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Módulo 1

Índice
• O Bandolim no Mundo 3

• O Bandolim Brasileiro 7

• Noções de Teoria Musical 9

-- Notas Musicais 9

-- Representação Gráfica do Braço do Bandolim 9

• Intervalos e Acidentes Musicais 10

• A Palheta e a Mão Direita 12

• Afinação e Extensão do Bandolim 13

• Como Afinar o Bandolim 15

• Digitação e a Mão Esquerda 18

-- Observe a Mão Esquerda: 18

• Escala Cromática 19

• Exercícios de Aquecimento e Fortalecimento da Mão Esquerda 21

• Exercícios de Mão Direita: Para Palhetada e Arpejos 24

• Posições no Braço do Bandolim 26

• Indicações ao Professor 28

• Discografia Recomendada 30

-- Estudo do Repertório 30

Bandolim 2
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O Bandolim no Mundo
O bandolim moderno é um descendente do Alaúde. Os cordofones semelhantes ao Alaúde
tiveram origem na Mesopotâmia cerca de 2000 a.C. Não tinham trastes e era tocados com um arco
ou com algo semelhante a uma palheta. Por volta do século VII, o Oud era já popular na cultura
árabe. Este instrumento chegou até aos dias de hoje quase intocado e é ainda utilizado na música
popular do Médio Oriente.

No século VIII, o al L’Oud (que significa “a madeira” em Árabe) e o Saz (que significa “música”
em Persa) foram introduzidos em Espanha durante a invasão Moura e terão seguido até Veneza e
resto da Europa através das rotas comerciais.

Com o decorrer dos séculos o al L’Oud tornou-se no Alaúde. Foram adicionados os primeiros
trastes, amarando cordas de tripa à volta do braço e passaram-se a utilizar cordas duplas, surgindo
assim o primeiro Alaúde medieval no século XIII. A partir do século XV começaram-se a adicionar
mais cordas até às 13 cordas no seu auge (6 duplas e 1 simples). Uma das características mais
marcantes do Alaúde é o facto de ter o cravelhame (ou a mão como conhecemos aqui no Brasil)
inclinado quase 90º em relação ao braço.

No século XIII, o Quiterne (ou Gittern, um dos antepassados da guitarra) foi um dos primeiros
descendentes do Alaúde. Era feito a partir de um único bloco de madeira, com uma rosácea a cobrir
o orifício sonoro e, geralmente, com a cabeça de um animal esculpido no cravelhame. Tinha 3 ou 4
cordas duplas de tripa que eram atadas ao cavalete.

Por volta do século XIV, no período da Renascença, surge uma espécie de miniatura do
alaúde chamada Mandora. Pensa-se que a Mandora terá sido criada para preencher um espaço
sonoro nos ensambles de alaúdes, sendo também referida como “um Alaúde para principiantes”.

Muito menor que o Alaúde (cerca de metade do comprimento das cordas), a Mandora tinha
4 ou 6 cordas de tripa (simples ou duplas) e era tocada com os dedos tal como o Alaúde. O nome
Mandora deriva da palavra mandorla (que significa amêndoa em italiano) e descreve o formato
do instrumento suavemente abaulado. Ligeiras variações da Mandora incluíam a Pandura assíria,
a Dambura árabe, a Mandola italiana (1589) e a Mandore francesa (1585). A Mandola italiana
distingue-se da Mandore francesa por ter uma afinação por quartas em vez de quintas.

No século XVII, já no período Barroco, surgiu o Mandolino, o primeiro descendente da


Mandora. Também conhecido como bandolim barroco, é uma versão menor da Mandora com 6

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cordas duplas (afinadas por quartas na forma G, B, E, A, D, G) e era tocado com uma pena, palheta
de madeira ou com os dedos.

Este é o instrumento original para qual Vivaldi escreveu os seus famosos concertos. Para
além de Vivaldi, também Scarlatti, Hasse, Hoffmann, Guiliani e outros escreveram peças para
bandolim durante o período barroco. O Bandolim tocava juntamente com alaúdes, harpas, cravo e
outros instrumentos com arco. Contrariamente ao alaúde, as composições para bandolim tinham
geralmente uma única linha melódica e como esta era a mais aguda era fácil ouvir o som do
bandolim.

