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Estratégias Orquestrais Na Obra Sinfônica de Mario Ficarelli - Kedson Silva
Estratégias Orquestrais Na Obra Sinfônica de Mario Ficarelli - Kedson Silva
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
Salvador
2018
KEDSON SILVA DE JESUS
Salvador
2018
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Universitário de Bibliotecas (SIBI/UFBA),
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
A Deus, mantenedor de todas coisas, por me conceder as faculdades cognitivas necessárias para
desenvolver esta pesquisa, e por sempre guiar os meus passos.
À minha amada Angelica Lopes, que se tornou minha esposa durante o processo desta pesquisa,
por me apoiar em tempo integral, por estar comigo nos momentos alegres e por me dar a chance
de compartilhar os meus anseios — amo-te.
À minha família, em especial meus tios e também pais, Reginaldo Nemézio, Maria Celsa, e
Marta Matos, por apoiarem e incentivarem a minha carreira musical, desde os meus seis anos
de idade até o presente momento. Sem vocês, eu não chegaria até aqui, minha eterna gratidão.
A Wellington Gomes, meu orientador, que com muita propriedade e paciência me ensinou os
caminhos teóricos e práticos para a realização desta pesquisa.
À querida Silvia de Lucca, viúva do compositor Mario Ficarelli, que gentilmente nos apoiou,
cedendo materiais e informações preciosíssimas para a realização desta dissertação.
Ao maestro Roberto Duarte, amigo pessoal de Mario Ficarelli, pelas valiosas informações a
respeito da obra orquestral do compositor.
Aos professores Guilherme Bertissolo, Paulo Costa Lima, Diana Santiago e Conceição Perrone,
pelos ensinamentos dados nos seminários ao longo desta pesquisa.
Aos professores Pedro Kroger, Flávio de Queiroz e Marcos Sampaio, pelos incentivos de
sempre.
Friedrich Nietzsche
JESUS, Kedson Silva de. Estratégias orquestrais nas obras sinfônicas de Mario Ficarelli. 116
fl. 2018. Dissertação (Mestrado) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador,
2018.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre estratégias orquestrais e processos
composicionais em obras de Mario Ficarelli, entre os anos de 1976 e 2012, sob uma perspectiva
analítica em torno da manipulação timbrístico-orquestral. Dividimos esta abordagem em duas
estratégias gerais: a manipulação do contraste timbrístico e a sua relação com a compreensão
formal das obras; e combinações timbrísticas — procedimentos de homogeneidade,
heterogeneidade e combinação de sons emergentes — relacionadas à ideia composicional
dessas obras. A partir desta pesquisa, uma obra orquestral intitulada Spero foi composta com
base nos resultados obtidos, aplicando novas diretrizes a partir de nossas perspectivas
composicionais aqui expostas.
ABSTRACT
This study aims to analyze the relationship between orchestral strategies and compositional
processes in works by Mario Ficarelli, between the years of 1976 and 2012, from an analytical
perspective around the orchestral-timbre manipulation. We divided this approach into two
general strategies: the manipulation of the timbre contrast and its relation with the formal
understanding of the works; and timbre combinations — procedures of homogeneity,
heterogeneity, and combination of emerging sounds — related to the compositional idea of
these works. From this research, an orchestral work entitled Spero, have been composed based
on the results obtained, applying new guidelines from our compositional perspectives to be
exposed.
LISTA DE GRÁFICOS
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 17
2.1 ORQUESTRAÇÃO E ANÁLISE .................................................................. 17
2.2 VIDA E OBRA ORQUESTRAL DE MARIO FICARELLI ......................... 25
2.2.1 Aspectos biográficos ..................................................................................... 25
2.2.2 Obras orquestrais ......................................................................................... 28
3 ANÁLISES DE OBRAS DE MARIO FICARELLI .................................. 32
3.1 RELAÇÕES ENTRE CONTRASTE ORQUESTRAL E ESTRUTURAS
FORMAIS ...................................................................................................... 34
3.1.1 Contraste orquestral na obra de Mario Ficarelli ....................................... 34
3.1.2 Aspectos formais em perspectiva do contraste timbrístico ....................... 52
3.2 ESTRATÉGIAS ORQUESTRAIS EM TORNO DE COMBINAÇÕES
TIMBRÍSTICAS ............................................................................................ 60
3.2.1 Combinações timbrísticas homogêneas e heterogêneas ............................ 61
3.2.2 Combinações timbrísticas que resultam em sons emergentes .................. 68
3.3 BREVES COMENTRÁRIOS CONCLUSIVOS SOBRE AS ANÁLISES ... 73
4 MEMORIAL ANALÍTICO DA OBRA SPERO ........................................ 74
4.1 RELAÇÕES ENTRE CONTRASTE ORQUESTRAL E FORMA ............... 74
4.1.1 Contraste orquestral na obra Spero ............................................................ 75
4.1.2 Relações entre contraste orquestral e estruturas formais ......................... 78
4.2 ESTRATÉGIAS DE COMBINAÇÃO TIMBRÍSTICA ................................ 82
4.2.1 Combinações timbrísticas homogêneas e heterogêneas ............................ 82
4.2.2 Combinações timbrísticas que resultam em sons emergentes .................. 87
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 90
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 92
APÊNDICE A – PARTITURA COMPLETA DE SPERO ....................... 95
14
1 INTRODUÇÃO
Não são muitas as obras que tratam do estudo específico da orquestração com uma
visão mais atualizada. As que se dedicaram à realização desta tarefa ainda estão longe
de realizá-la de forma significativa, tendo em vista um número considerável de
problemas a serem enfrentados. Um deles é a diversidade de obras escritas no século
XX, que refletem uma enorme quantidade de procedimentos orquestrais, sem falar
que, basicamente cada obra possui seu universo sonoro próprio, dificultando em
grande parte as comparações analíticas. A área ainda é muito carente de fontes
específicas que tratem do contexto orquestral de forma mais abrangente, através de
uma farta exemplificação e uma visão mais atualizada da arte de orquestrar (GOMES,
2002, p. 12).
orquestração se debruça sobre questões subjetivas e de pouco suporte teórico, visto que são
escassas as fontes relevantes sobre o assunto.
Para o desenvolvimento desse contexto, escolhemos o compositor Mario Ficarelli, por
acreditarmos que sua obra sinfônica é construída não só por procedimentos estruturalistas
tradicionais, mas também pela minuciosa manipulação timbrístico-orquestral. Escolhemo-lo
também por considerarmos sua importante trajetória e influência no movimento da música de
concerto entre os séculos XX e XXI.
Mario Ficarelli foi um compositor e educador musical paulista, nascido em 4 de julho
de 1935. Destacou-se no cenário musical brasileiro, sobretudo por sua proficiência em compor
musica orquestral. Autodidata, Ficarelli compunha através de caminhos intuitivos, como deixa
claro:
Ficarelli (1995) aponta para o exercício de análise anterior à criação de suas obras. Esse
exercício pode se tornar muito subjetivo, se o analista não dispor de experiência prévia, suporte
teórico, ou simplesmente não ter sensibilidade suficiente para aprender diretamente com
análises de partituras orquestrais. Ficarelli certamente possuía tal sensibilidade e obtinha as
ferramentas necessárias para compor suas obras orquestrais, visto que as compunha
basicamente de forma intuitiva. Esta pesquisa terá como foco central compreender essas
ferramentas, as quais chamaremos de estratégias orquestrais.
As questões que nos motivaram para o desenvolvimento desta pesquisa foram: quais
são as principais estratégias orquestrais utilizadas pelo compositor Mario Ficarelli? E de que
maneira elas estão interligadas com o fazer compositivo estrutural? Essas estratégias são
recorrentes em suas obras? Existe suporte teórico que contemple esse conjunto de estratégias?
É possível criar uma obra original onde essas estratégias se apliquem?
