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Vf \i ii\y

DO AFITESANATO
INDÍGENA
BERTA G. RIBEIRO
DICIONÁRIO DO
ARTESANATO INDÍGENA

A elaboração deste Dicionário


obedeceu ao propósito de sistemati­
zar a cultura material indígena. Es­
peramos que, dessa forma, possa
prestar bons serviços aos que dele
disporem, oferecendo informações
práticas necessárias ao manejo e es­
tudo dos objetos recolhidos aos
museus e encontrados nas aldeias.
Além da parte lexicográfica,
tornou-se necessário dotá-lo de ilus­
trações. E também de informações
de ordem técnica e cientifica, a sa­
ber, os processos de manufatura e
as matérias-primas neles empregadas.

Às definições de cada artefato


foi dado o desenvolvimento compa­
tível com sua importância, o qual é
detalhado nos itens e globalizado
nas definições genéricas. Era tam­
bém essencial imprimir ao Dicioná­
rio uma disposição que facilitasse o
mter-relacionamento das palavras-
chave, o que foi feito.

Tendo em vista a simplifica­


ção e facilidade de manuseio, os
itens limitaram-se ao vocabulário já
consagrado pelo uso, dando-se, sem­
pre que necessário, sinônimos. En­
contrar-se-ão alguns neologismos
inevitáveis para indicar os objetos
que não têm designação vernácula.
Procurou-se englobar no Di­
cionário todas as categorias de arte­
fatos encontradas, comumente, nos
acervos de museus etnográficos. Os
claros que acaso tenham ficado po­
derão ser preenchidos, com o uso,
segundo as normas aqui estabeleci­
das.
DICIONÁRIO
DO ARTESANATO INDÍGENA
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ribeiro, Berta G.
R367d Dicionário do artesanato indígena / Berta G. Ribeiro ; ilustra­
ções de Hamilton Botelho Malhano. - Belo Horizonte : Itatiaia ;
São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1988.

(Coleção Reconquista do Brasil. 3. série especial ; v. 4)

Bibliografia.

1. Artesanato - Brasil - Dicionários 2. índios da América do


Sul — Brasil - Artesanatos — Dicionários I. Malhano, Hamilton
Botelho. 11. Título. III. Série ; Reconquista do Brasil. 3. série
especial : v. 4.

CDD-745.508998081
87-2526 -745.503

índices para catálogo sistemático:

1. Artesanato : Dicionários 745.503


2. Artesanato indígena : Brasil 745.508998081
3. Brasil : Artesanato indígena 745.508998081
I

Obra publicada
em co-edição com a

EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitor: José Goldemberg


Vice-Reitor: Roberto Leal Lobo e Silva Filho

EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Presidente: José Carneiro

Comissão E d ito ria l :

Presidente: José Carneiro. Membros: Alfredo Bosi,


Antonio Brito da Cunha, José E. Mindlin e
Oswaldo Paulo Forattini.
COLEÇÃO RECONQUISTA DO BRASIL (3? série especial)
Dirigida por Antonio Paim, Roque Spencer Maciel de Barros
e Ruy Afonso da Costa Nunes. Diretor até o volume 3
Mário Guimarães Ferri (1918-1985)

V olum e 4

De todos os volumes desta “Série Es­


pecial” da Coleção “Reconquista do
Brasil” são tirados cem exemplares em
papel vergé creme - numerados de
001 a 100, fora do Comércio, destina­
dos a colecionadores e biblilófilos.

CAPA
CLÁUDIO MARTINS

Ilustrações de
Hamilton Botelho Malhano

EDITORA ITATIAIA LIMITADA


Rua São Geraldo, 53 — Fone : 222-8630
Rua da Bahia, 902 — Fones : 224-5151 e 226-6997
ZONTE Rua São Geraldo, 67 — PABX: 212-4600 e 222-7002
BERTA G. RIBEIRO

DICIONÁRIO
DO ARTESANATO INDÍGENA

Editora Itatiaia Limitada


Editora da Universidade de São Paulo
Projeto: NOMENCLATURA DAS COLEÇOES
ETNOGRÁFICAS

Apoio: Coordenadoria Geral de Acervos Museológicos,


Fundação Nacional prõ-Memória, Ministério da Cultura

COORDENADORIA
G E R A L DE

ACERVOS
MUSEOLCGICOS

Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Museu do índio, Fundação Nacional do índio

Copyright (c) Fundação Nacional pró-Memória


para a primeira edição brasileira

Capa: Cláudio Martins

Apresentação: Thekla Hartmann

Revisão: Gilberto Lima Martins

Coordenação Gráfica/ Diagramação/


Composição e Arte-final:
Line’s Studio Ltda - (021) 263-1029

1988

Direitos de Propriedade Literária adquiridos pela


EDITORA ITATIAIA LIMITADA
Belo Horizonte

IMPRESSO N O BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
/

t
APRESENTAÇAO

Berta Ribeiro escreve muito e escreve bem. E sem­ na babel de projetos que visam desnorteadamente‘um
pre sobre o tema que faz anos a preocupa: o produto resgate da memória nacional no vazio de conceitos bási­
tangível do trabalho humano, o artefato. Como expres­ cos para isso, de critérios operantes, de terminologia pre­
são de arte ou de técnicas artesanais diversas, no seu con­ cisa e adequadal Quem, senão Berta, a reconhecer atra­
texto de origem — na aldeia indígena ou no barro rural vés do presente trabalho a desordem crônica e gritante
— ou no meio para o qual se transplanta, o universo ur­ dos depósitos de museus — pomposamente designados
bano. Portanto, a todos os que, por inclinação ou por por “reservas técnicas” —em que se atulham milhares de
ofício, estão ligados ao objeto, a obra escrita de Berta artefatos obtidos e mantidos a alto custo, sem nome,
Ribeiro interessa. E eis outra característica dela: menos sem história e sem destinação?
que à autora ou sua carreira, essa obra sempre serve aos Ao meter-se na insana trabalheira de fabricar uma
outros, sejam colecionadores particulares, curiosos, terminologia para racionalizar o trato com o objeto, Ber­
aficdonados ou curadores de museus, sejam índios, arte­ ta Ribeiro por certo desejou as controvérsias a que daria
sãos rústicos ou órgãos oficiais incumbidos do fomento origem. Testado em espécimes isolados e em coleções,
ao artesanato popular, sejam estudiosos de cultura mate­ seu esquema promete abrir a discussão entre as gentes do
rial. Incompletos muitas vezes, os escritos de Berta Ri­ “métiefi”, desprovidas até agora de uma proposta orgâni­
beiro são, entretanto, sempre pioneiros, respondendo a ca para desigpar, classificar e comparar artefatos.
necessidades difusas, ánda não formuladas, na orla do
consciente. Arrojados também, mesmo atrevidos: quem,
senão Berta, ousaria um tesauro, um dicionário da termi­ Thekla Hartmann
nologia artefatual? Como a exigir um mínimo de ordem Museu Paulista

9
Apresentação
V
PREFACIO

A presente nomenclatura das coleções etnográficas metodologia de indexação e das etapas iniciais de reda­
tem por objetivo normalizar a terminologia dos produtos ção dos glossários. Em outubro de 1985, o projeto foi
ce cultura material indígena recolhidos a museus, pres­ interrompido em virtude de minha pesquisa de campo
tando-se, também, em parte, para recuperar informação entre os índios Desâna, do alto rio Negro, e meu des­
de material semelhante proveniente da cultura rústica ligamento do Museu do índio. Foi retomado em março
brasileira. de 1986 e concluído em julho de 1987.
. Trata-se de criar uma linguagem documental contro­ Na etapa inicial, com a assistência de Adalgiza Bom-
lada capaz de indexar documentos museológicos e facili­ fim d’Eça, foram realizadas consultas com as museólogas
tar o acesso às informações, assim estruturadas, mediante Célia Corsino, Margarida Ramos e Helena Ferrez sobre
catalogação com uso de computador. O trabalho se re­ aspectos técnicos, tais como, a estruturação dos glossá­
comenda tendo em vista que: rios tendo em vista as relações entre os termos —sinoní-
1) a documentação museológica manual exige grande micas, hierárquicas e outras —isto é, à maneira de tesau-
esforço, quase sempre infrutífero; ro.
2) a necessidade de cadastrar os acervos artefatuais de Posteriormente, em março de 1986, o projeto foi
tribos indígenas extintas, em vias de extinção ou ameaça­ exposto por mim e por Adalgiza a um grupo de trabalho
das de descaracterização, a fim de recuperar as informa­ convocado para a 15? Reunião bianual da Associação
ções neles contidas; Brasileira de Antropologia, que teve lugar em Curitiba.
3) essa recuperação presta-se não só a fins acadêmicos, Participaram do encontro as antropólogas Maria Heloísa
ou de “memória nacional’’, senão, também, a fins práti­ Fénelon Costa, do Museu Nacional, Sonia Ferraro Dorta,
cos: o resgate do patrimônio ancestral pelos próprios ín­ do Museu Paulista, Edna de Melo Taveira, do Museu An­
dios; tropológico da Universidade Federal de Goiás, Lux Vi-
4) tanto curadores de museus como antropólogos se dal, do Acervo Plínio Ayrosa da Universidade de São
ressentem da falta de um guia terminológico para unifor­ Paulo, Ana Margareth Heye e Ricardo Gomes Lima, do
mizar a descrição dos elementos de cultura material e o Instituto Nacional do Folclore, que ofereceram suges­
cadastramento das coleções para pesquisa e consulta. tões e ajudaram a melhorar o projeto. Para isso também
Neste sentido, a normatização vocabular proposta inte­ contribuiram Lúcia H. van Velthem, do Museu Goeldi e
ressa a um âmbito muito grande de instituições, tanto Dominique Gallois, do Acervo Plínio Ayrosa, às quais
museológicas como antropológicas, no Brasil e no exte­ foram enviados, tal como às pessoas anteriormente cita­
rior. Só assim será possível ter acesso às coleções como das, os capítulos iniciais dos glossários para apreciação e
se tem, normalmente, aos livros de uma biblioteca. crítica.
Cabe reconhecer que a clientela potencial de um ca- A realização desse estudo não teria sido possível sem
tálogo sistemático de documentos etnográficos é ainda o entusiasmo e a dedicação de Adalgiza Bomfim d’Eça.
pequena São poucos, com efeito, os especialistas inte­ E não fosse a solicitude e perícia do antropólogo, arqui­
ressados em pesquisas de acervos museológicos no cam­ teto e desenhista Hamilton Botelho Malhano, que se in­
po da etnologia indígena e cultura popular. É de se pre­ cumbiu das ilustrações. A familiaridade de Malhano com
ver, contudo, que a catalogação mecânica das coleções as coleções etnográficas do Museu Nacional, a experiên­
propiciará a oportunidade de: cia de trabalho de campo entre os índios Kafajá e do alto
1) atrair maior número de estudiosos para essa subdis- Xingu, tomaram exeqüível a imensa tarefa de que se in­
ciplina da antropologia; cumbiu — elaborar 1.430 desenhos —no curto espaço de
2) atrair, inclusive, os próprios artífices indígenas que um ano, em tempo parcial. Para isso, foi colocado à dis­
encontrarão num acervo museológjco recuperado os do­ posição do projeto por M. H. Fénelon Costa, responsável
cumentos vivos das manifestações materiais de sua cul­ pelo Setor de Etnologia do Departamento de Antropolo­
tura; gia do Museu Nacional.
3) oferecer um instrumento para cuidar melhor da pre­ Contribuiu, igualmente, para a viabilização deste tra­
servação das coleções. balho, a colaboração da museóloga do Museu Nacional,
O projeto de construção da presente nomenclatura Fátima Regina do Nascimento, que separou as peças so­
teve início em maio de 1985 — durante a gestão de Car­ licitadas e sugeriu outras que complementaram o inven­
los de Araújq^Moreira Neto no Museu do fndio, da Fun­ tário. Semelhante ajuda foi prestada pela museóloga do
dação Nacional do índio, quando estive à frente do Se­ Museu do índio, Maria José N. Sardella, que, além disso,
tor de museologia desse Museu — mediante a troca de elaborou os desenhos iniciais das peças. Igualmente solí­
correspondência-entre essa instituição e o Programa Na­ citos foram os naturalistas do Museu Nacional que con­
cional de Museus, da Fundação Nacional pró-Memória, feriram os nomes científicos dos elementos da flora e da
dirigido por Rui Mourão, o qual foi extinto, em agosto fauna utilizados pelos índios em seus artesanatos. Os
de 1986, ao ser criada a Coordenadoria Geral de Acervos agradecimentos que lhes devo estão registrados nos capí­
Museológicos. Naquela oportunidade, a museóloga Adal- tulos aos quais ofereceram sua generosa colaboração.
giza Bomfim d’Eça, do referido Programa, e que atual­ Cumpro entretanto o dever de consignar, com mais ên­
mente dirige a Coordenadoria de Documentação e Pes­ fase, minha gratidão à botânica Paula Leclette, que reviu
quisa da CGAM, foi colocada à disposição do projeto, toda a parte referente à flora. Na revisão dos originais
participando ativamente de sua formulação, ou seja, da prestou-me inestimável ajuda o museólogo Gilberto Uma

11
Prefácio
Martins e, na leitura de alguns capítulos, a arqueóloga 1985-6, entre os Desâna do rio Tiquié, noroeste do Ama­
E iana Carvalho. À Elizabeth Travassos, do Instituto Na­ zonas, onde estudei a tecnologia indígena, foi financiada
cional do Folclore, devo a redação da parte técnica do pela National Geographic Society, de Washington. A do­
capítulo sobre Instrumentos musicais e de sinalização. cumentação fotográfica de campo que ilustra este livro
O projeto, que se intitulou Nomenclatura das cole­ se deve ao médico Dr. Frederico F. Ribeiro, que me
ções etnográficas, recebeu um financiamento da Funda­ acompanhou ao PIX e ao Sul do Pará. As fotos de estú­
ção Nacional pró-Memória, do Ministério da Cultura, pa­ dio — e as de campo entre os Karajá —são de autoria de
ra custear a execução dos desenhos, a composição dos Pedro Lobo, exceto as devidamente creditadas a Domin­
textos e a montagem em arte-final, competente men te gos Lamônica e Ricardo Moderno.
executadas pela Line’s Studio. A autora pôde realizar o Às instituições e pessoas citadas externo aqui meus
trabalho na qualidade de pesquisadora do Museu do ín­ sinceros agradecimentos, consciente de que este trabalho
dio e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento muito deve a seu apoio. Agradeço de modo especial o
Científico e Tecnológico (CNPq). O Museu do índio cus­ Editor deste livro, Pedro Paulo Moreira, que, ao ver os
teou parte da feitura dos desenhos ao esgotar-se averba seis primeiros capítulos em arte-final, me animou a con­
para isso alocada pela Fundação Nacional pró-Memória. cluir o trabalho, garantindo sua publicação.
A pesquisa de campo realizada em 1980 entre diver­
sas tribos do Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso,
em 1981, entre os Asuriní e Araweté, sul do Pará, e em BGR, julho de 1987.

12
Prefácio
INTRODUÇÃO

~A 'icssficação é um instrumento básico para A Fundação Roberto Marinho empreendeu experi­


atcea xr r.rncias Transforma o caos do mundo ência semelhante no caso da “ Memória da farmácia”, a
txxrkyr em categorias sistemáticas, cujo com- fim de catalogar e colocar em programa de computador
p e rsm m zo pode ser observado. Quanto melhor 60 mil peças. Para isso elaborou um glossário de termos
f z r a classificação, melhor será a compreensão farmacêuticos (J. C. Barbosa de Oliveira et alii 1985), de
ca crerem. desenvolvimento e interação do fe- cuja metodologia o presente trabalho sé beneficiou larga­
ns meno ao qual se aplica. A construção de uma mente.
:-:a classificação é, conseqüentemente, um pré- ' No campo da etnologia indígena, a tarefa de elabo­
requaúto necessário para o progresso de qual­ rar uma classificação tipológica e tecnológica dos ador­
quer campo científico". nos plumários dos índios do Brasil foi por mim enfrenta­
B. J. Meggeis & C. Evans 1970:1 da quando, em 1957, se me apresentou a oportunidade
de realizar um estudo contextualizado da arte plumária
dos índios Kaapor (cf. D. Ribeiro e B. G. Ribeiro 1957).
Desce há muito, os museus etnográficos se ressen- Nessa oportunidade, estudei as coleções do Museu Nacio­
i i falta de normas para a classificação de suas cole­ nal e Museu do índio, publicando um ensaio classificató-
ções. bem como de um vocabulário técnico que permita rio-taxonômico de adornos de penas utilizado, desde en­
identificação e comparação, tornando o arquivo des­ tão, por pesquisadores e museólogos do Brasil e do exte­
sas informações facilmente manuseável. Desta mesma ca­ rior (ver B. G. Ribeiro 1957, reeditado em 1986).
rência se ressentem os antropólogos dedicados aos estu­ Retomando ao Museu Nacional, em 1977, empreen­
dos de cultura material, ou seja, à análise dos artefatos di a ordenação e normalização vocabular das técnicas e
do ponto de vista de sua função, seu valor como docu­ formas dos artefatos trançados dos índios do Brasil, apli­
mento histórico, artístico, simbólico e de identificação cável também aos conjuntos de artefatos do mesmo gê­
étnica. nero das populações regionais brasileiras (cf. B. G. Ri­
Existem, é certo, inúmeros guias de registro de da­ beiro 1980ms, 1985, 1986a). Em seguida, dediquei-me
dos culturais. Dentre os mais conhecidos, cabe citar o ao estudo — de campo e museológico, como no caso an­
Guia prático de antropologia (1973), tradução do Notes terior — das artes têxteis indígenas do Brasil (cf. B. G.
and queries in anthropology, coordenado por uma co­ Ribeiro 1982, 1983, 1984). Elaborei uma nomenclatura
missão do Royal Institute of Anthropology of Great das técnicas de trama e malha, e dos respectivos produ­
Britain and Ireland, bem como o Guia para la clasifica- tos, levantando, ao mesmo tempo, segundo registros bi­
ción de los datos culturales (1954), tradução do Out- bliográficos e informações de campo, as matérias-primas
line o f cultural materiais, coordenado por George P. têxteis e corantes utilizadas pelos nossos índios. Essa ta­
Murdock. Para a indexação de documentos, conta-se xonomia, acompanhada de ilustrações (B. G. Ribeiro
com o Thesaurus de, materiais culturais editado pela 1986b) integra o volume 2 — Tecnologia indígena — da
UNESCO e traduzido por iniciativa da Fundação Rui Suma etnológica brasileira, edição atualizada do Hand-
Barbosa (cf. J. Viet (org.) 1983), bem como o trabalho book o f South American Indians (cf. D. Ribeiro, ed., B.
coordenado por Hagar Espanha Gomes para o IBITC G. Ribeiro, coord., 1986).
(19(. tis.). Trata-se de esforços empreendidos com o O volume citado, bem como o que se segue —Arte
objetivo de criar uma linguagem documentária capaz de índia, volume 3 da Suma — foram concebidos para ofere­
indexar documentos e facilitar o acesso a informações de cer, prioritariamente, esse instrumento taxonômico in­
natureza sócio-cultural. E, mais amplamente, promover dispensável aos estudos de cultura material e à cataloga­
a cooperação entre instituições e o desenvolvimento de ção dos acervos de museus etnográficos. O primeiro de­
pesquisas no campo das ciências humanas. les contém artigos sobre a classificação de armas indíge­
‘ Nos últimos anos, a preocupação de normalizar a nas, de Vilma Chiara; de caracterização da cerâmica in­
indexação de documentos, através da construção de te- dígena, de Tânia Andrade Lima; do equipamento domés­
sauros, extravasou do círculo de bibliotecários e docu- tico e de trabalho, de Lúcia H. van Velthem; das artes
mentalistas ao dos museólogos, antropólogos e analis­ têxteis e dos estilos de trançado, de B. G. Ribeiro; da
tas de sistemas. Trata-se, neste caso, de foijar instrumen­ casa e da aldeia, de Maria Heloísa Fénelon Costa e Ha­
tos operativos para a descrição física dos objetos. Isto é, milton Botelho Malhano, os três últimos acompanhados
a elaboração de glossários, preferencialmente ilustrados, de glossários. No volume Arte índia é reproduzido, em
de técnicas e formas e respectiva taxonomia. versão revista, meu artigo sobre a classificação dos ador­
O Programa Nacional de Museus, da Fundação Na­ nos plumários (1957), anteriormente citado, e incluído
cional pró-Memória, Ministério da Cultura, iniciou os es­ um estudo sobre música e instrumentos musicais indíge­
tudos tendentes a desenvolver terminologias com estru­ nas, de Anthony Seeger, acompanhado de glossário ilus­
tura de tesauros para 'acervos museológicos, a nível na­ trado, de Elizabeth Travassos.
cional, em vários campos: histórico, belas artes, arte sa­ Esse esforço de classificação tipológica e elaboração
cra e artesanato popular e indígena. O mesmo fez a Fun­ taxonômica vem a ser o esteio para a implementação da
dação Joaquim Nabuco tendo em vista recuperar a infor­ presente terminologia. Ela se propõe abranger o universo
mação de documentos museológicos ecléticos de seu de artefatos recolhidos a museus, mediante os quais as
acervo e de outros museus pernambucanos. populações indígenas atendem às suas necessidades de

13
Introdução
provimento da subsistência, conforto doméstico, trans­ forme se lê no relatório da Divisão de Antropologia do
porte, reprodução da vida social e da identidade étnica. Museu Nacional daquele ano:
Futuramente, poderá estender-se a acervos museológicos “ A naturalista Heloísa Alberto Torres prosseguiu
da cultura rústica brasileira. seus trabalhos sobre tecidos, trançados e cerâmica
Para tomar possível esta tarefa, o então Programa indígenas, através do levantamento bibliográfico e
Nacional de Museus colocou à disposição do projeto, de observações diretas. Colaborou na tradução de tex­
maio de 1985 a dezembro de 1986, amuseóloga Adalgi- tos estrangeiros sobre o assunto, tendo em vista a
za Bomfim d’Eça, com experiência e vivo interesse em fixação de uma terminologia técnica segura” (o gri­
problemas de documentação artefatual. O trabalho con­ fo é meu).
junto, de uma antropóloga, especializada em estudos de Este trabalho nunca chegou a ser divulgado. O pre­
cultura material, e uma museóloga, familiarizada com as sente é uma tentativa de suprir essa lacuna. Minha inten­
técnicas de construção de sistemas de indexação, permi­ ção, e a de A. B. d’Eça, era fazer uma edição experimen­
tiu criar uma linguagem uniforme e sintética. Essa termi­ tal datilografada para testar a aplicação da nomenclatura.
nologia foi hierarquicamente estruturada, à maneira de Para esse efeito, conforme foi dito, os três primeiros ca­
um tesauro, cujo modelo é a Memória da farmácia. Glos­ pítulos foram enviados a colegas de diversos museus,
sário de termos farmacêuticos (op. cit.), tendo em vista a “tendo sido testada sua aplicabilidade com pessoas de
utilização de sistemas mecânicos de registro e cruzamen­ museus não muito familiarizados com o assunto, mas ne­
to de dados para futura programação em computador. cessitando catalogar por força de suas funções” (Carta de
A utilidade prática dessa taxonomia ainda não pode Sonia F. Dorta, Museu Paulista, de 30.6.1987). Entretan­
ser devidamente avaliada. Com efeito, o estudo das ex­ to, como o projeto foi financiado para a entrega do livro
pressões materiais da cultura tem sido negligenciado, en­ em arte-final, não foi possível aguardar o resultado des­
tre nós, nas últimas décadas. Entretanto, o cadastramen- sas consultas. E tampouco desenhar as peças em tama­
to racional e a manutenção dos acervos museológicos fa­ nho maior, para posterior redução, porque encareceria
rá com que eles se tornem disponíveis — como o são as demasiado a publicação.
bibliotecas e os arquivos — acarretando grande estímulo
à pesquisa. Ao mesmo tempo, proverá os antropólogos Por tudo isso, não consideramos este trabalho pron­
de um vocabulário técnico normatizado que permitirá o to e acabado. Ele terá de ser revisto, aperfeiçoado, depu­
registro uniforme Üe informações tomadas comparáveis. rado de erros e imprecisões, atualizado e completado, ,
Ou seja, oferecerá uma ferramenta para contextualizar o uma vez que a cultura material, como parte integrante
sistema de objetos no âmbito da economia, da vida social da cultura, não é estática. Muito ao contrário, m udae se
e da ideologia do grupo indígena estudado, permitindo transforma continuamente no tempo e no espaço. Embo­
uma compreensão mais profunda da sociedade como um ra estejam aqui dicionarizados 598 espécimes-tipo (e de­
todo. senhados 1.430, contando variantes e técnicas) eles não
Na verdade, os conteúdos cognitivo e simbólico da representam todo o elenco de objetos que compõe o
cultura material só podem ser inferidos em estudos de acervo artefatual indígena, apesar de aproximarem-se
campo prolongados em que, concomitante mente, se fo­ bastante desse total. Muitas são as variações que resultam
calizam aspectos ecológicos, sociais, rituais e cosmológi- não somente de padrões culturais distintos, no que se re­
cos. Contudo, nenhum deles dispensa a descrição física fere a estilo e função, mas também da disponibilidade de
matérias-primas, da influência de outros estilos e, até
dos artefatos produzidos para todo o tipo de atividade
mesmo, das idiossincrasias de cada artesão.
social, segundo uma nomenclatura estabelecida.
Estudos e glossários dessa natureza representarão O que cumpre fazer é agrupar essa variação em uma
série de tipos, isto é, considerar o protótipo e não o es­
uma contribuição inestimável também para a pesquisa ar­
pécime em si. Em outras palavras, cabe adotar regras uni­
queológica. Não só os arqueólogos desenvolveram técni­
cas sofisticadas para a classificação tipológica de seus ma­ versais de classificação em que os detalhes são obviados e
as características definidoras do artefato levadas em con­
teriais, tendo em vista o tratamento estatístico, como
ta.
buscam avidamente informações etnográficas que clari­
fiquem suas análises. Um segundo princípio classificatório básico a ser ob­
servado na estruturação de uma taxonomia é que os ti­
Pressupostos metodológicos pos de artefatos selecionados como paradigmas “. . . se­
jam descritíveis em termos que outros investigadores
A falta de uma metodologia destinada a uniformizar possam reconhecer e compreender. Uma classificação
a nomenclatura das coleções etnográficas recolhidas a que não pode ser acuradamente repetida por outra pes­
museus tom a impossível a identificação das peças regis­ soa não tem qualquer valor como instrumento de traba­
tradas no Livro de tombo e inviabiliza a utilização de lho” (Megggrs 8t Evans 1970:22-23).
sucessivas catalogações. Embora a maioria dos museus Um terceiro princípio fundamental, segundo os refe­
etnográficos conte com museólogos para fazer a curato- ridos autores, é o de que, “ em cada nível de classificação
ria das coleções, estes não são treinados por antropólo­ as categorias devem ser mutuamente excluídas” . Exem­
gos interessados em estudos de cultura material. Em con- plificando: “Um grupo de tipos cerâmicos, no qual um é
seqüência, pouco se beneficiam, uns e outros, das respec­ definido pelo tempero, outro pela queima, e um terceiro
tivas experiências. Esta carência determinou procedimen­ pelo tratamento da superfície é totalmente intratável
tos descritivos e terminológicos independentes, e dificil­ porque muitos cacos se encaixariam igualmente bem em
mente comparáveis, de material etnográfico. todas as três categorias” (Meggers & Evans 1970:24-25).
Trabalhando no Museu Nacional, em minha primeira Outras regras fundamentais levadas em conta po­
fase, de 1953 a 1958, verifiquei que cada curador esfor­ dem ser assim resumidas: 1) cada designação, rótulo ou
çava-se por fichar as coleções. Faltava, no entanto, uma descritor (ver infra) não pode ser repetido, sendo exclu-
base uniforme para classificá-las, descrevê-las e nomeá- dente em relação aos demais; 2) características suple­
las. Em 1949, foi feita uma tentativa nesse sentido, con­ mentares, úteis à classificação e diagnóstico do artefato,

14
Introdução
devem ser incorporadas ao rótulo; 3) as designações não Essas categorias, contudo, têm de ser superordena-
podem ultrapassar quatro termos para permitir uma uni­ das numa classe mais abrangente, que leve em conta cri­
formidade ao código (de quatro letras) a ser usado na térios como uso, função e simbologia. Quanto a esse tó­
programação do computador; 4) conforme o caso, a pico, cabe fazer uma observação preliminar referente ao
designação pode constar de um a quatro termos, deven­ uso de termos como implemento, utensílio doméstico,
do o artefato ser caracterizado, com prioridade, pelo de uso pessoal, adomo, amuleto e objeto ritual, igual­
primeiro citado; 5) os tipos devem ser descritos nos ver­ mente classificadores dos artefatos.
betes e diagnosticados nas designações, compreenden­ Utiliza-se a palavra implemento para significar ferra­
do-se por descrição “. . . uma completa enunciação das menta. Ou seja, o petrecho empregado na produção de
características tipológicas, enquanto que o diagnóstico é outros, tendo em vista o exercício de atividades econô­
uma breve enunciação das características que diferenciam micas ou artesanais. Por exemplo, os implementos agrí­
um tipo de outros estreitamente relacionados” (Meg- colas, os de caça, pesca, guerra ou aqueles utilizados na
gers & Evans 1970:43). fiação e tecelagem.
O termo utensílio indica objetos de uso doméstico,
Foram igualmente levadas em conta as normas esta­
ou seja, os de cozinhar e servir e os de conforto. Dentre
belecidas por especialistas em documentação e indexa­
outros, teríamos a complexa utensilhagem para o pro­
ção para normatizar os descritores, entendendo-se por
cessamento da mandioca que inclui raladores (madeira
descritor a “ palavra ou expressão que representa um con­
endentada), peneiras e tipitis, panelas, torradores de ce­
ceito, ou seja, o termo preferido para a indexação” (Go­
râmica, pás de virar beiju, colheres, etc. E também obje­
mes et alii 1984:5). Assim, na redação dos verbetes fo­
tos de uso pessoal tais como, bolsas, artigos de indumen­
ram considerados os seguintes princípios:
tária e proteção sexual e os de toucador: carimbos para
1) "Todos os conceitos que figuram na definição co­
pintura corporal, aparelhos para escarificação e tatua­
mo características do conceito definido devem ser
gem, furação de orelhas e lábio, pentes, etc.
também definidos, e esta informação deve estar indi­
Atavios pessoais, inclusive os plumários, são tidos
cada de forma clara. 2) Deve-se evitar definições cir­
como adornos também chamados paramentos, quando
culares. O termo a ser definido não deve ser usado
com forte conotação simbólica e ritual. Alguns deles,
na definição. 3) Um conceito que pertence a mais de
no entanto, foram classificados como amuletos sempre
um sistema conceituai deve ter mais de uma defini­
que trazem implícito o caráter de talismãs de uso pes­
ção. Nos tesauros são acrescentados qualificadores
soal. Os adornos sonantes foram incluídos na categoria
ou modificadores aos termos porque, na realidade,
de instrumentos musicais, na qualidade de chocalhos, ou
são considerados como conceitos diferentes. 4) Para seja, idiofones.
facilitar o entendimento de uma definição podem Os objetos de uso ritual têm geralmente designações
ser usadas ilustrações” (Gomes s/d: 7).
peculiares à índole do artefato — máscara, escudo tran­
E. finalmente, o princípio de que se deve çado, cetro, bastão — o qual desempenha função especí­
“Assegurar que os termos e seus relacionamentos re­ fica em certos cerimoniais. Essas características foram
flitam a linguagem usada pelos especialistas no cam- é pesquisadas na literatura etnográfica, já que não são
po coberto pelo tesauro” (Gomes et alii 1984:55). explicitadas, freqüentemente, nos livros de tombo. O
A propósito, cabe mencionar que se encontra em mesmo se aplica à instrumentália do pajé.
curso um projeto de levantamento das coleções, e respec­
No que se refere a uso, função e simbologia, os arte­
tivos colecionadores, de diversos museus etnográficos do
fatos etnográficos discriminam-se em duas grandes clas­
Brasil e do exterior (comunicação pessoal de Thekla
ses:
Hartmann). O primeiro resultado, referente às coleções
I —Utensílios e implementos ligados às atividades de
do Museu Paulista, acaba de ser divulgado (Damy &
subsistência, conforto doméstico e pessoal.
Hartmann 1986:220-273). A ele se somam os procedi­
II —Adornos e objetos de uso pessoal; artefatos rituais,
dos — em termos numéricos, somente — pelo Museu
mágicos e lúdicos.
Goeldi (Rodrigues & Figueiredo 1982) e Acervo Plínio
Na primeira classe enquadram-se os implementos
Ayrosa do Departamento de Ciências Sociais da USP
necessários às: a) atividades agrícolas; b) atividades de
(Gallois et alii 1986). Na medida em que tais levanta­
caça e pesca; c) atividade guerreira; d) atividade artesa-
mentos sejam uniformizados, em seus propósitos e mé­
nal; e) transporte. E, ainda, os utensílios que guarnecem
todos, o conjunto oferecerá um banco de dados sobre a
a casa, indispensáveis ao preparo e serviço de alimentos,
cultura material indígena com potencialidades de estudo
bem como ao conforto doméstico.
e troca de informações. É de se esperar que a presente
A segunda divisão abrange atavios de uso pessoal, a
terminologia seja uma ferramenta para alcançar esse ob­
saber: a) adornos de diversas matérias-primas e técnicas,
jetivo.
dentre os quais têm destaque os paramentos plumários;
Plano geral b) objetos de vestuário, toucador, proteção sexual e
uso pessoal; c) objetos de uso cerimonial, lúdico, mne­
mónico, mágico, musicais e de sinalização. Nessa classe
Um dos problemas que se colocou na elaboração da
têm destaque os aparelhos para estimulantes e narcóti­
presente nomenclatura foi o da classificação do sistema
cos, a instrumentália do pajé, os amuletos, principalmen­
de objetos indígenas e o do seu inter-relacionamento.
Nossa opção recaiu sobre as categorias básicas já consa­ te infantis, as insígnias de chefia e/ou clânicas.
gradas na bibliografia etnológica no capítulo das manu­ Tais segmentos englobam praticamente a totalidade
faturas. Tais são: cerâmica, trançados, tecidos, adornos de artefatos que compõem a cultura material indígena.
plumários, armas e outras a seguir discriminadas. Essa Hes são listados, segundo essas duas grandes divisões, no
classificação leva em conta, primordialmente, a matéria- índice analítico que encerra o volume, o qual coincide,
prima empregada, a técnica de confecção que dela deriva em parte, com o elaborado por Sturtevant (1969). A
e a morfologia do artefato. ordenação dos glossários, porém, foi feita levando em

15
Introdução
conta, a par dos critérios funcionais acima citados, as mentos de madeira e outros matenais — contam-se os
características físicas que identificam os objetos, os líticos (machados de pedra), de osso, dente, a exemplo
quais são assim discriminados na literatura etnológica. dos formões, as conchas raspadeiras, etc.
Neste sentido, temos implementos, utensílios, adornos e Note-se que não se abriu uma categoria referente a
objetos mágico-lúdico-rituais alocados dentro das seguin­ “arte” . Isto porque, considera-se que qualquer produto
tes categorias: artesanal indígena, tanto utilitário quanto cerimonial
1 0 — Cerâmica ou lúdico, contém elementos de expressão estética e de
2 0 — Trançados singularidade étnica, não cabendo esse tipo de distinção.
3 0 — Cordões e tecidos Como se vê, optou-se pela divisão em categorias que
4 0 — Adornos plumários obedecem critérios morfológicos e tecnológicos, de um
5 0 - Adornos de materiais ecléticos, indumentária e lado, funcionais e simbólicos, dooutro, alojando os itens
toucador da nomenclatura dentro de cada uma delas. A ordena­
60 — Instrumentos musicais e de sinalização ção dos itens por função, unicamente, sem levar em con­
70 — Armas ta matérias-primas e as técnicas por elas determinadas di­
80 — Utensílios e implementos de madeira e outros ma­ ficultaria a consulta, uma vez que os usuários estão fami­
teriais liarizados com essa tipologia e, gsralmente, se interessam
90 — Objetos rituais, mágicos e lúdicos. por certas' categorias de artefatos e não por sua totalida­
Comparada com outras classificações de dados cul­ de. Além disso, o índice analítico agrupa os descritores
turais materializados em objetos vê-se que, a presente segundo critérios funcionais, que também levam em con­
reúne, como as demais, dois critérios: forma e função ta os presentes, isto é, morfológicos e tecnológicos. O
e/ou expressão e conteúdo. Não há como fugir a essa al­ Glossário complementar de cada categoria de artefatos
ternativa. Bana vez que o objeto em si contém essas ca­ oferece outros esclarecimentos a respeito dos princípios
racterísticas.. Pode-se argumentar que os tecidos, por utilizados em cada caso.
exempüo, são confeccionados tanto para atividades de
subsistência (puçás para pesca), para transporte (tipoia
para carregar criança ou objetos), para conforto domés­ Organização do glossário
tico (rede de dormir), para vestuário (saias) e para ador­
no (cintos, braçadeiras, etc., ou como suporte para ador­ O inter-relacionamento dos itens de cada categoria
nos plumários). Sua característica precípua, contudo, é de objetos assemelha-se à estrutura de tesauro. Isto é,
serem produtos de manipulação do fio, devendo por isso obedece à ordenação hierárquica e à nomenclatura de
ficar na categoria de tecidos discriminados, dentro dela, tópicos intemacionalmente consagrada, assim discrimi­
por grupos genéricos, pelas referidas funções. O mesmo nados:
ocorre no caso dos trançados, que têm uma utilização Termo principal (seguido de código: quatro letras para
ainda mais diversificada: desde a casa, que não deixa de uso de computador)
ser um enorme cesto emborcado, até as esteiras, os ces­ Def. (definição mais genérica do termo e sua particulari­
tos-cargueiros, os cestos-bolsos e outros cestos-recipien­ zação quando pertinente)
tes, os cestos-coadores, dentre os quais o tipi ti, os cestos- Sin. (termo sinónimo —UF: used for)
armadilhas de pesca ou caça. T. Gen. (termo genérico —BT: broad term)
T. Esp. (termo específico - NT: narrower term)
A categoria 50 Adornos de materiais ecléticos, indu­ T Rei. (termo relativo — RT: related term)
mentária e toucador exclui os paramentos plumários de­ V. tb. (ver também: relação associativa com itens de ou­
vido o seu elevado número e o fato de terem dado lugar tro grupo genérico)
a uma técnica específica de atadura e colagem das penas. O Termo principal corresponde à designação do ar­
E também por serem abundantes, nas culturas indígenas, tefato. O código alfabético (quatro letras da designação)
os ornamentos feitos de materiais ecléticos, tais como se­ será acrescido posteriormente quando contarmos com a
mentes, frutos, cocos, ossos, dentes, garras, conchas, assessoria de um analista de sistemas.
etc., não raro enfeitados de penas. Dessa categoria ex­ D e f é o campo em que o termo é definido na forma
cluem-se também os ornatos sonantes. Estes estão inven­ de verbete, com apoio na consulta bibliográfica e no in­
tariados em 60 Instrumentos musicais e de sinalização, ventário das coleções do Museu Nacional e Museu do ín­
porque são assim classificados pelos etnomusicólogos. Es­ dio. Sempre que o artefato apresenta variantes significa­
ta última categoria podena ter sido incluída na que trata tivas, constantes do inventário ou da bibliografia, a defi­
de objetos rituais (n ? 90). Justifica-se a exclusão por nição procura englobá-las. Evita-se, desse modo, uma
existirem estudos classificatórios específicos a respeito caracterização particularizada de peças pouco correntes
dos instrumentos musicais, os quais incluem também no acervo indígena. Entretanto, em alguns casos, toma-
objetos que produzem sons que imitam o pio das aves, o se recomendável a explicitação de peças únicas, como é
grunhido de certos animais e os trocanos, que são tam­ o caso dos objetos rituais singularizados segundo a tribo.
bores de sinalização. Sempre que o verbete é transcrito de uma fonte biblio­
A matéria-prima “madeira” , que é “pau para toda a gráfica, segue-se o nome do autor, data e páginas da pu­
obra”, é discriminada apenas no caso de implementos e blicação. Note-se que algumas definições foram transcri­
utensílios (ver n ? 80). Isto é, quando serve a atividades tas do Dicionário Aurélio, o que foi indicado.
econômicas (paus de cavouco, pás de virar beiju, pilões), Sin. Os sinônimos são termos remissivos citados para
de conforto (bancos), de transporte por água (canoas, re­ ajudar na identificação da peça registrada no Livro de
mos). Objetos rituais, tais como bastões, cetros, embora tombo, não raro sob esses rótulos, provenientes da lin­
também feitos de madeira, são inventariados numa cate­ guagem regional. A relação de sinonímia só é registrada
goria à parte (n? 90). O mesmo diz respeito a arcos, bor- quando pertinente.
dunas e sarabatanas que fazem parte do elenco da cate­ T. Gen. Trata-se do Termo genérico ou grupo hie­
goria 70 Armas. Na categoria 80 — Utensílios e imple­ rarquicamente superior. Em outras palavras, exprime

16
Introdução
a .superorde nação do Termo principal no Grupo gené­ fície, Tipos de decoração e Motivos decorativos. Nem to­
rico a que se vincula. Cada Grupo genérico é definido e dos os verbetes desses tópicos são, porém, passíveis de
listados os itens a ele relacionados. Corresponde a famí­ ilustração gráfica. O rol dos motivos decorativos, aplicá­
lias de objetos que reúnem os que se relacionam entre si, vel a várias categorias de artefatos — trançados, tecidos,
não em função da morfologia e sim dos fins a que se decoração das cuias, cerâmica — é incluído nesta última,
destinam. complementado pelos Motivos específicos do trançado,
7 Esp. 0 Termo especifico, listado apenas nos Gru­ presente nessa categoria. Ao invés de reunir em uma ca­
pos genéricos, explicita os itens a ele subordinados. tegoria à parte os implementos artesanais, mediante os
T. Rei. O Termo relativo especifica o item (ou quás se obtém determinado produto, eles são distribuí­
itens) subordinados ao Termo principal dentro de um dos pelos respectivos Glossários complementares. Contu­
mesmo Grupo genérico. Dessa forma estabelece-se o in- do, na qualidade de artefatos recolhidos a museus, estão
ter-relacionamento entre o item (Termo principal) com listados no índice analítico do fim do volume. Com ex­
o grupo em que se enquadra. Por exemplo: Panela (Ter­ ceção dos sebe os rolados - quando polidores de cerâmi­
mo principal) pertence ao Grupo genérico “ Cerâmica uti­ ca os raspadores, vitrificadores, perfuradores, etc.,
litária para a cozinha” , relacionando-se com Caçarola usados pelo oleiro não são listados, porque se trata de
(Termo relativo) pertencente ao mesmo grupo. implementos improvisados que não comparecem, geral-
V. tb. Em Ver também são mencionados os termos mente, nas coleções dos museus.
(ou o termo) que se relacionam ao Termo principal A numeração dos Grupos genéricos dos glossários
(item) que pertencem a um Grupo genérico (ou Grupos) complementares vem precedida do número referente
diversos deste, segundo critérios de ordem morfológica à respectiva categoria de artefato e de dois dígitos su­
ou funcional. É o caso do já mencionado Grupo genérico plementares: 10.01, 10.02, no caso da 10 Cerâmica;
“ Cerâmica utilitária para a cozinha” cujos itens se rela­ 20.01, 20.02, no caso de 20 Trançados e assim por diante.
cionam com os do Grupo genérico “ Cerâmica para o lu­ Na definição dos verbetes são utilizados, frequente­
me” . mente, sinônimos que não devem, sem embargo, compa­
Consulte. Com esse termo remete-se o leitor para recer como descritores. Por exemplo: urdidura (descri­
outra categoria de artefatos que se vincula à que está sen­ tor), urdume (sinônimo não autorizado, exceto quando
do inventariada. utilizado no texto descritivo).
Achamos indispensável dotar o glossário de ilustra­ Aproveitamos, o mais extensamente possível, os ter­
ções, a exemplo do que fizeram os organizadores da Me­ mos já em uso, dando-lhes, no entanto, uma conceitua-
mória da farmácia (op. cit.), a fim de tomar a informa­ ção precisa para que o objeto ou a técnica possam ser
ção mais clara e sistematizada. Poderão ser aplicadas reconhecidos com o mínimo de margem de erro. Não
duas ou mais figuras num mesmo verbete sempre que obstante, foi preciso inventar nomes, em alguns casos e
houver variantes significativas para indicar o Termo prin­ manter coerência entre eles quando aplicados a mate­
cipal. Cada uma delas foi desenhada em escala à vista das riais, procedimentos e funções semelhantes. No caso de
peças, isto é, de paradigmas tomados de determinada tri­ algumas categorias, como a dos Adornos plumários, efe­
bo das coleções do Museu Nacional e Museu do índio. tuou-se a discriminação de praticamente todos os artefa­
Em alguns casos, tivemos de recorrer a protótipos ilus­ tos, técnicas de manufatura, tratamento e acondiciona­
trados em catálogos, tais como, os do Museu Pigorini, mento das penas. Isto se tom ou possível, devido ao estu­
de Roma, Museu Etnográfico, de Genebra, Museu Etno­ do pormenorizado das coleções efetuado por mim e ou­
gráfico, de Berlim, Museu Haffenreffer de Antropologia, tros pesquisadores e a publicação de um número substan­
da Brown Univeisity, de Bristol, dentre os estrangeiros ;e cial de catálogos das coleções plumárias.
do Museu Paulista, Museu Goeldi e Museu Regional Dom O elenco de matérias-primas, listado em cada catego­
Bosco, dentre os nacionais. E, ainda, a ilustrações de ar­ ria de artefato, foi pesquisado na bibliografia etnológi­
tefatos existentes em monografias etnológicas, devido à ca. Ele vem acompanhado dos respectivos nomes cientí­
dificuldade de localizar ou à inexistência dos paradig­ ficos.
mas nas coleções consultadas. Nas legendas das ilustra­ As definições dos glossários complementares são
ções constam as seguintes abreviaturas: M. N. (Museu oferecidas para facilitar ao usuário o preparo da ficha
Nacional), M. L (Museu do índio), esc. (escala). descritiva do objeto que deverá ser colocada em progra­
ma de computador. Não foi possível elaborar um modelo
Glossário complementar de ficha para acompanhar esta nomenclatura. Entretan­
to, cabe ter presente a necessidade de adotar um “ for­
Nas introduções presentes nos Glossários comple­ mato único para as descrições” , conforme propugnam
mentares de cada categoria de artefato explicitamos cri­ Meggers & Evans (1970:42) no caso da cerâmica arque­
térios e informações úteis a respeito do Glossário dos ológica. Justificam essa proposta, como segue:
Itens e dos Grupos genéricos em que se enquadram. E “ Diversas razões práticas favorecem a adoção de um
oferecemos explicações pertinentes aos diversos tópicos modelo uniforme e completo: 1) serve para relem­
constantes do Glossário complementar. Nele se incluem brar os aspectos de um tipo cerâmico que podem ser
conceitos globais, tais como, o que se entende por Tran­ esquecidos por não serem diagnósticos ou por serem
çados, Sistemas de tecelagem ou Cerâmica. E, ainda, Pro­ relativamente insconspícuos; 2) garante a descrição
cessos de manufatura, Implementos para a manufatura, do mesmo conjunto de características para todos os
Acessórios e partes componentes do artefato, bem como tipos cerâmicos; e 3) organiza a informação, facili­
Matérias-primas empregadas, hauridas de informações bi­ tando a comparação de tipos pertencentes ao mes­
bliográficas e minhas notas de campo. mo ou a diferentes complexos cerâmicos” (ibidem).
Nem todas as categorias têm o mesmo número de A elaboração de uma nomenclatura, que constitui
tópicos. A categoria 10 Cerâmica contém maior número o último passo de um processo de classificação, vem a ser
deles porque integra glossários desenvolvidos pelos ar­ o primeiro a possibilitar o estudo de um sistema de obje­
queólogos, a saber, Tratamento e acabamento da super­ tos. A propósito, diz H. Balfet: “ Denominar os objetos

17
Introdução
é o primeiro passo, e talvez o mais delicado, pelo fato de Cada artefato — e seus componentes —possui um nome,
que a maior parte dos nomes é, ou excessivamente vaga cujo significado semântico pode ser a chave para a com­
ou demasiado precisa, ou talvez ambas as coisas ao mes­ preensão dos princípios etnotaxonômicos de um grupo
mo tempo” (1974:186). indígena O reconhecimento, modo de aquisição e prepa­
Pelo caráter do presente trabalho tivemos de restrin- ro das matérias-primas manufatureiras é um campo quase
gir-nos a um formalismo taxonômico. Isso não significa virgem e fértil para a investigação etnológica. Sua impor­
que se deva isentar os objetos de seu significado, do pa­ tância pode sei aquilatada quando se considera que boa
pel e função que exercem na cultura tribal. Não foi pos­ parte do tempo disponível do homem e da mulher é dis-
sível aprofundar esses conteúdos, detendo-nos, por pendido na confecção de artefatos para as atividades de
exemplo, nas representações gráficas que singularizam subsistência, o conforto doméstico e, sobretudo, os ador­
alguns objetos, enriquecendo a informação que podem nos pessoais, inclusive a pintura corporal. Esses ornamen­
prestar. tos estão associados a um sistema de classes de idade e, a
par de seu valor estético-decorativo, possuem proprieda­
Jean Baudrillard (1973:9-10) compara a abundância des mágico-religiosas. Assim sendo, todo o equipamento
de artefatos da civilização urbana a uma flora ou uma produtivo e ornamental se vincula estreitamente à vida
fauna sujeita a mutações, com espécies que desaparecem econômica, social e ideológica. O conjunto das expres­
e que, ao contrário da natureza, não foram devidamente sões materiais da cultura indígena, a que todos os mem­
inventariadas, faltando até vocabulário para designá-las. bros do grupo têm acesso, como produtores e consumi­
E, mais, que o usuário não tem consciência da “realidade dores, é o espelho de seu estilo de vida. E, em função
tecnológica do objeto”. O contrário ocorre a nível tribal. disso, é aqui inventariado.

18
Introdução
10
CERÂMICA

19
Cerâmica
10
CERÂMICA
GRUPOS GENÉRICOS CERÂMICA ESTATUÁRIA TEMÁTICO-FIGURATIVA
(0 4 )
N? Grupo Def. Modelagem de barro temático-figurativa re­
presentando a figura humana tribal, com seus
01 Cerâmica utilitária para cozinha emblemas característicos, e/ou conjuntos de fi­
guras abordando temas tais como: atividades de
02 Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para arma­ subsistência (femininas, masculinas); transporte,
zenagem e serviço vida familiar, vida ritual, figura antropomorfa
fantástica (multicéfala, sobrenatural) e, ainda,
03 Cerâmica para o lume elementos da fauna (anfíbios, peixes, répteis,
aves e mamíferos).
04 Cerâmica estatuária temático-figurativa Uso: lúdico e/ou para o comércio
T. Esp. Boneca Karajá
05 Cerâmica específica para a venda V. tb. Cerâmica específica para a venda (05)

CERÂMICA ESPECIFICA PARA A VENDA (05)


Def. Objetos de barro, feitos por influência do
CERÂMICA UTILITÁRIA PARA A COZINHA (01) contato com a sociedade nacional, destinados
Def. Objetos de argila para uso doméstico. exclusivamente para o mercado externo.
Uso: para cozinhar e/ou frigir alimentos sólidos Uso: comércio.
e/ou líquidos. T. esp. Cinzeiro
T. Esp. Caçarola Pote para plantas
Panela V. tb. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial
Torrador para armazenagem e serviço (02)
V. tb. Cerâmica para o lume (03) Cerâmica estatuária temático-figura­
tiva (04)
CERÂMICA UTILITÁRIA E/OU CERIMONIAL PARA
ARMAZENAGEM E SERVIÇO (02 )
Def. Peças de argila de variadas formas e tama­ ITENS
nhos que guarnecem a casa. Quando de uso
cerimonial, ou para a venda, são decoradas e, às N? Item
vezes, vitrificadas.
Uso: para fermentar, armazenar e servir alimen­ 01 Bilha
tos sólidos, pastosos e/ou líquidos, comuns e 02 Bilhas comunicantes
inebriantes. 03 Boneca Karajá
T. Rei. Bilha 04 Caçarola
Bilhas comunicantes 05 Cinzeiro
Colher de barro 06 Colher de barro
Jarra 07 Fogareiro
Moringa 08 Jarra
Pote 09 Moringa
Prato 10 Panela
Taça 11 Pote
Tigela 12 Pote para plantas
Travessa 13 Prato
Xícara 14 Taça
V. tb . Cerâmica utilitária para a cozinha (01) 15 Tigela
Cerâmica específica para a venda (05) 16 Torrador
17 Travessa
CERÂMICA PARA O LUME (03) 18 Trempe de barro
Def. Peças de argila cozida usadas como fogarei­ 19 Xícara
ro ou como sustentáculo de panelas postas ao
lume.
Uso: cozinha e doméstico em geral.
T. Esp. Fogareiro
Trempe de barro
V. tb. Cerâmica utilitária para a cozinha ASSADOR
(01) Use: TORRADOR

21
Cerâmica
BILHA
Def. Vaso bojudo, provido ou não de gargalo e
boca estreita, com ou sem tampa e com ou sem
asa. Varia segundo a representação figurativa
em: a) fitomorfa (imita a forma de um vegetal)
distinguindo-se, como mais comuns, os tipos
cabaciforme (forma de cabaça) e frutiforme
(forma de fruta); b) zoomorfa (em forma de
animal). Peça usada para conter e servir líqui­
dos.
Sín. Botija
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial Bilha fitomorfa representando uma cabaça, fndios Karajá, M.N.
para armazenagem e serviço (02) n9 35.918. Esc. 1:5: A. Vista da peça. B. Secção longitudinal
T. Rei. Bilhas comunicantes
Jarra
Moringa

Bilha. índios Terêna, M.N. n ? 36.596. Esc. 1 :5. A. Vista da peça.


B. Secção reta (perfil).

Bilha zoomorfa representando uma ave. índios Karajá, coleção


particular. Esc. 1 :5- A. Vista da peça. B. Secção longitudinaL C.
Secção transversal.

BILHAS COMUNICANTES
Def. Bilhas de cerâmica, de tamanho e formato
desigual, ligadas entre si por um tubo vazado
que permite o fluxo do líquido. De uso prova­
velmente ritual, encontradas apenas entre os
Palikúr.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
armazenagem e serviço.
Bilha frutiforme. índios Marúbo, M.I. n9 75.4.S5. Esc. 1 :2. A. T. Rei. Bilha
Vista da peça. B. Detalhe da vista superior. C. Secção longitudi­ Jarra
nal. Moringa

22
Cerâmica
BONECA KARAJA
Def. Objetos de barro modelados representan­
do: a) cenas do cotidiano, principalmente a roti­
na diária: processamento da mandioca (ativida­
de feminina), caça e pesca (atividade masculi­
na); b) locomoção por terra (com cestos-car­
gueiros) ou por água (com canoas) de pessoas,
caça, pesca, produtos agrícolas; c) figura huma­
na cultural (jovem, adulto, homem, mulher);
d) figura humana fantástica (seres bicéfalos,
multicéfalos, xipófagos e sobrenaturais antro-
pomórfos); e) cenas da vida familiar (casal, mu­
lher grávida, parto); f) cenas da vida ritual (más­
caras de aruanã, aplicação da marca tribal, pin­
tura corporal, funeral, etc.) g) elementos da fau­
na (anfíbios, peixes, répteis, aves, mamíferos).
Uso lúdico e para o comércio.
T. Gen. Cerâmica estatuária temático-figura­
tiva (04)
Consulte: 90 Objetos rituais, mágicos e lúdicos

Bilhas comuniçantes. índios Palikúr, M.I. n9 8171. Esc. 1 :7,5. A.


Vista da peça. B. Secção longitudinal.

Boneca Karajá (litxokó waritxoré = boneca, menina) do tipo


Boneca Karajá paia a venda. índios Karajá, M.N. n9 39.942. tradicional. índios Karajá M.N. s/n9 Esc. 1:2. A. Vista lateral
Esc. 1 :5. A. Vista lateral. B. Vista anterior. C. Vista posterior. B. Vista anterior. C Vista posterior.

23
Cerâmica
Caçarola. índios Baníwa, M.N. n9 40.295. Esc. 1:5. A. Vista da
peça. B. Corte longitudinal.

A B
Boneca Karajá. Cena do cotidiano: banho infantil. índios Karajá,
M.N. n9 39.618. Esc. 1:2. A. Vista frontal. B. Vista lateral es­
querda. Cinzeiro. índios Karajá, M.N. n9 39.945. Esc. 1:5. A. Vista da
peça. B. Perfil longitudinal.

BOTIJA
Use: BILHA

CAÇAROLA
Def. Vasilha larga e baixa, com uma ou duas
asas, que serve para guisar ou cozinhar alimen­
tos.
T. Gen. Cerâmica utilitária para a cozinha (01)
T. Rei. Panela

CINZEIRO Colher de barro. índios Marúbo, M.I. n9 75.4.89. Esc. 1:5. A.


Def. Peça de cerâmica destinada a apoiar o ci­ V:sta 8a peça. B. Corte transversal do cabo. C. Corte longitudi­
garro e receber a cinza. nal. D. Corte transversal da concha.
T. Gen. Cerâmica específica para a venda (05)

COLHER DE BARRO
Def. Utensílio para servir alimentos imitando a
forma de porongo cortado ao meio.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para CUMBUCA
armazenagem e serviço (02) Use: TIGELA

24
Cerâmica
FOGAREIRO JARRO
Def. Pequeno vaso de barro portátil onde se co­ Use: JARRA
loca brasas para cozinhar. Incomum na cultura
indígena e certamente de influência forânea. MORINGA
T. Gen. Cerâmica para o lume (03) Def. Vasilha de barro com um ou dois gargalos
T. Rei. Trempe ladeando a alça, destinada a guardar líquidos.
Apresenta-se, às vezes, em forma de ave ou ou­
tro animal.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
armazenagem e serviço (02)
T. Rei. Bilha
Bilhas comunicantes
Jarra

Moringa. índios Terêna, M.N. n9 37.749. Esc. 1:5. A. Vista da


peça. B. Secção longitudinal.

Fogareiro, índios Mirânia, M.I. n9 78.1.16. Esc. 1:7,5. A. Vista


da peça. B. Corte longitudinal. C. Peça vista de cima.

JARRA
Def. Vaso alto e pouco bojudo, com asa e bico,
próprio para servir água.
Sin. Jarro
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
armazenagem e serviço (02)
T. Rei. Bilha
Bilhas comunicantes
Moringa

Panela vasiforme. índios Jurúna, M.N. n9 35.771. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Secção reta longitudinal

PANELA
Def. Vasilha larga e funda, provida ou não de
tampa, usada para cozinhar alimentos e/ou fer­
mentar bebidas. Varia segundo a forma e o ta­
manho, apresentando-se, como mais constan­
tes, as seguintes: a) vasiforme (em forma de va­
so, sendo o diâmetro do bocal igual ou um
pouco menor que o do fundo); b) gameliforme
Jarra. índios Tukâno, M.N. n9 40.363. Esc. 1:5. A. Vista da pe­ (em forma de gamela, baixa, atarracada, com o
ça. B. Secção reta (perfil).' diâmetro da boca aproximadamente igual ao

25
Cerâmica
do fundo); c) alguidariforme (em forma de al­ T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
guidar, larga, rasa, de forma trapezoidal ou ova­ armazenagem e serviço (02)
lada). V. tb. Pote para plantas
T. Gen. Cerâmica utilitária para a cozinha (01) A
T. Rei. Caçarola

I
B
Pote. índios Nambikuára, M.N. n9 13.322. Esc. 1:7,5. A. Vista
da peça. B. Detalhe da secção longitudinal _ —■
Panela gameliforme. índios Waurá, M.N. n ? 35.398. Esc. 1:5.
A. Vista da peça. B. Secção reta (ou perfil).

Panela alguidariforme representando um quelônio. índios Waurá,


M.N. n9 38.980. Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. Perfil longitudi­
nal. C. Perfil transversal.

POTE
Def. Vasilha de bocal largo e tamanho avanta­
jado usada para carregar e armazenar água. Fre- Pote para plantas. índios Karajá, M.N. n9 39.896. Esc. 1:7,5.
qüentemente empregam-se para esse fim pane­ A. Vista da peça. B. Detalhe da secção longitudinal C Vista do
las, principalmente as vasiformes. fundo com orifícios.

26
Cerâmica
POTE PARA PLANTAS
Def. Vasilha de barro de bocal largo e tamanho
avantajado, com furos no fundo, destinada a re­
ceber terra para plantio.
T. Gen. Cerâmica específica para a venda (05)
V. tb. Pote

PRATO
Def. Objeto de barro, comumente circular, em
que se serve a comida. Dístinguem-se, pela for­
ma, pratos fundos e pratos rasos.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
armazenagem e serviço (02)
T. Rei. Tigela
Travessa

i
i
Tigela. índios Baníwa, M.N. nP 40.286. Esc. 1:5. A. Vista da pe­
ça. B. Secção longitudinal.

Prato. índios Karajá, M.N. n ? 35.300. Esc. 1:7,5. A. Vista da pe­


ça. B. Detalhe da secção longitudinal.

TAÇA
Dgí>Vasilha semi-esférica ou em forma de meia-
calota, com pedestal assemelhado, porém inver­
tido, e, geralmente, de menor tamanho. Embora
incomum, ocorre o tipo “taças geminadas” , a
exemplo das tigelas geminadas.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial
para armazenagem e serviço (02)
T. Rei. Tigela
Tigela fitomorfa, representando cuia. índios Waurá, coleção par­
ticular. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal.

A B

Taça. índios Hohodene, M.N. n9 40.196. Esc. 1:5. A. Vista da


peça. B. Detalhe do perfil.

TIGELA
Def. Vasilha de boca larga e pouco funda, usada
para servir alimentos e para outros fins. Distin­
guem-se, pela forma, ps seguintes variantes:
B
a) fitomorfa, em forma de vegetal, em especial,
de cuia; b) zoomorfa, geralmente com apêndi­
ces figurando répteis, peixes, mamíferos e ou­ Ç \iO
tros animais na borda da peça; c) geminada,
com aderência num dos lados.
Sin. Cumbuca
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
c
armazenagem e serviço (02)
T. Rei. Prato Tigela zoomorfa representando ave. índios Waurá, M.N. nP
Taça 35.782. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Perfil longitudinal. C. Per­
Travessa fil transversal.

27
Cerâmica
TRAVESSA
Def. Peça oval em que se serve a comida.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial
para armazenagem e serviço.
T. Rei. Prato
Tigela

Tigela geminada. índios Tapirapé, M.N. n9 32.119. Esc. 1:5. A.


Vista da peça. B. Perfil longitudional. C. Perfil transversal de um
dos recipientes.

TORRADOR
Def. Peça de barro, circular ou ovalada, destina­
da a torrar farinha e/ou beiju. Varia em tama­
nho, podendo alcançar até 1 m de diâmetro,
distinguindo-se duas formas básicas: a) platifor-
me (rasa, circular, com bordas levemente ele­ Travessa. índios Terêna, M.N. n9 37.759. Esc. 1:4. A. Vista da
peça. B. Perfil longitudinal. C. Perfil transversal
vadas); b) tigeliforme (de paredes mais altas,
fundo plano ou ligeiramente abaulado).
Sin. Assador
T. Gen. Cerâmica utilitária para a cozinha (01)
T. Rei. Panela
V. tb. Fogareiro
Trempe TREMPE DE BARRO
Def. Peça de argila, geralmente utilizada em nú­
mero de três para equilibrar a panela ao lume.
Ocorrem formas cilíndricas, hiperbólicas e tra­
pezoidais.
T. Gen. Cerâmica para o lume (07)
T. Rei. Fogareiro
V. tb. Caçarola
Panela
Torrador

Torradòr. índios Waurá, M.N. n9 40.023. Esc. 1:7,5. A. Vista da


peça emborcada. B. Perfil, inclusive das trempes. C. Torrador so­ Trempe. índios Desâna, M.N. n9 40.366. A. Vista de uma unida­
bre as trempes. de. B. Perfil. C. O conjunto das peças.

28
Cerâmica
XÍCARA
Def. Vasilha pequena com alça, geralmente
acompanhada de pires, usada para servir líqui­
dos. De influência forânea, é encontrada apenas
entre tribos muito aculturadas.
T. Gen. Cerâmica utilitária e/ou cerimonial para
armazenagem e serviço

Xícara com pires. índios Terêna, M.N. 37.763. Esc. 1:3 ,3. A.
Vista do conjunto. B. Perfil do pires. C. Perfil da xícara.

29
Cerâmica
10 CERAMICA
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (10.00)

O sificatórias e taxonômicas: Andrade Lima (1986) Gruber


presente glossário visa a uniformizar a termi­
nologia usada na descrição científica de artefatos cerâ­ (1982ms), Marois 8< Scatamacchia (1986ms), Balfet
micos. Ele foi elaborado à base de informações conti­ (1974). De grande valia foram as sugestões dadas por On-
das na bibliografia especializada e nos acervos do Museu demar Dias e Eliana Carvalho. Na bibliografia mencio-
Nacional e do Museu do índio. Oferece definições de ter­ nam-se apenas as obras gerais sobre o tema. Indicações
mos técnicos, que não se encontram nos dicionários, ou bibliográficas referentes a grupos indígenas ceramistas
que são usados de forma aleatória por antropólogos e específicos podem ser consultadas nessas obras.
museólogos. Além de facilitar a comunicação entre os es­
pecialistas, pelo uso de uma linguagem controlada, presta
informações úteis, sobretudo no que se refere à etnobo- DEFINIÇÕES GENÉRICAS (10.01)
tânica e aos implementos utilizados na confecção de ar­
tefatos de barro. CERÂMICA
Do ponto de vista morfológico, distingue-se Def. Arte de confeccionar artefatos com argila
duas séries de recipientes cerâmicos, do mesmo modo submetidos à combustão a alta temperatura.
que cesteiros: 1) recipientes abertos (a) planos (pratos,
travessas), (b) de maior (panelas) ou menor (tigelas) PEÇA
profundidade; 2) recipientes “fechados” em que o diâ­ Def. O termo é usado no sentido de espécime.
metro máximo é sempre maior que o do bocal (bilhas)
(Balfet 1974:186). Nas coleções consultadas não encon­ VASILHA
tramos tigelas com cabo, à maneira de frigideiras. Def. Qualquer recipiente de cerâmica próprio
No presente glossário complementar os termos para conter substâncias líquidas ou sólidas.
são reunidos sob as seguintes seções, correspondentes a T. Rei. Vasilhame
grupos genéricos: Definições genéricas (10.01), Maté­ Vaso
rias-primas (10.02), Processos de manufatura (10.03),
Implementos (10.04), Partes componentes do vasilha­ VASILHAME
me (10.05), Tratamento e acabamento da superfície Def. Plural de vasilha. Teimo que abrange todos
(10.06), Tipos de decoração (10.07), Motivos decorati­ os recipientes de cerâmica.
vos (10.08). Os inter-relacionamentos — com estrutura T. Rei. Vasilha
de thesaurus — abrangem apenas esses grupos genéricos, Vaso
com exclusão, portanto, dos anteriormente definidos pa­
ra o glossário geral da nomenclatura cerâmica. VASO
O grupo (10.01) contém palavras usadas como Def. Termo genérico de recipiente de cerâmica
categorias inclusivas, devidamente definidas: vasilha, vasi­ indicador da forma: alongado ou bojudo, mas
lhame, etc. . O grupo (10.02) relaciona as matérias-pri­ com certo estreitamento no gargalo e no bocal.
mas usadas para a confecção, tratamento e acabamento T. Rei. Vasilha
da superfície, queima e decoração da cerâmica. Os gru­ Vasilhame
pos (10.06) e (Í0.07) incorporam definições empregadas
na terminologia da cerâmica arqueológica brasileira, to­
madas de Chmyz et alii (1966), com seus equivalentes MATÉRIAS-PRIMAS (10.02)
em inglês. A maioria dessas designações tem sido utiliza­
da, somente na descrição de material pré-histórico en­
contrado em nosso país. Achamos útil, contudo, explici- ANTIPLÁ STICO
tá-la na presente nomenclatura. Def. Para a confecção da cerâmica, ocorre,
Os Motivos decorativos (10.08) são divididos normalmente, a adição de materiais desengor-
em dois grandes grupos: naturalistas e geometrizantes. durantes ou temperos (antiplásticos) que en­
Este último termo indica que, embora possam parecer durecem a argila. Encontram-se, não raro, mis­
formas geométricas aos olhos dc observador estranho, turados aos depósitos de barro naturais. Dis­
e assim classificadas, não se exclui a possibilidade de se­ tinguem-se os constituídos de 1) substâncias
rem interpretadas como temático-figurativas pelos seus orgânicas: espículas de esponja calcinada, deno­
executantes indígenas. Esses padrões e a respectiva no­ minada regionalmente cauxi (ou cauixi); ossos
menclatura aplicam-se a outras categorias de artefatos moídos; conchas esfareladas; palha picada;
(trançados, tecidos, pirogravura de lagenária, etc.) obje­ estrume de gado; pó de carvão; cinza de uma
to da presente nomenclatura. Os respectivos designativos árvore do cerrado (“orelha de burro” ) não iden­
foram adaptados de Chmyz et alii (op. cit.),), Achero tificada botanicamente; cinza da casca e do
(1973), Belelli (1980), B. G. Ribeiro (1986a). Além de caule da árvore “ cega-machado” (Lythraceae
Chmyz et alii (op. cit.), os glossários baseiam-se em sp.; Physocalymna sp.); e, sobretudo, várias es­
consulta a trabalhos específicos com preocupações clas- pécies do gênero Licania, conhecidas como

30
Cerâmica
cariapé (também como caraipé ou caripé); 2) CAUXI
substâncias inorgânicas: grãos de quartzo, mica, Def. Espículas de animais espongiários mona-
feldspato; cacos triturados; pedras calcáreas, xônicos da família dos Espongilídeos, de água
areia, terra, tijolos e telhas triturados. O mate­ doce, (possivelmente Tubella Mello Leitão)
rial orgânico ou inorgânico introduzido na pasta que, reduzidas a cinzas e misturadas ao barro,
destina-se a produzir condições propícias à seca­ servem de tempero para a fabricação de vasi­
gem e queima da cerâmica. lhame. São também conhecidas como cauixi.
Sin. Desengordurante T. Rei. Antiplástico
T. Rei. Cariapé V. tb. Processos de manufatura (10.03)
Cauxi
V. tb. Processos de manufatura (10.03)

ARGILA COMBUSTÍVEL PARA A QUEIMA


Def. “ Silicatos de alumínio hidratados que Def. Substâncias vegetais agentes da ignição pa­
constituem os minerais silicosos” (Dicionário ra a queima da cerâmica. Distinguem-se, entre
Aurélio). os materiais orgânicos, as seguintes madeiras
Sin. Barro que conferem coloração avermelhada ao vasilha­
V. tb. Processos de manufatura (10.03) me: catingueira (Caesalpinia pyramidalis); angi­
co (Piptadenia sp.); imburana de cambão (Bur-
BARRO sera leptophloeus). E, ainda, a bainha da folha
Use: ARGILA de babaçu (Orbygnia martiana), certas cascas de
árvore que contém látex e o excremento de ga­
do, usado por tribos mais aculturadas. Entre os
BARRO BRANCO Desâna emprega-se, também para a queima, o
Use: CAULIM ninho do cupim.
V. tb. Processos de manufatura (10.03)

CARAJURU
Def. Tinta vermelho-telha extraída da decanta­
ção das folhas miúdas de uma trepadeira da CORANTES
família das Bigoniáceas (Arrabidaea chica Def. Substâncias usadas para a decoração do
H.B.K.) em cocção na água. vasilhame. Ocorrem basicamente nas tonalida­
T. Rei. Corantes des branca, preta, vermelha e amarela, podendo
V. tb. Tipos de decoração (10.07) ser de origem vegetal ou mineral. 1) Substâncias
corantes vegetais são extraídas das folhas de ça-
CARIAPÉ rajuru (Arrabidaea chica), de colorido verme­
Antiplástico adicionado à argila a fim de tempe­ lho-tijolo, do fruto do jenipapo (Genipa ameri­
rar a pasta. Registram-se as seguintes espécies cana) negro-azulado, das sementes do urucu
botânicas da família das Crisobalanáceas: Lica- (Bixa orellana) de colorido carmim. E ainda do
nia octandra (Hoffmgg ex. R. & S.) Kuntze verniz de pau-santo, da família das Gutíferas
subsp pallida (Hook. f.) Prance, identificada (Kielmeyera coriacea), negro brilhante, e do
por Prance entre os índios Deni (Prance 1986: verniz do angico da família das Leguminosas
132). O mesmo autor cita Couepia longipendula mimosóideas, do gênero Piptadenia, de colorido
Pilg da família das Rosáceas em uso para o mes­ amarelo-vítreo. 2) Substâncias corantes mine­
mo fim na mesma tribo. A bibliografia mencio­ rais para a cerâmica são obtidas de: a) hematita,
na ainda: Licania turiuva e Hirtella octandra. sesquióxido de ferro que fornece pigmento ver­
As cascas dessas plantas são cortadas em tiras e melho; b) limonito, hidróxido de ferro, com­
secas ao sol. Amontoadas de modo piramidal pacto ou terroso, que provê pigmento amarelo;
são queimadas lentamente pelas brasas introdu­ c) caulim ou barro branco; d) pedra preta, que,
zidas no centro da pirâmide. As cinzas resultan­ esfregada com um pouco d’água em uma pedra
tes são socadas no pilão e peneiradas, aprovei­ maior produz tinta negra.
tando-se o pó mais fino como mistura do barro. T. Rei. Carajuru
A esse pó os índios Desâna adicionam o sumo Caulim
da folha do cansanção (Urera caracasana Gri- “ Corante” negativo
seb). uma urticácea. Envernizadores de superfície
T. Rei. Antiplástico Esfumaradores de superfície
V. tb. Processos de manufatura (10.03) V. tb. Tratamento e acabamento da super­
fície (10.06)
CAULIM Tipos de decoração (10.07)
Def. .Argila de cor branca que, quando dissolvi­
da na água, serve como engobo ou para a deco­ “ CORANTE” NEGATIVO
ração pintada e/ou incisa do vasilhame. Conhe­ Def. Substância vegetal que inibe a fixação do,
cida também como tabatinga, designação de esfumaramento, contrastando o negro da fume-
origem tupi. gação à cor natural do bano em que foi aplica­
Sin. Barro branco da a decoração. Entre os Desâna emprega-se,
T. Rei. Corantes para esse fim, cinza branca do tronco e cascas
V. tb. Tipos de decoração (10.07) de cupiuba (Goupia glabra Aubl) misturada

31
Cerâmica
com água e sumo da folha de cubiu (Solanum PASTA
sessiliflorum Dun.). Def. Argamassa de barro e antiplástico usada
T. Rei. Corante para a confecção da cerâmica.
V. tb. Tratamento e acabamento da super­ T. Rei. Antiplástico
fície (10.06) V. tb. Processos de manufatura (10.03)
Tipos de decoração (10.07)
POLIDORES DA SUPERFÍCIE
DESENGORDURANTE Def. Matéria-prima vegetal, animal e mineral é
Use: ANTIPLÁSTICO empregada no polimento da superfície do vasi­
lhame. Registram-se as seguintes a) substâncias
ENVERNIZADORES DA SUPERFÍCIE vegetais: coco inajá (Maximiliana regia) e coco
Def. O envernizamento — ou vitrificação — da jarina (Phytelephas macrocarpa); fragmento de
superfície do vasilhame, após a queima, com o porongo ou cuia, da família das Cucurbitáceas
objetivo de impermeabilizá-lo ou embelezá- (Lagenaria sp. e Crescentia cujete L.); folha li­
lo, se efetua através da aplicação de uma cama­ xeira de um arbusto (Curatelia americana L.),
da vítrea, ou seja, transparente de resina das se­ sabugo de milho (Zea mays); um fungo conheci­
guintes espécies botânicas: breu de jutaí, da fa­ do como orelha-de-pau ou urupé (Polyporus
mília das Leguminosas (Hymenaea courbaril L.) sanguineus) que, umedecido endurece como
resina de jatobá, da mesma família (Copaifera couro, servindo para brunir a cerâmica; b) subs­
trichiofficinalis); látex de sorva, da família das tâncias animais: concha fluvial; c) minerais:
Apocináceas (Couma utilis); resina de sima- seixos rolados.
neiro (?), de acácia (?) e outras plantas não V. tb. Tratamento e acabamento da superfí­
identificadas; vernizes de pau-santo (Kielmey- cie (10.06)
era coriacea) e de angico (Piptadenia sp.) tam­
bém são usados como corantes.
T. Rei. Corantes
V. tb. Implementos (10.04) PROCESSOS DE MANUFATURA (10.03)
Tratamento e acabamento da super­
fície (10.06)
Tipos de decoração (10.07)
ACORDELADO (Coiled)
Def. Técnica de confecção de cerâmica que con­
siste na superposição de roletes de pasta, de
ESFUMADORES DA SUPERFÍCIE comprimento variado, em sentido circular ou
Def. O esfumaçamento da superfície do vasilha­ espiralado, até construir as paredes do vaso.
me, após a queima, tendo em vista sua imper­
meabilização e enegrecimento uniforme é obti­ MODELADO
do mediante o emprego das seguintes matérias- Def. Modelagem direta de uma pasta de barro.
primas vegetais: maceração da casca de um ar­ Comumente essa técnica é usada na confecção
busto (possivelmente Myrtaceae sp.), das folhas da base do vaso ou de peças pequenas: tortuais
verdes do mamão, da família das Caricáceas do fuso, apitos, trempes, figuras humanas ou da
(Carica papaya), de cocos de jarina (Phytele- fauna, cachimbos e miniaturas.
phas macro carpa), de folhas de abiu (Lucuma
caimito) e da palha de milho (Zea mays). MOLDADO (Mold made)
T. Rei. Corantes Def. Técnica de manufatura de cerâmica realiza­
“Corante” negativo da com o auxílio de um molde. Não existe re­
V. tb. Tratamento e acabamento da super­ gistro dessa técnica na cerâmica indígena brasi­
fície (10.06) leira.
Tipo de decoração (10.07)
QUEIMA (Firing)
FIXADOR Def. Processo físico-químico que consiste em
Use: MORDENTE transformar a pasta plástica em objeto sólido
submetendo-a à elevada temperatura: 400-
500° C, necessária para desidratar a argjla (Bal-
MORDENTE fet 1974:191). “ A presença ou ausência de
Def. Substância vegetal que, combinada com oxigênio e carbono durante a queima afeta
um corante, fixa as cores na pintura da cerâmi­ a coloração da pasta, uma vez que a argila reage
ca ou em qualquer outro suporte. Registram-se quando aquecida, já que contém, entre outras
as seguintes espécies: casca da vagem do ingá e substâncias, ferro e alumina. A grosso modo, se
respectiva entrecasca (Inga laterifloro); caroço esse aquecimento ocorre em atmosfera oxidante
esmigalhado do algodão (Gossypium barbaden- (rica em oxigênio), a cerâmica apresenta uma
se) óleo do fruto do pequi (Caryocar brasili- coloração nas gamas marrom, amarelo, laranja
ense); látex e maceração de folhas e de entre­ e vermelho; se ocorre em ambiente redutor
casca de espécies vegetais não identificadas. (rico em monóxido de carbono) assumirá tona­
Sin. Fixador lidades entre o preto, cinza e branco. Entre in­
T. Rei. Corantes dígenas brasileiros, a queima se processa nor­
V. tb. Tipos de decoração (10.07) malmente em atmosfera oxidante. Não registra-

