Análise da

Práxis Científica
Professora: Maria Teresa Paulino Aguilar

Rodrigo Fernandes,
Ruan Gustavo e
Thomaz Silva.
Julho de 2021
Um panorama da pandemia
do COVID-19:
Métodos científicos, falácias e sociedade.
COVID-19 [1]
Vírus: Sars-CoV-2 (Coronavírus)

Surgimento: 2019, China

Origem: Provável origem em animais (morcegos)

Contagem mundial: +185 milhões de casos, +4 milhões de mortes e +3

bilhões de doses de vacinas aplicadas (09/07/2021);

Contagem Brasil: +18 milhões de casos, +528 mil mortes e +95 milhões
de doses de vacinas aplicadas (09/07/2021)
Epidemiologia

“O estudo da DISTRIBUIÇÃO e dos DETERMINANTES de estados ou

eventos relacionados à saúde em populações específicas, e sua aplicação
na PREVENÇÃO E CONTROLE dos problemas de saúde.” [2]

Busca pela relação causa-efeito.

Estudos epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos podem ser classificados como:

● OBSERVACIONAIS: Descritivos; Ecológicos; Transversais; Casos e

controles; Coortes.
● EXPERIMENTAIS: Clínico randomizado; De campo; Comunitários. [3]
Consumo de
chocolate e
prêmios Nobel
Países com maior consumo de
chocolate tem maior quantidade
de prêmios Nobel.

Relação entre consumo de chocolate e

número de prêmios Nobel [4]
 Tratamento COVID
Estudo com 42 pacientes (sendo 26 com
tratamento e 16 de controle), e ainda 6
pacientes tratados foram removidos do
estudo.
Conclusão: “Apesar do pequeno tamanho da
amostra, nossa pesquisa mostra que o
tratamento com hidroxicloroquina está
significativamente associado à
redução/desaparecimento da carga viral em
pacientes com COVID-19 e seu efeito é Um dos primeiros estudos publicados defendendo o uso da
hidroxicloroquina [5]
reforçado por azitromicina.”
 Tratamento COVID
Análise de registros de 96032 pacientes, sendo
que 14888 receberam algum tratamento, de
671 hospitais dos 6 continentes.
Conclusão: “Não fomos capazes de confirmar
um benefício da hidroxicloroquina ou
cloroquina, quando usadas sozinhas ou com um
macrolídeo, nos resultados hospitalares para
COVID-19. Cada um desses regimes de drogas
foi associado a uma redução da sobrevida intra- Novo estudo a respeito da hidroxicloroquina [6]
hospitalar e um aumento da frequência de
arritmias ventriculares quando usado para o
tratamento de COVID-19.”
Estudos clínicos randomizados

Os estudos experimentais (clínicos randomizados) são:

● Multicêntricos: em vários institutos de pesquisa;

● Randomizados: divisão aleatória em grupos;
● Duplo-cegos: desconhecimento da divisão pelos cientistas e
participantes;
● Controlados: aplicação do composto ou placebo; [7]
Vacinas
O desenvolvimento das vacinas ou medicamentos segue algumas etapas:

● Hipótese > Testes em culturas de células (reações) > Animais (interação

com organismo complexo);
● Fase 1: Humanos saudáveis (efeitos fisiológicos e distribuição no
organismo);
● Fase 2: Pacientes com a doença (dosagem);
● Fase 3: População (aprovação);
● Fase 4: monitoramento da aplicação (efeitos colaterais inesperados); [7]
Cuidados

É preciso saber lidar com as informações fornecidas pelos estudos:

● Resultados das etapas preliminares podem não ser os mesmos em

humanos;
● Os estudos precisam ser transparentes;
● Os trabalhos devem ser obtidos em fontes confiáveis (atenção aos
pré-prints).
 [8]