O bandolim barroco sobreviveu até aos dias de hoje, com poucas alterações, sob a forma do
Bandolim Milanês e do Bandolim Lombardo, ambos com o 6 cordas simples.

Durante o século XVIII nasceram novas variações do bandolim barroco com mais ou menos
cordas, tais como o Bandolim Genovês e o Bandolim Cremonês que tiveram pouco sucesso.

Em Nápoles, por volta de 1744, surgiu o primeiro Bandolim Napolitano, revelando algumas
influências do Tanbur e do Bouzuk turco. O novo tipo de bandolim era muito mais abaulado, tinha
4 cordas duplas e, como estas eram de metal, estavam presas no fundo do instrumento (de uma
forma semelhante à da chitarra battente) para reduzir a tensão no cavalete. No entanto, devido à
fraca qualidade das cordas metálicas, a corda mais aguda era feita de tripa. As tarraxas eram ainda
feitas de madeira, mas estavam colocadas de uma forma perpendicular à mão do instrumento,
ligeiramente inclinado. A afinação era já por quintas, igual à do violino (G, D, A, E), e este era um
instrumento para ser tocado apenas com uma palheta.

O bandolim “moderno” surgiu só por volta de 1830, no período Romântico, com os


melhoramentos na qualidade de construção das cordas. Esta foi a altura em que a família Vinaccia
iria mudar o aspecto dos bandolins ao aumentar a escala até aos 17 trastes e ao utilizar tarraxas
de metal.

Já aqui no Brasil, quem deu origem ao formato que conhecemos hoje, e na maneira de
tocar foi o músico Jacob Pick Bittencourt (1918 à 1969), o famoso Jacob do Bandolim. Ele não só
adaptou o formato do bandolim, fisicamente falando, como criou uma maneira única de se tocar,
inspirado nos fadistas portugueses e na guitarra portuguesa. Seu estilo, mais “doce” com emprego
de ornamentos e um som encorpado e claro, o fizeram a maior expressão no seu instrumento e até
os dias de hoje é considerado o grande mestre do bandolim brasileiro.
*Texto retirado do site http://ciaesons.blogspot.com.br/

Compilado por Élio Cró – Artigo da Associação de Bandolins da Ilha da Madeira http://www.bandolins-madeira.net/

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Luperce Miranda: Bandolinista brasileiro,


virtuose que utilizava um bandolim alemão
afinado 1 tom acima, ou seja: A, E, B, F#.

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O Bandolim Brasileiro

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O bandolim atual do Brasil (Bandolim de 10 cordas)

Construído pelo luthier Pedro Santos da cidade de Guanambi/BA

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Noções de Teoria Musical

Notas Musicais

Cada som (nota musical) é representado por uma letra do nosso alfabeto, as quais, denominamos
Cifra e sucedem-se da seguinte forma:
Dó - C
Ré - D
Mi - E
Fá - F
Sol - G
Lá - A
Si - B

Representação Gráfica do Braço do Bandolim

1ª casa 12ª casa


1ª corda – E - mais aguda

2ª corda – A

3ª corda – D

4ª corda – G - mais grave

traste zero

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Intervalos e Acidentes Musicais


Intervalo: Significa distância entre duas notas.

Semitom ou ½ tom: É quando tocamos uma nota qualquer e em seguida, outra nota uma casa
na frente ou uma casa atrás da primeira nota. O salto de cada casa no bandolim, é chamado de
semitom ou ½ tom. Quando tocamos a corda solta, o semitom acima é a nota tocada na mesma
corda, na primeira casa.

Tom ou 1 tom: É o mesmo que dois semitons, ou seja, o salto de duas casas. Pode-se escrever e
contar os intervalos através de inteiros ou fracioná-los.

1 casa = 1 semitom ou ½ tom


2 casas = 1 tom ou 2 semitons
3 casas = 1 tom e ½ ou 3 semitons...

Acidentes Musicais: São sinais utilizados tanto na notação da pauta (partitura) quanto nas cifras
dos acordes e servem para determinar alterações no som em que estiverem sendo utilizados. São

#
eles:

Sustenido: Eleva o som em 1 semitom, fazendo com que ele torne-se mais alto
(mais agudo).
Ex:

b Bemol: Baixa o som em 1 semitom, fazendo com que ele torne-se mais grave
(mais baixo).
Ex:

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ou
## Dobrado Sustenido: Eleva o som em 1 tom.
Ex:

bb Dobrado Bemol: Baixa o som em 1 tom.


