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A norma jurídica

segunda-feira, 12 de abril de 2021 20:57

Conceito de norma
• Segundo o Dicionário Aurélio, Norma, quer dizer:
1. Aquilo que se estabelece como base ou medida para a realização de alguma coisa;
2. Princípio, preceito, regra, lei;
3. Modelo, padrão.
• Paulo Nader sobre o assunto afirma que:
○ O Direito Positivo, em todos os sistemas compõem-se de normas jurídicas.
• Conceito:
○ São padrões de conduta ou de organização social impostos pelo Estado, para que
seja possível a convivência dos homens em sociedade. São formas de agir,
determinações que fixam as pautas do comportamento interindividual. Pelas regras
jurídicas o Estado dispõe também quanto à sua própria organização.
○ Em síntese, norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo imposto de organização
social.

Distinção entre normas jurídicas e as demais normas


• NORMAS JURÍDICAS X NORMAS ÉTICAS, MORAIS E RELIGIOSAS:
○ As Normas Jurídicas distinguem-se das demais normas éticas, morais e religiosas
por 2 motivos:
1º - Pela eventual aplicação da força coercitiva do poder social – normas
imperativo-atributivas.
2º - A norma jurídica tem um conteúdo próprio e específico representado pela noção
de justo, pois é a justiça que dá sentido à norma jurídica.

Características das normas jurídicas


• Bilateralidade: sempre vinculado a duas.
• Generalidade: obrigatório a todos que se acham em igual situação jurídica.
• Abstratividade: norma jurídica é abstrata regulando os casos dentro do seu dominador
comum.
• Imperatividade: imposição de vontade.
• Coercibilidade: intimidação.

Classificação das normas jurídicas


• Quanto ao sistema:
○ Nacionais: no Estado.
○ Estrangeiras: aplicação de outro Estado.
○ Direito uniforme
• Quanto à fonte:
○ Legislativas: passam pelo poder legislativo.
○ Consuetudinárias
○ Jurisprudenciais: normas criadas pelos tribunais.
• Quanto aos diversos âmbitos de validez

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• Quanto aos diversos âmbitos de validez
○ Âmbito espacial de validez: gerais e locais.
○ Âmbito temporal de validez: vigência por prazo determinado/indeterminado.
○ Âmbito material de validez: direito público/privado.
○ Âmbito pessoal de validez: generalidades e individualizadas.
• Quanto à Hierarquia
○ Constitucionais
○ Complementares
○ Ordinárias: leis, medidas provisórias.
○ Regulamentares: decretos...
○ Individualizadas: testamento, contrato...
• Quanto à Sanção
○ Leges perfectae (Nulidade do ato)
○ Leges plus quam perfectae (Nulidade + sanção [pena]): estipula penas.
○ Leges minus quam perfectae (Sanção [pena]): penalidade apenas.
○ Leges imperfectae (Não estipula nulidade e nem sanção [pena])

Validade da norma jurídica


• Uma norma jurídica, além de possuir sua estrutura lógica, para que possa ser obrigatória,
deve possuir validade.
• O termo “Validade”, na visão do jurista brasileiro Miguel Reale, é apenas algo genérico,
sendo que pode ser caracterizada de 3 formas:
1- Técnico-Formal – Vigência
2- Social – Eficácia Normativa
3- Ético – Fundamento axiológico (valorativo)

Validade técnico-formal - vigência


• “Vigência, pode significar o período, durante o qual o uma lei tem, teve ou terá a
possibilidade de ser exigida, num determinado lugar; abrangeria, por assim dizer o
nascimento, a vida e a morte da regra legal; é o aspecto temporal que alguns autores
chamam de validade material [...]” (VENOSA, 2004. p. 122)
• Vigência normativa: período que a norma tem validade (publicação), vacatio legis (se
houver), até ser retirada do ordenamento jurídico.
• Validade formal: processo de elaboração de uma norma em conformidade com os
requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico.
• Portanto as normas jurídicas só possuem vigência (validade formal), quando podem ser
executadas obrigatoriamente pelo fato de terem sido elaboradas com obediência aos
requisitos exigidos:
a. Emanadas pelo órgão competente;
b. Com obediência aos trâmites legais; e
c. Cuja matéria seja da competência do órgão elaborador.

Órgãos competentes
• Na Constituição Federal, encontram-se 3 pessoas jurídicas de direito público interno:
União, Estados-membros e Municípios. E também o Distrito Federal (possui natureza de
ente federativo – art. 18)
1 - Quanto à União: LEGISLAR (Art. 22 - CF)

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1 - Quanto à União: LEGISLAR (Art. 22 - CF)
a. Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal);
b. Presidente da República.
2 - Quanto aos Estados-membros: COMPETÊNCIAS NÃO VETADAS PELA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (Art. 25, §1º - CF)
a. Governador do Estado;
b. Assembleia Legislativa.
3 – Quanto aos Municípios: COMPETÊNCIA (Art. 30 - CF)
a. Prefeito;
b. Câmara Municipal (Vereança).
4 – Quanto ao Distrito Federal: MESMA COMPETÊNCIA QUE ESTADO E
MUNICÍPIOS (ART. 32 e 147 - CF)
a. Governador do Distrito Federal;
b. Câmara Legislativa.