No primeiro e no segundo capítulos desta pesquisa, realizamos uma revisão
bibliográfica sobre o campo teórico da orquestração, onde criamos paralelos com outras
propostas analíticas elaboradas por teóricos da área. Em seguida fizemos uma revisão
bibliográfica sobre a vida e a obra sinfônica do compositor Mario Ficarelli. Essas duas revisões
bibliográficas são destinadas à contextualização da nossa dissertação. O terceiro capítulo foi
destinado à apresentação das análises, metodologias e constatações feitas a partir de um
16
conjunto de obras sinfônicas de Ficarelli. E o quarto capítulo foi composto pelo memorial
analítico da obra Spero, obra criada durante o desenvolvimento desta pesquisa. Esse memorial,
finalmente, propôs um paralelo analítico entre a obra Spero e as obras sinfônicas de Ficarelli.
Assim como Ficarelli relata ter desenvolvido sua técnica composicional a partir da
análise de obras primas de grandes mestres da história da música, esta pesquisa surge, também,
pelo interesse em aprofundarmos o nosso conhecimento prático e aprimorar nossas técnicas
composicionais, a partir da análise das obras de Ficarelli, considerando tais análises como um
ponto de partida para novas diretrizes composicionais, assumindo que “A verdadeira arte da
orquestração é inseparável do ato criativo de compor música” (PISTON, 1988, p.7, tradução
nossa)1. Para tanto, obtivemos melhores resultados dos fenômenos composicionais a partir das
análises realizadas. Deixando de lado a separação entre os termos “processos composicionais”
e “orquestração”, buscamos o entendimento da integração entre essas duas vertentes.
1
no original: “The true art of orchestration is inseparable from the creative act of composing music.”
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
É certo que o corpo sonoro orquestral passou por constantes modificações, até que
chegasse à sonoridade moderna que apreciamos nos dias de hoje. Tais modificações não se
deram apenas por razões peculiares e claras, mas também por motivações subjetivas e pouco
discutidas entre os teóricos da composição musical em geral.
O autor Adam Carse (1964) demarca fatos históricos importantes, para a compreensão
dos avanços sonoro-orquestrais. Em seu livro The history of orchestration, o autor propõe uma
divisão em dois períodos da história, como citado:
Ao propor esses períodos históricos da orquestração, Carse nos leva a refletir sobre as
características composicionais de dois períodos: o barroco e o clássico. Apesar de apresentarem
várias similaridades composicionais — por estarem incluídos no período da prática comum, ou
período tonal —, a música dos períodos barroco e clássico são inconfundíveis em sua
sonoridade geral. Não nos resta dúvidas de que, além dos diferentes procedimentos
composicionais e formas, o que diferencia esses dois períodos está também no domínio do
timbre, da manipulação sonoro-orquestral. Os períodos barroco e clássico são comumente
estudados em nível de graduação e pós-graduação, para melhor compreensão das estratégias
composicionais criadas pelos mestres da composição musical. No entanto, apesar de existirem
2
No original: “The evolution divides itself broadly into two periods, the first ending soon after the middle of the
eighteenth century with the death of the two great masters of harmonic polyphony, Bach and Handel; the second
beginning with the rise of modern orchestration in the hands of Haydn and Mozart. The transition is
chronologically spanned by the work of Gluck and a group of secondary composers of which perhaps the best
remembered are Philipp Emanuel Bach and Hasse.”
18
muitas correntes analíticas voltadas para o repertório tonal, poucas são especificamente
relacionadas à arte da orquestração de forma aprofundada.
Sabemos que a prática do compor está diretamente ligada aos campos de análise e
pesquisa. No entanto, é intrigante perceber que a prática e a pesquisa da orquestração não se
desenvolvem com a mesma intensidade. Sobre a relação entre orquestração e pesquisa, Gomes
afirma:
Gomes retrata, nesse trecho, um parecer geral sobre pesquisa e orquestração, e continua
o seu texto em um trabalho de meta-análise, na tentativa de tornar clara a deficiência teórica
que o campo apresenta nos dias atuais. Este tipo de exercício é de extrema importância, uma
vez que sentimos falta de visões teóricas esclarecedoras sobre o tema. Muitos trabalhos
existentes desse campo teórico quase nunca propõem uma metodologia específica para análises
orquestrais que tenham aplicabilidade para o repertório moderno e contemporâneo.
A partir da citação de Gomes, podemos refletir sobre a hierarquização de campos
teóricos, pois o autor relata ter observado uma supervalorização de análises relacionadas aos
procedimentos estruturantes da composição. Não é estranho que se observe maior quantidade
de trabalhos ligados à análise de estruturas organicistas, uma vez que décadas de pesquisa e
análise foram dedicadas a esses tipos de enfoques teóricos, tornando-os efetivos para o
repertório tonal. Como exemplo, podemos citar as análises criadas por Schenker, além das
análises motívicas e formais.
Não há dúvidas quanto à relevância das teorias existentes que se relacionam à estrutura
organicista da obra. Porém, o modernismo e o pós-modernismo levaram os compositores e
teóricos a assumir novos discursos expressivos. Griffths (1978) compara o panorama da
composição musical do século XX com o século anterior, e sua perspectiva nos proporciona o
entendimento de quão variadas são essas correntes composicionais:
Como os instrumentos são, afinal, máquinas, sujeitas a melhoria como qualquer outra
máquina, qualquer compositor contemporâneo está mais bem situado do que
Beethoven no que se refere ao colorido tonal. O compositor de hoje tem novos
recursos para o seu trabalho, além de que dispõe da experiência dos que o precederam.
Isso é especialmente verdadeiro na utilização da orquestra. Não é de admirar que
alguns críticos que são extremamente severos diante da música contemporânea
admitam, não obstante, que o compositor moderno maneja a orquestra com
brilhantismo e imaginação. (COPLAND 2011, p.70)
Nós tentamos oferecer o máximo de idéias práticas dadas por quem consultamos para
o compositor jovem que inicia o difícil estudo da orquestração. No entanto isso pode
não ser o suficiente. É necessário manter contato com os professores mais
conhecedores da orquestra, tirar dúvidas, aprender com suas práticas, com suas
competências específicas e com suas habilidades. (CASELLA, 1950, p. 265)
3
A maioria destes autores usaram exemplos musicais de orquestradores tradicionais renomados como Mozart,
Haydn, Beethoven, Berlioz e Korsakov em seus livros.
21
Paulista, nascido em 4 de julho de 1935, Mario Ficarelli iniciou seus estudos musicais
ao piano, com a professora Maria de Freitas Moraes, entre seus 16 e 19 anos de idade. Assim
que pôde dominar alguns recursos técnicos, gostava de improvisar nos estilos dos grandes
mestres da composição. Aos 18 anos, começou a se interessar pela composição musical e
escrever suas primeiras peças. No entanto, suas necessidades financeiras o afastaram do âmbito
profissional da música por um tempo, levando-o a trabalhar em diversas funções não musicais
(ZANDONADE, 2011, p. 62).
Ficarelli teve a primeira orientação formal com um professor de composição aos 33
anos de idade, Olivier Toni, o qual foi seu mentor por 14 meses intensivos de estudos em
composição. Anteriormente, Ficarelli tinha hábito de estudar por conta própria as obras primas
dos grandes mestres da composição musical europeia. Sobre os anos de composição como
autodidata, Ficarelli relata:
26
É provável que todo compositor se depare com essa realidade criativa em um momento
de sua carreira: seguir os procedimentos composicionais dos compositores com os quais se
identifique. Visto que a orientação em composição oferecida por Olivier Toni se deu de forma
tardia em sua carreira, podemos afirmar que Ficarelli deu seus primeiros passos na composição
de forma intuitiva, a partir das análises por ele realizadas anteriormente.
Por volta do final dos anos 60 e início dos anos 70, o panorama brasileiro de música de
concerto tinha dois grandes nomes em vigência: Camargo Guarnieri e H. J. Koellreutter. Esses
divergiam em suas ideologias musicais, representando duas correntes estéticas muito
diferenciadas: o Nacionalismo e o Serialismo Dodecafônico, este último proposto pela segunda
escola de Viena. Justamente neste período, Ficarelli sente a necessidade de buscar orientação
em sua carreira como compositor.