32
Cerâmica
T-*y nenhum grupo atual que queime cerâmica cana L), da família das Dileniãceas, que sei vem
í — ambeente redutor” . (Andrade Lima 1986: de lixa para brunir a cerâmica e outros materiais.
1 |L V. tb. Matérias-primas (10.02)
V. tb- Matérias-primas (10.02) Tratamento e acabamento da super­
fície (10.06)
TO RNEADO Wheel rmde)
Dei. Técnica de confecção de cerâmica que con­ RASPADORES
siste em elaborar o recipiente com o auxílio de Def. Implementos para o tratamento da super­
uma roda de torno (roda do oleiro). Técnica fície: lâminas, conchas, pedaços de cabaça ou
desconhecida dos oleiros indígenas. cuia, facas ou colheres de metal.
V. tb. Tratamento e acabamento da super­
fície (10.Ó6)
Tipos de decoração (10.07)

VITRIFICADORES
IMPLEMENTOS (10.04) Def. Estiletes providos em uma das extremida­
des de um chumaço de algodão, à maneira de
pincéis, destinados a espalhar uma leve camada
de resina ou verniz ainda quente na superfície
A LISADORES do vasilhame.
Def. Espátulas de madeira, facas ou colheres de V. tb. Tratamento e acabamento da super­
metal, afeiçoadas para alisar as paredes internas fície (10.06)
e externas do vasilhame.
V. tb. Tipos de decoração (10.07)

ENTALHADORES PARTES COMPONENTES DO VASILHAME (10.05)


Def. Estiletes ou lâminas empregados para pro­
duzir pequenos cortes no lábio ou na superfí­
cie do vasilhame.
V. tb. Tipos de decoração (10.07) ALÇA (Handle)
Def. Apêndice vazado destinado a suspender a
ESCOVADORES vasilha. Em forma de arco, situa-se no topo da
Def. Implementos de pontas múltiplas usados peça.
para produzir sulcos paralelos na superfície ain­
da úmida do vasilhame. ASA (Lug)
V. tb. Tipos de decoração (10.07) Def. Apêndice compacto ou vazado, destinado
a soerguer a vasilha, apenso aos lados da mesma.
IMPRESSORES (Ver fig. 3).
Def. Implementos (bambu, cartucho de bala,
concha, lâmina, corda, tecido, trançado, etc.) BASE (Base)
utilizados para imprimir ou gravar padrões es­ Def. Parte inferior de sustentação do vasilhame.
tandardizados na pasta úmida da superfície do Distinguem-se as seguintes variantes: a) plana;
vasilhame. b) côncava; c) convexa; d) arredondada;e) ane­
V. tb. Tipos de decoração (10.07) lar; f) quadrada; g) em pedestal. (Ver figs. 1 a
12).
PERFURADORES
Def. Implementos pontiagudos e de pontas BEIRA
múltiplas para riscar, pontualizar, gravar ou im­ Use: BORDA
primir.
V. tb. Tipos de decoração (10.07) BICO (Spout)
Def. Forma afunilada disposta no centro ou na
PINCÉIS parte lateral da borda de um pote ou jarra.
Def. Pequenos estiletes ou outros implementos
para a pintura: 1) envoltos em uma das extremi­ BOCA (Mouth)
dades com chumaço de algodão; 2) penas de Def. Abertura superior do vaso. Distinguem-se
aves; 3) talos aveludados de determinados as seguintes variantes principais: a) circular; b)
vegetais; 4) cabelo humano. elíptica ou ovóidè; c) quadrangular; d) retangu­
V. tb. Tipos de decoração (10.07) lar; e) irregular.
Motivos decorativos (10.08)
BOJO
POLIDORES Def. A maior parte do corpo do vaso. Compre­
Def. Implementos para polimento e brilho da ende toda a extensão, exceto a borda, o gargalo
parede dos vasos. Ocorrem de origem vegetal e a base do vaso.
e/ou animal; conchas, frutos, sementes, peda­
ços de cuias ou porongos, cocos das palmeiras BORDA
inajá e jarina, seixos rolados, palha de milho Def. Extremidade terminal do vasilhame. Pode
e as folhas ásperas do caimbé (Curatelia ameri­ apresentar as seguintes características princi-

33
Cerâmica
pais: a) direta; b) extrovertida; c) introvertida; ENVERNIZAMENTO
e) com orifícios decorativos. Def. Técnica de tratamento da superfície que
Distingue-se com o termo lábio a culminância consiste em impermeabilizar o vasilhame me­
da borda. (Ver igs. 1 a 12) diante a aplicação de um verniz.
V. tb. Matérias-primas (10.02)
CONTORNO Tipos de decoração (10.07)
Def. Delimitação das paredes do vasilhame. Dis-
tinguem-se três variantes principais: a) simples; ESFUMAÇAMENTO
b) carenado (carimted), em que o contorno do Def. Técnica de impermeabilização das paredes
bojo se apresenta com um ângulo no meio; c) do vaso através da fumegação. (Ver figs. 7, 12).
complexo, quando o bojo apresenta reentrân­ V. tb. Matérias-primas (10.02)
cias ou representação figurativa. (Ver figs. 1 a Tipos de decoração (10.07)
12).
POLIDO (Polished)
GARGALO Def. Técnica de complementação do alisamento
Def. Porção intermediária entre a borda e o bo­ e raspagem destinada a tornar impermeável e
jo dos potes, jarras, moringas e panelas vasifor- lustrosa a superfície do vasilhame. Ocorre tanto
mes. (Ver fig. 1). na parte interna quanto externa da peça.
Sin. Pescoço. V. tb. Matérias-primas (10.02)
Implementos (10.04)
LÁBIO
Def. Extremidade terminal da borda. Pode apre­
sentar reentrâncias e outros tipos de decoração. RASPAGEM
Os mais comuns são: a) plano; b) ondulado; c) Def. Tratamento da superfície que elimina
detilhado ou serrilhado. (Ver figs. 2, 5, 6, 7). eventuais asperezas. É feita com conchas, peda­
ços de cabaça e cuia, facas ou colheres de me­
PÉ(Foot) tal.
Def. Apêndice disposto na base da vasilha para V. tb. Matérias-primas (10.02)
fins de sustentação. Pode ser em número de três Implementos (10.04)
(trípoda), quatro (tetrápoda) ou mais (polí-
poda). Os pés podem ser ocos ou sólidos, de VITRIFICAÇÃO
forma cilíndrica ou esférica. (Ver fig. 8). Def. Aplicação de uma resina após o cozimento
e decoração do vasilhame. (Ver fig?. 4 e 10).
PESCOÇO V. tb. Matérias-primas (10.02)
Use: GARGALO Implementos (10.04)

TIPOS DE DECORAÇÃO (10.07)

TRATAMENTO E ACABAMENTO
DA SUPERFICIE (10.06) ACANALADO (Grooved)
Def. Tipo de decoração em que a superfície da
peça de cerâmica é marcada com os dedos, for­
mando sulcos alongados.
ALISADO (Smooted)
Def. Processo de nivelação da superfície das pe­ APENDICULAR
ças cerâmicas. Varia entre regular e irregular. Def. Aplicação de decoração modelada na bor­
V. tb. Implementos (10.04) da ou no bojo da vasilha antes da queima. Os
apêndices podem ser: zoomorfos, antropomor-
BANHO (Wash) fos e geometrizantes. (Ver fig. 8).
Def. Revestimento de saibro fino, mais delgado V. tb. Processos de manufatura (10.03)
que o engobo, de aspecto transparente, aplicado Partes componentes do vasilhame
ao vasilhame antes da queima, abrangendo toda (10.05)
ou parte da superfície da peça.
APLICADO (Aplique)
ENGOBO (Slip) Def. Tipo de decoração que fixa uma ou várias
Def. Revestimento aplicado às paredes do vasi­ tiras oul^olas de pasta na borda ou no bojo do
lhame antes da queima. Consiste numa fina ca­ vasilhame para efeito ornamental.
mada de argila (branca ou colorida) diluída na V. tb. Partes componentes do vasilhame
água, abrangendo toda ou parte da superfície (10.05)
das peças. A tinta é pressionada com uma se­
mente ou objeto roliço, produzindo certo lus­ CANELADO (Ridged)
tro. Def. Tipo de decoração que consiste em pressio­
V. tb. Matérias-primas (10.02) nar com a extremidade do dedo a face interna
Processo de manufatura (10.03) da peça de cerâmica em sentido perpendicular

34
Cerâmica
i barda, ocasionando canduras salientes e alon- EXCISO (Excised)
pdas ca face oposta. Def. Tipo de decoração que consiste em reti­
V. tb. Partes componentes do vasilhame rar, antes da queima, porções da superfície do
(10.05) vaso de tamanhos, formas e profundidades va­
riadas.
CARIMBADO <S:amped) V. tb. Processos de manufatura (10.03)
Deí. Tipo de decoração que consiste em impri­
mir na pasta úmida da superfície do vasilhame GRAVADO (Engraved)
a marca de um instrumento (bambu, cartucho Def. Tipo de decoração que consiste na retirada
de bala, concha, etc.), ou padrões estandardiza­ por abrasão, com implemento apropriado, de­
dos. pois da queima, de faixas ou porções da super­
V. tb. Implementos (10.04) fície do vasilhame.
V. tb. Processos de manufatura (10.03)
Implementos (10.04)
CORRUGADO ( Corrugated)
Def. Tipo de impressão feita com o dedo ou IMPRESSO EM ZIGUEZAGUE (Rocker stamped)
com espátula na junção dos roletes e que pro­ Def. Tipo de decoração resultante da impressão
duz uma superfície com relevos rítmicos, com de marcas contínuas em ziguezague obtidas
variações. (Apud Marois & Scatamacchia com um implemento à maneira de lâmina.
1986ms.). V. tb. Implementos (10.04)
V. tb. Implementos (10.04) Motivos decorativos (10.05)

INCISO
CORRUGADO-SIMPLES (Simple corrugated) Def. Tipo de impressão que consiste em apertar
Def. Tipo de decoração resultante do enruga- um instrumento, deslizando-o sobre a superfície
mento externo dos roletes pela superposição da pasta ainda plástica, produzindo uma ou
da parte inferior de uns sobre a superfície de mais linhas em baixo relevo. (Apud Marois &
outros. Scatamacchia 1986ms).
V. tb. Implementos (10.04)
CORRUGADO-UNGULADO (Fingernail-marked corru­
gated) INCRUSTADO (Retouched ou Inlaid)
Def. Tipo de decoração em que às corrugações Def. Aplicação nos sulcos da decoração marca­
se associam ungulações. da, entalhada, excisa ou incisa, de barro ou
pigmento de cor contrastante.
DIGITADO (Fingertip & Fingernail marked)
Def. Tipo de decoração que consiste em impri­ MARCADO-COM-CORDA (Cord marked)
mir simultaneamente a ponta do dedo e da Def. Impressão na superfície externa da cerâmi­
unha na superfície do vasilhame. ca, antes da queima, de marcas de cordas.

ENEGRECIMENTO MARCADO-COM-TECIDO (Fabric marked)


Def. Na impossibilidade de obter o enegreci- Def. Impressão na superfície externa do vasi­
mento das paredes do vaso durante a queima, lhame, antes da queima, de marcas de tecido.
ele é obtido, com propósitos decorativos após
a queima. Para isso, esfrega-se a parede interna PINÇADO (Pinched)
com: 1) maceração de casca de um arbusto; 2) Def. Tipo de decoração que consiste em pro­
casca de árvore; 3) folhas verdes de mamão duzir marcas salientes na superfície da vasilha
(usadas também para o fogo). Feito isso, o vaso por meio de beliscadas.
é emborcado sobre uma fogueira de pau e pa­
lha. PINTADO (Painted)
T. Rei. Pintura “em negativo” Def. Tipo de decoração executada antes ou
V. tb. Matérias-primas (10.02) depois da queima da cerâmica, em sua superfí­
Processos de manufatura (10.03) cie interna ou externa, diretamente ou sobre o
Tratamento e acabamento da super­ engobo ou o banho, formando padrões orna­
fície (10.06) mentais. (Ver figs. 1,5. 9 ,10,11).
T. Rei. Pintura “em negativo”
ENTALHADO (Nicked) V. tb. Matérias-primas (10.02)
Def. Tipo de decoração que consiste em produ­ Tratamento e acabamento da super­
zir pequenos cortes no lábio ou na superfície fície (10.06)
do vasilhame. Motivos decorativos (10.08)
V. tb. Implementos (10.04)
PINTURA “EM NEGATIVO”
ESCOVADO (Brushed) Def. Registram-se dois processos: 1) a decora­
Def. Tipo de incisão feita na superfície ainda ção, aplicada após a queima, é recoberta de uma
úmida, com um implemento com pontas múl­ ' argila amarelada, diferente da que foi emprega­
tiplas, ou outra espécie de implemento, que da na confecção da vasilha. Esta volta a ser
produz sulcos paralelos em baixo relevo. esfumarada e, quando esfria, a camada prote­
V. tb. Implementos (10.04) tora é retirada. Registra-se entre os grupos

35
Cerâmica
Pano. 2) A decoração é feita (também após a ESCALONADOS
queima) com sumo de determinadas plantas. Figuras em forma de escadas com a sucessão de
Submetida a peça ao esfumaramento, enegrece ângulos retos.
toda a superfície, exceto a parte submetida à
de coração, que exibe, depois de lavada, a cor ESPINHA DE PEIXE
natural do barro. Registra-se entre os grupos Sucessão e embutimento de ângulos retos. (Ver
Tukâno. (Ver figs. 2.e 3) Cerâmica fig. 5).
T. Rei. Pintado
V. tb. Matérias-primas (10.02) ESPIRAIS
Tratamento e acabamento da super­ Curvas em caracol.
fície (10.06)
Motivos decorativos (10.08) FAIXAS
Zona da superfície que se distingue do resto
PONTEADO (Punctuated) pela coloração ou aspecto diferente.
Def. Decoração executada com um implemento
pontiagudo que deixa marcas soltas de tama­ FIGURAS EM “H”
nhos e formas variadas. Intersecção de duas linhas à semelhança da letra
“H” maiúscula.
PONTEADO ARRASTADO (Drag & jab punctuated)
Def. Decoração executada com um implemento FIGURAS EM “T”
provido de uma ou mais pontas, que produz, Intersecção de duas Unhas à semelhança da letra
alternadamente, pontos e sulcos interligados na “T” maiúscula.
superfície do vaso.
V. tb. Implementos (10.04) FIGURAS ESQUARTEJADAS
Quatro chevrons contrapostos dois a dois.
UNGULADO (Finger marked)
FIGURAS LABIRÍNTICAS
Def. Impressão com a ponta das unhas de
Desenvolvimento simétrico de traço quebrado,
marcas agrupadas em diversas posições na
deixando um espaço intermédio com tendência
superfície do vasilhame.
concêntrica. (Ver Cerâmica fig. 10).

GREGAS
Figuras formadas por ângulos retos em movi­
mento meândrico mas com as extremidades
soltas.
MOTIVOS DECORATIVOS (10.08)
LINHAS RETAS
Simples segmento que pode repetir-se ao dobro
ou ao múltiplo. Apresentam-se na vertical,
MOTIVOS GEOMETRIZANTES horizontal ou em posição oblíqua. .
Def. Desenhos produzidos com o dedo, ou com
um pincel improvisado, diretamente sobre a LOSANGOS
peça antes ou depois de cozida, ou depois de Rombos quadriláteros com dois ângulos agudos
cozida sobre o banho ou o engobo, de caráter e dois obtusos. (Ver Cerâmica fig. 11)
geometrizante. Isto é, representando figuras da
geometria linear que, para os índios, podem ou LOSANGOS CONCÊNTRICOS
não ser simbólico-figurativos. Entre as inúmeras Sucessão dessas figuras circunscritas por outras
variantes distinguem-se as seguintes, registra­ da mesma natureza de maior tamanho.
das na literatura etnológica e arqueológica:
MEANDROS
AMPULHETA Volteios sinuosos.
Dois triângulos opostos pelo vértice.
PONTOS
ARABESCOS Apresentam-se aUnhados em faixas paralelas ou
linhas e rabiscos entrelaçados. agrupados deixando espaço entre si.

CHEVRONS QUADRADOS
Sucessão de Vs na vertical ou na horizontal. Equilátero com quatro ângulos retos.
(Ver Cerâmica fig. 9).
QUADRADOS CONCÊNTRICOS
CRUCIFORMES Sucessão dessas figuras de tamanho maior.
Entrecruzamento de duas linhas na vertical e na
horizontal.
RAIOS
DIAMANTE Cada um dos traços que partindo de um centro
Rombóide sólido circunscrito por outro maior e se distribuem de forma divergente em todas as
vazado. direções.

36
Cerâmica
RETÍCULO
Entrecruzamen to de linhas na horizontal,
vertical e em posição oblíqua, isto é, em forma
hexagonaL

VOLUTAS
Figuras espiraladas.

ZJGUEZAGUE
Unha quebrada que forma ângulos salientes e
reentrantes alternadamente. (Ver Cerâmica fig.
D-

MOTIVOS NATURALISTAS
Def. Desenhos produzidos com o dedo, ou com
um pincel improvisado, diretamente sobre a
peça antes ou depois de cozida, ou depois de
cozida sobre o banho ou o engobo, de caráter Fig. 3 - Bilha com asas, borda extrovertida, contorno carenado,
figurativo-naturalista. As inúmeras variantes fundo plano, pintura em negativo. índios Tukâno, M.N. n9
podem ser reunidas nos seguintes grandes 40.235. Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal.
grupos: 1) desenhos antropomorfos, em forma
humana natural ou fantástica, neste caso,
representando, comumente, entes sobrenatu­
rais. 2) desenhos zoomorfos, em forma animal,
dividindo-se os que representam mamíferos,
aves, peixes, répteis, quelônios, anfíbios,
invertebrados; 3) desenhos fitomorfos, em
forma vegetal, que são os mais raros. (Ver
Cerâmica fig. 9).

Fig. 4 - Tigela com borda direta, contorno simples, fundo plano.


Acabamento da superfície: vitrificada interna e externamente,
índios Tukúna, M.N. n9 32.644. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça.
B. Secção longitudinal.

Fig. 1 — Bilha com gargalo, borda direta circular, contorno com­


plexo, fundo plano, Decoração pintada: motivo ziguezague. ín ­
dios Karajá, M.N. n9 37.712. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B.
Secção longitudinal.

Fig. 2 —Tigela com lábio ondulado, borda com orifícios, contor­ Fig. 5 - Panela gameliforme, borda extrovertida, lábio ondula­
no simples, fundo plano. Decoração:pintura em negativo na face do, contorno complexo, base em pedestal. Decoração pintada:
interna e polida na externa. índios Tukâno, M.N. n? 40.230. motivo espinha de peixe. índios Waurá, M.N. n9 32.325. Esc.
Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Perfil.

37
Cerâmica
Fig. 6 - Bilha cabaciforme, borda direta, lábio plano, contorno
simples, base arredondada. índios Borôro, M.N. n9 38.400. Esc.
1:5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal.

Fig. 10 - Panela gameliforme, borda extrovertida, contorno sim­


ples, base em pedestal. índios Conibo, M.N. nP 9.646. Esc.
1:7,5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal C. Detalhe da
decoração: motivo labiríntico. Acabamento da superfície: vitri-
ficada sobre engobo pintado.

________________ A________________________ • _______________

Fig. 7 - Pote com borda extrovertida, lábio plano; contorno sim­


ples, base cônica. Tratamento da superfície: enegrecida por esfu-
maramento. índios Kaingáng, M.N. nP 14.925. Esc. 1:7,5. A.
Corte longitudinal. B. Vista da peça.

Fig. 11 - Panela vasiforme. índios Tukúna, M.N. n ? 32.618.


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Perfil. C. Detalhe da decoração:
Fig. 8 — Tigela zoomorfa representando veado nos apêndices. losangos circunscrevendo círculos e ladeados por ponteado. Con­
Contorno simples, base tétrapode. índios Waurá, M.N. n9 torno complexo, borda extrovertida, fundo plano.
39.499, Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal.

Fig. 9 - Panela vasiforme. índios Tukúna, M.N. n ? 33.463. Esc.


1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da secção longitudinal. C. Vista Fig, 12 - Pote de borda extrovertida, contorno simples, lábio di­
superior da decoração: Chevron. D. Vista inferior da decoração: reto, base anelar. Acabamento da superfície: enegrecida por esfu-
naturalista, com elementos da fauna. Contorno carenado, borda maramento. índios Mundurukú, M.N. nP 34.231. Esc. 1:7,5. A.
extrovertida, base anelar. Vista da peça. B. Detalhe da secção longitudinal.

38
Cerâmica
20
TRANÇADOS

39
Trançados
20
TRANÇADOS

GRUPOS GENÉRICOS barragem empregada para atrapar o peixe. Ex­


clui os receptáculos trançados para setas enve­
N? Grupo nenadas com curare, descritos na categoria Ar­
mas.
01 Trançados para uso e conforto doméstico Uso: implementos especializados para a caça e a
pesca.
02 Trançados para a caça e a pesca T. Esp. Arapuca
Caniçada
03 Trançados para o processamento da mandioca Covo
Nassa
04 Trançados como meios de transporte de carga Socó
Consulte: (70) Armas
05 Trançados para uso e adorno pessoal

06 Trançados específicos para a venda


TRANÇADOS PARA O PROCESSAMENTO DA MAN­
DIOCA (03)
Def. Cestos de diferentes formas e tamanhos es­
TRANÇADOS PARA USO E CONFORTO DOMÉSTI­ pecializados para servir à transformação de uma
CO (01) planta venenosa — a mandioca brava - em ali­
Def. Compreende a variada esteiraria usada para mento.
sentar ou dormir, para aoanar e atiçar o fogo e Uso: tratamento da mandioca para fazer fari­
para proteger a carga das canoas. E, ainda, a ces­ nha, beiju, bebidas doces e fermentadas.
taria utilizada como recipiente para armazenar T. Esp. Cumatá
provisões, guardar utensílios e implementos de Peneira
fiação e tecelagem, servir alimentos sólidos e/ou Tipiti
líquidos, no caso dos cestos impermeabilizados. Ti pi ti de torção
E, mais, os cestos — registrados no alto rio Ne­ Tuavi
gro — para a defumação de pimenta e saúva. E, V. tb. Trançados para uso e conforto do­
por fim, a rede de dormir trançada de folíolos méstico (01)
de seda de buriti, comum entre os Xerente e Trançados específicos para a venda
diversos grupos Timbíra. (06)
Uso: para conforto pessoal, para a cozinha e a
armazenagem.
T. Esp. Abano trançado TRANÇADOS COMO MEIOS DE TRANSPORTE DE
Apá CARGA (04)
Cantil com invólucro trançado Def. Compreende cestos de tamanho avantaja­
Cesto alguidariforme do e diferentes formas — inclusive os alguida-
Cesto bornaliforme riformes, bomaliformes e gameliformes, descri­
Cesto gameliforme tos no rol dos cestos-recipientes — adaptados
Cesto paneiriforme para carregar nas costas, isto é, com alça cingin­
Cesto pia ti forme do a testa ou duas alças para os braços, à manei­
Cesto tigeliforme ra de mochila, destinados ao transporte de car­
Cesto vasiforme, ga. E, também, uma faixa trançada para carre­
Defumador trançado gar crianças de colo e gaiolas para transportar
Esteira pequenos animais.
Rede de dormir trançada Uso: No transporte por terra de crianças e car­
Suporte de cabaça ga.
V. tb. Trançados para o processamento da T. Esp. Aturá
mandioca (03) Cesto-cargueiro coniforme
Trançados como meios de transporte Cesto-cargueiro quadrangular
de carga (04) Gaiola trançada
Jamaxim
TRANÇADOS PARA A CAÇA E A PESCA (02) Tipóia trançada
Def. Este grupo engloba os cestos-armadilhas V. tb. Trançados para uso e conforto do­
para a caça e a pesca, bem como uma esteira- méstico (01)

41
Trançados
TRANÇADOS PARA USO E ADORNO PESSOAL (05) 22 Cinto trançado
Def. Atavios trançados para ornamentar o cor­ 23 Coroa trançada
po; cestos-bolsos para a guarda e transporte 24 Covo
de pequenos haveres. Exclui tipoia trançada 25 Cumatá
para carregar crianças, usada, às vezes, como 26 Defumador trançado
ornato cerimonial. 27 Disco occipital
Uso: pessoal. 28 Esteira
T. Esp. Aro trançado 29 Ferradura occipital
Braçadeira trançada 30 Gaiola trançada
Cesto bolsiforme 31 Jamaxim
Cesto estojiforme 32 Nassa
Chapéu trançado 33 Pára-sol
Cinta trançada 34 Patrona
Cinto trançado 35 Patuá
Coroa trançada 36 Peneira
Disco occipital 37 Pingente trançado dorsal
Ferradura occipital 38 Pulseira trançada
Pára-sol 39 Rede de dormir trançada
Patrona 40 Sandália trançada
Patuá 41 Socó
Pingente trançado dorsal 42 Suporte de cabaça
Pulseira trançada 43 Tipiti
Sandália trançada 44 Tipiti de torção
V. tb. Trançados como meio de transporte 45 Tipiti para a venda
de carga (04) 46 Tipóia trançada
47 Tuavi
TRANÇADOS ESPECÍFICOS PARA A VENDA (06)
Def. Objeto trançado geralmente miniaturizado,
destinado exclusivamente para o mercado exter­
no. ABANADOR
Uso : Comércio Use: ABANO TRANÇADO
T. Esp. Tipiti para a venda
V. tb. Trançados para uso e conforto do­ ABANO TRANÇADO
méstico (01) Def. Objeto trançado de forma variada —retan­
Trançados para o processo da man­ gular, trapezoidal, triangular, quadrado —seme­
dioca (03) lhante a uma pequena esteira, provido de uma
Trançados como meios de transporte parte superior mais resistente para empalmar.
de carga (04) É usado para atiçar o fogo e para abanar-se.
Trançados para uso e adorno pessoal Sin. Abanador
(05) T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Esteira
ITENS

N? Item

01 Abano trançado
02 Apá
03 Arapuca
04 Aro trançado
05 Aturá
06 Braçadeira trançada
07 Caniçada
08 Cantil com invólucro trançado
09 Cesto alguidariforme
10 Cesto bolsiforme
11 Cesto bomaliforme
12 Cesto estojiforme
13 Cesto gameliforme
Abano trançado, fndios Yawalapití, M.N. n9 40.117. A. Vista da
14 Cesto paneiriforme peça. B. Detalhe do remate. C. Detalhe do trançado. Esc. 1:10.
15 Cesto platiforme
16 Cesto tigeliforme
17 Cesto vasiforme
v18 Cesto-cargueiro coniforme APÁ
19 Cesto-cargueiro quadrangular Def. Cesto tigeliforme semelhante à meia-calota
20 Chapéu trançado ou meia-esfera, de crivo fechado, empregado
21 Cinta trançada como recipiente, como coador de líquidos e pa-

42
Trançados
ra servir alimentos sólidos. Apresenta-se fre­
quentemente em forma miniaturizada.
T. Gen. Trançado para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Cesto tigeliforme
V. tb. Cumatá

Apá. índios Tukâno, M.N. n9 37.467. Esc. 1:7,5. A. Vista da pe­


ça. B. Detalhe do trançado e do arremate da borda com aros múl­ Aro trançado. 1. índios Hohodene, M.N. n9 40.305. 2. índios
tiplos. Kuruaya, M.N. n9 20.368. A. Vista da peça. B. Perspectiva. C.
Detalhe do trançado.

ATURÁ
ARAPUCA Def. Termo em língua geral, dicionarizado, que
Def. Cilada feita de estiletes de madeira dis­ designa cestos-cargueiros esféricos, em forma de
postos em forma piramidal, unidos entre si por paneiros, providos de alça para cingir a testa e
trançado torcido. É utilizada como armadilha levar nas costas. Trançado torcido de fasquias
para apanhar pássaros e pequenos animais. de cipó. Destina-se ao transporte de produtos
T. Gen. Trançados para a caça e a pesca (02) da roça, da mata e à locomoção de objetos du­
V. tb. Processos de manufatura (20.03) rante as viagens por terra.
T. Gen. Trançados como meios de transporte
de carga (04)
T. Rei. Cesto paneiriforme
V. tb. Processos de manufatura (20.03)

Arapuca. índios Tenetehara, M.N. n9 33.956. Esc. 1 :10.

ARO TRANÇADO
Def. Coroa estreita usada como suporte de
adorno plumário ou como enfeite trançado para
a cabeça.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05) Atuiá: cesto-cargueiro paneiriforme esférico, índios Makú, M.N.
T. Rei. Coroa trançada n9 40.155. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do início do
Consulte: 40 Adornos plumários trançado. C. Detalhe do trançado das paredes do cesto.

43
Trançados
BALAIO CANTIL COM INVÓLUCRO TRANÇADO
Use: CESTO GAMELIFORME Def. Recipiente de cabaça com revestimento ou
tampa trançada e alça para levar nas viagens.
BRAÇADEIRA TRANÇADA Usado para acondicionar água ou óleo de baba­
Def. Objeto trançado que ornamenta o braço, çu para passar na pele contra mosquitos.
constituído de uma longa trança enrolada em T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
círculos. Encontrado entre os índios Kayapó. tico (01)
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)

Pulseira trançada. índios Gorotíre, M.N. n ? 38.287. Esc. 1:5.

CANASTRA
Use: CESTO ESTOJIFORME
Cantil com tampa trançada. índios Gorotíre-Kayapó, M.N. n?
CANIÇADA 38.351. Esc. 1:5. A. Vista da peça (cabaça) e da tam pa trança­
Def. Esteira de varetas de madeira dispostas pa­ da. B. Detalhe do trançado.
ralelamente umas às outras e ligadas entre si por
trançado torcido de faquias de cipó. A caniçada
(ou pari) é presa nas margens do igarapé, lago
ou paraná por paus fincados no leito do rio ser­
vindo de barragem para atrapar os peixes, prin­
cipalmente por ocasião da pesca com timbó.
Sin. Pari
T. Gen. Trançados para a caça e a pesca (02)
V. tb. Esteira

Cantil com invólucro trançado. índios Asuriní, M.N. n? 40.889.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado. C. Detalhe
da cabaça sem parte do revestimento trançado.

CARTUCHEIRA
Use: PATRONA

CESTO ALGUIDARIFORME
Def. Cesto-recipiente e/ou cargueiro em forma
de alguidar, isto é, alongado ou ovalado na bor­
da e, comumente, mas nao necessariamente, no
fundo. Apresenta-se em tamanho normal ou mi-
niaturizado prestando-se à guarda de objetos ou
para servir alimentos. (Os Bororo utilizam ces­
A. Vista da peça. B. Modo de enrolá-la quando em desuso. tos alguidariformes para o enterro secundário

44
Trançados
dos ossos do morto). Quando usado para a car­ CESTO BORNALIF ORME
ga é provido de longa alça que cinge a testa. Def. Cesto-recipiente e/ou cargueiro em forma
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­ de bornal. Feito geralmente de duas folhas fla-
tico (01) beliformes com o respectivo pecíolo da palmei­
T. Rei. Cesto gameliforme ra buriti. Apresenta-se bojudo de variados tama­
nhos. Usado para guardar e transportar provi­
sões, implementos etc. (Os Xavante empregam-
no também como berço).
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Cesto alguidariforme

Cesto alguidariforme. índios Yawalapití, M.N. n9 39.508. A.


Vista da peça. B. Detalhe do fundo. C. Detalhe do trançado das
paredes. Esc. 1:7,5.

Cesto bolsiforme. índios Karajá, M.N. n ? 28.625. A. Vista da


peça. B. Detalhe do trançado. Esc. 1 :5.

Cesto-cargueiro alguidariforme. índios Karajá, M.N. n ? 39.968.


A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado e do arremate da borda;
aro duplo com entremeio de corda. Esc. 1 :10.
CESTO BOLSIFORME
Def. Cesto-recipiente de espessura mínima ou
espessura média, chamado comumente bolsa,
sacola ou patrona e provido de alça para carre­
gar ou pendurar. Varia em tamanho e forma:
retangular, quadrangular, ovalado, com ou sem
aba. De uso pessoal, serve para guardar e carre­
gar pequenos pertences.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)
T. Rei. Cesto estojiforme
Patrona
Consulte: 30 Cordões e teddos

45
Trançados
Cesto-cargueiro bornaliforme. índios Xavante, M.I. n? 5.821.
Esc. 1:10.

CESTO ESTOJIFORME
Def. Cestos-recipientes tipo “caixa” , “ cofre” ou
“estojo” com tampa, paredes singelas ou duplas
com entremeio de folha para tomá-los imunes
à umidade. Apresentam contextura rígida e for­
mato definido: retangular, quadrado, elítico.
São chamados telescópicos (do inglês telescop­
ing baskets) e pacarás, palavra de origem
Karib, quando o recipiente e a tampa se dupli­
cam quanto à forma, sendo o primeiro de tama­
nho menor para permitir o encaixe. Reserva-se
o termo patuá para os que são feitos segundo a
técnica dobrada; e, patrona, para os portáteis,
à maneira de bolsa. De uso pessoal, servem para
guardar objetos preciosos, como os plumários.
Sín. Canastra
Cesto bolsiforme de trançado duplo. índios Tenetehara, M.N. T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
n? 33.824. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado. (05)
T. Rei. Cesto bolsiforme
Patrona
Patuá
V. tb. Processos de manufatura (20.03)
Consulte: 40 Adornos plumários

Cesto bornaliforme com tampa. índios Apinayé, M.N. n9 23.330. Cesto estojiforme. índios Galibí, M.N. n? 20.070. Esc. 1:7,5. A.
Esc. 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da superposição das fo­ Vista da peça. B. Peça com a tampa (telescópica). G Detalhe do
lhas com respectivo pecíolo. C Detalhe do trançado lateraL trançado.

46
Trançados
CESTO GAMELIFORME
Def. Cesto-recipiente e/ou cargueiro (transpor­
tado sobre a cabeça) semelhante à gamela. Ou
seja, de borda alargada e diâmetro proporcional
ao da base. O bojo do cesto caracteriza-se por
ser “atarracado”, isto é, mais largo que alto, po­
dendo assumir as seguintes conformações: re­
tangular, quadrada, arredondada. Os de tama­
nho maior servem para a guarda e transporte de
provisões, sendo freqüentes os miniaturizados.
Sin. Balaio
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Cesto paneiriforme

Cesto estojiforme. índios do rio Uaupés, M.N. n 9 8174. Esc.


1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado enlaçado com tra­
ma flexível visto no anverso; C. Visto no reverso.

Cesto gameliforme. índios Yawalapití, M.N. n9 39.639. A. Vista


da peça. B. Detalhe do trançado. C. Detalhe do arremate da bor­
da com aro roliço. Esc. 1:10.

CESTO PANEIRIFORME
Def. Cesto recipiente e/ou cargueiro em forma
de paneiro. Isto é, assemelhado ao gameliforme,
porém de maior altura e geralmente de trançado
hexagonal. É usado para armazenar farinha ou
para “ensacá-la” quando destinada à venda, sen­
do para isso forrado com folhas de arumã ou de
sororoca. Apresenta-se em tamanho convencio­
nal: conteúdo de cerca de 10 quilos de mandio­
ca. Empregado como cargueiro, recebe uma alça
para suspender. Os paneiros para carga em for­
ma esférica são distinguidos pelo termo aturá,
originário da língua geral, de largo emprego na
Amazônia.
Sin. Paneiro (ou urutu)
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
Cesto estojiforme. índios Waiwai, M.L n9 79.5.29. Esc. 1:7,5.
T. Rei. Aturá
A. Vista da peça. B. Detalhe dos motivos de trançado: lagarta mí­ Cesto gameliforme
tica e pássaros. Designação tribal e regional: pacará. V. tb. Processos de manufatura (20.03)

47
Trançados
Cesto paneiriforme forrado de folhas de sororoca. índios das
Guianas, M.N. n9 5.797. A. Vista da peça. B. Detalhe do tran­
çado hexagonal. Esc. 1:10.

CESTO PLATIFORME
Def, Cesto-recipiente raso assemelhado ao pra­
to. Em alguns casos é provido de paredes de pe­
quena altura ou delas desprovido. Apresenta-se
Cesto paneiriforme. índios Krikatí, M.N. 38.696. Esc. 1:7,5. de forma redonda, quadrada ou retangular.
A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado sarjado. C. Detalhe do Os que têm malhas de crivo aberto são usados
arremate da borda; acabamento anelar. D. Detalhe da fixação da para cernii íarinha, sendo classificados como
alça de suspensão.
peneiras.
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Apá
V. tb. Peneira

Cesto paneiriforme com base trípode. índios Pakaa-novas, M.N.


n9 38.939. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Parte interna. C Su­ Cesto platiforme. índios Tembé, M.N. n9 15.238. Esc. 1:10. A.
porte trípode. D. E. Detalhe dos trançados de cada uma das Vista da peça. B. Detalhe do arremate da borda com reforço en-
partes. tretrançado. C. Detalhe do trançado.

48
Trançados
CESTO TTGELIFORME
Def. Cesto-redpiente em forma de tigela. Apre-
senta-se comumente de conformação arredon­
dada, fundo plano e paredes de pouca altura.
Os cestos tigeliformes de base côncava, isto é,
à maneira de meia esfera são distinguidos pelo
vocábulo apá, originário da língua geral. São
usados para servir alimentos, para pequenos
guardados ou, como no caso da cumatá, para fil­
trar.
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
T. Rei. Apá
V. tb. Cumatá

Cesto vasiforme. fndios Tukâno, M.N. n ? 40.148. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Detalhe do trançado: quadricular aberto.

CESTO-CARGUEIRO CONIFORME
Def. Cesto-cargueiro cilíndrico, com fundo cô­
nico ou arredondado, geralmente feito com
trançado hexagonal e borda extrovertida. Ca­
racterístico dos índios Nambikuára e Paresí,
é empregado no transporte de carga, principal­
mente provisões.
T. Gen. Trançados como meios de transporte
de carga (04)
T. Rei. Aturá
V. tb. Cesto vasiforme
Processos de manufatura (20.03)

Cesto tigeliforme. índios Abitana-Huanyan, M.N. n9 26.326.


Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado. C. Detalhe
da borda com auto-remate.

CESTO VASIFORME
Def. Cesto recipiente em forma de vaso. Varia,
quanto à base, contorno e bocal, podendo ou
não ser provido de gargalo e ter bojo esférico,
cilíndrico ou em forma de campânula. Ocorre
em inúmeras tribos sendo empregado como ces­
to de pescador (samburá, cofo), defumador de
pimenta ou para a guarda de objetos longos.
Sin. Samburá (ou cofo) Cesto-cargueiro coniforme. índios Nambikuára, M.N. n9 38.866.
T. Gen. Trançados para o uso e conforto do­ Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do arremate anelar da
méstico (01) borda. C Detalhe do trançado: hexagonal oblíquo.

49
Trançados
CESTO-CARGUEIRO QUADRANGULAR CINTA TRANÇADA
Def. Cesto-cargueiro que, como o nome indica, Def. Adereço trançado que cinge a cintura, mais
se caracteriza por sua forma quadrada. É provi­ largo que o cinto, provido ou não de ornamen­
do de alça frontal para levar a carga às costas. tos plumários e franjas.
Encontrado apenas entre os Kaiwá. T. Gen. Trançados para uso e adomo pessoal
(05)
T. Rei. Cinto trançado

Cinta trançada. índios Karajá, M.N. nP 39.979. Esc. 1:10. A.


Vista da peça. B. Detalhe do trançado. C. Detalhe da fixação das
franjas na orla do trançado. D. Detalhe da fieira de penas.

CINTO TRANÇADO
Def. Faixa estreita formando um círculo que
Cesto-cargueiro quadrangular. índios Kaiwá, M.N. nP 33.581.
Esc. 1:10. A. Vista do fundo da peça. B. Vista frontal da peça. cinge a cintura.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)
CHAPÉU TRANÇADO T. Rei. Qnta trançada
Def. Peça do vestuário com copa e abas destina­
da a cobrir a cabeça. Registra-se seu uso entre
os índios Kaingang, Kadiwéu, Kaiwá e Guató,
entre outros. E provável tratar-se de influência
forânea, extra-tribal.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)
T. Rei. Pára-sol

Cinto trançado. índios Gorotíre-Kayapó, M.N. nP 38.288. Esc.


1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado: xadrezado em
diagonal.

Chapéu trançado. índios Kaingáng, M.N. n ? 7.464. Esc. 1:10. COADEIRA


A. Vista da peça. B. Detalhe da tira trançada. Use: CUMATÁ

50
Trançados
COROA TRANÇADA
Def. Objeto trançado de pouca altura que cinge
a cabeça servindo ou não como suporte para
adomo plumário.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)
T. Rei. Aro trançado
Consulte: 40 Adornos plumários

Covo. índios Desâna, M.N. n9 40.271. Esc. 1:7,5. A. Vista da


peça. B. Detalhe do trançado. G Detalhe da bifurcação da ripa
disposta ao avesso.

Coroa trançada. índios Kalapálo, M.N. n9 38.715. Esc. 1:3,3.


A. Vista da peça. B. Detalhe do arremate.

covo
Def. Armadilha de pesca oblonga, fechada em
funil na parte posterior, alargada na do meio e
extrovertida na anterior. As varetas são unidas
entre si por trançado torcido. Ao penetrar no
covo, o peixe não pode movimentar-se para sair
pela abertura. O covo ou matapi, da mesma for­
ma que a nassa é cercado de caniçadas ou folha­
gens para obrigar o peixe a cair na armadilha.
Empregado às vezes com mola e isca.
Sin. Matapi
T. Gen. Trançados para a caça e a pesca (02)
T. Rei. Nassa
V. tb. Processos de manufatura (20.03)

CUMATÁ
Def. Cesto-coador em forma de tigela rasa e
avantajada. É usado para extrair o primeiro ve­
neno (manicoera) da polpa da mandioca amarga
por todos os grupos indígenas do alto rio Ne­
gro, onde é conhecido por essa designação, ori­
ginária da língua geral.
Sin. Coadeira
T. Gen. Trançados para o processamento da
mandioca (03)
Cumatá. índios Wanâna, M.N. n9 40.132. Esc. 1:10. A. Vista da
T. Rei. Peneira peça. B. Vista lateral do arremate da borda. C. Arremate da bor­
V. tb. Apá . da visto de cima: com entremeio de trança. D. Detalhe do início
Cesto tigeliforme do trançado: umbigo olho.

51
Trançados
DEFUMADOR TRANÇADO ESTEIRA
Def. Cesto oblongo ou retangular suspenso sobre Def. Trançado de duas dimensões e tamanhos
o fogo usado no alto rio Negro para defumar pi­ variados usado como leito, assento, cobertura
menta e, eventualmente, invertebrados comes­ e divisória interna das casas, tapume das en­
tíveis. tradas da casa e como paravento. E, ainda, para
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­ cobrir a carga nas canoas.
tico (01) Sin. Tupé
T. Gen. Trançados para uso e conforto.domés­
tico (01)
T. Rei. Abano trançado
V. tb .Tuavi

Esteira. índios Krikatí, M.N. n9 39.757. Esc. 1:20. A. Vista da


Cesto defumador de pimenta. índios Desâna, M.N. n9 40.272. peça. B. Detalhe do trançado sarjado com padrão espinha de pei­
Esc. 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe de fixação das varetas. xe.

FERRADURA OCCIPITAL
Def. Aro duplo, de trançado embricado, preso
ao occipído por uma alça que cinge a testa. O
DISCO OCCIPITAL
adomo plümário —diadema occipital rotiforme
Def. Roda, provida de orifício central, construí­
— é introduzido entre os dois arcos que lhe ser­
da pelo envolvimento progressivo de uma tala
vem de suporte.
de taquara por fio de algodão. Pelo orifício pas­
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
sa uma alça, que cinge a testa, firmando o disco
(05)
no occipicio. Nele se apoia o toucado: adorno
T. Rei. Disco ocdpital
plümário dos índios Kayapó.
V. tb. Processos de manufatura (20.03)
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
Consulte: 40 Adornos plumários
(05)
T. Rei. Ferradura occipital
Consulte: 40 Adornos plumários

Disco occipital, suporte de adorno plümário. índios Mentuktíre, Ferradura occipital, suporte de adorno plümário. índios Goro-
M.N. n9 40.046. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do tran­ tíre, M.N. n9 35.730. Esc. 1:10. A, Vista da peça. B. Detalhe
çado embricado. C. Detalhe do pingente de algodão. do trançado embricado. G Detalhe da união dos dois aros.

52
Trançados
GAIOLA TRANÇADA JEQUI
Def. Cestos bojudos de variadas formas, de tran­ Use: NASSA
çado hexagonal, para serem mais leves e permi­
tirem a entrada do ar, com alça para transportar MATAPI
aves e pequenos animais. Use: COVO
T. Gen. Trançados como meios de transporte de
carga (04) NASSA
V. tb. Processos de manufatura (20.03) Def. Cesto cilíndrico afunilado para a extremi­
dade posterior, com reforço de anéis de cipó,
provido de um cone (“coração”) interno, ocu­
pando metade da extensão do cesto, feito de
varetas soltas mas muito próximas umas das
outras. O cone interno se abre quando o peixe
penetra na armadilha e se fecha à sua passagem.
É empregado em águas encachoeiradas cercado
de uma barragem para obrigar o peixe a entrar
na cilada.
S n. Jequi
T. Gen. Trançados para a caça e a pesca (02)
T. Rei. Covo

<Gaiola trançada. índios Tariâna, M.N. n9 40.247. Esc. 1:10.

JAMAXIM
Def. Cesto-cargueiro de três lados, fundo plano
e alça para dngir a testa ou carregar nos ombros
como mochila. Feito geralmente de trançado
hexagonal para ser mais leve. É usado para
transportar produtos da roça e da mata, para a
locomoção de rede e outros pertences durante
as viagens.
Sin. Panacu
T. Gen. Trançados como meios de transporte de
carga (04)
V. tb. Processos de manufatura (20.03)

Nassa. índios Waurá, M.N. n9 37.791. Esc. 1:10. A. Vista da


peça. B. Detalhe do arremate anelar e do trançado torcido.

PANACU
Use: JAMAXIM

PANEIRO
Use: CESTO PANEIRIF ORME

PARÁ-SOL
Def. Viseira trançada em forma de aba de boné.
Usada pelos índios Karajá para proteger a vista.
T. Gen. Trançado para uso e adorno pessoal
(05)
T. Rei. Chapéu trançado

53
Trançados
Para-sol. Indios Karaja, apud Krause 1911:206 fig. 33. Esc.
aprox. 1:7,5. A. Vista superior. B. Vista lateral.

PARI
Use: CANIÇADA Patrona. índios Kadiwéu, M.N. n9 37.590. A. Vista da peça. B.
Detalhe do trançado costurado. C. Detalhe da alça.
PATRONA
Def. Cesto-recipiente de estrutura rígida, provi­
do de aba ou tampa e de alça para carregar. A
forma varia entre retangular, quadrada, oval ou
PATUÁ
redonda. Usado na guarda ou transporte de
Def. Cesto recipiente estojiforme, de conforma­
objetos pessoais.
ção elíptica, retangular ou quadrada, confec­
Sin. Cartucheira
cionado segundo a técnica dobrada. De uso
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
pessoal, presta-se à guarda dos bens mais valio­
(05)
sos, como os adornos plumários.
T. Rei. Cesto bolsiforme
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
Cesto estojiforme
(05)
Patuá
T. Rei. Cesto estojiforme
Patrona
V. tb. Processos de manufatura (20.03)
Consulte: 40 Adornos plumários

Patrona (cesto estojiforme). índios Asuriní, M.N. n9 40.877. Patuá. índios Karajá, M.N. n9 28.626. Esc. 1:7,5. A. Vista da
Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado (enlaçado peça: recipiente e tampa telescópica. B. Detalhe da técnica de
com trama flexível) no anverso. C. Detalhe do reverso. confecção (dobrado).

54
Trançados
PENEIRA
Def. Cesto platiforme, isto é, raso, em forma de
prato, circular, retangular ou quadrado. Apre-
senta-se de crivo aberto, na parte central, ou
com as talas relativamente afastadas para cer­
nir a farinha.
Sin. Tamiz
T. Gen. Trançados para o processamento da
mandioca (03)
T. Rei. Cumatá
V. tb. Cesto platiforme

Pingente trançado dorsal. índios Mentuktíre, M.N. n9 40.055.


Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado bordado.

PREQUETÉ
Use: SANDÁLIA

PULSEIRA TRANÇADA
Def. Ornato trançado que cinge o pulso provido
de apêndices ornamentais. Comum entre os
grupos Kayapó.
T. Gen. Trançados para uso e adorno pessoal
(05)
T. Rei. Braçadeira trançada

Peneira. índios Wanâna, M.N. n9 40.134. Esc. 1:10. A. Vista da


peça. B. Detalhe do trançado. C. Detalhe do arremate: aro duplo
com entremeio de corda. Pulseira trançada. índios Kayapó. A pud Fritz Krause 1911:384.
M.I. n9 8068, índios Gorotíre-Kayapó.

PINGENTE TRANÇADO DORSAL


Def. Pequena esteira retangular, feita segundo
a técnica de trançado sarjado e bordado, pro­ REDE DE DORMIR TRANÇADA
vida ou não de ornato plumário, pendente so­ Def. Leito balouçante feito de flabelos de folha
bre a nuca, de uso infantil. de palmeira por entrançamento. Comum entre
T. Gen. Trançado para uso e adorno pessoal os índios Xerente e alguns grupos Timbíra.
(05) T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
V. tb. Processos de manufatura (20.03) tico (01)

55
Trançados
Rede trançada. índios Kiahó, M.N. n9 38.245. Esc. 1:33,5. A.
Vista da peça. B. Detalhe da trança. C. Detalhe do punho.

SAMBURÁ
Use: CESTO VASIFORME

SANDÁLIA TRANÇADA
Def. Calçado constituído de sola e presilhas
para prender os dedos do pé feito com maté­
ria-prima e técnica de trançado. Registrado em
uso entre os Krahó, Karajá e índios das Guia-
nas. Prequeté é, segundo Gastão Cruls (1945:
286), a “sandália de que se servem os índios pa­ da peça. B. Detalhe do trançado.
ra andar nos campos. Ê feita de talos de buri­
ti” .
Sin. Prequeté
T. Gen. Trançados para uso e adomo pessoal SUPORTE DE CABAÇA
Def. Objeto em forma de ampulheta feito de
(05)
roletes de taquara unidos entre si a várias al­
turas por trançado torcido. Serve de suporte
para cuias, cabaças ou panelas de cerâmica.
T. Gen. Trançados para uso e conforto domés­
tico (01)
V. tb. Processos de manufatura (20.03)

Sandália trançada. índios Krahó, M.N. n ? 38.154. Esc. 1:7,5.

socó
Def. Armadilha de pesca em forma de cone
truncado feito de lascas de madeira, ou talas da
nervura da folha do babaçu, aguçadas na extre­
midade inferior. Usada em águas rasas, é jogada
sobre o peixe para aprisioná-lo. A designação
“socó” (mororó em Tenetehara) é comum na
região, segundo Wagley 8t Galvão (1961:223).
T. Gen. Trançados para caça e pesca (02)
T. Rei. Covo Suporte de cabaça ou de panela. índios Kuikúro, M.N. nP
Nassa 35.964. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Vista superior da peça.

56
Trançados
TAMIZ TIPITI PARA A VENDA
Use: PENEIRA Def. Cesto cilíndrico extensível, com o formato
do tipiti, porém de pequeno tamanho, destina­
TIPITI do ao comércio externo.
Def. Cesto cilíndrico extensível, com abertura T. Gen. Trançados específicos para a venda
na parte superior e duas alças: a de cima para V. tb. Tipiti
prender a um ponto fixo; a de baixo para intro­
duzir a alavanca e fazê-lo disténder-se. Usado
para extrair o ácido hidrociânico da mandioca
brava.
T. Gen. Trançado para o processamento da
mandioca (03)
T. Rei. Tipiti de torção
V. tb. Tipiti para a venda

Tipiti para a venda (miniatura). índios Tukâno, M.N. n9 40.055.


Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. C. Detalhe das alças.

TIPOIA TRANÇADA
Def. Faixa trançada que se usa a tira-colo para
carregar criança pequena. Encontrada entre os
grupos Kayapó e Timbíra.
T. Gen. Trançados como meios de transporte de
carga (04)

Tipiti. índios Tukúna, M.N. n9 32.752. Esc. 1:20. A. Vista da


peça. B. Detalhe da alça superior. C. Detalhe da alça inferior.

TIPITI DE TORÇÃO
Def. Cesto oblongo torcido nas pontas com
uma abertura no sentido do comprimento onde
se coloca a polpa da mandioca brava para ex­
trair, por torção, o ácido hidrociânico. Regis­
trado entre os grupos Kayapó e Timbíra.
T. Gen. Trançados para o processamento da
mandioca
T. Rei. Tipiti

Tipoia trançada. índios M entuktíre (ou Ixukaham ãi) M.N. n9


40.050. Esc. 1:7,5. Á. Vista da peça. B. Detalhe do trançado,
Tipiti de torção. índios Mentuktíre-Kayapó, M.N. n9 40.047. inclusive o relevo “ bordado” . C. Detalhe do arremate frontal
Esc. 1:10. com pingentes.

57
Trançados
TUA VI
Def. Designação tribal alto-xinguana de uma es-
teirinha usada em lugar do tipiti (ou da cumatá)
pelas tribos dessa área a fim de comprimir a
massa ralada da mandioca brava e filtrar o ácido
hidrociânico. Confeccionada com a nervura da
folha do buriti segundo a técnica de trançado
torcido.
T. Gen. Trançados para o processamento da
mandioca (03)
T. Rei. Cumatá
Tipiti
Tipiti de torção
V. tb. Esteira
Processos de manufatura (20.03) B

TUPÉ
Use: ESTEIRA Tuaví. índios Yawalapití, M.N. n9 39.476. Esc. 1:10. A. Vista
da peça enrolada. B. Detalhe do trançado.

58
Trançados
20 TRANÇADOS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (20.00)

A exemplo do glossário complementar da cerâ­ e tecidos. Excluíram-se, entretanto, objetos rituais, lú­
mica, apresentamos aqui as definições que completam as dicos e outros executados com matéria-prima e técnica
dos itens, a fim de uniformizar a terminologia necessária de trançado, tais como: máscaras trançadas, escudo tran­
à descrição das coleções etnográficas. çado, chocalhos trançados, brinquedos trançados e car-
Os termos são reunidos sob as seguintes seções: cazes trançados, que são descritos nas categorias que ex­
Definições genéricas (20.01), Matérias-primas (20.02), pressam suas respectivas funções.
Processos de manufatura (20.03), Começos (ou umbi­ O presente glossário baseia-se, fundamental-
gos) do trançado dos cestos (20.04), Arremate dos ces­ mente, no trabalho de B. G. Ribeiro (1980ms.) reelabo-
tos (20.05), Partes componentes do cesto (20.06), Pa­ rado posteriormente (1985, 1986a) onde podem ser con­
drões ornamentais específicos do trançado (20.07). Os sultadas as fontes primárias respectivas. Esse estudo in­
inter-relacionamentos, com estrutura de thesaurus, corpora os princípios classificatórios e a taxonomia uti­
quando pertinentes, referem-se apenas a essas seções. lizada por autores de língua inglesa e francesa que pro­
O grupo 20.01 contêm definições globais, tais cederam a um esforço semelhante, a exemplo de Mason
como, o que se entende por trançado, cestaria, cesto, (1904, reeditado em 1976), Balfet (1952), Adovasio
este último descrito segundo suas funções: armazenar, (1977), 0 ’Neale (1949, reeditado em 1986), e Roth
tamizar, coar, transportar. E, ainda, os vocábulos que ex­ (1924, reeditado em 1970). Ele se beneficiou, igual­
plicitam técnicas estruturais básicas do trançado: costu­ mente, de trabalho de campo realizado por mim entre os
rar, cruzar, enlaçar, torcer. E, mais, as partes, devida­ grupos indígenas que habitam o Parque Indígena do Xin­
mente preparadas, das plantas utilizadas nessa manufa­ gu e o alto rio Negro, na consulta e fichamento de cerca
tura: palha, tala, folíolo, etc. de mil peças das coleções do Museu Nacional e Museu
O grupo Matérias-primas (20.02) é descrito se­ do índio, bem como das monografias sobre trançados
gundo sua classificação botânica. Relacionam-se as plan­ dos índios Wayâna-Aparai, de Lúcia H. van Velthen
tas citadas na bibliografia etnológica, aquelas identifica­ (1984) e Karajá, de Edna de Mello Taveira (1978).
das no exame das coleções do Museu Nacional e Museu Embora refeita inúmeras vezes, essa taxono­
do índio e, sobretudo, as coletadas no trabalho de mia ainda carece de burilação e aperfeiçoamento, o que
campo. só poderá ser feito mediante sua aplicação sistemática
A seção Processos de manufatura (20.03) in­ à descrição de coleções etnográficas. São citados os ter­
clui, sob forma adjetivada, isto é, abstraído o substantivo mos em inglês e francês encontrados nos estudos em que
“trançado” , as técnicas estruturais básicas hauridas, o referido trabalho se pautou.
igualmente, das referidas fontes. Sob a rubrica que defi­ A identificação das plantas utilizadas no tran­
ne a categoria mais genérica do processo de manufatura, çado, que coletei entre os índios Desâna do rio Tiquié,
são descritos procedimentos conexos que permitem de­ foi feita no Departamento de Botânica do Instituto Na­
compô-la em suas principais variantes. cional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Para a identi­
Os Começos (20.04) e Arremates (20.05) dos ficação de espécies citadas na bibliografia consultei Paul
cestos esmiuçam informações sobre procedimentos pre­ le Cointe (1947), Marlene F. da Silva et alii (1977) e
sentes nos receptáculos propriamente ditos. Pio Corrêa (1976). Os nomes científicos foram conferi­
Equivalente à seção “Partes componentes do va­ dos por Paula Leclette, botânica do Museu Nacional.
silhame” , a intitulada Partes componentes do cesto
(20.06) define os vocáculos pertinentes. DEFINIÇÕES GENÉRICAS (20.01)
Os motivos decorativos, geometrizantes devido
às características da matéria-prima e procedimentos téc­ AROS
nicos, constam do glossário complementar da cerâmica Def. Anéis de madeira ou cipó, planos, plano-
(10.08). Entretanto julgamos útil acrescentar-lhes alguns côncavos ou roliços, utilizados para reforçar a
verbetes sob o título Padrões ornamentais específicos borda, paredes ou o fundo dos cestos.
do trançado (20.07), explicitando as designações atri­ V. tb. Matérias-primas (20.02)
buídas a motivos que se desenvolvem nessa categoria
de artefatos. ARREMATE
No glossário de objetos trançados foram incluí­ Def. Técnica de acabamento dos cestos em que
dos os itens referentes a adornos pessoais, tais como: ocorre ou não a adição de reforços. Em função
aros e coroas (geralmente utilizados como suportes de disso, os arremates dividem-se em simples e
ornamentos plumários), bem como sandalias, chape'üs, compostos. Estes últimos contém elementos
pára-sóis, excluídos da categoria 50 Adornos de mate­ que não estão presentes na parede do cesto.
riais ecléticos, indumentária e toucador, por sua carac­ Ambos os tipos comparecem nas quatro catego­
terística de manufatura trançada. Procedemos do mesmo rias estruturais básicas do entrançamento: 1)
modo em relação a adornos pessoais feitos segundo os trançado cruzado, compreendendo os grupos-
sistemas da tecelagem, reunidos na categoria 30 Cordões arqueado, hexagonal, quadriculado e sarjado;

59
Trançados
2) trançado enlaçado; 3) trançado torcido; abelha com fuligem)(índios Xokléng), ou exter­
4) trançado costurado. Os tipos tecnológicos no do mesmo ou de outro material (aljavas para
m ás comuns, entre os arremates simples, são: setas de sarabatana). Ou ainda, cestos estojifor­
1) ourela simples ou auto-remate: 2) ourela du­ mes de paredes duplas com entremeio de folhas
pla. Entre os arremates compostos distinguem- de arumã (índios das Guianas, entre outros),
se: 1) acabamento anelar; 2) acabamento com infensos à umidade.
aro duplo e entremeio de corda; 3) acabamento
com aro duplo e entremeio de trança; 4) acaba­ CESTO-RECIPIENTE
mento com aro duplo entretrançado; 5) acaba­ Def. Receptáculo de variadas formas (alguidari­
mento com aros múltiplos; 6) acabamento com forme, bolsiforme, bornaliforme, estojiforme,
aro plano; 7) acabamento com aro roliço; 8) gameliforme, paneiriforme, platiforme, tigeli-
acabamentos decorativos; 9) acabamento com forme, vasiforme) destinado a receber um con­
encaixe trançado; 10) acabamento com reforço teúdo sólido ou armazená-lo.
apartado.
T. Rei. Umbigo CESTO-TAMIS
V. tb. Arremate dos cestos (20.05) Def. Objeto trançado plano ou côncavo, de cri­
vo aberto, destinado a peneirar farinha.
CESTA
Use: CESTO CONJUNTO DE ELEMENTOS ( S e t o fe le m e n ts , i.)
Certo número de elementos (urdidura ou tra­
CESTARIA ma) agindo como uma unidade no ato de en-
Def. Conjunto de objetos — cestos-recipientes, tretrançar ou costurar.
cestos-coadores, cestos-cargueiros, armadilhas V. tb. Processos de manufatura (20.03)
de pesca e outros — obtidos pelo entrançamen-
to de elementos vegetais flexíveis ou semi- COSTURAR (7o coil, i.)
rígidos usados para transporte de carga, armaze­ Def. Uma das grandes divisões da técnica de
nagem, receptáculo, tamis ou coador. Variam trançar: envolvimento do elemento passivo (ur­
em tamanho, forma, decoração, técnica de ma­ didura, rolo de sustentação) pelo elemento ati­
nufatura, mas obedecem basicamente às exigên­ vo (trama), em forma espiralada. No trançado
cias ditadas por sua funcionalidade. Vasilhame costurado distinguem-se os que se fazem com
é o equivalente à cestaria em cerâmica. 1) falso nó; 2) ponto de nó; 3) ponto longo; 4)
T. Rei. Trançado ponto espacejado.
Sin. Espiralar
CESTO T. Rei. Técnicas básicas
Def. Termo genérico que define qualquer recep­ V. tb. Processos de manufatura (20.02)
táculo feito segundo a técnica de entrançamen-
to de matéria-prima vegetal adrede mente prepa­ CRUZAR (To twill, i.)
rada. Equivale ao termo vasilha ou vaso na cerâ­ Def. O elemento ativo (trama) cruza e transpõe
mica. E)o ponto de vista morfológico, distin- um ou m ás elementos passivos (urdidura), co­
guem-se os seguintes tipos principais de cestos- mo nos tecidos, segundo fórmulas distintas:
recipientes: 1) alguidariformes; 2) bolsiformes; 1 sobre, 1 sob, 2 sobre, 1 sob, etc.. Na categoria
3) bornaliformes; 4) estojiformes; 5) gameli- dos trançados cruzados incluem-se os seguintes:
formes; 6) paneiriformes; 7) platiformes; 8) 1) arqueado; 2) quadriculado; 3) hexagonal;
tigeliformes; 9) vasiformes. 4) sarjado.
Sin. Cesta. Sin. Entrecruzar
T. Rei. Técnicas básicas
CESTO-CARGUEIRO V. tb. Processos de manufatura (20.03)
Def. Vocábulo que designa genericamente os re­
cipientes usados para transportar carga. Apre­ DESCORTICAR
sentam alça para cingir a testa ou duas delas Def. Fragmentar o colmo de marantáceas, gra-
para transpor os braços, repousando o peso nas mmeas e o pecíolo da folha nova da palmeira
costas. Distinguem-se os seguintes tipos princi­ buriti para libertar a parte esponjosa interna,
pais: 1) cesto-cargueiro alguidariforme; 2) cesto- descartável, e desmembrar a epiderme (ras­
cargueiro bornaliforme; 3) cesto-cargueiro coni- pada ou não), em lâminas ou talas.
forme; 4) cesto-cargueiro paneiriforme com sua V. tb. Matérias-primas (20.02)
variante esférica designada aturá; 5) cesto-car­
gueiro quadrangular; 6) jamaxim (cesto-carguei­ ELEMENTO
ro de 3 lados). Def. “Parte ou unidade componente da estrutu­
ra de um produto entretecido. A palavra refere-
CESTO-COADOR se a fio, linha, cerda, cordão ou qualquer uni­
Def. Objeto trançado plano ou côncavo, de cri­ dade natural ou trabalhada com fibras ou com
vo fechado, destinado a filtrar um líquido. talas para formar uma manufatura” (I. Emery
1966:27)

CESTO-IMPERMEABILIZADO ENLAÇAR (To wrap, i.)


Def. Cestos tomados impermeáveis pelo capea- Def. Conjunto de elementos seriados, corres­
mento interno de uma camada de cerol (cera de pondentes à urdidura, enlaçados pela trama em

60
Trançados
meia volta, volta completa ou em cruz, neste NERVURA
caso por trama flexível. No processo de enlaçar Def. Veio da folha de palmeira (buriti, bacaba)
distinguem-se: 1) enlaçado vertical; 2) enlaçado utilizado no trançado semi-rígido. Sinônimos
com trama flexível; 3) enlaçado com grade; 4) constantes da bibliografia: espinho, espique.
enlaçado embricado. Sin. Espique
Sin. Entrelaçar V. tb. Matérias-primas (20.02)
T. Rei. Técnicas básicas
V. tb. Processos de manufatura (20.03)
OLHO
ENTRECRUZAR Def. Folha de palmeira antes de abrir, ou seja,
Use: CRUZAR a prefoliação. São sinônimos de olho presen­
tes na bibliografia: grelo, broto, pendão.
ENTRELAÇAR
Sin. Grelo
Use: ENLAÇAR

ENTRETORCER
Use: TORCER PALHA
Def. Limbo das folhas de palmeira flabelifor­
ENTRETRANÇAR (Interwork, i.) me ou pinulada, extraído do grelo, isto é, da
Def. Uma das duas macrodivisões da técnica de folha da palmeira antes de abrir-se, ou da folha
trançar (a segunda é costurar). Compreende três madura.
categorias estruturais básicas: trançados cruza­ T. Rei. Folíolo
dos, enlaçados e torcidos. V. tb. Matérias-primas (20.02)
T. Rei. Técnicas básicas

ESPARTARIA
Use: TRANÇADO PENADA
(JJs*^EINULADA
ESPIQUE
Use: NERVURA PÚSTULA
Use: FOLIOLO
ESPIRALAR
Use: COSTURAR PINULADA
Def. Folha de palmeira (tucum, ubim, etc.) em
FASQUIA forma de pena.
Def. Tiras de aráceas (cipós) ou anonáceas (em- Sin. Penada
biras) utilizadas na manufatura dos trançados. V. tb. Matérias-primas (20.02)

FLABELIF ORME SEDA


Def. Folha de palmeira (buriti, caraná, etc.) em Def. Fibra retirada do grelo (prefoliação da pal­
forma de leque. meira) utilizada na confecção de trançados fi­
nos, quando não fiada, e no cordame e tecela­
FOLIOLO gem, depois de fiar.
Def. Filamento partido longitudinalmente do V. tb. Matérias-primas (20.02)
grelo ou da folha madura (flabeliforme ou
pinulada) de palmeira. A essa parte preparada TALA
da planta costuma-se chamar palha. São sinô­ Def. Matéria-prima córnea, não lenhosa, de cer­
nimos de folio los constantes na bibliografia: ta rigidez, ou seja, a porção descorticada longi­
tiras, flabelos, pínulas. tudinalmente de marantáceas, gramíneas ou do
Sín. Pínula pecíolo da folha nova (grelo) da palmeira, em­
T. Rei. Palha pregada no trançado.
V. tb. Matérias-primas (20.02) Sin. Lâmina
V. tb. Matérias-primas (20.02)
GRELO
Use: OLHO TÉCNICAS BÁSICAS
Def. Distinguem-se dois procedimentos básicos
LÂMINA na confecção do corpo do cesto ou da esteira:
Use: TALA 1) o de entretrançar, em que o elemento tra­
ma intercepta o elemento urdidura, transpon­
MARCHETAR do spb e sobre, alternadamente, um ou mais
Def. Proveniente de marqueterie (f.): incrustar, desses elementos, sem o uso de implementos;
à maneira dos mosaicos. O trançado marcheta­ 2) o de costurar, em que um elemento ativo
do é sempre bicromo, permitindo realçar os (trama) envolve um passivo (suporte ou urdi­
desenhos desenvolvidos pela técnica de sarja. dura) contínuo. Neste caso, utiliza-se, às vezes,
T. Rei. Cruzar um implemento perfurador (agulha ou sovela)
V. tb. Padrões ornamentais específicos do tran­ para perpassar a urdidura. A classe dos entre-
çado (20.07) trançados, ao se levar em conta seu eleihento

61
Trançados
móvel, a trama, permite distinguir três técnicas trama, no ato de trançar, por ser, também, às
básicas, as de cruzar, enlaçar e torcer. vezes, elemento ativo, e, menos ainda, no pro­
T. Rei. Costurar duto acabado.
Cruzar T. Rei. Trama
Enlaçar Técnicas básicas
Entretrançar V. tb. Processos de manufatura (20.03)
Torcer
V. tb. Processos de manufatura (20.03) VARETAS
Def. Lascas de madeira, mais ou menos espes­
sas, ou ripas do pecíolo da folha de certas pal­
TORCER meiras, empregadas na confecção dos cestos-ar­
Def. Procedimento que consiste em rotar dois madilhas e de outros objetos que exigem urdi­
elementos da trama, relativamente flexíveis, em dura rígida.
tomo de um (ou mais) elementos da urdidura. V. tb. Matérias-primas (20.02)
Os principais tipos encontrados nessa categoria
de trançado são: 1) torcido vertical; 2) torcido
gradeado; 3) torcido horizontal.
Sin. Entretorcer MATÉRIAS PRIMAS (20.02)
T. Rei. Técnicas básicas
V. tb. Processos de manufatura (20.03)

TRAMA AÇAI (Euterpe oleracea Mart.)


Elemento (ou conjunto de elementos) ativo que Da família botânica das Palmáceas. Utiliza-se o
entrecruza uma série de elementos passivos, ou limbo da folha na manufatura dos trançados e
seja, a urdidura, para formar o trançado. No cobertura das casas.
produto final e, mesmo no ato de trançar, tor­
nam-se indiferenciados a trama e a urdidura. ARUMÃ (Ischnosiphon spp.)
T. Rei. Urdidura Da família das Marantáceas. O colmo da planta
Técnicas básicas é descascado, quando se deseja tingi-lo ou mes­
V. tb. Processos de manufatura (20.03) mo mantê-lo na cor natural; é usado com cas­
ca, que confere ao trabalho maior resistência e
TRANÇADO uma cor pardo clara laqueada. O arumã (ou
Def. Técnica de interpor, alternadamente, ele­ guarimã) é utilizado por tribos amazônicas, a
mentos vegetais previamente preparados, para partir do Maranhão, onde a planta parece abun­
construir manufaturas planas ou recipientes. dante, crescendo em regiões semi-alagadas:
A composição desses elementos (palha, tala), manguezais, cabeceiras de igarapés. Os Desâna
a maneira pela qual interceptam um ao outro, distinguem, com termos específicos de sua
e o seu espacejamento, provêm a chave das téc­ língua, cinco espécies (ou cultivares?) de arumã;
nicas do trançado. Elas se dividem em duas os Wayâna-Aparai, três (Velthen, comunicação
grandes classes: entretrançados e costurados pessoal).
que, por sua vez, se subdividem em categorias,
tipos e subtipos. BASXÇU^(Orbignya speciosa Mart.) Barb. Rodr.
Sin. Espartaria Da família das palmáceas. Utiliza-se o limbo
T. Rei. Cestaria da folha pinulada reduzida a folíolos na confec­
Técnicas básicas ção de trançados.
V. tb. Processos de manufatura (20.03)
BACABA VERDADEIRA (Oenocarpm bacaba Mart.)
UMBIGO Palmácea. Do pecíolo da folha se extraem vare­
Def. Começo do trançado, que se diferencia tas para construir armadilhas de pesca: nassa e
quase sempre do corpo, principalmente no caso covo, esta última, sem funil interno. A palha e
dos cestos-recipientes, coadores ou cargueiros, a nervura da folha são também empregadas em
variando segundo a técnica básica empregada. obras trançadas.
Os começos de trançado mais comuns são:
1) umbigo ampulheta; 2) umbigo ampulhetas BANANEIRA DO MATO (Heliconia hirsuta L.)
múltiplas; 3) umbigo asterisco; 4) umbigo as­ Planta da família das Musáceas. Suas folhas lar­
teriscos múltiplos; 5) umbigo diamante; 6) gas são usadas para forrar paneiros de trançado
umbigo com nervura da folha; 7) umbigo em aberto.
nó; 8) umbigo em olho; 9) umbigo quadricular
aberto, 10) umbigo radial; 11) umbigo suástica. BREU
T. Rei. Arremate “Denominação comum a várias espécies de Bur-
V. tb. Começos dos cestos (20.04) seráceas arbóreas, produtoras de resina que,
coagulada no tronco da árvore, constitui o
URDIDURA breu” (Marlene Freitas da Silva et alii 1977:38).
Def. Elemento passivo que, na tecelagem, é ten- Essa resina misturada com carvão é empregada
sionado pelas barras do tear. No trançado, a ur­ para endurecer o fio de croatá que serve de
didura exerce a mesma função, prescindindo de amarrilho ao acabamento dos cestos.
tear devido à sua rigidez. Não se distingue da V. tb. Arremate dos cestos (20.05).