Ex:


n Bequadro: Anula totalmente o efeito dos acidentes anteriores, sejam eles dobrados
ou não.

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A Palheta e a Mão Direita


O bandolim é tocado com palheta que, hoje é fabricada de diversos materiais, desde plástico
comum até compostos especiais para essa finalidade, desenvolvidos por algumas marcas norte-
americanas. A escolha do material influencia no timbre e a escolha da espessura influencia na
forma como a mão direita vai atuar (no caso dos destros)*¹ e também no volume de som que se
consegue extrair do instrumento.

*¹ Neste trabalho, todos os exemplos serão indicados para os destros, ou seja: mão esquerda
(escalas e digitação), mão direita (palhetada). Para os canhotos é só inverter a função das mãos.

A palheta deve ser segurada da seguinte forma:

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Afinação e Extensão do Bandolim


O bandolim tradicionalmente possui 4 cordas duplas afinadas em uníssono, ou seja, as duas cordas
de cada par soam a mesma nota. A afinação é como a do violino:

Hoje temos, no Brasil, o bandolim com 10 cordas, ou seja, 5 pares. A corda acrescentada soa mais
grave e tem a mesma nota Dó da quarta corda da viola, instrumento da família do violino. (Não
confundir com a viola caipira).

Sua afinação das cordas soltas fica da seguinte forma:


No bandolim, cada par representa uma única nota, ou seja, um par é como se fosse uma corda e
portanto a palhetada deve tocar sempre o par e não apenas uma das cordas do par.

Veremos alguns exercícios para posicionar a mão corretamente na escala do bandolim, porém,
antes veremos a forma correta de segurar o instrumento e a posição da mão direita.

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Apoia-se o corpo do bandolim sobre a perda direita podendo encostá-lo no abdômen ou não,
deixando um pouco em diagonal em relação ao seu corpo. A vantagem desse pequeno ângulo é
que o bandolim quando não encosta no músico, deixa a caixa de ressonância mais livre para vibrar,
projetando mais som.

A mão direita do bandolim brasileiro tem duas descendências: a escola de Luperce Miranda e a de
Jacob do Bandolim.

Luperce Miranda tocava com o antebraço direito solto (sem encostar no tampo) fazendo movimento
de pêndulo. Com uma palhetada vigorosa e trêmulo “duro”, quase matemático, seguindo a escola
italiana do bandolim clássico de Raffaele Calace e Carlo Munier. Os bandolinistas pernambucanos
quase todos seguem esses estilo, a exemplo de Rossini Ferreira, Marco César, Beto do Bandolim
e Rafael Marques assim como os cariocas Rodrigo Lessa e Joel Nascimento.

Já Jacob do Bandolim descreve sua palhetada em seu depoimento ao MIS-RJ em 1968, dizendo
que apoiava o punho levemente sobre o cavalete, fixando o antebraço, mexendo apenas o punho e
concentrando a maioria das palhetadas fazendo movimentos circulares com os dedos que seguram
a palheta (indicador e polegar). Esse estilo de palhetada pode ser observado nos bandolinistas
Ronaldo do Bandolim, Danilo Brito, Hamilton de Holanda e Déo Rian.

*É importante para o aluno, que o professor mostre vídeos desses nomes citados, para que seja ilustrado o que foi dito.
O único vídeo que não temos, infelizmente, é do próprio Jacob!

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Como Afinar o Bandolim


Para afinarmos o bandolim, dispomos de diversos métodos dos quais falarei aqui. Lembrando que
o bandolim possui cordas duplas que devem ser afinadas em uníssono, ou seja, com a mesma nota
exatamente.

O diapasão de sopro:

Instrumento simples, que possui o número de notas


específicas de um instrumento. Assopra-se a nota e então
vai afinando a corda correspondente até que os dois sons se
igualem. É preciso usar o ouvido para afinar o instrumento, o
que ajuda muito à percepção destes sons.

Diapasão de garfo:

Instrumento de metal que transmite a nota musical através


da vibração. Existem garfos que emitem as notas Lá, Dó
e Mi por exemplo, mas o mais comum é o que emite a
nota Lá 440hz que no bandolim seria a 2ª corda solta. O
funcionamento é simples: segura-se o diapasão na base
e então bate o garfo em uma superfície dura para que ele
vibre. Depois encoste na base do ouvido pelo lado de fora
ou no tampo do instrumento e ouvirá a nota correspondente.
Memorize esta nota e afine a corda correspondente do
bandolim. Depois afine as demais cordas de acordo com o
método explicado a seguir.