Era o momento de buscar conselhos para a composição. Já havia alguns anos, parte
dos compositores brasileiros insistia na estética proposta pela escola de Viena e outra,
mais conservadora, firmava-se, principalmente em São Paulo, ao fazer uma música
voltada ao nacionalismo. (FICARELLI, 1997, p. 9-10)
Olivier Toni desempenhou grande importância na vida e obra de Ficarelli, pois sua
“sensibilidade em não interferir, e sim orientar, preservou e incentivou uma das características
mais importantes de seu discípulo: a liberdade” (RYDLEWSKI, 2007, p. 10). O
posicionamento de Ficarelli, alheio aos movimentos da música contemporânea brasileira, é de
27
certa forma curioso. Apesar de não adentrarmos em discussões políticas ou filosóficas sobre tal
atitude, podemos mencionar que Ficarelli foi reconhecido tanto por críticos como por autores
como “o mais independente dos compositores brasileiros... não aceita rótulos, nem se julga
filiado a nenhuma corrente estética... quando Ficarelli se atém à matéria sonora tradicional,
realiza com ela coisas mais avançadas do que muita pretensa música de vanguarda” (MARIZ,
1981, p. 313-314).
A difícil padronização analítica da obra de Ficarelli, frente aos movimentos de
nacionalistas e de vanguarda vigentes na época, o fez ser conhecido como um compositor
pluralista, uma vez que sua obra se relaciona com diversas correntes estéticas da composição
musical. “Em recentes abordagens, Mario Ficarelli é apontado frequentemente como um
compositor pluralista ou pós-moderno” (ZANDONADE, 2011, p.70).
O pluralismo é compreendido como uma característica da criação musical pós-moderna,
onde um mesmo compositor pode optar, em sua obra, pela utilização de processos bastante
diversificados. O uso mutualístico de dois ou mais estilos em uma mesma obra, já não parece
ser novidade nos dias atuais. Muitas obras criadas nas últimas décadas parecem estar em
completude com elas mesmas, e não com um movimento ideológico, ou até mesmo com a obra
inteira do compositor. Essas são características do que conhecemos como forma-processo.
Apesar desses traços pós-modernistas estarem presentes na obra de Ficarelli,
Rydlewsky afirma que “Não podemos fazer qualquer afirmação no sentido de haver elementos
suficientes que possam qualificá-la como tal. Pelos mesmos motivos também não há como
negar que não possa haver” (RYDLEWSKY 2007, p. 144-145). É certo que a obra de Ficarelli
está construída sobre fortes pilares da tradição musical europeia. Provavelmente Rydlewsky
não considere a obra de Ficarelli como sendo pós-moderna em sua totalidade, justamente por
essa forte herança tradicionalista que a remete ao neoclassicismo, mas podemos afirmar que
sua obra é tão inventiva e inovadora quanto as demais correntes estéticas de sua época,
sobretudo quando a analisamos sob perspectiva da manipulação do timbre orquestral.
É notório que a partir do momento da orientação dada por Olivier Toni, Ficarelli passou
a produzir cada vez mais, além de ser reconhecido como compositor e ganhar vários prêmios
nacionais e internacionais de destaque, principalmente entre as décadas de 70, 80 e 90, como
menciona o próprio:
Incentivado e apoiado pelo mestre, inscrevi uma destas obras, “Cinco Retratos de Um
Tema” para orquestra de cordas (escrita em fins de 1969 e início de início de 1970),
no II Festival da Guanabara, Concurso Interamericano de Composição (1970- RJ). A
obra foi classificada como uma das vinte e quatro semifinalistas entre as cento e
oitenta concorrentes das Américas que se inscreveram. Isto significou o real início da
28
minha carreira como compositor, pois, a partir daí, dada a grande divulgação do
evento, tive meu nome conhecido nos centros musicais do país. (FICARELLI 1997,
p. 11)
Ficarelli dedicou 38 anos de sua vida ao ensino de composição, análise e outras matérias
no Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(RYDLEWSKY, 2007, p. 11). Além de orientar vários compositores, regentes e intérpretes,
Ficarelli elaborou sua tese de doutorado sobre as sete sinfonias de J. Sibelius, além de sua tese
para livre docência, sobre a sua Sinfonia no 2, ‘Mhatuhabh’, onde descreve os processos
composicionais elaborados por ele para a construção da obra. Por isso, esta tese se tornou de
grande importância para o desenvolvimento de nossa pesquisa, uma vez que assumimos essa
sinfonia como a obra mais relevante e de maior expressão na carreira de Ficarelli.
Esta pesquisa tem foco na análise das estratégias orquestrais presentes num seleto grupo
de obras sinfônicas de Mario Ficarelli: Zyklus II (1976), Transfigurationis (1981), Epigraphe
(1990), Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (1991), Sinfonia No. 3 (1993), e Parasinfonia (2012).
Selecionamos estas obras como objeto de estudo por entendermos sua relevância técnico-
orquestral e histórica, além de que o período delimitado pela criação dessas obras representa
praticamente todo o período de composição orquestral do compositor.
Mario Ficarelli compôs para diversas formações durante sua carreira, deixando uma
variada obra, diversa e independente como afirma Martins (2014): “O catálogo de Mario
Ficarelli é extenso, a abranger mais de 150 obras para formações instrumentais as mais diversas,
como sinfônica, cênica, vocal, coral e camerística. Sua obra deverá permanecer pela qualidade
e independência.” Como já dito anteriormente, foi a partir do reconhecimento crítico de uma
obra orquestral que Ficarelli iniciou de fato sua carreira como compositor, com a classificação
de sua obra Cinco Retratos de Um Tema (1969–1970) para as finais do II Festival Guanabara.
Apesar de ter ganhado vários prêmios em composição, com obras de diversas formações
instrumentais, Ficarelli se destacou na composição de musica orquestral sinfônica, tendo
composto obras que revelam muito de sua identidade musical e qualidade técnica como
orquestrador.
No ano de 1976, compôs a obra Zyklus II, para orquestra sinfônica, estreada dois anos
mais tarde pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), sob a regência do
maestro Eleazar de Carvalho. Em 1979 compôs a Abertura para Orquestra, que foi estreada no
mesmo ano, pelo mesmo maestro. Em 1981 recebeu encomenda para compor para a OSESP, e
29
para tal ocasião compôs a obra Transfigurationis, para grande orquestra, que viria a ser
premiada como a melhor obra de 1981 no gênero sinfônico, pela Associação Paulista de Críticos
de Arte (APCA). Sete anos mais tarde, em junho de 1988, teria a oportunidade de presenciar a
estréia de sua obra, Transfigurationis, executada pela Orquestra Sinfônica Tonhalle de Zurique,
Suíça, sob regência do maestro Roberto Duarte. As manifestações do público e da crítica foram
positivas e animaram Ficarelli a continuar se dedicando a composição de novas obras. Ao
retornar para o Brasil, compôs Epigraphe, para orquestra sinfônica e Sinfonia No. 1, para
instrumentos de sopro, ambas sob encomenda da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo.
No início dos anos 90, Ficarelli recebeu talvez a mais importante encomenda de sua
carreira, o que resultaria na criação de sua obra sinfônica mais relevante, a Sinfonia No.2,
‘Mhatuhabh’.
A segunda sinfonia de Ficarelli foi estreada em junho de 1992 sob regência do maestro
Roberto Duarte, a quem dedicou a obra. A sinfonia, de 42 minutos de duração, teve tão boa
aceitação que o último movimento precisou ser bisado. A obra recebeu bons elogios, pela crítica
local:
Ficarelli optou também pelo uso do motivo-base (fá-mi) na Sinfonia No.2, fato que
proporciona força e coerência ao seu discurso temático.
4
As estratégias orquestrais que relacionam as três obras serão abordadas no próximo capitulo, onde as
analisaremos.