62
Trançados
BURITI (Mauritia vinifera Mart.) tas da armadilha de pesca iminó (em tukâno),
Palmeira de folhas flabeliformes, isto é em for­ recolhido no rio Tiquié, alto rio Negro.
ma de leque. Os índios utilizam a nervura e o
limbo da folha madura, isto é, aberta com ou CIPÓ-PAU (Connarus sp.)
sem o respectivo pecíolo; e os folíolos do grelo. Da família das Conaráceas, que dá em igapó.
O buriti, que viceja no planalto central do Bra­ Mede 2 cm de diâmetro e é utilizado, depois de
sil, fornece ainda a seda ou linho do olho para descascado, para formar o aro interno da arma­
fazer fio ou mesmo trançado, e o pecíolo lami­ dilha de pesca covo. Coletado no rio Tiquié, al­
nado para fazer talas dos trançados mais rígi­ to rio Negro.
dos.
CIPÓ TITICA (Heteropsis aff. spruceana Schott) (ou
CAPIM RABO DE RAPOSA (Andropogon bicomis L.) Heteropsis af jenmani Oliv.)
Erva perene (l,50m de altura por lcm de diâ­ Ipífita da família das Aráceas. É empregada pa­
metro) da família das Gramíneas, que forma ra fazer aturás e peneiras. Para isso o cipó, que
touceiras. O caule com a casca é partido ao tem 1 cm de diâmetro, é descascado e lascado
meio e no, miolo poroso são introduzidos os em duas metades.
espinhos dk palmeira patauá que servem de den­
tes dos pentes (índios Tukâno). Depois essa ba­ CORANTES
se é revestida com lâminas da casca desse capim Def. Pigmentos vegetais utilizados com ou sem
entramadas com fio de croatá untado no breu. mordente para tingir as talas adredemente pre­
Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos, paradas de Marantáceas, Gramíneas ou do pe­
indumentária e toucador cíolo da prefoliação do buriti. Cada tala assim
obtida apresenta uma parte lisa (interna) e ru-
CARAJURU(Arrabidaea chica H.B.K.) gosa (externa) que, no caso dos trançados pin­
Corante vermelho-tijolo extraído das folhas des­ tados depois de prontos de uma espécie de Gra-
sa planta, da. família das Bigoniáceas. O pro­ múiea, entranha a tinta. Prévio à laminação das
cesso de manufatura da tinta é descrito no Glos­ talas, a tinta é aplicada no colmo depois de ras­
sário complementar da Cerâmica (10.02). pada a camada verde que contém a clorofila, a
T. Rei. Corantes „ fim de que seja absorvida.
Consulte: 10 Cerâmica T. Rei. Carajuru
Jequitibá
CARANÁ (Mauritia huebneri Burret) Urucu
Palmeira de folhas em forma de leque (flabeli­ Consulte: Glossários complementares de: 10 Ce­
formes) de que se utiliza a palha para trançados râmica; 30 Cordões e tecidos.
e coberturas de tetos.
CROATÁ (Bromelia morreniam (Regei) Mez)
CARANDÁ (Copernicia australis Becc.) Plantada na roça, dessa Bromeliácea se extrai a
Palmeira de folha flabeliforme de que se utiliza fibra que, torcida e passada no breu, é utilizada
o limbo, separado em folíolos, para a cobertura para amarrar o acabamento das apás e urutus:
de casas e obras de espartaria. designação regional (alto rio Negro) dada a ces­
tos paneiriformes.
CEROL V. tb. Arremate dos cestos. (20.05).
Def. Pasta de cera de abelha e fuligem com que
se unta o fio ou a tira da casca de cipó-ambé CUMATÉ (Myrcia atramentifera Barb. Rodr.)
para que adira ao suporte. Os Wayâna-Aparai Arvore de pequeno porte que cresce em capoei­
utilizam um mordente extraído da entrecasca ra de terra firme da famflia das Mirtáceas. A
do ingá do mato (Inga paraemis Ducke), a qual casca produz uma substância utilizada como
impregnam da fuligem de “breu queimado e mordente para fixar o pigmento do urucu e do
pulverizado, ou, mais freqüentemente, de fuli­ carajuru.
gem de cerol mani (Symphonia globulifera L.) T. Rei. Mordente.
queimado, ou de lamparina, recolhida em pane­
la de terracota” (Lúcia H. van Velthen 1984: CURUÁ PIXUNA(Attalea spectabilis Mart.)
101). Palmeira de que se utiliza o limbo da folha, re­
duzida a folíolos, para a manufatura de trança­
CIPÓ AMBÊ-AÇU(Philodendron imbe Schott) dos e a cobertura das casas. (índios Wayâna-
Cipó-trepadeira (família das Aráceas) que se Aparai, inf. pes. Lúcia v. Velthen).
enrosca em árvores de até 50 metros de altura.
O diâmetro é de 2 cm sendo a madeira utiliza­
da, depois de descascada, para fazer os aros ENVIREIRA (Guatteria sp.)
de contorno da borda das apás (rio Tiquié, Desse arbusto da família das Anonáceas, de 3m
alto rio Negro). A casca é largamente emprega­ de altura por 4cm. de diâmetro, extrai-se a en­
da em obras de trançado. trecasca para fazer a alça dos aturás.
V. tb. Arremate dos cestos (20.05)

CIPÓ FONTE (Philodendron aff. megalophyllum Schott)


Cipó da família das Aráceas, com milímetros de FIXADOR
espessura. É usado para amarrar entre si as vare­ Use: MORDENTE

63
Trançados
INAJÁ (Maximiliana regia Mart.) Sín. Fixador
Palmácea. As folhas pinuladas são utilizadas no T. Rei. Cumaté
trançado depois de preparadas em folíolos. Ingá
Mangabeira
INGÁ (Ingá spp.) T in te ira
Diversas espécies da família Leguminosae Mi-
mosoideae. A seiva da entrecasca é usada como
mordente para fixar o pó de carvão com que se MURUMURÚ (Astrocaryum rmrumuru Mart.)
tinge as talas de arumã, colmo de Gramíneas ou Palmeira de 2 a 6 m de altura por 30 cm de diâ­
o pecíolo da folha do buriti. metro com o tronco coberto de espinhos agu­
T. Rei. Mordente dos. As folhas são utilizadas no trançado Wayâ-
na-Aparai (ínf. pes. L v. Velthen).
JACITARA (Desmoncus polyacanthos Mart.) OURICURI (Cocos coronata M.)
Palmeira escandente que cresce em igapó, alcan­ Diversos grupos índigenas do Nordeste, a exem­
çando até 40 m. de altura por 1 cm de diâme­ plo dos Pankararú e Fulniô, utilizam o olho
tro. O caule é reduzido a lâminas bem finas (folha antes de abrir) dessa palmeira para tran­
servindo para amarrar o acabamento das apás. çar bolsas, esteiras e chapéus.
Lascado em talas mais grossas serve para amar­ Sin. Uricuri
rar o acabamento das peneiras e cumatás. (ín­
dios Desâna, Wayâna-Aparai e outros). PAT AU A (Jessenia batam (Mart.) Burret)
V. tb. Arremate dos cestos. (20.05) Palmeira que cresce em terra firme, à margem
dos igarapés, e em igapós. O pecíolo da folha
JEQUITIBÁ (Cariniana estrellensis (Raddi) O. Ktze) é laminado em talas que são usadas como vare­
Árvore da família das Lecitidáceas cuja entre­ tas da armadilha de pesca nassa (com funil in­
casca expele seiva vermelha usada na tintura terno).
dos cestos pelos índios Kayabí.
T. Rei. Corante. PAXIÚBA (Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl.)
Palmeira que cresce em terra firme, manguezal
LOURO(?) (Ocotea sp. cf. O. boissieriaw (Meissn) Mez) e igapo. O tronco é lascado para fazer as varetas
Da família das Lauráceas, esse arbusto-trepadei­ do cacuri e do caiá (armadilhas de pesca conhe­
ra atinge 4 m de altura por 2 cm de diâmetro. cidas por essas designações em língua geral no
Do tronco se extraem talas para fazer amarri- alto rio Negro).
lhos destinados ao acabamento de artefatos
trançados tais como a cumatá, peneiras e uru­ PAXIUBINHA (Iriartella setigera Mart.) H. Wendl.)
tus. Do caule jovem, mais fino, faz-se o aro de Palmeira de terra firme, que alcança 4 m de al­
contorno de arremate dos mesmos cestos, bem tura, quando madura, e 2 a 3 cm de diâmetro.
como os cilindros internos da armadilha de pes­ O caule é lascado em varetas que são usadas
ca chamada iminó em tukâno do rio Tiquié. como ripas para a construção de caniçadas ou
V. tb. Arremate dos cestos (20.05) paris (barragens de igarapés para a pesca), ca-
curis (armadilhas permanentes para a pesca a
MANGABEIRA (Hancornia speciosa Gomez) beira do rio), caiás (armadilhas permanentes
Essa árvore da família das Apocináceas produz para a pesca em cachoeira) e covos. Também
um látex usado para fixar o negro da fuligem na conhecida como caruatana porque usada para
tintura do pecíolo do olho do buriti pelos ín­ fazer o tubo da sarabatana.
dios do alto Xingu.
T. Rei. Mordente RABO DE ARARA (Norantea guianensis Aubl.)
Arbusto escandente da família Marcgraviácea
MARAJÁ (Bactris sp.) de 2 cm de espessura. É descascado e vergado
Palmeira que cresce em igapó. O caule é fasquia­ enquanto verde, deixado secar ao sol e empre­
do em ripas usadas para preparar as varetas da gado para fazer os aros de contorno da apá.
armadilha de pesca covo (sem funil interno). (índios Desana, rio Tiquié).
V. tb. Arremate dos cestos (20.05)
MIRITI (Mauritiaflexuosa L.)
Espécie de palmeira parecida ao buriti que vice­ SOROROCA (Ravenala guyanensis Petersen)
ja no norte do Brasil. Cresce em grandes con­ Planta da família botânica Musácea, de folhas
centrações nos manguezais. Ocorre também nas largas, utilizada para forrar cestos a fim de pro­
cabeceiras dos igarapés e outros locais úmidos. teger a carga.
Da folha flabeliforme se trançam cestos e estei­
ras. TABOCA (Guadua angustifolia Kunth.)
Planta da família das Gramíneas que, depois de
descorticada e laminada, é reduzida a talas para
MORDENTE o trançado.
Def. Substância vegetal aplicada com um coran­ Sin. Taquara.
te na haste de Marantáceas, Gramíneas ou no
pecíolo do buriti prévio à sua redução a talas TAQUARA
para o entrançamento. Use: TABOCA

64-
Trançados
dais. Em outras palavras, a urdidura, compos­ mente, em cada meia volta, entretecem um ele­
ta de dois elementos, mantidos diagonalmente, mento da urdidura que corre em sentido per­
ou em posição perpendicular, é perpassada pela pendicular envolvendo-o transversalmente. 2)
trama, que também pode ser constituída de Torcido gradeado. Um par de elementos da tra­
dois elementos que se cruzam entre si. Distin­ ma volteia dois elementos da urdidura, ao invés
guem-se os seguintes grupos. 1) Hexagonal reti­ de um, que se interceptam em forma de cruz,
cular. Intervêm três elementos, dois deles, os da produzindo o efeito de grade. 3) Torcido hori­
urdidura, dispostos em sentido diagonal e o ter­ zontal. A urdidura é disposta horizontalmente e
ceiro, a trama, na horizontal. As aberturas deli­ a trama corre em sentido vertical constituída,
neiam losangos como no retículo ou filé. 2) com freqüência, de elemento semi-rígido ou
Hexagonal triangular ou treliça. Urdidura de cordão. (Ver figs. 19,20, 21).
dois elementos dispostos em diagnal e um ter­ Sin. Entretorcido.
ceiro e um quarto (trama) que os cruzam, na
vertical e horizontal, dividindo a abertura assim XADREZADO
formada em quatro triângulos. 3) Hexagonal Use: QUADRICULAR
oblíquo. Talas da urdidura se cruzam quadri­
cularmente na vertical e horizontal e a tala
da trama perpassa em diagonal os ângulos for­
mados anteriormente pela intersecção daqueles
dois elementos. Constrói-se, assim, um gra­
deado com abertura oblíqua. (Ver figs. 12, 13,
14).

QUADRICULAR (Checkerwork —i.)


Del. Um elemento da trama intercepta e trans­
põe, segundo a fórmula um sobre, um sob
(1/1), transversalmente, um elemento da urdi­
dura, colocado em posição vertical, formando
ângulos retos e desenhos quadriculares, como os
do tabuleiro de xadrez. Ocorrem duas variantes
principais. 1) Trançado quadricular gradeado. 0
princípio estrutural é o mesmo, apenas a inter­
cepção dos dois elementos, urdidura e trama, é Fig. 1 — Trançado arqueado. Protótipo: índios Baníwa, M.N.
feita a certa distância uma da outra, deixando nP 19.600.
aberturas ou grades. 2) Trançado quadricular
diagonal. Urdidura e trama se cruzam diago­
nalmente, formando ângulos obtusos. (Ver
figs. 15, 16).
Sin. Xadrezado.

SARJADO (Twilledwork —i.)


Def. Correndo embora em sentido reto e, mais
ainda, no caso de correr em sentido oblíquo, a
trama produz um efeito diagonal ao perpassar
dois ou mais elementos da urdidura, segundo a
fórmula 2/2,1/3, etc., dando lugar a uma multi­ Fig. 2 - Trançado costurado com falso nó. Paradigma: índios do
plicidade de desenhos geométricos. (Ver fig?. Chaco, M.N. n9 3.798.
17,18).
Sin. Cruzado em diagonal.
V. tb. Motivos ornamentais específicos do tran­
çado (20.07)

TORCIDO (Twined work, i.; torsadé, f.)


Def. Categoria de trançados em que o urdume é
constituído, de um modo geral, de um único
elemento e a trama de dois elementos torcidos
um sobre o outro. Observação importante a res­
peito da técnica de entretorcimento é que se
trata, freqüentemente de um misto de trançado
e tecelagem, pela utilização de cordões ou talas
flexíveis, passíveis de torção, como no caso dos
trançados enlaçados. Cabe, por isso, falar de
torcido flexível e torcido semi-rígido, para ca­
racterizar os produtos dessa técnica. Distin­
guem-se os seguintes grupos: 1) Torcido verti­
cal. Consiste em um par de talos flexíveis ou Fig. 3 — Trançado costurado com ponto de nó. Espécime-tipo:
fios lançados sobre si mesmos que, simultanea­ índios Kadiwéu, M.N. n9 37.591.

66
T ran çad os
Fig. 4 - Trançado costurado com ponto longo. Protótipo: índios
Kadiwéu, M.I. n ° 388.

Fig. 10 — Trançado embricado I. Protótipo aro trançado, índios


do alto rio Negro, M.N. n ? 16.648.

Fig. 6 - Trançado dobrado. Paradigma: índios Karajá, M.N. n9


28.626.

Fig. 11 - Trançado embricado II. Aro trançado, índios Hoho-


dene, M.N. n? 40.305.

F ig . 8 — T r a n ç a d o e n la ç a d o c o m tra m a fle x ív e l. E s p é c im e -tip o : Fig. 12 - Trançado hexagonal reticular. Espécime-tipo: índios


ín d io s A s u r in í, M .N . n 9 4 0 .9 2 0 . A . V e r s o . B . A n v erso , dasGuianas, M.N. n9 5.797.

67
Trançados
Fig. 13 - Trançado hexagonal triangular. Paradigma: índios do
Rio Branco, M.N. nP 27.980.

Fig. 17 — Trançado sarjado. Unidades básicas ou “ panos” , na


linguagem das esteireiras do nordeste, que justapostos, permitem
desenvolver inúmeros padrões. A pud M. Schmidt 1942:291 fig.
170.

Fig. 14 - Trançado hexagonal obliquo. Espécime-tipo: cesto-


cargueiro coniforme, índios Paresí, M.N. n ? 2.548.

Fig. 15 - Trançado quadricular gradeado. Espécime-tipo: cesto


paneiriforme, índios Mawá-tapuia, M.N. n ? 20.392.

Fig. 18. Vista da bifurcação do padrão losango representado na


fig. 11. A pud Schmidt 1942:291 fig. 170. Trançado sarjado.

Fig. 16 - Trançado quadricular diagonal. Protótipo: índios Tau- Fig. 19 — Trançado torcido vertical. Cesto-cargueiro bornalifor-
lipáng, M.N. n9 27.553. me, índios Xavante, M.N. nP 28.486.

68
T rançados
UMBIGO COM NERVURA DA FOLHA
Def. A nervura da folha da palmeira é utilizada
como base para dar início ao entrançamento dos
folíolos. Ocorre nos trançados sarjados de ces­
tos bomaliformes e platiformes. (Ver fig. 26).

UMBIGO DIAMANTE
Def. O começo do trançado conforma um lo­
sango cheio que denominamos “umbigo dia­
mante” . É circunscrito por losangos concêntri­
cos. (Ver fig. 27).

UMBIGO EM NÓ
Def. Inicia-se o trabalho dando um nó na urdi­
Fig. 20 —Trançado torcido gradeado. dura e trama. Comparece, eventualmente, nas
três categorias de trançado. (Ver fig. 28).

UMBIGO OLHO
Def. O início do trançado conforma uma “jane­
linha” devido à reentrância de uma ou mais
talas, ocorrendo mais comumente nos cestos de
fundo quadrado, em forma de gamela ou nos
tigeliformes. (Ver fig. 29).

UMBIGO QUADRICULAR ABERTO


Def. Os elementos da urdidura se entrecruzam
quatro a quatro deixando intervalos entre uns e
outros. São fixados por carreiras de trançado
torcido. (Ver fig. 30).

UMBIGO RADIAL
Fig. 21 - Trançado torcido horizontal. Esteira índios Karajá,
Def. Começo de cesto de trançado torcido e
M.N. n9 39.179;
costurado. Um anel é enlaçado por pontos que
irradiam dele circularmente. Encontrado tam­
bém em trançados feitos segundo a técnica de
COMEÇOS DOS CESTOS (20.04) trançado saijado. (Ver fig. 31).

UMBIGO SUÁSTICA
UMBIGO AMPULHETA Def. Nesse tipo de umbigo, que comparece nos
Def. O cruzamento das talas conforma dois tri­ trançados torcidos, dezesseis elementos da urdi­
ângulos opostos pelo vértice, ou seja, uma am­ dura são cruzados em ângulos retos, 4 a 4, for­
pulheta. Ocorre freqüentemente nos cestos de mando um padrão de trançado quadricular fe­
fundo quadrado, emoldurados por quadrados chado semelhante a uma suástica. Uma carreira
concêntricos. (Ver fig. 22). de trançado torcido os mantêm no lugar. (Ver
fig- 32).
UMBIGO AMPULHETAS MÚLTIPLAS
Def. Semelhante ao “umbigo ampulheta” é re­
petido duas ou três vezes segundo o tamanho
do cesto- Ocorre nos cestos estojiformes retan­
gulares, sendo emoldurado por retângulos con­
cêntricos. (Ver fig. 23).

UMBIGO ASTERISCO
Def. O começo da construção do cesto (de tran­
çado torcido) é obtido dispondo-se os elemen­
tos da urdidura em posição radial os quais são
envolvidos pela trama. Paulatinamente, vão
sendo adicionadas novas talas ao urdume,
prosseguindo-se o trabalho dentro do esquema
do trançado torcido. (Ver fig. 24).

UMBIGO ASTERISCOS MÚLTIPLOS


Def. Tipo tecnológico de início de trançado tor­
cido. Ocorre quando 16 elementos da urdidura
são cruzados em séries de 4 e fixados entre si
pela passagem em círculo de dois elementos. Fig. 22. Umbigo ampulheta. Protótipo» M.N. n ? 34.254, índios
(Ver fig. 25). Mundurukú.

69
T ran çad os
Fig. 23 - Umbigo ampulhetas múltiplas. Paradigma: M.N. n9
17.251, provavelmente ind. Mawé.

Fig. 24 — Umbigo asterisco. Protótipo M.N. n9 19.581, índios


Makú.

Fig. 25 - Umbigo asteriscos múltiplos. Paradigma, M.N. n9


39.018, índios Sanumá-Yanomâmi.

M.N. n9 39.212.

70
T rançados
ACABAMENTO COM ARO DUPLO E ENTREMEIO
DE CORDA
Def. Ocorre nos cestos com borda reforçada. À
parede do cesto são aplicados dois meios-aros e
as talas sobressalentes do trançado, por eles en­
globadas, são torcidas juntas como uma corda e
fixadas com um fio de algodão em espiral. (Ver
fig- 34).
Sin. Acabamento tipo Kayabí.

ACABAMENTO COM ARO DUPLO E ENTREMEIO


DE TRANÇA
Def. Remate do grupo de cestos com borda re­
forçada. Dois meios-aros são justapostos, inter­
na e extemamente, à beira do cesto, intercep­
tando as talas sobressalentes do trançado. Essas
Fig. 30 — Umbigo quadricular aberto. Protótipo: índios Mirânia, talas são amarradas aos referidos aros com fio
M.N. n ° 21.905. de algodão e separadas uma da outra sobre os
mesmos em forma de trança. (Ver fig. 35).
Sin. Acabamento tipo Tapirapé.

ACABAMENTO COM ARO DUPLO ENTRETRANÇA-


DO
Def. Remate com borda reforçada. O reforço
roliço, aplicado à extremidade da parede do
cesto, é entretrançadó como se fosse a conti­
nuação dela, aparecendo as pontas do reforço
sobressalentes ao trançado. (Ver fig. 36).
Sin. Acabamento tipo Guianas.

ACABAMENTO COM ARO PLANO


Def. Classificado no grupo dos cestos com bor­
da reforçada. A beira do trançado é dobrada
para dentro, formando uma borda de cerca de 5
Fig. 31 - Umbigo radial. Paradigma: índios do Brasil (?), M.N. cm. Em seguida é colocado um aro plano, no
n ° 8.118. lado interno e externo, de vara de madeira fina
ou cipó, costurado com linha.
Sin. Acabamento tipo Uaupés. (Ver fig. 37).
7
ACABAMENTO COM ARO ROLIÇO
Def. Característico de certos cestos (gamelifor-
mes, vasiformes) com borda reforçada. O aro
roliço é colocado rente à extremidade superior
do cesto sendo preso à mesma com costura feita
com fio de algodão (Ver fig. 38)
Sin. Acabamento tipo Xingu.

ACABAMENTO COM AROS MÚLTIPLOS


Def. Do grupo de cestos com borda reforçada.
Três ou quatro aros são aplicados à extremidade
da parede do cesto, o último dos quais, à borda,
sendo envolvido em espiral. (Ver fig. 39).
Fig. 32 - Umbigo suástica. Paradigma: índios Sanumá-Yanomâ- Sin. Acabamento tipo Tukâno.
mi, M.N. n ? 21.905.
ACABAMENTO COM ENCAIXE TRANÇADO
Def. Depois de trançado o cesto, e “moldado”
A R REM ATE D O S CESTOS (2 0 .0 5 ) em forma de meia calota, recebe dois aros de
reforço interno e externo. Aparadas as pontas
do trançado, para arredondar essa meia esfera,
aplica-se uma faixa trançada separadamente.
ACABAMENTO ANELAR Essa faixa é dobrada ao meio no sentido longi­
Def. Esse tipo de arremate de cestos, com borda tudinale presa às paredes do cesto. (Ver fig. 40).
reforçada, se caracteriza pela aplicação de um Sin. Acabamento tipo Baníwa.
reforço de madeira, cipó ou palha às partes ter­
minais do trançado, preso com um amarrilho. ACABAMENTO COM REFORÇO APARTADO
Uma tela em espiral recobre toda a circunfe­ Def. Remate de cesto com borda reforçada.
rência da borda do cesto. (Ver fig. 33). Uma farpa de madeira é apensa ao bordo do

71
T rançados
cesto e em torno dela são reunidas as talas da OURELA SIMPLES (Clipped, self-selvage, i.)
urdidura aos molhos, separados uns dos outros Def. Acabamento de cestos de borda lisa. As ta­
por intervalos regulares amarrados em espiral. las sobressalentes do trançado são voltadas para
(Ver fig. 41). dentro e se procede o reentrançamento da parte
Sin. Acabamento tipo Kaapor. dobrada na face interna. (Ver fig. 46).
Sin. Auto-remate.

ACABAMENTOS DECORATIVOS
Def. No arremate dos cestos podem vir a ocor­
rer procedimentos vários de efeitos decorativos.
Eles são obtidos pelo acréscimo de um reforço
de elementos da mesma textura dos que confor­
mam os cestos ou de texturas contrastantes. No
vasto repertório desses acabamentos, destacam-
se os seguintes: 1) figura de oito; 2) enlaçado
duplo; 3) enlaçado espiralado; 4) enlaçado com A I

falso nó; 5) trança. (Ver figs. 42,43, 44). _


Fig. 33 — Acabamento anelar. Cesto-cargueiro coniforme, índios
ACABAMENTO TIPO BANIWA Paresí, M.N. n9 2.550. A. Verso. B. Anverso.
Use: ACABAMENTO COM ENCAIXE TRAN­
ÇADO

ACABAMENTO TIPO GUIANAS


Use: ACABAMENTO COM ARO DUPLO EN-
TRETRANÇADO

ACABAMENTO TIPO KAAPOR


Use: ACABAMENTO COM REFORÇO APAR­
TADO

ACABAMENTO TIPO KAYABÍ


Use: ACABAMENTO COM ARO DUPLO E
ENTREMEIO DE CORDA

ACABAMENTO TIPO TAPIRAPÉ


Use: ACABAMENTO COM ARO DUPLO E
ENTREMEIO DE TRANÇA Fig. 34 — Acabamento com aro duplo e entremeio de corda.
Apâ, índios Kayabí, M.I. n9 6.310. (Acabamento tipo Kayabí).'

ACABAMENTO TIPO TUKÂNO


Use: ACABAMENTO COM AROS MÚLTI­
PLOS

ACABAMENTO TIPO TXIKÃO


Use: OURELA DUPLA

ACABAMENTO TIPO UAUPÉS


Use: ACABAMENTO COM ARO PLANO

ACABAMENTO TIPO XINGU


Use: ACABAMENTO COM ARO ROLIÇO

AUTO-REMATE
Use: OURELA SIMPLES

OURELA DUPLA
Def. Remate dos cestos de borda lisa. Os fo-
líolos sobressalentes do trançado são desdobra­
dos das paredes do cesto ao atingirem a beira,
sendo introduzidos enxertos sobrepostos aos
mesmos, quase imperceptivelmente. Assim se
duplica a borda do cesto. O mesmo efeito é
obtido quando se aplica um apêndice trançado
sobre a ourela*a exemplo de alguns cestos Mun-
Fig. 35 — Acabamento com aro duplo e entremeio de trança.
duruku. (Ver figs. 45). Cesto vasiforme, índios Tapirapé, M.N. n9 32.060. (Acabamento
Sin. Acabamento tipo Txikão. tipo Tapirapé).

72
T ran çad os
Fig, 40 — Acabamento com encaixe trançado. Apá, índios do
Uaupés, M.N. n9 21.386. (Acabamento tipo Baníwa).

Fig. 36 —.Acabamento com áro duplo entretrançado. Espécime-


tipo, peneira dos índios Tembé, M.N. n ? 15.236. (Acabamento
tipo Guianas).

Fig. 37 — Acabamento com aro piano. Cesto paneiriforme, ín­


dios Desâna, M.N. n9 40.257. (Acabamento tipo Uaupés).
Fig. 41 - Acabamento com reforço apartado. Jamaxim, índios
Kaapor, M.N. n9 24.579. A. Verso. B. Reverso. (Acabamento
tipo Kaapor).

F ig. 3 9 - A c a b a m e n to oom aros m ú ltip lo s. A p á d o s ín d io s T ukâ- Fig. 42 — Acabamentos decorativos. À. Figura-de-8. B. Enlaçado
n o d o rio U a u p é s, M .N . n ? 3 5 .6 2 3 . (A c a b a m e n to t ip o T u k â n o ). duplo. A pud Mason 1976:273-277.

73
T ran çad os
PA RTES COMPONENTES D O CESTO (2 0 .0 6 )

BASE
Def. É a parte inferior do cesto que, como na
vasilha de cerâmica, apresenta características
distintas, sendo mais comuns as seguintes: 1)
arredondada; 2) cônica; 3) convexa; 4) em pe­
destal: parte inferior vasada na qual se apoia o
bojo do cesto; 5) bipode ou tetrapode, ou seja,
com duas ou quatro pontas que correspondem
aos “pés” do cesto. (Ver figs. 47 e 48).

BEIRAL
Use: BORDA

BOJO
Compreende toda a extensão, exceto a borda, o
gargalo e a base do cesto. Distinguem-se os se­
Fig. 43 — Acabamentos decorativos. A. Enlaçado espiralado. B.
Enlaçado com nó. A pud Mason 1976:273-277. guintes tipos cuja nomenclatura enuncia a for­
ma. 1) Campânula: o contorno do cesto apre­
senta uma reentrância na parte central; 2) côni­
co: corpo cilíndrico terminando em cone; 3)
cilíndrico; 4) esférico; 5) quadrado; 6) retan­
gular. (Ver figs. 47 e 48).

BORDA
Def. Parte concernente ao acabamento superior
de um cesto. Distinguem-se vários tipos auto-
identificáveis pela enunciação da respectiva
nomenclatura: 1) Borda constrita: o estreita­
mento do beiral é obtido pela junção apertada
Fig. 44 —Acabamento decorativo em trança. A pud Mason 1976: das malhas. 2) Borda reforçada interna e exter­
273-277. namente: o beiral é reforçado com dois aros. 3)
Borda extrovertida: o beiral se expande de den­
tro para fora. (Ver figs. 47 e 48).
Sin. Beiral
V. tb. Arremate dos cestos (20.05)

CONTORNO
Def. Do mesmo modo como o vasilhame cerâ­
mico, o contorno do corpo do cesto pode ser
Fig. 45 - Ourela dupla. Cesto gameliforme índios Mundurukú, dotado de protuberâncias e reentrâncias. Os ti­
M.N. n9 34.254. (Acabamento tipo Txikão). pos mais gerais são: 1) contorno simples; 2)
contorno composto, em que se assinala uma
reentrância que delimita o gargalo separando-o
do corpo do cesto; 3) contorno em forma de
campânula: admite uma reentrância situada no
meio do cesto; 4) contorno complexo: registra
duas ou mais reentrâncias no corpo do cesto.
(Ver fig. 47)

GARGALO
Def. É a porção intermediária entre a borda e o
corpo do cesto, no caso dos cestos em forma de
vasos, ou vasiformes.
Sín. ftscoço.

Fig. 46 - Ourela simples. Cesto gameliforme índios Tembé, M.N. PESCOÇO


n? 5.234. A. Verso. B. Anverso. Use: GARGALO

74
Trançados
COMPACTO
Def. O entrecruzamento de elementos da urdi­
dura e trama se faz de forma compacta, isto é,
sem deixar aberturas ou grades.
T. Rei. Gradeado

ESPINHA DE PEIXE (Herringbone - i.)


Def. Esse padrão é obtido pelo entrançamento
das malhas, de duas em duas, ou de três em três,
de uma só vez, formando ângulos obtusos. Ao
entrançar sucessivamente números díspares de
talas ou palhas formam-se figuras geométricas
realçadas pelo reflexo da luz nos trançados m o
nocromos.. Espinha de peixe é o padrão mais
corrente nos trançados saijados. (Ver fig. 51).

FIGURA LABIRÍNTICA
Def. Desenho formado por ângulos que conver­
gem a um centro. Assume forma semelhante no
trançado e na decoração da cerâmica (compa­
rar; 10.08 fig. 10) e dissemelhante no tecido
(ver: Cordões e tecidos 30.03 figs. 24 e 25).
(Ver fig. 52).

Fig. 47 - Partes componentes do cesto vasiforme. Base tétrapo­ GRADEADO (Lattice Work, open work, i.; treillage, f.)
de; borda extrovertida, reforçada interna e externamente; con­ Def. Os elementos da urdidura e da trama se en-
torno composto em forma de campânula. índios Kalapálo, M.N.
n9 35.544. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado:
trecruzam deixando entre si aberturas ou gra­
sarjado. des. Ocorre nos trançados quadriculares, saija­
dos, hexagonais, enlaçados e torcidos. (Ver fig.
53).
T. Rei. Compacto

MARCHETADO
Def. Trançado sarjado que compõe figuras geo­
métricas (losangos, Chevron, gregas, zigueza-
gues, etc.). O trançado marchetado é sempre
bicromo, permitindo dar realce às figurações de­
rivadas da técnica de trançar. (Ver fig. 54).
Sin. Trançado sarjado bicromo.

TRANÇADO SARJADO BICROMO


Use; MARCHETADO

Fig. 48 — Partes componentes do cesto tijeliforme (apá): borda


com apêndice zoomorfo; base convexa. índios Yawalapití, M.N.
n9 37.433. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado
sarjado. C. Detalhe do arremate anelar.

PADRÕ ES O R NAM ENTAIS ESPECÍFICOS DO


T R A N Ç A D O (2 0 .0 7 )

BORDADO
Def. Padrão de trançado sarjado que utiliza o
acréscimo de folíolos ou flabelos de maior es­
pessura para produzir um relevo ornamental.
(Ver fig. 49).

CASA DE ABELHAS
Def. O padrão “casa de abelhas” é produzido
saltando-se, alternada e sucessivamente, quatro
malhas por cima, na primeira carreira, uma por
cima, uma por baixo, duas por cima, na segun­
da carreira, e uma por cima, uma por baixo e Fig. 49 — Padrão específico do trançado bordado. índios Men-
quatro por cima na terceira. (Ver fig. 50). tuktíre, M.N. n9 40.050.

75
T rançados
Fig. 50 - Padrão específico do trançado: casa de abelhas. índios Fig. 53 - Padrão específico do trançado:gradeado; trançado xa-
Kayabí, M.I. n ? 6307. drezado. A. índios Mawá-tapuia, M.N. n ? 20.932; B. índios
Taulipáng, M.N. n9 27.553.

Fig. 54 - Padrão específico do trançado: marchetado. A pud


R oth 1924:363 fig. 177 (veado).

Fig. 51 - Padrão específico do trançado: espinha de peixe e che­


vron: umbigo em “olho” . índios Yawalapití, coleção particular.

Fig. 52 - Padrão não específico do trançado: labirinto. índios


Yawalapiti; umbigo em olho, M.N. n9 39.639. (Consulte: Cerâ­
mica. Motivos decorativos 10.08).

76
T rançados
30
CORDÕES E TECIDOS

77
C o r d õ e s e T e c id o s
\

;
/
30
CORDÕES E TECIDOS

GRUPOS GENÉRICOS Uso: Vestimenta ou adorno de cabeça, tronco


e membros.
N? Grupo T. Esp. Aro tecido
Bandoleira de cordões
01 Tecidos para conforto pessoal Braçadeira de cordões
Braçadeira tecida
02 Tecidos para a pesca Cinta-liga
Cinto de cordões
03 Tecidos para o transporte Cinto tecido
Colar de cordões
04 Cordões e tecidos para vestuário e adorno Jarreteira de cordões
Jarreteira tecida
Manto tecido
Pingente dorsal de cordões
Pulseira tecida
Poncho tecido
TECIDOS PARA CONFORTO PESSOAL (01) Saia tecida
Def. Objetos feitos segundo a técnica e mate­ Tanga de cordões
riais próprios da tecelagem para comodidade e Testeira tecida ’
bem-estar pessoal ou doméstico. Tornozeleira tecida
Uso: para dormir, agasalhar, abanar ou defen- Touca com cobre-nuca
der-se de mosquitos.
T. Esp. Abano tecido ITENS
Cobertor
Mosquiteiro N? Item
Rede de dormir
01 Abano tecido
TECIDOS PARA A PESCA (02) 02 Alforge
Def. Aplicação das técnicas e materiais da tece­ 03 Aro tecido
lagem para a confecção de objetos necessários 04 Bandoleira de cordões
às tarefas de ação sobre a natureza para o provi­ 05 Braçadeira de cordões
mento da subsistência. 06 Braçadeira tecida
Uso: rede tecida para a pesca. 07 Bolsa tecida
T. Esp. Jereré 08 Gnta-liga
Puçá 09 Cinto de cordões
10 Gnto tecido
TECIDOS PARA TRANSPORTE (03) 11 Cobertor
Def. Artefatos tecidos adequados para o trans­ 12 Colar de cordões
porte. 13 Jarreteira de cordões
Uso: Receptáculos aparelhados para o transpor­ 14 Jarreteira tecida
te de crianças e bens. 15 Jereré
T. Esp. Alforge 16 Manto tecido
Bolsa tecida 17 Mosquiteiro
Saco-'çargueiro 18 Pingente dorsal de cordões
Sacola 19 Pulseira tecida
Tipóia tecida 20 Poncho tecido
21 Puçá
CORDÕES E TECIDOS PARA VESTUÁRIO E 22 Rede de dormir
ADORNO (04) 23 Saco-cargueiro
Def. O conjunto de peças tecidas ou compostas 24 Sacola
de cordões destinadas antes a adornar e a perso­ 25 Saia tecida
nalizar o corpo, do que vesti-lo, servindo de in­ 26 Tanga de cordões
sígnia distintiva de sexo, idade e filiação étnica. 27 Testeira tecida
A tipóia é excluída desse elenco embora exerça, 28 Tipóia tecida
não raro, função de vestuário, a par de faixa 29 Tornozeleira tecida
porta-criança. 30 Touca com cobre-nuca

79
C o rd õ es e T e c id o s
ABANADOR
Use: ABANO TECIDO

ABANO TECIDO
Def. Ventarola feita segundo o sistema de tece­
lagem (entretorcido) pelos índios Guató para
conforto pessoal.
Sin. Abanador
T. Gen. Tecidos para conforto pessoal (01)
T. Rei. Mosquiteiro
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

Alforge. índios Kadiwéu, M.I. n9 1.125. Esc. 1:7,5. A. Vista da


peça. B. Detalhe do tecido com arremate da abertura.

ARO TECIDO
Def. Anel confeccionado segundo o sistema de
tecelagem que cinge a cabeça.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Testeira tecida

da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe da alça. D. Detalhe do


suporte.

Aro tecido, fndios Araweté, M.N. n9 40.810. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Perspectiva. C. Detalhe da técnica.
ALFORGE
Def. “Duplo saco, fechado nas extremidades e
aberto no meio, formando como que dois bor­
nais, que se enchem equilibradamente, sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou
ao ombro das pessoas.” (Díc. Aurélio). Regis­ BANDOLEIRA DE CORDÕES
trado apenas entre os Kadiwéu. Def. Enfeite usado a tiracolo constituído de
T. Gen.Tecidos para o transporte (03) cordéis de algodão com ou sem pingentes orna­
T. Rei. Saco-cargueiro mentais.

80
C o r d õ e s e T e c id o s
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)

Braçadeira tecida. índios Junina, M.I. nP 1.687. Esc. 1:5. A. Vis­


ta da peça. B. Detalhe do croché.

Bandoleira. índios Ramkokatnekra-Canela, M.I. n ? 1.302. Esc.


1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe de um dos cordéis.
BOLSA TECIDA
Def. Saco raso com alça usado para portar pe­
quenos haveres feito segundo a técnica de tra­
balho em malha.
BRAÇADEIRA DE CORDOES
Def. Conjunto de cordões executados segundo a T. Gen. Tecidos para o transporte (02)
T. Rei. Sacola
técnica de croché ou passamanariá, com ou sem
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
borlas ou franjas que se usa no antebraço.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Braçadeira tecida
Pulseira tecida.
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

Braçadeira de cordões. índios Asuriní, M.N. nP 40.908. Esc.


1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe de cada fio e da técnica. C.
Detalhe da borla.
Bolsa tecida. índios Txikão, M.N. nP 39.684. Esc. 1:7,5. A. Vis­
ta da peça. B. Detalhe do Tecido. C. Detalhe da alça.

BRAÇADEIRA TECIDA
Def. Faixa estreita tecida, geralmente segundo a CAPA
técnica de croché, que se usa na altura do bí­ Use: MANTO TECIDO
ceps, provida ou não de franjas.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­ CINTA-LIGA
no (04) Def. Peça do vestuário íntimo feminino (encon­
T. Rei. Braçadeira de cordéis trada apenas entre os índios Araweté). Tecido
Pulseira tecida entretorcido compacto, que cinge os quadris até
V. tb. Processos de manufatura (30.03) metade da coxa, usado abaixo da saia.

81
C o rd õ es e T e c id o s
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Saia
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

Cinta-liga. índios Arawete', M.N. n ? 40.798. Esc. 1 :7,5. A. Vista


da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do arremate inferior.
D. Detalhe da torção dos fios na borda superior. E. Detalhe do
enrolamento na borda superior.
Cinto tecido. índios Paresí, M.N. n9 4.174. Escala 1:7,5. A. Vis­
ta da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do arremate.

COBERTOR
Def. Peça tecida de regular tamanho usada para
CINTO DE CORDÕES agasalho e conforto.
Def. Inúmeros cordões, colocados em posição Sin. Manta
paralela com as pontas amarradas, ou unidos T. Gen. Tecidos para conforto pessoal (01)
por meio do enrolamento de fios. T. Rei. Rede de dormir
Sin. Cordões de cintura
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Cinto tecido

CINTO TECIDO
Def. Tira tecida que cinge a cintura, de largura
ou comprimento variado.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Cinto de cordões

Cobertor. índios Guarani, M.N. n9 2.299. Escala 1:33,5. A. Vis­


ta da peça. B. Detalhe do fio. C. Detalhe do tecido e borda su­
perior. D. Detalhe do tecido e borda inferior.

COLAR DE CORDÕES
Def. Ornato de cordões, tecidos geralmente se­
Cinto de cordões. índios Yawalapití, M.N. n9 40.038 Escala
gundo a técnica de passamanaria, de interlaça-
1:7,5. mento ou croché, usado à volta do pescoço.

82
C o rd õ es e T e c id o s
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­ JARRETEIRA TECIDA
no (04) Def. Ornato feito segundo as técnicas de tecela­
T. Rei. Pingente dorsal de cordéis gem que cinge a pemalogo abaixo do joelho.
V. tb. Processos de manufatura (30.03) T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Jarreteira de cordéis
Tornozeleira tecida

Colar de cordões. índios Asuriní, M.N. n ? 40.917. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Detalhe do cordel e da técnica de croché.

CORDÕES DE CINTURA
Use: CINTO DE CORDOES

FAIXA FRONTAL Jarreteira tecida. índios Karajá, M.N. 30.906. Esc. 1 :7,5. A. Vis­
ta da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do arremate com al­
Use: TESTEIRA TECIDA ça. D. Detalhe da franja pendente.

JARRETEIRA DE CORDÕES JERERÉ


Def. Cordel de algodão confeccionado segundo Def. Espécie de aparelho de pesca construí­
a técnica de passamanaria sustenta uma guar­ do segundo a técnica de enlace com enodação.
nição de franjas e/ou borlas da mesma matéria- Rede coniforme presa a um semicírculo de ma­
prima. É enrolado abaixo do joelho. deira provido de cabo, mais longa que o puçá.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­ Sin. Landuá
no (04) T. Gen. Tecidos para a pesca (02)
T. Rei. Jarreteira tecida T. Rei. Puçá
Tornozeleira tecida V. tb. Processos de manufatura (30.03)
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

Jereré. índios Desâna, M.N. n9 40.179. Esc. 1:33,5. A. Vista da


peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe da amarração do tecido
nos arcos de madeira.

LANDUÁ
Use: JERERÉ

Jarreteira de cordões. índios Karajá, M.I. n 9 1.117. Esc. 1:10. MANTA


A. Vista do par. B. Fixação dos fios no coz. Use: COBERTOR

83
C o r d õ e s e T e c id o s
MANTO TECIDO para defenderem-se contra os mosquitos.
Def. Vestimenta larga e sem mangas, com ou T. Gen. Tecidos para conforto pessoal (01)
sem capuz, que se apoia nos ombros, e/ou na T. Rei. Abano tecido
cabeça, prolongando-se pelas costas. V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Sin. Capa
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­ PALA
no (04) Use: PONCHO
T. Rei. Touca com cobre-nuca
Poncho PINGENTE DORSAL DE CORDÕES
Def. Borlas de algodão sustentadas por um cor­
del que enlaça o pescoço pendentes sobre a nu­
ca.
T. Gen. Cordéis e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Colar de cordéis

Manto. índios Jurúna, M.N. n ? 13.581. Escala 1:33,5. A. Vista


da peça. B. Vista lateral direita. C. Detalhe da armação supe­ Pingente dorsal de cordões. índios Karajá, M.I. nP 1.137. Esc.
rior: capuz. D. Detalhe do tecido e do arremate, com penas, da 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do cordel em passamanaria.
borda.

Pulseiras. índios Karajá. A. Vista das peças. 1. Par incompleto,


JL
M.N. nP 28.945. 2. Peça isolada com cordão para prender a fran­
Mosquiteiro. índios Guató, M.N. n ? 33.481. Esc. 1:33,5. A. ja. M.N. n ? 28.946. 3. Peça isolada com cordão e franja, M.N.
Perspectiva. B. Detalhe da aresta superior. C. Detalhe do tecido. nP 28.947. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe da franja.
D. Detalhe da disposição dos fios, em diversos tamanhos, para
formar as partes curvas (cônicas).

MOSQUITEIRO PULSEIRA TECIDA


Def. Cortinado executado segundo a técnica de Def. Ornato circular tecido, de largura variada,
entretorcido espaçado usado pelos índios Guató com ou sem franjas, usado no pulso. Confeccio-

84
C o rd õ es e T e c id o s
nado segundo a técnica de interlaçamento ou
croché.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Braçadeira de cordões
Braçadeira tecida
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

PONCHO TECIDO
Def. Capa tecida quadrangular, que descansa
sobre os ombros, com uma abertura no meio
por onde passa a cabeça.
Sin. Pala
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Manto
Touca com oobre-nucá Puçá. índios Desâna, M.N. n9 40.268. Esc. 1:7,5 A. Vista da pe­
ça. B. Detalhe do tecido com amarração no aro de madeira. C.
Detalhe do umbigo: começo do tecido.

REDE DE DORMIR
Def. “Espécie de leito balouçante, feito de teci­
do resistente de linho, algodão ou qualquer ou­
tra fibra e suspenso pelas extremidades, termi­
nadas em punhos ou argolas, em armadores ou
ganchos, geralmente pregados em paredes, ár­
vores, ou em armações metálicas, etc.” (Dicio­
nário Aurélio). Para fins descritivos, distingui­
mos os seguintes componentes na rede de dor­
mir: 1) cama, correspondente à parte tecida;
2) cabos elementares, equivalendo ao prolonga­
mento da urdidura não entretecida; 3) cabos
suplementares (scale lines, i.) que são cordas
mais grossas que trespassam os cabos elementa­
res e as argolas terminais para aumentar o com­
primento da rede; 4) punhos, nome dado às
argolas terminais; 5) corda de suspensão que
trespassa os punhos da rede para soerguê-la.
Manufaturada segundo as técnicas de entrela­
çar, entretecer, entretorcer e contra torcer.
T. Gen.Tecidos para conforto pessoal (01)
T. Rei. Cobertor.
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Poncho. índios Guarani, M.I. n9 1.325. Esc. 1:20. A. Vista da
peça. B. Detalhe do tecido e arremate. C. Detalhe do talho cen­
tral.

PUÇÁ
Def. Rede de pesca em forma de cone curto
presa a um aro circular de madeira e munida de
cabo. Construída segundo a técnica de enlace
com ou sem enodação. Diferencia-se do jereré
pelo tamanho bem menor. Utilizada para pegar
peixe miúdo principalmente durante as tingüi-
jadas.
T. Gen. Tecidos para a pesca (02)
Rede de dormir. índios Kamayurá, M.N. n9 17.615. Escala
T. Rei. Jereré 1:33,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe da
V. tb. Processos de manufatura (30.03) união do punho com a corda de suspensão.

85
C o rd õ es e T e c id o s
SACOLA
Def. Tecido segundo a técnica de enlace na for­
ma de saco com alça para suspender. Usado pa­
ra transporte ou armazenagem de pequenos
guardados. Diferencia-se do saco-cargueiro pelo
seu tamanho consideravelmente menor.
T. Gen. Tecidos para o transporte (02)
T. Rei. Bolsa tecida

Rede de dormii. A. Cama, ou parte tecida. B. Cabos suplementa­


res, que aumentam o comprimento da rede. C. Punho. A pud
Baldus 1970:252 fig. 15. índios Tapirapé.

SACO-CARGUEIRO
Def. Receptáculo tecido em técnica de enlace,
fechado nos lados e no fundo, com abertura na Sacola. índios Botocudo M.N. n9 3.273. Esc. 1:7,5. A. Vista
borda e alça para carregar. Usado para transpor­ da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do início da tecedura.
D. Detalhe do término da tecedura com encaixe da alça de fios.
te à maneira do cesto-cargueiro: com a carga
nas costas e a alça cingindo a testa. Diferencia-
se da sacola por ser de maior tamanho. Cons­
truído segundo a técnica de enlace com ou sem SAIA TECIDA
enodação. Def. Peça do vestuário feminino, executada se­
T. Gen. Tecidos para o transporte (02) gundo o sistema de tecelagem, que se prolonga
T. Rei. Alforge da dntura até uma certa altura da perna.
V. tb. Processos de manufatura (30.03) T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
no (04)
T. Rei. Gnta-liga

Saco-cargueiro. índios Botocudo, M.N. n ? 5.233. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do umbigo. Saia tecida. índios Paresí, M.N. n9 4.183. Escala 1:7,5. A. Vista
D. Detalhe do arremate com fixação da alça de suspensão. da peça. B. Detalhe do tecido e do arremate.

86
C o r d õ e s e T e c id o s
TANGA DE CORDÕES TESTEIRA TECIDA
Def. Espécie de avental constituído de cinto e Def. Tira ou faixa tecida que se usa na testa. É
franjas de cordéis que cobrem o corpo desde o amarrada na altura do occipício pelos fios sol­
ventre até as coxas. De uso feminino, entre os tos da urdidura.
índios Marúbo e Karajá, ou de uso masculino Sin. Faixa frontal
(na região glútea) entre os Txikão. T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­ no (04)
no (04) T. Rei. Aro tecido

TIPOI
Use: TIPÓIA TECIDA

TIPÓIA TECIDA
Def. Faixa tecida, de largura variada, passada no
ombro a tira-colo, isto é, por baixo do braço
oposto a esse ombro. Usada como porta-crian­
ça, e, eventualmente, para carga leve ou mesmo
como adorno do tórax. Confeccionada segundo
a técnica de entretecer e/ou entretorcer.
Sin. Tipoi
T. Gen. Tecidos para o transporte (03)
V. tb. Processos de manufatura (30.03)

Tanga de cordões. índios Karajá, apud Krause 1940-1944: 276


fig. 69. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação da guarnição de
franjas.

Tipóia tecida. índios Kayabí, M.N. n ? 40.031. Escala 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Detalhe do tecido com o arremate da borda.

TORNOZELEIRA TECIDA
Def. Omato tecido usado na altura do tornoze­
lo.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
Testeira tecida. índios Asuriní, M.N. n9 40.863. Esc. 1:7,5. A. no (04)
Vista da peça. B. Detalhe do tecido (frente). C. Detalhe do arre­ T. Rei. Jarreteira de cordões
mate (verso). Jarreteira tecida

87
C o r d õ e s e T e c id o s
Tornozeleira tecida. índios Txikão, M.N. n ? 40.126. Esc. 1:7,5.
A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do arremate.
D. Detalhe da franja.

TOUCA COM COBRE-NUCA


Def. Peça do vestuário ritual dos índios Txikão
que cobre a cabeça, o pescoço e os ombros. Te­
cido de algodão ornamentado com botões de
plumas na touca e arremate de franjas.
T. Gen. Cordões e tecidos para vestuário e ador­
Touca com cobre-nuca. índios Txikão, M.N. n9 13.580. Escala
no (04).
1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido. C. Detalhe do arre­
T. Rei. Manto mate superior. D. Detalhe do arremate com franja. E. Detalhe do
Poncho ornamento plumário.

88
C o r d õ e s e T e c id o s
30 CORDOES E TECIDOS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (30.00)

A presente categoria de artefatos inclui corda­ São igualmente discriminados os corantes apli­
me e tecidos para múltiplos usos, dentre os quais os rela­ cados na tintura do fio, porém apenas os de origem
cionados com o vestuário e adomo corporal, desprovi­ vegetal. O barro preto (tejuco) é mencionado por um au­
dos praticamente de ornamentação apendicular. Adornos tor (Frikel 1973) como pigmento para tingir fibra entre
feitos com contas de conchas, cocos, sementes, miçan­ os Tíriyó. Seu uso foi também observado por B. G. Ri­
gas, garras de animais, tabocas e, sobretudo, penas, estão beiro entre os Jurúna e por Jussara Gruber, entre os Tu-
enfeixados nas categorias: 40 Adornos plumários, 50 kúna, em combinação com corantes vegetais ainda não
Adornos de materiais ecléticos, indumentária e touca­ identificados. Fica aqui o registro.
dor e, parcialmente, na de 20 Trançados. Para evitar
confusões com ornatos semelhantes em que se utilizam O tópico Implementos (30.04) especifica os obje­
matérias-primas e técnicas, que não as dos sistemas de te­ tos utilizados para os processos de fiação e tecelagem.
celagem, adjetivamos os descritores com o modificador Tal como ocorre no caso da cerâmica, muitos desses
“tecido”. Por exemplo: tipóia tecida, saia tecida, aro te­ objetos têm sido recolhidos a museus etnográficos. Eles
cido, pulseira tecida, abano tecido, etc. não foram, no entanto, incluídos como itens entre os
Tal como procedemos no glossário complemen­ produtos dessas técnicas e sim como instrumentos para
tar de trançados, incluímos no item Definições genéri­ tomá-las possíveis. Entre outros são citados: o fuso e
cas (30.01) as designações de tratamentos da matéria- suas partes; o tear, seus componentes e acessórios; agu­
prima que a torna passível de utilização em obras dessa lhas, etc. Sua descrição e ilustração no glossário comple­
indústria. Ou seja, termos genéricos tais como: fio de mentar permite classificá-los tipologícamente para fins
duas pernas, fusada, laçada em volta seca, almofada, etc.. de arrolamento de acervos.
E, ainda, técnicas básicas explicitadas em sua forma ver­ Como vimos, o item relativo a vestuário e ador­
bal, no infinitivo. Elas são retomadas em seus desdobra­ no pessoal é seguido do adjetivo “tecido” para diferen-
mentos no tópico Processos de manufatura (30.03). Por dá-lo de outras vestes e adornos usados no corpo, con­
exemplo: a técnica de acoplar (definição genérica) e o feccionados mediante o emprego de matérias-primas tais
processo de manufatura específico: acoplado, expresso como: contas de sementes, cocos, conchas, miçangas;
por um adjetivo e/ou acoplado com malha saltada, va­ cascos, garras e dentes de animais bem como élitros de
riante. coleópteros; canudos, palhas, talas e entrecasca de árvo­
Cabe assinalar que algumas técnicas de tecela­ re. Estes artefatos são dicionarizados na categoria 50
gem, tais como as de entrelaçar e entretorcer, recebem Adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador.
a mesma designação de suas correlatas, no trançado. E Incluem todos aqueles que não se enquadram na presen­
que a técnica de entretecer equivale à de entrecruzar te categoria, na de 20 Trançados e 40 Adornos plumá­
nessa última categoria de artefatos. A ocorrência de ter­ rios.
mos homônimos se verifica, de resto, nas línguas inglesa A presente classificação e respectiva taxonomia
e francesa por tratar-se de procedimentos idênticos exe­ foram pautadas no estudo sobre artes têxteis indígenas
cutados com materiais semi-rígidos, nos trançados, e fle­ do Brasil de B. G. Ribeiro (1986b), o qual se baseia em
xíveis, na tecelagem. As respectivas designações são, no trabalho de campo entre os Jurúna, Kayabí, Asuriní e
entanto, perfeitamente identificáveis uma vez que, no tó­ Araweté, bem como em consulta bibliográfica. Esta
pico Processos de manufatura são especificadas as varian­ abrangeu trabalhos semelhantes de classificação tipológi-
tes cabíveis. Assim, no caso dos trançados, utilizamos o ca e tecnológica e em monografias etnográficas. Entre os
termo enlaçado e as variações encontradas na técnica bá­ primeiros, cabe destacar Frodin 8í Nordenskiõld (1918),
sica de entrelaçar. No caso dos tecidos, empregamos, Ling Roth (1916/18), Amsden (1932), Montandon
como equivalente, o termo enlace (com ou sem enoda- (1 9 3 4 ), L Emery (1966), Emery & Fiske (eds.) 1977, A.
ção). Para diferenciar a técnica de entretorcer no trança­ Seiler-Baldinger (1 9 7 9 ,1979a) e D. Burnham(1980). En­
do e no tecido, empregamos a forma adjetivada “torci­ tre os últimos, os mais relevantes foram: Frikel (1973),
do” , no primeiro caso, e “entretorcido” , no segundo. Bird (1979), Roth (1924) e D. Newton (1971). Para a
Por meio desse artifício esperamos que se evi­ identificação das matérias-primas usadas na tinturaria e
tem confusões, tornando a nomenclatura ao mesmo tem­ tecelagem valemo-nos das informações constantes da bi­
po inclusiva e específica. Em outras palavras, passível bliografia e, complementqrmente, de Paul LeCointe
de diferenciar categorias distintas de artefatos, não obs­ (1 9 4 7 ), Marlene Freitas da Silva et alii (1977) e Alfredo
tante o fato de terem em comum elementos estruturais A. de Andrade (1926).
significativos.
O tópico Matérias-primas (30.02) registra as D E F IN IÇ Õ E S G ENÉRICAS (3 0 .0 1 )
principais fibras têxteis utilizadas pelos índios do Brasil.
Avulta o uso do algodão, da família das malváceas, bem ACOPLAR (Linking, i.)
como fibras de palmáceas e bromeliáceas. Embora raro, Def. ligação que se realiza por meio de uma
ocorre também o emprego do linho extraído de plantas conexão elástica na qual intervém: um fio con­
de outras famílias botânicas. tínuo de extensão ilimitada e um dispositivo de

89
C o r d õ e s e T e c id o s
sustentação: o tear. Resulta um tecido elástico, CONTRA-CALA (Counter-shed, i.; contre-fogue, f.)
em sentido transversal, leve e fresco. Essa técni­ Def. Segunda abertura ou vão produzido no pla­
ca é empregada unicamente na produção de re­ no da urdidura quando se levanta o liço, acessó­
des de dormir pelos Tuküna e Tiriyó. Apresenta rio do tear, para introduzir a trama. (Ver fig.
uma variante: acoplamento com malha saltada. 42).
Entre os Makuxí, Taulipang e Wapitxâna regis­ Sin. Contra-passo
tra-se uma técnica com princípios semelhantes, T. Rei. Tecelagem verdadeira
também exercida com um elemento contínuo e V. tb. Processos de manufatura (30.03)
ajuda de outro tipo de tear: um retângulo com­ Implementos (30.04)
pleto. 0 tecido resultante é designado “acopla­
do tipo Tumupasa” . CONTRA-PASSO
T. Rei. Trabalho em malha Use: CONTRA-CALA
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
CONTRATORCER / Countertwining, i.)
ALMOFADA Def. Técnica de tecer em tear amazônico com
Def. Preâmbulo da fiação do algodão. Conjunto urdume na vertical e/ou tear de varas alçadas
de discos ou rodelas de floco de algodão soto- com urdume na horizontal em que se combina
postas e estiradas. Em alguns casos (índios Ara- torção em “Z” e torção em “ S” de dois fios, al­
weté), a almofada é batida sobre um suporte ternada ou conjuntamente, dando a aparência
flexível para separar e uniformizar as fibras. A de uma trança.
felpa é retirada pela orla externa da almofada, T. Rei. Entretorcer
em forma de tira — a tirada — a qual, igualada Torção em “Z”, torção em “S”
e uniformizada por distenção manual, é atada V. tb. Processos de manufatura (30.03)
ao castão do fuso, procedendo-se à torção. A Implementos (30.04)
atadura é feita por laçada em volta seca.
T. Rei. Fiação ENREDAR
Laçada em volta seca Use: ENTRELAÇAR
Rodela
Tirada ESTOFO
V. tb. Matérias-primas (30.02) Use: TECIDO
Processos de manufatura (30.03)
Implementos (30.04) ENTRANÇAR
Def. Técnica de trabalho a dedo usada para a
BRAÇADA produção de cordões ornamentais, redondos ou
Def. Comprimento do fio de algodão, equiva­ quadrados, bastante freqüente como elemento
lente ao braço estendido,, no ato de bobiná-lo de adomo corporal indígena.
na vareta do fuso. T. Rei. Passamanaria
T. Rei. Fiação Trabalho a dedo
V. tb. Matérias-primas (30.02) V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Implementos (30.04)

CAPULHO DE ALGODÃO ENTRELAÇAR (Looping, i.)


Def. Casulo ou invólucro filamentoso da semen­ Def. Trabalho em malha com um elemento de
te do algodão. tamanho limitado. Essa técnica exige o uso de
T. Rei. Fiação acessório: agulha de orifício ou suporte de esti­
V. tb. Matérias-primas (30.02) lete que serve de gabarito para uniformizar as
malhas. Compreende técnicas de enlace sem
CALA(Shed, [.-Jogue, f.) enodação e de enlace com enodação, isto é,
Def. Abertura formada pela separação em dois com a formação de nós.
leitos ou duas camadas, anterior e posterior, dos Sin. Enredar
fios alternados da urdidura, mediante o uso do T. Rei. Filé
liço, acessório do tear. A lançadeira é arremessa­ V. tb. Trabalho em malha
da nesse vão para entretecer. (Ver fig. 42). Processos de manufatura (30.03)
Sin. Passo Implementos (30.04)
T. Rei. Tecelagem verdadeira
V. tb. Processos de manufatura (30.03) ENTRETECER ( Weaving, i.)
Implementos (30.04) Def. Técnica de tecelagem em tear amazônico,
isto é, com urdume na vertical provido de aces­
CARREIRA CAPITAL (Heading Une, tailing Une, i.) sórios, que permitem a abertura de cala e con-
Def. Primeira carreira feita em técnica entretor- tra-cala para a tramação. Também conhecida
cido ou contra torcido, que impede que a teia se como tecelagem verdadeira. O entretecido sar-
desmanche quando retirada do tear. Ao mesmo jado é a forma mais elaborada de entreteci-
tempo ajuda a separar e manter eqüidistante a mento.
série de fios da urdidura. Corresponde ao T. Rei. Tecelagem verdadeira
amortecedor em outros sistemas de tecelagem. Trabalho em trama
(Cf. fig. 42) V. tb. Processos de manufatura (30.03)
V. tb. Processos de manufatura (30.03) Implementos (30 j04)

90
C o r d õ e s e T e c id o s
ENTRETORCER (Twining, i.) FUSADA
Def. Técnica de tecer em tear com varas alçadas Def. Porção de fio enrolada no fuso. Chamamos
e o urdume na horizontal mediante a torção de fusada cônica o enrolamento do fio no fuso em
dois fios da trama que englobam, perpendicular­ forma de cone. (Ver fig. 37).
mente, um ou mais elementos da urdidura. T. Rei. Fiação
T. Rei. Contratorcer V. tb. Implementos (30.04)
Trabalho em trama
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Implementos (30.04)
INTERLAÇAR (Interlooping, i.)
FIAÇÃO Def. Trabalho em malha executado com um
Def. Operação que transforma matéria-prima único elemento de tamanho ilimitado, uma vez
têxtil em fio. Quando se utiliza fibras de certas que o fio enredador não precisa passar pelas
bromeliáceas, o processo é mais demorado. A laçadas. Crochê e tricô representam os dois
folha é mergulhada na água para decompor as principais tipos de interenlace.
matérias não fibrosas e, posteriormente, batida, T. Rei. Trabalho em malha
lavada e seca ao sol. Para destacar a seda da pré- V. tb. Processos de manufatura (30.03)
foliação de palmeiras o procedimento é mais
LAÇADA EM VOLTA SECA
direto, mas exige grande habilidade manual. Se- Def. Modo de atar o fio, sem dar nó, ao castão
para-se a seda da palha que é usada para o tran­ do fuso para que não resvale.
çado ou descartada. A seda é igualmente lava­ T. Rei. Fiação
da e posta a secar ao sol. A fiação do algodão V. tb. Implementos (30.04)
exige a separação da felpa do caroço. O floco
assim obtido é transformado em uma rodela. PADRÕES DECORATIVOS
Várias delas são unidas e espichadas para for­ Def. Conjunto de figuras geométricas (lineares,
mar uma almofada de diâmetro maior. Uma tira retangulares, triangulares e outras atípicas) de­
de algodão é retirada e distendida manualmente senvolvidas no ato de entretecer. As mais co­
da orla da almofada e atada ao castão do fuso muns, obtidas, principalmente, no tecido sarja-
por laçada em volta seca. Procede-se, em segui­ do — definidas no tópico Motivos decorativos
da, à torção dessa tira. (10.08) em Cerâmica (10) - são as seguintes:
T. Rei. Almofada ampulheta, Chevron, cruciforme, diamante, es­
Braçada
calonado, espinha de peixe, figuras labirínticas,
Fio de duas pernas
meândricas e esquartejadas, linhas retas, losan­
Fusada
gos, losangos concêntricos, retículo, zigueza-
Laçada em volta seca
gue. (Ver figs. 20 a 25).
Rodela
T. Rei. Entretecer
Tirada
Consulte: 10 Cerâmica, Motivos decorativos
Torção em “Z”, torção em “S”
(10.08) .
V. tb. Matérias-primas (30.02)
Processos de manufatura (30.03)
PALMINHARfZhzrn, darned, i.)
Implementos (30.04)
Def. Levantar, um a um, cpm os dedos, os ele­
FILÉ (Network, i.) mentos da urdidura para a introdução da trama.
Def. Tecido reticular aberto feito segundo a téc­ É a forma mais elementar e também a mais la­
nica de enlace com enodação boriosa de tecelagem.
T. Rei. Entrelaçar T. Rei. Entretecer
Trabalho em malha
V. tb. Processos de manufatura (30.03) PASSAMANARIA
FIO-BASTIDOR Def. Fitas-galões e cordões feitos por entrança-
Def. Armado em círculo, o fio serve de suporte mento. (Ver fig. 17).
para o início de trabalho em malha, especifica­ Sin. Passamanes
mente, a técnica de enlace com enodação. T. Rei. Entrançar
T. Rei. Trabalho em malha. V. tb. Processos de manufatura (30.03)
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
PASSAMANES
FIO DE DUAS PERNAS (Two ply yarn; double yarn, Use: PASSAMANARIA
i-)
Fio de duas dobras. Linha ou corda formada pe­
PASSO
la torção de dois fios. (Ver fig. 28). Use: CALA
T. Rei. Fiação
PONTO DESPARELHO (Uneven twill, i.)
Def. No entretecido saijado, os elementos da
FIO-ENREDADOR trama nãá transpõem o mesmo número de ele­
Def. Linha ativa, nos trabalhos com um único mentos da urdidura. As duas faces da obra são
elemento, que enreda as malhas para formar o dissímiles. Ou, na definição de Irene Emery:
tecido. “Nenhum elemento passa sobre o mesmo nú­
T. Rei. Trabalho em ,malha mero que passou sob. Assim, as duas faces são
V. tb. Processos de Manufatura (30.03) estruturalmente desiguais. Nenhum tecido em

91
C o rd õ es e T e c id o s
diagonal (sarjado) pode ser construído com me­ Técnicas básicas j
nos de três grupos diferentes de urdumes e o Trabalho a dedo
construído com três apenas é necessariamente Trabalho em malha
desparelho: 2 por cima e um por baixo, ou 2/1. Trabalho em trama
Com quatro urdumes, seja emparelhados (2/2)
ou desparelhos (3/1), é possível tecer diagonal­ TECELAGEM VERDADEIRA ( Weaving, i.)
mente; com cinco, existe uma possibilidade de Def. Técnica de tecer em tear amazônico com
escolha entre o diagonal desparelho (4/1 ou urdume na vertical. A tramação se processa le­
3/2). O número de ordens de interlaçamentos vantando um a um os fios da urdidura para a
possível aumenta com o número de urdumes” passagem da teia; ou erguendo todo o urdume
(Emery 1966:99). de uma só vez, mediante o uso do liço e a aber­
T. Rei. Entretecer tura de cala/contra-cala.
Ponto flutuante T. Rei. Cala
Ponto parelho Contra-cala
V. tb. Processos de manufatura (30.03) Entretecer
Palmilhar
PONTO FLUTUANTE (Floats, i.) V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Def. No tecido sarjado, ponto flutuante é cada Implementos (30.04)
porção do elemento da trama ou da urdidura
que permanece sem entramar sobre duas ou TECIDO (Fabric, web, i.)
mais unidades do conjunto oposto. Def. O produto acabado, depois de feita a tece-
T. Rei. Entretecer dura: por entretecimento, entretorcimento, en­
Ponto desparelhado trelaçamento, acoplamento ou por interlaça-
Ponto parelho mento.
V. tb. Processos de manufatura (30.03) Sin. Estofo
T. Rei. Acoplar
PONTO PARELHO (Even Twill, i.) Contratorcer
Def. No entretecido sarjado, cada conjunto de Entrelaçar
elementos da trama cruza, alternadamente, sob Entretecer
e sobre o mesmo número de elementos da urdi­ Entretorcer
dura, produzindo padrões idênticos nas duas fa­ Interlaçar
ces da obra, embora a direção das diagonais seja V. tb. Processos de manufatura (30.03)
invertida.
T. Rei. Entretecer TÉCNICAS BÁSICAS DE TECELAGEM
Ponto desparelho Def. A arte de tecer admite duas macro-divi­
Ponto flutuante sões: trabalho em trama e trabalho em malha. A
V. tb. Processos de manufatura (30.03) primeira pressupõe o uso de um dispositivo para
a tensão dos fios da urdidura: o tear. E o uso de
REPASSO dois elementos, urdidura e trama ou dois con­
Def. Programação da urdidura para formar os juntos de elementos que se entrecruzam for­
padrões decorativos. “Receita do tecido” na mando o tecido. A segunda se processa pelo em­
linguagem das tecedeiras de Goiás. (Garcia prego de um único elemento contínuo de tama­
1981:130). nho finito ou infinito, e o uso ou não de um im­
T. Rei. Entretecer plemento, agulha de ponta (tricô), agulha de
Padrões decorativos gancho (crochê) ou agulha de orifício (enlace),
V. tb. Processos de manufatura (30.03) ou simplesmente um gabarito. O trabalho em
trama compreende as seguintes técnicas bási­
RODELA cas: contratorcer, entretecer, entretorcer. A téc­
Preâmbulo da fiação do algodão. Iniciado o nica de acoplar, embora feita com um único ele­
processo pela separação da felpa do caroço, pro­ mento contínuo, não pode prescindir de tear:
cede-se a seu afeiçoamento na forma de disco duas estacas fincadas no chão onde se tece o
ou placa. Vários deles são reunidos e espicha­ produto. O mesmo diz respeito a outro tipo de
dos para formar a almofada, da qual se desta­ acoplamento, tipo Tumupasa, feito com tear. O
cam tiras, as tiradas, com que se inicia a fiação. trabalho em malha inclui as técnicas de entrela­
T. Rei. Almofada çar (com ou sem enodação), e a de interlaçar
Fiação (crochê, tricô). O trabalho a dedo que, como o
Tirada nome indica, é executado sem qualquer imple­
V. tb. Matérias-primas (30.02) mento, compreende a técnica de entrançar, isto
é fazer tranças com três ou mais fios, de que re­
TECELAGEM sulta a passamanaria.
Def. Técnica de interpor regularmente os fios, T. Rei. Acoplar
com ou sem o uso de implementos e aparelhos. Contratorcer
Produz-se, assim, um tecido, seja mediante tra­ Entrançar
balho a dedo, trabalho em malha ou trabalho Entrelaçar
em trama. Entretecer
T. Rei. Tecelagem verdadeira Entretorcer
Tecido Interlaçar

92
C o r d õ e s e T e c id o s
V. tb. Processos de manufatura (30.03) Técnicas básicas de tecelagem
Implementos (30.04) V. tb. Processos de manufatura (30.03)

TELA TRABALHO EM TRAMA


Use: TRAMA Def. Sistema de tecelagem em que intervêm
dois elementos — urdidura e trama —que se en-
TIRADA trecruzam de forma a construir um tecido.
Def. Preâmbulo da fiação do algodão. Tira reti­ Compreende as técnicas de entretecer, entretor­
rada da orla da almofada, igualada e uniformiza­ cer e contratorcer.
da por distenção manual, operação que antece­ T. Rei. Cala
de a torção do fio no fuso. Carreira capital
T. Rei. Almofada Contra-cala
Fiação Contratorcer
Rodela Entretecer
Torção em ‘Z’, torção em ‘S’ Entretorcer
V. tb. Matérias-primas (30.02) Palmilhar
Processos de manufatura (30.03) Ponto desparelho
Implementos (30.04) Ponto flutuante
Ponto parelho
TORÇÃO EM ‘Z7TORÇÃO EM ‘S’ ( ‘Z ’ twist, ‘S ’ twist, Repasso
i) Tecelagem
Def. Técnica de fiação e/ou tecelagem. Ao tor­ Tecelagem verdadeira
cer um par de fibras, de bromeliáceas ou pal- Tecido
máceas, na perna, ou de filamentos de algodão, Técnicas básicas de tecelagem
no fuso, obtém-se uma torção em ‘Z’ se ela for V. tb. Processos de manufatura (30.03)
executada da direita para a esquerda, no sentido
dos ponteiros do relógio e uma torção em ‘S’ TRAMA (Weft, bar, i.; trame, f.)
se for da esquerda para a direita. Uma pessoa Def. Fio contínuo ou separado que entretece
destra obterá uma torção em ‘Z’ e uma pessoa ou enlaça a urdidura para formar um tecido.
canhota uma torção em ‘S’. Essas designações Sin. Teia
provêm da aparência da parte central das letras T. Rei. Trama aparente
‘S’ e ‘Z’, isto é, obtêm-se espirais que lembram a Urdidura
queda das referidas letras. O mesmo ocorre ao V. tb. Processos de manufatura (30.03)
executar-se as técnicas de entretorcer e contra-
torcer. TRAMA APARENTE (Weft faced, i.)
T. Rei. Contratorcer Def. Tecido em que a trama predomina no ver­
Entretorcer so, ou em ambas as faces, ocultando a urdidura.
Fiação T. Rei. Trama
Fio de duas pernas Urdidura
Rodela V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Tirada
V. tb. Matérias-primas (30.02)
Processos de manufatura (30.03) URDIDURA ( Warp, end, i.; chaine, f.)
Implementos (30.04) Def. A sérié de fios, relativamente passiva, mon­
tada no tear entre a qual é interposta a trama.
TRABALHO A DEDO (Fingerwork, i.) Ou: a base fixa sobre a qual enteia o tecelão.
Def. Sistema de tecelagem em que não intervém No tear amazônico, o plano da urdidura corre
o uso de implementos ou dispositivos de tensão em sentido longitudinal; no tear com varas al­
dos fios: o tear. çadas, em sentido horizontal.
T. Rei. Passamanaria Sin. Urdume
Técnicas básicas de tecelagem T. Rei. Trama
V. tb. Processos de manufatura (30.03) Urdidura anterior/posterior
Urdidura aparente
TRABALHO EM MALHA (Meshwork) Urdidura balançada
Def. Sistema de tecelagem com um único ele­ Urdidura frontal/costal
mento, de tamanho limitado ou ilimitado, para V. tb. Processos de manufatura (30.03)
a formação de laçadas com ou sem nós. Com­ Implementos (30.04)
preende as técnicas de: acoplar, entrelaçar com
ou sem nós, interlaçar. URDIDURA ANTERIOR/POSTERIOR
T. Rei. Acoplar Def. Série de fios disposta na frente do bastão-
Entrelaçar separador após sua divisão em dois planos: fios
Interlaçar pares e fios ímpares. Presos ao liço, os fios pares
Fio-bastidor formam a cala e a contra-cala, quando o liço é
Fio-enredador levantado. (Ver figs. 39,41 e 42).
Filé T. Rei. Cala
Tecelagem Contra-cala
Tecido Urdir

93
C o r d o e s e T e c id o s
Urdidura ALGODAO (Gossypium spp.)
Urdidura frontal/costal Principal fibra têxtil da família Malvaceae em­
V. tb. Processos de manufatura (30.03) pregada por tribos indígenas brasileiras. A bi­
Implementos (30.04) bliografia registra o uso das espécies G. hirsu-
tum, G. barbadense, G. purpurascens, G. viti-
URDIDURA APARENTE ( Warp faced, i.) folium. A primeira espécie é originária prova­
Def. Tecido em que a urdidura predomina no velmente das Antilhas e a segunda da América
verso, ou em ambas as faces, ocultando pratica­ Central. Os índios conhecem cultivares de duas
mente a trama. cores: branco-manteiga e pardo claro, este últi­
T. Rei. Trama mo apelidado popularmente como algodão par­
Trama aparente do, algodão-ganga ou algodão-macaco.
Urdidura T. Rei. Plantas têxteis e para cordame
Urdidura balançada
V. tb. Processos de manufatura (30.03) ALGODÃO MACACO
Use: ALGODÃO PARDO
URDIDURA BALANÇADA (Balanced plain weave, i.)
Def. Urdidura e trama, da mesma espessura e ALGODÃO PARDO (Gossypium sp.)
equilibradamente espaçadas, permitem ver am­ Cultivar de algodoeiro, cuja fibra é pardacenta.
bos os elementos. É utilizado, entre outros, pelos índios Kayabí
T. Rei. Trama e Jurúna.
Trama aparente Sin. Algodão-macaco
Urdidura T. Rei. Plantas têxteis e para cordame
Urdidura aparente
V. tb. Processos de manufatura (30.03) ANANÁS
Use: CURAUÁ
URDIDURA FRONTAL/COSTAL
Def. Montada a urdidura, o urdume frontal é o ANIL (Indigofera suffrutticosa Mill.)
que fica na parte anterior das barras do tear e, Corante da família Leguminosae papilionoi-
o costal, na posterior. (Ver fig. 43) deae. A bibliografia registra o uso dessa planta
T. Rei. Urdir na tinturaria de fios na cor azul claro. (Glen-
Urdidura boski 1975:109).
Urdidura anterior/poSterior T. Rei. Corantes.
V. tb. Processos de manufatura (30.03)
Implementos (30.04) BURITI (Mawitia flexuosa L.)
Palmeira que fornece o linho do grelo (seda)
URDIMENTO para fazer o fio.
Use: URDIR T. Rei. Plantas têxteis e para cordame

URDIR CANSANÇÃO
Def. Montagem da urdidura nas barras (urdidei­ Use: URTIGA BRAVA
ras) do tear.
Sin. Urdimento CARAGUATÁ (fírowe/i? pinguin L.)
T. Rei. Urdidura Da família das Bromeliáceas. Entre as tribos
Urdidura anterior/posterior chaquenhas e as do nordeste do Brasil é comum
Urdidura frontal/costal o emprego do seu linho, extraído por raspagem,
V. tb. Processos de manufatura (30.03) como fibra têxtil.
Implementos (30.04) Sin. Gravatá
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame
URDUME
Use: URDIDURA CARAUÁ
Use: CAROÁ
MATÉRIAS-PRIM AS (3 0 .0 2 )
CAROÁ (Neoglaziovia variegata Mez)
AÇAFRAO-DA-TERRA (Curcuma longa; C. tinctoria. Da família das Bromeliáceas, é plantada pelos
Gubi) índios do alto Xingu. Fornece a seda para a pro­
Corante da família Zingiberaceae. Planta origi­ dução de puçás, entre outros produtos.
nária do velho mundo difundida entre diversas Sin. Carauá
tribos: alto Xingu, Kayabí, Junina, Karajá e al­ T. Rei. Plantas têxteis e para cordame
to rio Negro, onde é conhecida sob a alcunha
de mangarataia. Da raiz (rizoma) extrai-se co­
rante amarelo. O preparo da tinta é mais elabo­ CIPÓ ANINGA-PARÁ (?) (Dieffanbachia hwnilis
rado entre os Junina do que entre outros gru­ Poepp)
pos, uma vez que lhe juntam folhas maceradas Cipó (aninga-pará?) da família das Aráceas, de
de planta não identificada como mordente; cujo rizoma os índios Tukúna extraem matéria
tomando o tanino mais firme e o amarelo mais corante amarela. (Apud Glenboski, 1975:120;
carregado: cor de mostarda. Seiler-Baldinger 1979:76).
T. Rei. Corantes. T. Rei. Corantes

94
C o r d õ e s e T e c id o s
CORANTES JENIPAPO ( Genipa americana L.)
Def. Matéria tintorial podendo ser de origem ve­ A casca e os frutos dessa árvore da família das
getal, animal ou mineral. Rubiáceas contém um corante azul escuro ou
Sin. Pigmentos violeta que, pela oxidação do contáto com o ar,
T. Rei. Açafrão-da-terra se torna preto. É empregada pelos índios na
Anil pintura corporal e fingimento dos tecidos, tran­
Cipó aninga-pará çados e outros artefatos.
“ Hoja morada” T. Rei. Corantes
Jenipapo
Maranta (espécie de) MARANTA, espécie de (?) ( Calathea loeseneri, Macbri-
Mogno de)
Pau campeche Das folhas maceradas dessa Marantácea os ín­
Pau-de-arara dios Tukúna extraem um corante verde para
“ Platanillo de altura” tingir o fio. (Apud Seiler-Baldinger 1979:76;
Pupunha Glenboski 1975:123).
Tatajuba de espinho
Urucu MIRITI (Mauritia flexuosa L.)
Espécie de palmeira que viceja no norte do país,
CROATkfBromelia morreniana (Regei) Mez) da qual os índios Tiriyó extraem a seda para
Planta herbácea da família Bromeliaceae, culti­ fazer fios e tecidos.
vada na roça. A fibra, untada no breu, é utiliza­ T. Rei. Plantas têxteis e para cordame
da para amarrilhos no acabamento de cestos e
outros artefatos pelos grupos Tukâno do rio MOGNO (Swietenia rmcrophylla King)
Tinquié. Da entrecasca do mogno (família Meliaceae), os
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame índios Asuriní obtém uma matéria corante mar­
rom com que tingem suas meadas de algodão.
CURAUÁ (Ananas.sativus, Schult, var.) T. Rei. Corantes
Bromeliácea de cujas folhas os índios Tiriyó ex­
traem, por raspagem, fibras muito resistentes PAU BRASIL
para a confecção de tecidos e, principalmente, Use: PAU-DE-ARARA
cordas.
Sin. Ananás PAU CAMPECHE (Hematoxylon campechianum)
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame Família das Cesalpináceas “de cuja casca em es­
tado pútrido extraem os índios uma tinta de
ENVIRA finíssimo carmim” (Andrade 1926:190). O co­
Use.IMBAÚBA rante, kemateina, purpura vivo, segundo esse
autor, utilizado na indústria tintorial, fornece
ENVIRA DE JANGADA vários matizes, entre os quais, o violeta (op.
Use: ENVIRA PENTE DE MACACO cit.: 191).
T. Rei. Corantes
ENVIRA PENTE DE MACACO (Apeiba sp.; Apeiba
echimta Gaertn. (?) PAU-DE-ARARA (Sickingia tinctoria (H.B.K. K.Sch.)
A entrecasca dessa arvoreta, da família Tilia- A entrecasca dessa árvore, da família Rubia-
ceae, é empregada pelos índios Tapirapé na fei­ ceae, contém uma matéria tintorial a brasileina,
tura de cordas para armar a rede de dormir. que fornece corante vermelho para tingir a li­
Sin. Envira de Jangada. nha utilizada pelos índios Tukúna, além de ou­
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame tros, em suas obras têxteis. Quando a fervura
do lenho se faz com águas ferruginosas surge
GRAVATA “ um matiz bruno-violeta, em lugar do carmim
Use: CARAGUATÁ nítido, da verdadeira matéria corante, que é a
brasileina” (Andrade 1926:190). (Ver também.
Glenboski 1975:104, 126, Seiler-Baldinger
“HOJA MORADA” (Phyllanthus accumintus Vahl) 1979:78).
As folhas dessa planta, da família Euphorbia- Sin. Pau-brasil
ceae, são esfregadas diretamente na linha produ­ T. Rei. Corantes
zindo um colorido violáceo. Usada pelos índios
Tukúna do Peru (Seiler-Baldinger 1979:79;
Glenboski 1975:122) e talvez também pelos PIGMENTOS
Waiwai. Use: CORANTES
T. Rei. Corantes

IMBAÚBA ( Cecropia pachystachya Trèc.) “PLATANILLO DE ALTURA” (Realmia sp.)


