

nhecemos os movimentos necessários para dar um nó em uma garva-

ta, nadar, dirigir um carro, sem que seja preciso descrevê-lo verbal-

mente.

• memória associativa

• memória não-associativa - Estas duas últimas estão estretitamente re-

lacionadas a algum tipo de resposta ou comportamento. Emprega-

mos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a sali-

var pelo simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por ter-

mos, em algum momento de nossa vida associado seu aspecto ou

cheiro à alimentação. Por outro lado, usamos a memória não associa-

tiva quando, sem nos darmos conta, aprendemos que um estímulo

repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho, não traz riscos, o

que nos faz relaxar e ignorá-lo.

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Adaptado de 1

O hipocampo e o cortex temporal (veja abaixo) parecem estar envolvidos na

formação da memória declarativa, mas não na memória de procedimentos. En-

quanto que certos núcleos do cerebelo e medula espinhal parecem ser neces-

sários para a formação de memórias de procedimento, mas não intervêm na

memória declarativa. Devido a esta organização anatômica, assume-se que a

memória declarativa é controlada por mecanismos cerebrais superiores, en-

quanto que a memória de procedimentos parece depender de sistemas e regi-

ões inferiores.

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Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem

Conclusões da área sobre como o cérebro aprende trazem à tona questões

tratadas por grandes teóricos da Psicologia, como Piaget, Vygotsky, Wallon e

Ausubel. Saiba como elas podem enriquecer as discussões sobre o ensino

Motivação: Ela é necessária para aprender

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"Da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer e sem sede não

aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender", afirma

Iván Izquierdo. Estudos comprovam que no cérebro existe um sistema dedica-

do à motivação e à recompensa. Quando o sujeito é afetado positivamente por

algo, a região responsável pelos centros de prazer produz uma substância

chamada dopamina. A ativação desses centros gera bem-estar, que mobiliza a

atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em relação ao objeto que

a afetou. A neurologista Suzana Herculano-Houzel, autora do livro Fique de

Bem com Seu Cérebro (208 págs., Ed. Sextante, tel. 21/2538-4100, 19,90 reais),

explica que tarefas muito difíceis desmotivam e deixam o cérebro frustrado,

sem obter prazer do sistema de recompensa. Por isso são abandonadas, o que

também ocorre com as fáceis.

A motivação, para Piaget

"É a procura por respostas quando a pessoa está diante de uma situação que

ainda não consegue resolver. A aprendizagem ocorre na relação entre o que

ela sabe e o que o meio físico e social oferece. Sem desafios, não há por que

buscar soluções. Por outro lado, se a questão for distante do que se sabe, não

são possíveis novas sínteses."

A motivação, para Vygotsky

"A cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota espontaneamente,

como se existissem algumas crianças com vontade - e naturalmente motivadas -

e outras sem. Esse impulso para agir em direção a algo é também culturalmen-
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te modulado. O sujeito aprende a direcioná-lo para aquilo que quer, como es-

tudar."

A motivação, para Ausubel

Essa disposição está diretamente re-

lacionada às emoções suscitadas pe-

lo contexto. Pela perspectiva de Au-

subel, o prazer, mais do que estar na

situação de ensino ou mediação, po-

de fazer parte do próprio ato de

aprender. Trata-se da sensação boa

que a pessoa tem quando se percebe capaz de explicar certo fenômeno ou de

vencer um desafio usando apenas o que já sabe. Com isso, acaba motivada

para continuar aprendendo sobre o tema."

Implicações na Educação

A escola deve ser um espaço que motive e não somente que se ocupe em

transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o professor precisa propor ativida-

des que os alunos tenham condições de realizar e que despertem a curiosidade

deles e os faça avançar. É necessário levá-los a enfrentar desafios, a fazer per-

guntas e procurar respostas.

A ativação de circuitos ou redes neurais se dá em sua maior parte por associa-

ção: uma rede é ativada por outra e assim sucessivamente. Quanto mais fre-

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quentemente isso acontece, mais estáveis e fortes se tornam as conexões si-

nápticas e mais fácil é a recuperação da memória. Isso se dá por repetição da

informação ou, de forma mais eficaz, pela associação do novo dado com co-

nhecimentos já desenvolvidos. "Podemos simplesmente decorar uma nova in-

formação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ativamente

vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado em nosso

arquivo de conhecimentos", afirmam os médicos e doutores em Ciência do

Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG) Ramon M. Cosenza e Leonor B. Guerra no livro Neurociência e Educa-

ção: Como o Cérebro Aprende.