Manipulação de
dados na pandemia

Vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola -> autismo

2008 o sarampo voltou a ser uma doença

endêmica na Inglaterra e no País de Gales

1998 2004 2008 2010

Suposta relação entre o desenvolvimento de autismo Artigo anulado

em crianças da Inglaterra e a vacina tríplice viral
 [9]

Revolta da Vacina
1904

CHARGE PARA REVISTA O MALHO, 1904

por Leonidas
Argumento da causa falsa
post hoc, propter hoc
post hoc ergo propter hoc: depois disso, logo por causa

● Fatores de confusão: dizer que A, por ter acontecido antes de B, causa B

ignora todas as outras coisas que também aconteceram antes de B e que
podem ter contribuído para sua ocorrência.
● Mecanismo de ação: a existência potencial de um mecanismo de ação
define a plausibilidade prévia de qualquer relação hipotética entre causa e
efeito.
● Natureza do efeito: é preciso determinar se o efeito em questão,
principalmente quando se trata de um efeito negativo já não carrega a
própria causa em si.
Argumentum ad Hominem

É um tipo de falácia de relevância, um subgrupo do que é conhecido no

campo da lógica como falácias não-formais.

● O julgamento dos fatos é desviado para pessoas.

● Não é uma argumentação lógica -> apelação para questões
psicológicas.
● Não afeta a verdade das conclusões, mas sua confiança.
● Apela para emoções do espectador.
Argumentum ad Verecundiam

É o argumento de autoridade.

A conclusão do raciocínio se baseia exclusivamente na credibilidade do

autor e não nas razões que ele apresentou para sustentá-la.

O apelo a autoridade por si só não são argumentos válidos.

Argumentum ad Baculum

Quando um dos oponentes recorre direta ou indiretamente à força ou à

ameaça para que o adversário aceite sua conclusão.

Cria tensão psicológica por meio de ameaça

Os argumentos não apresentam nenhuma clara evidência de que o

argumento defendido é verdadeiro, e é isto o que faz com que se recorra a
tais ameaças

11 falácias epidemológicas
segundo Vital Strateiges
1: As tendências de casos são suficientes para
monitorar a propagação de COVID-19.
2: A incidência de casos é sempre um bom indicador de
risco comunitário.
3: As mortes por COVID-19 são um indicador da
situação atual.
4: As mortes por COVID-19 são o único indicador de
mortalidade relacionada à COVID-19.
5: Indicadores de mobilidade são um indicador direto
de risco.
6: “R” é tudo o que precisamos saber sobre a
transmissão da doença.
[10]
7: A triagem baseada em sintomas é adequada
para proteger todas as populações
8: A capacidade hospitalar e de leitos de UTI são
as métricas mais úteis para capturar a prontidão
do sistema de saúde.
9: A positividade do teste COVID PCR é tudo o
que precisamos saber sobre o estado dos testes:
10: Os impactos mais significativos da pandemia
para a saúde estão diretamente relacionados à
COVID-19.
11: Todo mundo é epidemiologista.
Pandemia na era digital
de marketing político
● Pós-verdade: atos objetivos são menos influentes do que apelos à
emoção e às crenças pessoais na formação da opinião pública.
● Fake news revelam perda de confiança em instituições conhecidas
por apresentar e representar a verdade dos fatos: a imprensa, a
ciência e as elites intelectuais em geral.
● Viés de confirmação: tendência de muitos indivíduos buscarem
informações que reafirmam suas próprias crenças.
Pandemia na era digital
de marketing político
“As informações e orientações que contrariam o conhecimento científico
disseminam o medo e até a prática de charlatanices, aumentando as
chances de avanço da infecção e de mortes.” [11]
Pandemia e falsos dilemas
que polarizam e confundem

“These key issues of science and public health policy have been presented as
false dichotomies during the pandemic. However, they are hardly binary,
simple, or uniform, and therefore should not be framed as polar extremes.
We urge a nuanced understanding of the science and caution against black-
or-white messaging, all-or-nothing guidance, and one-size-fits-all
approaches. There is a need for meaningful public health communication and
science-informed policies that recognize shades of gray, uncertainties, local
context, and social determinants of health” [12]
COVID NO MUNDO [1]