Arvoreta da família Moraceae de cuja entrecas­ Da família Zingiberaceae. As frutas frescas são
ca se retira fibra para indústria têxtil indígena esmagadas fornecendo um pigmento púrpura
e, sobretudo, para cordaria. utilizado pelos índios Tukúna para colorir fios
Sin. Envira e entrecasca de árvore. (Glenkoski 1975:126;
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame Seiler-Baldinger 1979:79).
/
95
C o r d õ e s e T d cid os
PLANTAS TÊXTEIS E PARA CORDAME deando malhas em carreiras sucessivas. Estas se
Def. Matérias-primas vegetais de que se extra­ apresentam sob forma elástica e escorregadia.
em fibras, as quais, devidamente preparadas, Essa técnica é exercida pelos índios Tukúna
são empregadas em obras de cordaria e tecela­ e Tiriyó, entre outros, na manufatura de redes
gem. de dormir. (Ver fig. 1).
T. Rei. Algodão T. Rei. Acoplado com malha saltada
Algodão pardo Acoplado tipo Tumupasa
Buriti V. tb. Definições genéricas (30.01)
Caraguatá
Caroá ACOPLADO COM MALHA SALTADA (Linkage with
Croatá row skiping, i.)
Curau á Def. Variante da técnica de acoplamento. Con­
Imbaúba siste em, sucessivamente, formar uma malha
Envira pente de macaco acoplada e um cruzamento (sob/sobre) de uma
Miriti malha deixada sem acoplar na carreira anterior.
Tucum Esse tipo de tecido é muito elástico, transver­
Urtiga brava salmente, e mais denso quando deixado em re­
pouso. Técnica dos Tukúna, entre outros, para
PUPUNHA ( Guilielma gasipaes (H. B. K.) Bailey) redes de dormir. (Ver fig. 2).
Das folhas dessa Palmácea, os índios Tukúna T. Rei. Acoplado
extraem matéria tintorial de cor verde para seus Acoplado tipo Tumupasa
trabalhos de cordaria e tecelagem. (Seiler-Bal- V. tb. Definições genéricas
dinger 1979:76).
T. Rei. Corantes ACOPLADO TIPO TUMUPASA (Frame looping, loop-
ing on a frame, i.)
TATAJUBA-DE-ESPINHO (Chlorophora tinctoria, Def. Técnica de acoplamento com o uso de um
Guad.) pequeno tear com a urdidura na vertical, mani­
Madeira de cor amarelo-vivo da família das pulado nessa posição e/ou horizontalmente, e o
Moráceas, cujo corante (ácido morintânico) da emprego de fio contínuo de tamanho ilimitado.
mesma cor é utilizado para corar fios de algo­ Os urdumes interceptam uns aos outros de tal
dão e palmária (Andrade 1926:187) forma que um elemento ativo entrecruza diago­
T. Rei. Corantes nalmente outros elementos segundo a fórmula
um sobre, um sob. Em outras palavras, cada fio
TUCUM (Astrocaryum tucuma Mart; A. Chambira; A. do urdume é cruzado pelo fio adjacente, fixado
humile) com separadores, sem empregar trama. À medi­
Família Palmae. A bibliografia registra três es­ da que o trabalho prossegue, o urdume se en­
pécies do gênero Astrocaryum que fornecem teia automaticamente no lado oposto. Esse tipo
seda como fibra têxtil para a produção de fios de tecido, extremamente elástico, é utilizado na
e tecidos. manufatura de tipoias. Foi minuciosamente des­
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame crito por Roth (1924:400-411) sendo encontra­
do entre grupos Karib, Aruak e Warrau das
URTIGA BRAVA ( Urera caracasana Griseb) Guianas (Makuxí, Taulipáng e Wapitxâna do
Planta da família das Urticáceas cujas fibras se­ Brasil). É também citado entre os Tiriyó (Fri-
dosas e resistentes são empregadas pelos índios kel 1973:108) e entre grupos da Bolívia por
do sul do Brasil na confecção de obras têxteis. Nordenskiõld (1924:197-8). Adotamos a desig­
Sin. Cansação (Amazônia) nação que lhe foi dada por esse autor: tecido
T. Rei. Plantas têxteis e para cordame tipo Tumupasa, região onde ocorre na Bolívia.
(Ver figs. 3,4).
URUCU (Bixa orellana L.) T. Rei. Acoplado
Árvore cultivada da família das Bixáceas. Do Acoplado com malha saltada
envólucro da semente dissolvido em água reti- V. tb. Definições genéricas (30.01)
ra-se matéria tintorial vermelho-carmim (bixi-
na) de largo emprego na tinturaria de fios e ou­
tros fins. O corante orelina do urucu, de tonali­ BROCADO
dade amarelo-alaranjada, é também empregado Use: ENTRETECIDO FLUTUANTE
na tinturaria de fios e tecidos.
T. Rei. Corantes
CONTRATORCIDO/Countertwined, chain twist, i.)
PROCESSOS DE MANUFATURA (30.03) Def. Trabalho em trama. Técnica de tecelagem
produzida quando quatro fios da trama englo­
ACOPLADO (Linked, linkage, i.) bam entre si um ou mais elementos do urdume.
Def. Técnica de tecelagem executada com um No processo de manufatura ocorrem duas va­
fio contínuo que enlaça as duas barras do tear, riantes: 1) contratorcido alternado; 2) contra-
fincadas no chão. O fio enredador, guiado por torcido combinado. O produto final, com apa­
uma “agulha” (corda mais grossa), abrange, rência de trança, é, no entanto, idêntico. Ou se­
transversalmente, em espiral frouxa, o urdume ja, o entretorcimento em “ S” e em “ Z” con­
que fora previamente montado no tear, enca­ trapostos. (Ver. fig. 5).

96
C o r d õ e s e T e c id o s
T. Rei. Contratorcido alternado tentação desempenha um papel passivo na fei­
Contratorcido combinado tura do nó, ele pode ser movido ligeiramente e
Entretorcido se diz que o nó é suspenso. Quando a laçada da
V. tb. Definições genéricas (30.01) carreira anterior participa de forma mais ativa
na constituição do nq-diz-se que o nó é fixo.
CONTRATORCIDO ALTERNADO Distinguem-se os seguintes tipos de nós: 1) nó
Def. Técnica de tecelagem: contratorcer. Coma cabeça de calhandra; 2) nó d’escota;3) nó qua­
ajuda de bobinas executa-se uma carreira de tor­ drado; 4) nó rede de pesca; 5) nó simples. Essa
ção em “Z” e outra de torção em “S” . Juntas técnica, presente no tecido enredado, do tipo
oferecem a aparência de trança. Para isso o es­ filé (network) é empregada prindpalmente na
paço entre ambas deve ser nulo. Essa técnica é confecção de redes de pescar (puças, jererés,
praticada pelos índios Tenetehara, Kaapor e das redis de pesca), nas sacolas e sacos-cargueiros.
Guianas, em tear amazônico, isto é, com o T. Rei. Nó cabeça de calhandra
urdume na vertical, na manufatura de redes de Nó d’escota
dormir. (Ver fig. 6). Nó quadrado
T. Rei. Contratorcido Nó rede de pesca
Contratorcido combinado Nó simples
Entretorcido V. tb. Definições genéricas (30.01)
V. tb. Definições genéricas (30.01)
ENLACE CIRCUNSCRITO (Encircled looping, i.)
CONTRATORCIDO COMBINADO Def. Técnica de entrelaçar sem enodação. As
Def. Trabalho em trama. Torção executada em laçadas das carreiras subseqüentes circundam,
movimento unificado com o uso de quatro fios: por sua porção terminal (a coroa da laçada), as
os do centro passando por trás da urdidura; os das carreiras antecedentes. O produto asseme­
dos lados, um à direita e o outro à esquerda. lha-se a tricô. (Ver fig. 10).
Depois de pronto, o trabalho apresenta a forma T. Rei. Enlace sem enodação
de trança. Essa técnica é exercida pelos índios Enlace simples
do alto Xingu em tear com o urdume na hori­ Enlace simples com suporte
zontal para a manufatura de redes de dormir. V. tb. Definições genéricas (30.01)
(Ver fig. 7).
T. Rei. Contratorcido ENLACE DE AMPULHETAS ACOPLADAS (Linked
Contratorcido alternado hourglass looping, i.)
Entretorcido Def. Técnica de entrelaçar sem enodação. Laça­
V. tb. Definições genéricas (30.01) das acopladas lateral e verticalmente em carrei­
ras sucessivas, formam figuras-de-8 interconec-
CROCHÉ (Crochet, i. e f.) tadas pela porção terminal. (Ver fig. 11).
Def. Técnica de interlaçar (trabalho em malha) T. Rei. Enlace interconectado figura-de-8
com fio de comprimento ilimitado, uma vez Enlace interconectado lateral-termi­
que o elemento enredador não precisa ser intro­ nal
duzido totalmente na laçada precente. “Carac­ Enlace interconectado malha-ampu-
teriza-se pelo interlaçamento (interlooping) ver­ Iheta
tical e lateral das laçadas e cada nova laçada (ou Enlace sem enodação
uma série delas constituindo um novo ponto) V. tb. Definições genéricas (30.01)
prende a anterior na mesma carreira” (I. Emery
1966:39). Nos trabalhos de croché, uma tranci­ ENLACE INTERCONECTADO FIGURA-DE-8 (Figure-
nha é executada à mão. Subseqüentemente, é 8 looping overlaping and interlacing, i.)
trabalhada com agulha de gancho, horizontal­ Def. Técnica de entrelaçar sem enodação.
mente, abrangendo as malhas laterais da mesma Malhas duplas, adjacentes, interconectadas e so­
carreira e, verticalmente, as da carreira prece­ brepostas formam figuras-de-8. Freqüentemente
dente. Essa técnica é muito difundida entre ín­ também chamada “ forma ampulheta” . (Ver fig.
dios do Brasil. (Ver figs. 8,9). 12).
T. Rei. Tricô T. Rei. Enlace de ampulhetas acopladas
V. tb. Definições genéricas (30.01) Enlace interconectado lateral-termi­
Implementos (30.04) nal
Enlace interconectado malha-ampu-
ENLACE COM ENODAÇÃO (Knoting, knoted loops, lheta
i.) Enlace sem enodação
Def. Trabalho em malha. Enlace da argola pen­ V. tb. Definições genéricas (30.01)
dente da carreira anterior e formação de um nó.
Dependendo do tipo de nó, o verso e o reverso
são dissímiles. A enodação se processa com a ENLACE INTERCONECTADO LATERAL-TERMINAL
ajuda de um implemento: agulha de orifício (Simple interconnected looping; laterly linked looping,
e/ou gabarito, abarcando uma laçada da carreira i-)
anterior que fica pendente. Por isso se diz que Def. Técnica de entrelaçar sem enodação. As la­
o nó é formado de dois elementos, embora çadas são conectadas lateralmente entre si e ver­
executado com um único fio enredador de com­ ticalmente por sua porção terminal. (Ver fig.
primento limitado. Quando a laçada de sus­ 13).

97
Cordões e Tecidos
T. Rei. Enlace de ampulhetas acopladas ENTRANÇADO (Multiple-strand plaiting, i.)
Enlace interconectado figura-de-8 Def. Técnica de entrançar, ou seja, procedimen­
Enlace interconectado malha-ampu- to destinado a formar tranças a partir de quatro
lheta ou mais fios cruzados diagonalmente. Depen­
Enlace sem enodação dendo do número de elementos usados e do Seu
V. tb. Definições genéricas (30.01) arranjo, obtém-se entrançamentos muito com­
plexos para cordas e tecidos estreitos designa­
dos em seu conjunto passamanaria. Dolores
ENLACE INTERCONECTADO MALHA-AMPULHETA Newton (1971:49) menciona o entrançamento
(Double-interconnected looping, i.) oblíquo, com variantes, que ela denomina
Def. Técnica de entrelaçar sem enodação. Laça­ “trança saijada oblíqua” . Utilizam-se números
das duplas, em figura de ampulheta, são interco- pares (4 a 8) de fios que se cruzam entre si
nectadas lateralmente entre si e verticalmente emendados uns aos outros. Dessa forma, pode-
por sua porção terminal. (Ver fig. 14). se construir, além de cordões, também fitas.
T. Rei. Enlace de ampulhetas acopladas Essa técnica é utilizada pelos grupos Timbíra,
Enlace interconectado figura-de-8 Kayabí e outros na confecção de colares, faixas,
Enlace interconectado lateral-termi­ pulseiras, etc. (Ver fig. 17).
nal V. tb. Definições genéricas (30.01)
Enlace sem enodação
V. tb. Definições genéricas (30.01) ENTRETECIDO (Weaved, i.)
Def. Procedimento destinado a formar um te­
cido pelo enttecruzamento em ângulos retos,
agudos e obtusos de duas séries de elementos:
ENLACE SEM ENODAÇÃO (Looping, i.) urdidura e trama. O entretecimento é pratica­
Def Trabalho em malha. O produto é obtido do, primordialmente, em tear amazônico (com
com um fio enredador contínuo, de extensão urdume na vertical) e em tear de cintura. Cor­
limitada, uma vez que tem que passar por den­ responde à técnica de entrecruzar, no trança­
tro das malhas, guiado ou não com agulha de do, compreendendo diversos tipos que dão lu­
orifício. Essa técnica é empregada na confec­ gar à formação de uma infinidade de padrões
ção de bolsas, sacolas, sacos-cargueiro, puçás ornamentais.
e, no caso dos Maxakalí, de redes de dormir. T. Rei. Entretecido acanalado
T. Rei. Enlace circunscrito Entretecido acetinado
Enlace de ampulhetas acopladas Entretecido flutuante
Enlace interconectado figura-de-8 Entretecido sarjado
Enlace interconectado lateral-termi­ Entretecido simples
nal V. tb. Definições genéricas (30.01)
Enlace interconectado malha-ampu- Implementos (30.04)
lheta
Enlace simples ENTRETECIDO ACANALADO (Raised warp design, i.)
Enlace simples com suporte Def. Técnica de entretecimento em tear. O en­
V. tb. Definições genéricas (30.01) tretecido simples ou saijado é ornamentado
com estrias mediante a introdução de um fio
ENLACE SIMPLES (Simple looping, i.) mais grosso no processo de tramação.
Def. Técnica de entrelaçar sem enodação. Sobre T. Rei. Entre eido
um fio-bastidor são formadas laçadas trespas­ Entretecido acetinado
sadas em carreiras sucessivas. Técnica executa­ Entretecido flutuante
da, geralmente, com agulha de osso ou metal Entretecido saijado
com orifício. (Ver fig. 15). Entretecido simples
T. Rei. Enlace circunscrito V. tb. Definições genéricas (30.01)
Enlace sem enodação Implementos (30.04)
Enlace simples com suporte
V. tb. Definições genéricas (30.01) ENTRETECIDO ACETINADO (Satin weave, i.)
Implementos (30.04) Def. Técnica de entretecimento em tear. O sis­
tema de tramação se baseia em uma unidade
ENLACE SIMPLES COM SUPORTE (Simple looping de cinco (ou seu múltiplo) urdumes e cinco tra­
with xnlay, i.) mas. Cada trama passa sobre quatro elementos
Def. Variante de enlace simples exemplificada da urdidura e sob o quinto adjacente. O cetim
na tecelagem Tukúna. Técnica de entrelaçar apresenta o reverso como ‘imagem no espelho’:
sem enodação. Terminada uma carreira de la­ o contrário do anverso. Aspecto liso e suave ao
çadas simples, procede-se ao retorno da linha tato. (Ver fig. 18).
nas malhas anteriormente formadas. (Ver fig. T. Rei. Entretecido
16). Entretecido acanalado
T. Rei. Enlace circunscrito Entretecido flutuante
Enlace sem enodação Entretecido sarjado
Enlace simples Entretecido simples
V. tb . Definições genéricas (30.01) V. tb. Definições genéricas (30.01)
Implementos (30.04) Implementos (30.04)

98
Cordões e Tecidos
ENTRETECIDO FLUTUANTE (Float weaves, i.) ENTRETORCIDO COMPACTO
Def. Técnica de entretecimento em tear. “Qual­ Def. Montagem das carreiras da trama entretor-
quer porção da urdidura ou trama que permane­ cida pegadas umas às outras, produzindo um
ce sem tramar sobre duas ou mais unidades do tecido com trama aparente. (Ver fig. 26).
conjunto oposto, no anverso ou verso do teci­ T. Rei. Entretorcido
do” (L Emery 1966:75). Também diamado Entretorcido espaçado
adamascado ou brocado. (Ver fíg. 19). V. tb. Definições genéricas (30.01)
Sin. Brocado. Implementos (30.04)
T. Rei. Entretecido
Entretecido acanalado ENTRETORCIDO ESPAÇADO
Entretecido acetinado Def. As carreiras entretorcidas da trama são ar­
Entretecido saijado madas a uma distância regular umas das outras,
Entretecido simples deixando a urdidura aparente. (Ver figs. 26, 27)
V. tb. Definições genéricas (30.01) T. Rei. Entretorcido
Implementos (30.04) Entretorcido compacto
V. tb. Definições genéricas (30.01)
ENTRETECIDO SARJADO (Twill weave, twilled, i.) Implementos (30.04)
Def. Entretecimento em tear de urdidura e tra­
ma em sentido diagonal, segundo a fórmula FIAÇÃO EM ‘Z’ / FIAÇÃO EM ‘S’ (Z spun, S spun, i.)
2/2, 2/3, 3/1, etc., levantando-se sempre os fios Def. A fiação em ‘Z’ é obtida girando-se o fuso
contrários aos tramados na carreira precedente. no sentido da rotação dos ponteiros do relógio
Corresponde ao trançado sarjado, como tipo (clockwise) e a fiação em ‘S’ em sentido oposto
tecnológico, propiciando, como este último, (anti-clockwise). No primeiro caso, temos espi­
o desenvolvimento de uma grande variedade de rais da direita para a esquerda que, vistas longi­
motivos ornamentais, sendo “espinha de peixe” tudinalmente, conformam a queda da parte cen­
o mais corrente. (Ver fig. 20). Ver também figs. tral da letra ‘Z’; no segundo, da letra ‘S’. O algo­
22 a 25: alguns padrões ornamentais de trança­ dão é mais facilmente fiado no sentido horário
do saijado. (fiação em ‘Z’) e o linho no sentido anti-horário
Sin. Saija (fiação em ‘S’). A fiandeira destra produz fio
T. Rei. Entretecido com torção em ‘Z’ e a canhota com torção em
Entretecido acanalado ‘S’ (Hodges 1964:126). A fiação do algodão
Entretecido acetinado exige o uso do fuso; a da fibra de palmeiras, não
Entretecido flutuante requer implemento. Existem variações quanto
Entretecido simples ao tamanho e modo de fiar com o fuso repre­
V. tb. Definições genéricas (30.01) sentadas pelo fuso e modo de fiar bakairi que
Implementos (30.04) se distingue do fuso e modo de fiar bororo.
(Ver fig. 28).
ENTRETECIDO SIMPLES (Plain weave, tabby, simple T. Rei. Fiação tipo bakairi
weave, checker, i.) Fiação tipo bororo
Def. Técnica de entretecimento em tear segun­ V. tb. Definições genéricas (30.01)
do a fórmula 1 sobre, 1 sob. Conhecido como Implementos (30.04)
tipo tafetá. Corresponde ao trançado quadri­
culado ou xadrezado. (Ver fig. 21). FIAÇÃO TIPO BAKAIRI
Sin. Tafetá Def. A fiandeira imprime um movimento de ro­
T. Rei. Entretecido tação à parte pré-tortual do fuso, encostando-o
Entretecido acanalado na perna ou na coxa, mantendo o fuso em posi­
Entretecido acetinado ção vertical ou semi-inclinada. Em função disso,
Entretecido flutuante a parte inferior da haste è mais alargada, para
Entretecido saijado que o tortual não resvale, e a superior provida
V. tb. Definições genéricas (30.01) geralmente de um dispositivo para segurar o fio.
Implementos (30.04) O modo de fiar bakairi é o mais generalizado
entre os índios do Brasil.
ENTRETORCIDO (Twined, i.) T. Rei. Fiação em ‘Z’, fiação em ‘S’
Def. Entretorcimento em tear com varas alçadas Fiação tipo bororo
e o urdume na horizontal de dois (ou três) fios V. tb. Definições genéricas (30.01)
da trama que englobam um ou mais fios da Implementos (30.04)
urdidura dispostos perpendicularmente. A tor­
ção da direita para a esquerda, no sentido ho­ FIAÇÃO TIPO BORÔRO
rário, assume a forma de “Z” ; o contrário, a Def. A fiandeira executa o trabalho sentada,
forma de “S” . A técnica de entretorcer é em­ com o fuso em posição horizontal, apoiando
pregada pela maior parte das tribos indígenas e rotando a extremidade pós-tortual do mesmo
brasileiras na manufatura de redes de dormir, em algum suporte. Esse método de fiar algodão
saias e tipoias. só é praticado no Brasil pelos índios Bororo.
T. Rei. Entretorcido compacto T. Rei. Fiação em ‘Z’, fiação em ‘S’
Entretorcido espaçado Fiação tipo Bakairi
V. tb. Definições genéricas (30.01) V. tb. Definições genéricas (30.01)
Implementos (30.04) Implementos (30.04)

99 v
Cordões e Tecidos
NÓ CABEÇA DE CALHANDRA fCow hitch, i.) T. Rei. Enlace com enodação
Def. Técnica de entrelaçar com enodação. Duas Nó cabeça de calhandra
laçadas simples perpassam a argola pendente, si­ Nó d’escota
tuando-se em lados opostos desta. O nó é por Nó quadrado
isso chamado simétrico com faces dissímiles. Nó rede de pesca
(Ver fig. 29). V. tb. Definições genéricas (30.01)
T. Rél. Enlace com enodação
Nó d’escota SARJA
Nó quadrado Use: ENTRETECIDO SARJADO
Nó rede de pesca
Nó simples TAFETÁ
V. tb. Definições genéricas (30.01) Use: ENTRETECIDO SIMPLES

TRICÔ (Kniting, i., tricot, f.)


NÓ D’ESCOTA (Sheet bent knot, i., noed d ’écoute, f.) Def. Técnica de interlaçamento vertical. Ou se­
Def. Técnica de entrelaçar com enodação. “O ja, as laçadas são alinhadas verticalmente, cada
fio-enredador passa dentro da coroa da laçada qual enganchando a laçada correspondente da
da carreira anterior, envolve suas duas pontas e carreira anterior. A técnica de tricô é descrita e
cruza sobre a porção ascendente, antes de dei­ ilustrada por Roth (1924:107), entre os índios
xar a laçada” (Annemarie S.-Baldinger 1979: das Guianas, com o uso de 4 agulhas de ponta
14). (Ver fig. 30). e, por D. Newton (1971:41-44), entre os Tim-
Sin. Nó de tecelão bíra e outros grupos indígenas. E difícil distin­
T. Rei. Enlace com enodação guir essa técnica no produto final. Estrutural-
Nó cabeça de calhandra mente, pode ser confundida com o enlace cir­
Nó quadrado cunscrito, variante de enlace sem enodação,
Nó rede de pesca chamada inter-enlace vertical ou vertical inter-
Nó simples looping por I. Emery (1966:40). Em ambos os
V. tb. Definições genéricas (30.01) casoS, as laçadas nas carreiras subseqüentes cir­
cundam, por sua porção terminal (coroa da la­
NÓ DE TECELÃO çada) as da carreira que as antecedem. (Ver fig.
Use: NÓ D’ESCOTA 34).
T. Rei. Enlace circunscrito
NÓ DIREITO Enlace sem enodação
Use: NÓ QUADRADO Croché
V. tb. Definições genéricas (30.01)
NÓ QUADRADO (Square knot, i.) Implementos (30.04)
Def. Técnica de entrelaçar com enodação.
O fio-enredador (linha ativa), depois de contor­
nar a alça pendente, penetra com as duas pontas
dentro da mesma. Desenhos diversos no anver­
so e reverso. (Ver fig. 31).
Sin. Nó direito
T. Rei. Enlace com enodação
Nó cabeça de calhandra
Nó d’escota
Nó rede de pesca
Nó simples
V. tb. Definições genéricas (30.01)

NÓ REDE.DE PESCA (Fishnet knot, i.)


Def. Técnica de entrelaçar com enodação. Sus­
penso de uma alça, o nó é formado pela passa­
gem da linha ativa (fio-enredador) por trás, por
dentro e por fora da alça, apresentando um
desenho diverso na frente e atrás. (Ver fig. 32).
T. Rei. Enlace com enodação
Nó cabeça de calhandra
Nó d’escota
Nó quadrado
Nó simples
V. tb. Definições genéricas (30.01)

NÓ SIMPLES (Simple knot, i.)


Def. Técnica de entrelaçar com enodação. For­
mado pelo trespasse do fio-enredador na laçada
pendente e o cruzamento de suas pontas. (Ver
fig. 33).

100
Cordões e Tecidos
Fig. 5 - Contratorcido. Rede dos índios das Guianas. A p u d
R oth 1924:385 fig. 197.
Fig. 2 — Acoplamento com malha saltada. Rede dos índios
Tukúna. A p u d Jussara Gruber.

Fig. 6 - Contratorcido alternado com uso de bobinas. Rede dos


índios das Guianas. A p u d R oth 1924 pr. 127A.
Fig. 3 - Acoplado tipo Tumupasa. Processo de manufatura de
tipóia em tear com separadores. A p u d Roth 1924:409 fig. 223.

Fig. 4 - Modo de terminar a tipóia tecida segundo o processo


“acoplado tipo Tumupasa” . índios Makuxí, a p u d Roth 1924: Fig. 7 - Contratorcido combinado. Rede dos índios das Guianas.
408 fig. 22. Apud Roth 1924:384 fig. 196.

101
Cordões e Tecidos
Fig. 11 — Enalce de ampulhetas acopladas. Rede dos índios Ma-
xakali, coleção particular.

Fig. 8 - Técnica de croché com uma agulha de gancho. A. Pri­


meira carreira. B. Segunda carreira. C. Carreiras sucessivas inter-
conectadas. A p u d Roth 1924 pr. 9. índios dasGuianas.

Fig. 12 - Enlace interconectado figura-de-8, A p u d J. Gruber.

Fig. 13 — Enlace interconectado lateral-terminal. A p u d J. Gru­


ber.

Fig. 9 - Técnica de croché com duas agulhas de madeira. Note-se


a semelhança com a malha “ enlace circunscrito” . A p u d Roth
1924:106 fig. 22. índios das Guianas.

Fig. 10 - Enlace circunscrito. A p u d J. Gruber. Bolsas dos índios Fig. 14 — Enlace interconectado malha-ampulheta. A p u d J. Gru­
Tukúna. ber.

102
Cordões e Tecidos
Fig. 15 - Enlace simples. Bolsas dos índios Tukúna. A p u d Jussa­
ra Gruber.

Fig. 19 - Entretecido flutuante (ou brocado). A p u d Burnham


1980:115.

Fig. 16 - Enlace simples com suporte A p u d J. Gruber. Bolsas


dos índios Tukúna.

Fig. 20 - Entretecido sarjado. Padrão espinha de peixe (h e rrin g ­


Burnham 1980:154.
b o n e ). A p u d

Fig. 17 — Entrançado (passamanaria). A p u d Seiler-Baldinger


1979:30 fig. 66a, 66b.

Fig. 18 - Entretecido acetinado. A p u d Burnham 1980:113. Fig. 21 - Entretecido simples. A p u d Burnham 1980:139.

103
Cordões e Tecidos
Fig. 25 - Entretecido sarjado com motivo labirinto. Desenhado
Fig. 22 - Entretecido sarjado, padrão ornamental Chevron (Vs a partir de foto de tipóia Jurúna, M.N. n9 40.071.
sucessivos na vertical). A p u d Burnham 1980:156.

Fig. 26 - Entretorcido espaçado (parte superior da figura) e en-


tretorcido compacto (inferior) com dois elementos da trama.
A p u d Burnham 1980:196.

Fig. 23 - Entretecido sarjado, padrão ornamental losango com


diamante. A p u d Burnham 1980:156. Fig. 27 — Entretorcido: urdume na vertical e o uso de três ele­
mentos da trama. Rede de dormir dos índios Paresí. A p u d M.
Schmidt 1914:212 fig. 71 B.

Fig. 28 - Cabo com três cordas. A. As cordas constituintes do


Fig. 24 - Motivo labiríntico em entretecido sarjado. Desenhado cabo apresentam torção em “ S” ; o cabo, torção em “ Z”. B. Tor­
a partir de foto de Fred Ribeiro: cobertor dos índios Jurúna. ção em “Z”. C. Torção em “ S”. A p u d Hodges 1964 fig. 28.

104
Cordões e Tecidos
já.

Fig. 29 — Nó cabeça de calhandra. 1. A.B.C. frontal, lateral, ver­


so, frouxo. 2. idem; apertado.

a 8 c

Fig. 33 - Nó simples. 1. A.B.C. Vista frontal, lateral, verso, frou­


xo. 2. idem: apertado.

A » & K

Fig. 30 - No d’escota. 1. A.B.C. Vista anterior, lateral, poste­


rior, frouxo. 2. idem: apertado.

• it r

2 ' * 2

Fig. 31 - Nó quadrado. 1. A.B.C. Visto de frente, de lado e de Fig. 34 - Técnica de tricô com quatro agulhas (A/L) e com 6
trás, frouxo. 2. idem: apertado. agulhas (M). A p u d Roth 1924:107 fig. 2. índios das Guianas.

105
Cordões exTecidos
IMPLEMENTOS (30.04) mesmo tempo, impedir o resvalo da linha bobi­
nada. (Ver fígs. 37, 38).

AGULHA DE GANCHO
Def. Haste de osso, metal ou outra matéria-pri­ GABARITO (Mesh-gauge, \.\moule à mailles, f.)
ma, com bico em gancho para trabalhos de cro­ Def. Acessório do tear. Implemento usado para
chê. (Ver fig. 35). medir a distância entre as carreiras no entretor-
cimento espaçado e' para uniformizar as malhas
AGULHA DE ORIFÍCIO nos trabalhos de enlace. (Ver fig. 44).
Def. Haste de osso, metal ou outra matéria-pri­
ma, com uma extremidade afilada para perfurar
e a outra com orifício para enfiar a linha. Em­ LANÇADEIRA (shuttle, boat-shaped case containing
pregada, principalmente, nos trabalhos de enla­ a spool, i.; navette, f.)
ce. (Ver fig. 36). Def. Acessório de tear. Talhada em madeira,
de forma oblonga e achatada, é envolta longitu­
AGULHA DE PONTA dinalmente pelo fio da trama. A lançadeira mais
Def. Haste pontuda de osso, metal ou outra ma­ aperfeiçoada, chamada naveta, tem forma de
téria-prima para trabalhos de tricô. (Ver fig. 34). bote e contém encaixada uma bobina. Não
ocorre na tecelagem indígena. (Ver fig. 45).
AMORTECEDOR (laze-rod, corruptela de lease-rod, i.;
baguettes de croissure, f.) LIÇAROL
Def. Duas varetas introduzidas na urdidura, Use: LIÇO
após o seu cruzamento, mantêm os fios eqüidis-
tantes e abrandam o impacto da pressão da tra­ LIÇO(Heddle-stick, heddle-rod, i.;hamais, f.)
ma. A carreira capital desempenha a função do Def. Acessório de tear que levanta, simultanea­
amortecedor na tecelagem indígena brasileira. mente, a série de fios alternos do urdume. O li-
(Ver fig. 42). ço é constituído por uma farpa de madeira, va­
V. tb. Definições genéricas (30.01) reta ou cordão mais grosso, ao qual são atadas
correias (argolas do liço) presas a fios alterna­
BARRAS DA URDIDURA dos da urdidura. O liço se destina a controlar
Use: URDIDEIRAS permanentemente os fios pares do urdume, tra­
zendo-os para a frente, a fim de abrir um leito
BARRA DISTAL entre estes e os ímpares para a passagem da tra­
Use: URDIDEIRA SUPERIOR ma. À medida em que progride a tecedura, os
liços são movidos para o alto. Para desenvolver
BARRA PROXIMAL padrões mais complexos, empregam-se dois
Use: URDIDEIRA INFERIOR ou mais liços. A argola do lú^/pooe ser presa de
modo singular ou de mpéo contíhutx(com um
BATEDOR-ESPÁTULA (batte, batten in, daming tool, único fio) a cada fio alternado do urdume e
beater, \.\battant, f.) atada, cada correia, por sua vez, a uma corda ou
Def. Acessório de tear. Tábua delgada, lavrada vareta. (Leash, lease, string heddle, i.; lisse, f.
em forma de remo ou espátula, destinada a se­ = argola do liço) (Ver fig. 39).
parar os fios da urdidura, ampliar o diâmetro Sin. Liçarol
da cala e bater a trama. (Ver fig. 40).
NIVELADOR (levei, i.)
BOBINA (bobin, bobin-stick, spool, i.) Def. Vara adaptada ao tear, paralelamente à ur­
Def. Acessório de tear. Pequena haste cilíndri­ dideira inferior, destinada a aprumar a carreira
ca com protuberâncias nas extremidades, que capital e as carreiras sucessivas.
recebe a linha para tecer. (Ver fig. 6).
Sin. Carretel PENTE DO TECELÃO (Spacer, raddle, saie, sley, i.;
peigne, f.)
CARRETEL Def. Acessório do tear. Travessa denteada que
Use: BOBINA serve para comprimir a trama e adensar a teia.
Evita o emaranhar dos fios da urdidura no pro­
FUSO cesso de tecer. Para esse efeito é usada, nos tea­
Def. Implemento de fiação. Constituído de uma res mais aperfeiçoados, uma lâmina provida de
vareta que serve de bobina^ e uma roda que de­ orifícios por onde passam os fios do urdume.
sempenha a função de volante para torcer a fi­ (Ver fig. 41).
bra. Distinguimos os seguintes componentes do
fuso: POSTE DE SUSTENTAÇÃO (Supporting-stake, i.)
1. Castão do fuso. Bico ou remate superior da Def. No tear de cintura, a urdideira superior
vareta do fuso destinado a sujeitar o fio. Pode — ou diretamente o urdume —é presa a uma es­
variar em forma. Os tipos mais freqüentes são: taca fincada no chão ou a um esteio da casa
saliência chanfrada, incisão, bolota, gancho. para tensioná-lo.
2. Tortual do fuso. Disco ou outro dispositivo
adaptado à parte inferior da vareta do fuso des­ ROLOS DE URDIMENTO
tinado a imprimir-lhe movimento rotativo e, ao Use: URDIDEIRAS

106
Cordões e Tecidos
SEPARADOR (Shed rod, shed holder, warp rod, i.; bâ­ tipo de tear é usado para tecer peças de peque­
ton, rouleau séparateur, f.) nas dimensões, inclusive tangas de miçangas.
Def. Acessório do tear. Vara roliça ou chata (Ver fig. 46).
usada para separar o urdume em dois planos — Sin. Tear tipo Ucaiali
anterior e posterior — de fios pares e ímpares,
para abrir passagem à introdução da trama. TEAR PERUANO
(Ver. fig. 42). Use: TEAR DE CINTURA

TEAR ( weaving, loom, i., métier à tissage, f.)


Def. Engenho para tensão de fios através de
cuja tramação se obtém um tecido. TEAR TIPO UCAIALI
Use: TEAR EM ARCO

TEAR AMAZÔNICO ( Vertical loom, heddle loom, i.)


Def. Tear com urdume na vertical, também cha­
mado tear verdadeiro. Um conjunto de quatro TEAR VERTICAL
varas forma um quadrado ou retângulo. A urdidu­ Use: TEAR AMAZÔNICO
ra é passada nas barras (urdideiras) superior e
inferior, em sentido vertical. É provido de
TEMPEREIRAS (Temple, i.)
cunha ou vigote suplementar, disposto vertical-
Def. Vareta ajustada ao tecido destinada a espi­
mente junto aos postes de sustentação das ur­
char e igualar as extremidades laterais.
dideiras para calibrar estas últimas. Òu seja, na
medida em que o urdume é tramado, é preciso
mover a urdideira superior para afrouxá-lo.
Para isso, essas cunhas são proporcionalmente
adelgaçadas ou o vigote suplementar aparado URDIDEIRAS
para diminuir a altura. O tear amazônico com­ Def. Barras (ou rolos), partes integrantes do
porta dispositivos para movimentar a trama e tear, sobre as quais é montado o urdume. No
a urdidura: separador, liço, espátula-batedor, tear amazônico, essas duas barras ficam em
lançadeira. (Ver figs. 39,42,43). posição horizontal, paralelas uma à outra, pre­
Sin. Tear vertical sas a estacas verticais. Nesse tipo de tear distin­
guem-se: 1) Urdideira inferior ou proximal.
É a que fica junto à cintura do operador do tear
(waist beam; breast beam, i.; pointrinière, f.).
TEAR COM URDUME NA HORIZONTAL
2) Urdideira superior ou distai. É a que fica na
Use: TEAR COM VARAS ALÇADAS extremidade mais afastada do tecelão. 3) Urdi­
deira auxiliar. Travessa em que são enlaçados,
indiretamente, os fios da urdidura, permitindo
TEAR COM VARAS ALÇADAS ( Upright loom, i.) que o tecido seja retirado do tear em forma de
Def. Dois pilares fincados no chão providos, ou retângulo e não de cilindro (head stick, i.).
não-, de travessa na parte superior. A urdidura (Ver figs. 47, 48).
é passada horizontalmente nessas varas alçadas. Sin. Barras da urdidura
(Ver fig. 44). Rolos de urdimento
Sin. Tear com urdume na horizontal

TEAR DE CINTURA (Body tensioned loom, waist


loom, i.; métier à tissage horizontal, f.)
Def. Semelhante ao tear com urdidura na verti­
cal, no que diz respeito à moldura que sustenta
o urdume e seus acessórios. A urdideira inferior
(proximal, a que fica junto do tecelão) é provi­
da de uma faixa que enlaça a cintura, e a su­
perior é amarrada ao poste de sustentação. Este
tear é teoricamente móvel, podendo ser mani­
pulado em posição semi-perpendicular ou para­
lela ao solo, ou seja, em posição horizontal.
Sin. Tear peruano

TEAR EM ARCO
> Formado por um cipó (ou madeira fina) verga­
do em semicírculo ou ferradura, cujas pontas
são atadas a uma barra. A urdidura é montada Fig. 35 — Agulhas de gancho para croché feitas de tíbia de mu-
nela e numa barra colocada junto ao arco. Esse « tum. índios Asuriní. Col. Museu Nacional.

107
Cordões e Tecidos
Fig. 36 - Agulhas de orifício de osso. índios Tukúna. CoL Mu­
seu Nacional.

Fig. 39 — Tear tipo amazônico com o urdume na vertical, provi­


do de liço. 1. A l. Urdideira superior; A2. Urdideira inferior. B.
Início de entretecido simples. C. Urdidura. D. Separador. E l. Li­
ço. E2. Argolas do liço. II. Corte transversal com o liço em re­
pouso. III. IV. Liço em movimento mostrando cala e contra-
cala. A p u d Burnham 1980:87.

Fig. 37 - Fusos. A. índios Tembé, M.I. n ? 2.678: disco de ma­


deira torneada; B. índios Menkragnotíre, M.I. n9 76.2.42: disco
de ouriço de castanha-do-pará; C. índios Kadiwéu, M.I. n9
2.200: disoo de madeira; D. índios Kaiwá, M.L n9 2.226: disco
de cerâmica. Esc. 1:10. Fig. 40 - Espátula-batedor. índios Kadiwéu, M.L s/n9. Esc. 1:5.

Fig. 38 - Fuso com tortual de cerâmica. índios Nambikuára,


M.N. n9 38.829. Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Secção transver­ Fig. 41 - Pente do tecelão. índios Jurúna, M.N. n9 40.080.
sal. C. Encaixe do tortual na haste do fuso. Esc. 1:10.

108
Cordões e Tecidos
Fig. 44 - Tear com varas alçadas com urdume na horizontal.
Observe-se o gabarito que alinha as carreiras de entretorcido.
Estas abrangem a urdidura frontal e costal. Rede índios das Guia­
nas, a p u d R oth 1924:183 fig. 195.

Fig. 42 — Tear tipo amazônico em que os separadores exercem


a função dos liços. A. Vista da peça. B. Perfil. Desenhado a par­
tir de foto: tecelagem de tipóia dos índios Asuriní.

Fig. 45 - Lançadeira empregada na tecédura de rede segundo a


técnica de acoplamento. índios Waiwai. A. M.I. n ? 79.5.68, sem
a linha; B. M.L n ? 79.5-67, com a linha bobinada. Esc. 1:5.

Fig. ,4 ? - - Tear amazônico com urdume na vertical provido de


liço, separadores, batedor-espátula e carreira capitaL A. Vista da
peça. B. Perfil vendo-se acima da urdideira inferior, a urdideira
auxiliar. Manufatura de rede dos índios das Guianas. A p u d Fig. 46 - Tear em arco para tecedura de tanga de miçangas. ín­
R oth 1924:391 fig. 204. dios das Guianas, a p u d R oth 1924:120 pr. 17.

109
Cordões e Tecidos
Fig. 48 — Urdideiras superior, inferior e auxiliar (a do centro)
mostradas esquematicamente com destaque para o modo como
é montado o urdume. A p u d Burnham 1980:133.

Fig. 47 - Tear amazônico para manufatura de redes com desta­


que para as urdideiras: superior, inferior e auxiliar. A. Vista da
peça, B. Perfil. A p u d R oth 1924:386 fig. 199. fndios das Guia-
nas.

110
Cordões e Tecidos
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1
I W ttr 4p * f
CM
: *

Prancha I Cerâmica
Prancha II Cerâmica
Prancha III - Trançados
Prancha IV -Trançados
Prancha V Cordões e tecidos
Prancha VI Cordões e tecidos.
Prancha VII - Cordões e tecidos.
Prancha VIII - Adornos plumários.
Prancha IX - Adornos plumários.
Prancha XI - Adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador.
Prancha XII - Adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador.
Prancha XIII - Adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador.
Prancha XIV - Adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador.
Prancha XV - Instrumentos musicais e de sinalização
Prancha XVI - Armas
Prancha XVII - Utensílios e implementos de madeira e outros materiais.
Prancha XVIII - Objetos rituais, mágicos e lúdicos.
P rancha X IX - O b jetos rituais, m ágicos e lú d icos.
Prancha X X - O b jeto s rituais, m á g ico s e lúdicos.
40
ADORNOS PLUMÁRIOS

111
Adornos plumários
•f

V
40
ADORNOS PLUMÁRIOS

GRUPOS GENÉRICOS colo; 3) adornos da cintura; 4) adornos ven-


trais/lombares.
Ny Grupo Uso: adereço pessoal, ritual ou cotidiano, defi­
nidor da condição etária, sexual, social e étnica.
01 Adornos plumários da cabeça T. Esp. Bandoleira emplumada
Cinta emplumada
02 Adornos plumários do tronco Cinto emplumado
Colar emplumado l-
03 Adornos plumários dos membros Colar-apito emplumado
Mantelete emplumado
Pingente dorsal emplumado
Poncho emplumado
ADORNOS PLUMÁRIOS DA CABEÇA (01) Saiote emplumado
Def. Ornamentos, da categoria dos plumários,
usados na face ou no crânio subdivididos em: ADORNOS PLUMÁRIOS DOS MEMBROS (03)
1) cingem ou cobrem totalmente a calota cra­ Def. Ornamentos usados nos membros subdivi-
niana; 2) usados na altura do vértex: verticais, divos em: 1) adornos do pulso; 2) usados na al­
transversais; 3) usados no occipício; 4) usados tura do bíceps; 3) usados abaixo do joelho; 4)
na fronte em posição horizontal, vertical; usados no tornozelo.
5) usados na face: fronte, nariz, orelhas, lábio Uso: Adereço pessoal, ritual ou cotidiano, de­
inferior, cantos da boca; 6) usados na cabeleira. finidor da condição etária, sexual, social e étni­
Uso: adereço pessoal, ritual ou cotidiano, defi­ ca.
nidor da condição etária, sexual, social e étni­ T. Esp. Braçadeira emplumada
ca. Jarreteira emplumada
T. Esp. Aro emplumado Penacho alçado da braçadeira
Brincos emplumados Pulseira emplumada
Capacete Tornozeleira emplumada
Coifa
Coifa com cobre-nuca ITENS
Coroa radial emplumada
Coroa vertical emplumada N? Item
Diadema horizontal 01 Aro emplumado
Diadema occipital rotiforme 02 Bandoleira emplumada
Diadema rotiforme alçado 03 Braçadeira emplumada
Diadema transversal 04 Brincos emplumados
Diadema vertical 05 Capacete
Diadema verticial rotiforme 06 Cinta emplumada
Faixa frontal emplumada 07 Cinto emplumado
Grampo da cabeleira 08 Coifa
Grinalda 09 Coifa com cobre-nuca
Grinalda com cobre-nuca 10 Colar emplumado
Labrete emplumado 11 Colar-apito emplumado
Leque do occipício 12 Coroa radial emplumada
Narigueira emplumada 13 Coroa vertical emplumada
Ornato emplumado da face 14 Diadema horizontal
Penacho alçado na fronte 15 Diadema occipital rotiforme
Pingente da cabeleira 16 Diadema rotiforme alçado
Placa occipital emplumada 17 Diadema transversal
Testeira emplumada 18 Diadema vertical
Tiara emplumada 19 Diadema verticial rotiforme
Toucado 20 Faixa frontal emplumada
21 Grampo da cabeleira
A D O R N O S PLUM ÁRIOS DO TRONCO (0 2 ) 22 Grinalda
Def. Ornamentos, da categoria dos plumários, 23 Grinalda com cobre-nuca
usados no tronco subdivididos em: 1) adornos 24 Jarreteira emplumada
do pescoço: peitorais,.dorsais; 2) usados a tira- 25 Labrete emplumado

113
Adornos plumários
26 Leque do occipício
27 Mantelete emplumado
28 Narigueira emplumada
29 Ornato emplumado da face
30 Penacho alçado da braçadeira
31 Penacho alçado na fronte
32 Pingente da cabeleira
33 Pingente dorsal emplumado
34 Placa occipital emplumada
35 Poncho emplumado
36 Pulseira emplumada
37 Saiote emplumado
38 Testeira emplumada
39 Tiara emplumada
40 Tornozeleira emplumada
41 Toucado

ARO EMPLUMADO
Def. Anel de material rijo adornado de penas
que cinge a cabeça. Espécie de coroa estreita.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Grinalda
Consulte: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos,
50 Adornos de materiais ecléticos, indumentá­ Bandoleira emplumada. índios Mundurukú, M.N. n9 777. Esc.
ria e toucador 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação em roseta,
da guirlanda de plumas.

BRAÇADEIRA EMPLUMADA
Def. Adorno plumário usado na altura do bí­
ceps.
T. Gen. Adornos plumários dos membros (03)
T. Rei. Pulseira emplumada
Consulte: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos,
50 Adornos de materiais ecléticos, indumentá­
ria e toucador

Aro emplumado. índios Javaé, M.N. n9 30.731. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Detalhe da fixação das plumas ao aro : emplu­
mação em 'pétala. C. Detalhe da fixação do penacho frontal.

ALFINETE DA CABELEIRA
Use: GRAMPO DA CABELEIRA

AURICULARES
Use: BRINCOS

BANDOLEIRA EMPLUMADA
Def. Adorno plumário usado a tiracolo.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02) Braçadeira emplumada. índios do alto Xingu, M.N. n9 39.392.
Consulte: Cordões e tecidos (30), Adornos de Esc. 1 :2,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da passamanaria com al­
materiais ecléticos, indumentáriae toucador (50) ças soltas. C. Detalhe da fixação de flores de plumas nas alças.

114
Adornos plumários
CAPACETE
Def. Armação rija para a cabeça, de palha-tran­
çada, fechada no bordo superior e ornamentada
de penas.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Coroa vertical

Braçadeira emplumada. índios Kaapor, M.N. n ? 24.666. Esc.


1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação: flores oom es­
tames.

BRINCOS EMPLUMADOS
Def. Ornatos de penas pendentes do orifício do
lobo da orelha, ou colocados sobre o pavilhão
auricular como um lápis.
Sin. Auriculares
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos,
indumentária e toucador

Brincos emplumados. índios Karajá, M.N. n9 35.309. Esc. 1 :5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação: rosetas de penas.

Capacete. índios Palikúr, M.N. n9 25.350. Esc. 1 :7,5. A. Vista


posterior da peça. B. Detalhe dos penachos alçados. C. Detalhe
do corte das penas que os encimam.

CINTA EMPLUMADA
Def. Adereço plumário que cinge a cintura,
Brinoos emplumados. índios do alto Xingu, M.N. 39.507. Esc. mais largo que o cinto.
1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação embricada: S n . Sobrecinto
botão de plumas. T. Gen. Adornos plumários do tronco (03)

115
Adornos plumários
T. Rei. Cinto emplumado CINTO EMPLUMADO
Consulte: Trançados (20), Cordões e tecidos Def. Adorno plumário que envolve a cintura,
(30), Adornos de materiais ecléticos, indumen­ mais estreito que a cinta.
tária e toucador (50) T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
T. Rei. Cinta emplumada
Consulte: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos,
50 Adornos de materiais ecléticos, indumentá­
ria e toucador

COIFA
Def. Cobertura flexível para a cabeça, em forma
de touca, geralmente de tecido em filé e reves­
tida de penas.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Coifa com cobre-nuca
Consulte: 30 Cordões e tecidos
Cinta emplumada. índios Karajá, M.N. n9 2.395. Esc 1:10.
A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação das varetas penden­
tes.

COIFA COM COBRE-NUCA


Def. Adorno de penas em forma de coifa com
apêndice plumário que cobre a nuca.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Coifa
Consulte: 30 Cordões e tecidos

Cinto emplumado. índios Mundurukú, M.N. n9 781. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação dos pingentes. C Coifa. índios Karajá, M.N. n9 29.020. Esc. 1:7,5. A. Vista da pe­
Detalhe da emplumação do arremate dos pingentes. D. Detalhe ça. B. Detalhe da fixação de tufos de plumas nos intervalos dos
da fixação dos tufos de penas ao tecido. nós do filé.

116
Adornos plumários
Coifa com cobre-nuca. índios Mundurukú, M.N. n9 755. E sa
1:7,5. A. Vista da peça. B. Verso da coifa em crochê. C. D. De­
talhe da fixação dos tufos de plumas ao tecido. E. Detalhe de Coifa com oobre-nuca. índios Kaingáng, MN. n9 23.151. Esc.
fixação dos tufos de penas às penas longas do cobre-nuca. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do suporte tecido. C. De­
talhe de fixação das penas.

COLAR EMPLUMADO
Def. Omato plumário usado à volta do pescoço,
repousando sobre o colo.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
T. Rei. Colar-apito emplumado
Pingente dorsal emplumado
Consulte: 30 Cordões e tecidos, 50 Adornos de
materiais ecléticos, indumentária e toucador

COLAR-APITO EMPLUMADO
Def. Omato plumário usado à volta do pescoço,
repousando sobre o colo. É freqüente a ocor­
rência de colares-apitos emplumados e colares-
flautas emplumados entre diversos grupos indí­
genas.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
T. Rei. Colar emplumado
Consulte: 60 Instrumentos musicais e de sinali­
zação, 50 Adornos de materiais ecléticos, indu­ Colar emplumado de uso feminino. índios Kaapor, M.N. n9
mentária e toucador 24.612. Esc. 1:5.

117
Adornos plumários
COROA RADIAL EMPLUMADA
Def. Ornato em forma de coroa, constituído ge­
ralmente de duas abas de palha trançada com fi­
eiras de penas dispostas entre elas, no mesmo
plano, em sentido radial. Comumente, três pe­
nas longas têm destaque no centro da fieira.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Coroa vertical emplumada
Consulte: 20 Trançados, 50 Adornos de mate­
riais ecléticos indumentária e toucador

Colai-apito emplumado. índios Urubus-Kaapor, M.N. n? 24.708.


Esc. 1 :5.

COROA
Def. Ornato de penas que rodeia a cabeça cons­
tituído da associação de um suporte rijo trança­
do a arranjos plumários. Distinguem-se dois ti­
pos, segundo a forma e modo de uso: 1) coroa
radial; 2) coroa vertical. O suporte trançado,
quando independe do ormamento plúmeo, é
usado, muitas vezes, separadamente.

Coroa radial. índios Wapitxâna, M.N. n9 1.035. Esc. 1:5. A.


Vista da peça. B. Detalhe do trançado do aro. C D . Modo de uso.

COROA VERTICAL EMPLUMADA


Def. Ornato em forma de coroa, em que as pe­
Coroa vertical. índios Karajá, M.N. n9 30.726. E sc 1:5. A. Vista
da peça. B. Detalhe da emplumação das varetas: emplumação em nas ornamentais ou as varetas que as sustentam
pétala. mantêm posição ereta, rodeando todo o crânio.

118
Adornos plumários
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Coroa radial emplumada
Consulte: 20 Trançados, 50 Adornos de mate­
riais ecléticos, indumentária e toucador

DIADEM A
Def. Ornato de cabeça em que as penas de ador­
no ou varetas que as sustêm se concentram na
frente, aproximadamente de orelha a orelha. De
um modo geral, as penas ultrapassam bastante o
suporte (cordel-base ou faixa tecida), diminuin­
do gradativamente de tamanho do centro para
os lados. A discriminação dos diademas é
feita segundo a posição em que são envergados
na cabeça: horizontal, como um pára-sol, verti­
cal, transversal. E mais, segundo o local do crâ­
nio em que são situados: occipital (no occipí-
cio), verticial (no vértex), alçado (acima da ca­
beça preso num casquete que o sustém). Desig­
namos diadema rotiforme o ornato de cabeça
em que as penas de adorno acompanham a for­
ma arqueada do suporte, apresentando-se con­ Diadema horizontal índios Borôro, M.N. n9 24.963. E sc 1:5.
vergentes na base e divergentes ou irradiantes É usado em combinação com o diadema verticial rotiforme e/ou
o transversal, à modo de viseira.
na extremidade livre. Alguns diademas hori­
zontais são usados em combinação com faixas
frontais, sobre coroas trançadas, a exemplo dos
índios do alto Xingu; ou em associação com o
diadema verticial rotiforme (pariko) e o diade­
ma transversal, no caso dos índios Borôro. A
designação que lhes foi atribuída, no caso Borô­
ro, por Nicola & Horta (1986:19, 115) —viseira
—é citada aqui como sinônimo.

Diadema horizontal. índios Urubus-Kaapor, M.N. n9 24.599. Diadema occipital rotiforme. índios Karajá, M.N. n ? 36.651.
E sc 1:5. A. Vista da peça. B. C. Uso da peça. D. Detalhe do su­ Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do encastoamento das
porte tecido nas extremidades. penas longas nos roletes.

119
Adornos plumários
DIADEMA HORIZONTAL DIADEMA TRANSVERSAL
Def. Adorno plumário em forma de diadema Def. Ornato em forma de diadema usado obli­
usado horizontalmente na cabeça como um pá­ quamente na cabeça em sentido anteroposte­
ra-sol. rior. É usado pelos Borôro em combinação com
Sn. Viseira emplumada o diadema horizontal e o diadema verticial roti­
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01) forme.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
DIADEMA OCCIPITAL ROTJFORME
Def. Diadema rotiforme em que as penas são
inseridas num suporte duplo trançado em forma
de ferradura. E usado no occipício à maneira do
resplendor das figuras de santo.
Sin. Resplendor
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Diadema rotiforme alçado
Diadema verticial rotiforme
Leque do occipício
Toucado

DIADEMA ROTIFORME ALÇADO


Def. Ornato em forma de diadema rotiforme al­
çado sobre solidéu de cera ou de trançado ajus­
tado à cabeça.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Diadema occipital rotiforme
Diadema verticial rotiforme

Diadema transversal. índios Borôro, M.I. nP 582. Esc. 1:10. A.


Vista da peça. B. Modo de junção das varetas de fixação das pe­
nas longas. C Emplumação em pétala dessas varetas. D. Emplu-
mação arminhada das varetas. E. Modo de uso.

DIADEMA VERTICAL
Def. Ornamento plumário em forma de diade­
ma usado na fronte em posição vertical.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Diadema verticial rotiforme

DIADEMA VERTICIAL ROTIFORME


Def. Diadema rotiforme, usado na altura do
vértex, com as penas ornamentais irradiantes
Diadema rotiform e alçado. Índios Mentuktíre, M.N. n9 39.275. inseridas em suporte semicircular.
Esc. 1:7,5. A. Vista da peça e modo de usá-la. B. Detalhe da fixa­
ção dos roletes que sustentam as penas. C. Detalhe do encastoa- T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
mento das penas. T. Rei. Diadema vertical

120
Adornos plumários
FAIXA FRONTAL EMPLUMADA
Def. Tira ou faixa emplumada, que se usa na
fronte, amarrada no occipício, em combina­
ção, no caso dos índios Tukâno, com placa
occipital emplumada, ou diadema horizontal
sobre coroa trançada, no caso dos índios do
alto Xingu.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Testeira emplumada

Faixa frontal. índios Tukâno, M.N. n9 14.810. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Detalhe da fixação das fieiras de penas entre si.

Diadema verticaL fndios Mentuktíre, M N . n9 38.295. Esc. GRAMPO DA CABELEIRA


1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da amarração dos roletes do
Def. Arranjo plumário que encima uma haste
suporte (camada inferior). C Detalhe do encastoamento das pe­
nas. cuja ponta oposta é enfiada no coque.
Sin. Alfinete da cabeleira
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Pingente da cabeleira

Diadema verticial rotiforme. índios Bororo, M.N. n9 4.721. Esc.


1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das fieiras de penas Grampo da cabeleira. índios Bororo, MN. n9 28.913. Esc. 1:5.
entre si. A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação da haste.

121
Adornos plumários
GRAMPO DA FRONTE T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
Use: PENACHO ALÇADO NA FRONTE T. Rei. Aro emplumado
Grinalda com cobre-nuca
G R IN A LD A
Def. Enfeite plumário em forma de festão. Ro­ GRINALDA COM COBRE-NUCA
deia a cabeça sustentado sobre base flexível de Def. Enfeite plumário em forma de grinalda
tecido ou cordéis. provido de um apêndice de penas que cobrem
a nuca.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Aro emplumado
Grinalda

JARRETEIRA EMPLUMADA
Def. Enfeite plumário que cinge a perna imedia-
mente abaixo do joelho.
T. Gen. Adornos plumários dos membros (02)
T. Rei. Tornozeleira emplumada
Consulte: 30 Cordões e tecidos, 50 Adornos de
materiais ecléticos, indumentária e toucador

Grinalda. índios Guajajara, M.N. n9 33.278. Esc. 1:3. A. Vista


da peça. B. Detalhe da fixação dos tufos de plumas à base.

Jarreteira emplumada. índios Mundurukú, M.N. n9 770. Esc.


1 :5. A. Vista da peça. B. Detalhe dos molhos de plumas. G De­
talhe da emplumação embricada dos pingentes.

LABRETE EMPLUMADO
Def. Adorno plumário usado no orifício do lá­
bio inferior.
Sin. Tembetá
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
Grinalda com cobre-nuca. índios Mundurukú, M.N. n9 759. Esc.
T. Rei. Ornatos emplumados da face
1:7,5. A. Vista da peça. B. Verso da peça: tecido sarjado. C. D.
Detalhe da fixação dos tufos de plumas ao tecido. E. Detalhe Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos,
da fixação dos tufos de plumas às penas longas do cobre-nuca. indumentária e toucador

122
Adornos plumários
MANTELETE EMPLUMADO
Def. Ornato plumário sustentado à volta do pes­
coço, repousando sobre os ombros, dorso e pei­
to.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
T. Rei. Poncho emplumado
Consulte: 30 Cordões e tecidos

Labrete emplumado. índios Urubus-Kaapor, M.N. 29.532. A.


Vista da peça no anverso. B. Vista no reverso.

LEQUE DO OCCIPÍCIO
Def. Adorno de cabeça que, devido à ligadura
flexível e à superposição parcial das penas, abre-
se e fecha como um leque. Aberto assemelha-se
ao diadema rotiforme, lembrando, na forma e
estrutura, a cauda do pavão.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Diadema occipital rotiforme
Toucado

Mantelete emplumado. índios Xamakôko, M.N. n9 22.168.


Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe das fieiras de plumas e
de sua fixação ao tecido.

NARIGUEIRA EMPLUMADA
Def. Adorno de penas que atravessa o septo na­
sal.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)

Narigueira emplumada. índios Nambikuára, M. N. n ? 12.091.


Leque do occipício. índios Karajá, M.N. n ? 39.983. Esc. 1:6,5. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. C. Detalhe do trançado com espi­
A. Vista da peça. B. Detalhe dos discos que mantém o leque al­ nho de ouriço e do acabamento com plumas do rolete de taqua­
çado no occipício. C. Detalhe da peça semi-fechada. ra. D. Detalhe do encastoamento de pena longa no rolete.

123
Adornos plumários
T. Rei. Omato emplumado da face
Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos,
indumentária e toucador

ORNATO EMPLUMADO DA FACE


Def. Adereço plumário que se adere à face, à
maneira dos índios Urubus-Kaapor.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Labrete emplumado
Narigueira emplumada
Testeira
Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos,
indumentária e toucador

Penacho alçado da braçadeira. índios das Guianas (Yanomâmi?)


M.N. n9 233. Esc. 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Modo de uso da
peça. C. Detalhe do corte longitudinal das penas situadas junto
ao estilete-suporte.

PENACHO ALÇADO NA FRONTE


Def. Adereço plumário fixado em estilete preso
por um suporte na fronte.
Sin. Grampo da fronte
T. Rei. • Diadema vertical
Grampo da cabeleira
V. tb. Penacho alçado da braçadeira

Ornatos da face e testeira. índios Urubus-Kaapor M.N. n ? s


24.480, 24.478, 24.476. Testeira n9 24.470. Esc. 1:1. A. Vista
de detalhe da testeira. B.C.D. Vista dos ornatos da face. E. Modo
de uso.

PENACHO ALÇADO DA BRAÇADEIRA


Def. Omato plumário armado sobre um estilete
usado na altura do bíceps em posição vertical
preso na braçadeira. Penacho alçado na fronte. índios Kayapó, M.N. n9 38.279. Esc.
T. Gen. Adornos plumários dos membros (03) 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação entre si dos role-
V. tb. Penacho alçado na fronte tes. C. Detalhe do encastoamento das penas.

124
Adornos plumários
PINGENTE DA CABELEIRA PLACA OCCIPITAL EMPLUMADA
Def. Conjunto de tufos ou molhos de penas Def. Placa de varetas de arumã encimada por
pendentes dos cabelos reunidos na nuca (índios egretas de garça e ornada de penas e plumas de
Karajá) ou de uma longa trança (índios Waiwai). outra ave. Usada na altura da nuca, em combi­
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01) nação com a faixa frontal, e, às vezes, com um
T. Rei. Grampo da cabeleira penacho na horizontal, pelos grupos Tukâno
e Baníwa do alto rio Negro.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Faixa frontal

Pingente da cabeleira. índios Gorotíre-Kayapó, M.N. n? 38.272.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos tufos de
plumas à semente.

PINGENTE DORSAL EMPLUMADO v


Def. Adereço plumário pendente sobre o dorso,
preso a um cordel ou outro suporte que enleia
o pescoço.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
T. Rei. Colar emplumado

Placa occipital emplumada. índios Tukâno, M.N. n9 24.364. Esc.


1 :5. A. Vista da peça no anverso. B. Vista do Reverso.

PONCHO EMPLUMADO
Def. Vestimenta quadrangular, que descansa
sobre os ombros, com uma abertura no meio
por onde passa a cabeça, revestida de fieiras
de plumas.
T. Gen. Adornos plumários para o tronco (02)
T. Rei. Mantelete
Consulte: 30 Cordões e tecidos

PULSEIRA EMPLUMADA
Def. Adereço plumário que cinge o pulso.
T. Gen. Adornos plumários dos membros (03)
T. Rei. Braçadeira emplumada
Pingente dorsal emplumado. índios Mentuktíre, M. N. n9 40.048. Consulte: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos,
Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da emplumação em roseta. 50 Adornos de materiais ecléticos, indumentá­
C. Detalhe da fixação de plumas à pena longa. ria e toucador

125
Adornos plumários
Poncho emplumado. índios Guajajara, MN. n ? 2.956. Esc. 1 :20.
A. Vista da peça. B. Detalhe das fieiras de plumas e sua fixação Saiote emplumado. índios Kayabí, M.N. n9 17.509. Esc. 1 :10.
ao tecido. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das 85 penas de mutum
com 32 cm de comprimento.

TESTEIRA EMPLUMADA
Def. Fita de pano ou líber à qual são coladas
peles com as respectivas plumas da cabeça de
saís. Na face interna, a tira é revestida de uma
leve camada de látex que, quando aquecida,
derrete, aderindo à pele. Encontrada apenas en­
tre os índios Urubus-Kaapor.
T. Rei. Faixa frontal emplumada
Ornato emplumado da face

Pulseira emplumada. índios Kaapor, M.N. n9 24.633. Esc. 1:2,5.

RESPLENDOR
Use: DIADEMA OCCIPITAL ROTIFORME

SAIOTE EMPLUMADO
Def. Ornato plumário que cinge a cintura co­ Testeira emplumada. índios Kaapor, M.I. n9 7080. Esc. 1 :2,5.
brindo a região perineal, a exemplo dos saiotes
emplumados usados pelos índios Kayabí.
T. Gen. Adornos plumários do tronco (02)
TIARA EMPLUMADA
SOBRECINTO Def. Adorno plumário centrado no vértice da
Use: CINTA EMPLUMADA cabeça sustentado sobre uma faixa trançada em
forma de calha. Comum entre os grupos da fa­
TEMBETÁ mília lingüística Kayapó.
Use: LABRETE EMPLUMADO T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)

126
Adornos plumários
TOUCADO
Def. Adorno plumário usado no occipício, com
as penas em posição radial, emoldurando a ca­
beça e prolongando-se pelo dorso até a cintura.
Emprega-se o termo para designar o chapéu das
freiras.
T. Gen. Adornos plumários da cabeça (01)
T. Rei. Diadema occipital rotiforme
Leque do occipício

S C O

Tiara. índios Mentuktíre, M.N. 38.265. Esc. 1 :5. A. Vista da pe­


ça. B. Detalhe do ornato central. C. Detalhe das fieiras consti­
tuintes. D. Detalhe do suporte trançado.

TORNOZELEIRA EMPLUMADA
Def. Ornato plumário que cinge o tornozelo.
T. Gen. Adornos plumários dos membros (02)
T. Rei. Jarreteira emplumada
Consulte: 30 Cordões e tecidos, 50 Adornos de
materiais ecléticos, indumentária e toucador

Toucado. índios Mentuktíre-Kayapó, M.N. n9 38.248. Esc.


1:6,5. A. Vista da peça. B. Detalhe de fixação dos canhões das
penas sobre o cordel-base. D. Detalhe da fixação das penas da
orla.

VISEIRA EMPLUMADA
Use: DIADEMA HORIZONTAL

Tornozeleira emplumada. índios Mundurukú, M.N. n9 732. Esc.


1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do molho de plumas. C. Deta­
lhe do corte das plumas.

127
Adornos plumários
40 ADORNOS PLUMÁRIOS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (40.00)

Não obstante fazerem parte de uma categoria Cabe notar que dessa relação não constam todas
mais abrangente, se se considera seu uso e função, decidi­ as aves de que se servem as tribos plumistas para a feitura
mos elaborar uma nomenclatura específica para os ador­ de seus adornos. Os Borôro, por exemplo, utilizam inte­
nos plumarios, distinguindo-os dos outros adornos de uso gral ou parcialmente cerca de 50 espécies que consti­
pessoal. Tal como no caso dos trançados e tecidos —aos tuem, por suas características, insígnias dos oito clãs em
quais a plumária se vincula estreitamente — leva-se em que se divide a tribo (Horta 1986:228). Os Urubus-Kaa-
conta, como critério classificador básico, a matéria-prima por empregam penas, plumas e penugem de 30 aves (D.
plúmea, que determina procedimentos técnicos singula­ Ribeiro 8t B. G. Ribeiro 1957:26). Tampouco está com­
res. preendida aqui a riquíssima gama cromática que corres­
Na determinação dos tipos de adornos plumá- ponde ao material plúmeo empregado.
rios, assim como na de outros atavios, a parte do corpo a Na discriminação dos Processos de manufatura
que se aplicam definem em certa medida, a forma e, em (40.03) partiu-se do mais geral ao particular, levando-se
conseqüência, a nomenclatura do objeto. Dessa categoria em conta a morfologia e tamanho das penas e a natureza
são excluídos os artefatos que, não obstante a decoração do suporte a que são aplicadas. A classificação mais gené­
com plumas e penas, esse elerriento constitui o subsidiá­ rica dessas técnicas — de amarração, colagem e monta­
rio e não a característica precípua. É o caso de certos gem — é detalhada em seus desdobramentos mais comu-
adornos corporais tecidos, trançados ou feitos com ou­ mente encontrados na consulta às coleções e à bibliogra­
tros materiais e técnicas; ou de alguns instrumentos mu­ fia pertinente.
sicais, armas, etc. Para evitar confusões com vocábulos A presente classificação e terminologia corres­
contidos nas categorias 20 Trançados, 30 Cordões e teci­ pondente baseia-se na que B. G. Ribeiro publicou em
dos, 50 Adornos de materiais ecléticos, indumentária 1957, reeditada em 1986, onde se encontram as referên­
e toucador, os que aqui se incluem são acrescidos do cias bibliográficas respectivas. Para a sua elaboração,
adjetivo “emplumado” , por representar essa caracte­ além da consulta a estudos monográficos, procedeu ao
rística a qualidade definidora de maior significação. São estudo das coleções de 74 tribos plumistas dos acervos
isentos desse qualificativo os termos que não compare­ do Museu Nacional e Museu do índio, representando as
cem nas outras categorias. principais áreas culturais e as maiores famílias lingüís-
A exemplo das categorias precedentes, incluí­ ticas. Os conjuntos plumários dos Urubus-Kaapor, Mun-
mos no item “Definições genéricas” (40.01) as designa­ durukú, Karajá, Borôro, grupos do alto Xingu, Apiaká,
ções referentes ao tratamento da matéria-prima para tor­ Mawé, Tapirapé, Tukâno, Guajajara e Tembé foram
ná-la suscetível de utilização no trabalho de penas. Em objeto de análise mais detida. Esse estudo intitulado
função disso, explicitamos no verbete “Técnicas de “Bases para uma classificação dos adornos plumários dos
transformação” , os diversos tipos de corte e desbaste índios do Brasil” serviu de apoio à monografia Arfe plu­
das penas. O descritor “Técnicas de armazenagem “defi­ mária dos índios Kaapor (D. Ribeiro e B. G. Ribeiro
ne os principais tipos de acondicionamento de penas, 1957). A eles seguiram-se trabalhos que utilizaram,, par­
plumas e artefatos acabados, excetuados os trançados, cialmente, a nomenclatura citada, a saber: Velthem 1975;
incluídos na respectiva categoria. Definimos, também Fénelon Costa e Dias Monteiro (1968-9); Schoepf 1971,
nesse tópico, o artefato plumário de cabeça em seu sen­ 1985; Dorta 1981; 1986; Dorta et alii 1980; Ni cola 8t
tido genérico, ou seja, o cocar; e também os vocábulos Dorta 1986; Teixeira 1983. Todos esses autores contri­
pena, pluma e penugem; e, finalmente, os termos arte buíram para aperfeiçoar a sistemática do presente glossá­
plumária e adornos plumários. rio. Em função disso foi possível discriminar praticamen­
No tópico das Matérias-primas (40.02) relacio­ te todos os tipos de adornos plumários utilizados pelos
namos os nomes vulgares e científicos das aves de que se índios do Brasil. Os termos citados como sinônimos (use
servem os plumistas indígenas para seus lavores, explici­ para) foram compilados em Nicola 8t Dorta (1986).
tando a parte do corpo da ave de que são retiradas as
penas e plumas bem como o respectivo colorido. Essa
lista foi revista pelo ornitólogo ítedro Ernesto Correia
Ventura, do Museu Nacional. A identificação das aves
foi feita por Helmuth Sick e Fernando Novais à vista das
coleções do Museu Nacional, quando da elaboração do D E FIN IÇ Õ E S G ENÉRICAS (4 0 .0 1 )
trabalho publicado em 1957 (B. G. Ribeiro 1957). As
designações das cores foi determinada na mesma oca­ ADORNOS PLUMÁRIOS
sião, sendo traduzidas do inglês do catálogo de Ridgway Def. Ornamentos de uso pessoal, executados
(1912). As matérias-primas dos cordames, talas e palhas primordialmente com matéria-prima plúmea
utilizadas nas obras de penas não foram incluídas neste segundo técnicas adequadas a esse material. O
tópico, devendo ser consultadas no glossário complemen­ conjunto desses paramentos define a persona­
tar de Trançados (20.02) e Cordões e tecidos (30.02). lidade étnica de um grupo indígena.
Explicitam-se aqui algumas substâncias adesivas. T. Rei. Arte plumária

128
Adornos plumários
ARTE PLUMÁRIA PENAS
Def. Componentes estéticos, estilísticos e técni­ Def. Designamos com o vocábulo “penas” as
cos de uma atividade artesanal cujo material mais longas e as de tamanho médio. Penas de
definidor básico é a plumagem dos pássaros. contorno são as que cobrem o corpo da ave, ex­
T. Rei. Adornos plumários ceto as asas e a cauda. Denominadas tectrizes
ou coberteiras, pelos omitólogos, elas se divi­
COCAR dem em inferiores e superiores. Retrizes são as
Def. Designação genérica para qualquer adorno penas caudais, que orientam o vôo das aves.
de cabeça feito de penas com suporte trançado Rêmiges são as das asas, distinguindo-se as pri­
ou tecido. Equivale aos termos cesto, no caso márias, secundárias e terciárias. Canhão ou
dos trançados, e vasilha, no da cerâmica. cálamo é a base da pena, ou seja, o tubo córneo
que sobressai à parte provida de barbas ou ve-
CORDEL-AMARRILHO xilos. O raque é o eixo da pena, que correspon­
Def. Fio de algodão ou o u tra,fibra utilizado de à sua espinha dorsal.
para juntar o canhão da pena à parte dobrada T. Rei. Penugem
da mesma depois que trespassa o cordel-base. Pluma
(Verfigs. 15,19 a 21).