5 Dicas de “Gatilhos Cerebrais” que fazem o E-Aluno Aprender mais Rápido

Você, profissional Designer Instrucional, já imaginou se pudesse desenhar uma

instrução que auxiliasse o seu e-aluno obter um poder de aprender mais rápi-

do? Parece impossível? Não se você conhece um pouco de cognição para im-

pulsionar o desempenho do cérebro. Sua mente subconsciente é mais esperta

do que você possa imaginar. Ela toma a maioria de suas decisões sem a per-

missão de sua mente consciente. É a parte de ação mais rápida do seu cérebro.

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No entanto, a maioria dos cursos de e-Learning envolvem a parte mais lenta de

atuação do cérebro – o neocórtex, sede da lógica e raciocínio. Como você

acessa e ativa o subconsciente em e-Learning? Para descobrir isso, vamos pri-

meiro olhar para a estrutura do cérebro. Sua “cuca” possui três cérebros que

tomam as decisões mais subconscientes, com é o caso do cérebro inferior.

O cérebro superior, onde podemos dizer que localizam-se nossas capacidades

de intuir e sermos espertos, é o neocórtex. Funciona como um supercomputa-

dor. Este é o lugar onde exercemos as nossas tarefas lógicas e de raciocínio. (1

+ 2 = 2; Se a condição de X, então vai resultar em Y…) Um pouco mais abaixo e

longe no crânio é o sistema límbico, que processa emoções. (Ohhhh, que filho-

te de cachorro fofo!) Mas é o cérebro na parte inferior – o tal cérebro reptiliano

– que é responsável pela ação mais rápida e mais ativa dos três cérebros.

O problema é que ele não pensa nem processa informações: é o cérebro do

impulso e da pronta resposta quando ocorre algum problema. Ele apenas rea-

ge. Exemplo: Uma Cobra!!! Aiii!! É nesta parte reacionária do cérebro onde a

maioria das decisões subconscientes acontecem. O problema é: essa parte do

cérebro responsável pelas metas poderosas tais como: encontrar comida, sexo,

ficar seguro, correr, lutar etc… reage ao desencadeamento das informações do

ambiente e é à partir dele que percebe-se como se quer avançar ou dificultar

determinadas metas.

O truque consiste em fornecer esses gatilhos que ajudam o seu subconsciente

saltar em ação e ir para alerta máximo. Neste estado de alerta, o cérebro repti-

liano vai processar a informação mais rapidamente e fazer com que o aluno dê

um maior grau de importância para o conteúdo resultando num método de

aprendizado mais rápido. Desta forma seguem 5 “gatilhos”cerebrais que po-

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dem ajudar os seus alunos a aprenderem mais rápido, ativando o subconscien-

te.

Comece o seu curso e-Learning com um gatilho emocional para ativar o sub-

consciente. Quero dizer: essa informação é a primeira coisa na página do curso

que o aluno vai olhar. Antes de um título, antes da marca da empresa, antes de

qualquer coisa!

Comece com uma página de título ou um podcast ou um micro-video que

aborda algo que chame atenção do aluno. Nós somos criaturas emocionais e

para o subconsciente “comprar” verdadeiramente um objetivo – para realmen-

te querer isso – você tem que criar uma ligação emocional com o resultado do

curso-nos primeiros seis segundos de atenção da tela!

O gatilho emocional mais eficaz em e-Learning é mostrar inserir ao aluno em

uma situação comum que mostre a ele como a frustração, o medo, a dor ou a

perda são causadas.


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Por exemplo, se o seu curso eLearning é ensinar os alunos a usar um novo sof-

tware de controle de despesas, você pode começar com um breve cenário

mostrando o aluno desesperado procurando recibos de despesas de uma via-

gem de negócios, ou tendo aquele incômodo de manter o controle de recebi-

mentos, ou a dor de ter um pedido de reembolso de despesas rejeitado por-

que ele não tem os tais recibos. Estes tipos de cenários desencadeiam ansie-

dade sobre não ser pago, e ele ativa o subconsciente a tomar medidas para

“lutar” para proteger-se (neste caso de perda financeira). O subconsciente em

seguida, define-se a ir em uma caçada para evitar a perda financeira das recei-

tas perdidas.

Nós, seres humanos somos difíceis em querer ter uma conversa de feedback

com outra pessoa. Mas isso significa mais do que apenas colocar uma questão

aos alunos e passar para a próxima tela. Antropólogos linguísticos nos dizem

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que para realmente envolvermos o cérebro em uma conversa você tem que ter

o e-Learning ativo e interativo baseado em conversas.

Como você faz isso com um curso que não leva interação, assíncrono? Uma

maneira efetiva é personalizar as respostas de um avatar na tela para que as

respostas do aluno sejam executadas por meio de interações ramificadas.