Afinação de ouvido:

Para afinar totalmente de ouvido, pode-se começar com um diapasão de garfo afinando uma das
notas do bandolim, ou mesmo pegando a gravação de uma música em que se consiga identificar
uma nota qualquer e então afinar pelo menos uma corda do bandolim. Depois pode seguir, em

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qualquer ordem, a afinação da seguinte forma:

Afinada a 5ª cordas Dó (no caso do bandolim de 10 cordas) toca-se a nota Sol na 7ª casa desta
corda e iguala-se o som da 4ª corda com este som.

Sempre na 7ª casa está o som uníssono (mesmo som, na mesma altura) da corda seguinte!

Tocando a quarta corda Sol, na 7ª casa, temos a nota Ré para igualar o som da 3ª corda e assim
por diante...

Na 7ª casa da corda Ré temos a nota Lá da 2ª corda solta,

Na 7ª casa da corda Lá temos a nota Mi da 1ª corda solta.

*Indico afinar sempre do grave pro agudo e sempre afinando a corda de cima do par, depois igualando a de baixo e
então seguindo para o método explicado anteriormente.

Afinadores eletrônicos:

Hoje existem uma infinidade de afinadores digitais, alguns já vem junto com pré-amplificador
embutidos para violões e cavaquinho e também podem ser usados no bandolim, temos afinador
que se usa plugado com um capo P10 direto no captador do bandolim. Temos também afinadores
de contato que ficam presos na mão do bandolim deixando o visor sempre à vista do bandolinista
para que possa afinar em qualquer momento apenas tocando as cordas e vendo na tela se está
afinada! Temos também pedais, pedaleiras e outros equipamentos que ficam no chão e, ou são um
afinador, ou possuem outras funções como equalizador ou compressor e também afinador.

Eu indico sempre buscar um afinador CROMÁTICO pois este poderá ser usado em qualquer outro
instrumento como cavaco, violão, baixo, etc... e é claro, no bandolim. Porém cuidado! Muitos
afinadores muito baratos existentes no mercado, são de má qualidade e não afinam corretamente
o instrumento. Pesquisem, troquem ideias com seu professor e peçam orientação sobre as marcas
e modelos adequados em caso de optar por essa alternativa.

Principal diferença entre as formas de afinar o bandolim e os tipos de afinador:

Os afinadores eletrônicos oferecem maior praticidade e uma vantagem para quem está começando,
pois permitem ter o bandolim sempre bem afinado mesmo sem ainda perceber os sons perfeitamente

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para fazê-lo de ouvido. Porém, deve-se usar moderadamente, procurando sempre desenvolver seu
ouvido para escutar e reconhecer os sons musicais, a começar pelas cordas soltas do bandolim,
passando futuramente a reconhecer as notas de qualquer instrumento. O estudo de percepção
musical é indicado para que você aluno, ouça e reconheça o máximo de sons e intervalos possíveis
facilitado assim o seu fazer musical e sua interação com os outros músicos com quem virá a tocar.

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Digitação e a Mão Esquerda


Os primeiros exercícios que faremos no bandolim tem o objetivo de posicionar sua mão esquerda
na escala do instrumento, mostrando a digitação correta para a afinação em quintas, assim como
dar as primeiras noções de como arpejar e tocar as cordas duplas do bandolim nos primeiros
exercícios de palhetada com as cordas soltas. Para isso, começaremos vendo a escala cromática,
por se tratar da escala que vai posicionar cada dedo em cada casa do bandolim proporcionando
entendimento ao se tocar inclusive em outras posições do instrumento.

Escala cromática: é a escala tocada seguindo o movimento de semitom entre todas as notas, ou
seja, sem pular nenhuma casa durante sua digitação. No bandolim, teremos sempre, sobre a 7ª
casa, a nota uníssono da corda solta imediatamente acima. Isso quer dizer que quando tocarmos a
nota na 6ª casa com o dedo 4, pulamos para corda solta imediatamente a seguir e teremos a nota
localizada a 1 semitom de distância da nota tocada anteriormente a 6 casa da corda mais grave
imediatamente abaixo. Veja no exemplo as cordas soltas são sempre marcadas com o número 0 e
os números 1, 2, 3 e 4 referem-se aos dedos indicador, anelar, médio e mínimo respectivamente.