Um Panorama Geral - WHO

COVID NO MUNDO [1]

Estados Unidos: Panorama de Casos e Mortes Semanais

COVID NO MUNDO
Estados Unidos: Reflexões e Provocações

ERA TRUMP X ERA BIDEN

“We cannot stand by and let science be undermined. Joe Biden’s trust in truth, evidence,
science and democracy make him the only choice in the US election. “ [13]

Trecho extraído do artigo da revista Nature: “Why Nature supports Joe Biden for US
president”.

“Pandemic Presidencies: How Donald Trump and Joe Biden Navigated a Year of COVID-19“.
[14]

“ As mensagens eram consistentemente inconsistentes” (Dr. Howard Koh - Harvard)

COVID NO MUNDO
Estados Unidos: Reflexões e Provocações

UM BREVE COMPARATIVO COM O BRASIL [15]

“Nos Estados Unidos, mais de 70% da nova riqueza americana foram direcionadas para os
20% mais ricos.”

“No Brasil, o 1% mais rico tinha 49,9% de toda a riqueza do País em 2021, contra 46,9%
antes da pandemia, segundo estudo do Banco Credit Suisse.”

“Pessoas de mais alta qualificação formal têm mais facilidade de fazer o trabalho em casa e,
por consequência, menor probabilidade de perder o emprego. Pessoas de mais baixa renda e
trabalhadores informais foram mais afetadas pelo desemprego e, por conseguinte, pela
diminuição no nível de renda.“
COVID NO MUNDO
Suécia e Seus Vizinhos: Uma Reflexão

Recomendações da Agência Pública de Saúde da Suécia [16] Comparativo de Mortes: Suécia e Seus Vizinhos [17]

Inicialmente, a Suécia adotou um modelo mais flexível de medidas de combate e prevenção

à pandemia COVID-19, inclusive contestada pelos próprios suecos.

O resultado final foi criticado até pelo rei Carl XVI Gustaf, em pronunciamento televisivo, em
Dez/2020, culminando com a renúncia do primeiro ministro sueco [17].
COVID NO MUNDO [1]

Japão
COVID NO MUNDO
Japão O papel da sociedade no contexto do COVID-19 [18]
COVID NO MUNDO [1]

Brasil
COVID NO MUNDO
Brasil Estudos já apontam redução na expectativa de vida no Brasil [19]
 Brasil:
Um olhar mais detalhado de nossa sociedade

Indicadores do Mercado de trabalho (IBGE) [20]

Rendimento Domiciliar (IBGE) [20]

Brasil:
Um olhar mais detalhado de nossa sociedade

De acordo com o “Anuário de Competitividade Mundial 2020” (World

Competitiveness Yearbook – WCY), o Brasil ocupa a última colocação no
comparativo entre os 63 países, presentes no ranking. [21]

● Gastos públicos totais por estudante no Brasil: US$ 2.165.

● Gastos públicos totais por estudante (média geral): US$ 6.363.
● Ensino superior no Brasil: apenas 19,6% da população (idade 25 a 34 anos).
● Ensino superior (média mundial): 42,8%.

Ações “contra a ciência” praticadas pelo Governo [22]

