Accioly, Elizabeth. Mercosul e União Européia: Estrutura jurídico-institucional.
Curitiba: Juruá, 2004.
- Desde o governo Campos Sales, em 1900, e mais tarde, em 1935, na
administração Getúlio Vargas, foram encaminhadas negociações no intuito de formar a integração dos três países economicamente mais expressivos da América do Sul. Essa tentativa ficou denominada como o Bloco ABC, pois pretendia unir a Argentina, o Brasil e o Chile. Tal idéia foi, à época, desaconselhada e desestimulada pelo governo norte-americano (pág. 59).
- Recorda-se, por oportuno, que o critério de supranacionalidade, segundo ensina
Pierre Pescatore, supões três elementos: primeiro, o reconhecimento de valores comuns; segundo, submeter determinados poderes a serviço do cumprimento desses valores comuns; e terceiro; a existência da autonomia desse poder, destinado ao cumprimento desses valores comuns. E isso se instrumentaliza mediante a chamada delegação de atribuições. Ressalta-se o uso do termo delegação, e não transferência de atribuições [...] (pág. 163).
- Já a opção dos países do Mercosul é pela cooperação entre os Estados e não
pela integração; a primeira horizontal, não havendo poder acima dos Estados, e a segunda, vertical, onde há um poder superior –vértice natural da integração–, para executar os objetivos comuns por eles delegados. O Protocolo de Ouro Preto manteve, em seu art. 2o, a estrutura orgânica de tipo intergovernamental, submetida à regra de unanimidade: "São órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e o Conselho de Comércio do Mercosul" (pág. 166).
- Sabe-se que o modelo intergovernamental foi o único caminho possível quando
da criação do Mercosul, haja vista as Cartas Constitucionais não viabilizarem a criação de um bloco supranacional. Paraguai e Argentina, no entanto, após revisão constitucional, em 1992 e 1994 respectivamente, permitem a delegação de competências a organismos supranacionais. Por outro lado, Uruguai e Brasil permanecem reticentes quanto a esse tema. Assim sendo, há nestes países uma barreira à supranacionalidade, a depender de uma reforma constitucional (pág. 167).
- Lo cierto es que el criterio que ha imperado, pero por cierto no unánimemente
deseado, ha sido y lo sigue siendo –incluso en el Protocolo de Ouro Preto–, el negarle al proceso de integración el menor viso de supranacionalidad. Esta posición ha sido sostenida principalmente por Brasil, argumentando en impedimentos de orden constitucional (pág. 168, citando Otermin, Jorge Perez, El Mercado Común del Sur: Desde Asunción a Ouro Preto, Montevidéu: Fundación de Cultura Universitaria, 1995, p. 24).