Observe a Mão Esquerda

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Escala Cromática
Escala cromática ascendente:

Escala cromática descendente:

Note que na escala cromática descendente, a digitação é um pouco diferente da ascendente aonde
os dedos 1 e 2 tocam as 4 primeiras casas do bandolim. No sentido descendente, prefiro tocar duas
notas com o dedo 4 e depois somente com o dedo 1. Por quê? Por que sempre que temos a troca
de corda na descendente, a primeira nota na nova corda é tocada com o dedo 4, então aproveita-
se a força deste movimento pra escorregar pra nota seguinte. Depois fazemos duas notas somente
com o dedo 1 terminando na corda solta, assim temos tempo pra pensar entre o movimento inicial
com dedo 4 e o final com o dedo 1, na mesma corda, fazendo com que o fato de tocar duas notas
com um único dedo, não nos cause transtorno. Na minha opinião quando fazemos este movimento
duplo, na descida, com os dedos 2 e 1 consecutivamente, a chance de “enroscar” a digitação é
muito maior.

Muito importante nesse primeiro exercício de digitação e palhetada, observar um detalhe que deve
se ter atenção para o resto da vida quando se vai estudar o bandolim: cada nota tem que soar clara
e limpa. Não importa a velocidade! No início deve se tocar lento e claro pois só assim se tocará
rápido e claro. Não adianta nada tocar rápido sem a mesma beleza e clareza dos sons extraídos do
bandolim quando se toca lento. Deve-se buscar tirar do instrumento a melhor sonoridade possível
e estudar a técnica pra coloca-la a favor da música e nunca usar a música somente para fazer
exibição técnica.

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O exercício deve ser feito com o metrônomo na velocidade 50bpm, observando a divisão de
colcheias (duas notas por tempo). A palheta a deve ser sempre para baixo - ao contrário do que
tradicionalmente é ensinado como “correto” - num primeiro momento, com andamento lento. A partir
do andamento 70bpm deve-se tocar com a palheta alternada fazendo o primeiro movimento na
corda solta, sempre para baixo acentuando a palhetada SEMPRE para baixo a cada corda solta na
subida e a cada dedo 4 na 6ª casa da corda seguinte na descida.

A palhetada somente para baixo indicada aqui tem a seguinte explicação: o movimento da palheta
para baixo e para cima, individualmente, tem sonoridades distintas. Nós temos muito mais firmeza e
“segurança” na execução dos movimentos e do raciocínio ascendentes e para baixo com a palheta.
É como caminhar para frente: todo mundo aprende fácil. Já caminhar de costas é bem mais difícil
e exige um nível de concentração muito maior! O fato de tocarmos as palhetadas sempre para
baixo sempre que pudermos, nos dão uma sonoridade mais homogenia e como já disse, maior
segurança pra executar o movimento. Fica a cargo do músico alternar a palheta apenas quando for
necessário para que o fraseado saia “solto”, “limpo”, com a articulação correta, para que se consiga
tocar de forma natural o trecho necessário.

Na escola oral do ensino do bandolim e desde o lançamento do único método escrito até então - O
“Método do Bandolim Brasileiro (Afonso Machado) - todas as indicações foram de se tocar sempre
com a palhetada alternada, acreditando ser essa a melhor técnica para o bandolim. Com a chegada
do bandolim de 10 cordas, as modificações técnicas que ele proporciona, discutindo sobre a escola
italiana do bandolim com o bandolinista Jorge Cardoso e observando grandes bandolinistas como
Hamilton de Holanda, Izaías do Bandolim e Joel Nascimento por exemplo, chego a conclusão que
a palheta para baixo proporciona uma sonoridade mais consistente, e mais homogenia e portanto
indico o estudo dessa forma.

O estudo continuado e a experiência com o repertório irão nos mostrando quando e como devemos
usar as técnicas que serão aprendidas. O importante é sempre termos em mente que “a técnica tem
que ser estudada para ser empregada a serviço da música” e não o contrário! Temos sempre que
ter em mente que estamos, com nosso bandolim, nos expressando da mesma forma de quando
falamos com outras pessoas. Isso implica na segurança como vamos pensar a interpretação de
cada música pois as pessoas ouvirão exatamente o que estamos querendo “dizer” com o bandolim
e os pequenos detalhes fazem toda a diferença.