 Referências
[11] Galhardi, Cláudia Pereira et al. Fato ou Fake? Uma análise da desinformação frente à pandemia da
Covid-19 no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2020, v. 25, suppl 2, pp. 4201-4210. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1413-812320202510.2.28922020>. Acesso em 11/07/2021
[12] ESCANDÓN, K. et al. COVID-19 false dichotomies and a comprehensive review of the evidence
regarding public health, COVID-19 symptomatology, SARS-CoV-2 transmission, mask wearing, and
[1] https://covid19.who.int/ Acesso em 11/07/2021. reinfection. Disponível em: <osf.io/k2d84>. Acesso em 11/07/2021.
[2] PORTA, M. A dictionary of epidemiology, 5ª ed., Oxford University Press, 2008. [13] https://www-nature.ez27.periodicos.capes.gov.br/articles/d41586-020-02852-x. Disponível em
[3] BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica, 2ª ed., Santos, 2010. 10/07/2021.
[14] https://spectrumlocalnews.com/nys/buffalo/news/2021/03/09/pandemic-presidencies-how-donald-
[4] MESSERLI, F. H. Chocolate Consumption, Cognitive Function, and Nobel Laureates. New
trump-and-joe-biden-navigated-a-year-of-covid. Disponível em 10/07/2021.
England Journal of Medicine, v. 367(16), pp. 1562–1564. 2012. DOI:10.1056/nejmon1211064
[15] https://www.contabeis.com.br/artigos/6767/o-que-podemos-aprender-com-os-estados-unidos-sobre-
[5] GAUTRET, P.; LAGIER, J.-C.; PAROLA, P.; … RAOULT, D. Hydroxychloroquine and a-recuperacao-economica/ . Disponível em 11/07/2021.
azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical [16] RAMBAREE, Komalsingh; NÄSSÉN, Nessica. ‘The Swedish Strategy’ to COVID-19 Pandemic: Impact on
trial, International Journal of Antimicrobial Agents, 105949. 2020. DOI: Vulnerable and Marginalised Communities. 2020
10.1016/j.ijantimicag.2020.105949 [17] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/22/entenda-por-que-o-primeiro-ministro-da-suecia-
[6] MEHRA, M. R.; DESAI, S. S.; RUSCHITZKA, F.; PATEL, A. N. Hydroxychloroquine or devera-deixar-o-cargo.ghtml. Disponível em 11/07/2021.
[18] FRASER, Timothy; ALDRICH, P. Daniel. The dual effect of social ties on COVID-19 spread in Japan.
chloroquine with or without a macrolide for treatment of COVID-19: a multinational registry
2021.
analysis, The Lancet, 2020. DOI: 10.1016/S0140-6736(20)31180-6
[19] CASTRO, C. Márcia; GURZENDA, Susie; TURRA, M. Cassio; KIM, Sun; ANDRASFAY, Theresa;
[7] https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2021/06/26/cpi-da-covid-como-saber-se-um- GOLDMAN, Noreen. Reduction in life expectancy in Brazil after COVID-19. 2021.
estudo-cientifico-para-tratar-doenca-e-confiavel-ou-nao.ghtml. Acesso em 11/07/2021. [20] https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/educacao/9221-sintese-de-indicadores-
[8] ZORZETTO, R. Manipulação de dados: Fraude em estudo sobre vacina reabre discussão sociais.html?=&t=downloads. Disponível em 11/07/2021.
acerca das práticas de pesquisa. Pesquisa Fapesp: Edição 181 mar. 2011. Disponível em: [21] https://www.istoedinheiro.com.br/xbrasil-cai-para-ultima-posicao-em-educacao-em-ranking-global-
<https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/05/057-059-181.pdf> Acesso em: de-competitividade/. Disponível em 10/07/2021.
[22] https://www-nature.ez27.periodicos.capes.gov.br/articles/d41586-021-01031-w. Disponível em
11/07/2021.
10/07/2021.
[9] http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/66-o-rio-de-janeiro-
como-distrito-federal-vitrine-cartao-postal-e-palco-da-politica-nacional/2917-a-revolta-da-vacina Acesso
em 11/07/2021.
[10] Vital Strateiges. Onze falácias epidemiológicas na COVID-19. Disponível em
https://www.vitalstrategies.org/wp-content/uploads/Vital-Strateiges-Onze-Falacias-
Epidemiolo%CC%81gicas-sobre-a-COVID-19.pdf Acesso em 11/07/2021
Dúvidas?
Obrigado!