5
Esta relação entre as obras Zyklus II (1976), Transfigurationis (1981) e a Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (1991) foi
sugerida por Silvia de Lucca, compositora e viúva do compositor Mario Ficarelli, em conversa informal via email
em 12/03/2017.
31
A segunda sinfonia foi executada pela primeira vez no Brasil, em maio de 1994,
novamente regida pelo maestro Roberto Duarte. Em 1995 recebeu o prêmio de “Melhor Obra
Experimental” pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Em 1992 Ficarelli recebeu convite da Escola de Música de Wattwil (Suíça), para
ministrar uma série de seminários sobre música brasileira e orientar os alunos que passassem
pelos seminários. Enquanto trabalhava na Europa, compôs a Sinfonia No.3 com recurso
financeiro da Bolsa Vitae de Artes, que obtivera mediante submissão em concurso de projetos.
Ficarelli seguiu compondo inúmeras obras para diversas formações, enquanto
desempenhava função de professor na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA – USP). Em 2012 compôs sua última obra sinfônica, a Parasinfonia, atendendo ao
Prêmio de Encomendas de Obras, realizado pela FUNARTE:
Não nos resta dúvidas de que o autor foi muito feliz em sua conclusão a respeito da
orquestração de Ficarelli. Apesar de analisar apenas duas obras (Concertante para sax alto e
orquestra e Transfigurationis), é claramente perceptível, ao analisarmos outras obras sinfônicas
de Ficarelli, que esses recursos da orquestração moderna citados são recorrentes e podem nos
ajudar a delinear um perfil estratégico para a criação de músicas orquestrais.
O segundo autor parece se preocupar primariamente com questões inerentes à
performance da obra. Apesar de tratar de algumas questões ligadas à orquestração, não
percebemos, em seu trabalho, aprofundamento ou aplicações metodológicas que pudessem
elucidar sobre os processos orquestrais presentes na obra. No entanto, Zandonade faz algumas
afirmações interessantes sobre a orquestração da obra por ele analisada, como a ideia de que a
orquestração pode gerar expectativa (2011, p. 118), e de que a orquestração da obra é leve
quando em sua função de acompanhamento (2011, p. 81).
Obviamente essas pesquisas sobre as quais discorremos não estão fundamentados
primariamente sobre perspectivas do nosso campo teórico, e sim sobre outros enfoques
analíticos, também de grande relevância para a compreensão de uma obra sinfônica. Dessa
forma, somos pioneiros no exercício de analisar a obra de Mario Ficarelli sob perspectiva da
manipulação timbrístico-orquestral, visto que o repertório moderno e pós-moderno não é
contemplado por uma teoria que fundamente de forma ampla a prática da composição de música
orquestral.
Esta empreitada é deveras desafiadora pela falta de suporte técnico e estudos anteriores
que possam se justapor ou contrapor às nossas convicções analíticas. A partir desta necessidade,
fez-se necessário identificar, de forma intuitiva, atitudes em relação à manipulação sonoro-
orquestral que fossem recorrentes e que estivessem atreladas de alguma forma à poética da obra.
Neste capítulo analisaremos as estratégias orquestrais presentes na obra de Mario
Ficarelli. Para tanto, selecionamos um conjunto de obras sinfônicas, sem solistas, de grande
relevância na carreira do compositor. São elas: Zyklus II (1976), Transfigurationis (1981),
Epigraphe (1990), Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (1991), Sinfonia No. 3 (1993) e Parasinfonia
(2012). Apesar de essa amostragem não contemplar a obra de Ficarelli em sua totalidade,
entendemos que esse conjunto de obras é suficiente para tomarmos os caminhos analíticos que
se seguirão, uma vez que nesse grupo estão contidas obras que representam quatro décadas de
produção ativa do compositor.
Para melhor compreensão e organização das análises, propusemos a divisão deste
capítulo em subtópicos, estando presente em cada um deles uma estratégia orquestral
diferenciada, as quais podem ser encontradas em uma ou mais obras dentre as selecionadas.
34
Poderíamos também subdividir este capítulo a partir da análise de cada música de forma
isolada; no entanto, essa subdivisão não proporcionaria uma conexão coerente entre as obras.
Em resumo iremos analisar trechos das obras em função da estratégia orquestral em questão.
8
Em geral, na exposição do segundo tema da Sonata Clássica, os compositores faziam modulações para o V grau
do campo harmônico quando a tonalidade original da peça era do modo maior, e modulações para o III grau quando
a tonalidade original da peça era do modo menor.
9
Concertos e Sinfonias são gêneros musicais que, ao longo dos períodos Clássico e Romântico, preservaram as
características harmônico-temáticas da sonata tradicional, acompanhando obviamente os avanços estilísticos
inerentes à época.
35
10
Os termos, estratificação, justaposição, interpolação, gradação e dissolução foram sugeridos em um verbete
sobre contraste musical encontrado no link: <https://en.wikipedia.org/wiki/Contrast_(music)>.
36
contrastantes: o primeiro demarcado pela cor vermelha, o segundo pela cor azul e o terceiro
pela cor verde. Integrando o primeiro bloco, temos os instrumentos: flauta, clarinete baixo,
trombone baixo, tuba, cellos e contrabaixos; o segundo bloco é um tutti, integrado por
praticamente todos os instrumentos da orquestra, exceto pelos trompetes, que estão reservados
para integrar o terceiro bloco, juntamente com os tímpanos, como mostra a Tabela 1.
Exemplo 1 – Zyklus II (c.32–34) – Três blocos orquestrais contrastantes.
Madeiras Madeiras
Metais
Metais Metais
Percussão
Cordas Cordas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Podemos afirmar que esse pequeno exemplo, apesar de conter apenas três compassos,
possui grande variedade de contraste orquestral, por encontrarmos agrupamentos instrumentais
distintos, colocados em sucessão pelo compositor.
Podemos perceber que o contraste entre os blocos 1 e 2 se dá de forma um pouco mais
abrupta do que entre os blocos 2 e 3. É perceptível ainda uma estratégia em torno da
continuidade dos materiais, visto que, apesar do contraste acentuado de timbre entre os blocos,
Ficarelli usa alguns instrumentos para dar continuidade e fluidez ao trecho, por exemplo na
antecipação do material dos tímpanos no bloco três. Nesse trecho o tímpano funciona como
timbre de ligação entre dois blocos. Podemos perceber essa estratégia como um atenuante de
contraste.
É importante mencionar que os materiais musicais estão expostos por meio de
timbragens heterogêneas, misturando instrumentos de sonoridades díspares, as quais
dissertaremos nos próximos tópicos desta dissertação. Diferentemente das outras passagens que
analisaremos, o compositor reserva os trompetes a uma função especial, que é a exposição do
material motívico em desenvolvimento ao longo da peça. Esse tipo de contraste contido no
Exemplo 1 acontece com certa recorrência na obra, o que nos leva a acreditar que essa é uma
38
das estratégias responsáveis pela unificação coerente da obra. A recorrência dessa estratégia
aponta para um certo delineamento formal, sobre o qual dissertaremos no próximo tópico.
A obra Transfigurationis foi composta sob encomenda e estreada pela Orquestra
Sinfônica de São Paulo em 1981. Como já dito anteriormente, Transfigurationis tem relação
direta com Zyklus II e Sinfonia No. 2 não só pela temática, mas também por ser possível
encontrar elementos recorrentes nessas três obras, tais como motivos, procedimentos de
desenvolvimento, texturas similares, além das mesmas estratégias em torno do contraste
orquestral. Transfigurationis se inicia com grande grau de contraste orquestral, embora os
primeiros gestos musicais sejam muito curtos em duração, o que demonstra o quão cuidadoso
foi o compositor ao manipular o timbre. Vejamos no Exemplo 2 como esse processo acontece.11
11
A análise do Exemplo 2, assim como no Exemplo 1, foi feita a partir da visualização de três blocos contrastantes.
O primeiro está demarcado pela cor vermelha, o segundo pela cor azul e o terceiro pela cor verde. Seguiremos
analisando blocos contrastantes dessa mesma forma, não se fazendo necessárias novas notas explicativas.