CORDEL-BASE PENUGEM
Def. Fio de algodão ou outra fibra que serve de Def. Frouxel leve e esfiapado desprovido de ra­
sustentáculo à montagem das penas (ou plumas) que, ou seja, penas moles que protegem o corpo
em fieira. Trespassa-se o canhão da pena em for­ dos filhotes e comparecem na parte inferior de
ma de alça, sobre esse suporte, amarrando-se as aves adultas, principalmente as aquáticas, como
duas partes com um outro cordel (cordel-amar- os patos. Na plumária indígena a penugem é
rilho). As extremidades do cordel-base são dei­ aplicada na orla ou base de fieiras de penas e na
xadas livres e com o comprimento necessário ao ponta de penas longas, assim como no corpo e
fim a que se destina a fieira. (Ver figs. 15,19 a em alguns artefatos.
21).
PLUMAS
CORDEL DE MONTAGEM Def. Define-se com esse termo a plumagem com
Def. Designação atribuída ao cordel que produz cálamo curto e sem mecanismo de ligamento
entre as barbas, que caracteriza as penas de con­
a conexão de fieiras entre si sem ajuda de um
torno. Falamos, assim, de plumas da crista, pes­
forro. (Ver figs. 29, 30).
coço, dorso, peito e das uropígeas. Estas últi­
mas localizam-se num triângulo que cobre as
CORTE DAS PENAS
últimas vértebras das aves, no qual se implan­
Def. Técnica de transformação. As formas mais
tam as penas da cauda.
correntes são: 1) aparo das pontas das penas pa­
T. Rei. Penas
ra formar um semicírculo, mais alto no centro
Penugem ’
e decrescente para os lados; 2) aparo de plumas
na ponta e nos lados, de forma serrilhada; 3) SUBSTÂNCIAS ADESIVAS
talho de formas atípicas, presente na plumá- Def. Gomas elásticas são utilizadas nas técnicas
ria Wayâna-Aparai (Apud Schoepf 1985:14). de colagem. A bibliografia registra o uso de lá­
(Ver figs. 34 a 37). tex de maçaranduba (Mimosups excelsa) na
feitura dos mosaicos e placas dos índios Uru-
FIEIRAS DE PENAS bus-Kaapor. Na emplumação das varandas das
Def. Uma série de plumas, penas médias ou pe­ redes de dormir, os grupos do Alto rio Negro
nas longas são montadas, horizontalmente, ao empregam a sorva (Couma utilis). O látex é in­
longo de: 1) cordel que lhes serve de suporte color, de consistência gordurosa e grande dura­
(cordel-base), trespassando-se o canhão da pena bilidade.
em forma de alça sobre este sustentáculo e
amarrando-se as duas partes com outro cordel TÉCNICA§ BÁSICAS DE EMPLUMAÇÃO
(cordel-amarrilho); 2) utilizando-se üm mesmo Def. Dístinguem-se duas técnicas básicas de em­
cordel que serve ao mesmo tempo de base e de plumação: 1) técnicas de amarração; 2) técnicas
amarrilho às penas; 3) trespassando-se os ca­ de colagem. Na técnica de amarração leva-se em
nhões das penas sobre um cordel intermediário. conta a natureza do material que serve de base
A atadura pode dar-se por meio de uma ou duas às penas, bem como o tamanho destas. Assim,
laçadas e a) um nó insolúvel (nó simples); b)t distingue-se a fixação de plumas, penas médias
por meio de duas laçadas e um nó solúvel (falso e penas longas a cordéis, talas, roletes, estofos,
no). (Ver figs. 15, 19 a 21). sementes,, etc. Nas técnicas de colagem, discri­
mina-se apenas a natureza do material plúmeo,
FIO-GUIA com abstração do suporte. A técnica de monta­
Def. Para manter as penas eqüidistantes e no gem refere-se à associação das várias partes que
mesmo plano, na fieira, faz-se correr um cordel compõem o adorno.
(fio-guia) à meia altura, de canhão em canhão,
entre as barbas ou através dos raques, dando ou TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM
não um nó de cada vez. (Ver figs. 15,17). Def. Para a conservação de penas e dos artefatos
T. Rei. Fieiras de penas plumários registram-se os seguintes procedimen-

129
Adornos plumários
tos. 1) As penas longas são acondicionadas em ANAMBÉ-AÇU —Haematoderus militaris (Shaw)
canudos de taquaruçu (Guadua superba, Hub.), Ordem Passeriformes, família dos Cotingídeos.
que os índios abrem nas extremidades, tiram o Plumas carmins do abdomen são empregadas
miolo e fecham com as penas, hermeticamente, nos pingentes dos diademas horizontais pelos
amarrando o tampo com um cordão e colocan­ índios Urubus-Kaapor e dos aros emplumados
do algodão cru nas frestas. 2) As plumas são pelos índios Tiriyó.
conservadas presas a pedaços de pele do pássa­
ro, de modo que possam ser retiradas aos tufos ANAMBÉ AZUL —Cotinga cayam (L.)
sempre que necessário. 3) Os artefatos já pre­ Ordem Passeriformes, família dos Cotingídeos.
parados e as penas mais preciosas são guarda­ Os Kaapor empregam a pele abdominal com
dos em caixas de madeira lavrada ou em patuás plumas azul-de-bremen (ou azul turquesa) nos
trançados, defendendo-os assim da umidade e pingentes dos diademas horizontais e as plumas
de insetos. (Ver figs. 38 a 40). cotinga-púrpura do papo do anambé macho,
Consulte: 20 Trançados bem como tufos das mesmas plumas na feitura
dos mosaicos dos labretes, brincos, medalhões
TÉCNICAS DE TRANSFORMAÇÃO dos colares femininos e tiras laterais dos cola-
Def. Compreendemos por esta expressão os pro­ res-apito masculinos. Os Wãiãpf bem como os
cedimentos que antecedem o trabalho do plu- Wayâna, além de outras tribos, também empre­
mista. Nesta ordem de considerações, distin- gam as plumas desse pássaro.
gue-se: 1) corte das penas com propósitos orna­
mentais; 2) desbaste do frouxel do canhão da ANAMBÉ ROXO - Cotinga cotinga (L.)
pena; 3) deplumação das barbas até um terço Ordem Passeriformes, família dos Cotingídeos.
do comprimento do raque, para facilitar sua in­ Plumas dorsais azul-comélia (ou azul-púrpura)
trodução nas laçadas, aparando-se a ponta so- e vináceo-púrpura do pescoço e ab domem su­
brante no lado avesso; 4) dissecação, secagem perior têm emprego semelhante às do anambé
e preparo das peles emplumadas; 5) modifica­ azul entre os índios Urubus-Kaapor e Wayâna.
ção do colorido original das penas, ou seja, a
prática da tapiragem e de outros métodos. (Ver ANUM BRANCO — Guira guira Gmel.
figs. 34 a 37). Ordem Cuculiformes, família dos Cuculídeos.
T. Rei. Corte de penas Registrado o uso das retrizes bicolores marrom/
Tapiragem bege nos diademas verticiais rotiformes dos ín­
dios Borôro (Horta 1981:32).
TAPIRAGEM
Def. Descoloração artificial da plumagem em ANUM PRETO - Crotophaga a n i' L.
aves vivas. É obtida arrancando-se as penas de Ordem Cuculiformes, família dos Cuculídeos.
psitacídeos (araras e papagaios). Ao refazer-se Os Borôro empregam as retrizes negro-chumbo
a plumagem adquire uma “ coloração amarela na confecção dos diademas verticiais rotiformes,
marmorada de vermelho”. Essa prática é muito conhecidos como pariko em sua língua (Horta
expandida entre grupos indígenas brasileiros, 1981:30).
sendo conhecida como tapiragem, termo
criollo das Guianas (Teixeira 1984:43). Segun­ ARAÇARIPOCA - Selenidera rmculirostris (Iicht.)
do esse ornitólogo, isso se deve provavelmente Ordem Piciformes, família Ramfastídeos. Utili-
a traumatismos a que são submetidas as aves, ao za-se a pele com a respectiva plumagem dessa
lhes serem arrancadas as penas, e não à adminis­ ave na feitura dos brincos dos índios Borôro.
tração de ungüentos ou poções por via oral,
conforme se acreditava anteriormente.
ARARA AZUL —Anodorhynchus hyacinthinus (Lath.)
MATÉRIAS-PRIMAS (40.02) Ordem Psittaciformes, família dos Psitacídeos.
Coloração inteiramente azul intenso. Emprego
ACAUÃ - Herpetotheres cachinnans (L.) das penas caudais registrado entre os Borôro,
Ordem Falconiformes, família dos Falconídeos. principalmente na confecção do diadema verti-
Os índios Urubus-Kaapor utilizam as penas par­ cial rotiforme, além de outros adornos. Comum
na plumária de inúmeras tribos.
das com faixas transversais claras da cauda na
Sin.: araruna, arara-preta.
feitura do labrete. Presentes também nos dia­
demas verticais dos índios Bakairí e os do alto
Xingu.
ARARACANGA - Ara tnacao (L.)
ANA CÃ - Deroptyus accipitrinus (L.) Ordem ftittaciformes, família dos Psitacídeos.
Ordem Psittaciformes, família dos Psitacídeos. Predomina a cor vermelha. A quase totalidade
Papagaio com uma gola de penas longas ao re­ das tribos utiliza, em suas obras, as plumas ver­
dor do pescoço. O dorso e as asas são verdes, melho-escarlates do peito, as penas amarelo-
o ventre azul com manchas verdes e vermelhas, alaranjadas da cobertura das asas, as tectrizes
primárias pretas e o restante das remiges verde e inferiores vermelho-coral, as caudais vermelho-
preto, plumas das faces pardas com raque claro. escarlate e as plumas azul-italiano da região
Registrado o uso entre diversos grupos plumis- uropígea dessa espécie.
tas. Sin. arara vermelha

130
Adornos plumários
ARARA CANINDÉ - Ara araraum (L ) CUJUBIM - Pipile cujubi (Pelzelm)
Ordem Psittaciformes, família dos Ritacídeos. Ordem Galüformes, família dos Cracídeos.
Retrizes azuis com amarelo na face inferior são Schoepf (1971:20) registra o uso de penas rê­
empregadas pelos Bororo no diadema verticial miges negras com brilho azul dessa ave nos ca­
rotiforme; pelos índios do alto Xingu no dia­ pacetes-máscaras dos índios Wayâna (Coleção
dema vertical; pelos Wayâna-Aparái no capace­ Museu de Genebra).
te-máscara e por várias outras tribos em seus
múltiplos adornos. CURIANGO-TESOURA - Hydropsalis brasiliana
(Gmelin)
ARARA VERDE —Ara chloroptera Gray Ordem Caprimulgiforme, família dos Caprimul-
Ordem Psittaciformes, família dos Psitacídeos. gídeos. Penas cinzentas são empregadas nas coi­
Caracterizada por ter penas verdes nas cober- fas dos índios Karajá.
teiras superiores médias das asas. As penas axi­ Sin. Bacurau-tesoura
lares, ventre, cabeça e manto, são vermelho-
brasil, as rêmiges primárias e secundárias, azuis, EMA —Rhea americana (L.)
e as terciárias, esverdeadas. As plumas dorsais e Ordem Reiforme, família dos Reídeos. Regis­
do pescoço são também vermelho-brasil, as re­ trado o emprego de penas dessa ave de colorido
trizes, parte vermelho, parte azul, sendo as da predominantemente bruno-cinzento nas coifas
região- uropígea azul-italiano iridiscentes. Estas dos Karajá.
últimas são registradas no adorno das saias Kaa-
por e todas elas empregadas por inúmeras tribos GALO DOMÉSTICO
plumistas. Ordem Galüformes, famflia Fasianídeos. Re­
gistrado o uso das penas caudais brancas dessa
ARARIMBA GRANDE —Ceryle torquata (L.) ave no capacete-máscara dos índios Wayâna
Ordem Coraciiformes, família dos Alcedíní- (apud Schoepf 1971:20).
deos. Registradas cinco espécies no Brasil. As
penas caudais negras com manchas brancas são GARÇA-BRANCA-GRANDE - Egretta alba (L.)
encontradas nos colares-apito masculinos dos Ordem Ciconiiformes, família dos Ardeídeos.
Kaapor. Registrado também seu uso na plumá- Emprega-se principalmente as egretas brancas, a
ria Wayâna. exemplo de um adorno dos índios Tukâno: pla­
ca occipital emplumada. Penas brancas dessa e
BACACU PRETO - Xipholena lamelipennis (Lafresnaye) de outras partes do corpo dessa ave — que às
Ordem Passeriformes, família dos Cotingídeos. vezes são confundidas com as da garça-branca-
O macho tem plumagem de coloração escura pequena, de menor tamanho — são também
com brilho purpúreo, rêmiges e caudais brancas. registradas no capacete-máscara e no aro emplu­
Registrado o uso das plumas dorsais e peitorais mado dos índios Wayâna-Aparái; na coroa ra­
pelos Kaapor nos pingentes dos diademas hori­ dial dos Kaxináwa; nos diademas Kayapó;nas
zontais, modificadas, por ação do calor de uma - coifas Kayabí e nas fieiras de penas dessa e de
chama do colorido original para o vermelho- outras tribos.
granadino. (Comunicação pessoal de Helmuth
Sick). GARÇA-BRANCA-PEQUENA - Egretta thula (Molina)
S n. Anambé preto Ordem Qconiiformes, famflia dos Ardeídeos.
Registrado o uso de plumas brancas (de contor­
no?) em pulseiras dos índios Mundurukú. E,
BIGUA —Phalacrocorax olivaceus (Humb.) ainda, nas peças acima citadas. Cabe assinalar
Ordem Pelecaniformes, família dos Falacroco- ser difícil a distinção entre as penas das duas es­
racídeos. Coloração geral preta, dorso superior pécies de garças-brancas nos artefatos acabados.
e coberteiras cinzento-escuros, penas margina­
das de preto. Registrado o uso na plumária Bo­ GATURAMO —Euphonia spp.
roro. Ordem Passeriformes, famflia dos Traupídeos.
São conhecidas inúmeras espécies, classificadas
BIGUATINGA —Anhinga anhinga (L.) nesse gênero e no antigo Tanagra. Os Urubus-
Ordem Pelecaniformes, família dos Falacrocora- Kaapor empregam as plumas dorsais azul-ultra­
cídeos. Ave de plumagem preto-esverdeado bri­ marino nos pingentes dos diademas horizontais.
lhante, coberteiras da asa branco-prãteado no
macho; cabeça, peito e pescoço nas fêmeas são GAVIAO-CARIJÓ —Buteo magnirostris (GmeÜn)
branco-sujo. Registrado o uso de suas penas na Ordem Falconiformes, famflia dos Acipitrídeos.
plumária dos índios do alto Xingu. Retrizes bege desse gavião, também conhecido
Sin. anhinga como “pega-pinto” e idaié são usadas no diade­
ma verticial rotiforme dos Bororo (Horta
COLHEIREERO —Ajaia ajaja (L.) 1981:30) e nas coifas Karajá.
Ordem Ciconiiformes, família dos Tresquiorni-
tídeos. Coloração geral rósea com carmim nas GAVIÃO-DE-PENACHO —Spizaetus ornatus (Daudin)
pequenas coberteiras das asas e nas coberteiras Ordem Falconiformes, famflia dos Acipitrídeos.
superiores da cauda. Toda a plumagem dessa Os índios Bororo empregam a penugem abdo­
ave é utilizada em diversos adornos dos índios minal bem como as retrizes bicolores marrom/
Karajá e, parcialmente, na dos índios Tapirapé. branco e as marrons em diversos adornos plu-

131
Adornos plumários
mários, dentre os quais o diadema verticial roti- GUARAJUBA - Aratinga guarouba (Gmelin).
forme (Horta 1981:31, 32). Os índios do alto Ordem Psittaciformes, família dos Psitacídeos.
Xingu empregam as penas caudais dessa ave pa­ Utilizam-se as plumas do pescoço amarelo-limão
ra matizar as amarelas da cauda do japu no dia­ dessa ave na confecção das pulseiras, braçadei­
dema vertical. ras e tornozeleiras dos índios Urubus-Kaapor.
Sin. uiraçu. Apresenta as rêmiges verdes.

GAVIÃO-DE-PENACHO —Morphnus guianensis INHAMBU-GAUNHA - Tinamus guttatus Pelzeln


(Daudin) Ordem Tinamiformes, família dos Tinamídeos.
Os Kayapó-Xikrin usam as rêmiges negras estria­ Penas costais inferiores pardo-avermelhadas ra­
das de branco dessa ave no resplendor (Schoepf jadas de preto, ventre marrom claro. Registra-
1971:22); o mesmo autor registra o uso das se seu uso na plumária dos índios Kayabí.
mesmas penas em adornos plumãrios Wayâna.
Assinala-se também seu emprego em fieiras de INHAMBU - Tinamus major (Gmelin)
penas dos Kayabí usadas como diademas, saio­ Ordem Tinamiformes, família dos Tinamídeos.
tes e manteletes. Coloração da plumagem ventral cinza com listas
onduladas de marrom na parte superior; o res­
GAVIÃO-PEGA-MACACO - Spitzaetus tyrannus (Wied) tante é branco. Registrado seu uso na plumária
Ordem Falconiformes, família dos Acipitrídeos. Kayabí.
Utiliza-se a pena preta listrada de rinza no
diadema vertical dos alto-xinguanos, nos touca­ JABIRU-DO-SUL- Mycteria americana L.
dos e diademas dos Kayapó, nos colares dos Su- Ordem Ciconiiformes, família dos Qconídeos.
ruí e Cintas-Largas, nas fieiras de penas dos Plumagem branca registrada por Schoepf (1971 :
Kayabí e nos grampos de cabeleira dos Borôro. 20,44) no toucado (krokonti na língua kayapó)
ornamentando as pontas das penas longas de
GAVIÃO-REAL - Harpia harpyja (L ) arara desse adorno plumário característico dos
Ordem Falconiforme, família dos Acipitrídeos. índios Kayapó.
Utiliza-se a penugem abdominal branca na plu- Sin. tuiuiu (na Amazônia)
mária de diversas tribos; as penas negras estria­
das de cinza da cauda são registradas no diade­ JABURU - Jabiru mycteria (Iicht.)
ma transversal dos Borôro e dos Umotína. As Ordem Ciconiiformes, família dos Qconídeos.
mesmas penas são vistas no diadema vertical dos Ave de grande porte de coloração geral branca.
índios do alto Xingu, bem como no penacho al­ As penas das asas são usadas pelos índios Karajá
çado na nuca que o acompanha. Comparecem, nos leques do occipício; pelos Borôro e Umotí­
ainda, na coroa radial Kaxináwa. As penas ven- na nos diademas transversais.
trais brancas e as rêmiges listradas de branco-ne­ Sin. tuiuiu.
gro são registradas na plumária Kayapó e Wayâ­
na- Aparái. JACAMIM-DAS-COSTAS-CINZAS - Psophia crepitans
Sin. harpia L
Ordem Gruiformes, família dos Psofídeos.
GRALHA-DO-CAMPO - Cyanocorax cristatellus (Tem.) Schoepf (1971:22, 54) registra o emprego de
Ordem Passeriformes, família dos Corvídeos. plumas negras muito curtas do pesçoco dessa
Penas de coloração azul-ultramarino, cabeça ave nos adornos plumários Wayâna. Seu uso é
e parte anterior do pescoço pardo-escuro, peito, também registrado nas braçadeiras dos extintos
abdomem e ponta da cauda brancos. Registrado Borôro orientais (Nicola 8t Dorta 1986:118) e
o uso na plumária Borôro: diadema verti ciai ro- nas jarreteiras Mundurukú.
tiforme.
JACU-PEBA - Penelope superciliaris Temm.
GRAÚNA —Gnorimopsar chopi (Vieillot) Ordem Galliformes, família dos Cracídeos. Pe­
Ordem Passeriformes, família dos Icterídeos. nas negras com brilho metálico azulado da cau­
De coloração geral negra com brilho azulado. da são utilizadas nas fieiras de penas para diver­
Assinalado seu uso nos pingentes dos pentes dos sos usos pelos índios Kayabí.
índios Urubus-Kaapor com o emprego das plu­ Sin. jacu-açu, jacu-pemba, cujubim
mas do peito.
JACUBIM —Pipile cumanensis (Jacquin)
Ordem Galliformes, família dos Cracídeos. Re­
gistrado o uso das plumas de brilho verde-
GUARÁ - Eudocimus ruber (L.) azulado na plumária Kayabí (Costa 8< Monteiro
Ordem Ciconiiformes, família dos Tresquiorni- 1968-9:141).
tídeos. Ave conhecida na bibliografia sob os no­ Sin. jacutinga
mes científicos de íbis rubra (L.) e Guara rubra
(L ). Pênas de coloração carmim e pontas das JAPU —Gymnotinopsyuracares (Lafresnaye &
rêmiges exteriores da mão pretas. As penas de d’Orbigny)
guará eram profusamente usadas pelos grupos Ordem Passeriformes, família dos Icterídeos,
Tupinambá que habitavam a costa na época da gêneros Gymnostinops Scl. e Psarocolius Wagler
descoberta na confecção de mantos, coifas, gar­ Penas amarelo-ouro da cauda utilizadas pelos
gantilhas e outros adornos plumários. índios Urubus-Kaapor, alto Xingu, Kayabí,

132
Adornos plumários
Bororo e várias outras tribos em diversos ador­ PAPAGAIO VERDADEIRO - Amazona aestiva (L.)
nos. Nos artefatos acabados as penas dessa ave Ordem ftittaciformes, família dos Psitacídeos.
são confundidas com as do João-congo que se Penas caudais verde-maça, cambiando para o
diferencia dela apenas pelo tamanho. verde-floresta e penas rêmiges verde-laranja-
azul, es pel ho vermelho e plumas amarelas no
JOÃO-CONGO - Psarocolius decurmnus (Palias) pescoço. Empregadas nos capacetes-máscaras
Ordem Passeriformes, família dos Icterídeos. dos Wayâna, na plumária Bororo, na dos índios
As penas amarelo-ouro da cauda são emprega­ do alto Xingu, do rio Branco e de diversas ou­
das por inúmeras tribos, entre as quais, Urubus- tras tribos.
Kaapor, Bororo, alto Xingu e Kayabí.
PATO-DO-MATO - Cairina moschata (L.)
LECRE —Onychorhynchus coronatus (Müller) Ordem Anseriformes, família dos Anatídeos.
Ordem Passeriformes, família dos Tiranídeos. Cabeça e parte inferior do corpo de plumagem
Plumas de coloração marrom, rêmiges marrom pardo-escura; parte superior preta com reflexos
claras, dorso marrom escuro e topete em leque metálicos esverdeados e purpurinos; coberteiras
vermelho rajado de verde-azulado brilhante com das asas, brancas. Registrado o uso da penugem
ponta negra e cauda canela claro. Os Urubus- branca dos filhotes para arminhar as pontas das
Kaapor utilizam o topete ou crista para acaba­ penas longas de arara, dos diademas verticiais
mento das testeiras emplumadas. rotiformes dos Bororo, bem como das penas
Sin. papa-mosca-real longas de diversas aves, no leque do occipício
dos Karajá.
MAGUARI - Euxenura maguari (Gmelin) Sin. pato selvagem
Ordem Ciconiiformes, família dos Ciconídeos.
Penas rêmiges pretas empregadas no arranjo plu- PATURI - Oxyura dominica (L )
mário do capacete dos índios Palikúr e numa Ordem Anseriformes, família dos Anatídeos.
coifa dos índios Jurúna (apud Ni cola & Dorta Registrado o uso das retrizes marrom e pretas
1986:117,118). no diadema verticial rotiforme (pariko na
Sin. jabiru-moleque língua bororo) dessa tribo. (Horta 1981:31).

MUTUM-CAVALO - M itu mitu (L.) PAVÃOZINHO-DO-PARÁ — Eurypyga helias (Palias)


Ordem Galliformes, família dos Cracídeos. Di­ Ordem Gruiformes, família dos Euripigídeos.
fere dos mutuns do gênero Crax por não pos­ Coloração da plumagem muito complexa, des­
suir as penas da crista encrespadas. O colorido tacando-se a mancha ocelar ferrugínea, seme­
geral é preto com ponta da cauda branca. Os lhante a de certas borboletas, das rêmiges infe­
machos e fêmeas apresentam o ventre cor de riores. Os Urubus-Kaapor empregam essas penas
canela. As penas e plumas são empregadas por em seus adornos plumários. Os Bororo e Kayabí
quase todas as tribos plumistas, a exemplo da utilizam também as penas listradas preto-branco
narigueira Nambikuára. Os Mundurukú manti­ da cauda. Registrado igualmente o uso das refe­
nham mutuns em cativeiro nas aldeias para a ridas penas nos ornatos dos índios Tembé.
utilização das penas.
PERDIZ - Rhynchotus rufescens (Temm.)
MUTUM-PINIMA — Crax fasciolata Spix Ordem Tinamiformes, família dos Tinamídeos.
Ordem Galliformes, família dos cracídeos, qua­ O colorido vermelho das plumas do dorso é lis­
tro espécies registradas no Brasil. Machos e fê­ trado de preto e amarelo claro; garganta branca,
meas têm plumas negras curvas na crista sendo pescoço e peito cor de canela, ventre marrom
as das fêmeas listradas transversalmente de claro, flancos barrados como no dorso. Regis­
branco, tal como as demais penas e plumas do trado o uso na plumária dos índios do alto Xin­
corpo. As penas da cauda dos machos são ne­ gu (Costa 8í Monteiro 1968-9:141).
gras com reflexos metálicos verdes e ponta
branca. A plumagem dessa ave é de uso gene­ PERIQUITO —Brotogeris chrysopterus (L.) e/ou Pionites
ralizado entre índios do Brasil. A penugem leucogastei (Kuhl)
abdominal marrom acanelada das fêmeas é uti­ Ordem Psittaciformes, família dos ftitacídeos.
lizada nas braçadeiras e cintos dos índios Mun­ Coloração geral verde. O emprego das penas ver-
durukú. de-azuladas e das coberteiras alaranjadas (estas
últimas somente em B. chrysopterus) é assina­
lado' nos pingentes dorsais dos colares femini­
PAPAGAIO-CORNETEIRO - Amazona amazônica (L,) nos dos índios Urubus-Kaapor. Registrado tam­
Ordem Psittaciformes, família dos Psitacídeos, bém o seu uso na plumária Kayabí.
com onze espécies brasileiras. Coloração geral
verde, penas caudais de coloração verde escura POMBA-PARARI —Zenaida auriculata (Des Murs)
e ponta verde clara com mancha laranja; rêmi­ Ordem Columbiformes, família dos Columbí-
ges azul escura e espelho encarnado; rêmiges deos. Empregada a penugem branca nos diade­
externas azul escuras vexilo exterior verde; in­ mas horizontais (ou viseiras) dos índios Bororo.
ternas verdes e espelho laranja. Seu uso é referi­
do no diadema verticial rotiforme dos índios POMBA-TROCAL —Columba speciosa Gmelin
Bororo, no toucado Kayapó e no diadema ver­ Ordem Columbiformes, família dos Columbí-
tical do alto Xingu. deos. Plumas pardo-matizadas com brilho

133
Adornos plumários
cúpreo empregadas no acabamento das duas fa­ vermelho do peito para a confecção de brincos
ces dos diademas horizontais dos índios Uru- e coroas; os Yanomâmi utilizam-na nas braça­
bus-Kaapor. deiras. Registrado o seu uso em diversas outras
tribos.
QUERO-QUERO - Vanellus chilensis (Molina)
Ordem Charadriiformes, família dos Caradrií- URUBU - Cathartes aura (L.)
deos. Colorido geral cinzento-claro, com orna­ Ordem Falconiformes, família dos Catartídeos.
tos pretos na cabeça, peito, asas e cauda. As Utiliza-se a penugem arminhada dos filhotes do
coberteiras menores da asa são verde-metálicas, urubu-cabeça-vermelha na plumária Bororo e
escapulares bronze, basalmente brancas na bar­ nas faixas emplumadas dos grupos Tukâno.
riga. Registrado o uso das penas caudais brancas
entre os Kayabí. URUTÁU - Nyctibius griseus (Gmelin)
Sin. téu-te'u. Ordem Caprimulgiformes, família dos Capri-
mulgídeos. Registrado o uso na plumária Kaya­
SA f AÇU - Cyanerpes cyaneus (L.) bí (Costa 8í Monteiro 1968-9:141).
Ordem Passeriformes, família dos Cerebídeos.
PBle da cabeça azul-genciano e azul-luminoso URUTÁU MÁE-DA-LUA - Nyctibius grandis (Gmelin)
com orla negro-veludo; penas rêmiges negras Ordem Caprimulgiformes, família dos Capri-
com faces internas amarelo-limão. São emprega­ mulgídeos. Registrado o uso na plumária
das nos colares-apito e outros adornos plumá- Kayabí (Costa 8í Monteiro 1968-9:141).
rios dos índios Urubus-Kaapor.

SAÍ AZUL - Dacnis cayana (L.) VIUVINHA - Colonia colonus (Vieillot)


Ordem Passeriformes, família dos Cerebídeos. Ordem passeriformes, família tiranídeos. Cabe­
Os Kaapor empregam a pele azul-persa dos saís ça cinzento-clara e uropígeo branquicento. Uti­
machos nos pingentes de seus diademas hori­ liza-se as longas penas caudais negras do macho
zontais e em outros tipos de adornos. para ampliar a envergadura das ornis imaginária
figurada nos labretes Kaapor.
SAURÁ - Phoenicircus camifex (L.) Sin. tesoura
Ordem Passeriformes, família dos Cotingídeos.
Colorido geral vermelho-carmim. As penas re- XEXEU - Cacicus cela (L.)
trizes vermelho-escarlate com ponta vermelho- Ordem Passeriformes, família dos icterídeos.
marroquino são empregadas nos medalhões dos Pássaro preto com amarelo-vivo no dorso pos­
colares femininos pelos índios Kaapor. terior estendendo-se sobre parte da cauda. Da
Sin. uiratata (pássaro de fogo) mesma cor são as coberteiras internas das asas.
Registrado o uso no diadema vertical dos índios
SOCÓ-BOI — Tigrisoma lineatwn (Boddaert) do alto Xingu (Costa 8t Monteiro 1968-9:141)
Ordem Ciçoniiforme, família dos Ardeídeos. e nas coifas dos índios Karajá.
Cabeça, pescoço e manto castanhos. Costas com Sin. japim
listas onduladas de cinza e marrom. Peito mar­
rom estriado de branco. Largo emprego na plu- PROCESSOS DE MANUFATURA (40.03)
mária dos índios Kayabí. Registrado também
numa coifa dos índios Jurúna (Nicola & Dorta BORLAS DE PLUMAS
1986:118). Def. Técnica de amarração mediante a fixação
entre si de tufos de plumas tomados juntos e
SURUCUÁ — Trogon rufus Gmelin presos por um atilho à parte em espiral.
Ordem Trogoniformes, família dos Trogoní- T. Rei. Feixe de penas
deos. Penas retrizes externas rajadas de branco-
negro fofas e macias são registradas nos colares- BOTÃO DE PLUMAS
apito dos índios Urubus-Kaapor, em fieiras de Def. Técnica de amarração. Fixação em torno
penas dos Kayabí e penas amarelo-pêssego nos da ponta de cordéis ou hastes de plumas arma­
capacetes-máscaras dos Wayâna. O gênero Tro­ das com o lado direito da pluma para fora, ade­
gon tem oito espécies. rindo inteiramente à base e ocultando o suporte
e os amarrilhos. Resulta num aspecto semelhan­
TUCANO-DO-BICO-PRETO - Ramphastos vitellinus te a um botão de rosa. (Ver fig. 11).
Iicht T. Rei. Emplumação embricada em círculo
Ordem Pidformes, família dos Ranfastídeos,
com seis espécies e seis subespécies no Brasil. As CONEXÃO DE FIEIRAS DE PENAS
plumas alaranjadas, sedosas e brilhantes, do pa­ EM CONTRATORCIDO
po, e as vermelho-escarlate do abdomem supe­ Def. Técnica de montagem. Fixação de fieiras
rior (ou faixa peitoral) são empregadas em pin­ de penas (ou plumas) entre si sem ajuda de um
gentes dos adornos plumários Kaapor. Regis­ forro. As fieiras são combinadas com fios sem
trado seu uso em inúmeras tribos plumistas. emplumação, dispostos paralelamente entre
elas, sendo conectadas, a espaços regulares, por
TUCANUÇU —Ramphastos toco Müller uma trama em trança semelhante a das redes de
Os Bororo empregam peles com a respectiva dormir, conhecida como “contratorcido”. Dá-se
plumagem branca marginada estreitamente de a superposição das camadas de plumas do mes-

134
Adornos plumários
mo modo como se assenta a plumagem nos pás­ fora. (Ver fig. 10).
saros vivos. Ocorre entre os grupos das Guianas T. Rei. Emplumação embricada em círculo
e os índios Tukúna. (Ver fig. 30).
T. Rei. Conexão de fieiras de penas em filé EMPLUMAÇÃO EM PASSAMANARIA
Consulte: Cordões e tecidos (30) Def. Técnica de amarração. Fixação a um cor­
del, executado segundo a técnica de passama-
CONEXÃO DE FIEIRAS DE PENAS EM FILÉ naria, de tufos de penas atados às alças deixa­
Def. Técnica de montagem. Fixação de fieiras das livres em lados opostos do cordel. Registra­
de penas (ou plumas) entre si sem ajuda de um da nas braçadeiras dos índios do alto Xingu e
forro. O cordel de montagem descreve formas como atavio dos chocalhos dos grupos das
romboidais, amarrando e enodando ora uma ora Guianas. (Ver fig. 14).
outra fieira adjacente. Resulta um efeito seme­ Consulte: 30 Cordões e tecidos
lhante à técnica de filé na tecelagem, que deno­
minamos “ casa de abelha” . As camadas de plu­ EMPLUMAÇÃO EM PÉTALA
mas eriçadas lembram o veludo. (Ver fig. 29). Def. Técnica de amarração mediante a fixação
T. Rei. Conexão de fieiras de penas em contra- a uma das faces de um cordel ou haste de plu­
torcido mas ou penas médias armadas a uma das faces
Consulte: 30 Cordões e tecidos do suporte com o lado avesso das penas para fo­
ra, permitindo ver a face interna e externa da
COSTURA DE FIEIRAS DE PENAS A TECIDOS pena, o suporte e a atadura. (Ver fig. 7).
Def. Técnica de montagem. Fixação de fieiras T. Rei. Emplumação embricada numa só face
de penas (ou plumas) a estofos. Tratando-se de do suporte
tecido compacto, a costura se faz, normalmen­ EMPLUMAÇÃO EM PLACA
te, com agulha de orifício, em espiral, ou com Def. Técnica de colagem. Peles com as respec­
ponto semelhante ao nosso caseado. É comum tivas plumas são coladas numa superfície, pena
às faixas frontais dos índios do alto Xingu, mais longa ou o próprio corpo, neste último
Apiaká e Tukâno. (Ver fig. 33). caso, os ornatos da face entre os índios Kaapor.
T. Rei. Costura de tufos a tecidos (Ver fig. 23).

COSTURA DE TUFOS A TECIDOS EMPLUMAÇÃO EM ROSETA


Def. Técnica de amarração: fixação de tufos de Def. Técnica de amarração. Fixação em torno
plumas a tecidos compactos. Os tufos são amar­ de cordéis, hastes ou roletes ocos, em sentido
rados à ponta de um cordel cuja extremidade vertical, de plumas armadas com o lado avesso
oposta perpassa uma malha do tecido receben­ da pluma para fora em torno de um suporte,
do outro tufo. Como os tufos são armados pró­ imprimindo-lhe a feição de pétalas. A atadura
ximos uns aos outros, resulta que as plumas se se faz com um cordel-amarrilho em espiral, que
mantêm erguidas, assemelhando-se o conjunto prende os canhões das plumas. (Ver figs. 5, 8).
a um veludo. Registrada na plumária Munduru- T. Rei. Flores de plumas
kú. (ver fig. 27). Flores de plumas com estames
Rosetas de penas
EMPLUMA ÇÃO ARMINHADA
Def. Técnica de colagem. A penugem branca de EMPLUMAÇÃO NOS INTERVALOS DOS NÓsT
filhotes de aves é colada, geralmente com látex DO FILÉ
vegetal, a uma superfície: tecido, trançado, Def. Técnica de amarração. Fixação de penas,
pena mais longa ou o próprio corpo. A desig­ tufos ou flores de plumas ou rosetas de penas,
nação “arminhada” se justifica por utilizar-se o por um atilho especial, nos intervalos dos nós
frouxel alvo de filhotes de patos, gaviões, etc. do filé. Essa técnica é praticada pelos índios
Ocorre entre os Karajá, Bororo e outros grupos. Karajá, do Alto Xingu e outros na emplumação
(Ver fig. 25). das coifas. (Ver fig. 31).
T. Rei. Emplumação nos nós do filé
EMPLUMAÇÃO EMBRICADA EM CIRCULO Consulte: 30 Cordões e tecidos
Def. Técnica de amarração: fixação em torno
de cordéis, hastes ou roletes ocos, em sentido EMPLUMAÇÃO NOS NÓS DO FILÉ
vertical, de plumas armadas com o lado direito Def. Essa técnica só foi registrada entre os anti­
da pluma para fora. A pluma adere ao suporte gos Tupinambá que executavam, ao mesmo
conferindo à peça um aspecto roliço como as tempo, o filé e a emplumação, introduzindo os
caudas dos animais. (Ver figs. 6, 9). canhões das plumas nos nós do retículo. (Ver
T. Rei. Botão de plumas fig. 4).
Emplumação embricada numa só fa­ T. Rei. Emplumação nos intervalos dos nós do
ce do suporte filé

EMPLUMAÇÃO EMBRICADA
NUMA SÓ FACE DO SUPORTE
Def. Técnica de amarração mediante a fixação ENCAIXE DE PENAS A SEMENTES
a uma das faces de um cordel ou haste de plu­ Def. Técnica de amarração mediante a fixação
mas ou penas médias armadas a uma das faces a sementes, cocos ou cascos de animais, etc.
do suporte com o lado direito das penas para de tufos de plumas ou molhos de penas penden-

135
Adornos plumários
tes de um atilho que atravessa o orifício aberto T. Rei. Emplumação em roseta
no encaixe. (Ver fig. 12). Flores de plumas com estames
T. Rei. Encastoamento de penas a roletes Rosetas de penas

ENCASTOAMENTO DE PENAS A ROLETES FLORES DE PLUMAS COM ESTAMES


Def. Técnica de amarração. Fixação à ponta de Def. Técnica de amarração mediante a fixação
varas ou a roletes ocos de penas médias ou pe­ em torno da ponta de cordéis ou hastes de plu­
nas longas engastadas ou amarradas à extremi­ mas armadas em círculo, com o lado avesso da
dade do suporte, ou ambos. (Ver fig. 22). pluma para fora, e com um apêndice central, à
T. Rei. Encaixe de penas a sementes maneira de estames. (Ver fig. 13).
T. Rei. Emplumação em roseta
FEIXES DE PENAS Flores de plumas
Def. Técnica de amarração que consiste na fixa­ Rosetas de penas
ção entre si de molhos de penas de tamanho
médio presas por um atilho em espiral. Equiva­ MOLHOSDE PENAS
le à “borla de plumas” , variando a nomenclatu­ Def. Técnica de amarração mediante a fixação
ra devido à natureza do material plúmeo. entre si de duas ou mais penas de tamanho mé­
T. Rei. Borla de plumas dio, por meio de um atilho em espiral. Equivale
a “tufos” no caso de plumas, variando apenas as
FIEIRA DE PENAS COM CORDEL INTERMEDIÁRIO características do material plúmeo. (Ver fig. 2).
Def. Técnica de amarração. Fixação ao longo de T. Rei. Tufos de plumas
cordéis, em sentido horizontal, de plumas, pe<-
nas médias e penas longas com trespasse dos MOSAICO DE PLUMAS
canhões sobre um cordel intermediário que en­ Def. Técnica de colagem. Fixação a uma super­
leia o cordel-base, conferindo grande maleabili­ fície — tecido, trançado, líber, folha seca, pena
dade à fieira. Técnica registrada na plumária mais longa, ou o próprio corpo —de plumas iso­
Karajá, Kayapó, etc. (Ver figs. 20,21). ladas ou aos tufos, em camadas sucessivas, que
se embricam uma às outras. A colagem é feita
com goma elástica, prendendo-se apenas os ca­
FIEIRA DETENAS COM ENCAIXE DO CANHÃO nhões, deixando-se as barbas soltas e com o
Def. Técnica de amarração. Fixação ao longo de mesmo viço com que se apresentam na pluma­
cordéis, em sentido horizontal, de penas longas gem dos pássaros. Aos índios Kaapor cabe pri­
de grossos canhões com trespasse dos canhões mazia na execução dos mosaicos, técnica tam­
seccionados sobre o cordel-base e ajustamento bém praticada pelos Karajá e Borôro. (Ver fig.
da parte dobrada na abertura produzida no ca­ 24).
nhão. Esta técnica é praticada pelos índios das
Guianas, Karajá e Kepkiriwát, entre outros. Dis­
pensa-se a amarração, a não ser que se queira NÓ DE PORCO (Demi-clef de capellage, f.)
reforçar a fixação da pena. (Ver fig. 20). Def. Com um cordel-amarrilho são dadas duas
T. Rei. Fieira de penas sobre cordel-base voltas superpostas, deixando o segmento livre
para o lado de dentro. Introduz-se o canhão da
FIEIRA DE PENAS SEM CORDELBASE pena nas laçadas, dobrando-o sobre si mesmo e
Def. Técnica de amarração. Fixação ao longo de fazendo-o trespassar o cordel-base. A seguir, pu­
cordéis, em sentido horizontal, de plumas, pe­ xa-se as duas pontas do cordel-amarrilho para
nas médias e penas longas com trespasse dos ca­ apertar o nó. O nó se desfaz quando a pena é
nhões sobre um único cordel que serve ao mes­ retirada ou destruída. Com esse tipo de nó
mo tempo de base e amarrilho às penas. Técnica prende-se a pata do porco, daí a designação.
representada em alguns artefatos plumários dos (Ver fig. 19).
índios Karajá, Borôro e Kaingáng. (Ver fig. 3). Sin. Nó falso
T. Rei. Nó simples
FIEIRA DE PENAS SOBRE CORDEL-BASE
Def. Técnica de amarração. Fixação ao longo de NÓ FALSO
cordéis, em sentido horizontal, de plumas, Use: NÓ DE PORCO
penas médias e penas longas com trespasse dos
canhões sobre um cordel-base, amarrados com NÓ SIMPLES
um atilho contínuo por meio de nós simples ou Def. O cordel-amarrilho passa por trás do ca­
nós-de-porco. (Ver figs. 19, 28). nhão de pena dobrado sobre o cordel-base e pe­
T. Rei. Fieira de penas com encaixe de la frente do canhão, sendo a ponta solta intro­
canhão duzida na laçada antes de abranger a pena se­
Nó de porco guinte.
Nó simples T. Rei. Nó de porco

FLORES DE PLUMAS ROSETA DE PENAS


Def. Técnica de amarração mediante a fixação, Def. Técnica de amarração: fixação em torno
em tomo da ponta de cordéis ou hastes, de plu­ da ponta de cordéis ou hastes de penas médias
mas armadas em círculo com o lado avesso da armadas com o lado avesso para fora, à maneira
pluma para fora. Esta técnica assemelha-se a das de pétalas, permitindo ver o suporte e a atadu­
nossas flores de papel. (Comparar com fig. 5). ra.

136
Adornos plumários
T. Rei. Emplumação em roseta
Flores de plumas
Flores de plumas com estames

TÉCNICAS DE AMARRAÇÃO
Def. Um dos dois procedimentos básicos no tra­
balho de penas (o outro é a técnica de cola­
gem). Considerando-se os materiais e o processo
de manufatura distinguem-se os seguintes tipos
de emplumação: 1) fieiras de penas sobre cor­
del-base (amarrilhos de nó de porco e nó sim­
ples); 2) fieiras de penas sem cordel-base; 3)
fieiras de penas sobre cordel-base com encaixe
de canhão; 4) fieiras de penas com cordel inter­
mediário; 5) emplumação em roseta; 6) emplu­
mação embricada em círculo; 7) emplumação
embricada numa só face do suporte; 8) flores
de plumas; 9) flores de plumas com estames;
10) botão de plumas; 11) rosetas de penas;
12) emplumação em pétala; 13) tufos de plu­ Penas da asa. 1. Parápteras. 2. Tectrizes. 3. Rémiges bastardas.
mas; 14) feixes de penas; 15) encaixe de penas 4. Falsas rémiges. 5. Rémiges primárias. 6. Rémjges secundárias
(ou plumas) a sementes ou cascos de animais; ou de Segunda ordem. 7. Rémiges escapulares.
,16) encastoamento de penas a roletes (ou va­
ras); 17) enodação de penas no filé; 18)enoda-
ção de penas nos intervalos dos nós do filé; 19)
borlas de plumas; 20) costura de tufos a teci­
dos; 21) emplumação em passamanaria; 22)
molhos de penas.

TÉCNICAS DE COLAGEM
Def. Um dos dois procedimentos básicos no tra­
balho de penas (o outro é a técnica de amarra­
ção). Considerando-se os materais e o processo
de manufatura distinguem-se os seguintes tipos
de emplumação: 1) mosaico de plumas; 2) em­
plumação em placa; 3) emplumação arminhada.

TÉCNICAS DE MONTAGEM
Def. Compreendem a combinação de várias par­ Fig. 1 - Amarração em espiral de pena longa sobre oordel-base.
tes elaboradas separadamente para compor o
adomo. Distinguem-se os seguintes tipos: 1) co­
nexão de fieiras de penas (ou plumas) em con­
trato rcido; 2) conexão de fieiras de penas (ou
plumas) em filé; 3) costura de fieiras de penas a
tecidos.

TRAMA DE PLUMAS
Def. Técnica de emplumação mediante a fixar
ção de plumas a estofos. Simultaneamente à
entramação do urdume em tear intercalam-se
entre os fios da urdidura, a espaços regulares,
tufos de pluminhas que sobressaem ao tecido
nos lados. Técnica empregada pelos índios
Kaapor, Tukúna e do rio Uaupés na confecção
de cintos. (Ver fig. 26).

TUFOS DE PLUMAS
Def. Técnica de amarração que consiste na fixa­
ção entre si de duas ou mais plumas por um ati­
lho especial.

137
Adornos plumários
Fig. 6 - Emplumação embricada em círculo de plumas justa­
postas.

Fig. 3 - Amarração de pena com nó simples sem cordel-base.


A pud Krause 1911:398 fig. 255a.

Fig. 8 - Emplumação em roseta de plumas alternadas.

Fig. 4 - Enodação de penas em retículo. A pud Métraux 1928:144


fig. 16a.

Fig. 9 — Emplumação embricada em círculo de plumas alterna­


das.

Fig. 5 - Emplumação em roseta de plumas justapostas. Fig. 10 - Emplumação embricada numa só face do suporte.

138
Adornos phimários
Fig. 11 —Botão de plumas. Brinoo alto-xinguano.

Fig. 15 - Fieira de penas sobre cordel-base. Amarração: nó sim­


ples.

Fig. 12 - Encaixe de penas a sementes. A pud Krause 1911:301


fig. 158a.

N
Fig. 16 - Amarração de penas longas à meia altura com reforço
de torniquete. Penacho frontal de aro emplumado (fnd. Javaé,
M. N. n ° 30.731).
Fig. 13 - Flor de plumas com estames. Pingente emplumado
do pente Kaapor.

Fig. 14 — Fase de Confecção de uma corda de passamanaria para


receber plumas nas alças. Braçadeira emplumada dos índios do
Alto Xingu.

139
Adornos plumários
Fig. 21 - Fieira de penas sobre oordel-base armada com atilho
intermediário. Técnica de amarração: nó de porco.

Fig. 18 - Detalhe do anverso da fig. 16.

Fig. 22 —Encastoamento de penas a roletes de taboca.

Fig. 19 — Fieira de penas sobre oordel-base. Técnica de amarra­


ção: nó de porco (ou falso nó).

Fig. 23 — Técnica de colagem: emplumação em placa. A. Verso.


B. Reverso.

Fig. 24 —Emplumação em mosaico; técnica de colagem.

140
Adornos plumários
Fig. 28 — Fieira de penas sobre oordel-base, amarração com nó
de porco e reforço suplementar. índios Wayâna-Aparai. Apud
Schoepf 1971:28.

Fig. 25 — Emplumação arminhada. A. Vista da pena. B. Detalhe


da fixação da penugem no canhão da pena.

Fig. 29 - Conexão de fieiras de penas sem ajuda de um forro.


Técnica “ casa de abelhas”.

Fig. 30 - Conexão de fieiras de penas sem ajuda de um forro pe­


la técnica de contratorcido.

Fig. 26 —Trama de plumas. Cinto dos índios Urubus-Kaapor.

Fig. 31 — Fixação de penas nos intervalos dos nós do retículo.


Coifa dos índios Karajá.

141
Adornos plumários
Fig. 32 — Corte transversal do diadema horizontal dos índios
Urubus-Kaapor.
Fig 36 — Corte em chanfradura: A l à direita; A2 à esquerda;
B angular.

Fig. 33 — Costura de fieiras de penas a tecidos. Faixa frontal dos


índios do Alto Xingu.

Fig. 37 - Bipartição da pluma com chanfradura vertical

Fig. 34 - Corte horizontal das plumas. A pud Schoepf 1971:27 Fig. 38 — Estojo de taquara para guardar penas, fndios Kayapó,
M.I. 75.6.204. Esc. 1:10.

Fig. 39 - Estojo para guardar adornos de penas de madeira lavra­


Fig. 35 — Corte serrilhado das plumas. A pud Schoepf 1971:27. da. fndios Kaapor, M.L n9 5331. Esc. 1:10.

142
Adornos plumários
Fig. 40 — Técnicas de armazenagem: cabaça com tampa para a
guarda de plumas. A pud Krause 1911: 375 fig. 215a, b.

143
Adornos plumários
50
ADORNOS DE MATERIAIS
ECLÉTICOS,
INDUMENTÁRIA
E TOUCADOR

145
A d o r n o s e c lé tic o s
50
ADORNOS DE MATERIAIS
ECLÉTICOS, INDUMENTÁRIA
E TOUCADOR

GRUPOS GENÉRICOS Labrete de concha


Labrete de madeira
N? Grupo Labrete de miçangas
Labrete de osso
01 Adornos de materiais ecléticos da cabeça Labrete de resina
Labrete fragmentos de madrepérola
02 Adornos de materiais ecléticos do tronco Narigueira contas de caramujo
Tembetá de quartzo
03 Adornos de materiais ecléticos dos membros Tubo pendente da cabeleira
Turbante cabelos humanos
04 Indumentária e arranjos de decoro Turbante pêlo de macaco

05 Objetos de toucador
ADORNOS DE MATERIAIS ECLÉTICOS
06 Objetos de uso pessoal DO TRONCO (02)
Def. Ornamentos confeccionados com materiais
de origem vegetal, animal, mineral e produtos
industriais, usados no tronco, subdivididos em:
ADORNOS DE MATERIAIS ECLÉTICOS 1) adornos do pescoço, peitorais e dorsais; 2)
DA CABEÇA (01) usados a tira-cola; 3) adornos de cintura; 4)
Def. Ornamentos de materiais ecléticos — da adornos ventrais-lombares. Excluem-se os adere­
fauna, flora, do reino mineral, produto indus­ ços registrados em 20 Trançados, 30 Cordões .e
trial — Usados na face ou no crânio, subdividi­ tecidos, 40 Adornos plumários. E, ainda, os
dos em: 1) cobrem ou cingem a calota crania­ cintos-sonantes inventariados como chocalhos
na; 2) usados nas asas do nariz, septo nasal, ló­ em fieira na categoria 60 Instrumentos de mú­
bulo das orelhas, lábio inferior, cantos da boca; sica e de sinalização.
3) pendem da cabeleira. Uso: adereço pessoal, ritual ou cotidiano, defi­
Uso: adereço pessoal,ritual ou cotidiano, defini­ nidor da condição etária, sexual, social e étnica.
T. Esp. Bandoleira cruzada contas de cara­
dor da condição etária, social e étnica.
T. Esp. Auricular bico de tucano mujo
Auricular cavilha Bandoleira de miçangas
Auricular de metal Bandoleira de sementes
Auricular de miçangas Cinto contas de caramujo
Auricular de sementes Cinto couro de onça
Auricular disco de madrepérola Cinto de miçangas
Auricular discóide compacto Cinto dentes de mamífero
Auricular discóide vasado Colar anéis de coco
Auricular fragmentos de madrepérola Colar antenas de coleóptero
Botoque botão de madeira Colar canutílhos de osso
Botoque disco de madeira Colar canutílhos de taquara
Capacete couro de onça Colar contas de caramujo
Coroa contas de caramujo Colar contas de coco e dentes
Coroa garras de onça Colar contas de coco tucum
Estilete facial Colar contas de madrepérola
Estilete nasal Colar costelas de cobra
Fita frontal couro de onça Colar costelas de pássaros
Fita frontal de folíolo Colar de miçangas
Labrete cavilha Colar de sementes
Labrete de acúleos Colar dentes de mamífero

147
Adornos écléticos
Colar dentes em camadas superpostas INDUMENTÁRIA E ARRANJOS DE DECORO (04)
Colar dentes recortados de osso Def. Peças confeccionadas com matéria-prima
Colar élitros de coleóptero de origem vegetal, exceto as que foram inventa­
Colar garras de onça riadas nas categorias: 20 Trançados, 30 Cordões
Colar miçangas e sementes e tecidos. Inclui “vestes” destinadas antes a
Colar miniaturas escultóricas de tu- adornar e a personalizar o corpo que a vesti-lo
cum e arranjos de decoro masculinos e femininos,
Colar pingente de quartzo indicativos da condição etária e a filiação étni­
Colar plaquetas quadrilaterais de ma­ ca.
drepérola Uso: vestimenta e protetor sexual.
Colar plaquetas retangulares de cara­ T. Esp. Avental de líber
mujo Cinta de líber
Colar plaquetas retangulares de ma­ Encacho de líber
drepérola Estojo peniano
Colar raques de penas * Saia franjas de líber
Colar recortes de metal Sandália de borracha nativa
Corselete dorsal de miçangas Sandália medula de buriti
Gargantilha de miçangas Tanga de miçangas
Peitoral de acúleos Tanga de sementes
Peitoral de metal Uluri
Peitoral dentes de' macaco
Peitoral dentes de onça
Peitoral dentes de roedor
Peitoral pente e pingente
Peitoral unhas tatu canastra
Pingente dorsal peles de animais OBJETOS DE TOUCADOR (05)
Sobrecinto de miçangas Def. Implementos feitos de materiais ecléticos
Sobrecinto de sementes para a escarificação, perfuração e pintura do
corpo, bem como para pentear-se, segundo os
padrões culturais de cada grupo indígena.
Uso: tratamento e embelezamento do corpo.
T. Esp. Carimbo-cabaça
ADORNOS DE MATERIAIS ECLÉTICOS Carimbo coco-babaçu
DOS MEMBROS (03) Carimbo-corda
Def. Atavios dos membros confeccionados com Carimbo-garfo
matéria-prima de origem vegetal, animal, produ­ Carimbo plano-largo
to industrial e mista, subdivididos em: 1) usa­ Carimbo-rolo
dos nos dedos; 2) adornos do pulso; 3) usados Carimbo-vare ta
na altura do bíceps; 4) usados abaixo do joe­ Carimbo-vértebras
lho; 4) usados no tornozelo. Deixam de ser in­ Dilatador lóbulos das orelhas
cluídos neste grupo as jarreteiras e tornozelei- Escarificador
ras sonantes, isto é, feitas de casco de animal ou Espátula para pintura facial
endocárpio de coco e cápsulas de frutos, as Furador de lábio, orelha, nariz
quais foram inventariadas na categoria 40 Ins­ Pente duplo de uma haste
trumentos musicais e de sinalização, como cho­ Pénte singelo de duas hastes
calhos em fieira. Pente singelo de uma haste
Uso: adereço pessoal, ritual ou cotidiano, defi­ Pincel para pintura corporal
nidor da condição etária, sexual, social e étnica. Recipiente produtos de toucador
T. Esp. Anel Riscador para pintura corporal
Braçadeira contas de caramujo Saquinho líber para carajuru
Braçadeira de couro Tatuador
Braçadeira de folíolo
Braçadeira de miçangas
Braçadeira de sementes
Braçadeira pêlo de jupará
Jarreteira de borracha nativa
Jarreteira de miçangas
Pulseira cauda de tatu OBJETOS DE USO PESSOAL (06)
Pulseira de borracha nativa Def. Artefatos feitos de elementos da flora e da
Pulseira de madeira fauna adequados para a guarda e transporte de
Pulseira de metal bens e para carregar crianças de colo.
Pulseira de miçangas Uso: receptáculos aparelhados para o transporte
Pulseira de sementes de crianças, para a guarda e transporte de bens.
Pulseira osso de ave T. Esp. Bolsa carapaça de tatu
Pulseira ouriço de castanha Bolsa de cabaça
Pulseira recortes coco de tucum Bolsa de couro
Tomozeleira de miçangas Tipoia de líber

148
Adornos ecléticos
ITENS 62 Colar plaquetas retangulares dê madrepérola
63 Colar raques de penas
64 Colar recortes de metal
65 Coroa contas de caramujo
N? Item 66 Coroa garras de onça
67 Corselete dorsal de miçangas
01 Anel 68 Dilatador lóbulos das orelhas
02 Auricular bico de tucano 69 Encacho de líber
03 Auricular cavilha 70 Escarificador
04 Auricular de metal 71 Espátula para pintura facial
05 Auricular de miçangas 72 Estilete facial
06 Auricular de sementes 73 Estilete nasal
07 Auricular disco de madrepérola 74 Estojo peniano
08 Auricular discóide compacto 75 Fita frontal couro de onça
09 Auricular discóide vasado 76 Fita frontal de folíolo
10 Auricular fragmentos de madrepérola 77 Furador de lábio, orelhas, nariz
11 Avental de líber 78 Gargantilha de miçangas
12 Bandoleira cruzada contas de caramujo 79 Jarreteira de borracha nativa
13 Bandoleira de miçangas 80 Jarrete ira de miçangas
14 Bandoleira de sementes 81 Labrete-cavilha
15 Bolsa carapaça de tatu 82 Labrete de acúleos
16 Bolsa de cabaça 83 Labrete de concha
17 Bolsa de couro 84 Labrete de madeira
18 Botoque botão de madeira 85 Labrete de miçangas
19 Botoque disco de madeira 86 Labrete de osso
20 Braçadeira contas de caramujo 87 Labrete de resina
21 Braçadeira de couro 88 Labrete fragmentos de madrepérola
22 Braçadeira de folíolo 89 Narigueira contas de caramujo
23 Braçadeira de miçangas 90 Peitoral de acúleos
24 Braçadeira de sementes 91 Peitoral de metal
25 Braçadeira pêlo de jupará 92 Peitoral dentes de macaco
26 Capacete couro de onça 93 Peitoral dentes de onça
27 Carimbo-cabaça 94 Peitoral dentes de roedor
28 Carimbo coco-babaçu 95 Peitoral pente e pingente
29 Carimbo-corda 96 Peitoral unhas tatu canastra
30 Carimbo-garfo 97 Pente duplo de uma haste
31 Carimbo plano-largo 98 Pente singelo de duas hastes
32 Carimbo-rolo 99 Pente singelo de uma haste
33 Carimbo-vareta 100 Pincel para pintura corporal
34 Cari mb o-vérteb ras 101 Pingente dorsal peles de animais
35 Cinta de líber 102 Pulseira cauda de tatu
36 Cinto contas de caramujo 103 Pulseira de borracha nativa
37 Cinto couro de onça 104 Pulseira de madeira
38 Cinto de miçangas 105 Pulseira de metal
39 Cinto dentes de mamífero 106 Pulseira de miçangas
40 Colar anéis de coco 107 Pulseira de sementes
41 Colar antenas de coleóptero 108 Pulseira osso de ave
42 Colar canutilhos de osso 109 Pulseira ouriço de castanha
43 Colar canutilhos de taquara 110 Pulseira recortes coco de tucum
44 Colar contas de caramujo 111 Recipiente produtos de toucador
45 Colar contas de coco e dentes 112 Riscador para pintura corporal
46 Colar contas de coco tucum 113 Saia franjas de líber
47 Colar contas de madrepérola 114 Sandália de borracha nativa
48 Colar costelas de cobra 115 Sandália medula de buriti
49 Colar costelas de pássaro 116 Saquinho líber para carajuru
50 Colar de miçangas 117 Sobrecinto de miçangas
51 Colar de sementes 118 Sobre cinto de sementes
52 Colar dentes de mamífero 119 Tanga de miçangas
53 Colar dentes em camadas superpostas 120 Tanga de sementes
54 Colar dentes recortados de osso 121 Tatuador
55 Colar élitros de coleóptero 122 Tembetá de quartzo
56 Colar garras de onça 123 Tipoia de líber
57 Colar miçangas e sementes 124 Tomozeleira de miçangas
58 Colar miniaturas escultóricas de tucum 125 Tubo pendente da cabeleira
59 Colar pingente de quartzo 126 Turbante de cabelos humanos
60 Colar plaquetas quadrilaterais de madrepérola 127 Turbante pêlo de macaco
61 Coiar plaquetas retangulares de caramujo 128 Uluri

149
Adornos ecléticos
ANEL Encontrado entre os índios Borôro (Albisetti
Def. Pequeno círculo para adornar o dedo, po­ & Venturelli 1962:423).
dendo ser de côco tucum ou inajá, com ou sem T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
entalhes decorativos, dentre os de matéria-pri­ Ça (01)
ma vegetal; da cauda do camaleão ou da lagarti­
xa teiu, dentre os de origem animal, registrados
entre os grupos Timbíra (Nimuendaju 1946:56)
e os Karajá (Krause 1941-44 vol. 82:286); ou
de metal martelado e recortado de moedas, co­
mum a várias tribos: Uriyó (Frikel 1973:171),
Kadiwéu (D. Ribeiro 1980:297).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Auricular bico de tucano. índios Borôro, apud Albisetti & Ven­


turelli 1962:423. Museu Regional Dom Bosco n9 B54 1819.
Anéis de cauda de camaleão e lagartixa teiu. índios Karajá. A. Esc. 1:1,5.
Vista das peças. B. Detalhes. A p u d Krause 1941-44 vol. 82:286
fig. 81a,b. Tamanho natural.

AURICULAR-CAVILHA
Def. Adorno do lóbulo da orelha constituído
de um simples pedaço de pau roliço, a maneira
dos índios Xavante (Maybury-Lewis 1984:314),
de um troço de taquara tendo engastado na par­
te da frente um dente de cotia ou a ponta do
chifre de veado omada de plumas, ao modo dos
índios Kayabí (Grünberg 1967:71).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
Ane'is de coco tucum. índios Suruí de Rondônia, M. L nP
81.1.17. Esc. 1:1.

ANQUINHAS
Use: SOBRECINTO DE MIÇANGAS

AURICULAR
Def. Tendo reservado o termo brinco para os
adornos do lóbulo da orelha, feitos com plu­
mas, empregamos o vocábulo auricular para os
de materiais incluídos na presente categoria. Auricular-cavilha oom dente de roedor. índios Kayabí, M.N. n?
Dentre os mais usuais, discriminamos os de tipo 14.214. Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Corte transversal
cavilha, discóide vasado, discóide compacto, de
madrepérola, de metal, de bico de tucano, de
sementes e de miçangas, este último, comum,
atualmente, entre os Kayapó. AURICULAR DE METAL
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe- Def. Adorno do lóbulo da orelha feito de maté­
Ça (01) ria-prima industrial modificada. Ocorre entre os
Consulte: 40 Adornos plumários índios Kadiwéu, que martelam moedas de pra­
ta, limam-nas e as recortam, imitando ourive­
AURICULAR BICO DE TUCANO saria (D. Ribeiro 1980:299); entre os Tiriyó,
Def. Ornato de uso masculino formado pela que procedem do mesmo modo (Frikel 1973:
parte superior do bico do tucanuçu, pendente 174) e entre os Borôro, que recortam o metal
de um longo fio, que termina por uma cavilha em forma de crescente com os cornos para bai­
introduzida no orifício do lóbulo da orelha. xo, à maneira do peitoral de tatu-canastra e do

150
Adornos ecléticos
de metal (Albisetti & Venturelli 1962:364 e
425).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Auricular pingente de metaL fndios Kadiwéu. Desenho segundo


foto Museu do Índio. Auricular de sementes, fndios Araweté, M.N. n9 40.774. Esc.
1:3. A. Vista da peça. B. Detalhe das flores de plumas. C. Deta­
lhe do pino que se introduz no furo da orelha.

AURICULAR DISCO DE MADREPÉROLA


Def. Adorno auricular feito de caramujo aruá
em forma de disco unido com cerol (breu e cera
de abelha) a uma cavilha de madeira.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Auricular pingente de metal. índios Borôro, apud Albisetti &


Venturelli 1962:425, A. B. G. Museu Regional Dom Bosco ns.
B58 3580, B58 3581, B58 3582.

AURICULAR DE MIÇANGAS
Def. Contas graúdas de vidro enfiadas em cordel
que atravessa o furo do lóbulo da orelha. Ca­
racterístico dos índios Kayapó.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Auricular disco de madrepérola, fndios Marúbo, M.I. n9 75.4.13.


Esc. 1:2,5.

Auricular de miçangas, fndios Kayapó, desenho segundo foto.


Esc. 1:2.

AURICULAR DE SEMENTES
Def. Enfeite para o lóbulo da orelha feito de
sementes negras e pingente de flores de plumas.
Ocorre entre os índios Araweté.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ Auricular disco de madrepérola com pingente, fndios Gorotíre-
ça (01 Kayapó, M.L n ? 78.7.4. Esc. 1:2,5. A. Vista da peça. B. Detalhe
Consulte: 40 Adornos plumários do pingente (sementes, cooo partido ao meio e plumas).

151
Adornos ecléticos
AURICULAR DISCÓIDE COMPACTO AVENTAL DE LÍBER
Def. Adorno do lóbulo da orelha, comum aos Def. Espécie de avental retangular feito de es­
grupos Timbíra além de outros. É feito de ma­ topa natural de entrecasca de árvore de algumas
deira leve em forma de disco compacto, revesti­ espécies do gênero Ficus. É plissado, a certos
do de um capeamento em tabatingae desenhos intervalos, e serve de tela para pintura, sendo
em cor. usado nos rituais pelos índios do alto rio Negro.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
ça (01) T. Rei. En cacho
T. Rei. Auricular discóide vasado

AURICULAR DISCÓIDE VASADO


Def. Adomo do lóbulo da orelha comum aos
grupos Timbíra além de outros. É feito de ma­
deira leve em forma de argola ou com reen­
trâncias e saliências esculpidas no vasado inter­
no, sendo revestido com capeamento de taba-
tinga e desenhos em cor.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
T. Rei. Auricular discóide compacto

Avental de líber. Índios Tukâno, M. N. n 9 17.718. Esc. 1:10.


Auriculares compactos e vasados. Índios Ramkokamekra-Canela. A. Vista da peça. B. Perfil mostrando trechos plissados.
M.N. ns. 26.840, 26.828, 26.827, 26.826, 26.825, 26.824.
Esc. 1:6.

AURICULAR FRAGMENTOS DE MADREPÉROLA BANDOLEIRA CRUZADA CONTAS DE CARAMUJO


Def. Adomo de orelha constituído de carapaça Def. Enfiaduras de contas discóides de caramu­
de concha fluvial talhada à maneira dos labre- jo aruá, com orifício no centro. São usadas a
tes, feitos da mesma matéria-prima, pelos índios tiracolo, em duas séries, cruzadas em x sobre o
Bororo. Apresentam-se na forma de peixe pira- peito, traspassando cada ombro.
putanga estilizado, de plaquetas quadrilaterais T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron-
e contas discóides, com apêndice plumário. co (02)
(Albisetti & Venturelli 1962:424-425).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Ça (01)^_

Auricular fragmentos de madrepérola, fndios Bororo, Museu Re­


gional Dom Bosco n9 B55 2509. A pud Albisetti 8i Venturelli Bandoleira cruzada contas de caramujo. índios Marúbo, M. I.
1962:424. A. Vista da peça. B. Detalhe de componente subsi­ n ? 75.4.99. Esc. 1:10. A. Vista da peça (uma só unidade). B.
diário. C- Detalhe do componente principal. Detalhe da enfíadura das contas discóides.

152
Adornos ecléticos
BANDOLEIRA DE MIÇANGAS BANDOLEIRA DE SEMENTES
Def. Enfiaduras de contas de vidro, usadas a Def. Enfiaduras de sementes negras, ou branco-
tira-colo, apoiadas num e noutro ombro e cru­ negras, usadas a tiracolo, providas ou não de
zadas sobre o peito. Segundo Frikel (1973: pingente plumário.
168), referindo-se aos índios Tiriyó, “as bando­ T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
leiras de contas de caramujo foram, ao que tudo co (02)
indica, substituídas por adornos do mesmo tipo
feitas de miçangas, menos quebradiças” . (Ver
foto, índias Tiriyó em Frikel 1973 estampa 1).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02) BOLSA CARAPAÇA DE TATU
Nota: sem protótipo nas coleções consultadas. Def. Recipiente para transportar pequenos obje­
tos de uso pessoal feito de couraça de tatu cos­
turada dos lados e provida de alça para suspen­
der.
T. Gen. Objetos de uso pessoal (06)

Bolsa carapaça de tatu peba. índios Tukúna, M.N. n9 32.537.


Esc. 1:5.

Bandoleira de sementes. índios da Guiana Brasileira, M.N. n? BOLSA DE CABAÇA


8.274. Esc. 1:10. A. vista da peça. B. Detalhe daenfiadura com
Def. Recipiente para transporte de bens feito de
alternância de sementes negras e brancas.
^ cabaça.
T. Gen. Objetos de uso pessoal (06)

Bandoleira de sementes. índios Kayapó, Museu de Genebra n9


33.391. A pud Schoepf 1971:48 fig. 32. A. Vista da peça. B. De­ Bolsa de cabaça. Coleção particular. Esc. 1:10. A. Vista da peça.
talhe do pingente. B. Detalhe das incisões na cabaça.

153
Adornos ecléticos
BOLSA DE COURO lems 1939:33-34). Empregamos o vocábulo bo­
Def. Receptáculo de couro de onça, lontra ou toque no sentido que lhe é dado pelos autores
outro animal usado para transporte de miude­ citados, distinguindo-o de tembetá e labrete,
zas durante as viagens. Registrado entre os Tau- adjetivados segundo as respectivas matérias-
lipáng, além de outros. (Koch-Griinberg 1982: primas.
65, pr. 15 figs. 4,5). Sin. Batoque
T. Gen. Objetos de uso pessoal (06) T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
T. Rei. Labrete
Tembetá

BOTOQUE BOTÃO DE MADEIRA


Def. Adorno labial de madeira leve em forma de
pequeno botão enfiado no orifício do lábio
inferior. É provido ou não de vareta e de pin­
gentes plumários. A dimensão da vareta do bo­
toque botão de madeira dos Karajá varia segun­
do a idade do usuário.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
T. Rei. Botoque disco de madeira

Botoque botão de madeira. índios Kayapó. A pud Krause 1941-


44 vol. 92:172 fig. 220a, b. Tamanho natural

Bolsa de couro. índios Taulipáng, apud Koch-Grünberg 1982:65,


pr. 15 figs. 4,5 Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da costura
lateral C. Detalhe do fecho.

BATOQUE
Use: BOTOQUE

BOTOQUE
Def. “Com esta palavra, que é sinônimo de ro­
lha de barril e tonel, os portugueses designavam
os rolos enormes que certas tribos brasileiras da
família lingüística Jê usavam e usam introduzi­
dos nos furos artificiais dos lóbulos da orelha e
do lábio inferior, passando daí a denominar
uma dessas tribos, na qual ambos os sexos usam
tais enfeites, os Krenak do rio Doce, de Minas
Gerais e Espírito Santo, Botocudos. (. . .) O
botoque distingue-se do tembetá pela forma e
pelo tamanho da abertura artificial no lábio,
sendo o tembetá ou um pendente que se desta­
ca bastante debaixo do lábio, ou um botãozi-
nho, sendo, porém, em todos os casos, invisível
o cabo que está dentro da boca, por ser o furo
incomparavelmente menor do que a abertura
necessitada pelo botoque que reduz o beiço ao Botoque botão de madeira com vareta. índios Kayapó. A pud
papel de uma simples orladura” (Baldus 8t Wil- Krause 194144 vol 92:173 fig. 221 a-c. Tamanho natural.

154
Adornos ecléticos
BRAÇADEIRA CONTAS DE CARAMUJO
Def. Adorno usado na altura do bíceps consti­
tuído de uma sucessão de disquinhos de cara­
mujo aruá enfiados num cordão.
T. Gen.- Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Botoque botão de madeira com vareta. índios Xikrin, M. L n9


70.7.39. 1:2. A. Vista da peça. B. Detalhe da decoração com uru-
cu do disco.

BOTOQUE DISCO DE MADEIRA


Def. Disco de madeira leve, provido ou não de
pendente de vareta, contas e plumas, que obs­
trui o furo labial. Aumenta de tamanho com a
dilatação do furo ao avançar da idade, alcançan­ Braçadeira contas de caramujo. índios Marúbo, M. I. n 9 ............
do até 4 cm. de diâmetro (Frikel 1968:71-72). 75.4.103. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe das contas
Usado pelos Kayapó, Suya e Botocudos. enfiadas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Ça (0 1 )
T. Rei. Botoque botão de madeira

BRAÇADEIRA DE COURO
Def. Argola de couro de onça (índios Borôro)
ou de lagarto (índios Marúbo) usada na altura
do bíceps, com ou sem pingentes ornamentais.
Uma variante é representada pela braçadeira
Borôro com recamado de acúleos brancos de
ouriço cacheiro entrelaçados com Unha preta de
algodão sobre uma tira de couro de animal. (Cf.
Albisetti 8í Venturelli 1962:317).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Botoque disco de madeira. índios Kokraimoro-Kayapó, Museu


de Genebra n9 15-32081, apud Fuerst 1967:32, fig. 19.

Braçadeira de couro. índios Borôro, apud Albisetti & Venturelli


Botoque disco de madeira. índios Xikrin-Kayapó, Museu de Ge­ 1962:317. Museu Regional Dom Bosco ns. B57 3163 1, B57
nebra n 9 16-33421, apud Fuerst 1967:32, fig. 20. 3163 2. Esc. 1:5.

155
Adornos ecléticos
BRAÇADEIRA DE FOLÍOLO
Def. Folíolo ou pínula do olho do babaçu usa­
do na altura do bíceps pelos grupos Timbíra,
tido como protetor contra doenças. (Nimuen-
daju 1946:55). Ocorre também entre os Wai-
wai, além de outros grupos.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Braçadeira de sementes. índios Kayapó, apud Schoepf 197151


fig. 37. A. Vista da peça. B. Detalhe do pingente de sementes,
coco cortado ao meio e tufo de plumas. G Detalhe do tecido
de algodão da braçadeira.

Braçadeira de folíolo. índios Waiwai, apud R oth 1929 pr. 30a.

BRAÇADEIRA DE MIÇANGAS
Def. Tecido de miçangas médias arrematado por
berloques de miçangas graúdas usado no ante­
braço pelos índios Kayapó e Timbíra.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Braçadeira de sementes. índios Xikrin, apud Frikel 1968:64 est.


9a. A. Vista da peça. B. Detalhe do pingente de sementes, oooo
partido ao meio e tufo de plumas.

Braçadeira de miçangas. índios Kayapó. Desenho segundo foto.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da estrutura.

BRAÇADEIRA DE SEMENTES
Def. Atavio do braço usado na altura do bíceps.
Consiste em duas a três voltas de um cordío de
sementes negras com pingentes do mesmo ma­
terial arrematados por tufos de plumas. Ocorre
entre os grupos Kayapó.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

BRAÇADEIRA PÊLO DE JUPARÁ


Def. Círculo feito por um envoltório de cordéis
de pêlo de jupará, tendo como pingentes cor­
déis mais finos do mesmo material rematados
por molhos de penas. Comum entre os grupos
indígenas do alto rio Negro, essa braçadeira é
usada somente pelos homens na altura do coto­
Braçadeira pêlo de jupará. índios Waflcino-Tukâno, M. N. n?
velo. 19.609. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do envolvimento
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos dos 17 fios para formar a braçadeira. G Detalhe da fixação das
membros (03) penas aos fios.

156
Adornos ecléticos
CAPACETE COURO DE ONÇA r VRIMBO-CABAÇA
Def. Ornamento da cabeça que cobre toda a Def. A designação desse implemento para pintu­
calota craniana feito de couro curtido de feli­ ra corporal deriva da matéria-prima de que é fei­
no. to: o fruto do cabaceiro (Cucurbita lagenaria
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ L ). “ Seccionando-o transversalmente, antes de
ça (01) atingir o diâmetro máximo, obtêm os Xeiente
um carimbo para círculo. Carimbos que, pela
sua face convexa,se distinguem tanto dos planos
como dos roliços, são fabricados com fragmen­
tos de cabaça, por exemplo, em forma de fle­
cha” (Baldus 1961-2:48). Esse tipo de carimbo
é encontrado entre os índios Xerente e Apina-
yé.
T. Rei. Objetos de toucador (05)

Capacete couro de onça. índios Nambikuára, M. N. n ? 12.050.


Esc 1:7,5. A. Vista traseira da peça em uso. B. Vista dianteira.