Competência quanto à matéria (conteúdo)


• Não basta a norma ser emanada pelo órgão competente. É necessária que a matéria
(conteúdo) que a norma estabelece, seja também da competência deste órgão.
• A competência em razão da matéria é estabelecida também pela Constituição Federal
(ratione materiae).
• Compete privativamente à União legislar (art. 22 CF/88);
• Aos Estados-membros, são reservadas a eles as competências que não serem vetadas pela
Constituição (art. 25, § 1º, CF/88);
• Competência dos Municípios (art. 30, CF/88);
• O Distrito Federal possui, como regra, a mesma competência normativa dos Estados-
membros e Municípios; (CF/88 – arts. 32 e 147).
• Exceção (CF/88 - Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre: XVII -
organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da
Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes.
○ Existe também matéria em que são concorrentes à União, Estados-membros,
Municípios e Distrito Federal. (CF/88 art. 24)

Legitimidade de procedimento
• Além do competência do órgão em relação à matéria a ser legislada, também se faz
necessário obedecer os procedimentos de elaboração da norma jurídica. São elas:
a. Iniciativa;
b. Discussão – votação – aprovação;
c. Sanção – veto;
d. Promulgação;
e. Publicação;
f. Entrada em vigor.

Validade social ou eficácia da norma jurídica


• Segundo Miguel Reale: “Eficácia vem a ser o reconhecimento do direito pela sociedade;
é a regra enquanto momento da conduta humana”. (REALE, 1984. p. 112).
○ O fenômeno da eficácia ocorre quando a sociedade acata as normas em válidas e,
caso ocorra a transgressão, os órgãos do Estado ( administrativos ou judiciários) às
aplicam.

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aplicam.
○ A eficácia então, é observada pelos seguintes graus:
a. observância (por parte da população);
b. da não observância (sanção).

Validade ética ou legitimidade


• Validade material: existência do ordenamento.
• Validade formal: vigência - legitimidade.
• Validade social: eficácia.
• Validade ética: fundamento.
• Toda norma jurídica tem como fundamento os valores da sociedade. Ele legitima a
elaboração normativa para ocorrer satisfação dos anseios sociais.
• Valores sociais dão razão para obrigatoriedade da norma (imperatividade axiológica).

“Fundamento é o valor ou fim visado pela norma jurídica e que vem a ser sua validade
moral”. (BETIOLI, 1996. p. 180).

Instituto Jurídico
• Trata-se de uma reunião de normas jurídicas afins, que rege um tipo um tipo relação
social ou interesse e identifica pelo fim que procura realizar.
• Tratam de assuntos comuns que se correlacionam.
• As normas jurídicas (ordens) são genéricas, enquanto os institutos jurídicos são
específicos.
• Características: harmonia, coerência lógica, unidade e fim.

Estrutura da norma jurídica


• Hans Kelsen e o argentino Carlos Cossio, dividiram-nas em 2 partes.
• Porém, o que se pretende ensinar é que a norma jurídica, em sua forma genérica, possui
estrutura una, sobre a qual se integra (pode se integrar) uma sanção.
• Prestar = CONDUTA: fazer alguma coisa segundo algo; adequar-se; enquadrar-se
amoldar-se.
• KELSEN
○ Norma primária: Dado fato temporal, deve ser feita a prestação. Se refere a uma
determina situação hipotética - situação pode ser que aconteça e pode ser que não
(hipótese de condição) - (Durante o período onde o semáforo está na cor vermelha,
os carros não devem se movimentar).
○ Norma secundária: Se ocorreu uma "não prestação" por parte de alguém, deve,
como consequência, ser aplicada uma sanção (punição). (Um automóvel cruza o
semáforo na cor vermelha e abalroa a lateral de outro automóvel, causando um
acidente com danos sérios).

Se A é, B deve ser

NORMA PRIMÁRIA + NORMA SECUNDÁRIA


Dado Ft, deve ser P, ñP, deve ser P

○ Distinção entre Proposição Normativa de Norma Jurídica


 Proposição Normativa: é um juízo hipotético que enuncia "sob certas
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 Proposição Normativa: é um juízo hipotético que enuncia "sob certas
condições ou pressupostos fixados por esse ordenamento, devem intervir certas
consequências pelo mesmo ordenamento determinadas" É a linguagem que
descreve a norma jurídica.
 Norma Jurídica: não é juízo hipotético e nem mesmo um enunciado. A norma
jurídica é um imperativo, um mandamento.

Art. 121-A CP - MATAR ALGUÉM (conduta descritiva) - PENA DE 6 A 20 ANOS DE


RECLUSÃO
Normas jurídica (intrínseca) = NÃO MATE - NÃO TIRE A VIDA DE NINGUÉM OU IRÁS
PARA A PRISÃO

Art. 217-A CP - TER CONJUNÇÃO CARNAL OU PRATRICAR OUTRO ATO


LIBIDINOSO COM MENOR DE 14 (CATORZE) ANOS (conduta descritiva): PENA -
RECLUSÃO, DE 8 A 15 ANOS.
Norma jurídica (intrínseca) = NÃO ESTUPRE MENORES DE 14 ANOS - NÃO PRATIQUE
QUALQUER ATO LIBIDINOSO COM MENORES DE 14 ANOS - NÃO FIRA A
LIBERDADE SEXUAL DE INCAPAZES.

Maria Helena Diniz - "a fórmula kelseniana foi enriquecida por COSSIO ao mostrar a
estrutura do juízo disjuntivo e distingue entre perinorma, que é a parte da norma que
estabelece do dever da sanção, e a endonorma, que contém o dever de realizar aquela conduta
cuja omissão ou contravenção constitui o suposto para a sanção. Cossio incorpora, com seus
dois termos (endonorma e perinorma), unidos pela disjunção "ou", o ilícito sem expulsar o
lícito, representando os dois modos de ser da conduta em face da norma: conduta permitida -
"endonorma" - e a proibida e sancionada - "prinorma".

Juízo Disjuntivo: Endonorma - Perinorma = OU

Dado A, deve ser P, OU dado ñP, deve ser S

Se A é, B deve ser, sob pena de S.


Ser Dever-ser Sanção

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