Por hora, vamos pensar em alternar o movimento da palheta apenas quando subirmos a velocidade
dos exercícios a ponto de ser muito difícil manter a palheta sempre para baixo. Você mesmo verá
o momento e sentirá sozinho essa necessidade.

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Exercícios de Aquecimento e Fortalecimento da Mão Esquerda


Aqui, alguns exercícios que nos ajudarão neste início, a posicionar bem a mão sobre a escala do
bandolim mas que, mais tarde, nos ajudarão como forma de aquecimento para a mão esquerda
principalmente.

Lembrando: pode palhetar somente para baixo deixando para alternar a palheta quando a velocidade
assim o requisitar.

*Nos instrumentos de corda, contam-se as cordas do agudo para o grave, sendo assim: 1ª Mi, 2ª Lá, 3ª Ré, 4ª Sol e
no bandolim de 10 cordas, 5ª Dó.

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Exercícios para Abertura da Mão Esquerda

Série 1 – posicionamento da mão esquerda (digitação)

Série 2 – Mão direita, distância entre as cordas (palhetada)

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Série 3

Série 4

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Série 5

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Exercícios de Mão Direita: Para Palhetada e Arpejos


= palheta pra baixo = palheta pra cima

Série 1

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Série 2

*Exercícios retirados do “Método do Bandolim Brasileiro” – autor: Afonso Machado, editora: Lumiar, exceto os
exercícios da série 5 para mão esquerda e da série 2 para mão direita, compostos por Rafael Ferrari.

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Posições no Braço do Bandolim


Temos no braço do bandolim, a mão posicionada sobre a primeira posição, a contar do dedo 1
posicionado sobre a primeira casa em qualquer corda com o dedo 4 tocando a 6ª casa. Saltando 1
tom (ou duas casas) com o dedo 1 e mantendo a posição dos demais dedos, teremos a segunda
posição no instrumento, e assim por diante. O estudo de cada posição serve para que, ao tocarmos
uma determinada música que nos exija um salto durante uma frase, tenhamos mobilidade por já
conhecer de que forma a mão se posicionará quando ocorrer um salto para determinada região
do braço. Tomamos sempre o dedo 1 como base das posições, ficando os demais posicionados
sempre da mesma forma sobre as casas seguintes.

As posições dão-se da seguinte maneira:

1ª posição: dedo 1 na 1ª casa

2ª posição: dedo 1 na 3ª casa

3ª posição: dedo 1 na 5ª casa

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4ª posição: dedo 1 na 7ª casa

5ª posição: dedo 1 na 8ª casa

6ª posição: dedo 1 na 10ª casa

7ª posição: dedo 1 na 12ª casa

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Indicações ao Professor
O professor deve orientar ao aluno o estudo de todos os exercícios numa velocidade lenta. O aluno
deve prestar a atenção na correta palhetada e digitação e na sonoridade que está ouvindo de seu
bandolim. A velocidade é um elemento que só surge com o tempo, depois de muito estudo e não é
o fator mais importante na música!

Na primeira aula o professor deve falar um pouco (resumidamente) sobre a história do bandolim,
principalmente no Brasil, seus principais intérpretes e compositores e tocar um pouco para o aluno.
A partir da segunda aula, ou mesmo já da primeira, se achar necessário, deve abordar os primeiros
elementos da teoria musica afim de preparar o aluno para falar a mesma linguagem, a linguagem
correta das nomenclaturas e expressões musicais. Deve também perguntar se o aluno conhece o
repertório de bandolim e mostrar-lhe gravações importantes como Ingênuo (Pixinguinha) do disco
“Vibrações” de Jacob do Bandolim, Quando me lembro (Luperce Miranda), Armandinho Macedo e
Raphael Rabello, Hamilton de Holanda e o bandolim de 10 cordas e também o bandolim solo. Na
segunda aula também irá trabalhar com o aluno os mecanismos básicos até a página 14 já fazendo
a introdução da escala cromática, deixando que o aluno pratique em casa.

O ritmo de avanço no conteúdo deverá respeitar a capacidade do aluno, sempre deixando claro o
conteúdo total para vencer o módulo de 20 aulas.