Carimbo-cabaça tendo a parte carimbante circular. índios Xeren­


te. A pud Baldus 1961-2:39 fig. 26. A. B. Cada carimbo é privati­
CARIMBO vo de determinado clã.
Def. Implemento de madeira, taquara, medula
do pecíolo do buriti, fragmento da cabaça, coco
seccionado ao meio, cuja parte entalhada é em­
bebida em tinta e aplicada à pele e, só excep­
cionalmente, ao líber, para adornar a indumen­
tária de dança. A classificação tipológica dos ca­
rimbos dos índios do Brasil, devida a Baldus
(1961-2:8-87), que adotamos, leva em conta a
forma, a matéria-prima e os padrões ornamen­
tais resultantes. Baldus distingue sete tipos prin­
cipais e alguns subtipos, a saber: 1) carimbo-va­
reta,, dividido em a) vareta para círculos; b)
vareta para manchas angulares ou arredonda­
das; c) vareta-lâmina para traços; d) vareta den­
teada lateralmente; e) vareta bipartida; f) vareta
tripartida 2) Carimbo plano-largo, com a) uma
superfície carimbante; b) duas superfícies ca-
rimbantes. 3) Carimbo-garfo; 4) carimbo-rolo;
5) carimbo-babaçu; 6) Carimbo-cabaça; 7) ca­
rimbo-corda. A esse elenco acrescentamos o Carimbo-cabaça com a parte carimbante em forma de ampulheta,
carimbo-vértebra de cobra, registrado por F. índios Apinaye',apud Baldus 1961-2: 35 fig. 22.
Krause (1943 vol. 93:142) entre os Karajá. O
carimbo distingue-se do molde, este último re­
gistrado entre os grupos Guaikurú. Consiste,
nesse caso, não “de instrumentos para estam­ CARIMBO COCO BABAÇU
par, mas de moldes recortados em couro para Def. O nome do carimbo deriva da matéria-pri­
serem colocados diretamente no corpo, a fim de ma de que é feito: metade do endocárpio do co­
seu vazio ser preenchido com matéria corante” co babaçu, do qual se extraem as amêndoas,
(Baldus 1961/2:9). Para a pintura corporal com permitindo estampar desenhos estrelários. En­
carimbo, os Ramkokamekra empregam látex contrado entre os grupos Timbíra (Nimuendaju
de Sapium sp. misturado com carvão (Nimuen- 1946:54), os Karajá e Kayapó (Baldus 1961-2:
daju (1946:53). 48). Os Bororo empregam o coco seccionado do
T. Gen. Objetos de toucador (05) acuri para obter o desenho de estrela, que para

157
Adornos ecléticos
eles representa pegadas de gambá (Albisetti pontilhados, como ocorre entre os Canela (Ni-
& Venturelli 1962:75). muendaju 1946:54).
T. Gen. Objetos de toucador (05) T. Gen. Objetos de toucador (05)
T. Rei. Riscador para pintura corporal

*
Carimbo ooco babaçu. índios Ramokamekra-Canela, M. N. nP
26.895. Esc. 1:1. A. Vista da peça. B. Corte longitudinal.

Carimbo-garfo. índios Xerente, apud Baldus 1961-2 prancha X.


CARIMBO-CORDA A. Vista da peça. B. Corte transversal.
Def. Implemento para pintura corporal na for­
ma de “T” no qual a travessa dessa letra é com­
posta por um pedaço de taquara rodeado por
uma corda. “Só a corda entra em contato com a
pele” (Baldus 1961-2:48). Encontrado entre os
Tiriyó e Kaxuyana, na forma descrita, e entre
os Amahuáka ao modo de um triângulo. A vare­
ta circundada de corda dos Xerente é descrita
como carimbo-rolo por Baldus (ibidem).
T. Gen. Objetos de toucador (05)
T. Rei. Carimbo-rolo

Carimbo-garfo. índios Ramkokamekra-Canela, M. N. n9 26.895.


Esc. 1:2,5. A. Vista da peça. B. Corte longitudinal.

CARIMBO PLANO-LARGO
Def. Neste tipo de carimbo, feito da medula do
pecíolo do buriti, a superfície carimbante é
mais extensa, permitindo a incisão de maior
número de desenhos a ser estampado na pele.
Baldus (1961-2:47) distingue dois subtipos:
1) com uma face carimbante; 2) com duas faces
carimbantes. Encontrado entre os Xerente, Kra-
hó, Canela, Palikúr e Kaiwá (ibidem).
T. Gen. Objetos de toucador (05)

Carimbo-corda. Indios Tiriyó, apud Frikel 1973:312 fig. 36a.

CARIMBO-GARFO
Def. O carimbo para pintura corporal emprega­
do para traçar linhas paralelas é formado por
dois dentes, entre os Xerente, e quatro a cinco,
entre os grupos Timbíra (Baldus 1961-2:47). Carimbo piano-largo para pintura corporal. índios Ramkokame­
Esse tipo de carimbo também permite produzir kra-Canela, M. N. n 9 26.889. Esc. 1:2,5.

158
Adornos ecléticos
CARIMBO-ROLO dios da Guiana brasileira: Palikúr, líriyó, Kaxu-
Def. Carimbo cilíndrico para pintura corporal yâna); e) vareta bipartida (Waiwai, Karajá, Api-
- feito de madeira ou da medula do pecíolo do nayé) constituída de dois pedaços de taquara
buriti. Pelo formato, assemelha-se às toras utili­ amarrados juntos; f) vareta tripartida (índios do
zadas nas corridas pelos grupos Timbíra. En­ noroeste do Amazonas) formada por três vare­
contrado entre estes e os índios do noroeste tas amarradas juntas.
amazônico (grupos Tukâno e os Yekuâna) T. Gen. Objetos de toucador (05)
onde são talhados unicamente em madeira. Bal-
dus (1961-2:48) inclui neste tipo “os cilindros
envoltos de corda encontrados entre os Xeren­
te” .
T. Gen. Objetos de toucador (05)
T. Rei. Carimbo-corda

Carimbo-vareta, fndios Kaxuyâna, apud Baldus 1941-2 pr. XII.

Carimbo-roto de medula de buriti para pintura corporal. Índios


Ramkokamekra-Canela, M.N. n9 26.904. Esc. 1:2,5. A. Vista
da peça. B. Corte transversal.

Carimbo-rolo cilíndrico para pintura corporal. índios Ramkoka­


mekra-Canela, M. N. n9 26.902. Esc. 1:2,5. Carimbo Vareta bipartida, fndios Karajá, coleção particular. A.
Vista da parte superior. B. Vista da parte inferior. Esc. 1:3.

CARIMBO-VÉRTEBRAS
Def. Implemento para pintura corporal encon­
trado entre os índios Karajá. “Para fazer linhas
sinuosas, usa-se um modelo constituído de es­
pinha doisal duma cobra. As vértebras são liga­
das entre si por meio dum cordel de algodão de
tal maneira que a espinha seja movediça. Na
extremidade inferior da espinha é fixada uma
Carimbo-rolo cilíndrico envolto de corda. índios Xerente. A p u d borla de cordéis. Depois de mergulhar as pon­
Baldus 1961-2:40 fig. 27. tas das vértebras em tinta de jenipapo passa-se
a matriz sobre o corpo em ziguezague, de modo
que apareça na pele, a um tempo, uma faixa
CARIMBO-VARETA larga de numerosas linhas em ziguezague”
Def. Implemento para pintura corporal forma­ (Krause 1943 vol. 93:142, pr. 68 fig. 2).
do de um pedaço de taquara (índios Kaingáng
e Guarani") ou de aroeira (índios Karajá) que,
como o nome indica, apresenta a forma de uma
lâmina estreita e comprida. Baldus (1961-2:47)
distingue vários subtípos segundo o desenho
que produz o carimbo ou a forma deste. Tais
são: a) para produzir círculos (índios Xerente);
b) para produzir manchas arredondadas ou an­ Carimbo vértebras para pintura corporal, fndios Karajá, apud
gulares (Canela); c) para produzir traços (ín- Krause 1943 voL 93:142, pr. 68 fig. 2).

159
Adornos ecléticos

s
CINTA DE LIBER
Def. Larga faixa que cinge o ventre feita de en­
trecasca de árvore, às vezes enegrecida por
maceração na lama, de uso feminino entre os
Bororo e Karajá, e masculino entre os Umáua
(Koch-Grünberg 1910 vol. 2:122 fig. 63). As
mulheres Bororo e Karajá fixam o encacho -
faixa da mesma materia-prima que protege os
órgãos sexuais —na cinta.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
T. Rei. Encacho de líber

Cinto de contas de caramujo. índios Bakairí, M. N. n9 14.105.


E sc 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe dos discos.

G nta de líber. índios Bororo, Museu Regional Dom Bosoo n9


B55 2534, apud Albisetti & Venturelli 1962:315.

Pingentes de pedra esculpida dos cintos dos índios do alto Xingu.


CINTO CONTAS DE CARAMUJO A p u d Hartmann 1986:190.
Def. Compreende os adornos de cintura consti­
tuídos de contas redondas, discóides, com um
furo no centro, feitas de caramujo gastrópode
ou de concha, cuja face interna é revestida em
madrepérola. As contas podem ser enfiadas
CINTO COURO DE ONÇA
transversalmente em relação ao cordel-suporte,
Def. Adorno masculino de cintura constituído
à maneira dos cintos dos índios Marúbo e do
por uma tira de 15 a 20 cm de largura de couro
alto Xingu, ou na horizontal, deixando ver a fa­
de onça. É provido de atilhos e adornado na
ce nacarada da conta, ao modo dos cintos Bo­
beira com continhas de sementes e tufos de
roro. Os grupos do alto Xingu costumam acres­
plumas. Encontrado entre os Xikrin (Frikel
centar uma pedra negra polida, cilíndrica, zoo-
1968:69) e outras tribos.
morfa ou antropomorfa, no centro da enfía-
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do
dura de contas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tronco (02)
tronco (02) Nota: sem protótipo nas coleções consultadas.

160
Adornos ecléticos
CINTO DE MIÇANGAS COLAR
Def. Adorno que cinge a cintura tecido em tear Def. Adorno que volteia o pescoço, cujos com­
com algodão e contas de vidro. ponentes ornamentais se distribuem por toda a
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ extensão da peça. O termo Peitoral é reservado
co (02) aos adereços do mesmo gênero em que os ele­
mentos de destaque decorativo se concentram
no meio da peça, pendentes sobre o peito. São
numerosíssimos e muito variados os colares
usados pelos índios do Brasil, geralmente de fa­
bricação masculina e seu uso exclusivo, mas
também de elaboração feminina e uso de ambos
os sexos. Os colares são discriminados segundo
a matéria-prima e a forma que lhes é imprimi­
da. Dentro desse critério e, excluídos os que
constam das categorias, 30 Cordões e tecidos,
40 Adornos plumários, dividimos os colares
em cinco grupos. No primeiro grupo, incluem-
se os colares feitos, primacialmente, de ele­
mentos de origem animal: 1) dentes de mamí­
feros, roedores, outros; 2) carapaça de cara­
mujo e de concha nacarada (madrepérola)
afeiçoada na forma de discos perfurados (con­
tas), plaquetas quadriláteras e plaquetas retan­
gulares; 3) unhas de onça e tatu canastra;
4) fragmentos de ossos de aves; 5) costelas de
pássaros; 6) costelas de cobra; 7) raques de pe­
nas; 8) élitros (asas) e mandíbulas de besouros.
No segundo grupo — matérias-primas de origem
vegetal — destacam-se os colares de: 1) semen­
Cinto de miçangas. índios Waiwai, M.I. n? 79.5.19. Esc. 1:5. A. tes diversas; 2) cocos de palmeira (inteiros,
Vista da peça: padrões Navaho ensinados pelas missionárias ame partidos ao meio, fragmentados em contas,
ricanas. B. Detalhe da ourela e da enfiada de miçangas. esculpidos em figurinhas); 3) caroços de frutos;
4) canutilhos de taboca. No grupo de colares de
matéria-prima mineral encontram-se; 1) quart­
zo (hialino e leitoso); 2) diabásio; 3) gnaisse, to­
CINTO DENTES DE MAMÍFERO dos eles combinados com matéria prima vegetal
Def. Atavio da cintura de dentes de mamífero cu com miçangas. No grupo de colares de pro­
feito exclusivamente de dentes de onça e maca­ dutos industriais, registram-se: 1) miçangas;
co-prego, entre os Tíriyó: “Perfurados na raiz, 2 ' plástico; 3) metal (cartuchos, latas, moedas)
sâõ depois enfiados numa corda de algodão fi­ martelado, polido, recortado e gravado. Final-
cando divididos em dois grupos, um para cada mente, os colares-miscelânea são os que com­
lado do quadril” (Frikel 1973:172). Os dos ín­ binam algumas das matérias-primas acima cita­
dios do Uaupés apresentam a fileira de dentes das. Variam muitíssimo e sua designação decor­
em toda a volta. re da substância predominante de que são fei­
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ tos. Na presente nomenclatura oferecemos ape­
co (02) nas alguns exemplos.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do
tronco (02)
Consulte: 30 Cordões e tecidos; 40 Adornos
plumários

Colar anéis de oooo. índios Kayabí, M.N. n ? 39.649. Esc. 1:5.


O desenho ilustra detalhe do oolar segundo Grünberg 1967:72
Esc. 1.10. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiadura e amarração. fig. 41.

161
Adornos ecléticos
COLAR ANÉIS DE COCO
Def. Atavio do pescoço formado por uma série
de anéis de coco inajá presos entre si pela entra-
mação decorativa de um cordel. Característico
dos índios Kayabí.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar canutilhos de osso. índios Parakanã, M. L n9 71.1.1. Esc.


1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiadura.

COLAR CANUTILHOS DE TAQUARA


Def. Adereço do pescoço formado por uma su­
cessão de finos canudos de taquara enfiados em
cordel, podendo ser entremeados de dentes,
sementes ou antenas de coleópteros.
Colar anéis de coco da palmeira tucum. índios Kayabí, apud T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
Grünberg 1967:73, A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos co (02)
anéis.

COLAR ANTENAS DE COLEÓPTERO


Def. Adereço do pescoço formado por uma su­
cessão de mandíbulas córneas de besouro. En­
contrado entre os grupos do alto rio Negro
(Koch-Grünberg 1909 vol. 1:306 fig. 189).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar canutilhos de taquara e entremeio de antenas de coleópte-


ro. Índios Nambikuára, M. N. n ? 13.046. Esc. 1:10. A. Vista da
peça. B. Detalhe da montagem dos elementos constituintes no
suporte.

Colar antenas de coleópteio. índios Tukâno, apud Koch-Grün-


beig 1909 vol. 1:306 fig. 189, Esc. 1:5.

COLAR CANUTILHOS DE OSSO


Def. Fragmentos de ossos longos, aparelhados
na forma de canudos, são enfiados em cordel,
constituindo colares de uma ou mais voltas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

162
Adornos ecléticos
COLAR CONTAS DE CARAMUJO COLAR CONTAS DE COCO E DENTES
Def. Contas redondas, em forma de disco, com Def. Adereço que cinge o pescoço constituído
um furo no centro, feitas de caramujo terrestre, de contas de endocárpio de tucum ou de outra
enfiadas em cordel de algodão. Artesanato ca­ palmeira e dentes de mamífero, geralmente ma­
racterístico do alto Xingu, de uso feminino, caco.
no qual se especializaram os grupos Karib da T. Gen. Adornos de materiais ecléticos para o
área. Comum entre várias outras tribos. tronco (02)
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do
tronco (02)

Colar contas de caramujo e pedra. índios Bakairí, M. N. n9


14.109. Esc. 1:5.

Colar contas de coco e dentes. índios Suruf de Rondônia, M. I.


n9 81.1.18. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada
de contas de tucum, incisivos e molares de macaco.

COLAR CONTAS DE COCO TUCUM


Def. Adereço do pescoço constituído de mi­
núsculos discos cilíndricos perfurados feitos de
fragmentos do endocárpio do coco da palmeira
tucum. Ocorre entre os Nambikuára, Cinta-lar-
gas, e inúmeras outras tribos.
Colar contas de caramujo, pedra e dentes de mamífero. Índios T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
Trumái. A pud Hartmann 1986:191. co (02)

Colar contas de coco tucum. índios Pakaa-novas, M. N. n9


35.078. E sc 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada de con­
Colar contas de caramujo. Índios Marúbo, M. I. n9 75.4.92. tas. C Secção longitudinal do tucum, proporcional às contas
A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada. Esc. 1:10. do detalhe B.

163
Adornos ecléticos
COLAR CONTAS DE MADREPÉROLA
Def. Discos de concha nacarada, com perfura­
ção central, dispostos de maneira a tornar visí­
vel a superfície da conta, que lembra botão de
madrepérola. Encontrado entre os Bororo e
outros grupos indígenas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar costelas de pássaro. índios Urubus-Kaapor, M. L n?


8.003. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do modo de fixação
de cada elemento ao cordel-base.

COLAR DE MIÇANGAS
Def. Adereço usado em tomo do pescoço feito
com matéria-prima industrial: contas de vidro.
Varia segundo a tribo e sua preferência por vi-
drilhos de determinadas cores e tamanhos, bem
como o modo de confecção.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
Colar contas de madrepérola. índios Pakaa-nova, M. N. n9 co (02)
35.076. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Maneira de fixar os discos
vista no verso. G Idem, no anverso.

COLAR COSTELAS DE COBRA


Def. Adereço do pescoço formado pela enfiadu-
ra em cordel de costelas perfuradas de ofídio.
1 Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron-
c (02*

Colar de miçangas. índios do rio Branco, M. N. n9 243. Esc.


1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do arranjo das miçangas em
longas argolas.

COLAR DE SEMENTES
Def. Adomo que volteia o pescoço constituído
de sementes de leguminosa inteiriças presas a
um cordel de sustentação.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron-
co (02)

Koch-Grünberg 1909 vol. 1:307, fig. 190.

COLAR COSTELAS DE PÁSSARO


Def. Omato do pescoço formado pela enfiadura
de costelas de pássaros, perfuradas na extremi­
dade superior, sobrepondo-se parcialmente
umas às outras.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ Colar de sementes. índios Kayabí, apud Grünberg 1967:72 fig.
co (02) 4a. A. Detalhe do colar visto de frente. B. Idem, verso.

164
Adornos ecléticos
Colar de sementes “olho-de-pombo” . índios Bororo, apud Albi-
setti & Venturelli 1962:870. A. Vista da peça. B. Detalhe da per­
furação da semente para a enfiadura.
Colar dentes de macaco. índios Bororo, M. N. n ? 3.176. Esc.
1 :5. A. Vista da peça. B. Detalhe da perfuração e enfiadura.
COLAR DENTES DE MAMÍFERO
Def. Omato do pescoço pendente sobre o colo
formado de uma série de dentes molares ou in­
cisivos de mamíferos presos fortemente a um
cordel-base por outro cordel, com ou sem per­
furação dos dentes.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar dentes de macaco. índios Kuikúro, A pud Hartmann


1986:190.

COLAR DENTES EM CAMADAS SUPERPOSTAS


Def. Adomo do pescoço formado por duas ou
mais camadas de dentes de mamíferos sobrepos­
Colar dentes de jaguatirica. Índios Kaapor, M. I. n9 68.2.49.
Esc. 1:5. A. Vista da peça. B- Detalhe d a amarração do dente
tas umas às outras. Das pontas prolongam-se
no suporte. atilhos rematados ou não por borlas de algo­
dão.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar dentes de porco-do-mato. índios Mirânia, M. N. n9 5.211.


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do suporte rígido duplo Colar dentes em camadas superpostas. índios Kayabí, apud
de taquara. C. Detalhe da fixação dos dentes no interior da ar­ Grünberg 1967:74 fig. 46. A. Vista da peça. B. Detalhe da super­
mação. posição dos dentes.

165
A d o r n o s e c lé tic o s
COLAR DENTES RECORTADOS DE OSSO COLAR GARRAS DE ONÇA
Def. Ornamento para o pescoço constante de Def. Adomo do pescoço constituído da amarra­
peças de osso, geralmente de anta, recortadas de ção de garras do felino sobre um cordel-base.
modo a imitar dentes de animais. Compõe-se de Encontrado entre os índios do alto Xingu.
mais de uma centena dessas peças aparelhadas T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
de maneira a apresentar uniformidade em tama­ co (02)
nho e forma.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar garras de onça. índios Mehináku, M. L n 9 870. Esc. 1:5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das garras.

Colar dentes recortados de osso. índios Makuxí, M. N. n?


22.109. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos
fragmentos de osso.
COLAR MIÇANGAS E SEMENTES
Def. Colar formado de algumas voltas de enfia-
duras de miçangas entremeadas por sementes
perfuradas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
COLAR ÉLITROS DE COLEÓPTERO co (02)
Def. Ornato do pescoço constituído de uma sé­
rie de asas de besouro, de consistência cómea e
brilho metálico, perfuradas e enfileiradas ao
longo de um cordel. Encontrado entre os gru­
pos do alto rio Negro (Koch-Grünberg 1909
vol. 1:306 fig. 189).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar miçangas e sementes. índios Taulipáng, M. N. nP 28.077,


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada sementes e
miçangas.

COLAR MINIATURAS ESCULTÓRICAS DE TUCUM


Def. Enfiadura de pequenas esculturas feitas do
endocárpio do coco tucum, acrescidas, às vezes,
do de bacaba e inajá. Representam, comumen-
te, batráquios, peixes, quelônios e figuras an-
tropomorfas usados em volta do pescoço, en­
Colar élitros de coleóptero. índios do rio Uaupés, M. N. nP
tremeados de sementes negras ou miçangas co-
531. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B- Detalhe da estrutura

166
Adornos ecléticos
loridas. Artesanato característico dos Tukúna. COLAR PLAQUETAS QUADR1LATERAIS DE MA­
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ DREPÉROLA
co (02) Def. Adereço que cinge o pescoço formado de
plaquetas quadrilaterais de concha, com arestas
arredondadas e dois furos nas extremidades
para passar a enfiadura. Esta é, por sua vez, en­
laçada num cordel-base.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar miniaturas escultóricas de tucum. índios Mehináku. A pud


Hartmann 1986:192. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe das
figuras e das sementes intercaladas: frente e perfil.

ção das plaquetas. C. Plaqueta e cortes transversale longitudinal

COLAR PLAQUETAS RETANGULARES DE CARA­


MUJO
Def. Plaquetas retangulares, meio abauladas,
com dois pequenos furos nas duas extremida­
des — por onde passa um cordel de algodão —
Colar miniaturas escultóricas de tucum. Índios Tukúna, M.N. constituem colares de uso de ambos os sexos no
n? 32.665. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe das miçangas alto Xingu. Nos dois lados intercalam-se as ve
e da perfuração das figuras de tucum. zes, duas plaquetas negras esculpidas em tucum
que contrastam com o nácar branco do caramu
jo.
COLAR PINGENTE DE QUARTZO T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron
Def. Adorno do pescoço constituído de um ci­ co (02)
lindro de quartzo leitoso, perfurado junto ao
ápice, ladeado de uma fieira de contas graúdas
negras, perfuradas e enfiadas num cordel.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron-

Colar plaquetas retangulares de caramujo. índios Bakairí, M_ N.


Colar pingente de quartzo. índios Tukâno, M. N. n ? 530. Esc. n ? 17.441. Esc. 1:5 A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das
1:5. plaquetas.

167
Adornos ecléticos
COLAR PLAQUETAS RETANGULARES DE MADRE­ tando o de unhas de tatu-canastra (índios Bo­
PÉROLA roro — Albisetti & Venturelli 1962:263-4),
Def. Retângulos de nácar de concha, com um também ocorrente nos auriculares dessa tribo.
furo no segmento superior, são enfiados em cor­ T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
del para formar o colar. Comum entre os gru­ co (02)
pos Kayapó.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (01)

1:5-
Colar plaquetas retangulares de madrepérola. índios Menkragno-
tíre-Kayapó, M- I. n ? 76.2.12. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. De­
talhe da confecção.

COLAR RAQUES DE PENAS


Def. Adomo do pescoço constituído por frag­
mentos da parte córnea, não emplumada, das
penas de aves, enfiadas em cordel.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Colar canutilhos de m etal úidios Kadiwéu. Desenho segundo fo­


to do Museu do fndio. Esc. 1:5.

COROA CONTAS DE CARAMUJO


Def. Enfiada de pequenos discos de caramujo
com seis pingentes do mesmo formato dispos­
tos, simetricamente, na metade do círculo. O
omato rodeia o crânio caindo os pingentes so­
bre as têmporas. Característico dos índios Ma-
rúbo.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Ça (01)

Colar raques de penas. índios das Guianas, M. N. n ? 1.073. Esc.


1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada de raques de penas.

COLAR RECORTES DE METAL


Def. Adereço do pescoço cuja matéria-prima
predominante é constituída de metal martela­
do, limado, recortado e sulcado artisticamente.
Apresenta-se na forma de triângulos de prata
(índios do alto Rio Negro — Koch-Grünberg
1909 1:255 fig. 138), canutilhos do mesmo ma­
terial enfiados em cordel, intercalando-se con­
tas de miçangas e rematando-se com placas gra­
vadas com desenhos simples (índios Kadiwéu — Coroa contas de caramujo aruá. Índios Marúbo, M. I. nP 75.4.96.
D. Ribeiro 1980:299); peitoral de metal imi­ Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe da enfiada de contas.

168
Adornos ecléticos
COROA GARRAS DE ONÇA
- Def. Aro de madeira envolto com fio de algo­
dão que prende certo número de unhas de on­
ça dispostas com as pontas para cima. Ocorre
entre os Tapirapé (Baldus 1970:123) e os Bo­
roro (Albisetti & Venturelli 1962:58). Omato
semelhante é usado como colar pelos índios do
alto Xingu (Steinen 1940:176 fig. 5).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Corselete dorsal de miçangas, fndios Waiwai, apud R oth 1929


pr. 29. A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido lateral C Deta-
lhe das franjas. D. Detalhe dos pingentes.

DILATADOR LÓBULOS DAS ORELHAS


Coroa garras de onça. fndios Bororo, M. N. n 9 3.966. Esc. 1:5. Def. Cone de madeira leve, com uma das pontas
A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação da unha da onça.
aguçada, cuja função é dilatar, paulatinamente;
o lóbulo das orelhas das crianças. Encontrado
entre os grupos Kayapó, —e usado diariamente
pelas crianças de ambos os sexos — os Waiwai
e outros. Entre os índios do Xingu, K. v. d.
Steinen (1940:147, 156) registra, para esse fim,
uma lasca de osso longo de jaguar presa a uma
farpa de madeira.
T. Gen. Objetos de toucador (05)
T. Rei. Furador de lábio, orelhas, nariz

CORSELETE DORSAL DE MIÇANGAS


Def. Adorno dorsal, peculiar aos índios Waiwai,
Tiriyó e outros grupos Karib, de uso feminino.
É formado por enfiaduras de miçangas presas
a duas varetas na vertical, providas de amarri-
lhos que prendem a peça nas costas acima da
cintura (Roth 1929:77). Esse ornamento foi
equivocadamente descrito por Farabee como
tanga de miçangas (Roth,ibidem).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ Dilatador do lóbulo das orelhas. índios Gorotíre-Kayapó, M. L
co^) n9 8.077. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

1 69
A d o r n o s e c lé tic o s
ENCACHO DE LÍBER ESPÁTULA PARA PINTURA FACIAL
Def. Tanga feita de estopa de líber lançada en­ Def. Fina lasca de madeira lavrada, com ou sem
tre as pernas e sustentada por uma faixa do incisões, guardada em estojo, destinada a aplicar
mesmo material que volteia a cintura. É usada pintura facial.
pelos homens, no ato rio Negro, e pelas mulhe­ T. Gen. Objetos de toucador (05)
res entre os Karajá (Krause 1941-44 v. 79:263
pr. 51 fig. 2)e os Borôro (Albisetti & Venturelli
1962:315). Neste caso, o líber é enegrecido por
maceração na lama.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
T. Rei. Cinta de líber

Espátula para pintura facial. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:


312 fig. 36c.

ESTILETE FACIAL
Def. Ornato usado pelos índios Yanomâmi,
Matis e outros em pequenos orifícios que cir­
cundam os lábios. (Cf. Cavuscens & Neves
1986:34).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
Nota: sem paradigmas nas coleções consultadas.

ESTILETE NASAL
Encacho de líber. índios Karajá. A. Vista da peça, M. L n9
5.913. Esc. 1:20. B. C Desenho livre segundo foto apud Krause Def. Estilete curvo nacarado, feito de caramu­
1941-44 vol. 82 pr. 51 fig. 2. jo aruá, usado pelas mulheres Marúbo, em nú­
mero de quatro a seis, nas asas das narinas. (D.
Melatti 1985:42).
ESCARIFICADOR T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Def. Pedaço triangular de cuia, provido de uma ça (01)
série de dentes agudos de peixe traíra, peixe-ca­
chorro ou unhas de roedores, encravados junto
à borda superior e fixados atrás por meio de um
rolete de cera. Utilizado para sangrar a pele e
fortalecer o corpo.
Sin. Sarjador
T. Gen. Objetos de toucador (05)

Estilete nasal. índios Marúbo, M. L n9 75.4.41. Esc. 1:1.

ESTOJO PENIANO
Def. Protetor sexual masculino feito de folío-
lo de broto de palmeira. Consiste em uma do-
bradura afunilada, com orifício na ponta, para
imprensar o prepúcio e ocultar a glande. O
Escarificador. índios Bakairí, M. N. n9 17.740. Esc. 1:2. estojo peniano de uso cerimonial dos Borôro

170
Adornos ecléticos
tem um prolongamento do folíolo ornado com FITA FRONTAL DE FOLÍOLO
pinturas e penugem. Def. Círculo constituído de folíolo do olho da
Sin. Veste púdica palmeira babaçu, docorado ou não com motivos
T. Gen. Indumentária e arranjos e decoro (04) pintados. A fita frontal de folíolo é usada pelos
grupos Timbíra, Borôro e Kayapó, cotidiana­
mente e durante certos rituais.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Estojo peniano. índios Xikrin, M. I. n ? 70.7.78. Es a 1:1. A. Vis­


ta lateral. B. Vista superior.
Fita frontal de folíolo. índios Boróro, Museu Regional D. Bosco
n ° 55-2506,apuei Albisetti& Venturelli 1962:395. Esc. 1:5.

FURADOR DE LÁBIO, ORELHAS, NARIZ


Def. Utensílio destinado a abrir furos no lábio
inferior, nos lóbulos das orelhas ou no septo
nasal. Consiste de um osso longo ou um basto-
nete de madeira com ponta afilada, provido às
vezes de ornato plumário. É empregado pelos
índios Timbíra (Nimuendaju 1946:49-50), Ta-
pirapé (Baldus 1970:124), Karajá (Krause
1941-44:187), Borôro (Albisetti & Venturelli
1962:224) para esse e outros fins, como tirar
espinhos e bichos de pé.
T. Gen. Objetos de toucador (05)

Estojo peniano com prolongamento do folíolo. índios Borôro.


A JLN . ns. 32.960, 32.962, 32.968 (com desenhos pintados).
B. M. N. n9 32.969 (com ornato de penugem). Esc. 1:3.

FITA FRONTAL COURO DE ONÇA


Def. Círculo constituído de uma faixa de couro
de onça usada no crânio como insígnia de che­
fia em certos rituais pelos índios do alto Xingu.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Furador de lábio. índios Borôro, coleção particular. A. Vista da
ça(01) peça. B. Detalhe da ornamentação do cabo com acúleos de ouri­
Nota: sem protótipo nas coleçoes consultadas. ço-cacheiro.

171
Adornos ecléticos
JARRETE IRA DE MIÇANGAS
Def. “ Consiste num pequeno tecido de miçan­
gas, semelhante a malhas de rede, possuindo na
fila inferior decoração feita de peninhas de tu­
cano ou franjas de algodão” (Frikel 1973:171,
índios Tiriyó).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)
T. Rei. Tornozeleira de miçangas
Nota: Sem protótipo nas coleções consultadas.

LABRETE
Furador de orelhas. índios Canela apud Nimuendaju 1946:50. Def. Adorno pendente do orifício do lábio infe­
rior. Distingue-se do tembetá e do labrete em­
plumado pela matéria-prima empregada — pe­
dra e pena, respectivamente — e do botoque,
pelo mesmo motivo e pelo formato, circular, de
madeira leve. Qs labretes, tal como outros ador­
nos corporais, apresentam variantes que deno­
GARGANTILHA DE MIÇANGAS tam sua qualidade de insígnias tribais, clânicas
Def. Adereço constituído de três ou mais voltas e subclânicas. Às vezes são constituídos de uma
de enfiadura de miçangas, presas nas varetas simples talisca de taquara ou madeira que im­
posteriores dos auriculares disco de madrepé­ pede o fechamento do orifício do lábio.
rola, tangente ao pescoço. Quando se usa a T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
gargantilha de miçangas dispensa-se o pingente ça (01)
plumário dos auriculares. (Informação pessoal T. Rei. Botoque
de Catherine Howard). Vertambém Yde (1965: Tembetá
219 fig. 82), índios Waiwai. Consulte: 40 Adornos plumários
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)
Nota: Sem paradigma nas coleções consultadas.

LAB RET E- CAVILHA


Def. Adorno usado no orifício do lábio inferior
“de sorte que o bastão possa ser mantido entre
os dentes” (Schoepf 1971:50). É ornamentado
com o bico do tucano e pingentes de sementes
JARRETEIRA DE BORRACHA NATIVA negras arrematadas por tufos de plumas encas­
Def. Ornato usado abaixo do joelho feito de lá­ toadas em coco secdonado ao meio.
tex coagulado e afeiçoado na forma de um cír­ T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
culo. Encontrado apenas entre os índios Paresí. 9a (01)
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Labrete-cavilha. índios Kayapó, Museu de Genebra n9 33.408,


apud Schoepf 1971;50 fig. 38. A. Vista da peça. B. Secção trans­
Jarreteira de borracha nativa. índios Paresí, M. N. n ? 4.188. A. versal do bastonete. G Detalhe do tufo de plumas e fio de se­
Vista da peça. B. Corte transversal. mentes.

172
Adornos ecléticos
LABRETE DE ACÚLEOS
Def. Para formar o labrete, acúleos brancos de
ouriço-cacheiro são entramados com fio de al­
godão negro tendo como suporte uma lasca de
taquara ou a nervura da folha da palmeira. En­
contrado somente entre os Borôro.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe-
Ça (01)

Labrete de concha “ grossa e triangular” . índios Karajá, apud


Krause 1941-44 vol. 81:188 fig. 56,a-c. Esc. 1:2.

LABRETE DE MADEIRA
Def. Adorno labial talhado em madeira leve,
com uma lamela terminando num pequeno
bico ou em corte reto. O bordo superior, que
se introduz no orifício do lábio, é dilatado em
forma de botão circular. Registrado entre os
índios Karajá, variando no tamanho segundo a
idade do usuário.
Labrete de acúleos. índios Borôro, M. N. n ? s 32.880, 33.094, T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
33.093, s/n °E sc. 1:3. ça (01)

LABRETE DE CONCHA
Def. Adorno labial talhado em carapaça de con­
cha “ fina e bicúspide” na forma de “T” . Va­
riantes desse ornato são obtidos pelo emprego
de concha “grossa e triangular” , apresentando
forma análoga, porém mais encurvada. “Os
botoques feitos de concha bicúspide caracteri­
zam-se por um brilho de madrepérola, são cha­
tos e estreitos, em forma de vareta ou de cunha,
e com remate geralmente largo. Os botoques
feitos da concha triangular distinguem-se por
um brilho alvacento; são de forma grossa, ter­
minando quase sempre em ponta recurvada, ou
apresentando formas arqueadas” . (Krause 1941-
44 vol. 81:188-189).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Labrete de concha “ fina e bicúspide”. índios Karajá, apud


Krause 1941-44 vol. 81:188, fig. 55, a-e. Esc. 1:2. Krause 1941A4 vol. 81:189 fig. 58, a c. Esc. 1:2.

173
A d o r n o s e c lé tic o s
Labrete de madeira com lamela curta. Uso adulto. índios Karajá,
apud Krause 1941-44 vol. 81:189, fig. 59,a-b. Esc. 1:2.
Labrete de osso. índios Karajá, apud Krause 1941-44 voL 81:188
fig. 54,a,b. Esc. 1:2.

LABRETE DE RESINA
Def. “ Labrete feito de resina solidificada de po­
roroca. Aberta uma incisão no córtex da árvore,
adapta-se-lhe um segmento de taquarinha em
cuja cavidade em pouco tempo a seiva se soli­
difica. Retirada, vem cuidadosamente polida
e transformada em pingente, cujo comprimento
pode alcançar 35 cm.” (Albisetti & Venturelli
1962:375). (Informação referida aos índios Bo­
roro). Apresenta forma cilíndrica com um pro­
longamento em “T” na extremidade que se in­
troduz no orifício do lábio inferior.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
Labrete de madeira com lamela em espiral. Uso infantiL índios ça (01)
Karajá, apud Krause 1941-44 voL 81:188, fig. 57. Esc. 1:2.

LABRETE DE MIÇANGAS
Def. Adorno feito por uma enfiadura de miçan­
gas que pende do orifício do lábio inferior. É
ajustado ao furo por uma tala fina que nele pe­
netra. Encontrado entre os índios Tíriyó (Fri-
kel 1973:174) e Xikrin (Frikel 1968:71).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ Labrete de resina com a ponta partida. índios Borôro, M. N.
ça (01) n 9 33.068. Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Corte transversal.
Nota: Sem parádigma nas coleçoes consultadas.

LABRETE DE OSSO
Def. Adorno usado no furo do lábio inferior ta­ LABRETE FRAGMENTOS DE MADREPÉROLA
lhado em osso debugio. A parte inferior termina Def. Adorno labial constituído de plaquetas
em ponta, enquanto a superior é dilatada em elípticas ou discóides perfuradas, entremeadas, »
forma de “ T” para introduzir no orifício labial. por vezes, de contas de tucum e apêndices: plu-
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ mário e de cabelos humanos. A extremidade su­
ça (01) perior é em forma de T para prender o labrete

174
Adornos ecléticos
no orifício bucal. Característico dos índios Bo­ (Albisetti & Venturelli 1962:368-369). Regis­
roro. trado apenas entre os Boròro.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do
ça (01) tronco (02)

Labrete fragmentos de madrepérola. índios Borôro, M. N. n9


4.703. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das pla­
quetas de madrepérola. C. Detalhe do pingente plumário.

Peitoral de acúleos de ouriço-cacheiro. índios Borôro, Museu


Regional Dom Bosco n ? B56 2579. A pud Albisetti & Ventu­
NARIGUEIRA CONTAS DE CARAMUJO relli 1962:368. Esc. 1:1,5.
Def. Ornato que atravessa o septo nasal e repou­
sa sobre o pavilhão da orelha. E constituído por
um par de três enfiaduras de contas de caramu­
jo aruá, arrematadas por algumas continhas ne­
gras de côco murumuru e dentes de macaco.
Registrada apenas entre os Marúbo.
PEITORAL DE METAL
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
Def. Ornato de retalhos de lata, alumínio, cobre
ça (01)
ou outro metal, em forma de crescente, com os
cornos voltados para baixo, imitando os de
unha de tatu-canastra. Segundo Albisetti 8í
Venturelli (1962:363) “tais objetos antigamen­
te eram trabalhados em prata e ouro, pois o ha­
bitat dos Borôro é rico de ouro e, quando mora­
vam na zona da atual fronteira boliviana, tam­
bém de prata” . Enfeite característico dos Bo­
rôro.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do
tronco (02)
T. Rei. Peitoral unhas de tatu canastra

Narigueira contasde caramujo. índios Marúbo, M. I. n ? 75.4.111.


Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do arremate: discos de
caramujo e dente de macaco.

PEITORAL DE ACÚLEOS
Def. Adorno constituído de “um pingente for­
mado pela reunião de quatro segmentos justa­
postos de taquarinhas, revestidos de um tran­
çado branco-e-preto de acúleos (de ouriço-ca­
cheiro) e linha de algodão, e ornados nas extre­ B59 4044. A pud Albisetti & Venturelli 1962:364. A. Vista da
midades, e no meio, por tufozinhos de plumas” peça. B. A mesma forma feita com unhas de tatu-canastra.

175
A d o r n o s e c lé tic o s
PEITORAL DENTES DE MACACO PEITORAL DENTES DE ONÇA
Dgtf. Atavio formado por uma 'série singela ou Def. Adereço pendente do pescoço repousando
dupla, de dentes de macaco, os quais são enfi­ sobre o peito. É formado por quatro caninos e
leirados e amarrados em linha reta sobre um su­ d ás a quatro molares de onça pintada ou suçua­
porte rígido, que pende sobre o peito. Caracte­ rana amarrados entre si em linha reta sobre um
rístico dos índios Borôro. suporte rígido. Peitorais semelhantes, ou com
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ pequenas variações, são feitos com dentes de
co (02) jaguatirica. Privativo de um clã Borôro mas usa­
T. Rei. ftitoral dentes de onça do por todos os membros dessa tribo.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)
T. Rei. Peitoral dentes de macaco

PEITORAL DENTES DE ROEDOR


Def. Adorno do pescoço constituído de grosso
cordel de algodão e peitoral de incisivos de roe­
dor. Ocorre entre os índios Txikãoe os do alto
Xingu.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)

Peitoral dentes de macaco, fndios Borôro, M. L n ? 874. Esc. 1:5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da amarração dos dentes.

Peitoral dentes de roedor. índios Txikão, M. L n ? 7.900. A.


Vista da peça. B. Detalhe de fixação dos dentes de capivara. Es a
1:5.

PEITORAL PENTE E PINGENTE


Def. Pente duplo de uma haste, acompanhado
de um pingente de miçangas arrematado por
casco de pequeno animal não identificado. É le­
1:2. A. Modo de uso. B. Vista da peça.
vado em tom o do pescoço suspenso em cordão

176
Adornos ecléticos
tecido em passamanaria com fios de algodão. PENTE
Encontrado apenas entre grupos Timbíra. Def. Objeto de toucador feito de duas barras
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ transversais de madeira (ou de osso de ave, no
co (02) caso dos Waiwai), entre as quais são imprensa­
V. tb. Pente dos dentes de taKscas de pau ou de outra maté­
Consulte: 30 Cordões e tecidos ria-prima. As diversas formas em que se apresen­
ta o pente, entre úidíos da América do Sul, fo­
ram classificadas por Wilhelm Schmidt (1942:
161-162), como segue: 1) “de uma haste. Con­
tenta-se com essas barras transversais que se
correspondem entre si. Esta variedade subdivi­
de-se em dois subgrupos: a) pente singelo de
uma haste, em que os dentes ficam de um só
lado; b) pente duplo de uma haste, onde os den­
tes sobressaem de ambos os lados. 2) A outra
variedade que chamaremos de duas hastes (duas
vezes cada sistema de duas barras transversais)
comporta hastes separadas entre si por certo
intervalo que, habitualmente, é coberto por um
desenho de trançado. Ainda aqui distinguem-se
duas subvariedades, as quais chamaremos: c)
pentes singelos de duas hastes e d) pentes du­
plos de duas hastes”. A forma d não parece
ocorrer entre grupos indígenas do Brasil. As
hastes transversais que imprensam os dentes
podem ter entalhes decorativos ou pingentes
de tufos e rosetas de plumas. Os pentes tanto
Colar pente e pingente. índios Ramkokamekra-Canela, M. I.
n? 68.5.28. Esc. 1:5. A. Vista da peça no anverso: pente e pin­
são usados para pentear quanto para ornamen­
gente. B. Vista do reverso. C Detalhe do perfil. tar a cabeleira.
T. Gen. Objetos de toucador (05)
V. tb. Pbitoral pente e pingente
PEITORAL UNHAS TATU CANASTRA
Def. Peculiar aos índios Bororo. “ Formado pe­
las duas maiores unhas das patas anteriores do
tatu-canastra, unidas pela base por meio de
algumas nervuras de folíolos de palmeiras, re­
vestidas com um blocozinho de cerol. ( . . . ) É PENTE DUPLO DE UMA HASTE
Def. Objeto de toucador constituído de uma
suspenso ao pescoço por sustaches de fios de
série de dentes (lascas de pau ou raízes aéreas
algodão trançados” (Albisetti & Venturelli
1962:365). Apresenta variantes na ornamenta­ da palmeira paxiúba) imprensada por duas bar­
ras transversais fixadas com cerol que, conjunta­
ção apendicular — franjas de algodão, tufos de
diversas plumas - indicativas de subclãs Bororo. mente, compõem a haste suporte do pente. Ela
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ é entramada, para efeitos decorativos e funcio­
co (02) nais, deixando livres para pentear a série supe­
T. Rei. Peitoral de metal rior e inferior dos dentes.
T. Gen. Objetos de toucador (05)

Peitoral unhas tatu canastra. índios Bororo, M. N. n ? 3.963. Pente duplo de uma haste. índios do lio Uaupés, M. N. n ? 391.
Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação das unhas ao Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos dentes
suporte. na haste. C Detalhe d o trançado ornamental da haste.

177
Adornos ecléticos
Pente duplo de uma haste. índios Bororo 3.971.
Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos dentes
entre si. C. Fixação dos dentes à haste. Pente singelo de uma haste. índios Kaapor M. L n ° 2.646. A.
Vista da peça. B. Detalhe da fixação dos dentes.

PINCEL PARA PINTURA CORPORAL


PENTE SINGELO DE DUAS HASTES Def. “ Tala de nervura de folha de babaçu flexí­
Def. Objeto de toucador constituído de duas vel e bem alisada“ (Frikel 1968:56). É usada
hastes (barras transversais duplas) entre as quais como pincel, pelos índios Xikrín para traçar
se inserem lascas pontudas de madeira, em série linhas largas com tinta de jenipapo. Para aplica­
paralela. A fixação é feita com aglutinante de ção do látex de mangabeira, que permite gru­
breu e reforçada por entramação de fio de algo­ dar na pele penugem ou tinta de azulão, os ín­
dão. dios Xikrín empregam uma tala de sororoca
T. Gen. Objetos de toucador (05) recortada na ponta para formar os fios do pin­
T. Rei. Pente singelo de uma haste cel (Frikel 1968:57).
T. Gen. Objetos de toucador (05)
Nota: sem protótipo nas coleções consultadas.

PINGENTE DORSAL PELES DE ANIMAIS


Def. Ornato pendente de um fio de algodão so­
bre as costas constituído de asas de coleóptero,
bicos de aves, caudas de animais, carapaça de
tatu, etc. , Registrado por Koch-Grünberg
(1982:46 pr. VIII) entre os Makuxí e Tauli-
páng.
Adornos de materiais ecléticos do tronco (02)

Pente singelo de duas hastes. índios Xirianá (Yanomâmi), M. N.


n ? 20.033. Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Detalhe do encaixe
dos dentes.

PENTE SINGELO DE UMA HASTE


Def. Uma série de dentes de lascas de madeira
é imprensada por sua porção terminal entre um
conjunto gêmeo de hastes por meio de cerol. As
pontas das hastes apresentam, geralmente, ata­
vios de plumas.
T. Gen. Objetos de toucador (05) Pingente dorsal carapaça de tatu. índios Makuxí, apud Koch-
T. Rei. Bmte singelo de duas hastes Grünberg 1982:48 pr. VIII fig. 1.

178
A d o r n o s e c lé tic o s
PULSEIRA DE MADEIRA
Def. Cilindro talhado em madeira para uso no
pulso. Comum aos grupos Timbíra.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

da peça. B. Detalhe dos cortes possíveis para afixação da asa.


C. Modo de fixação da asa.
Pulseira de madeira, fndios Krikatí, M. N. n ? 29.580. Esc. 1:5.

PULSEIRA CAUDA DE TATU


Def. Atavio para o pulso constituído por um
segmento da couraça de placas justapostas em
mos ai co da cauda do tatu.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Pulseira de madeira. índios Ramkokamekra-Canela, M. N. n9


26.801. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Vista superior.

PULSEIRA DE METAL
Def. Ornamento usado no pulso feito de metal
martelado, recortado, polido e gravado com
desenhos geométricos ou naturalistas, no caso
dos índios Kadiwéu. Os Tiriyò e outros grupos
Karib da Guiana brasileira adquirem,para esse
fim, metal amarelo dos negros bush da Guiana
Pulseira cauda de tatu. fndios Nambikuára, M. N. n ? 12.842, (Frikel 1973:169 est. XVIId). Roth 1929:78).
12.844,12.849. Esc. 1:5. T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

PULSEIRA DE BORRACHA NATIVA


Def. Adereço do pulso feito de látex coagulado
e afeiçoado à maneira de uma argola que caiba
no pulso. Encontrado apenas entre os índios
Paresí.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)
Nota: Ver ilustração da jarreteira de borracha
nativa, cujo formato é idêntico ao da pulseira Pulseira de m etal índios Kadiwéu, M. L n ? 1.288. Esc. 1:2.
A. Vista da peça. B. Perfil. C- Detalhe do fecho tecido com mi­
dessa matéria-prima. çangas.

179
A d o r n o s e c lé tic o s
PULSEIRA DE MIÇANGAS PULSEIRA RECORTES COCO DE TUCUM
Def. Ornato do pulso constituído de uma en- Def. Adorno do pulso formado pela união de
fiadura de várias voltas usada no pulso. Regis­ figurinhas talhadas no endocárpio do fruto
trado, entre outros, em uso pelos índios Tíriyó da palmeira tucum combinadas com enfiadu-
(Frikel 1973:169). ra de sementes negras ou de miçangas.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03) membros (03)
Nota: Consultar ilustração cinto de miçangas.

PULSEIRA DE SEMENTES
Def. Ornato dos pulsos feito de cascas de se­
mentes como as que são empregadas na confec­
ção dos colares. Registrado o uso entre os ín­
dios Uriyó (Frikel 1973:170), Xikrin (Frikel
1968:66), Araweté e outros.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)
Nota: Consultar ilustração colar de sementes.

PULSEIRA OSSO DE AVE


Def. Atavio do pulso constituído de segmentos
de osso de ave dispostos paralelamente uns aos
outros e ligados entre si por fio de algodão.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Pulseira recortes coco de tucum. índios Trumái. A p u d Hart-


mann 1986:192. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da fixa­
ção das plaquetas de tucum.

RECIPIENTE PRODUTOS DE TOUCADOR


Receptáculos feitos de cabaça, de ouriço de
castanha sapucaia ou de castanha-do-pará são
usados para guardar tinta de jenipapo, de breu,
Pulseira osso de ave. índios Parintintín, Museu Pigorini n? empregadas na pintura corporal, ou óleo de
11.575/G, a p u d Zevi et alii 1983:109 fig. 222. coco de palmeira, com que se unta o corpo e o
cabelo.
T. Gen. Objetos de toucador (05)

PULSEIRA OURIÇO DE CASTANHA


Def. Aro recortado em ouriço de castanha-do-
pará, ornamentado com a aplicação de frag­
mentos quadrangulares de osso de mutum,
(índios Asuriní), ou sem essa decoração justa­
posta, e sim com recortes nos bordos (índios
Bororo, Tiriyó e outros).
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)

Pulseira ouriço de castanha. Índios Asuriní, M. L n9 71.11.19. Cabacinha para guardar tinta de breu. Índios Tiriyó, a p u d
Esc. 1:3. A. Vista da peça. B. Detalhe da incrustação. Frikel 1973:312 fig. 36b. A. Vista da peça. B. Perfil.

180
Adornos ecléticos
Cabacinha para guardar óleo de untar cabelo ou tinta de jeni­
papo. fndios Karajá, a p u d Krause 1941-44 vol. 79:270 fig. 39b.
Esc. 1:1,5.

RISCADOR PARA PINTURA CORPORAL Saia franjas de líber. Desenho segundo foto de Krause 1941-44,
Def. Lasca de madeira ou de taquara de forma prancha 18. índios Karajá. A. Vista da peça e modo de uso. B.
Detalhe da confecção.
retangular com recortes denteados na borda.
Pintado o corpo de jenipapo, aplica-se o risca-
dor sobre a tinta ainda úmida a fim de formar
listas paralelas negro-brancas. Empregado pelos SANDÁLIA DE BORRACHA NATIVA
úidios Xikrin (Frikel 1968:55). Def. Calçado constituído'de sola e tiras para
T. Gen. Objetos de toucador (05) prender o pé feito de borracha nativa.
T. Rei. Carimbo-garfo T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
Nota: Consultar ilustração sandália medula de
buriti.

SANDÁLIA MEDULA DE BURITI


Def. Calçado cuja sola é recortada de uma lâmi­
na da medula do pecíolo do buriti presa por
correias de fibras da mesma palmeira. Eventual­
mente encontram-se sandálias do mesmo tipo,
nas coleções, feitas de couro ou de borracha
nativa.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro
(04)
T. Rei. Sandália de borracha nativa

Riscador para pintura corporal. Índios Menkragnotfre, M. L


n° 76.3.24. Esc. 1:2.

SAIA FRANJAS DE Life ER


Def. Franjas de líber desfiado presas a um cor­
del, contornam o corpo abaixo da cintura sendo
sujeitas por uma faixa do mesmo material. Re­
gistrado o uso dessa saia por mulheres Karajá.
(Krause 1941-44 vol. 79:263-4). Sandália medula de buriti, fndios Makuxí, a p u d R oth 1970 pr.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04) 158A- A. Vista frontal. B. Vista da sola.

181
Adornos ecléticos
SAQUINHO LÍBER PARA CARAJURU ra; os das úidias Xikrin, consistem de um qua­
Def. Bolsinha de tecidoliberiano para aguarda drado que cobre parte das nádegas, sendo usa­
de pó de carajuru (Arrabidae chica), empregado do, às vezes, como bandoleira (Frikel 1968:68
na pintura corporal. est. 10b).
T. Gen. Objetos de toucador (05) T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­
co (02)
T. Rei. Bandoleira de sementes
Sobrecinto de sementes

Saquinho líber para carajuru. índios Baníwa, M. N. nP 40.342.


Esc. 1:5.

SARJADOR
Use: ESCARIFICADOR

SOBRECINTO DE MIÇANGAS
Def. Prolongamento vertical do cinto que ador­
na os quadris. É formado de tecido* aberto qu
compacto de miçangas com arremate de tufos Sobrecinto de sementes. índios Kaapor, M. L n ? 7.094. Esc.
1 :10. A. Yista da peça. B. Detalhe da confecção.
de plumas. Encontrado entre os Tiriyó e outros
grupos Karib. Designado anquinhas por Frikel TANGA DE MIÇANGAS
(1973:172-173). Def. Espé de de avental usado pelas mulheres
Sin. Anquinhas para cobrir as partes pudendas. É tecido em tear
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos do tron­ tipo Ucaiali, ou tear em arco, com fio de algo­
co (02) dão e contas de vidro. Apresenta feitio de tri­
T, Rei. Sobrecinto de sementes ângulo isósceles e varia de tamanho segundo se
destine a mulheres adultas ou a meninas. A
variedade de padrões é muito grande, sendo
adornado na orla com franjas de algodão, tufos
de plumas ou guizos sonoros de sementes, cocos
e asas de besouro.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
T. Rei . Tanga de sementes
V. tb. Processos de manufatura (50.03)
Consulte: 30 Cordões e tecidos, Glossário com­
plementar.

Sobrecinto de miçangas, fndios Waiwai, M. N. n ? 41.152. Esc.


1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da manufatura.

SOBRECINTO DE SEMENTES
Def. Prolongamento vertical do dnto que ador­
na os quadris. É formado de pingentes de se­
mentes negras, ou negras e brancas, perfuradas,
com ou sem ornamento plumário. Os.sobrecin- Tanga de miçangas. índios Mayongong, M. N. nP 20.010.
tos das índias Kaapor dão toda a volta à cintu­ Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do tecido e do cos.

182
A d o r n o s e c lé tic o s
TANGA DE SEMENTES
Def. Espécie de avental usado pelas mulheres
para cobrir as partes pudendas. É tecido em tear
tipo Ucaíali, ou tear em arco, com fio de algo­
dão, sementes negras e arremate de coquinhos
cortados ao meio.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)
T. Rei. Tanga de miçangas
Consulte: 30 Cordões e tecidos, Glossário com­
plementar.

Tatuador de madeira com dente de cutia. índios Asuriní, M. N.


n<? 40.882. Esc. 1:3. A. Vista do dorso da peça. B. Vista lateral
direita. C Vista do ventre da peça.

TEMBETÁ
Def. “ Do tupi e do guarani (. . .) composto de
Tanga de sementes. índios Wapitxâna, M. N. n ? 277. Esc. 1:7,5.
tembé, seu lábio inferior, e itá, pedra. (. . .)
A. Vista da peça. B. Detalhe de fixação das sementes. C. Detalhe Tornou-se costume chamar de tembetá todo o
do acabamento. objeto duro e inflexível que os índios se intro­
duzem no furo artificial do beiço inferior, com
exceção do botoque. O tembetá, quanto sabe­
TATUADOR mos até agora, é privilégio exclusivo do sexo
Def. Implemento com gume afilado com que se masculino. Em geral, a sua forma e a espécie
fazem incisões decorativas na pele. Nelas intro- de material (osso, concha, pedia, resina endure­
duzem-se substâncias corantes que tomam cida e madeira) variam segundo a idade do por­
os desenhos indeléveis. Objetos distintos são tador”. (Baldus, H & Willems, E. 1939:218),
utilizados com esse fim, desde lascas de sílex Reservamos o vocábulo tembetá apenas para os
ou quartzo, unhas de gavião, dentes de peixe- confeccionados com matéria-prima mineral.
cachorro, até tabuletas com dentes de roedor. Outros adornos labiais, de conformação alonga­
Os Tapirapé empregam o próprio formão (Bal- da, são chamados labrete, adjetivados segundo
dus 1970:105 foto 18). os materiais de que são feitos.
T. Gen. Objetos de toucador (05) T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)
T. Rei. Labrete
Botoque
V. tb. Matérias primas (5 (102)

TEMBETÁ DE QUARTZO
Def. Adomo labial roliço, com um prolonga­
c. t> mento em “ T” na extremidade que se intro­
duz no furo do beiço, e a ponta oposta rombu­
da ou com saliência em forma de cogumelo. É
feito de cristal de rocha, quartzo hialino ou lei­
Tatuador de núcleo de pedra. índios Karajá, a p u d Krause 1941- toso. Especialidade dos Tapirapé (Baldus
44 vol. 79:277 fig. 52. Tamanho natural. 1970:126) que o intercambiam com os Karajá

183
4domos ecléticos
(Krause 1941-44 v. -81:223-224) e provavel­ TUBO PENDENTE DA CABELEIRA
mente também com os Kayapó. Def. Tubo afunilado, feito de folíolo de olho de
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ palmeira, no qual se introduz a ponta das me­
ça (01) chas de cabelo que pende nas costas. Encontra­
T. Rel. Labrete do entre os Uriyó (Frikel 1973:176 est. 34b-
c) e outros grupos Karib. Existem variantes
ornadas de miçangas entre os Xarumá, que al­
cançam cerca de 15 cm de comprimento (ibí-
dem), bem como tubos de taboca bem mais lon­
gos, entre os Waiwai.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Tembetás de quartzo hialino e leitoso. índios Tupi (Tapirape'?),


M. N. ns. 30.685, 30.686, 30.687. Esc. 1:2. A. Vista das peças.
B. Secção reta transversal-circular. G Detalhe do ápice da peça.

TIPOIA DE LÍBER
Def. Faixa de tecido liberiano, de largura va­ Tubo pendente da cabeleira. Índios Tiriyó, apud Frikel 1973:
176 est. 34b-c. A. B. Vista da peça em dois ângulos. G Peça
riada, que se usa a tira-colo como porta-criança. com ornato plumário.
T. Gen. Objetos de uso pessoal (06)

Típóia de líber. Índios Waiwai, M. I. n? 79.5.55. Esc. 1:7,5.

T ORNOZELEIRA DE MIÇANGAS
Def. “ Adorno do tornozelo consistindo num
enrolamento mais ou menos extenso de um
cordão de miçangas” (Frikel 1973:172). Usado
pelas mulheres Tiriyó.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos dos
membros (03)
T. Rel. Jarreteira de miçangas Ilib o pendente da cabeleira. índios Waiwai, M. N. n9 39.631.
Nota: Sem protótipo nas coleções consultadas. Esc. 1:6.

18 4
A d o r n o s e c lé tic o s
TURBANTE DE CABELOS HUMANOS ULURI
Def. Cordel de cabelos humanos, que alcança Def. Designação em língua bakairí, difundida
até 16 m de comprimento é usado como coroa por toda a área do alto Xingu, para uma minús­
ao redor da cabeça, ou no birote do ocdpício, cula tanga feminina. Consta de um triângulo
pelos índios Borôro. (Albisetti & Venturelli de entrecasca de árvore, medindo os maiores
1962:419). Registrado também entre os Umo- 5,5 cm de largura por 2 cm de comprimento,
túia. de cujo vértice, voltado para baixo, pende um
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­ cordel perinal. O uluri é suspenso por um ou­
ça (01) tro cordel atado a um cinto de fios que con­
T. Rei. Turbante de pêlo de macaco tornam as cadeiras.
T. Gen. Indumentária e arranjos de decoro (04)

Turbante de cabelos humanos. índios Borôro, M. N. n ? 4.034.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do fio.

TURBANTE PÊLO DE MACACO


Def. Várias voltas de fio torcido de pêlo de ma­
caco amarradas num ponto único entre si são
usadas à maneira de coroa ao redor da cabeça
ou no birote do occipício pelos índios Borôro.
(Albisetti & Venturelli 1962:399). Ocorre
também entre os Umotúia.
T. Gen. Adornos de materiais ecléticos da cabe­
ça (01)

Turbante pêlo de macaco. índios Borôro, M. N. n<? 3.444. Esc. VESTE PÚDICA
1:5. Use: ESTOJO PENIANO

185
Adornos ecléticos
50 ADORNOS DE MATERIAIS
ECLÉTICOS, INDUMENTÁRIA
E TOUCADOR
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (50.00)

A presente categoria inclui adornos feitos de elenco de adornos corporais dos Bororo. Eles foram de­
elementos da flora, da fauna, do reino mineral e de pro­ talhadamente descritos e ilustrados com espécimes do
dutos industriais, excluídos os anteriormente inventa­ Museu Regional Dom Bosco, de Campo Grande, Mato
riados nas categorias que exigem um tratamento técnico Grosso, com suas designações indígenas e variantes refe­
específico, a saber: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos, ridas a subclãs, por Albisetti & Venturelli (1962). Tais
40 Adornos plumários. Compreende também peças de são, entre outros, os ornatos feitos com folíolos do olho
vestuário e arranjos de decoro, objetos para o cuidado do de palmeira usados como coroas, labretes, pulseiras,
corpo e de uso pessoal em que se emprega matérias-pri­ braçadeiras, jarreteiras e colares. Deixaram de ser defini­
mas e técnicas alheias às acima citadas. Os chocalhos dos e ilustrados, igualmente, ornatos corporais feitos de
em fieira usados nos tornozelos, abaixo dos joelhos ou materiais mistos — de origem vegetal, animal, mineral,
na cintura, manufaturados com cápsulas de frutos, cas­ industrial que apresentam variações difíceis de serem di-
cos de animais e outros materiais sonantes foram regis­ cionarizadas. Deles damos apenas alguns exemplos. Por
trados na categoria 60 Instrumentos musicais e de sina- não comparecerem nas coleções de museus deixaram
.lização. de ser desenhados — embora inventariados — alguns dos
A multiplicidade de adornos pessoais dentro de inúmeros adornos feitos com miçangas (bandoleiras,
uma mesma tribo e, mais ainda, no conjunto de todas colares, pulseiras, jarreteiras) que substituiram os que
elas, dificulta proceder a uma classificação tipológica eram feitos de sementes e coquinhos antes do contato
de modo a agrupar, em poucas unidades, a enorme com o branco.
diversificação desses artefatos. Isso se explica pelo fato No tópico Definições genéricas (50.01) expli­
de constituírem os adornos não só emblemas tribais co­ citamos o que entendemos por materiais ecléticos e
mo também insígnias de classes de idade, de um e outro outros termos globalizantes. O tópico Matérias-primas
sexo, bem como distintivos clânicos. Cada uma dessas (50.02) relaciona as que foram levantadas na bibliografia
categorias de pessoas, recebe ou elabora, ao longo da vi­ consultada, bem como as do fichário do Museu do índio,
da, um enxoval de conjuntos ornamentais apropriado à da museóloga Marilia Duarte Nunes, baseado nas infor­
sua condição social. Ele é tanto mais rico e variado quan­ mações prestadas pelos colecionadores. Ele está longe de
to mais complexos forem a organização social e a ence­ abranger todas as substâncias empregadas nessa classe de
nação ritual de que os indivíduos participam desde o artefatos compendiando, no entanto, as mais comuns. O
nascimento até as várias fases do ciclo de vida. tópico Processos de manufatura (50.03) ilustra a técnica
A exemplo do que fazem outros autores (Frikel de construção de artefatos tecidos com miçangas, resu­
1973:163) deixamos de estabelecer uma distinção entre mida das fontes disponíveis. Informações sobre a manu­
adornos cotidianos e os de ocasiões especiais, uma vez fatura de contas são dadas nas respectivas matérias-pri­
que não cabe no presente trabalho. Como se sabe, os mas.
adornos corporais — sejam os de cordéis e tecidos, tran­ O presente capítulo baseia-se em dados recolhi­
çados, os plumários ou os da presente categoria — pos­ dos nas monografias etnográficas, anteriormente cita­
suem, a par do seu valor estético-decorativo, proprieda­ das, que incluem informações detalhadas sobre a cultura
des adicionais mágico-religiosas. Aqueles que, na biblio­ material indígena. De grande valia foram: Albisetti &
grafia ou nos catálogos dos museus figuram como expli­ Venturelli (1962) sobre os Bororo; o catálogo do Museu
citamente de caráter mágico, ou seja, com caráter de Rgorini (Zevi et alii 1983) e do Museu de Berlim (Hart-
amuletos, foram compendiados na categoria 90 Objetos mann 1986), bem como a classificação dos carimbos pa­
rituais, mágicos e lúdicos. ra pintura corporal de Baldus (1961-2), e a dos pentes do
Distinguimos indumentária de adorno embora Pé. W. Schmidt (1942), que adotamos. Ao setor de mala-
seja difícil estabelecer os limites entre ambos. A tanga cologia, do Museu Nacional, devemos a identificação e
de sementes ou de miçangas, por exemplo, poderia figu­ atualização dos nomes científicos dos moluscos.
rar num ou noutro grupo. Colocamo-la no grupo do ves­
tuário, uma vez que nele elencamos o que se costuma D E FIN IÇ Õ E S G ENÉRICAS (5 0 .0 1 )
chamar “arranjos de decoro” .
Para não sobrecarregar a nomenclatura e por ADORNOS DE MATERIAIS ECLÉTICOS
não comparecerem, geralmente, nas coleções dos mu­ Def. Compreendemos por essa expressão os
seus, deixaram de ser inventariados alguns itens do vasto objetos que ornamentam o corpo feitos de ma-

186
A d o r n o s e c lé tic o s
térias-primas da flora, fauna, minerais e produ­ 4) Os colares de concha de madrepérola dos ín­
tos industriais, excluídos aqueles que, como os dios Xikrin são feitos de itã, informa Frikel
adornos plumários, os de cordame e tecidos e (1968:73). “ Itã é o nome que na Amazônia e
os trançados, foram inventariados nas respec­ no Nordeste se dá às conchas dos moluscos bi­
tivas categorias. Não obstante serem os atavios valves” (Ilhering 1968:362), classificados como
do presente elenco providos de cordéis, tecidos sendo dos gêneros Glabaris (atualmente Ano-
ou apêndices plumários, esses suportes ou com­ dontites) e Castalia, pelo mesmo autor.
plementos não representam a matéria ou a téc­ 5) Os ornatos de madrepérola dos Bororo, bas­
nica fundamental. Por outro lado, o vocábulo tante variados, incluindo colares, labretes, au­
“eclético” tem o propósito de enfatizar a com­ riculares e outros, são confeccionados com a
binação de várias matérias-primas em um mes­ carapaça do caramujo do gênero Corona (famí­
m o o rn a to , p re se n te s, sobretudo, em colares. lia Bulimulidae), fotografado por Albisettí 81
Venturelli (1962:515).
CANUTILHOS 6) As conchas fotografadas por Krause, entre os
Def. Esse vocábulo é reservado aos tubos frag­ Karajá, reproduzidas na prancha 45 figs. la, b, c
mentados de ossos longos de aves e tabocas pre­ (1941-44 voL 81) foram identificadas pelo Se­
sentes em diversos adornos de materiais ecléti­ tor de Malacologia do Museu Nacional como
cos. sendo, respectivamente, dos gêneros Callomia,
Leila e Paxyodon. Do primeiro gênero — con­
CONTAS cha grossa e triangular — os Karajá fazem la­
Def. Por esse termo procuramos caracterizar os bretes “de brilho alvacento, de foima grossa,
pequenos discos ou “pérolas” — como são de­ terminando quase sempre em ponta recurva­
signados por alguns autores — com um furo no da, ou apresentando formas arqueadas” (Krause
centro feitos de endocárpio do coco de palmei­ 1941-44 vol. 81:188-9, fig. 55a-c); os labretes
ra, principalmente das várias espécies do gênero feitos de concha bicúspide (Paxyodon sp.)
Astrocaryum, de caramujo ou de concha naca­ “caracterizam-se por um brilho de madrepérola,
rada (madrepérola), de osso ou pedra, e até são chatos e estreitos, em forma de vareta ou
mesmo de metal ou plástico. Quando se trata de cunha com remate geralmente laigo” (ibi-
de contas de vidro ou porcelana empregamos a dem e fig. 56 a-c).
palavra miçanga. 7) Dentre os objetos existentes no Museu Na­
cional, em 1865, Ladislau Netto (1870:273)
menciona “ uma porção de concha de moluscos
MATÉRIAS-PRIMAS (50.02) do gênero Dentalium (D. fascicuktum), em for­
ma de cones delgados que os índios da provín­
I. Matérias-primas de origem animal cia do Espírito Santo costumam trazer enfia­
das ao pescoço e nos braços à guiza de colares
ACÚLEOS DE OURIÇO CACHEIRO e braceletes” .
O mamífero roedor ouriço cacheiro, da família Para arredondar os fragmentos de caramujo ou
dos Eretizontídeos, cuja denominação científi­ concha, imprimindo-lhes forma e tamanho uni­
ca é Coendou prehensis (Albisettí & Venturelli forme, os índios perfuram-nos, previamente, e
1962:672) fornece os acúleos com que são con­ enfiam-nos num cordel. A fileira de fragmentos
feccionados inúmeros ornamentos pessoais dos quadrangulares é colocada numa calha de ta­
Borõro. quara, tendo as arestas polidas pacientemente
com um seixo rolado ou um caco de cerâmica,
CARAMUJO E CONCHA rodando-se continuamente a fileira no interior
1) Segundo Karl v.d. Steinen, os colares de pla­ da calha. Da mesma maneira são arredondados
quetas retangulares — especialidade dos grupos os fragmentos de osso ou coco tucum até adqui­
Karib do alto Xingu —são confeccionados com rirem a forma de pequenos discos ou contas.
a carapaça de um caramujo (Orthalicus mela-
nostomus), da família Bulimulidae. “ Fazia-se a CARAPAÇA
perfuração com o dente do peixe-cão ou com o A couraça do tatupeba e de outros tatus é usada
pequeno fuso rotatório em cuja extremidade se para fazer bolsas, enquanto que as placas soltas
atava uma pequena lasca triangular de pedra” da cauda desta e de outras espécies (família
(Steinen 1940:225). Dasipodídeos) são preparadas para servir de
2) Os colares de contas discóides eram feitos de pulseiras. Da pele caudal do camaleão (Iguana
caramujo Bulimus, segundo Steinen, (poste­ tuberculata) e do teiú (Tupinambis tequixin)
riormente designado Strophocheilus e, atual­ fazem anéis os Canela (Nímuendaju 1946:56)
mente, Megalobulimm), um molusco gastrópo- e os Karajá (Krause 1941-44 vol. 82:286).
de, cujo nome vulgar é caramujo-do-mato
(R. v. Dieting 1968:204). COURO
3) Os inúmeros adornos de concha dos índios Couro de onça Felis onsa L.) é empregado pelos
Marúbo estão registrados no Museu do Índio, Nambikuára para fazer capacetes (Roquette-
pelos seus colecionadores, sob o nome vulgar Pinto 1917:187), pelos Bororo para braça­
de aruá que, segundo Ihering (1968:112), desig­ deiras (Albisettí & Venturelli 1962:317), pelos
na vários caracóis de água doce do gênero Am- índios do alto Xingu e vários outros para fazer
pullaria. cintos ou fitas frontais. Para os mesmos fins

187
Adornos ecléticos
emprega-se altemativamente couro de jaguatiri­ cem também unhas de gavião. As do tatu canas­
ca ou maracajá (Felis pardalis chibigomzou). tra, da família dos Dasipodídeos (Priodontes
giganteus), são usadas nos peitorais dos Borôro
DENTES e outras tribos.
Para escarificar a pele utiliza-se um triângulo de
cuia (Crescentia cujete) que tem encravada uma OSSOS
série de dentes de peixe-cachono, da família Os pentes dos Tiriyó, Waiwai e outros grupos de
Caracídeos, subfamüia Hidrocionúieos, com vá­ língua Karib possuem um cabo de osso oco de
rios gêneros e espécies; ou os dentes do peixe macaco coatá (gênero Ateies) ou do urubu-
traíra, subfamília Eritriníneos (Erythrinus sp.) rei (Gypagus papa). Corta-se o osso longitudi­
(v. d. Steinen 1940:252). Também os dentes nalmente, enche-se com cerol e nessa abertura
da cutía, roedor da família Caviídeos (Dasy- são embutidos os dentes do pente (Frikel
procta aguti) se prestam a esse fim. Dentes de 1973:159). Canutilhos de ossos são enfiados
mamíferos são amplamente empregados na con­ em cordéis para construir colares e pulseiras;
fecção de colares e cintos, notabilizando-se os fragmentos de ossos são colados sobre um aro
da onça, da família dos Felídeos (Felis onsa), de ouriço de castanha. Neste caso trata-se de
da jaguatirica (Felis pardalis chibigouazou), ma­ ossos de mutum (Crax sp.) empregados pelos
cacos, da família dos Cebídeos, dentre os quais Asurini para fazer pulseiras, os quais também
são mais citados, o macaco-prego (Cebus apella perfuram e arredondam esses fragmentos para
e C macrocephalus), os bugios ou guaribas, do fazer contas dos colares. (B. Ribeiro 1982:49).
gênero A lom tta (antigamente conhecido como Os Asurini recortam ossos longos de anta (Tapi-
Mycetes). Dentes de queixada (Tayassu albiros- rus americanus), para imitar dentes incisivos e
tris) e de caititu (Tayassu tayassu), da família molares de macacos, na construção de colares
dos Suídeos são também largamente empre­ (B. Ribeiro op. cit.: 49). Da mesma forma pro­
gados na confecção de colares. Excepcional­ cedem outras tribos imitando dentes de felinos.
mente são citados para esse fim dentes de jaca­ Na manufatura de colares e pulseiras são empre­
ré, réptil da família Crocodilídeos, gênero Cai- gados ainda: costelas e vértebras de cobras, pás­
man saros e peixes. Ossos de jaguar pontiagudos e de
outros animais de maior porte (veado, ema)
ÉLITROS são empregados como furadores de lábio, ore­
As asas coriáceas iridiscentes de algumas espé­ lhas e septo nasal.
cies da ordem zoológica dos Coleópteros, bem
como suas partes bucais mordentes (mandí­ PÊLOS
bulas), são empregadas como arremate de di­ Cintos, braçadeiras e coroas são feitos de pêlo
versos ornatos e também como colares em algu­ de animais. Do pêlo do jupará, também conhe­
mas tribos. Na bibliografia é mencionado ape­ cido como japurá ou “macaco da meia noite”
nas o gênero e a espécie Euchroma gigantea L. (Po tos flavus, antigamente Cercoleptes caudi-
(Koch-Grünberg 1982 vol. 3:41) da família dos volvulos), da família dos Procionídeos, os ín­
Buprestídeos, cuja designação vulgar é mãe-de- dios do alto rio Negro fazem braçadeiras e a en-
sol (Biering 1968:428) tramação da placa emplumada do occipício
(Verthem 1975:17). Para o mesmo fim, isto é,
GALHAS DE INSETOS entretecer adornos plumários, os grupos dessa
Galhas ou cecídios, que são excrescências pro­ região utilizam o pêlo do macaco cuxiú (Pithe-
duzidas por insetos, em grandes quantidades, na cia satanas) (ibidem). Da mesma matéria-prima
porção inferior das folhas de Licania cecidio- os Nambikuára fazem cordas para atavios (Ro-
phora Prance (família Chrysobalanacea), consti­ quette-Pinto 1917:185). Os Umotína e Borôro
tuem, a par das sementes de Cama spp., a ma­ fazem turbantes de pêlo de macaco não identi­
téria-prima favorita dos índios Aguarana (grupo ficado; os Tiriyó e outros grupos Karib empre­
Jívaro), e talvez de outros grupos, para a con­ gam o pêlo negro do macaco coatá (gênero A te­
fecção de colares e bandoleiras. Segundo Prance ies, provavelmente A. paniscus) na confecção de
(1986:133), de quem tomamos essas informa­ cintos (Roih 1970:439; Frikel 1973:164).
ções, as galhas são “de conformação redonda,
com um orifício no meio, medem aproximada­ RAQUES DE PENAS
mente 4mm de diâmetro, têm cor chocolate es­ A parte cómea, oca, das penas é enfiada em cor­
curo e são bastante regulares” . Os colares mais del para construir colares e pingentes. Os canu-
fartos são constituídos por 40 fios entrelaçados tílhos são geralmente entremeados de sementes,
com aproximadamente 130 cm de comprimen­ miçangas, etc.
to. Cerca de oito galhas cobrem um centíme­
tro e uma vez que cada fio contém 1.040 exem­ II. Matérias-primas de origem vegetal
plares, um colar de 40 voltas teria aproximada­
mente 41.600 galhas. (Prance 1986:133). BABAÇU(Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.)
O endocárpio do coco dessa palmeira, secciona­
GARRAS do ao meio e embebido no sumo de jenipapo
As unhas de felinos são empregadas para fazer misturado com carvão (feito de pau-marfim ver­
coroas e colares entre os Bororo, Tapirapé e dadeiro — Agonandra brasiliensis Miers — no
índios do alto Xingu. Em alguns colares apare­ caso dos Xikrín, segundo Frikel (1968:55),

188
Adornos ecléticos
serve para carimbar desenhos estrelários na pele. fruto esférico, de 10 a 14 cm de diâmetro, ama­
Este tipo de carimbo é registrado entre os Ca­ relo, deiscente, contendo três a quatro sementes
nela-Ramkokamekra por Nimuendaju (1946:54) cujas amêndoas são oleaginosas. Cf. Roth 1970:
e entre os Bororo por Albisetti & Venturelli 434; Le Cointe 1947:151).
(1962:75). Os folíolos do broto dessa palmeira,
também conhecida como curuá, na Amazônia, CORAÇÃO DA ÍNDIA (Cardiospermum microcarpum
como acurí, píndoba ou uauaçu, proporcionam H. B. K.)
a matéria-prima para os estojos penianos dos Família das Sapindáceas. Erva cultivada no
Borôro (Albisetti & VenturelÜ 1962:814). Os quintal e nas roças empregada na feitura dos
Nambikuára utilizam o coco da pindoba —que brincos com arremate de plumas pelos índios
Roquette-Pinto (1917:187) registra sob o nome Araweté (informação pessoal de William Balée).
científico de Attalea speciosa — para fazer pul­
seiras. INAJÁ (Maximiliana martiam Karst.)
Palmácea, cujo coco marrom claro é empregado
BÁLSAMO DE TOLÚ (Myroxylon toluifera H. B. K.) para fazer anéis e figuras escultóricas para cola­
Família das leguminosas pipilionáceas. Roth res por diversas tribos.
(1970:434) identifica as sementes de colares
usados pelas mulheres Wapitxâna como sendo LÁGRIMA DE NOSSA SENHORA (Coix lacryrm-jobi
desse gênero e espécie. L)
Erva da família das Gramíneas que alcança até
BAMBU 2 m de altura. “ Os frutos esbranquiçados, li­
Uma espécie de bambu de tamanho médio é geiramente azulados, lustrosos, são usados pelos
usada para fazer os tubos para prender os cabe­ índios e pelas populações do interior na confec­
los dos Waiwai e outros grupos Karib. (Yde ção de ornamentos, colares, rosários, etc.” (Sil­
1965:86). O autor menciona a planta Cuatre- va et aKi 1977:51). Essa planta, nativa do Velho
casea spruceana para esse fim. (op. cit.:93). Mundo, aclimatizou-se na América tropical
(Qenboski 1975:125).
CABAÇA AMARGOSA (Lagenaria vulgarís Ser.)
A casca do pequeno fruto elipsóide cortada ao
LÈER
meio, em sentido transversal, é empregada co­
Entrecasca de árvore das famílias Lecitidáceas,
mo arremate dos pingentes de sementes e mi­
Sterculiáceas, e Moráceas. Na Amazônia, o
çangas de diversos adornos. Planta da família
líber (ou tapa) é conhecido sob a alcunha de
das Cucurbitáceas.
tururi. É empregado pelos índios para a indu­
mentária cotidiana e, sobretudo, a ritual de
CANA DA ÍNDIA (Cahna indica Lind.)
dança, para fazer painéis decorativos para divi­
Família das Canáceas, também conhecida como
sórias das malocas, escabelos, aventais pintados
bananeirinha da índia. Fornece sementes pretas
masculinos, tipoias, saquinhos, etc. O método
globosas, muito duras, empregadas na confec­
de preparo é descrito com detalhes por Gastão
ção do sobrecinto das índias Urubus-Kaapor
Cruls (1952:94), como segue: “O processo
(informação pessoal de William Balée). Essa
(de obtenção) consiste em raspar primeiro a
matéria-prima é largamente empregada por ou­
tras tribos para ornatos diversos. epiderme da casca de uma árvore ainda de pé,
de maneira a colocar à mostra a sua parte inte­
CASTANHA DO PARÁ (Bertholletia excelsa H. B. K.) rior, branca e mais tenra. Depois faz-se nessa
O ouriço, ou cápsula lenhosa que contém as cas­ uma incisão longitudinal, maior ou menor, mas
tanhas é cortado em círculos usados para pulsei­ que, em profundidade atinja apenas a superfície
ras. O óleo da castanha é empregado na pintura do lenho e, a seguir, duas outras transversais,
facial e corporal e para lustrar os adornos do partindo dos dois extremos da primeira e abran­
endocárpio do tucum. (Yde 1965:87). O ouri­ gendo a circunferência do tronco. Assim, dada
ço é empregado como receptáculo para produ­ a distância entre os dois cortes transversais e
tos de toucador. paralelos e tomada em consideração a grossura
do tronco, ter-se-á um pano retangular de ta­
manho proporcional àquelas. Entre os lábios
CASTANHA SAPUCAIA (Lecythis sp.)
da ferida longitudinal o operador introduz en­
O ouriço dessa árvore grande e volumosa é em­
tão uma espátula de madeira, que age à maneira
pregado como recipiente para tinta ou óleo usa­
de cunha, e com a qual, a golpes delicados, para
dos no cuidado do corpo. Planta da família das
não ferí-la, vai destacando a estopa. Uma vez
Lecitidáceas.
conseguida esta, é logo — enquanto ainda úmi­
da — aberta sobre um plano duro e horizontal,
CAXIRAMA (Bactris chloracantha Poepp.) e submetida a demorado processo de batimen­
Família das palmáceas. “ Os caroços são usados to, feito com o auxílio de um macete, também
como enfeites pelos indígenas” (Le Cointe de madeira, e que apresenta, na superfície ci­
1947:339). líndrica, vários entalhes ao comprido. Essa ope­
ração visa a fazer com que o primitivo pano,
COMADRE DE AZEITE ( Omphalea diandra Aubl.) sempre grosso e de aspecto esponjoso, pela de­
Família das Euforbiáceas. Os Tiriyó e outros sagregação das fibras, dispostas em camadas
grupos Karib fazem colares das sementes desse regulares, se desdobre em uns tantos panos, já

189
Adornos ecléticos
então de natureza mais delgada. São estes que, PERIQUITEIRA DA MATA (Cochlospermum orinoc-
depois de secos ao sol, vão servir à confecção cense (H. B. K.) Stend)
dos vários artefatos. Por vezes, como no caso Família das Coclospermáceas. Árvore mediana
das máscaras, os panos, enquanto úmidos, freqüente nas capoeiras de terra firme. Semen­
já são moldados nas várias formas que deverão tes helicoidais com pêlos longos são preparadas
tomar, e só depois é que são levados à seca­ para uso em colares pelos índios Araweté (in­
gem. Quando se desejam peças inteiriças, em formação pessoal de William Balée).
forma de manga ou cilindro, e é ainda o caso
das máscaras e das roupas, então se torna ne­ TENTO
cessário abater a árvore para conseguir um bom “Nome em geral aplicado às espécies Ormosia,
toro e praticar a operação de desprendimento com sementes geralmente coloridas (bicolores),
da entrecasca, não por meio do corte longitu­ brilhantes” (Silva et alii 1977:196). A propó­
dinal, mas pelo rebordo da superfície de sec­ sito do seu emprego pelos Tiriyó, informa
ção” . Frikel (1973:168): “Ocasionalmente, também
No alto rio Negro é a caxinguba (Ficus anthél- fazem colares de wétao, conhecido como “ten­
minthica Mart.), uma Morácea do subgênero to” . Embora tenham uma cor vermelha viva
Pharmacosycea que fornece o líber para a feitu­ com uma cabecinha preta, não são muito pro­
ra das indumentárias de dança; entre os Tukúna curadas, por serem extremamente duras. Para
emprega-se, para o mesmo fim, a llanchama prepará-las, são primeiro cozidas, perfuradas e
branca (Ficus radula Wílld (também Pharmaco­ depois enfiadas” . Da mesma forma preparam
sycea radula Liebm.) e a llanchama vermelha os Waiwai as sementes de um arbusto não iden­
(Poulsenia armata (Miq.) Standl.), ambas da tificado para fazer colares e tangas. Elas são
família das Moráceas, segundo Glenboski colhidas verdes, cozidas durante muitas horas,
(1975:112, 113). Da família das Sterculiáceas, e depois postas a secar no sol, adquirindo cor
Le Cointe (1947:475) menciona o tururi pro­ castanha. São furadas com arame, enfiadas com
priamente dito, do gênero Sterculia. Os Waiwai agulhas e tecidas em tear-em-arco, a exemplo
extraem o líber da copaíba (Copaifera multi- das tangas de miçangas. (Informação pessoal de
juga Hayne) (ou Copaifera pubiflora) (Yde Gatherine Howard).
1965:86), e os Borôro do pau-de-jang^da, da fa­
mília das Tiliáceas. TENTO AMARELO (Ormosia excelsa Benth)
Consulte: 80 Utensílios e implementos de ma­ Família das leguminosas papilionáceas. “ Frutos
deira e outros materiais, e 90 Objetos rituais, com sementes unicolores, amarelo-alaranjado
mágicos e lúdicos, Glossários complementares. pálido, com pouco brilho” (Silva et alii 1977:
196). São usadas por diversas tribos para fazer
colares.
MULUNGU (Erythrina cristagalli L.)
A semente do mulungu, vermelha com pinta TENTO GRANDE (Ormosia nitida Vog.)
preta, é utilizada para fazer colares pelos índios Da família Leguminosas papilionáceas. “Fruto
Pankararu. Para isso esquentam um arame e (vagem) oblongo e comprimido, contendo 1-3
furam a semente. A árvore pertence à família sementes grandes, vermelhas ou bicolores, que
das Leguminosas papilionoideas. (Informação os índios utilizam na confecção de colares e
da índia Pankararu Quitéria Maria de Jesus). outras aplicações” (Pio Corrêa 1978 vol. VI:
223). Sinônimos: olho-de-cabra, olho-de-onça,
olho-de-pato, jandu. Essa espécie é citada por
Lévi-Strauss (1986:38) como matéria-prima
MUMBACA(Astrocaryum mumbaca Mart.\Bactris sp.)
para colares.
Família das Palmáceas. As cascas do coco parti­
das ao meio são usadas pelos Kashuyéna nos
TENTO PEQUENO (Rhynchosia phaseoloides DC.)
pingentes de miçangas arrematados por penas
“Fruto vagem com sementes bicolores (verme­
(Yde 1965:91).
lho e preto), ligeiramente comprimidas lateral-
mente”. (Silva et alii 1977:197). Essa espécie
é citada sob o nome vernáculo de “olho-de-
OURICURI (Cocos coronata M.) pombo’’ para fazer colares pelos Borôro (Al-
Os Pankararu, de ftm am buco, empregam o co- bisetti 8í Venturelli 1962:870).
quinho dessa palmeira para fazer colares. O fio
utilizado é da fibra do ouricuri.