Um exemplo da forma de “ter uma conversa” com o seu e-Learning e persona-

lizar o curso é: observe como o tom lúdico e das mudanças de resposta com

base na resposta inicial do aluno e como o avatar realmente parece ter uma

personalidade (como evidenciado pela resposta um pouco sarcástica e bem-

humorada para a segunda resposta do aluno). É exatamente o que acontece

em conversas “tempo real”. Para fazer essa abordagem ainda mais poderosa,

não se esqueça de usar um avatar animado, não um recorte de caráter estático.

Por quê? Porque o subconsciente também é ativado pela observação dos mo-

vimentos e ações humanas. Muitos estudos antropológicos confirmam que nós

respondemos a rostos humanos, emoções e movimentos mais do que quais-

quer outros tipos de imagens e movimentos. Portanto, use-os para manter van-

tagem em seus cursos virtuais.

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Seu cérebro não sabe diferenciar entre ver alguém fazer alguma coisa e real-

mente fazer a coisa. Esse é o poder de neurônios-espelho.

Para entender como os neurônios-espelho funcionam, vamos olhar exatamente

o que acontece quando você está assistindo a um jogo de futebol na TV. Você

olha para a tela e ver os jogadores correndo pelo campo. Fótons – ou unidades

de luz – batem nas retinas dos seus olhos e enviam as imagens dos jogadores

correndo para os centros visuais do cérebro, onde são analisadas as ações dos

jogadores e os padrões de movimento são detectados. Esta informação é en-

tão enviada para os neurônios-espelho do cérebro e essas células remapeiam

os padrões de funcionamento, combatem ou passam para a seqüência apro-

priada de contrações musculares que ajudam a produzir as ações idênticas

mesmo que você esteja firmemente plantado no sofá . Não importa se você

nunca jogou futebol. Naquele momento, seu cérebro inconscientemente pensa

que você está jogando futebol. É por isso que quando um jogador sofre uma

particularmente uma dor; sua psique diz-lhe que o seu corpo tomou a mesma

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batida brutal. Por isso alguns até emitem sons de äAii, iii, uauuu”quando vêem

essas imagens…

Com o nosso exemplo citado acima… do software de viagem, você pode ativar

os neurônios-espelho, mostrando um vídeo de animação de um personagem

deixando seu quarto de hotel e esquecendo de levar o recibo com ele. Então,

quando ele começa a apresentar o seu relatório de despesas, ele percebe que

esqueceu o da recepção do hotel e sua ansiedade aumenta. Mas então ele se

lembra que ele começou a usar o novo programa de software e percebe que

encontrou uma cópia eletrônica do seu recebimento que já tinha sido apresen-

tado em sua conta diretamente do hotel. Ele está aliviado. Ao observar o avatar

fazendo essas ações simuladas as mentes subconscientes de seus alunos vão

realmente sentir o mesmo alívio que sentiriam numa situação real.

Pesquisador Vilayanur Ramachandran, diretor do Centro de Cérebro e Cogni-

ção da Universidade de San Diego, diz que a maioria dos projetos envolventes

aderem a certas “leis da arte” que excitam as áreas visuais do cérebro. Uma
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dessas leis é o “efeito de deslocamento de pico”, que é bem conhecido na

aprendizagem discriminação animal. No pico turno, animais, por vezes, res-

pondem a versão mais exagerada dos estímulos de treinamento.

Ramachandran descobriu que os exageros em caricaturas e quadrinhos, em

particular, iluminam nosso senso estético primal e é um cérebro inteligente que

desvia e leva às pessoas a um maior envolvimento com os conhecidos “lembre-

tes” de conteúdo. Outros têm aplicado este princípio exagero aprendizagem

humana com sucesso, também.

Quando Jim Kwik, CEO da Kwik Aprendizagem ensina as pessoas a melhora-

rem a memória, ele diz-lhes para exagerar nas coisas que eles estão tentando

se lembrar. Isso porque, como Ramachandram, Kwik sabe que o cérebro anseia

por novidade e o exagero mental é um rápido e simples desvio que facilita a

aprendizagem.

Os recursos de games oferecem bem isso! O cérebro reptiliano está progra-

mado para obter resultados neste exato momento. Ele não se preocupa com o
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futuro. É hoje o foco. Para recorrer a este desejo subconsciente, não se esque-

ça de incluir uma chamada de imediato para a ação – algo que seja compreen-

dido como a única coisa que o aluno pode fazer agora para melhorar sua situa-

ção ou sua mudança de comportamento: juntando tudo de uma maneira rápi-

da, fácil. Sei que entender esses conceitos não é fácil. Sugiro pesquisas na área

de neurociência para você (designer instrucional) tentar descobrir como pode

encaixar tudo isso em um curso de curta duração (15 minutos). Porém lembre-

se: é necessário que você tenha em mente esse tipo de informação, uma vez

que, é imprescindível entender da anatomia e comportamento humano frente à

máquina se quiser ser cada dia mais bem-sucedido em suas atividades de DI.

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