É importante que trabalhemos a cada volume e desde o primeiro, pelo menos uma música com o
aluno afim de proporcionar sempre o contato com o fazer musical.
Sempre no final de cada volume, disponibilizarei um estudo adequado ao nível no aluno, estudo
esse que deve ser trabalhado durante as aulas (desde a primeira se o aluno quiser e conseguir)
sempre mantendo o foco no restante do conteúdo. Sempre devemos fazer o aluno tocar e fazer
música em primeiro lugar, depois auxiliamos o aluno a entender como as coisas funcionam e o que
está tocando e ouvindo.

As demais aulas que, por ventura, venham a sobrar caso o aluno tenha vencido todos os exercícios
de forma satisfatória, e vencido o estudo “Choro canção (Rafael Ferrari)” devem ser preenchidas
com mais músicas.

Sugestões:
Asa branca (Luiz Gonzaga) – Dó maior
Carinhoso (Pixinguinha) – Fá maior ou Sol maior
Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo) – Sol maior
Aquarela do Brasil (Ary Barroso) – Ré maior
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Discografia Recomendada
Estudo do Repertório

Durante cada volume deste Método de Bandolim – BSB Musical, deixarei uma ou mais composições
feitas especialmente para o nível do aluno, como dito anteriormente. Esse estudo visa aproximá-lo
desde os primeiros contatos com o bandolim, com o fazer musical.
A primeira música é um “Choro canção”, intitulado com a descrição do próprio ritmo utilizado para
acompanhamento desta música.

Vou listar aqui, uma série de gravações importantes para a história do bandolim brasileiro. Peja
para o professor ou busque na internet, referências a estes importantes discos que formam uma
parte importante também para a música brasileira como um todo.

Vibrações - Jacob do Bandolim e Época de Ouro – 1967 RCA Camden

Assanhado – Jacob do Bandolim – 1966 RCA Camden

Retratos – Radamés Gnattali e Jacob do Bandolim – 1964 CBS (este disco contém a primeira
gravação da Suíte Retratos composta por Radamés e dedicada a Jacob)

Inéditas de Jacob do Bandolim Vol. I – Déo Rian – 1980 Eldorado

Inéditas de Jacob do Bandolim Vol. II – Déo Rian – 2008 Rob Digital

Amigos do choro – Rossini Ferreira – 1978 RGE/Fermata

Tocar – Joel Nascimento e Camerata Carioca – 1983 Polygram

História de um bandolim – Luperce Miranda – 1977 Marcus Pereira

Luperce Miranda interpreta Luperce Miranda – 1978 MIS

Trio Madeira Brasil – Ronaldo do Bandolim – 1998 Independente

Receita de samba - Nó em pingo D’Água (Rodrigo Lessa) – 1990 Visom

Reco do Bandolim e Choro Livre – Reco do Bandolim – 1999 Kuarup

Raphael Rabello e Armandinho Macedo – Armandinho Macedo – 1997 Spotlight Records

Pé na cadeira – Izaías Bueno – 1999 Kuarup

Galo Preto – Afonso Machado – 1978 RCA

Galo Preto – Afonso Machado – 1981 Independente

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Pedro Amorim e Maria Teresa Madeira - Sempre Nazareth – 1997 Kuarup

Perambulando – Danilo de Brito – 2005 Eldorado

Som de bandolim – Jorge Cardoso – 1996 Independente

Deixa Assim (Camerata Brasileira) – Rafael Ferrari – 2004 Independente

Noves Fora (Camerata Brasileira) – Rafael Ferrari – 2006 Independente

A nova cara do velho choro – Hamilton de Holanda – 1998 Laser Records

Dois de Ouro – Hamilton de Holanda e Fernando Cesar – 2000 Pau Brasil

Luz das Cordas – Marco Pereira e Hamilton de Holanda – 2000 Kuarup

Hamilton de Holanda – Hamilton de Holanda – 2002 Velas

01 byte 10 cordas – Hamilton de Holanda – 2005 Biscoito Fino

Brasilianos – Hamilton de Holanda – 2006 Biscoito Fino

Íntimo – Hamilton de Holanda – 2007 Deckdisc

Brasilianos 2 – Hamilton de Holanda – 2008 Independente

Bandolim 31
Módulo 1

Bandolim 32
Módulo 1

Bandolim 33

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