TIRIRICA (Scleria pratensis Lindl.)


PAXIÚBA BARRIGUDA (Iriartea ventricosa Mart.) As sementes dessa erva graminiforme, da famí­
Família das Palmáceas. Os palitos dos pentes de lia das Ciperáceas, conhecida também como ca­
diversas tribos são constituídos das raízes aéreas pim tiririca ou capim navalha, são largamente
dessa palmeira. Com o mesmo objetivo empre­ empregadas pelos grupos Tímbíra em seus ador­
ga-se a nervura da folha dessa e de outras pal­ nos pessoais. “Para perfurá-las, é necessário sub­
meiras (inajá, bacaba). Uma vareta de paxiúba metê-las a um polimento com uma pedra de
com pendentes de miçangas e cascas de frutos amolar num único ponto. Isto se faz com a aju­
arrematadas por plumas é introduzida no centro da de um fragmento de cabaça que tenha uma
do disco de madeira do botoque Xikrin. abertura na medida certa para conter a curva-

190
A d o r n o s e c lé tic o s
tura da semente, a qual se projeta para fora meio de dois fios que, após enlaçar o elemento
quando colocada no orifício” . (Nimuendaju da urdidura e ensartar duas miçangas, se entre-
1946:55). cruzam segundo a técnica de entretorcer. A
alternância de cores e a disposição das contas de
TUCUM (Astrocaryum spp.) vidro permitem desenvolver desenhos ornamen­
Do coco de diversas espécies dessa palmeira, os tais provenientes do trançado, enriquecidos'
Tukúna e outros grupos esculpem figurinhas daqueles passíveis de efetuar-se com este tipo
para colares e anéis. Da fibra fazem-se os cor­ de material.
dões para as enfiadas. Consulte: 30 Cordões e tecidos. Glossário com­
plementar.
TUCUM-MIRIM (Bactris sp.)
Família das palmáceas. O coco dessa palmeira
foi identificado num colar dos índios das Guia-
nas (M.N. n? 8.215).

URICURI (Scheclia excelsa Carst.)


Família das palmáceas. 0 coco dessa palmeira
foi identificado em colares dos índios Tukúna
(M. N. n9 40.741).

(?) Dacryodes sp
Árvore com pequenas sementes, cujas cascas le­
nhosas marrons são cortadas ao meio, assumin­
do a forma de sinos apensos às tangas femininas
de miçangas ou de sementes, sendo encastoadas
com tufos de plumas. (Yde 1965:86).

(?) Lucuma sp.


Roquette-Rnto (1917:187) informa que os Processo de manufatura do cinto de miçangas. índios Taulipáng,
Nambikuára utilizam as sementes de uma Sa- apud Koch-Grünberg 1982:34 prancha III fig. 4. Esc. 1:2.
potácea (Lucuma sp.) e de uma Gperácea (não
identificando o gênero) para fazer colares.

Hl. Matérias-primas de origem mineral


TANGA DE MIÇANGAS
Segundo estudo de Ladislau Neto (1877:36),
Def. A tecedura das tangas de miçangas (ou de
os tembetás eram feitos, em sua maior parte de
sementes) se processa em tear em arco (ou tear
“. . . nefrita, beril, quartzo hialino, ortrose ver­
tipo Ucaiali). Monta-se o urdume na urdideira
de, isto é, rochas de um colorido mais ou menos
superior e amarram-se as pontas soltas, em gru­
verdacento cuja dureza deveria exigir esforços
pos, na urdideira inferior. As enfiadas de mi­
inusitados por parte do artesão que não tinha
çangas são entramadas da maneira descrita para
outros instrumentos que o saibro e a água e al­
o cinto de miçangas. No bordo inferior, o urdu­
gumas folhas silicosas de nossas florestas, e cujo
me é deixado solto em forma de franja.
mecanismo era o frotamento do saibro ou o
Consulte: 30 Cordões e tecidos. Glossário com­
dessas mesmas folhas, empregadas durante vá­
plementar.
rios anos contra o objeto que se desejava trans­
formar numa preciosa jóia” (Netto 1877:36).
Para a manufatura das contas de pedra, os mi­
nerais empregados são: granito, gnaisse, diabá-
sio, primordialmente, e sílex, no Sul.

IV. Matérias-primas de origem hum ana


Como resultado de espólios de guerra, alguns
grupos indígenas empregavam dentes humanos
para fazer colares. Com cabelos humanos, os
Borôro, Umotína e outros grupos fazem turban­
tes de cordas enroladas em volta da cabeça, ou
como arremate dos labretes.

PROCESSOS DE M A N U FA T U R A (5 0 .0 3 )

CINTO DE MIÇANGAS
Def. A urdidura, composta de uma série de cor­
déis de algodão mais grossos que os da trama,
Tanga de miçangas em processo de manufatura. índios Waiwai,
é montada em tear amazônico, isto é, com ur- M.N. n ? 41.161. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do mo­
dume na vertical. A entramação se processa por tivo decorativo. C. Entramação das miçangas.

191
Adornos ecléticos
60
INSTRUMENTOS MUSICAIS
E DE SINALIZAÇÃO

193
Instrumentos musicais
\

SS
60
INSTRUMENTOS MUSICAIS
E DE SINALIZAÇÃO

GRUPOS GENÉRICOS T. Esp. Arco de boca


Arco musical
N? Grupo Viola

01 Aerofone IDIOFONE (03)


Def. Instrumentos que soam mediante a vibra-
02 Cordofone ção da própria matéria de que são feitos.
Uso: Instrumentos sonoros e de sinalização.
03 Idiofone T. Esp. Bastão maciço de ritmo
Bastão oco de ritmo
04 Membranofone Chocalho de vara
1 Chocalho em cacho
Chocalho em fieira
AEROFONE (01) Chocalho globular
Def. Instrumentos que produzem som mediante Chocalho tubular
a vibração do ar soprado no interior de um re­ Chocalho tubular duplo
ceptáculo (instrumentos de sopro) ou através da Idiofone de fricção
vibração do ar, quando postos a girar em torno Lança-cho calho
de seu eixo (aerofones livres, como os zunido- Paus entrechocantes
res). Os instrumentos de sopro podem ser feitos Reco-reco
de madeira, taquara, barro, etc.; foram classifi­ Sistro
cados como flautas e apitos, trompetes e instru­ Taça-chocalho de cerâmica
mentos de palheta. Os zunidores são feitos ge­ Tambor de carapaça
ralmente de madeira. Tambor de fenda
Uso: instrumento musical e sonoro. Tambor de madeira oca
T. Esp. Aerofone de palheta Tambor de tábua de madeira
Apito de cabaça
Apito de cerâmica MEMBRANOFONE (04)
Flauta com aeroduto externo Def. Instrumentos dotados de membrana e cai­
Flauta de pã xa de ressonância que soam quando percutidos.
Flauta dupla com aeroduto externo Uso: instrumento sonoro.
Flauta globular com aeroduto T. Esp. Tambor d’água
externo Tambor de cerâmica
Flauta globular sem aeroduto Tambor de pele
Flauta nasal
Flauta reta com aeroduto ITENS
Flauta reta de osso
Flauta reta sem aeroduto N? Item
Flauta reta sem orifícios 01 Aerofone de palheta
Flauta transversa com orifícios 02 Apito de cabaça
Flauta transversa sem orifícios 03 Apito de cerâmica
Trompete poliglobular 04 Arco de boca
Trompete politubular 05 Arco musical
Trompete reto 06 Bastão maciço de ritmo
Trompete transverso 07 Bastão oco de ritmo
Trompete transverso de cerâmica 08 Chocalho de vara
Zunidor 09 Chocalho em cacho
10 Chocalho em fieira
CORDOFONE (02) 11 Chocalho globular
Def. Instrumentos que produzem som mediante 12 Chocalho tubular
a vibração de uma ou mais cordas estendidas 13 Chocalho tubular duplo
entre dois pontos fixos. 14 Idiofone de fricção
Uso:instrumento musical 15 Flauta com aeroduto externo

195
In str u m e n to s m u sicais
16 Flauta de pã APITO
17 Flauta dupla com aeroduto externo Def. Flauta globular sem aeroduto, com ou sem
18 Flauta globular com aeroduto externo orifícios de digitação. É construída de materiais
19 Flauta globular sem aeroduto de forma naturalmente arredondada ou nos
20 Flauta nasal quais se possa imprimir essa forma: frutos, con­
21 Flauta reta com aeroduto chas, cerâmica, madeira. O sopro do ar, dirigido
22 Flauta reta de osso contra um gume em um orifício no corpo do
23 Flauta reta sem aeroduto instrumento, produz som. Quando não dispõe
24 Flauta reta sem orifícios de outros orifícios para digitação, produzindo
25 Flauta transversa com orifícios um único som, esse tipo de flauta é chamado
26 Flauta transversa sem orifícios apito. Recebe a mesma designação, embora com
27 Lança-chocalho orifício, se for usado como sinalizador. Apitos,
28 Paus entrechocantes usados freqüentemente como colares nas via­
29 Reco-reco gens para chamar os companheiros, ou como
30 Sistro pio para atrair animais de caça, não são exata­
31 Taça-chocalho de cerâmica mente instrumentos musicais, mas sim instru­
32 Tambor d’água mentos sonoros de sinalização. Integram o gru­
33 Tamor de carapaça po dos aerofones.
34 Tambor de cerâmica
35 Tambor de fenda APITO DE CABAÇA (Gourd whistle, i.)
36 Tambor de madeira oca Def. Flauta sem aeroduto, provida ou não de
37 Tambor de pele orifícios, de forma geralmente arredondada,
38 Tambor de tábua de madeira usada como sinalizador para chamar compa­
39 Trompete poliglobular nheiros em viagens ou como arremedo para
40 Trompete politubular atrair animais de caça. Para isso o apito pende
41 Trompete reto de um colar.
42 Trompete transverso Sin. Pio de cabaça
43 Trompete transverso de cerâmica T. Gen. Aerofone (01)
44 Viola T. Rei. Apito de cerâmica
45 Zunidor Flauta globular sem aeroduto

AEROFONE DE PALHETA
Def. Instrumento de palheta feito de um tubo
estreito de taquara acoplado a um ressonador
por meio de outro tubo pequeno ligado com ce­
ra. A palheta é talhada lateralmente na taquara
ou introduzida no orifício superior perfurado.
T. Gen. Aerofone (01)
V. tb. Definições genéricas (60.01)

Apito de cabaça. índios Kaiwá, M.N. n ? 33.649. Esc. 1 :1.

APITO DE CERÂMICA
Def. Instrumento de cerâmica em que uma cor­
rente de ar dirigida contra um gume do receptá­
culo faz o ar vibrar dentro dele, produzindo
som. Distingue-se da flauta por produzir um
único som. É modelado, às vezes, em forma de
animal ou vegetal e usado para comunicação hu­
mana e/ou para imitar o pio de aves ou o gru­
nhido de outros animais.
Sin. Pio de cerâmica
Aerofone de palheta. índios Bororo, M.N. n9 38.421. Esc. 1 :2,5. T. Gen. Aerofone (01)
A. Vista da peça. B. Detalhe da palheta. T. Rei. Apito de cabaça

1 96
In s tr u m e n to s m u sicais
Arco de boca. índios Kaiwá, M.N. n9 33.644. Esc. 1 :7,5.

ARCO MUSICAL (Musical bow, i.; arc musical, f.; arco


musical, e.)
Def. Vara flexível curvada em arco, com uma
corda amarrada aos dois extremos e uma caixa
de ressonância. É tocada com um bastão, per­
cutindo ou friccionando; ou então vibrada com
as unhas ou palhetas, ou, ainda, soprada.
T. Gen. Cordofone (02)
T. Rei. Arco de boca

BASTÃO MACIÇO DE RITMO


Def. Vara maciça de madeira leve, com omato
escultórico, percutida verticalmente contra o
solo. O bastão maciço de ritmo pode ter choca­
Apito de cabaça preso a colar emplumado. índios Apinayé, M.N.
n9 25.643. Esc. 1:2. lhos em fieira amarrados no corpo do instru­
mento que lhe acrescentam efeitos sonoros.
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Bastão oco de ritmo

Apito de cerâmica. índios Tukúna, M.N, n9 33.475. Esc. 1:1.


Representa um tracajá.

Bastão maciço de ritmo. índios Tukúna, M.N. ,n9 33.386. Esc.


1:20. A. Vista da peça. B. Detalhe da extremidade inferior. C.
Detalhe da escultura decorativa.

ARCO DE BOCA (Arc musicalà bouche, f.)


Def. Arco musical. A caixa de ressonância, que
amplia o som, é aboca do executante. Ele segu­
ra a vara entre os dentes ou deixa vibrar a corda BASTAO OCO DE RITMO (Stamping tube, i.; bâton de
na abertura da cavidade da boca com a vara vol­ rythme, f.; baston rítmico ou pisón, e.)
tada para fora. A corda é friccionada por outro Def. Tubo oco de madeira leve ou bambu per­
arco, de pequenas dimensões (no caso do exem­ cutido verticalmente contra o solo. O instru­
plo abaixo). Embora de difícil aprendizagem, é mento tem a sonoridade ampliada pelo resso-
comum entre os Kaiwá e outros grupos indíge­ nador formado no interior do tubo, ou por ma­
nas. terial sonante adicional.
T. Gen. Cordofone (02) T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Arco musical T. Rei. Bastão maciço de ritmo

197
In str u m e n to s m u sicais
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Chocalho de vara
Chocalho em fieira

Bastão oco de ritmo, fndios Baníwa, M.N. n9 20.389. Esc. Chocalho de vara fndios Makuxí, M.N. n9 25.367, Esc. 1:20; A.
1 :20. A. Vista da peça. B. C. D. E. Detalhe da decoração de cima Vista da peça. B. Detalhe de amarração de elementos sonoros.
para baixo. C. Detalhe do elemento sonoro.

CARACAXÁ
Use: RECO-RECO
CHOCALHO
Def. Dividem-se. em dois grandes grupos: choca­
lhos abertos e chocalhos em recipientes. No
caso dos chocalhos abertos, várias peças sonoras
são amarradas com cordéis em forma de fieira,
de cacho ou ao longo de uma vara, entrecho­
cando-se quando sacudidas pelo corpo ou a mão
do executante. No caso dos chocalhos em reci­ Chocalho em cacho. índios Canela-Ramkokamekra, M.N. n9
27.094. Esc. 1 :3,3. A. Vista da peça. B. Detalhe da alça do cho­
pientes, além de se entrechocarem, as peças gol­ calho. C. Detalhe da fixação do coco de tucum.
peiam as paredes internas de seu invólucro. Para
isso são geralmente providas de cabo. Os ele­
mentos sonoros constituintes dos chocalhos
abertos são: caracóis, cascos e unhas de animais,
dentes, élitros, sementes, etc. Os chocalhos em
recipientes são feitos de cabaça, cerâmica, ces­
taria, carapaça de tartaruga, crânio de macaco,
etc. Produzem sons musicais e são classificados
no grupo dos idiofones, compreendendo os
seguintes tipos: 1) chocalho de vara; 2) choca­
lho em cacho; 3) chocalho em fieira; 4) choca­
lho globular; 5) chocalho tubular; 6) chocalho
tubular duplo; 7) taça-chocalho de cerâmica.
V. tb. Matérias-primas (60.02)

CHOCALHO DE VARA (Jingle-rattle, i.; sonaille, f.;


sonaja, e.)
Def. Elementos sonoros ligados entre si e amar­
rados em torno de uma vara que serve de cabo.
As peças sonoras se entrechocam, quando sa­
cudidas pelo executante, ou quando percutidas
contra o solo. São constituídas, geralmente, de
frutos secos ou cascos de animais.
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Chocalho em cacho
Chocalho em fieira

CHOCALHO EM CACHO
Def. Peças sonoras, geralmente cascos de ani­
mais ou capsulas de frutos secos, são reunidas
por um suporte usado no corpo (pulseiras, jar-
reteiras, tornozeleiras) ou sacudidas manual­ Chocalho em fieira. índios Mundurukú, M.N. n9 783. Esc. 1:7,5.
mente, produzindo um som ao compasso da A. Vista da peça. B. Detalhe do suporte tecido. C. Detalhe da
dança. emplumação. D. Detalhe do elemento sonoro.

198
Instrumentos musicais
CHOCALHO EM FIEIRA
Def. Amarrado de frutos, caracóis, cabacinhas,
garras de animais, élitros, etc. usado como bra­
çadeira, pulseira, jarreteira, tomozeleira, colar,
tanga, etc. ou vibrado diretamente na mão do
dançarino em eventos musicais.
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Chocalho de vara
Chocalho em cacho

CHOCALHO GLOBULAR (Gourd-rattle, i.; hochet, f.;


sonajero, e.)
Def. Recipiente fechado, que pode ser de caba­
ça ou cuia, ovos de ema ou de jacaré, crânio de
macaco, cerâmica, carapaça de tartaruga, etc.,
provido de um cabo. Os elementos sonoros con­
tidos no recipiente podem ser as próprias se­
mentes do fruto, pedrinhas, outras sementes,
élitros de coleóptero, etc. A fôrma varia entre
globular e ovoide.
Sin. Maracá
T. Gen. Idiofone (03)
T: Rei. Taça-chocalho de cerâmica

Chocalho tubular. índios do rio Branco, M.N. n9 1.082. Esc.


1 A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado que a envolve.

CHOCALHO TUBULAR DUPLO


Def. Recipiente duplo, fechado, de forma tubu­
lar, contendo elementos sonoros. Uma haste de
madeira, usada como empunhadura, une os dois
receptáculos para a percussão.
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Chocalho tubular

Chocalho globular. índios Tukâno, M.N. n9 20.447. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da pirogravura da cabaça e da fenda
para a fixação do cabo.

CHOCALHO TUBULAR
Def. Recipiente fechado de forma tubular cons­
tituído de: taquarinha trançada, bambu, madei­
ra revestida de trançado. Os elementos sonoros
contidos no receptáculo podem ser: seixos, se­
mentes, dentes, élitros. O chocalho tubular co­
nhecido como “pau de chuva” (índios Mawé)
contém, na parte interna, em sentido horizon­
tal, espinhos ou bastões que freiam a passagem
do material sonoro no interior do tubo, produ­
zindo sons adicionais, além do entrechoque das
Chocalho tubular duplo. índios do rio Branco, M.N. n9 1.080.
partículas ali encerradas. Esc. 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado que reveste
T. Gen. Idiofone (03) a haste que une os dois tubos. C. D. Detalhe do trançado de um e
T. Rei. Chocalho tubular duplo outro tubo.

199
Instrumentos musicais
IDIOFONE DE FRICÇÃO (Friction idiophone, i.; idio- FLAUTA COM AERODUTO EXTERNO
phone, L; idiofone de fricción, e.) Def. Instrumento de sopro caracterizado pela
Def. Consiste numa carapaça de tartaruga em presença de um conduto que dirige o ar contra
que as saliências nas proximidades da cauda e um gume em um orifício lateral da cânula. O
do pescoço são cobertas de cera. Obtém-se o conduto, ou aeroduto externo, é um pequeno
som friccionando essa parte com a palma da tubo acoplado à parte superior da flauta. Pode
mão úmida. ter ou não orifícios para a variação dos sons.
T. Gén. Idiofone (03) T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Reco-reco T. Rei. Flauta dupla com aeroduto externo
Nota: sem paradigma nas coleções consultadas.
FLAUTA DE PÃ
FLAUTA Def. Constituída de uma série de tubos, comu-
Def. Instrumento em que uma corrente de ar mente de taquara, reunidos para formar um to­
dirigida contra um gume do receptáculo faz o do, produzindo, cada qual, um som diferente. A
ar vibrar no seu interior. Apresenta-se sob for­ extremidade proximal é enrolada com fibras ou
ma globular, tubular, cônica, circular, etc. O so­ fios para evitar rachaduras nos tubos. O compri­
pro pode ser dirigido contra o gume pelos, lábios mento dos mesmos está em relação direta com a
do executante ou, ao atravessar uma estreita altura dos sons: quanto maior o tubo, mais gra­
passagem — o aeroduto — ir de encontro ao ve o som. Tubos muito estreitos provocam a
gume formado por um orifício lateral. Por esta geração de harmônicos. Os tubos são geralmen­
razão, distinguem-se as flautas em: 1) com te fechados na extremidade distai pelo septo do
aeroduto; 2) sem aeroduto. Pode-se ainda bambu e amarrados com fios em ordem de com­
distinguir as variedades de flautas confor­ primento.
me os seguintes critérios: 1) presença ou T. Gen. Aerofone (01)
ausência de orifícios de digitação, que per­ T. Rei. Flauta reta sem orifícios
mitem a variação dos sons; 2) forma do recep­
táculo (globular, cilíndrico, etc.); 3) localização
do orifício de soprar (reta, transversa); 4) modo
de soprar (bocal, nasal); 5) presença ou ausência
de defletor; 6) quantidade de tubos conjugados
(flauta dupla, de pã). Por constituírem um gru­
po definido pela matéria-prima, além de outras
particularidades, distinguimos, através de verbe­
tes específicos, as flautas de osso das de taqua­
ra, e os apitos de cerâmica dos de cabaça.
Alguns tipos de flauta são chamados “apito” ,
seja porque produzem um único som, seja por­
que são usados como instrumento de sinaliza­
ção. As flautas participam do grupo dos aero-
fones.
V. Tb. Definições genéricas (60.01)
Acessórios e partes componentes do
instrumento musical (60.03)
Flauta de pã. índios do rio Uaupés, M.N. n9 40.203. Esc. 1:7,5.
A. Vista da peça. B. Detalhe do arremate decorativo superior.
C. Detalhe do arremate inferior.

FLAUTA DUPLA COM AERODUTO EXTERNO


Def. Instrumento de sopro feito de cânulas lon­
gas de bambu, de diâmetro regular, sem orifí­
cios de digitação, provido de aeroduto acopla­
do. Tocadas geralmente aos pares (macho e fê­
mea), as flautas produzem sons musicais.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Flauta com aeroduto externo

FLAUTA GLOBULAR COM AERODUTO EXTERNO


Def. Flauta com aeroduto externo e con) orifí­
cios. Estes são abertos na pequena cabaça à qual
é acoplado um tubo (aeroduto externo) que
tem um corte oblíquo onde se situa o defletor
de cera.
T. Gen. Aerofones (01)
Flauta com aeroduto externo. índios Ipurinã. M.N. n? 3.020. T. Rei. Flauta com aeroduto externo
Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe interno do aeroduto.
C. Detalhe externo do aeroduto. Flauta dupla com aeroduto externo

200
Instrumentos musicais
FLAUTA GLOBULAR SEM AERODUTO
Def. Flauta sem aeroduto com orifícios. Feita
geralmente de cabaça ou de madeira ou, ainda,
de cerâmica, com dois ou três orifícios. Pode
ser tocada por sopro nasal, sendo, nesse caso,
designada “flauta nasal” . A flauta globular uti­
lizada para sinalização é chamada “apito” .
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Apito de cabaça
Flauta nasal

Flauta globular sem aeroduto. índios do Amazonas, M.N. n9


5.656. Esc. 1:1. A. Vista da embocadura. B. Vista dos furos na
parte inferior.

FLAUTA NASAL
Def. Flauta sem aeroduto com ou sem orifícios.
Apresenta-se em forma globular ou clilíndrica.
A corrente de ar é proveniente do sopro nasal.
Na flauta nasal sem orifícios é possível variar os
35.466. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do aeroduto ex­ sons abrindo e fechando a extremidade distai.
terno : corte transversal T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Flauta globular sem aeroduto

Flauta globular com aeroduto externo. índios Apinayé, M.N. Flauta nasal. índios Nambikuára, M.N. n9 38.819. Esc. 1:3,3.
25.662. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado que A. Vista superior da peça. B. Vista do lado oposto. C. Vista late­
reveste a cânula. ral direita.

201
Instrumentos musicais
FLAUTA RETA DE OSSO
Def. .Instrumento de sopro feito de rádio de ave
ou de fémur de mamífero caracterizado pela
presença de um canal e um orifício na epífise
superior. O aeroduto é uma porção do tubo da
flauta (aeroduto interno) mais o defletor, geral­
mente de cera, que desvia o ar contra o gume.
Tem, comumente, três ou mais orifícios, aber­
tos a fogo, para a variação dos sons.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Flauta reta com aeroduto

Flauta reta sem aeroduto. A. índios Kaingáng, M.N. n9 34.442:


bocal em chanfradura. B. índios Nambikuára, M.N. n9 39.390:
bocal em secção reta. Esc. 1 :7,5.

FLAUTA RETA SEM ORIFÍCIOS


Def. Constituída de um cilindro de bambu, cuja
Flauta reta de osso. índios do rio Uaupés, M.N. n9 606. Esc.
1:7,5. extremidade distai é fechada. Toca-se à maneira
das flautas de pã. Na verdade, estas resultam da
reunião de vários tubos semelhantes ao presen­
FLAUTA RETA COM AERODUTO te.
Def. Instrumento de sopro caracterizado pela T. Gen. Aerofone (01)
presença de um aeroduto, que é a secção do tu­ T. Rei. Flauta de pã
bo através da qual a corrente de ar é dirigida
contra o gume, mais o defletor. Pode ter ou
não outros orifícios para a variação dos sons.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Flauta reta de osso

Flauta reta com aeroduto. índios Apinayé, M.N. 25.651. Esc.


1:7,5.

FLAUTA RETA SEM AERODUTO


Def. Flauta de taquara, tendo três a quatro ori­
fícios para a variação dos sons. Quando a extre­
midade proximal é muito larga e, por isso, in­
conveniente para soprar, é corrigida com
cera. Apresenta-se, basicamente, em dois forma­
tos: 1) extremidade proximal chanfrada e afila­
da, constituindo um gume; 2) extremidade pro­
ximal em secção reta. Esse tipo de flauta é so­
prado “ fazendo-se com que os lábios modelem
uma corrente de ar que é dirigida contra o gume
do orifício de soprar” (Izikowitz 1970:350).
T. Gen. Aerofone (01) Flauta reta sem orifícios. índios Guarani, M.N. n9 15.750. Esc.
T. Rei. Flauta globular sem aeroduto 1:7,5.

202
Instrumentos musicais
FLAUTA TRANSVERSA COM ORIFÍCIOS
Def. De fornia cilíndrica feita geralmente de
bambu. O orifício de soprar situa-se no lado do
tubo, sendo a flauta tocada transversalmente.
Contém orifícios de digitação e apresenta as
extremidades abertas.
T. Gen. Aerofones (01)
T. Rei. Flauta transversa sem orifícios

Flauta transversa com orifícios. índios Paresí, M.N. n? 11.230.


Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da ornamentação em fio.

FLAUTA TRANSVERSA SEM ORIFÍCIOS


Def. Flauta sem aeroduto e sem orifícios. Apre­
senta apenas o orifício de soprar, situado no
meio do tubo, o que exige que a flauta seja to­
cada transversalmente. Apesar da falta de orifí­
cios, é possível produzir sons variados, tapando
e destapando a extremidade aberta com a mão.
Ou ainda, colocando o dedo nessa mesma ex­
tremidade. É feita geralmente de um tubo de
bambu fechado em uma das extremidades ou de A. Vista da peça. B. Detalhe do chocalho com ponteira. C De­
cabaça, suspensa de um colar. talhe do cabo entalhado e emplumado.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Flauta transversa com orifícios MARACÁ
Use: CHOCALHO GLOBULAR

MURUCU-MARACÁ
Use: LANÇA-CHOCALHO

PAUS ENTRECHOCANTES (Clappers, i.; cliquettes, f.;


paios entre chocantes, e.)
Def. Pares de bastões de madeira que produzem
som quando percutidos um contra o outro. O
rendimento sonoro — intensidade e timbre —
depende de: 1) forma e tipo da madeira; 2) lo­
cal onde ocorre o entrechoque; 3) força da per­
cussão. Um dos bastões do par pode funcionar
como elemento percutível passivo: aquele que,
por sua sonoridade, recebe os golpes do percu-
cente. Altemativamente, os dois elementos do
Flauta transversa de cabacinha sem orifícios. índios Apinayé, par produzem o som por percussão recíproca.
M.N. n9 25.651. Esc. 1:7,5. T. Gen. Idiofone (03)

LANÇA-CHOCALHO (Spear-rattle, rattling lance, i.)


Def. Constituída de uma longa vara de madeira,
aguçada na extremidade inferior, de onde lhe
vem a designação “lança” . Fendido o lenho lon­
gitudinalmente e aquecido, forma uma cavida­
de onde são inseridos fragmentos de calcedônia.
Resfriada a madeira, a entumescência permane­
ce, mas prende as pedrinhas no seu bojo, for­
mando o chocalho que antecede a ponta agu­
çada.
Sin. Murucu-maracá Paus entrechocantes. índios Maxakalí, M.N. n9 37.513. Esc.
T. Gen. Idiofone (03) 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Base de apoio. C. Hastes.

203
Insf umentos musicais

N
PIO DE CABAÇA TAÇA-CHOCALHO DE CERÂMICA
Use: APITO DE CABAÇA Def. Instrumento de percussão de cerâmica, em
forma de taça, em cujo pedestal se alojam boli­
PIO DE CERÂMICA nhas de barro que se entrechocam ao ser movi­
Use: APITO DE CERÂMICA mentada a peça, produzindo som. Encontrada
apenas entre os índios do alto Xingu.
RECO-RECO (Notched-stick, i.; racleur, f.; bastôn den­ T. Gen. Idiofone (03)
tado /e-ou/ paio ranurado, e.) T. Rei. Chocalho globular
Def. Peça de madeira, maciça ou oca, com pe­
quenas incisões, formando dentes ou ranhuras
pelas quais é esfregado um bastão também de
madeira para produzir o som. A passagem do
bastão sobre a superfície dentada produz uma
série de pequenas percussões. Dada a velocidade
do movimento, dão a impressão de um som
contínuo. A sonoridade é ampliada caso a peça
dentada for oca.
Sin. Caracaxá
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Idiofone de fricção

Taça-chocalho de cerâmica (sak’sakyaná). índios Waurá, M.N.


n ? 35.411. Á. Vista da peça. B. Corte longitudinal vendo-se os
elementos de percussão.

Reco-reco. índios do alto Xingu, M.N. n9 13.585. Esc. 1:7,5. A. TAMBOR (Drum, i.; tambour, f.)
Vista da peça. B. Detalhamento do entalhe.
Def. Em sentido amplo, é um instrumento mu­
sical cujo som obtém-se por: 1) percussão sobre
qualquer parte do corpo oco e ressonante, in­
serindo-se no grupo dos idiofones; 2) percussão
SISTRO (Sistrum, i., sistre, f.) sobre uma membrana estendida sobre o corpo,
Def. Consiste em uma forquilha em cujas extre­ pertencendo ao grupo dos membranofones. Em
midades é esticada uma corda. Nela são enfia­ ambos os casos, o tambor pode ser tocado dire­
dos alguns discos que se entrechocam quando o tamente (com as mãos ou os pés) ou indireta­
instrumento é sacudido. Registrado apenas en­ mente, por meio de baquetas. O tambor de ma­
tre os Kadiwéu entre grupos indígenas da Amé­ deira (idiofone) pode ser uma simples tábua es­
rica do Sul. tendida sobre uma cavidade no solo, percutida
T. Gen. Idiofone (03) pelos pés dos dançarinos ou por baquetas, como
no caso do tambor de tábua de madeira; ou
pode ser um tronco oco colocado vertical ou
horizontalmente no solo, de extremidades aber­
tas ou fechadas, soado por percussão, como no
caso do tambor de madeira oca. Os tambores de
membrana podem ter uma única ou duas mem­
branas. No primeiro caso, a extremidade, des­
provida de membrana, pode ser aberta ou fecha­
da. Nesses tambores, a sonoridade depende do
tamanho, espessura e tensão das membranas.
Outra distinção assinalável é quanto à maneira
de fixação das membranas no corpo do tambor.
Dentre os tambores classificados como idiofo­
nes, incluem-se: 1) tambor de carapaça; 2) tam­
bor de fenda; 3) tambor de madeira oca; 4)
tambor de tábua de madeira. No grupo dos
membranofones, contam-se os seguintes tipos:
1) tambor de pele; 2) tambor d’água;3) tambor
de cerâmica.
V. tb. Matérias-primas (60.02)
Sistro. Fora de escala, sem registro nas coleções. Apud Izikowitz
Acessórios e partes componentes do
1970 fig. 70. índios Kadiwéu. instrumento musical (60.03)

204
Instrumentos musicais
TAMBOR D’ÀGUA (Water drum, L; tambour d ’eau, f.) TAMBOR DE FENDA (Slit drum, L; tambour de boisà
Def. Vaso de cerâmica cheio de água, com a fente, f.; tambor de hendidura, e.)
abertura fechada por um couro e percutido por Def. Instrumento escavado em tronco de madei­
meio de uma cabaça. A função da água é con­ ra compacto ou oco de grandes dimensões, ca­
troversa: serviria para regular a altura do som ou racterizado por uma fenda longitudinal de ta­
manter a pele úmida, quando da construção do manho variável. Colocado em posição horizon­
instrumento, para que possa ser esticada sobre a tal ou vertical é suspenso pelas duas extremi­
caixa. Ocorre entre algumas tribos indígenas dades, por uma apenas, ou pousado no chão
brasileiras. (alto Xingu). A fenda é provida de três ou qua­
T. Gen. Membranofone (04) tro aberturas circulares e é o local onde são per­
T. Rei. Tambor de cerâmica cutidas as baquetas.
Tambor de pele Sin. Trocano
Nota: Não foi encontrado paradigma nas cole­ T. Gen. Idiofone (03)
ções consultadas. T. Rei. Tambor de madeira oca
Tambor de tábua de madeira
TAMBOR DE CERÂMICA V. tb. Acessórios e partes componentes do ins­
Def. Peça de barro piriforme, cuja abertura é fe­ trumento musical (60.03)
chada por uma membrana. É percutido com
uma pequena baqueta de madeira terminada
por um coco de palmeira. O corpo do tambor,
inclusive a membrana é revestido de látex.
T. Gen. Membranofone (04)
T. Rei. Tambor d’àgua
Tambor de pele
r

A B

Tambor de cerâmica. A. Vista da peça com membrana. índios


Pakaa-nova M.N. n9 38.941. B. Peça de barro sem o revestimen­
to. índios Pakaa-nova, M.N. n9 38.940. Esc. 1:7,5.

TAMBOR DE CARAPAÇA
Def. Carapaça de tartaruga presa a um bastão
de madeira e percutida por outro bastão do
mesmo material.
T. Gen. Idiofone (03)

Tambor de fenda. índios Tukâno, M.N. n9 23.169. Esc. 1:20.


A. Vista da peça com os respectivos andaimes. B. Detalhe das
fendas na caixa acústica. C. Baquetas.

TAMBOR DE MADEIRA OCA (Hollowing drum, i.;


tambour de bois, f.; tambor de madera, e.)
Def. Troncos ocos ou escavados percutidos
por meio de baquetas de madeira ou osso.
T. Gen. Idiofone (03)
Tambor de carapaça. índios Baníwa, M.N. n9 21.884. Vista da T. Rei. Tambor de fenda
peça faltando o bastão. Esc. 1 :7,5. Tambor de tábua de madeira

205
In s tr u m e n to s m usicais
TAMBOR DE PELE (skin drum, i.) enrolada espiraladamente sobre suporte de va­
Def. Cilindro de madeira, fechado num ou nos ras (Tukâno, Tukúna). Nos tipos 3 e 4 o pavi­
dois lados com uma ou duas membranas, fixa­ lhão apenso serve de caixa de ressonância. Os
das por compressão por cipós ou bastonetes. trompetes indígenas são feitos, preferencial­
É tocado com uma ou duas baquetas. mente, de bambu oco ou tronco de palmeira.
T. Gen. Membranofone (04) Os sons harmônicos variam segundo a pressão
T. Rei. Tambor d’água do sopro e a tensão dos lábios. Helza Cameu
Tambor de cerâmica (1977:236) distingue os trompetes (ou trom­
V. tb. Acessórios e partes componentes do ins­ betas, em sua nomenclatura) das buzinas, por
trumento musical (60.03) serem os primeiros de maior tamanho, isto é,
mais alongados que estas últimas. Na nossa
nomenclatura empregamos apenas o termo
trompete para designar todos os formatos, dis­
tinguindo o reto do transverso, o de cerâmica,
o poliglobular e o politubular.
T. Gen. Aerofones (01)
V. tb. Definições genéricas (60.01)

TROMPETE POLIGLOBULAR
Def. Três ou quatro cabaças reunidas por meio
de cera e perfuradas de forma a permitir a pas­
sagem interna do ar. Esta espécie de trompete
é soprado pela abertura proximal.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Trompete politubular
Iam bor de madeira com um par de baquetas. índios Tembé,
M.N. n9 15.219. Esc. 1:7,5.

TAMBOR DE TÁBUA DE MADEIRA (Plank drum, i.;


tambour de bois, f.; tambor terrero, e.)
Def. Tábua percutível, arqueada, colocada so­
bre uma cavidade no solo, que funciona como
ressonador. É golpeada pelos pés durante a dan­
ça.
T. Gen. Idiofone (03)
T. Rei. Tambor de fenda
Tambor de madeira oca

TROMPETE, INSTRUMENTOS TIPO (Trumpet, i.;


trompette, f.: trompete, e.)
Def. Compreende os instrumentos que produ­
zem som mediante o sopro por uma abertura Trompete poliglobular. índios Bororo, M.N. n9 17.710. Esc.
relativamente larga, à qual o executante encosta 1:7,5.
os lábios, que vibram como se fossem palhetas.
Entre os povos indígenas da América, os trom­
petes não dispõem de orifícios que permitam a
modificação da extensão da coluna de ar, pro­
duzindo apenas um som e seus harmônicos. A TROMPETE POLITUBULAR
abertura de soprar pode situar-se na extremida­ Def. Instrumento de sopro feito de varetas de
de anterior (trompete reto) ou lateral (trompete madeira envoltas em espiral por entrecasca de
transverso) do instrumento. Os sòns fundamen­ árvore. É soprado pela abertura proximal.
tais dependem do material, tamanho e formato T. Gen. Aerofone (01)
do instrumento. Podem ser construídos com T. Rei. Trompete poliglobular
uma peça única, tubular, reta ou curva, ou mais
de uma; ou com um tubo provido de pavilhão, TROMPETE RETO
isto é, uma peça acoplada à extremidade infe­ Def. Instrumento de sopro construído com um
rior do tubo, de diâmetro maior. Basicamente tubo único, sem orifícios, provido ou não de
apresentam-se as seguintes variantes: I) simples um tubo de diâmetro maior na parte inferior,
cabaça alongada; 2) chifre de boi provido de constituído, como no caso do surubi dos índios
pequena cânula; 3) tubo de taquara simples ou do alto rio Negro, de uma armação trançada en­
provido de cabaça de várias dimensões;4) tubo durecida com resina que serve de caixa de resso­
preso a caixa acústica trançada, a crânio de ani­ nância para ampliar o som. É soprado com os
mal (no caso dos índios Jurúna, a crânio huma­ lábios em vibração.
no), à cauda de tatu, bambu oco ou de madeira T. Gen. Aerofone (01)
oca; 5) tubo formado por entrecasca de árvore T. Rei. Trompete reto de cerâmica

206
In str u m e n to s m u sicais
Trompete transverso com pavilhão. índios Krahó, M.N. n ?
29.806. Esc. 1 :7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado que
reveste o tubo. C. Detalhe do encaixe da cânula no pavilhão.
Trompete politubular. índios Tukúna, M.N. n9 8.186. Esc. 1:10.

TROMPETE TRANSVERSO DE CERÂMICA


Def. Instrumento no qual a corrente de ar so­
prada faz vibrar rapidamente os lábios encos­
tados à embocadura, produzindo som. É mol­
dado em cerâmica, de forma ovalada, com o ori­
fício de soprar situado lateralmente.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Trompete transverso

Trompete reto. índios Sucuriju-tapuia, M.N. 19.575. Esc. 1:20.


A. Vista da peça. B. Detalhe da estrutura da caixa acústica.

TROMPETE TRANSVERSO
Def. Instrumento de sopro construído com uma
peça única que pode ser tubular, reta ou curva.
A abertura de soprar situa-se na parte lateral do
tubo, sendo por isso tocado transversalmente
com os lábios em vibração. Pode ou não ser pro­
vido de caixa açústica acoplada à extremidade
distai do tubo.
T. Gen. Aerofone (01)
T. Rei. Trompete transverso de cerâmica

Trompete transverso de madeira. índios do Uaupés, M.N. n9 Trompete transverso de cerâmica. índios do rio Uaupés, M.N.
21.635. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Padrão ornamental gra­ n9 525. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Corte longitudinal C
vado. Detalhe da decoração incisa.

2 07
In str u m e n to s m usicais
VIOLA ZUNIDOR (Buli roarer, \.\rhombe, f.; zumba dor, e.)
Def. Designação comum a instrumentos de cor­ Def. Peça de madeira oblonga e achatada, amar­
das dedilháveis, introduzidos no Brasil pelos je­ rada à extremidade de uma corda que, por sua
suítas, e encontrados, com pequenas variações vez, é fixada freqüentemente a uma vara. O exe­
de forma, entre algumas tribos indígenas. Asse­ cutante gira o zunidor sobre sua cabeça e o mo­
melha-se pelo feitio à viola tendo caixa de resso­ vimento de rotação da peça sobre seu próprio
nância e braço longo. eixo faz vibrar o ar em volta, produzindo um
T. Gen. Cordofone (02) zunido. Quanto mais estreito o artefato e mais
rápido o movimento, mais agudo é o zunido.
T. Gen. Aerofone (01)

Viola. índios Ramkokamekra-Canela, M.N. n? 37.955. Esc. Zunidor. índios Mehináku, M.N. n? 38.474. Esc. 1:7,5. A. Vista
1:7,5. A. Vista de costas. B. Vista de frente. C. Vista de lado. do verso. B. Vista do anverso.

2 08
In str u m e n to s m u sicais
60 INSTRUMENTOS MUSICAIS
E DE SINALIZAÇÃO
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (60.00)

Com o objetivo de facilitar a identificação e que especial na nomenclatura, estando incluídas no item
descrição dos instrumentos musicais explicitam-se, aqui, que corresponde à sua caracterização. É dado destaque,
definições complementares que clarificam o glossário dos no entanto, mediante item especial, à flauta de osso (ên­
itens. fase na matéria-prima empregada), às flautas duplas e aos
Os termos são reunidos sob as seguintes secções trompetes poliglobular e politubular (ênfase na forma).
correspondentes a grupos genéricos no caso dos itens. Do glossário dos itens constam instrumentos
Tais são: Definições genéricas (60.01); Matérias-primas que não se encontram nas coleções dos museus, uma vez
(60.02); Acessórios e partes componentes dos instrumen­ que só podem ser construídos no local. Tais são: tambor
tos musicais (60.03). de madeira oca, tambor de tábua de madeira, o chamado
Este glossário é um desdobramento e comple- arco musical, o idiofone de fricção e o tambor d’água,
mentação do que elaborou Elizabeth Travassos (1986: definidos mas não ilustrados, por não ter sido encon­
180-188). Feito com a assistência da autora, cabe-lhe, de trado nenhum protótipo nas coleções consultadas.
direito, plena autoria. Na seleção dos paradigmas de cada
instrumento musical contamos com a colaboração de Fá­
tima de Nascimento e Lúcia Bastos, museólogas, respec­
tivamente, do Museu Nacional e Museu do índio que, ao
D E FIN IÇ Õ E S G ENÉRICAS (6 0 .0 1 )
testarem o glossário de Travassos, à vista das coleções
desses museus, procederam à sua complementação e re­
INSTRUMENTOS DE PALHETA (Reed instruments, i.;
tificação. O trabalho de Elizabeth Travassos baseia-se,
instruments à anche, f.)
por sua vez, nos estudos de G. Izikowitz (1935, 2? edi­
Def. Neste tipo de instrumento de sopro, o ar é
ção, 1970, Helza Cameu (1977,1979), F. Ortiz (1952) e
movimentado pelas pulsações de uma palheta
C. Sachs (1947). Ele complementa o artigo publicado
ou lingüeta. Esta tanto pode ser uma peça in­
por Anthony Seeger (1986:173-179), que discute as clas­
troduzida no instrumento, quanto recortada no
sificações dos instrumentos musicais e enfatiza a impor­
tubo em que se sopra. Classificados no grupo
tância da música na vida indígena.
dos aerofones esses instrumentos receberam a
A secção “Definições genéricas” (60.01) inclui
designação: “ aerofones de palheta” .
verbetes que explicitam o que se entende por termos glo-
balizantes como instrumentos de sopro e de palheta. As T. Rei. Instrumentos de sopro
características mais gerais dos inúmeros tipos de flautas, V. Tb. Acessórios e partes componentes do ins­
chocalhos, tambores e trompetes, são definidas em ver­ trumento musical (60.03).
betes específicos e exemplificadas, a seguir, nos itens.
O grupo “ Matérias-primas” (60.02) informa as
mais comuns empregadas na construção dos instrumen­ INSTRUMENTOS DE SOPRO (Wind instruments, i.;
tos musicais constantes na bibliografia e, sobretudo, no instruments à vent, f. instrumientos de viento, e. )
fichário das coleções do Museu Nacional e do Museu Def. Caracterizam-se por duas peculiaridades:
do índio devido a Helza Cameu. O grupo é dividido em 1) receptáculo que encerra uma coluna de ar;
matérias-primas de origem animal, vegetal e mineral, ci- 2) um artifício para fazê-la vibrar. Neste caso, o
tando-se alguns artefatos em que são empregados, a títu ­ sopro contínuo do executante é interrompido
lo de exemplificação. em pulsações. Segundo o modo de fazer vibrar
Finalmente, a secção “Acessórios e partes com­ o ar no receptáculo distinguem-se três tipos de
ponentes dos instrumentos musicais” (60.03) explicita o instrumentos de sopro: 1) sopro contra um gu­
que se entende por aeroduto, defletor, gume, etc. Nesse me, característico das flautas; 2) sopro através
grupo são incluídos acessórios, como as baquetas, que de uma palheta que descreve movimentos de
formam parte do instrumento. vaivém, peculiar aos instrumentos de sopro com
Instrumentos musicais feitos primacialmente palheta; 3) sopro através dos lábios vibrantes do
de cerâmica — apito de cerâmica, taça-chocalho de ce­ executante, como no caso dos instrumentos de
râmica, tambor de cerâmica e trompete reto de cerâmica tipo trompete. Classificados no grupo dos aero­
— recebem essa qualificação no título do verbete para di­ fones, compreendem o conjunto de flautas, dos
ferenciá-los de instrumentos semelhantes feitos de outros instrumentos de palheta e dos instrumentos
materiais. As flautas com conotações rituais mais osten­ tipo trompete.
sivas, a exemplo da denominada jakui pelos Kamayurá T. Rei. Instrumentos de palheta
do alto Xingu e da “jurupari” (alto rio Negro), proibidas V. tb. Acessórios e partes componentes do ins­
ambas de serem vistas pelas mulheres, não têm desta­ trumento musical (60.03).

209
In str u m e n to s m u sicais
TÉCNICAS DE ALTERNAÇÃO (Hocket technique, i.) exemplar M.N. n ? 532, proveniente do alto rio
Def. Grupo de instrumentos iguais tocados al­ Negro, e também no interior de chocalhos glo­
ternadamente por executantes de modo a cons­ bulares.
tituir uma melodia.
OSSO
MATÉRIAS-PRIMAS (60.02) Na confecção de flautas utiliza-se a tíbia e o fê­
mur de cervídeos e felinos e, ainda, os ossos da
I. Matérias-primas de origem animal asa (rádio, cúbito) de aves: jaburu (Jabiru myc-
teria, D), gavião real (Harpia harpyja. L.), uru­
CARACOL bu-rei (Sarcoramphus papa, L).
Nos chocalhos de fieira, a exemplo do espécime
dos índios Tukúna, M. N. n ? 21.514, são utili­ UNHAS
zados caracóis: “moluscos gastrópoles pulmona- Nos chocalhos — de fieira, de vara, de cacho —
dos de concha fina” (Dicionário Aurélio). emprega-se unhas de tatu (mamífero desdenta­
do da família dos dasipodídeos).
CARAPAÇA
Carapaças de quelõnios (cágados, tracajás, tar­ D. Matérias-primas de origem vegetal
tarugas), ou seja, “o revestimento gutinoso ou
calcário que protege o tronco de certos ani­ BAMBU
mais” (Dic. Aurélio) são empregados para fazer Gramínea com e sem nós, de gêneros e espécies
tambores. não identificadas, é empregada na confecção de
instrumentos de sopro. De diâmetro maior que
CASCA a taquara.
A casca do ovo da ema (Rhea americana) é em­
pregada como receptáculo de peças sonantes, a CABAÇA
exemplo do chocalho M. N. n9 30.852, índios A casca lenhosa e algonada do fruto de uma tre­
Javaé. padeira da família das Cucurbitáceas (Lagenaria
vulgaris, Ser.; Cucurbita lagenaria) serve de cai­
CASCO xa de ressonância do trompete. A mesma maté­
Nos chocalhos (de fieira, vara, cacho) são usa­ ria-prima é empregada para fazer flautas e cho­
dos cascos de: anta (Tapirus terrestris, L ), cai- calhos.
tetu (Tayassu tajacu, L.), queixada (Tayassu Sin. Porongo
pecari Link), de cervídeos e bovinos.
COCO
CAUDA Astrocaryum spp., família Palmae. O envoltó­
Na confecção de instrumentos do tipo trompete rio córneo das amêndoas é cortado ao meio
emprega-se a cauda do tatu (da família dos dasi- para servir de chocalho em fieira, ou deixado
podídeos) como caixa de ressonância. inteiro e perfurado para usar como apito.

CHIFRE currÉ
O chifre de boi é empregado na confecção de O fruto arredondado da cuieira (Crescentia
instrumentos musicais tipo trompete. Para isso cujete- L.) é cultivado para fazer chocalhos e
é provido de pequena cânula, servindo o chifre flautas globulares.
como caixa acústica.
FRUTO
COURO Na feitura de chocalhos de vara, cacho e fieira
Utiliza-se o couro de caitetu, cervo e do boi emprega-se a cápsula perfurada e partida ao
para revestir o tambor de pele, a exemplo da meio de diversos frutos: 1) jatobá (Hymeneae
peça M.N. n? 1.435, índios Tukâno. courbaril, L ), a exemplo do chocalho em fieira
M.N. n9 2.835, índios Mawé. Sin.: jutaí-açu.
CRÂNIO 2) Chapéu de Napoleão (Thevetia neriifolia4
A calota craniana de macacos (Cebus sp.) é uti­ Juss), a exemplo do chocalho em fieira M.N.
lizada por algumas tribos para fazer chocalho n9 2.837, índios Guajajara. Sin.: jorro-jorro.
globular, a exemplo da peça M.N. n ? 3.533, ín­ 3) Baba de boi (Arecastrum romanzofianum
dios Karajá. Os índios Jurúna oferecem o único Barb. Rodr.), da família Palmae, exemplificado
exemplo de uso de crânio humano para fazer pelo chocalho em fieira M.N. n9 30.530 índios
trompete, o qual serve como ressonador. Gorotíre. Sin.: Gerivá, cheribão, cocô de ca­
chorro. 4) Juqueri grande (Machaerium ferox
DENTES j(Mart.) Ducke), da família Leg. Faboideae, iden­
Utiliza-se, no interior de chocalhos globulares, tificado no chocalho em fieira M.N. n? 33.196,
a par de sementes, élitros, pedrinhas, dentes de índios Guajajara. 5) Inajarana (ou guarariba)
mamíferos: macacos, porcos do mato, quatis (Quararibea guianensis Aubl.) identificada no
(Nassua nassua, L.) chocalho dos índios Mundurukú, M.N. n9 783.
6) Endocárpio do fruto do pequi (Caryocar bra-
ÉLITROS siliense, A o n ), com u m nos ch ocalh os dos ín ­
Utiliza-se asas de coleópteros (élitros) na manu­ dios Karajá. 7) Na feitura de chocalhos globula­
fatura de chocalhos em fieira, como é o caso do res utilizam o endocárpio do fruto do cupuaçd

210
In s tr u m e n to s m u sica is
(Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) de diâmetro é empregada para instrumentos de
Schum.) alguns grupos Jê do Tocantis. 8) Den­ sopro.
tre os apitos (ou pios) registra-se o uso da cáp­
sula do jatobá, do caroço do umari (Poraqueiba
III. Matérias-primas de origem mineral
spp.), além de outros frutos não identificados.
CALCEDÔNIA
LÁTEX Usada como percussor nos chocalhos globulares
Tiras de látex, cujos componentes mais impor­
é definida como “variedade de sílica microcris-
tantes são resinas e borracha, são usadas para
talina, transparente ou translúcida” pelo Dic.
formar a membrana e revestir o corpo do tam­
Aurélio.
bor de cerâmica, bem como das baquetas do
tambor de fenda. É referido freqüentemente
ACESSÓRIOS E PARTES COMPONENTES DO
na bibliografia como látex cernambi (borracha
INSTRUM ENTO M USICAL (6 0 .0 3 )
de qualidade inferior).
AERODUTO
MADEIRA
Def. Presente em alguns tipos de flauta, o aero-
Na feitura de flautas, principalmente as secre­
duto canaliza o ar de encontro a um gume for­
tas, na dos bastões de ritmo, de lança-choca-
mado por um orifício afilado na parede do ins­
lho, do reco-reco, das violas e tambores utiliza-
trumento. Distinguem-se dois tipos: l ) o aero-
se o lenho de algumas madeiras, a exemplo d e:
duto (interno) é uma secção do próprio tubo da
1) Paxiúba (Socratea exorrhiza (Mart.) H.
flauta, por onde o ar é dirigido ao defletor, ge­
Wendl.) da família Palmae. 2) Maçaranduba
ralmente de cera, que desvia o ar contra o gu­
(Manilkara sp.) da família Sapotaceae. 3) Muira-
me; 2) o aeroduto (externo) é um pequeno
piranga (Brosimum rubescens Taub.) da família
tubo acoplado à flauta, cuja função é a mesma.
Moraceaè. Sin.: pau-brasil, pau-rainha. 4) Pau
Izikowitz (1970:331) assim o define: “A outra
de balsa (Ochrorm lagopus Sw.) da família
possibilidade é que o aeroduto consista de um
Bombacaceae. Sin.: Pau de jangada. 5) Imbaúba
pequeno tubo separado, o qual é acoplado ao
( Cecropia sp.).
corpo da flauta, em um ângulo apropriado, ou
é parte de uma peça única, juntamente com a
NOZES
câmara de ar. Neste caso, tanto o aeroduto
O endocárpio da amêndoa da castanha-do-pará
quanto a câmara de ar são feitos do mesmo ma­
(Bertholletia excelsa H.B.K.) da família Leciti-
terial.”
daceae é partido ao meio e usado como cho­
calho em fieira a exemplo da peça M.I. n?
ANDAIME
77.3.48, índios Kayapó.
Def. Armação de quatro estacas unidas por ti­
ras de cipó ou entrecasca de árvore sobre a qual
é suspenso o tambor de fenda.
PORONGO
Use: CABAÇA
APÊNDICES DECORATIVOS
Def. Ornatos apendiculares, geralmente feitos
SEMENTE
de tufos de plumas ou outros pingentes, e tran­
Sementes são usadas no interior dos chocalhos
çados que recobrem o instrumento mas não in­
globulares para produzir o som por percussão.
terferem na produção do som.
A bananeirinha de jardim ( Canna glauca, L.),
da família das Canáceas, é a mais comumente
BAQUETA
citada. Sin.: coquilho, erva dos feridos, albará,
Def. Pequena vara de madeira com que se per­
imbiri. Identificada no espécime M.N. n?
cutem os tambores. No caso do tambor de fen­
1.015, índios Tukúna.
da, as baquetas são revestidas na extremidade
de percussão com um capeamento de látex.
TAQUARA
O colmo de diversas espécies do gênero Bambu-
sa (B. vulgaris Schrad) e outras, da família das
Gramíneas é empregado como instrumento de
sopro. Os sinônimos mais comuns citados nos
fichários das coleções são: bambu, taboca.

TAQUARI
Taquara pequena (Mabea angustifolia, Benth.)
da família das Euforbiáceas. A cânula fina é
utilizada para a construção de flautas, principal­
mente a flauta de pã. Os orifícios são abertos
a fogo.

TAQUARUÇU
Também conhecida como taboca grande (Gua-
dua superba, Hub), da família das Gramíneas,
com colmos de 6 a 12 m de altura e 15 a 20 cm Baqueta. índios More, M.N. n? 28.860. Esc. 1:7,5.

211
In str u m e n to s m usicais
cio afilado aberto no tubo do instrumento,
constituindo o gume.
Sin. Diafragma

EMBOCADURA
Def. Parte proximal dos instrumentos de sopro.
Sin. Bocal

GUME
Def. 0 lado afilado de um orifício aberto na pa­
rede da flauta para onde é dirigido o ar soprado
através da embocadura do instrumento. Izi-
kowitz (1970:331) denomina-o “orifício sono­
ro” .

UNGUETA
Use: PALHETA
Baquetas. índios Tukâno, M.N. 23.169. Esc. 1 :5.
PALHETA
BOCAL Def. Lâmina de madeira ou taquara que se apli­
Use: EMBOCADURA ca na embocadura de certos instrumentos de
sopro —os instrumentos de palheta —ou que se
CAIXA DE RESSONÂNCIA secciona na própria matéria desses instrumen­
Def. A caixa acústica da maioria dos instrumen­ tos, cujas vibrações produzem um som tanto
tos de cordas ou de outros tipos de instrumen­ mais agudo quanto mais freqüentes forem as
tos. batidas.
Sin. Iingüeta
DEFLETOR
Def. Componente de flautas, feito geralmente PAVILHÃO
de cera, que desvia o ar em direção a um orifí- Def. “ A parte inferior, mais larga, do tubo de
DIAFRAGMA alguns instrumentos de sopro e cuja largura é
Use: DEFLETOR calculada de modo que se assegure a exatidão
dos harmônicos” (Dic. Aurélio).

212
In s tr u m e n to s m u sicais
70
ARMAS
GRUPOS GENÉRICO S Flecha-sararaca triangular com aletas
Flecha serrilhada bilateral
N? Grupo Flecha serrilhada unilateral
Flecha triangular pedunculada
01 Armas de arremesso complexas Propulsor de dardos

02 Armas de arremesso simples


AR M A S D E ARREM ESSO SIMPLES (0 2 )
03 Armas contundentes de choque Def. Armas perfuradoras, cuja ponta aguçada é
encabada, ou faz parte integrante de uma vara
04 Armas de sopro com setas ervadas mais longa, arremessada à mão. Inclui a bolea-
deira, arma de projeção direta.
05 Apetrechos de defesa Uso: atividades de subsistência e práticas de
combate.
T. Esp. Boleadeira
Lança encaixe de osso
Lança espeque
ARMAS DE ARREMESSO COMPLEXAS (01) Lança foliácea pedunculada com ale­
Def. Armas arremessadas por meio de um enge­ tas
nho — arco ou o propulsor — combinadas com Lança gancho unilateral
um projétil, a flecha ou o dardo. Inclui também Lança lanceolada arqueada
o bodoque. Lança lanceolada barbelada
Uso: atividades de subsistência e práticas de Lança polifarpada
combate. Lança serrilhada bilateral
T. Esp. Arco canelado Murucu
Arco circular
Arco côncavo-convexo A R M A S C O N TU N DE N TES D E CHOQUE (0 3 )
Arco cunéiforme Def. Armas de mão defensivas, predominante­
Arco elipsoidal mente contundentes, providas de maior peso na
Arco plano-côncavo porção basal e, eventualmente, de ponteira per-
Arco quadrangular furatriz.
Arco retangular Uso: atividades de subsistência e práticas de
Arco triangular combate.
Bodoque T. Esp. Borduna circular estriada
Dardo de propulsor Borduna circular lisa
Flecha-curabi farpada Borduna circular semí-estriada
Flecha-curabi lanceolada Borduna côncavo-convexa espatulada
Flecha encaixe de osso Borduna cuneiforme espatulada
Flecha espeque Borduna losangular prismática
Flecha esporão de raia Borduna ovalada
Flecha farpada Borduna quadrangular
Flecha fisga Clava circular
Flecha fisga bifurcada Clava côncavo-convexa ampulhetada
Flecha fisga trifurcada Clara losangular espatulada
Flecha foliácea pedunculada Clava retangular concavolmea
Flecha foliácea pedunculada com Clava retangular espatulada
aletas Maça
Flecha lanceolada arqueada
Flecha lanceoladabarbelada A R M A S D E SOPRO COM SE T A S E R V A D A S (0 4 )
Flecha lanceolada biconvexa Def. Arma ofensiva formada de tubo oco no
Flecha lanceolada prismática qud se introduzem setas envenenadas com
Flecha poli pontas curare impelidas pelo sopro contra o alvo e
Flecha ponta dupla transportadas em carcás.
Flecha rombuda bolota Uso: atividades de caça a pássaros e pequenos
Flecha rombuda cruzeta animais arborícolas.
Flecha rombuda virote T. Esp. Sarabatana reforçada bipartida
Flecha-sararaca espeque Sarabatana reforçada inteiriça
Flecha-sararaca fisga Sarabatana reforçada semi-inteiriça

215
A rm as
Sarabatana singela bipartida 46 Flecha ponta dupla
Sarabatana singela inteiriça 47 Flecha rombuda bolota
Setas de sarabatana 48 Flecha rombuda cruzeta
49 Flecha rombuda virote
APETRECHOS D E D E F E SA (0 5 ) 50 Flecha-sararaca espeque
Def. Artifícios defensivos, como o nome indica, 51 Flecha-sararaca fisga
compreendendo os anteparos destinados a de­ 52 Flecha-sararaca triangular com aletas
fender o corpo ou ocultá-lo, bem como os es­ 53 Flecha serrilhada bilateral
trepes para defender a aldeia. Segundo Nordens- 54 Flecha serrilhada unilateral
kiòld (1924:104), o escudo seria uma arma de­ 55 Flecha triangular pedunculada
fensiva contra a lança ou o dardo atirado do 56 Lança encaixe de osso
propulsor. 57 Lança espeque
Uso: arma de defesa pessoal e coletiva 58 Lança foliácea pedunculada com aletas
T. esp. Escudo de couraça 59 Lança gancho unilateral
Escudo de couro 60 Lança lanceolata arqueada
Escudo-disfarce 61 Lança lanceolada barbelada
Estrepes 62 Lança polifarpada
63' Lança serrilhada bilateral
ITENS 64 Maça
65 Murucu
N9 Item 66 Propulsor de dardos
67 Sarabatana reforçada bipartida
01 Arco canelado 68 Sarabatana reforçada inteiriça
02 Arco circular 69 Sarabatana reforçada semi-inteiriça
03 Arco côncavo-convexo 70 Sarabatana singela bipartida
04 Arco cuneiforme 71 Sarabatana singela inteiriça
05 Arco elipsoidal 72 Setas de sarabatana
06 Arco plano-côncavo
07 Arco quadrangular
08 Arco retangular
09 Arco triangular
10 Bodoque ARCO
11 Boleadeira Def. Arma com a qual se atiram flechas. É cons­
12 Borduna circular estriada tituída de uma ripa de madeira, recurvada por
13 Borduna circular lisa desbastamento e pela ação do calor, sendo pro­
14 Borduna circular semi-estriada vida de corda. Entre os grupos indígenas do
15 Borduna côncavo-convexa espatulada Brasil, encontram-se unicamente arcos simples
16 Borduna cuneiforme espatulada (em oposição aos compostos), isto é, de um
17 Borduna losangular prismática único segmento curvo de madeira flexível. Os
18 Borduna ovala-da segmentos laterais afinam-se continuamente até
19 Borduna quadrangular formar uma ponta (o ombro do arco) onde é
20 Gava circular engatado o laço da corda. O recorte da ponta
21 Gava côncavo-convexa ampulhetada serve de escora à corda. Os cortes transversais
22 Gava losangular espatulada do arco podem variar desde a empunhadura até
23 Clava retangular concavolínea as pontas. Para fins de classificação, distingue-
24 Clava retangular espatulada se a secção reta transversal do segmento central
25 Dardo de propulsor (empunhadura) do arco. Essa classificação não
26 Escudo de couraça leva em conta a espessura, isto é, o diâmetro
27 Escudo de couro maior ou menor do arco. Discriminam-se os se­
28 Escudo-disfarce guintes tipos principais: 1) canelado; 2) circular;
29 Estrepes 3) côncavo-convexo; 4) cuneiforme; 5) plano-
30 Flecha-curabi farpada côncavo; 6) elipsoidal; 7) quadrangular; 8) re­
31 Fie cha-curab i lanceola da tangular; 9) triangular.
32 Flecha encaixe de osso T. Gen. Armas de arremeso complexas (01)
33 Flecha espeque V. tb. Acessórios e partes componentes das ar­
34 Flecha esporão de raia mas (70.03)
35 Flecha farpada
36 Flecha fisga ARCO CANELADO
37 Flecha fisga bifurcada Def. Arco cuja secção reta transversal apresenta
38 Flecha fisga trifurcada uma canelura, ou seja um sulco abertp-ria face
39 Flecha foliácea pedunculada interna relativamente largo e profundo^,
40 Flecha foliácea pedunculada com aletas T. Gen. Armas de arremesso complexrs fáil)
41 Flecha lanceolada arqueada
42 Flecha lanceolada barbelada ARCO CIRCULAR
43 Flecha lanceolada biconvexa Def. Arco cuja secção reta transversal na altura
44 Flecha lanceolada prismática da empunhadura apresenta forma circular.
45 Flecha polipontas T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

216
A rm as
ARCO ELIPSOIDAL
Def. Arco cujo corte transversal assemelha-se a
uma elipse, isto é, achatado com as arestas
arredondadas.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

Arco canelado. índios do rio Madeira, M.N. n 9 2.686. Esc.:


1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro e da canelura.
C Corte transversal.

Arco elipsoidaL índios do Brasil, M.N. s/nP Esc. 1:33,3. A. Vista


da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte transversal.

ARCO PLANO-CÔNCAVO
Def. Arco cujo corte transversal apresenta uma
Arco circular. índios Patoxó-Hãha-hãi, M.N. n ? 14.777. Esc. forma plana na face interna e côncava na exter­
1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro e da curvatura na
do arco. C. Corte transversal.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

ARCO CÔNCAVO-CONVEXO
Def. Arco que apresenta a forma còncava-con-
vexa quando visto em corte transversal. A con­
cavidade interna aprofunda-se, às vezes, forman­
do um sulco.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

Arco plano-côncavo. índios Parintintín, M.N. n ? 19.631. Esc.


1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte trans­
versal.

ARCO QUADRANGULAR
Def. Arco cuja secção reta transversal conforma
Arco côncavo-convexo. Índios Araweté, M.N. n ? 40.760. Esc. um paralelograma com as arestas vivas.
1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte trans­ T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
versal

ARCO CUNEIFORME
Def. Arco cuja secção reta em corte transver­
sal apresenta1 a forma de uma cunha de peque­
na espessura, bordas arredondadas e porções ex­
ternas mais ou menos agudas.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
Arco quadrangular. índios Kuruaya, M.N. n ? 20.377. E. 1:33,3.
A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte transversal.

ARCO RETANGULAR
Def. Arco caracterizado pela largura excepcio­
nal (de 6 a 7 cm), de secção reta retangular,
Arco cunéiforme. índios Araras do rio Madeira, M.N. n ? 367.
Esc. 1:33,3. A. Vista da peça desprovida de corda. B. Detalhe do
porção interna aplanada e externa encurvada.
ombro. C. Corte transversal. T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

217
A rm as
como uma espécie de laço para capturar ou
imobilizar a caça ou o gado” . (Chiara 1986:
121).
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)
Nota: Não foi possível localizar um paradigma
nas coleções consultadas.