39
sua plenitude, enquanto famílias, de forma efetiva pelos mestres da composição de música
orquestral, quando considerados até o classicismo.
Tabela 4 – Famílias da orquestra utilizadas nos blocos contrastantes em Transfigurationis (c. 1–8)
Exemplo 4a – Transfigurationis (c. 48) – Redução Exemplo 4b – Transfigurationis (c. 55) – Redução
orquestral motívica orquestral motívica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
É notório que o compositor mantém o controle dos dobramentos usando instrumentos
que soam nos registros médios e graves. Além disso, mesmo dentro desses registros, o
compositor consegue criar grande diferenciação timbrística no trecho. O Exemplo 4b mostra
que o motivo exposto no compasso 55 é bem mais colorido do que quando exposto no compasso
48.
Além das questões inerentes ao equilíbrio sonoro, podemos afirmar que o maior número
de dobramentos do motivo em questão tende a ressignificá-lo em relação à sua importância no
trecho, tendo em vista que uma maior quantidade de dobramentos de um mesmo material lhe
proporciona maior volume sonoro. Esse é um dos princípios físicos básicos da orquestração.
Sendo assim, como o compositor usa esses dobramentos na estruturação da passagem
musical? Para entender completamente a estratégia por trás desse contraste timbrístico,
precisamos entender os elementos acompanhantes, visto que o contraste acentuado não se deu
apenas pelo maior dobramento do motivo principal, mas sim da mudança de todo o plano
sonoro em forma dos blocos. Além do motivo principal, podemos constatar que o material
acompanhante muda de timbre de forma acentuada na passagem (ver Exemplo 3).
A obra Epigraphe 1990 tem muito em comum com as outras obras analisadas em
relação ao contraste orquestral. O agrupamento dos instrumentos da família dos metais, em
oposição ao agrupamento das cordas e madeiras, é uma estratégia recorrente nessa e nas outras
obras analisadas de Ficarelli. Isso diz respeito a uma intenção estratégica em torno da
homogeneidade, mesmo que usando misturas de famílias instrumentais, diferentemente de
outros trechos analisados onde o contraste não se dá basicamente pela alternância entre famílias.
Esta troca de sonoridade, quando exposta de forma abrupta, traz grandes níveis de contraste à
obra. O Exemplo 5 mostra uma passagem de Epigraphe que exemplifica bem o contraste
através do agrupamento das famílias orquestrais.
44
Mais uma vez podemos observar a reserva dos metais, com a finalidade de criar
contraste timbrístico. A sonoridade dos metais conciliada à dinâmica em fortissimo acentua o
contraste do trecho, e o timbre predominante do bloco 2 pertence à família dos metais, uma vez
que esses instrumentos possuem um poder sonoro superior ao das cordas, que os acompanham
na passagem. O compositor está claramente criando sonoridades contrastantes de forma
elaborada. O uso dessa estratégia permitiu a Ficarelli manipular o corpo sonoro orquestral de
forma organizada, coerente e criativa, além de gerar expectativa pela mudança do material.
Exemplo 5 – Epigraphe 1990 (c. 48–54) – Contraste entre 2 blocos orquestrais
Por estar em constante mudança, temos a percepção de que música se move também,
por contraste timbrístico, como um impulso que leva o ouvinte a se concentrar e compreender
um novo ambiente sonoro. Dessa forma, a música guia o ouvido por sucessivas variações e
transformações estruturantes.
O que seria da análise musical sem a autoridade da percepção? Vários campos teóricos
da composição têm reconhecido a importância da compreensão cognitiva do ouvinte. Um
exemplo disso está em compreender a maneira com que o espectador recebe, processa, e
relaciona os sons musicais. Podemos imaginar que, de forma comum, o contraste é um dos
fenômenos mais atraentes ao ouvido humano. Podemos comparar o contraste musical ao
contraste causado de uma buzina em meio ao trânsito, ou à percepção do silêncio, provocado
pelo desligamento de um refrigerador de ar de uma sala de aula, após várias horas de
funcionamento contínuo. Esses são exemplos do cotidiano que podem nos levar a uma reflexão
sobre como ouvimos e percebemos variações de timbre.
Em música, podemos afirmar que o ouvinte se acostuma com uma sonoridade estática
e tende a projetar a sua continuidade, como uma forma de previsão do que acontecerá em
seguida. A quebra desse sistema resulta na surpresa e, consequentemente, em um maior nível
de atenção por parte do ouvinte com a finalidade de fazê-lo compreender a nova sonoridade e
conectá-la de forma lógica com a sonoridade anterior.
David Huron afirma em seu livro Sweet antecipation que “as propriedades estatísticas
da sequência são aprendidas como um subproduto da exposição simples, sem qualquer
percepção consciente pelo ouvinte.” (HURON, 2006, p.71). 12 A partir dessas reflexões,
podemos propor um paralelo entre a ideia de Huron, Bertissolo e o processo contrastante de
Ficarelli. A maneira como os blocos se contrastam contribui para a efetiva movimentação da
sonoridade da obra, e isso faz com que o ouvinte se torne ativo e busque uma nova compreensão
a cada mudança.
12
No original: “The statistical properties of the sequence are learned as a by-product of simple exposure without
any conscious awareness by the listener.”
46
13
Esta tese foi destinada ao departamento de música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São
Paulo.
47
Exemplo 6 – Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (c. 81–84) – Contraste entre 2 blocos orquestrais
14
As análises da Sinfonia No. 2, Mhatuhabh, não estão dispostas em um único tópico, mas em todos os tópicos
deste capítulo.
50
(continuação do Exemplo 7)
A partir das análises expostas podemos concluir que, a obra de Mario Ficarelli é rica em
contraste timbrístico-orquestral, sendo tal recurso uma estratégia recorrente em suas obras
sinfônicas, não apenas em relação ao simples colorido orquestral, mas também como atitudes
estruturantes da ideia musical. Entendemos que o estudo do timbre de uma obra sinfônica é
uma atividade importantíssima, não só para a compreensão do próprio timbre, mas para a
compreensão geral da obra, visto que os processos composicionais que envolvem contraste
orquestral tendem a mover a obra para novos planos sonoros.
Talvez seja muito óbvio afirmar que contrastes timbrísticos possam ser notados mais
facilmente do que contrastes harmônicos ou melódicos. Apesar de a escuta ser muito particular
e subjetiva, é mais óbvio pensar que os ouvintes confundam mudanças harmônicas do que
timbres de instrumentos diferentes, a exemplos de piano e violino, ou flauta e harpa. Se o timbre
pode proporcionar essa forte relação com os ouvintes, de forma geral, por que esse tipo de
abordagem teórica ainda é carente na literatura?15
Independentemente das possíveis respostas e indagações que esse questionamento possa
nos proporcionar, temos a convicção de que os grandes compositores do gênero orquestral
compreenderam e compreendem muito bem a relação entre o timbre e a percepção auditiva.
Suas obras são compostas, portanto, com relevantes estratégias timbrísticas criativas, as quais
relancionam-se a sua poética musical.
O próximo tópico desta dissertação relaciona os diferentes níveis de contraste orquestral
encontrados na obra de Ficarelli às suas estruturas formais.
15
Este assunto já foi anteriormente dissertado, mas sentimos que a reflexão reiterada se fez necessária.
53
16
No original: “The understanding of twentieth-century music requires first an understanding of the materials
which are being employed. The listener must start with the ideia that any event in any parameter (pitch, duration,
timbre, dynamics) can have a formative function in the music and can contribute to the resultant shape of the
piece.”
17
O Gráfico 1 foi elaborado a partir da análise do fluxo instrumental dos compassos 82–90 do primeiro
movimento. As madeiras foram representadas pela cor verde, os metais em amarelo, percussão em preto e cordas
em marrom.
54
tutti final da peça. Essa simples estratégia garante que o ouvinte se mantenha atento ao “mantra”
que se desenvolve através de modulações timbrísticas ao longo de seus aproximadamente 15
minutos de duração. A questão é que esse simples exemplo pode nos dar a ideia de quão efetiva
uma estratégia de densificação gradual da textura pode ser efetiva e influenciar na compreensão
formal da obra.
