Respostas #2.

1. Potencial motor é força?

Potencial motor é potência funcional do sistema motor (de movimentos). Não é apenas sobre
a força, mas a capacidade do corpo de produzir e suprir energeticamente a expressão da força.
É a capacidade de trabalho, de movimento, que engloba os sistemas neuro, muscular e
energético.
A melhora do potencial motor é uma adaptação ao treinamento.

2. Primeiro trabalhar a força e depois a técnica?

É como o que veio primeiro, o ovo ou a galinha? Na prática, as duas coisas são trabalhadas
praticamente ao mesmo tempo. Porém, a própria definição de técnica pressupõe que a “força”
(potencial motor) deve existir antes. Técnica (domínio técnico) é a habilidade do sistema
nervoso central de explorar ao máximo o potencial motor.
Uma está muito relacionada a outra. Mas existem duas situações diferentes.

Uma é em relação ao ensino da técnica que não depende muito da capacidade motora força,
sendo possível ser realizada apenas com o desenvolvimento (maturação) da criança. É o que
acontece na educação física escolar. Neste caso estamos falando de aprendizagem motora de
uma habilidade fundamental ou especializada. Nessa fase, os movimentos são facilitados
(adaptados) justamente para ser adequados aos níveis de força da criança. Então, com o
desenvolvimento normal da criança, a técnica pode ser trabalhada porque o potencial motor é
adequado e suficiente.

Outra situação é com o adulto ou atleta que aprende a técnica, mas existe uma necessidade
maior de força, pelo peso corporal ou objetivo de performance. Ou, quando determinada
técnica exige um nível alto de força (por exemplo, fazer um movimento de ginástica).
Neste caso não é apenas aprender, mas realizar de forma ótima, com resultado. Nessa
situação é necessário um maior potencial motor que deve preceder a técnica. Nos esportes, a
“periodização” ao longo de muitos anos, se inicia com 80% de preparação geral e 20% de
preparação especial. A preparação geral é o trabalho de desenvolvimento das capacidades
motoras e habilidades motoras fundamentais e especializadas (que não dependem tanto de
força). A preparação especial é o trabalho de treinamento de determinadas capacidades
motoras do período adequado (períodos sensíveis) e habilidades motoras especializadas
(exigem mais do potencial motor).

Exemplo:
Um atleta inicia o treinamento de levantamento de peso olímpico, mas por observação e
testes, percebo que o nível de preparação física deste está baixo. No caso, não consegue
sustentar adequadamente uma barra olímpica (20kg) acima da cabeça.
A sessão de treino inicia com preparação técnica utilizando uma barra de ensino (tamanho
igual a oficial, mas só tem 5 kg). O exercício é o Overhead Squat. O objetivo deste exercício é
puramente técnico. Depois, o atleta realiza um exercício de força para este primeiro exercício.
O exercício é um Press com 60/70% de 1RM. O objetivo é força máxima.
As adaptações dos dois exercícios vão possibilitar que ele melhore a técnica, seja por
coordenação intermuscular ou coordenação intramuscular e hipertrofia muscular. Uma
adaptação ajuda a outra no processo de treino.