Afirmamos que a densificação sonora está ligada à expansão da forma, por percebermos
que as passagens onde identificamos este tipo de estratégia estão alongados. Todo o primeiro
movimento da Sinfonia No.2, ‘Mhatuhabh’, apresenta essa estratégia, com exceção da segunda
parte (c.75–103), onde a sonoridade orquestral se desenvolve em blocos contrastantes.
Lembremos que estamos abordando dois tipos diferenciados de manipulação do timbre
orquestral: a densificação gradual gerada pelo agrupamento dos instrumentos e o contraste
gerado pela sucessão de blocos orquestrais contrastantes. A análise contida no Gráfico 218,
demonstra o processo de densificação gradual criado pelo compositor.
Gráfico 2 – Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (c. 62 –73) – estudo quantitativo do fluxo instrumental
c. 62 c. 63 c. 64 c. 65 c. 66 c. 67 c. 68 c. 69 c. 70 c. 71 c. 72 c. 73
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Após compararmos os dois gráficos, podemos concluir que ambos representam
estratégias comuns na obra de Mario Ficarelli. Apesar de essas estratégias estarem ligadas ao
agrupamento de instrumentos, podemos afirmar que cada uma desenvolve uma função diferente
nos trechos analisados.
Na análise formal da Sinfonia No. 2, feita pelo próprio autor em sua tese de livre-
docência, podemos perceber a importância que Ficarelli dava ao desenvolvimento motívico.
Ele demarca a primeira sessão do primeiro movimento e a analisa sob perspectiva das operações
18
O Gráfico 2 foi elaborado a partir da análise do fluxo instrumental dos compassos 62–73 do primeiro movimento
da Sinfonia No.2, ‘Mhatuhabh’. As madeiras foram representadas pela cor verde, os metais de amarelo, percussão
de preto e cordas de marrom.
56
motívicas presentes no trecho. Acreditamos que, apesar de o compositor não ter esclarecido as
estratégias orquestrais desse trecho, a densificação orquestral que representamos no Gráfico 2
se inicia desde o primeiro compasso do movimento (c. 35), e termina onde o compositor indica
ter finalizado a primeira sessão do movimento (c.73), conforme mostram os Exemplos 8a e 8b.
Exemplo 8a – Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (c. 35–43) – Análise formal e motívica feita por Ficarelli
Exemplo 8b – Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (c. 67–73) – Análise formal e motívica feita por Ficarelli
Exemplo 9 – Parasinfonia (c. 88–101) – Relação entre contraste orquestral e estruturas formais
A tarefa de compor obras destinadas à formações sinfônicas pode ser desafiadora, visto
que, entre as múltiplas tarefas do compor, o autor também terá de lidar rotineiramente com
escolhas de natureza instrumental. Compreender o timbre orquestral a partir do entendimento
das peculiaridades e idiossincrasias dos instrumentos, sozinhos ou agrupados, se faz necessário
para extrair o máximo do potencial sonoro da orquestra. Não é coincidência que a maioria dos
manuais e tratados de orquestração lidem com esse tema, exclusivamente por essa perspectiva.
Existem incontáveis maneiras de combinar os timbres de uma orquestra sinfônica. Em
geral, entendemos que o agrupamento de dois ou mais instrumentos gera um timbre composto.
A partir do estudo das obras analisadas19, pudemos perceber o uso de três estratégias orquestrais
em torno da fusão timbrística-orquestral. São elas: combinações homogêneas, combinações
heterogêneas e sons emergentes. Exemplificaremos essas três estratégias ao longo deste tópico,
na tentativa de tornar claras suas diferenciações. Podemos salientar que a subjetividade desses
termos é enorme, assim como suas variantes, além de que suas análises tendem a gerar opiniões
contrárias. Justamente por isso, em vários momentos demos relevância à nossa percepção
auditiva-analítica, deixando as nossas constatações sempre abertas a novas perspectivas de
análise.
19
As obras analisadas para a construção deste tópico são as mesmas do tópico anterior: Zyklus II,
Transfigurationis, Epigraphe 1990, Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’, e Parasinfonia.
61
Famílias Descrição
Aerofones Instrumentos que soam através da vibração de uma coluna de ar
Cordofones Instrumentos que soam através da vibração de uma corda
Membranofones Instrumentos que soam através de vibração de uma membrana
Idiofones Instrumentos que soam através da vibração do seu próprio corpo
Eletrofones Instrumentos que soam através de impulsos elétricos
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
É evidente que dois instrumentos de uma mesma família organológica possuam
timbragem mais homogênea do que dois instrumentos de famílias diferentes. No entanto,
existem controvérsias acerca desta afirmação. Podemos propor a timbragem de dois
instrumentos, um violoncelo e um berimbau, por exemplo. Apesar de sabermos que esses dois
instrumentos estão classificados na família dos cordofones, sabemos que os eles não apresentam
uma timbragem que possa ser classificada como homogênea. Um outro caso semelhante é a
timbragem de um acordeão e uma flauta; apesar de serem aerofones, esses dois instrumentos
não possuem sonoridade homogênea.
Um eficaz ponto de partida para a compreensão de homogeneidade e heterogeneidade
timbrística é a comparação de instrumentos de um mesmo registro de alturas. Como exemplo
podemos mencionar a timbragem entre um clarinete baixo e uma tuba. Os dois instrumentos
são aerofones, porém pertencem a famílias orquestrais diferentes, sendo o primeiro pertencente
à família das madeiras e o segundo, à família dos metais. Mesmo assim, consideramos a
timbragem entre esses dois instrumentos subgraves como sendo homogêneas.
20
O termo contraste pode ser definido como a “Diferença ou oposição fortes, marcantes, entre coisas análogas
ou que se apresentam no mesmo contexto de percepção.” (AULETE; VALENTE, 2017).
62
O Exemplo 12 mostra uma passagem da Sinfonia No. 3, onde os agrupamentos são feitos
de forma camerística. É possível notar algumas combinações entre sonoridades díspares no
trecho, principalmente nos compassos 76 e 77, onde o compositor opta por combinar o piccolo
com 2 ou 3 violinos, destacados na cor preta, e o grupo formado por trombone, viola e
violoncelo, destacados na cor vermelha. Podemos notar também a combinação de clarinete com
fagote, os quais não se classificam como díspares por serem da mesma família orquestral, mas
possuem uma certa diferenciação timbrística por conta do tipo de embocadura.21 Apesar dessas
três combinações estarem em um mesmo registro sonoro, podemos afirmar que elas têm
diferentes potenciais de timbragem. Ainda, apesar de entendermos no tópico anterior que as
articulações em staccato ajudam o agrupamento a parecer mais homogêneo, constatamos
também que a timbragem entre trombone e viola é muito mais heterogênea que a timbragem
entre piccolo e violinos.
A família das madeiras é subdividida em três: os instrumentos de embocadura livre,
representados pelas flautas; os instrumentos de palheta simples, representados pelos clarinetes;
e os instrumentos de palheta dupla, representados pelos oboés, fagotes e seus auxiliares. Essas
subfamílias do naipe das madeiras possuem sonoridade muito peculiar pelo tipo de embocadura,
sendo esses instrumentos muito mais homogêneos quando timbrados entre si do que quando
timbrados com instrumentos de uma subfamília diferente. Visto isso, podemos considerar o
dobramento entre clarinete e fagote no Exemplo 12 como heterogêneo, visto que o compositor
poderia ter escolhido combinações mais homogêneas, como oboé e fagote, ou clarinete e flauta,
ou ainda oboé e corne inglês.
Podemos notar, ainda no Exemplo 12, que o compositor opta por gerar um contraste
timbrístico através da valorização entre combinações homogêneas (c. 74–75) e heterogêneas
(c. 76–77). O Exemplo 13 demonstra um outro tipo de agrupamento timbrístico heterogêneo,
onde o compositor usa instrumentos de todas as famílias de uma forma muito peculiar.
21
O clarinete possui palheta simples, enquanto o fagote possui palheta dupla, fato que diversifica bastante o timbre
dos dois instrumentos.
66
trompas e cordas, além do rufo contínuo nos tímpanos que contribuem ainda mais para a
heterogeneidade dessa passagem. Não esqueçamos, ainda, do contraste criado pelo uso da
bigorna na passagem, que tem grande importância temática,22 e que, em oposição aos outros
instrumentos que se encontram amalgamados pela estaticidade rítmica, executa um padrão
rítmico. Tanto esse padrão rítmico quanto o seu timbre atípico, pelo menos em um contexto
orquestral, trazem ao trecho uma sonoridade ainda mais exótica e heterogênea. Neste trecho
Ficarelli abandona o emprego do desenvolvimento motívico recorrente em toda sua obra e opta
por uma construção mais textural, podemos relacionar essa estratégia à construção formal da
obra, visto que a sonoridade está situada na coda e representa uma transição temática e
timbrística em direção ao segundo movimento.
Vistas essas combinações timbrísticas homogêneas e heterogêneas, seguiremos ao
próximo tópico, no qual dissertaremos sobre os sons emergentes encontrados na obra de Mario
Ficarelli.
22
A bigorna é usada na obra como referencial sonoro para simbolizar a reconstrução do planeta, pelos
sobreviventes de Mhatuhabh.
69
apenas instrumentos de percussão de altura indefinida — entre estes, o prato suspenso e o tam-
tam, instrumentos ricos em harmônicos.
Exemplo 14 – Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’ (c. 106–109) – Sons emergentes
não apenas pela complexidade da sonoridade, mas porque o compositor opta pelo abandono do
desenvolvimento motívico como principal potencial estruturante para uma construção que
aponta para um desenvolvimento mais textural.
O Exemplo 15 demonstra outra passagem em que Ficarelli cria sonoridades emergentes
a partir de efeitos timbrístico-orquestrais. O trecho contém glissandos que, quando combinados
estrategicamente, proporcionam uma sonoridade ímpar ao trecho, visto que glissandos tendem
a ser ricos em harmônicos e representam uma certa aleatoriedade, tornando-se um recurso
moderno muito usado entre os orquestradores dos séculos XX e XXI. É muito interessante
analisar a direcionalidade dos glissandos do trecho e perceber que, enquanto alguns
instrumentos têm direção ao registro grave, outros se direcionam ao registro agudo
simultaneamente, o que gera um efeito diferente do que haveria se todos os instrumentos
estivessem escritos com a mesma direção. Combinado a isso, as madeiras e o piano reforçam o
efeito do glissando, por meio de figuração rítmica movimentada e com direcionalidade voltada
ao registro médio-agudo. Ficarelli parece aproveitar este efeito timbrístico-orquestral para
desenvolver o trecho de forma coerente, visto que os glissandos se tornam recorrentes durante
a passagem.
A passagem musical contida no Exemplo 16 contém agrupamentos timbrísticos, que
resultam na criação de sonoridades emergentes em grande escala, por estarem dispostas em
tutti. Os agrupamentos timbrísticos do trecho estão sobrepostos formando uma textura mais
complexa que as contidas nos exemplos anteriores. Os dobramentos em destaque, nas cores
vermelha e azul, estão todos combinados com a intenção de criar efeitos timbrísticos
orquestrais. Em vermelho estão destacados: contrabaixos, violoncelos, tímpanos, bombo e
trombone. Por outro lado, a timbragem destacada em azul mostra o dobramento entre 4 trompas,
vibraphone, violinos e violas.
Além da instrumentação atípica e bastante heterogênea, salientamos que os materiais
musicais reforçam as sonoridades emergentes na passagem, visto que o agrupamento em
vermelho combina diversos glissandos simultâneos, enquanto o agrupamento azul é construído
com trêmolos em todos os instrumentos. O uso dessas técnicas peculiares confere ao trecho
uma certa plasticidade sonora. As combinações timbrísticas desse trecho nos proporcionam a
compreensão de que o compositor evoca uma sonoridade diferenciada, visto que, em sua maior
parte, as combinações timbrísticas da obra resultam em sonoridades homogêneas e
heterogêneas. Os sons emergentes são utilizados em outros momentos da obra, apontando
sempre para uma atitude em torno do contraste timbrístico.
71
A partir das análises feitas no capítulo anterior, pudemos constatar uma série de
estratégias criativas em relação à manipulação do timbre orquestral. Foi possível perceber que
essas estratégias estão, quase sempre, atreladas ao discurso poético da obra, bem como às
estruturas formais das obras analisadas.
A obra Spero, composta em 2018 para orquestra sinfônica, integra esta dissertação de
forma prática a partir da aplicação das estratégias orquestrais inspiradas no nosso trabalho
analítico desenvolvido sobre as obras sinfônicas de Mario Ficarelli. Spero foi criada a partir da
manipulação timbrístico-orquestral, na tentativa de valorizar, em primeiro grau, procedimentos
inerentes à arte de orquestrar. Para a formulação de seu memorial, apresentaremos análises da
obra, relacionando-as ao capítulo anterior, onde estão expostas as análises de contraste
orquestral e combinações timbrísticas.
O termo em latim spero quer dizer “esperança” e é uma resposta direta à temática
exposta por Ficarelli em suas obras Zyklus II, Transfigurationis e Sinfonia No. 2, ‘Mhatuhabh’.
O intervalo de segunda menor — oriundo das notas Fá e Mi que, segundo a teoria kepleriana,
correspondem às duas frequências que caracterizam a terra —, está presente também ao longo
da obra Spero. Assim como em Transfigurationis, quando apresentado em direção descendente,
esse intervalo representa o estado decadente do ser humano, salvo pela ultima aparição do
motivo (c. 165), onde a nota Mi é harmonizada com a expansão de um acorde de Mi maior, este
último representando a esperança e a salvação da humanidade.
O Exemplo 17 contém um trecho da obra que foi composto com base na interpolação
entre blocos orquestrais contrastantes, como podemos notar nos blocos 1, 2 e 3, evidenciados
pelas cores vermelha, azul, e verde respectivamente. O contraste timbrístico do trecho acontece
através da abrupta mudança de agrupamentos instrumentais, conforme mostra a Tabela 6.
Tabela 6 – Agrupamentos instrumentais utilizados nos blocos contrastantes em Spero (c. 91–111)
23
Salientamos que as análises desta obra não estão dispostas linearmente, motivo pelo qual começamos nossas
análises a partir do compasso 91.
76
O Exemplo 18 mostra um trecho em que a aplicação de contraste não foi feita apenas
por blocos em sucessão, como no exemplo anterior, mas também em blocos expostos em
sobreposição. Os blocos timbrísticos destacados pelas cores, vermelha, azul, verde e amarela
se encontram em contraste harmônico, uma vez que todos soam ao mesmo tempo. Esses blocos
são recorrentes na obra, fato que pode proporcionar ao ouvinte a experiência de um déjà vu, já
que eles não estão sendo repetidos em um mesmo contexto timbrístico. Vale ainda salientar que
o contraste entre os blocos harmônicos do Exemplo 18 são potencializados pelas diferenciações
de articulação, dinâmica e registro de alturas.
Exemplo 18 – Spero (c. 119–129) – Sobreposição de blocos timbrísticos contrastantes
24
O clímax da meta orquestral a que nos referimos se encontra em destacado em preto, no Exemplo 19.
79
que se inicia no espectro grave da orquestra, até a chegada ao espectro médio-agudo de forma
gradual.
Exemplo 19 – Spero (c. 1–35) – Densificação e meta orquestral
O planejamento formal prévio de uma obra é uma boa forma de garantir o controle e a
consistência das estratégias a serem trabalhadas. No caso do Exemplo 19, podemos afirmar que
todo este trecho foi idealizado e arquitetado anteriormente à escrita de qualquer nota musical
no pentagrama, através da aplicação consciente de uma estratégia orquestral baseada no
controle da densidade sonora da orquestra.
Mais uma vez tentamos aqui o processo de valorização da massa sonoro-orquestral em
primeiro grau, na ideia composicional.
O Exemplo 20 contém uma passagem musical, estruturada a partir da construção linear
de três blocos timbrísticos-orquestrais, destacados nas cores vermelha, azul e verde,
respectivamente. Estes se sucedem de forma abrupta e caracterizam o que classificamos em
nossa pesquisa como contraste máximo, com a mínima excessão dos tímpanos que pertencem
aos blocos 1 e 2. O contraste timbrístico máximo acontece quando um bloco sonoro é sucedido
com total mudança de timbre, ou seja, sem a continuidade de nenhum dos instrumentos que
estavam sendo utilizados no bloco anterior, como podemos notar na Tabela 7. Vale ressaltar
que o fato de os fagotes estarem presentes nos blocos 1 e 3 não atenua as relações de contraste
desse exemplo, visto que esses blocos não se sucedem diretamente.
Tabela 7 – Agrupamentos instrumentais utilizados em contraste máximo em Spero (c. 49–65)
Exemplo 20 – Spero (c. 49–65) – Contraste máximo entre três blocos orquestrais
perspectiva primária essas estratégias orquestrais, é algo muito pouco teorizado e exemplificado
entre os campos teóricos da composição musical.
Seguiremos aos próximos tópicos, onde dissertaremos sobre as combinações
timbrísticas presentes na obra Spero, tendo em vista a integração delas com as estratégias de
combinação timbrística.
25
A classificação organológica pode ser consultada na Tabela 5 (p. 72) do capítulo anterior.
26
Esta última é oriunda do Capítulo 3, onde analisamos uma obra de Ficarelli de mesma organização.
27
A família das madeiras é subdividida em três subfamílias: instrumentos com embocadura livre, instrumentos
com palheta simples e instrumentos com palheta dupla.
83
têm característica muito peculiar e bastante diferenciada em relação às outras subfamílias das
madeiras.
Exemplo 21 – Spero (c. 57–68) – Combinações timbrísticas homogêneas e heterogêneas
trecho, como se fosse uma “quinta trompa”, na tentativa de alargar o ambiente sonoro via uma
fusão alcançada pelo tipo de registro.28
Exemplo 22 – Spero (c. 91–101) – Combinação timbrística homogênea
28
É comum nos manuais de orquestração, a abordagem de mudanças de perspectiva sonora mediante registros,
até mesmo de instrumentos da mesma família, para obter maior ou menor grau de diferenciação sonora.
85
29
Os três agrupamentos timbrísticos estão dispostos em uníssono.
86
30
Detaché é a técnica mais convencional entre os instrumentos de cordas da orquestra, com a qual estes são
tocados com a fricção do arco, de forma alternada, sem acentuar as notas e de maneira “lisa".
87
31
A concepção de que o som possui elementos integradores além de sua série harmônica é oriunda das pesquisas
sobre o espectro sonoro de Grisey, Murail e outros compositores espectrais. Para maior aprofundamento
bibliográfico recomendamos a leitura de Humięcka, (2009), Drott (2005), Griffiths (2011), Slonimsky (2004) e
Taruskin (2005).
32
Motivo principal da obra que remete à teoria kepleriana, conforme abordado no capítulo anterior.
88
sobreposição de quintas justas. Os glissandos, por si só, garantem um efeito orquestral que se
diferencia da sonoridade comum ao trecho e à obra de forma geral.
Exemplo 26 – Spero (c. 142–153) – Sons emergentes
33
Entendemos que os parciais provenientes de notas longas estáticas são estáveis, enquanto que os parciais
oriundos das notas em glissando são instáveis e representam certa plasticidade sonora no trecho.
90
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
análises das obras sinfônicas de Mario Ficarelli. Spero não é a nossa primeira obra orquestral,
por isso pudemos compará-la às demais e notar um grande avanço em direção à consciência e
à exploração dos recursos timbrísticos da orquestra, de forma que, sem as constatações
provenientes das análises feitas, esta obra não teria tanta relevância, em relação às suas
estratégias orquestrais. Isso se daria mesmo que estivesse abordando o assunto, na criação dessa
obra com uma certa simplicidade textural, propositadamente enfatizando em primeiro grau
estratégias inerentes à arte da orquestração.
Esperamos que, com esta dissertação, novas perspectivas analíticas sejam discutidas e
implementadas em pesquisas posteriores, como também surjam métodos didáticos que possam
reforçar ou contrapor o nosso discurso. A partir disto, esperamos ainda que se desdobrem novas
aplicações práticas, as quais garantam a criação de novas obras. Esperamos também que esta
pesquisa desperte o interesse de compositores, para que eles possam formular propostas teóricas
baseadas na concepção cognitiva do ouvinte em relação à manipulação do timbre orquestral,
pois consideramos esse tipo de abordagem indispensável para a compreensão das estratégias
orquestrais de uma obra.
92
REFERÊNCIAS
ADLER, Samuel. The Study of Orchestration. 2. ed. New York: Norton. 1989.
AULETE, Francisco J. Caldas; VALENTE, Antonio Lopes dos Santos. Dicionário Aulete
Digital. [s/l]: Lexikon Editora Digital, 2017. s.v. “contraste”. Disponível em:
<http://www.aulete.com.br/>. Acesso em: 19 mar. 2017.
BLATTER, Alfred. Instrumentation and Orchestration. 2nd ed. New York: Schirmer
Books, 1997.
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WENNERSTROM, Mary. Form in Twentieth Century Music. New Jersey: Prentice Hall,
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Spero
(Em homenagem a Mario Ficarelli) Kedson Silva - 2018
q = 90
4 ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Piccolo &4
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Percussion 1 ã 4
Percussion 2 ã 44 ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Percussion 3 ã 44 ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Violin I & 44 ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
4 ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Violin II &4
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Cello 4 wæ
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Spero 96
2
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Spero 97
3
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Spero 98
4
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Spero 99
5
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Spero 100
6
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Spero 101
7
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65
Vln. I &
Vln. II & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
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Spero 104
10
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Picc. & æ æ æ
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Perc. 3
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Spero 105
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Soprar no tudo sem vibração labial
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Soprar no tudo sem vibração labial
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Soprar no tudo sem vibração labial
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Timp.
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Spero 106
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Tuba
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Timp.
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Perc. 1 ã ˙.
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Vln. I &
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Spero 107
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∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 42 ∑ ∑
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Perc. 1
F
Perc. 2 ã ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 42 ∑ ∑
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 2 ∑ ∑
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97
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Vln. I & 4
F
Vln. II & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ # Ȯ .. 42 ∑ ∑
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Cb. 4
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Spero 108
14
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105
Picc. & 4
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4 ∑
Fl. & 4
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Ob. & 4
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B. Tbn. ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4
Tuba
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105
w
Timp.
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∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4 ∑
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∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4 ∑
105
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Mrb.
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4
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4 ∑
105
Perc. 1 ã 4
˙ ˙
F wood-block
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4
Perc. 2 ã 4
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Perc. 3 ã ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 44 ∑
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105
Vln. I &
F
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 4
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F
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Vla. 4
F
Ȯ Ȯ
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Vc. 4
F
Ȯ Ȯ
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Cb. 4
F
Spero 109
15 Moderato {q = c 108}
accel.
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Picc. &
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Timp.
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Mrb.
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113
Perc. 1 ã
Perc. 3 ã ∑ ∑ ∑ œ œ œ œ œ œ
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113
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F
Vln. II & ∑ ∑ ∑ ∑ Œ œ bœ œ bœ œ #œ nœ œ nœ œ œ bœ Œ œ bœ œ bœ œ #œ nœ œ nœ œ œ bœ ∑ ∑
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Vc.
? ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Cb.
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Spero 110
16 #˙. œ ˙
accel. Allegro {m q = c 120}
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∑ ∑ Œ ∑ ∑
121
&
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Picc.
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Mrb.
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121
Vln. I &
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Spero 111
17
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