Arco retangular. Índios Kaxibo do r. Ucaiale, M.N. n9 27.467. BORDUNA ^


Esc. 1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte Def. Termo genérico atribuído a todas as armas
transversal. contundentes feitas de madeira dura usadas pa­
v ra bordoar. Eventualmente, as de ponta aguça­
ARCO TRIANGULAR ^ da servem também como cavadeiras, como se
Def. Arco caracterizado pelo corte transversal verifica entre os índios Xavante (Maybury-
triangular. A face interna é achatada, ou com Lewis 1984:105) ou como bengala para andan­
uma leve concavidade; a externa apresenta ares­ ças em regiões acidentadas, no caso dos Tiriyó
tas, imprimindo perfil triangular à secção reta. (Frikel 1973:93). A extremidade distai varia
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) entre arredondada, afilada, cavada. É levada pa­
ra matar ratos, cobras, onças e, sobretudo, nas
investidas guerreiras. Clava, maça, porrete e ca­
cete são empregados como sinônimos de bor-
duna. Macana é a palavra Taino (Métraux
1986:156) usada pelos cronistas espanhóis;
tacape é o equivalente em língua geral, o tupi
modificado pelos missionários. Reservamos o
vocábulo maça para as bordunas cuja ponta
contundente é esculpida em forma de bola ou
feita de uma madeira com essa forma natural
Arco triangular. Índios Araras do rio Madeira, M.N. n9 3.573. reaparelhada. O termo clava é aqui atribuído
Esc. 1:33,3. A. Vista da peça. B. Detalhe do ombro. C. Corte às bordunas mais curtas, geralmente espatula-
transversal: triangular plano. das, e, em casos raros, circulares, sendo quase
sempre providas de ornamentação. As clavas
eram usadas antigamente na guerra e, nos nos­
BODOQUE sos dias, têm função cerimonial exclusivamente
Def. O bodoque é uma combinação de funda e (Frikel op. cit.: 94).
arco servindo para atirar bolas de barro endure­ Para fins descritivos, distinguem-se, na bor-
cidas ao fogo, colocadas em um invólucro de duna, o cabo, o cinto de separação entre o cabo
pano entre as cordas do arco. É provável que os e o corpo da arma, o segmento superior, o infe­
índios o tenham recebido da população regio­ rior e a extremidade basal.
nal (Krause 1941-4 vol. 84:188). As crianças Registram-se, basicamente, dois tipos: 1) ci­
empregam-no para matar passarinhos. líndricos, mais espessos na parte contundente,
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) e, 2) espalmados. Empregam-se para combate
ou caça à pequena distância embora a biblio­
grafia (Métraux loc. cit.) registre “bordunas de
arremesso” entre algumas tribos e usadas como
baionetas, quando pontudas, por outras. As
bordunas são classificadas segundo o corte
transversal da metade inferior do corpo da peça,
primordialmente. Subsidiariamente, levam-se
em conta algumas características marcantes que
dizem respeito à forma e à decoração. Dentro
desse critério distinguem-se os seguintes tipos
Bodoque. índios Maxakalí, M.N. n9 37.504. A. Vista da peça. de bordunas: 1) circular estriada; 2) circular
B. Detalhe do ombro. C. Corte transversal. lisa; 3) circular semi-estriada; 4) côncavo-con­
vexa; 5) cuneiforme espatulada; 6) losangular
prismática; 7) ovalada; 8) quadrangular.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
BOLEADEIRA T. Rei. Gava
Def. “Consiste de três peças esféricas de pedra V. tb. Acessórios e partes componentes das ar­
ligadas por três cordas, uma delas mais curta, mas (70.03)
que o boleador empunha para manejar o con­ Consulte: 90 Objetos rituais, mágicos e lúdicos
junto. As bolas diferenciam-se pela presença ou
ausência de um sulco na sua “linha equatorial”. BORDUNA CIRCULAR ESTRIADA
Esse detalhe informa se era atada diretamente Dell Arma contundente de madeira dura cuja
ou envolvida em couro ou outro material. Lan­ superfície é ornamentada com sulcos feitos em
çada à altura dos pés, a boleadeira funciona todo o seu comprimento com formão-cavador

218
A rm as
de dente de roedor. O corte transversal apresen­
ta-se circular.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
T. Rei. Borduna circular lisa
Borduna circular semi-estriada
Consulte: 80 Utensílios e implementos de ma­
deira e outros materiais

Borduna circular lisa. índios Krahó, M.N. nP 38.067. Esc. 1:10.


A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo, cinto de separação e orna­
mentação trançada. C. Corte transversal circular.

Borduna circular estriada. índios Mundurukú, M.N. n9 34.209.


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo, cinto de separa­
ção e estrias. C. Secção reta transversal do segmento inferior.

BORDUNA CIRCULAR USA


Def. Arma contundente de madeira pesada, de
secção reta transversal circular, alisada na su­
perfície externa.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
T. Rei. Borduna circular estriada
Borduna circular semi-estriada

BORDUNA CIRCULAR SEMI-ESTRIADA


Def. Arma contundente de madeira dura, de
secção reta transversal circular, cuja metade
posterior, correspondente à parte contundente,
apresenta estrias ou sulcos ornamentais.
Borduna circular semi-estriada. índios Krixaná, M.N. nP 7.315.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03) Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo e do segmento
T. Rei. Borduna circular estriada superior liso. C. Detalhes das duas secções retas transversais cir­
Borduna circular lisa culares: lisa e estriada.

219
A rm as
BORDUNA CÔNCAVO-CONVEXA ESPATULADA
Def. Arma contundente de madeira dura com
empunhadura revestida de trançado. A parte
inferior apresenta corte transversal côncavo na
face interna e convexo na externa, alargando-se
em forma de pá.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)

BORDUNA CUNEIFORME ESPATULADA


Def. Arma contundente de madeira dura, com
a metade inferior recurvada, arestas agudas e
secção reta transversal cunéiforme.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)

BORDUNA LOSANGULAR PRISMÁTICA


Def. Arma contundente feita de madeira dura,
espessando-se do cabo até a metade posterior,
apresentando esta uma forma prismática de
arestas agudas e corte transversal losangular.
A extremidade basal pode ser pontuda ou cava­
da e o cinto de separação ornado ou não de Borduna côncavo-convexa espatulada. índios Kayabí, M.N. n9
fios de algodão pendentes em franja. 39.648. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado
T. Gen. Armas contundentes de choque (03) ornamental da empunhadura. C. Corte transversal côncavo-con­
vexo.

Borduna cunéiforme espatulada. índios Canela-Ramkokamekra, n9 38.321. Esc. 1 :10. A. Vista da peça. B. Detalhe da empunha­
M.N. n9 38.315. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo dura e cabo. C. Secção reta transversal losangular dos segmentos
e do início da espátula. C. Secção reta transversal cunéiforme. superior e inferior da borduna.

220
A rm as
Borduna ovalada. índios do Amazonas (?), M.N. n9 25.258. Esc.
1:10. A. Vista da peça. B. Detalhes das extremidades superior
e inferior. C. Secção reta transversal ovalada.

Borduna losangular prismática. índios Konibo, M.N. n ? 2.799.


E sc 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo. C. Secção reta
transversal losangular.

BORDUNA OVALADA
Def. Arma contundente de madeira dura, cuja
metade inferior apresenta secção reta de forma
ovalada.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)

BORDUNA QUADRANGULAR
Def. Arma contundente de madeira dura, espes­
sando-se da parte anterior para a inferior, apre­
sentando esta secção reta transversal quadrada
Borduna quadrangular. índios Karajá, M.N. n9 7.219, Esc. 1:10.
com aresta viva. A. Vista da peça. B. Detalhe do cabo. C Secção reta transver­
T. Gen. Armas contundentes de choque (03) sal quadrangular.

221
A rm as
CLAVA
Def. Arma contundente para combate próximo
e para uso cerimonial, predominantemente.
Tal como no caso das bordunas, registram-se via
de regra dois tipos: 1) roliço, pouco difundido;
2) chato, espalmando-se na extremidade desti­
nada a contundir. O corte transversal varia entre
retangular, circular, côncavo-convexo; e o corte
longitudinal apresenta a forma de ampulheta,
de pá ou de espátula. Ambos são levados em
conta para fins de classificação e nomenclatura.
A empunhadura é provida, às vezes, de orna­
mentação de fios e uma alça para carregar e o
segmento inferior de decoração gravada. Atual­
mente as clavas são menores, mais leves e usadas
exclusivamente nos rituais (Frikel 1973:94).
Pelo exame da bibliografia e das coleções dis­ Clava côncavo-convexa ampulhetada. índios Rangu, M.N. n9
tinguimos os seguintes tipos: 1) circular; 2) côn­ 20.777. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Corte transversal cônca­
cavo-convexa ampulhetada; 3) losangular espa- vo-convexo.
tulada; 4) retangular concavolínea; 5) retangu­
lar espatulada.
T. Gen. Armas contundentes de choque (04)
T. Rei. Borduna
Consulte: 90 Objetos rituais, mágicos e lúdicos CLAVA LOSANGULAR ESPATULADA
Def. Arma contundente de madeira dura, cuja
metade inferior em forma de pá seccionada
apresenta secção reta transversal losangular.
CLAVA CIRCULAR Utilizada antigamente para a guerra e moderna-
Arma contundente para combate próximo ou mente como insígnia de autoridade.
para uso cerimonial caracterizada pela secção T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
reta transversal circular do segmento inferior.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)

Clava circular. índiosXokléng, M.N. n ? 7.673. Esc. 1 :7,5. A. Vis­


ta da peça. B. Corte transversal circular.

CLAVA CÔNCAVO-CONVEXA AMPULHETADA


Def. Arma contundente de uso guerreiro oü
cerimonial, cujo segmento inferior apresenta
corte transversal côncavo-convexo e o perfil
longitudinal a forma de ampulheta com dese­ Clava losangular espatulada. índios Makuxí, apud Koch-Grün-
berg 1982 3 :68 pr. 15 (1/6 do tamanho natural). A. Vista da pe­
nhos gravados. ça. B. Detalhes das secções retro-transversais da empunhadura,
T. Gen. Armas contundentes de choque (03) haste e base da clava.

222
Armas
CLAVA RETANGULAR CONCAVOLfNEA DARDO DE PROPULSOR
Def. Arma contundente de madeira dura, cujo Def. Espécie de flecha de ponta rombuda (bo­
segmento inferior apresenta-se em forma con- tão de cera envolvendo uma pedra) feita de has­
cavolínea (Leroi-Gourhan 1974:182), isto é, te de canabravaou de camaiuva (Krause 1941-4,
com os lados menores côncavos e o corte trans­ 84:186). Atira-se o dardo com o propulsor.
versal retangular. Utilizada antigamente para a T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
guerra e hoje para fins cerimoniais. T. Rei. Propulsor de dardo.
T. Gen. Arma contundente de choque (03)
T. Rei. Clava retangular espatulada

Clava retangular concavolínea com esporão. índios do rio Uau-


pés, M.N. nP 21.638. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Corte
transversal retangular de lados côncavos (segmentos de parábo-
la).

CLAVA RETANGULAR ESPATULADA


Def. Arma contundente de madeira dura, cuja
metade posterior assemelha-se à pá de remo e
cujo corte transversal é retangular. Servia, ou-
trora, como arma contundente de guerra.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
T. Rei. Gava retangular concavolínea

Clava retangular espatulada. Índios do R. Uaupes, M.N. n ? 676. Dardo de propulsor. índios Yawalapiti, coleção particular. Esc.
Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Secção reta transversal retangular. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe da cabeça do dardo.'C. Corte
G Corte longitudinal. transversal.

223
A rm as
ESCUDO DE COURAÇA
Def. Anteparo defensivo constituído da couraça
de tatu. E provido de dois orifícios por onde
passa a corda de suspensão.
T. Gen. Apetrechos de defesa (05)

Escudo-disfarce. índios Paresí, coleção particular. Esc. 1:20. A.


Vista da peça. B. Detalhe da alça de Mira e apoio da flecha.
C Detalhe da vareta transversal superior. D. Modo de uso do es­
cudo (desenho segundo foto de Marco Antonio Gonçalves).
Escudo de Couraça. índios Bororo, coleção Museu Pigorini
15.475/G. A pud Zevi et alii 1983:42 fig. 94.

ESCUDO DE COURO
Def. Artefato, geralmente redondo, destinado a
defender o guerreiro contra golpes de armas
perfurantes ou contundentes. Os escudos dos
índios do rio Apaporis são constituídos de vá­
rias camadas de couro de anta (Koch-Grün-
berg 1908:220).
T. Gen. Apetrechos de defesa (05)
Nota: nao foi encontrado protótipo nas cole­
ções consultadas.
Estrepes sem curare. índios Uru-eu-wau-wau, M.I. n? 79.2.4.
ESCUDO-DISFARCE A. Vista de algumas peças. Bi Maneira de usá-las.
Def. Peça de talos de madeira lavrada forrada de
folhagem. Usada pelos índios Paresí para caçar
nos descampados, ocultando-se o caçador sob
esse disfarce.
T. Gen. Apetrechos de defesa (05)
FLECHA
ESTREPES Def. Arma perfurante usada como projétil do
Def. Lascas de madeira, aguçadas na extremida­ arco. É constituída de uma haste de taquara
de livre, cravadas no chão e disfarçadas entre a provida ordinariamente de emplumação na ex­
folhagem. São às vezes envenenadas com cura­ tremidade basal (próxima do atirador) e de
re, a exemplo dos estrepes dos Tukúna (Nimu- ponteira aguçada na distai. Na classificação dos
endaju 1952:65) e dos Tiriyo (Frikel 1973:96). tipos de flechas leva-se em conta, primacialmen­
Constituem uma armadilha defensiva destinada te a forma e, subsidiariamente, a matéria-prima
a dificultar o acesso às aldeias. empregada na ponteira. Deste ponto de vista,
T. Gen. Apetrechos de defesa (05) distinguem-se as pontas com: 1) encaixe de

224
A rm as
osso; 2) esporão de raia; 3) espeque; 4) farpa­ emplumação porém sem o encaixe anterior para
da; 5) fisga; 6) fisga bifurcada; 7) fisga trifur- ajustar a corda do arco — atribuídos aos índios
cada; 8) foliácea pedunculada; 9) foliácea pe- Ipurinã (n?s 3.615, 5.023, 7.589) e Siusí
dunculada com aletas; 10) lanceolada arquea­ (n? 22.059), entre outros. São constituídos
da; 11) lanceolada barbelada; 12) lanceolada de uma haste de canabrava e uma longa ponta
biconvexa; 13) lanceolada prismática; 14) po- de madeira, que corresponde a um quinto do
lipontas; 15) ponta dupla; 16) rombuda bolota; tamanho da flecha, gradualmente afilada como
17) rombuda cruzeta; 18) rombuda virote; um lápis, de secção quadrangular, incisa anelar­
19) sararaca espeque; 20) sararaca fisga; 21) sa- mente. As incisões na ponta picante determi­
raraca triangular com aletas; 22) serrilhada bila­ nam maior aderência do veneno e, sobretudo,
teral; 23) serrilhada unilateral; 24) triangular a quebra no corpo do alvo. São levadas em ma­
pedunculada. A par destas, distinguem-se pelo ços de três ou mais curabis com as pontas em­
termo curabi as flechas com ponta envenenada bainhadas como proteção contra o auto-feri­
com curare. Além da ponta, discriminam-se os mento e para que a chuva não lave o veneno.
seguintes componentes da flecha: 1) vareta de T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
madeira à qual a ponta é freqüentemente adap­ T. Rei. Flecha-curabi lanceolada
tada; 2) haste, que recebe 3) a emplumação, Flecha-curabi farpeada
também discriminada segundo suas principais
variantes; 4) como término da haste destaca-
se o encaixe — com ou sem tampão — no qual
é ajustada a corda do arco para o disparo da
flecha. Cada tipo de flecha destina-se a funções
específicas de aquisição de alimentos (caça ou
pesca) ou de combate. Isso não impede que se­
jam utilizadas para mais de uma atividade. As
de caça são providas, às vezes, de um assobio:
FLECHA-CURABI FARPADA
caroço de tucum ou de outra palmeira, ou uma Def. As pontas dos curabis são farpadas uni ou
espécie de pequena cucurbita perfurada, que bilateralmente, ou providas de fisga e cobertas
produz um silvo quando em vôo. As flechas de com estojos individuais de taquara, ou reuni­
pesca são desprovidas de emplumação. Quase
das em grupos de três ou quatro no mesmo in­
todas possuem ponta de ferro que substitui
vólucro protetor. Encontradas entre os Nam-
as de osso e concha. As flechas de tipo sararaca
bikuára para a caça a pássaros, macacos, veados
têm a ponteira solta presa à haste por um fio.
(Vellard 1939:11).
As flechas envenenadas possuem também às
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
vezes, pontas destacáveis guardadas em peque­ T. Rei. Flecha-curabi lanceolada
nos carcases.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
V. tb. Matérias-primas (70.02)
Acessórios e partes componentes da
arma (70.03)

FLECHA-CURABI
Def. Espécie de flecha com ponta-curabi, ter­
mo em lingua geral (ker = ponta; oby = aguça­
da) destacável, que designa uma “pequena seta
ervada de uso entre os indígenas” (Dicionário
Aurélio). Barbosa Rodrigues (1892:106-112)
menciona curabis pertencentes a diversas tribos
do rio Uaupés, aos Ipurinã e Katawixi, do rio
Purus. Schomburgk (1847, 1:428) observou o
uso de flechas envenenadas com curare, atiradas
do arco, para a caça aos grandes mamíferos e
para a guerra, entre os índios Makuxí. O nome
atribuído à flecha por Schomburgk é “urarie-
pou” (de urari = curare). Adianta o naturalista
alemão que o caçador leva consigo um bom nú­
mero de pontas envenenadas, guardadas num
carcás de bambu, as quais usa à medida que ne­
cessita. Farabee (1918:68) relata-as entre os
Wapitxâna, Makuxí e Waiwai (cf. Ribeiro e
Mello Carvalho 1959:41-45). Na coleção do
Museu Nacional pudemos identificar curabis Flecha-curabi farpada. Índios Nambikuára, M.N. n9 2.006. A.
Vista da ponta e da bainha que a protege. B. Corte transversal da
envenenados com curare — alguns providos de bainha.

225
A rm as
FLECHA-CURABI LANCEOLADA
Def. Flecha com ponta de taquara lanceolada
untada com curare. Levada em maço de três a
quatro protegida de bainha.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha-curabi farpada

93:177 fig. 249f. A. Vista da peça. B. Corte transversal. C. Deta­


lhe da ponta.

FLECHA ESPEQUE
Def. Flecha provida de ponta de madeira aguça­
da e endurecida ao fogo, carecendo de vareta.
O termo espeque é tomado de Frikel (1973:78)
que o define: “É uma flecha do tipo comu-
mente denominada de espeque, com ponta de
madeira afilada, lisa e sem farpas. Serve, princi-
pám ente, para espetar ratos, lagartixas e outros
animais pequenos” . (Cf. op. cit. fig. 14j).
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

Flecha-curabi lanceolada. índios do rio Mamoré, M.N. n9


20.071. A. Vista do conjunto e da bainha que proteje a ponta
envenenada com curare. B. Corte transversal da bainha dos cura-
bis.

FLECHA ENCAIXE DE OSSO


Def. Flecha cuja ponteira é constituída de osso
longo, cilíhdrico, aguçado em bisel, de mamí­
fero ou ave, encabado pelo canal medular na
vareta, a qual, por sua vez, é adaptada à haste.
Utilizada na caça de animais de maior porte. É
designada ponta simples por Rohr (1976-7:18,
pr. VI,4). Flecha espeque. índios Matipu-Nahukúa, M.N. n9 39.187. Esc.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

226
Armas
FLECHA ESPORÃO DE RAIA FLECHA FISGA
Def. Flecha com ponteira proveniente da parte Def. Flecha provida de ponta em fisga, isto é,
óssea Serrilhada da cauda da raia. É utilizada pa­ monofarpada, podendo ser de madeira, osso ou
ra a caça e a pesca. metal. E unida à vareta pelo enrolamento de
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) embira revestido de resina. Freqüentemente
comparecem fisgas adicionais que reforçam a
terminal. Esse tipo de flecha é usado comumen-
te para a pesca.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha fisga bifurcada
Flecha fisga trifurcada

Flecha esporão de raia. índios Karajá, apud Krause 1941-4 voL


84:179. A. Vista da ponta. B. Corte transversal da vareta.

FLECHA FARPADA
Def. Pbnta de flecha de madeira, osso ou metal Flecha fisga. índios do rio Ucaiali, M.N. n ? 18.592. Esc. 1:5.
provida de fisga terminal e farpas distribuídas A. Vista da ponta com fisga adicional. B. Corte transversal.
de um ou dos dois lados da mesma.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Curabi farpado

Flecha fisga. índios Mamaindé-Nambikuára, M.N. n ? 17.105.


Flecha farpada. Índios Kadiwéu, M.N. n 9 37.540. Esc. 1:5. A. Esc. 1:5. A. Vista da ponta com duas fisgas adicionais. B. Corte
Vista da ponta. B. Corte transversal. transversal.

227
Armas
FLECHA FISGA BIFURCADA FLECHA FOLIÁCEA PEDUNCULADA
Def. Flecha provida de duas pontas de madeira Def. Flecha com ponta que se assemelha à for­
cada qual arrematada por uma fisga de osso ou ma da folha, com gume aguçado e pedúnculo.
metal. Empregada para a pesca. É feita de madeira ou metal e, antigamente de
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) material lítico, sendo usada para a caça grande e
T. Rei. Flecha fisga a guerra.
Flecha fisga trifurcada T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha foliácea pedunculada com ale-
tas
Flecha triangular pedunculada

Flecha foliácea pedunculada de tnetaL fndios Xokléng M.N. n?


15.442. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal. C De­
Flecha fisga bifurcada. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:291 fig. talhe do pedúnculo.
15c, A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

FLECHA FOLIÁCEA PEDUNCULADA COM ALETAS


FLECHA FISGA TRIFURCADA Def. Flecha com ponta em forma de folha, pro­
Def. Flecha provida de três pontas de madeira vida de aletas e de pedúnculo inserido na vare­
cada qual arrematada por uma fisga e/ou um ta e esta, por sua vez, encastoada na haste. É
perfurador triangular de osso ou metal. Empre­ feita de madeira ou metal e, antigamente, de
gada para peixe grande. material lítico, sendo usada para a caça grande
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) e a guerra. Segundo Rohr (1976-7:18) “na
indústria lítica são freqüentes as pontas de fle­
T. Rei. Flecha fisga
cha com pedúnculo e aletas. Na indústria óssea
Flecha fisga bifurcada
são mais freqüentes as pontas de flecha sem
aletas e sem pedúnculo” (pr. VII, 1, 2).
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha triangular pedunculada

Flecha fisga trifurcada. fndios Tiriyó, apud Frikel 1973:291 fig. Flecha foliácea pedunculada com aletas. fndios Xokléng, M.N.
15d. A. Vista da ponta. B. Corte transversal 4.773. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

228
Armas
FLECHA LANCEOLADA ARQUEADA FLECHA LANCEOLADA BICONVEXA
Def. Flecha provida de ponta de taquara lan- Flecha provida de ponta de taquara talhada
ceolada arqueada. É fixada à vareta com en­ em bisel duplo, aguçada nas arestas. Usada para
voltório de embira, a qual, por sua vez, é encas­ caça de porte e para a guerra. Ocorre também a
toada na haste. ponta lanceolada de metal.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha lanceolada barbelada T. Rei. Flecha lanceolada arqueada
Flecha lanceolada biconvexa Flecha lanceolada barbelada
Flecha lanceolada prismática Flecha lanceolada prismática

Flecha lanceolada biconvexa de taquara. índios Karipuna.


M.N. n9 19.786. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transver­
sal.
Flecha lanceolada arqueada. índios Suruí (de Rondônia), M.N.
n ? 40.633. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

FLECHA LANCEOLADA BARBELADA


Def. Flecha provida de ponta de taquara lan­
ceolada, possuindo entalhes que produzem
farpas nas arestas, geralmente de belo efeito
ornamental. Usada para caça grande.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha lanceolada arqueada •
Flecha lanceolada biconvexa
Flecha lanceolada prismática

Flecha lanceolada prismática. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:


289 fíg. 13c. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

FLECHA LANCEOLADA PRISMÁTICA


Def. Flecha provida de ponta de taquara com
Flecha lanceolada barbelada. índios Suruí (de Rondônia), M.N talhe em chanfradura dupla, arestas aguçadàs e
n9 40.632. Esc. 1 :5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal. secção reta transversal em forma de prisma.

229
Armas
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) FLECHA ROMBUDA BOLOTA
T. Rei. Flecha lanceolada arqueada Def. Flecha cuja ponta apresenta-se em forma
Flecha lanceolada barbelada de bolota de cera compacta, contendo ou não
Flecha lanceolada biconvexa material mais pesado no seu interior. Utilizada
na caça às aves. A mesma designação aplica-se à
ponta de bolota feita com outras matérias-
FLECHA POUPONTAS primas, como a noz do tucum.
Def. Flecha munida de vareta de madeira à T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
qual se adaptam estiletes pontudos. Destinada T. Rei. Flecha rombuda cruzeta
à pesca de peixes pequenos. Flecha rombuda virote
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

Flecha rombuda bolota. índios Matipu-Nahukuá, M.N. n9


39.188. Esc. 1:5. A. Vista da ponta: noz de tucum perfurada,
que asso via quando em vôo. B. Corte transversal.

Flecha polipontas. índios Mamaindé-Nambikuára, M.N. n9


39.380. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal. FLECHA ROMBUDA CRUZETA
Def. Flecha com protuberância na ponta cons­
FLECHA PONTA DUPLA tituída de pauzinhos cruzados ou raiz de plan­
Def. “Confeccionadas da diáfise de ossos lon­ ta. Usada na caça a pássaros.
gos de aves ou mamíferos, seccionadas longitu­ T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
dinalmente e apontadas nas duas extremidades, T. Rei. Flecha rombuda bolota
à guisa das antigas penas de escrever de aço. Es­ Flecha rombuda virote
tas pontas eram fixadas de maneira que, tuna
extremidade da ponta servisse de farpa ou
aleta” (Rohr, S.J. 1976-7:18 e figs. pr. VI, 2,
3).
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

Flecha ponta dupla. índios Bakairí, M.N. n ? 13.666. Esc. 1:5.


A. Vista da ponta com lasca de osso. B. Corte transversal. C De­ Flecha rombuda cruzeta. A p u d Métraux 1986:144 fig. 65a. A.
talhe da ponteira. Vista da ponta. Corte transversal da vareta.

230
Armas
FLECHA ROMBUDA VIROTE
Flecha cuja ponta é formada de um virote de
madeira dura terminando em ponta, na parte
posterior, encastoado na haste. Utilizada na
caça às aves. Não fica cravada na copa das ár­
vores.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. ReL Flecha rombuda bolota
Flecha rombuda cruzeta

Flecha-sararaca com ponta espeque de ferro. índios Karipuna,


M.N. n9 19.793. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte trans­
versal.

Flecha rombuda virote. índios Botocudos, M.N. n9 7.320. Esc.


1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

FLECHA-SARARACA
Def. Flecha com ponta removível, presa à haste
por uma corda, com a qual se pesca pirarucu,
tartaruga, peixe-boi, etc. A ponteira, geral­
mente de ferro, apresenta as seguintes variantes:
1) espeque; 2) fisga; 3) triangular com aletas. É
fixada a uma vareta e esta inserida na abertura
cilíndrica da haste. Ao penetrar a ponta no
alvo, a corda se desenrola e solta-se a haste, que
fica boiando assinalando a posição da presa.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)

FLECHA-SARARACA ESPEQUE
Def. Flecha munida de ponteira lisa destacável,
presa com um cordel à haste. Atirada do arco,
serve para matar peixes de grande tamanho.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha-sararaca fisga
Flecha-sararaca triangular com aletas

FLECHA-SARARACA FISGA
Def. Flecha-arpão com ponta destacável termi­
nando em fisga. Usada para a pesca de grande
porte.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
Flecha-sararaca fisga de metal. índios Mundurukú, Museu Pigori-
T. Rei. Flecha-sararaca espeque ni n9 15.522/G. A pud Zevi et.alii 1983:35, fig. 77. A. Vista da
Flecha-sararaca triangular com aletas ponta. B. Corte transversal da ponta e da haste.

231
Armas
FLECHA-SARARACA TRIANGULAR COM ALETAS FLECHA SERRILHADA UNILATERAL
Def. Flecha-arpão com ponta, geralmente de Def. Flecha provida de um entalhe em serrinha
ferro, de forma triangular com aletas. Emprega­ numa das bordas. É feita geralmente de madei­
da para a pesca de grande porte. ra, prescindindo de vareta intermediária entre a
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) ponta e a haste. Varia o número e a disposição
T. Rei. Flecha-sararaca espeque dos dentes. Usada para caça grande.
Flecha-sararaca fisga T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha serrillr da bilateral

Flecha-sararaca triangular com aletas. Índios Tiriyó, apud Frikel


1973:291 fig. 15e. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.

FLECHA SERRILHADA BILATERAL


Flecha provida de ponta com entalhe seqüen- Flecha serrilhada unilateral. índios Xokléng, M.N. n9 15.444.
cial bilateral, menos pronunciado que o da far­ Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.
pa. Feita geralmente de madeira, insere-se dire­
tamente à haste da flecha. Usada para caça de
maior porte.
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01) FLECHA TRIANGULAR PEDUNCULADA
T. Rei. Flecha serrilhada unilateral Flecha com ponta à maneira de seta, de arestas
aguçadas, provida de pedúnculo. É feita de ma­
deira ou metal e, antigamente, de pedra, sendo
usada para caça grande. Essa forma é designada
“ língua de áspide” por Leroi-Gourhan (1974:
184 e ss.).
T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
T. Rei. Flecha foliácea pedunculada

Flecha triangular pedunculada de metal. índios Xokléng, M.N.


Flecha serrilhada bilateral. índios Erigpatsa, M.N. n ? 39.422. n9 15.442. Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal.
Esc. 1:5. A. Vista da ponta. B. Corte transversal. C Detalhe do pedúnculo.

232
Armas
LANÇA (Spear, i.; lance, f.; >peer, aL) LANÇA ENCAIXE DE OSSO
Def. Arma perfurante de arremesso manual di­ Def. Arma perfurante de arremesso manual di­
reto, morfologicamente semelhante a uma fle­ reto, com haste de madeira roliça, ornada ou
cha, porém, de madeira, mais grossa, e sem em- não de trançado marchetado e pingente de
plumação funcional. De uma maneira geral, a plumas. A ponteira de fêmur de onça ou outro
ponta forma uma só peça com a vara. As exce­ mamífero é encaixada à haste por sua cânula
ções são as lanças com ponta de taquara lan- natural, sendo afilada em bisel, isto é, em quina
ceolada, as que-têm embutimento da cânula me­ oblíqua. Comum entre os grupos Kayapó e
dular de um osso longo afilado, principalmente Karajá.
fêmur de onça. As lanças dos índios Xokléng T. Gen. Arma de arremesso simples (02)
têm ponta folíácea pedunculada com aletas.
A extremidade proximal é igualmente aguçada LANÇA ESPEQUE
para ser enterrada no chão quando em desuso. Def. Arma perfurante de madeira dura, para
Segundo Krause, “as lanças parecem servir ex­ arremessar ou empurrar, cuja ponta, esculpida
clusivamente como armas de exibição em festas, na vara, é extremamente fina e aguçada, ante­
visitas, etc.. Outrora eram empregadas na caça cedida ou não de entalhes decorativos.
ao jaguar. Os penachos da ponta visavam assus­ T. Gen. Armas de arremesso simples (02)
tar e fazer vacilar o animal de maneira que, no
momento mais oportuno, se pudesse desferir
o golpe mortal” . (Krause 1941-4 vol. 84:186).
Entre os Xikrin, a lança é usada especialmente
na caça ao porco-do-mato (Frikel 1968:31).
A classificação das lanças — do mesmo modo
que das flechas — se faz, primordialmente, se­
gundo a morfologia da ponteira e, subsidiaria-
mente, a matéria-prima nela empregada. Desse
ponto de vista, distinguem-se os seguintes tipos
principais encontrados nas coleções a que tive­
mos acesso e a consulta bibliográfica: 1) biserri-
lhada; 2) encaixe de osso; 3) espeque; 4) foliá-
cea pedunculada com aletas; 5) gancho unila­
teral; 6) lanceolada; 7) lanceolada barbelada;
8) polifarpada. O nono tipo é representado pelo
murucu, que é uma lança com ponta espeque
ervada e desmontável.
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)

Lança espeque com entalhes decorativos. índios do rio Uaupés,


M.N. n9 3.568. Esc. 1:10 (comp. 2m). A. Vista da ponteira. B.
Detalhe da extremidade basaL C Detalhe da decoração entalha­
da. D. Corte transversal da ponteira e da vara.

Lança encaixe de osso. índios Karajá, M.N. n 9 40.006. Esc.


1:10. A. Vista do segmento perfurador. B. Detalhe da extremi­
dade basaL C Detalhe do trançado ornam entai D. Secção reta (Comp. l,86m ). A. Vista da ponteira. B. Detalhe do segmento
transversal circular. basal. C Corte transversal da vara.

233
Armas
LANÇA FOLIÁCEA PEDUNCULADA COM ALETAS
Def. Arma perfurante de arremessar ou empur­
rar, com ponta de ferro martelado a partir de
armas brancas, recortada em forma de folha
com pedúnculo e aletas. Empregada pelos ín­
dios Xokléng na caça grande e na guerra.
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)

lhe da base. C. Detalhe do verso da ponteira. D. Corte transversal


da vara circular.

Lança foliácea pedunculada com aletas. índios Xokléng, M.I.


s/n? Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe em perfil.

LANÇA LANCEOLADA BARBELADA


Def. Arma perfurante, de arremessar ou empur­
rar, com ponta feita unicamente de taquara lan­
LANÇA GANCHO UNILATERAL
Def. Vara de madeira aguçada na extremidade ceolada e recortes barbelados. Empregada para
a caça de maior porte.
perfurante apresentando entalhe unilateral em
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)
forma de gancho. Usada para caça de grande
T. Rei. Lança lanceolada arqueada
porte.
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)

Lança gancho unilateral. índios Maxakalí, M.N. n? 29.086.


Esc. 1:10 (compr. l,85m). A. Vista da ponteira. B. Detalhe
da base. C. Corte transversal triangular da vara.

LANÇA LANCEOLADA ARQUEADA


Def. Arma perfurante de arremessar ou empur­
rar, com ponta de taquara ou de madeira lan-
ceolada e cabo de madeira roliço. Empregada
pelos índios Tukúna e Marúbo, entre outros,
Lança lanceolada barbelada. índios do Amazonas, M.N. n?
para caça grande. 25.995. Esc. 1:10 (comp. l,80m ). A. Vista da peça. B. Detalhe
T. Gen. Armas de arremesso simples (02) da ponta inferior. C. Detalhe dp corte transversal da vara: plano-
T. Rei. Lança lanceolada barbelada côncavo.

234
Armas
LANÇA POUF ARPADA
Def. Vara de madeira com ponta aguçada na ex­
tremidade perfurante, apresentando recortes sa­
lientes ao redor da vara à maneira de esporões.
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)

Lança serrilhada bilateral. índios Parintintin, M.N. n ° 22.049.


Esc. 1:10 (comp. 2,53m). A. Vista do segmento superior. B. De­
talhe da base. C. Detalhe da ornamentação emplumada da vara.
D. Corte transversal da ponteira e da vara.

MAÇA
Def. Arma contundente constituída de uma
haste de madeira com uma proeminência em
forma de bola ou de taco de golf na extremida­
de basal. Freqüentemente aproveita-se galhos,
aparelhando sua forma natural, para servirem de
maças.
T. Gen. Armas contundentes de choque (03)
T. Rei. Borduna

Lança polifarpada. índios Guaikurú, M.N. n9 7.733. Esc. 1:10.


< ü

Vista da peça com destaque da ponteira. B. Detalhe da base.


Detalhe em planta baixa da ponteira. D. Corte transversal
circular. (Comp. 3m).

LANÇA SERRILHADA BILATERAL


Def. Arma perfurante de arremessar ou empur­
rar com ponta de madeira lanceolada e bisserri-
lhada a intervalos. A base é aguçada para que
possa ser enterrada no chão quando em desuso. Maça. índios Apinayé, M.N. n9 28.357. Esc. 1:10. A. Vista da
T. Gen. Armas de arremesso simples (02) peça. B. Corte transversal circular.

235
Armas
MURUCU PROPULSOR DE DARDOS
Def. Termo em língua geral que designa “uma Def. Tabuleta de madeira talhada em forma de
espécie de lança de pau vermelho com ponta er- ampulheta (alto Xingu, Tapirapé, Javahé) ou
vada” (Dicionário Aurélio). O murucu é descri­ de forma ovalada (Karajá) com um furo na par­
to por Barbosa Rodrigues (1903:43-44) como te mediana, afinando na sua parte distai e pro­
sendo “um grande kurabi, ou melhor, uma lan­ longando-se em vara que termina com um gan­
ça, como o indica o nome indígena muruku, cho. O furo serve para introduzir o indicador
que deriva de min, lança e rucu, longa” . É afila­ que facilita o arremesso do dardo. Tanto entre
do na extremidade posterior, tendo na anterior os alto-xinguanos quanto entre os Karajá, Ja­
uma ponta destacável, de secção quadrangular, vahé e Tapirapé o propulsor de dardos passou a
gradualmente aguçada, untada com curare e ser uma arma esportivo-ritual. (Rrause 1941-44
incisa anular ou longitudinalmente. Forma con­ 54:188).
juntos de duas, três ou cinco lanças contidas T. Gen. Armas de arremesso complexas (01)
num estojo ou levando cada qual a respectiva T. Rei. Dardo de propulsor
bainha. Mede de 1,70 a 2,40 de comprimento
sendo usada para matar quadrúpedes maiores
e como arma de guerra de arremesso direto.
Na coleção do Museu Nacional o murucu está
representado pelos seguintes exemplares: índios
Katukína (n9s 6021, 6025, 6222); índios do
rio Uaupés (n?s 7.473, 7.574); índios do Apa-
poris (n ?s 7.579 a 7.588) índios Ipuriná do rio
Puras (n ?s 7.539, 7.592); índios Tukúna (n ?s
7.860, 3.582), entre outros. Segundo Tess-
mann (1930:372), lanças com as duas pontas
ervadas eram usadas pelos Mayorúna nos com­
bates e para abater antas, veados e porcos selva­
gens. A ponta destacável, amarrada ao cabo
com fio de algodão, e ervada, era empregada
prioritariamente. Partindo-se esta, ervava-se a
ponta oposta.
T. Gen. Armas de arremesso simples (02)
T. Rei. Flecha-curabi lanceolada
Flecha-curabi farpeada
Lança

A. Propulsor de dardos. índios Kamayurá, M.N. n9 35.099. Esc.


1 ;5. B. Dardo do propulsor. C Detalhe do encaixe do propulsor.
D. Modo de uso.

SARABATANA
Def. Propulsor de pequenas setas envenenadas
com curare. É constituído de um tubo medin­
do, aproximadamente, dois, três ou até quatro
metros de comprimento, reforçado externa­
mente, às vezes, por outro, provido e bocal e,
freqüentemente, de mira. Nele é introduzida e
soprada a seta. O revestimento com paina da
extremidade proximal da seta bloqueia o ar
soprado pelo bocal e armazenado para o lance
final. A sarabatana exige bastante força para
atirar. A posição ideal é em sentido vertical,
um pouco inclinada, com a mira para cima. O
índio segura a sarabatana com ambas as mãos
na altura do bocal; desce a arma de sua posi­
ção vertical até que o alvo apareça na mira.
Murucu. índios do rio Uaupés, M.N. n9 7.574. Es a 1 :5. A. Vista
Dá um sopro forte e seco. Segura o carcás entre
da ponta ervada e seu encaixe na vara. B. Bainha protetora da
ponta. C Extremidade proximal. D. Corte transversal da ponta as coxas para remuniciar a arma. Assim atinge
e da vara. uma distância de 30 a 40 metros (Koch-Grün-

236
Armas
berg 1909, 1:100 fig. 55). O alcance da saraba- SARABATANA REFORÇADA INTEIRIÇA
tana está na razão direta do seu comprimento, Def. Formada de dois tubos ajustados um den­
quanto mais longa mais certeiro o tiro e maior tro do outro. O tubo interno é constituído de
o alcance, sendo o máximo, segundo Stirling Arundinaria sp. que, por sua fragilidade, não
(1938:83) de 45 jardas. Considerando-se a cons­ pode ser usado sozinho, e, o externo, do caule
tituição do tubo, distinguem-se, segundo Mário da palmeira paxiúba, do qual se retira a medula.
Simões (ms), os seguintes tipos de sarabatana: Encontrada na área das Guianas e no Orinoco.
1) reforçada bipartida; 2) reforçada inteiriça; Neste tipo é freqüente a presença da mira, além
3) reforçada semi-inteiriça; 4) singela bipartida; do bocal. (Roth 1924:145-148).
5) singela inteiriça. T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas
T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas (04) T. Rei. Sarabatana reforçada semi-inteiriça
T. Rei. Setas de sarabatana Setas de sarabatana
V. tb. Acessórios e partes componentes das ar­
mas (70.03)

SARABATANA REFORÇADA BIPARTIDA


Def. Constituída de dois tubos, interno e exter­
no, sendo ambos metades reajustadas com cera.
O todo é envolto com tira de casca de cipó im-
bé. Esse tipo de sarabatana é usado pelos gru­
pos do rio Tiquié e por diversas tribos do alto
Amazonas.
T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas
T. Rei. Sarabatana singela bipartida
Setas de sarabatana

Sarabatana reforçada inteiriça. índios das Guianas. A pud Koch-


Grünberg 1923:124. A. Vista do segmento superior com bocal
B. Detalhe da mira. C. Corte transversal.

SARABATANA REFORÇADA SEMI-INTEIRIÇA


Def. O tubo interno é inteiriço, enquanto que o
externo é feito de metades longitudinais recom­
postas de tronco de uma palmeira fendida longi­
tudinalmente, escavada e depois ajustada ao tu­
bo interno. O todo é recoberto com cera e por
um enrolado de tiras da casca do cipó imbé.
T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas
Sarabatana reforçada bipartida. índios Hohodene, M.N. n9 T. Rei. Sarabatana reforçada inteiriça
40.323. E sc 1:20. A. Vista da peça, faltando o revestimento de Setas de sarabatana
tiras de cipó imbé. B. Bocal, C. Corte transversal. Nota: Sem paradigma nas coleções consultadas.

237
Armas
SARABATANA SINGELA BIPARTIDA SARABATANA SINGELA INTEIRIÇA
Def. Duas calhas lavradas do cerne da palmeira Def. Compreende um tubo simples, com ou
paxiúba, coladas com cera e entaniçadas com sem bocal, com ou sem mira, feito de bambu.
casca de cipó imbé. É encontrada no alto Ama­ É usada pelos Huanyam, de Rondônia, e pelos
zonas, entre os Tukúna, Yamamadí, bem como índios Mojo e Huarí, da Bolívia, bem como os
entre os Jívaro do Equador e do Peru. Matis do vale do Javari.
T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas
T. Rei. Sarabatana singela T. Rei. Sarabatana singela bipartida
Setas de sarabatana Setas de sarabatana

Sarabatana singela bipartida. M.N. n ? 32.749, índios Tukúna. (comp. 3,80m). A. Vista do segmento superior com bocal, alça
Esc. 1:20 (comp. 2,80m). A. Bocal e alça de mira. B. Segmento de mira, decoração de anéis com fragmentos de madrepérola.
central. C Segmento basaL D. Detalhe da construção. E. Corte B. Segmento intermediário com o mesmo tipo de decoração.
transversal. C. Segmento inferior. D. Secção reta em anel circular.

SETAS DE SARABATANA
Def. Finos estiletes de madeira ou de raízes-es-
coras da palmeira paxiúba barriguda aguçados
como agulhas na extremidade picante e besun­
tados com curare. Um invólucro de paina de
sumaúma recobre a extremidade proximal do
pequeno dardo, servindo de bucha para compri­
mir o ar dentro da sarabatana e dar impulso ao
projétil quando soprado. A ponta ervada é inci­
sa anularmente no ato de atirar com maxilares
de piranha, para quebrar-se no ferimento. As
setas são conduzidas em carcazes.
T. Gen. Armas de sopro com setas ervadas
T. Rei. Sarabatana
V. tb. Matérias-primas (70.02)
Acessórios e partes componentes das
armas (70.03)

238
Armas
70 ARMAS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (70.00)

Incluímos nesta categoria todas as armas perfurado­


DEFINIÇÕES GENÉRICAS (70.01)
ras, seja as de arremesso simples, arrojadas manualmente
como as lanças, seja as de arremesso comtplexo, lançadas
do arco. E, ainda, os dardos atirados do propulsor, as
armas de sopro (sarabatanas) com setas ervadas, as armas
contundentes, bem como os anteparos destinados a ocul­ APETRECHOS DE DEFESA
tar ou defender o corpo do atirador, e os estrepes para a Def. Como implementos de defesá individual regis­
defesa das aldeias. Não distinguimos as armas de guerrear tram-se os escudos de couro ou de couraça. Os escu­
das de caça, uma vez que, tanto as armas quanto as táti­ dos trançados dos índios do alto rio Negro são des­
cas se confundem. As “armas” flagrantemente rituais são critos como objetos rituais. Incluem-se, ainda nesta
descritas na categoria: 90 Objetos rituais, mágicos e lú­ categoria, os escudos-disfarces, para a caça em des­
dicos. A borduna, arma contundente e, às vezes, também campados, e os estrepes, às vezes ervados, para a de­
perfuradora, pode auxiliar na tarefa de caça (e eventual­ fesa das aldeias.
mente nas de agricultura), mas sua função precípua é
operar em certas práticas de combate. ARMAS
No tópico Definições genéricas (70.01) são explici­ Def. Designamos com esse termo o conjunto de
tadas as designações do armamento ofensivo — contun­ objetos empregados indiscriminadamente para as
dente ou perfurador — de projeção direta ou indireta, funções de guerra e para as tarefas de provimento da
e o defensivo. O tópico Matérias-primas (70.02) inclui as subsistência, tais como a caça e a pesca. Excluímos
madeiras empregadas na confecção dos arcos e das bor- as armas destinadas explicitamente a uso ritual.
dunas (estas com poucas informações específicas), os Existem poucos registros nas coleções e na biblio­
materiais usados para construir a haste, ponta e emplu- grafia com referência a armas defensivas. As armas
mação das flechas, os das sarabatanas, carcases e setas de ataque ou ofensivas dividem-se em: 1) armas de
ervadas, bem como do curare, todos eles discriminados arremesso; 2) armas de choque; 3) armas de sopro
por tipo de arma. As matérias-primas empregadas na fa­ com setas ervadas. As armadilhas móveis, de caça
bricação desse armamento são, basicamente, madeira, (arapuca) e pesca (caniçada, covo, nassa, socó), são
taquara, osso, pedra e metal, as três últimas como ele­ descritas na categoria: 20 Trançados, privilegiando-
mentos atuantes coligados funcionalmente a seu supor­ se a matéria-prima e a técnica ao invés da função.
te. O tópico que se refere a Acessórios e partes compo­
nentes das Armas (70.03) indica os segmentos reconhe­ ARMAS DE ARREMESSO
cidos nas armas de arremesso, de choque e de sopro, bem Def. São as armas de ataque a pequena, média ou
como os acessórios destas últimas. Em Implementos grande distância, cuja característica predominante
(70.04) discriminam-se apenas dois objetos específicos é serem perfurantes. Dividem-se em: 1) armas de
para a manufatura das armas. Os demais — plainas, for­ arremesso simples, porque formadas de um único
mões, puas — são descritos na categoria 80 Implementos elemento, a exemplo da lança, boleadeira e do mu-
e utensílios de madeira e outros materiais, uma vez que rucu, que é um tipo de lança com ponta ervada; 2)
se prestam ao preparo de outros artefatos, principalmen­ armas de arremesso complexas, formadas de dois
te de madeira, e não apenas os desta categoria. elementos: os arcos e as flechas, inclusive as flechas
A presente classificação baseia-se primordialmente ervadas, denominadas curabis. Dentro desta cate­
em Chiara (1986) e Métraux (1986). Informações com­ goria incluem-se, ainda, os propulsores de dardos,
plementares foram recuperadas de: Heath 8t Chiara restritos, na atualidade, a funções esportivo-rituais
(1977), B. G. Ribeiro & Mello Carvalho (1959). Como e os bodoques, de origem provavelmente forânea.
fontes subsidiárias concernentes a tribos e áreas culturais
utilizamos: Frikel (1953, 1968, 1973), Koch-Grünberg ARMAS DE CHOQUE
(1908, 1909), Krause (1941-1944), Nimuendaju (1952), Def. Armas ofensivas, principalmente contundentes,
Tessmann (1930), Roth (1924), K. v.d. Steinen (1940), para combate próximo e/ou para a caça a animais de
Yde (1965). maior porte. São exemplificadas pelas bordunas com
Muito útil foi o trabalho inédito de Mário Simões suas variantes determinadas pelo corte transversal
sobre a classificação de sarabatanas, a consulta ao fichá­ da metade inferior da arma. E, ainda, por algum
rio e notas sobre armas do Museu do fiidio, de Marília detalhe ornamental: sulcos no todo ou na maior
Duarte Nunes, e a colaboração de Thereza Baumann, do parte da superfície. Em alguns casos, as bordunas
Museu Nacional, que selecionou os paradigmas de cada pontiagudas podem ser usadas para perfurar, ao
item para ilustração. Igualmente valiosa foi a consulta invés de contundir, e, até mesmo, para cavar o solo.
à terminologia desenvolvida pelos arqueólogos, a saber, Nesta categoria incluímos as clavas, que são bordu­
Rohr (1976-7) e Leroi-Gourhan (1 9 7 4 ,1974a) que me nas curtas, atualmente de uso ritual exclusivamente;
foi indicada por Eliana Carvalho,-que ainda teve a genti­ e as maças, caracterizadas por uma dilatação na ex­
leza de ler e comentar os verbetes. tremidade destinada a contundir.

239
Armas
ARMAS DE SOPRO Ponta das flechas: matéria-prima vegetal, animal, metal
Def. Compreende unicamente a sarabatana que con­ Família das Gramíneas: 1) taboca —Guadua glome-
siste num tubo longo que, através do sopro de ar rata Munro aff. Macrostachya Rupr.; 2) madeiras
comprimido, expele dardos envenenados com curare. não identificadas; 3) ossos longos (fêmur, tíbia, rá­
dio de macacos, onças, antas, veados e outros ma­
míferos) são laminados e ajustados em forma de
fisga ou encastoados, por seu canal medular, sobre a
ponta em pino de uma vareta intermediária entre a
haste da flecha e a referida ponta (Steinen 1940:
MATÉRIAS-PRIM AS (7 0 .0 2 ) 247-256); 4) pregos, arame ou facas de metal são
martelados para fazer farpas, fisgas ou pontas foliá-
ceas, triangulares com ou sem aletas. Para a fixa­
ção da ponteira é empregada resina clara de jatobá
ARCOS (Hymenaea courbaril L ). O ponto de inserção é re­
coberto com tiras estreitas da casca do cipó ambé-
Corda dos arcos açu (Philodendron imbe Schott). (Kráuse 1941-44,
Feita de fibras de Palmáceas, Bromeliáceas e Morá- vol. 84:179, 183).
ceas. Não se registra o uso do algodão (família das
Malváceas) para esse tipo de cordame. Consulte: 30 SA R A B A T A N A
Cordões e tecidos, Glossário complementar: maté­
rias-primas (30.02) Bocal da sarabatana
Esculpido da noz da palmeira jarina (Phytelephas
Madeira dos arcos microcarpa R. e P. (E. Perez-Arbelaez 1959:64), ou
Família das Anacariáceas: 1) aroeira — Astronium de madeiras não identificadas (Roth 1924:147).
spp. usada pelos Borôro; Família das Bigoniáceas:
2) pau d’arco — Tecoma af. conspícua DC.; 3) ipê Carcás para setas ervadas de sarabatana
— Tabebuia sp.; 4) caraúba - Jacarandá copaia 1) Arumã (Ischnosiphon spp.) da família das Maran-
(A ubl); Família das Cariocaráceas: 5) piquiá - táceas. O colmo do arumã é laminado em talas e
Caryocar villosum (Aubl.); Família das Legumino­ estas trançadas e revestidas por inteiro ou até a me­
sas: 6) paricá-grande —Piptadenia suaveolens Miq.; tade inferior do carcas de cerol (cera de abelha mis­
7) escada de jaboti —Bauhinia macrostachya Benth.; turada com fuligem), ou de breu (Protium spp.)
8) pau-roxo Peltogyne catingae; 9) caviúna (Dalber- ou outro impermeabilizante. 2) Taquaruçu (Guadua
gia spp.). Família das moráceas: 10) muirapinima superba Hub) da família das Gramíneas, com tampa
(Brosimum guianense (Aubl.) Hub; 11) pau-cobra de pele de anta, veado, preguiça, macaco, etc. (Roth
(Brosimum aubletii. Poepp 8; Endl.) usada pelos 1970:152-3); 3) madeiras não identificadas; 4) fo­
índios das Guianas; Família das Leg. caesalp.: 12) lhas de palmeiras não identificadas.
copaíba (Copaifera spp.); Família das Lecítidáceas:
13) castanha sapucaia — Lecythis paraensis Hub. Curare para flechas e setas de sarabatana
Família das Palmáceas: 14) pupunha — Bactris Paul Le Cointe (1947:51, 424,482,485) cita várias
speciosa (Mart.) (Karst); 15) patuá — Jessenia ba­ espécies da família das Loganiáceas que entram na
tam (Mart) Burret; 16) paxiúba - Socratea exhor- composição do curare: arimaru — Strycimos cogens
riza (Mart.) H. WendL; 17) paxiúba barriguda - Schomb.; ruamon — Stry cimos rouhamon Benth.;
Iriartea ventricosa Mart.; 18) tucum Astrocaryum urari-uva —Strychnos castelanei Wedd. e/ou Strych-
spp. nos toxifera Schomb. e várias outras espécies. Da
família das Menispermáceas são citadas igualmente
BORDUNAS E LANÇAS diversas espécies do gênero Chondodendron (C. to-
Feitas de algumas das madeiras mencionadas para a mentosum e outras) que, no entanto, jogam um pa­
confecção dos arcos, principalmente do lenho do pel acessório no preparo do curare (Vellard 1959:
cerne das palmeiras paxiúba e tucum, bem como de 13). Prance (1986:125-129) relaciona diversas espé­
pau-santo (Zollernia paraensis Hub). As pontas das cies vegetais como ingredientes na produção de cura­
lanças são manufaturadas de ossos afilados em bisel re para flechas e setas de sarabatana. Os Yamamadí
de onça e outros mamíferos. empregam as seguintes: 1) da família Loganiácea,
Strychnos solimoesana Krukoff; 2) da família Me-
FLECHAS nispermácea, Curarea toxico fera (Wedd.) e Abuta
splendida Krukoff 8< Moldenke; 3) da família Me-
Emplumação das flechas liácea, Guarea carinata Ducke e Guarea cf grandi-
Empregam-se, comumente, penas inteiras ou parti­ folia C. DC.; 4) da família Simarubácea, Picrolemma
das ao meio de: mutum, gavião real, araras, bacu­ sprucei Benth; 5) da família Anonacea, Duguetia
rau, urubu, urubu-rei (Frikel 1973:83). asterotricha Diels. Segundo Prance, “a casca desta
Consulte: 40 Adornos plumários, Glossário comple­ última é queimada e as pontas das flechas colocadas
mentar: matérias-primas (40.02) sobre a fumaça. Os índios insistem veementemente
que as flechas untadas de veneno tomam-se mais
Haste das flechas eficazes após este tratamento” (op. cit.: 127). Os Ja-
Família das Gramíneas, subfamília das Bambusá- rawara empregam ingredientes aproximadamente se­
ceas: 1) taquara - Guadua angustifolia Kunth.; melhantes aos dos Yamamadí na confecção do cura­
subfamília das Arundinárias: 2^ flecha verdadeira — re (cf. Prance, 1986 Tabela VI). O curare dos Makú
Gynerium saccharoides H.B.K.. é muito mais simples comportando um único ingre-

240
A rm as /
diente: o látex de Naucleopsis mello-barretoi (Stan-
dl.) C.C. Berg, árvore da família das Moráceas. “ Essa ACESSÓRIOS E
substância é aplicada diretamente sobre os dardos da PARTES COMPONENTES DAS ARMAS (70.03)
sarabatana e não exige processos intermediários de
aquecimento ou de concentração” (Prance 1986:
129). Os Yanomâmi empregam a casca da Virola AUAVA
sp., família Mristicácea, como veneno de flechas. Use: CARCÁS
“ A casca é retirada da árvore, aquecida ao fogo e a
resina que flui é colhida em uma cabaça ou panela. ARCO
É então fervida até formar uma pasta pegajosa em­
Ombros do arco
pregada como veneno de flecha ou é secada para fa­
Def. Designa-se “ombro” a parte terminal dos seg­
zer o rapé” (Ibidem). Os Kaxuyâna, grupo Karib do
mentos superior e inferior do arco. Distinguem-se
rio Trombetas, empregam a entrecasca de um cipó
as seguintes variantes principais: 1) pontiagudo; 2)
que cresce em lugares úmidos, cujo sumo é concen­
rombudo; 3) em cabo; 4) com entalhe unilateral; 5)
trado por cocção, para envenenar as pontas de suas
com entalhe bilateral; 6) com entalhe decorativo.
flechas-curabis (Frikel 1953:257-274). É chamado
A corda do arco é fixada ao ombro mediante um nó,
kamáni na língua Kaxuyâna. Substâncias curarizan-
que deve ser simples para que o arco possa ser rapi­
tes foram registradas por seus nomes indígenas na
damente armado. A corda sobressalente envolve o
língua Tiriyó por Frikel (1973:69-70), e na língua
segmento superior do arco servindo de reserva no
Waiwaí por Yde (1965:113-114).
caso de partir-se a que estiver em uso. (Ver fig. 1).

Segmentos do arco
Def. Além do ombro, distinguem-se, no corpo do ar­
co, o segmento central, chamado empunhadura, e os
segmentos superior e inferior que se seguem ao do
Setas de sarabatams
Estiletes afinados como agulhas, besuntados com centro. O segmento superior recebe o excedente do
enrolamento da corda. O corpo do arco pode rece­
curare, são feitos das seguintes matérias-primas:
raízes-escoras da palmeira paxíúba barriguda e/ou, ber, ainda, um revestimento de tiras da casca de cipó
imbé, decoração emplumada, como no caso dos ar­
segundo Le Cointe (1947:352), do pecíolo das fo­
cos cerimoniais dos índios Borôro, e trançada. As
lhas dessa Palmácea (Iriartea ventricosa Mart.); de
características do corte transversal do segmento cen­
lascas de canabrava (flecha verdadeira — Gynerium
saccharoides H. B. K., da família das Gramíneas; ou, tral do arco determinam sua nomenclatura.
ainda, segundo Roth (1970:148), da nervura da fo­
lha nova da palmeira miriti (Mauritia flexuosa L.) e BAINHA DO CURABI
da palmeira pataua (Jessenia bataua Mart.) Burret. Def. Complemento da flecha curabi, isto é, de ponta
A ponta picante é incisa anularmente com a mandi- ervada, constituído de um envoltório de folhas, talas
bula da piranha e a romba revestida de: paina de de taquara ou tubo de taboca. As bainhas são adap­
sumaúma (Ceiba surmhuma Schumb., Bômbax sp., tadas para agasalhar uma ou mais flechas-curabi.
Ceiba petandra Gartn.) da família das Bombáceas; T. Rei. Bainha do murucu
ou ainda, da paina de Cochlosperum hibiscoides,
uma espécie de periquitéira da família das Co- BAINHA DO MURUCU
chlopermáceas (E. Perez-Arbelaez 1959:64). Def. complemento do murucu constituído de um in­
vólucro de folhas ou trançado, em forma de cone
truncado, ajustado para receber as pontas de sete
murucus (seis rodeando o sétimo), cujos interstí­
cios são vedados com breu. Este impermeabilizante
é aplicado também ao cume da bainha para evitar
Tubo da sarabatana que as pontas furem o envoltório. Registram-se tam­
A bibliografia menciona o emprego da haste da bém bainhas individuais ou duplas para proteger
Arundinaria schomburgkii Benth para a feitura do a ponteira dos murucus.
tubo interno da sarabatana por diversos grupos in­ T. Rei. Bainha do curabi
dígenas das Guianas (Roth 1970:146). O tubo ex­
terno é feito do cerne da palmeira paxiúba (Socra-
tea exhoniza (Mart.) Wendl. talhado em duas ca­ BORDUNA
lhas cimentadas por breu e envoltas com tiras de
cipó ambé (Phylodendron imbe Schott). E, mais co- Cabo da borduna
mumente, do tronco da palmeira jupati ou paxiubi- Def. O cabo corresponde a uma das cinco partes que
nha (Iriartella setigera (Mart.) H. Wendl.) conheci­ se destacam na borduna, segundo Frikel (1968:30-
da, por isso, como caruatana. Trata-se de uma pal­ 31). Corresponde à extremidade anterior, proximal
meira de 3 a 5 m de altura por 4 a 5 cm de diâme­ do usuário, podendo apresentar as seguintes-varian­
tro. Segundo Le Cointe (1947:353): “os índios par­ tes principais: a) reto; b) curvo; c) em espigão;
tem o tronco desta palmeira, raspam a medula, d) com entalhes decorativos. (Ver fig. 2).
unem outra vez as duas metades, entaniçando-as
com envira, de modo a formar um longo tubo que Cinto de separação da borduna
constitui a sarabatana com que atiram flechas enve­ Def. A argola ou cinto de separação vem a ser a sali­
nenadas com curare” . ência (ou saliências) que marcam o término do cabo

241
Armas
e o início do corpo da borduna. Freqüentemente pa de couro (de anta, veado, etc.) e de alça para
encontra-se aí uma amarração de fios de algodão transportar nele as pontas destacáveis das flechas-
que findam em franja ou uma alça para carregar. curabi envenenadas com curare. (Ver fig. 7).
Nem todas as bordunas apresentam esse elemento. T. Rei. Carcás de taquaruçu sem tampa
Não raro ele se situa numa porção bem abaixo do Flecha-curabi
cabo.
CARCÁS DE TAQUARUÇU SEM TAMPA
Pontal da borduna Def. Recipiente constituído de uma secção de ta­
Def. Na extremidade basal da borduna distinguem-se quaruçu esvaziada do respectivo miolo servindo para
algumas variantes, sendo as mais gerais as seguintes: transportar nele as setas envenenadas de curare da
a) ponta aguda; b) ponta rombuda; c) ponta em es­ sarabatana. (Ver fig. 8).
pigão; d) ponta reta. T. Rei. Carcás de taboca com tampa
Sarabatana
Segmento inferior da borduna
Def. Espessando-se, geralmente, na parte inferior, CARCÁS TRANÇADO IMPERMEABILIZADO
o corte transversal desse segmento determina o tipo Def. Recipiente cilíndrico trançado de arumã reves­
de borduna e sua nomenclatura. tido de cerol em toda a sua extensão para efeito de
impermeabilização. Nele são portadas as setas de sa­
Segmento superior da borduna rabatana envenenadas com curare. (Ver fig. 9).
Def. O corpo da borduna pode ser dividido em duas T. Rei. Carcás trançado semi-impermeabilizado
partes: superior e inferior. O segmento superior é Sarabatana
geralmente mais fino que o inferior, podendo ou Consulte: 20 Trançados
não ser decorado com trançado ou com estrias. Cor­
responde à empunhadura da borduna que se segue CARCÁS TRANÇADO SEMI-IMPERMEABILIZADO
ao cinto de separação. Def. Cesto cilíndrico duplo de trançado sarjado e/ou
quadricular, impermeabilizado com cerol até a me­
CARCÁS tade da altura tendo fundo de madeira ou de cuia.
Def. Complemento da sarabatana em que são acon­ Nele são alojadas as setas envenenadas com curare,
dicionadas as pequenas setas envenenadas com que são os projéteis da sarabatana. São colocadas
curare. Registram-se os seguintes tipos: 1) de madei­ com as pontas ervadas para baixo em meio a um
ra; 2) de palha dobrada; 3) de taboca com tampa; emaranhado de palha. É levado ao ombro, nas ex­
4) de taquaruçu; 5) trançado impermeabilizado; 6) pedições de caça, suspenso por uma alça. (Ver fig.
trançado semi-impermeabilizado. As pontas de fle­ 10).
chas ou as setas de sarabatana são colocadas no car­ T. Rei. Carcás de trançado impermeabilizado
cás com a parte perfurante besuntada de curare Sarabatana
para baixo dentro de um emaranhado de fibra ou Consulte: 20 Trançados
amarradas (as setas) seqüendalmente umas às ou­
tras. Acompanha o carcás, freqüentemente, um re­ FLECHA
cipiente contendo paina de sumaúma, usado para
encapar as extremidades não perfurantes das setas, Emplumação da flecha
bem como um implemento cortante — em geral Def. A emplumação constitui um procedimento
mandíbula de piranha — para fazer uma incisão na técnico destinado a dar equilíbrio à flecha e contro­
seta, no momento de atirar. Dessa forma, a ponta se lar sua trajetória. Somente as penas inteiras, atadas à
quebra permanecendo no corpo da vítima. O car­ haste da flecha por suas extremidades, apresentam
cás é provido de uma alça para carregar. posição espiralada. Mais comumente empregam-se
Sin. Aljava meias-penas atadas à haste por suas extremidades,
V. tb. Sarabatana ou atadas por inteiro. Os métodos de fixação da pe­
Setas de sarabatana na à haste variam segundo: 1) a posição da pena em
relação à haste; 2) a maneira de fixar a pena à haste.
CARCÁS DE MADEIRA A combinação das duas características determina
Def. Recipiente escavado em madeira leve, ponden- três tipos principais de emplumação. O primeiro ti­
do assumir forma cilíndrica ou ampulhetada. É mu­ po — em plum ação radial o u paralela — caracteriza-se
nido de alça para transportar setas de sarabatana en­ pela utilização de duas meias-penas fixadas paralela-
venenadas com curare. (Ver figs. 3 e 4). mente à haste; no segundo tipo —emplumação tan­
gencial ou espiralada — verifica-se o emprego de pe­
nas inteiras atadas pelas extremidades; no terceiro
CARCÁS DE PALHA DOBRADA tipo —emplumação mista —à emplumação tangencial
Def. Cesto píriforme feito de folíolos de folha de ou espiralada segue-se a radial ou paralela de penas
palmeira segundo a técnica de trançado dobrado. inteiras, igualmente atadas por suas extremidades e
É dotado de alça para carregar no seu interior setas reforçadas, numa delas, de atadura cerrada. Na em­
ervadas de sarabatana. (Ver figs. 5 e 6). plumação do primeiro tipo, isto é, a radial ou para­
T. Rei. Sarabatana lela, distinguem-se variantes de ataduras, a saber:
Consulte: 20 Trançados 1) contínua espaçada; 2) contínua cerrada; 3) con­
tínua cerrada e cimentada, isto é, recoberta por uma
CARÇÁS DE TABOCA COM TAMPA camada de cerol;4) cerrada com intervalos; 5) atada
Def. Recipiente constituído de urna secção de tabo­ nas duas extremidades; 6) atada nas duas extremida­
ca esvaziada do respectivo miolo. É provido de tam­ des e reforçada, parcialmente, por atadura cerrada;

242
Armas
7) atada nas duas extremidades, fixada por ataduras Vareta da flecha
cerradas com intervalos e, parcialmente, cimentada; Def. Talhada em madeira, a vareta corresponde à
8) ataduras cerradas nas extremindades e agrupadas, parte intermediária entre a haste e a ponta perfura­
com intervalos, na parte mediana; 9) atadura costu­ dora da flecha. Freqüentemente a ponta e a vareta
rada, isto é, o atilho atravessa a haste perfurada para constituem uma única peça adaptada diretamente à
esse fim. Na emplumação do segundo tipo —tangen­ haste. A função da vareta é servir de apoio à ponta e
cial ou espiralada — com emprego de penas inteiras equilibrar a flecha. Os pontos de junção entre a vare­
constatam-se duas variantes de ataduras: 1) as penas ta e a haste são reforçados por envoltórios decora­
são atadas simplesmente nas duas extremidades; 2) tivos. (Ver fig. 30).
a pena é atada à extremidade distai da haste da fle­
cha sendo depois virada para ser atada à outra ex­
tremidade. As meias-penas são em geral retocadas,
apresentando as seguintes variantes: a) arredonda­ PANELINHA PARA CURARE
da; b) parcialmente arredondada; c) em elipse; d) Def. Acessório de sarabatana constituído de um
em semi-elipse; e) ondulada; f) em paralelograma; pequeno recipiente de barro, vasiforme, destinado à
g) trapezoidal. As penas inteiras costumam ser, guarda do curare. Os índios Matís utilizam uma tige-
também, recortadas, apresentando, às vezes, um dos linha de cerâmica para esse fim (ver fig. 8). O curare
bordos serrilhado. Ocorre, freqüentemente, uma empregado para untar as pontas de ílechas-curabis
emplumação complementar com plumas coloridas e das lanças-murucus é consumido integralmente lo­
com fins decorativos ou de identificação do dono go após ser produzido. (Ver fig. 31).
da flecha. (Ver figs. 11 a 26). T. Rei. Sarabatana
Consulte: 10 Cerâmica

Haste da flecha
PINCEL PARA CURARE
Def. Constituída geralmente de taquara, a haste cor­
Def. Acessório de flechas-curabis feito de pêlo de
responde à secção mais longa da flecha. Recebe, na
macaco atado à ponta de três ou mais varetas arma­
extremidade proximal, a emplumação bem como o
das em forma de leque. Usado para untar de curare,
recorte para o encaixe da corda do arco. Freqüen­
logo depois de produzido, as pontas destacáveis das
temente, para evitar que o caniço se parta, é intro­
flechas-curabis. (Cf. Frikel 1973:70 fig. 16k; Yde
duzido um tampão de madeira chanfrada. Na sec­
1965:115 fig. 34). (Ver fig. 32).
ção distai da haste é encastoada a vareta de madei­
ra, suporte da ponta, ou a ponta propriamente dita.
Todas essas emendas são reforçadas por envoltórios
decorativos. (Ver figs..27 a 30).

SARABATANA

Bocal da sarabatana
Ponta da flecha
Def. Extremidade proximal, ajustada ao tubo, feita
Def. É a porção perfurante do projétil. Suas varia­
ções de forma e matérias-primas empregadas deter­ de madeira de noz de palmeira. Facilita a aplica­
ção da sarabatana à boca para soprar.
minam o tipo e a nomenclatura das flechas. (Ver
V. tb. Matérias-primas (70.02)
fig- 27).
V. tb. Matérias-primas (70.02)

Mira da sarabatana
Def. Saliência aplicada longitudinalmente ao tubo
na forma de um ou dois dentes recurvados de cutia,
Silvo da flecha paca ou capivara, presos com cerol. Enquadrando o
Def. Constituída de noz de tucum perfurada é colo­ alvo na mira, o caçador faz a pontaria com tiro cer­
cada num segmento da haste ou da vareta fazendo teiro. No entanto, nem todas as sarabatanas são pro­
a flecha silvar quando em yôo. (Ver fig. 28). vidas de mira.

Tubo da sarabatana
Tampão da flecha Def. Composto de uma gramínea sem nós (Arun-
Def. Ocorre, freqüentemente, a presença de uma bu­ dinaria schomburgkii Benth) encontrada somente
cha de madeira leve embutida na extremidade basal nas serras do alto Orinoco e no alto Uaupés, onde
da haste da flecha, a qual desaparece dentro da cana era amplamente negociada, e/ou de duas calhas la­
ou sobressai ligeiramente. Esse tampão, ou na sua vradas do cerne da palmeira paxiúba, coladas e en-
falta, a própria haste, recebem um entalhe para o taniçadas com casca de cipó imbé. As variantes do
assentamento da corda do arco e um reforço de tubo — singular, duplo, isto é, com reforço inter­
amarração de fios, por vezes, encerados. (Ver fig. no, inteiriço ou bipartido — determinam o tipo e a
29). nomenclatura da sarabatana.

243
A rm as
Fig. 2 — Partes componentes da borduna. A. Empunhadura ou
segmento superior. A l. Cabo e cinto de separação. A2. Detalhe
do revestimento trançado do segmento superior. B. Segmento
inferior. B l. Secção reta transversal próximo à extremidade ba­
sal. índios Karajá, M.N. n ? 7.220. Esc. 1:10.

lhe da amarração da corda do arco no segmento superior, que


pode ser facilmente, desfeita. C. Detalhe da amarração fixa no
segmento inferior do arco.

Fig. 4 — Carcás de madeira ampulhetado. índios Hohodene-Ba-


niwa, M.N. n9 40.324. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Vista da se-
ta ervada.

24 4
A rm as
Fig. 7 — Carcás de taboca com tampa de couro. índios Waiwai,
M.I. n9 79.5.63. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Tampa de couro.
C. Ponta de flecha-curabi espeque ervada.

Fig. 5 — Carcás de palha dobrada. índios do r. Negro, M.N. n9


34.004. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da bolsa depósito
de paina de sumaúma. C. Série de setas envenenadas acondicio­
nadas ao modo de esteira.

Fig. 8 — Carcás de taquaruçu sem tampa. índios Matis, M.I.


s/n9. Esc. 1:10. A. Vista da peça com todos os acessórios. B.
Fig. 6 — Carcás de palha dobrada com reforço trançado e depó­ Seta de sarabatana encapada e envenenada. C. Seta a preparar.
sito de cabaça para a paina de sumaúma. índios Makú, M.N. D. Bolsa tecida contendo paina de sumaúma. E. Mandíbula de
n9 3.528. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do trançado do­ piranha para afilar e fazer incisão circular na seta. F. Tijelinha
brado. C. Vista da seta ervada. de curare. G. Bastonete para aplicar curare.

245
Armas
Fig. 12 — Emplumação radial da flecha com atadura espaçada e
cimentada, isto é, recoberta por uma camada de cerol.

Fig. 13 — Emplumação radial da flecha com atadura cerrada com


intervalos de meias-penas.
Fig. 9 — Carcás trançado impermeabilizado. índios Tukúna, M.N.
n9 2.580. Esc. 1:5. A. Vista da peça com o saquinho de líber
para a paina. B. Detalhe do trançado. C. Seta ervada.

Fig. 14 - Emplumação radial da flecha com atadura contínua


espaçada de meias-penas.

Fig. 15 — Emplumação radial (ou paralela) da flecha com atadu­


ra nas duas extremidades.

Fig. 10 — Carcás trançado semi-impermeabilizado. índios Hoho- Fig. 16 — Emplumação radial (ou paralela) da flecha com as
dene, M.N. n9 40.336. Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. Detalhe do meias-penas atadas pelas extremidades, uma delas com refoiço
trançado. C Seta envenenada com curare. de atadura cerrada.

Fig. 17 — Emplumação radial da flecha com ataduras cerradas a


Fig. 11 —Emplumação radial da flecha com atadura cerrada con­ intervalos e cimentadas (recobertas com cerol) numa das extre­
tínua de meias-penas. midades.

246
Armas
Fig. 18 - Emplumação radial da flecha. As ataduras são cerradas
nas extremidades e agrupadas com intervalos na parte mediana.

Fig. 23 - Recorte das penas de flechas: A. meia-pena com recor­


te arredondado. B. meia pena com recorte semi-arredondado.

Fig. 19 - Emplumação radial da flecha: atadura costurada, isto


é, o atilho atravessa a haste perfurada para esse fim.

Fig. 24 - Recorte das penas das flechas. A. em elipse; B. em se-


Fig. 20 — Emplumação tangepcial (ou espiralada) da flecha com mi-elipse; C. recorte ondulado.
penas inteiras: as penas são atadas pelos canhões nas duas extre­
midades.

Fig. 21 - Emplumação tangencial (ou espiralada) da flecha com Fig. 25 - Recorte das penas das flechas. A. em paralelograma;
penas inteiras: a pena é atada à extremidade distai da haste sendo B. trapezoidal.
depois virada para ser atada à outra extremidade.

Fig. 22 — Emplumação mista (radial e tangencial) com emprego


de penas inteiras: o canhão da pena é atado numa das extremida­ Fig. 26 - Recorte das penas das flechas. A. recorte uni-serrilha-
des e a outra munida de atadura cerrada. do; B. recorte bi-serrilado.

247
Armas
Fig. 30 — Vareta da flecha no ponto de junção com a haste: en­
voltórios decorativos. índios das Guianas, apud Roth 1970:159
fig. 48.

Ponteira e vareta. C. Junção da vareta à haste. D. Detalhe da has­


te e da emplumação. E. Tampão para encaixe da corda do arco.

Fig. 31 — Panelinha de curare. índios Tukúna, M.N. n9 32.607.


Esc. 1 :5. A. Vista da peça. B. Detalhe da secção reta transversal.

Fig. 28 — Silvo da flecha. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:291


fig. 15h.

11.* M. M & i i li i i i i i í! i l u u l . -

« » c

Fig. 29 — Tampão da flecha còm encaixe onde se ajusta a corda


do arco reforçado com envoltórios decorativos. índios das Guia- Fig. 32 — Pincel para curare. índios Waiwai, M.I. n9 79.5.60.
nas, apud R oth 1970:158 fig. 46. Esc. 1:2,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da trifurcação.

248
Armas
IMPLEMENTOS (7 0 .0 4 )

ARROCHO DE FLECHA
Def. Cordel preso a duas varetas, pedaços de
taquara ou mesmo chifre de veado; um deles é
sujeitado entre os dedos da mão, o outro, entre
os dedos do pé. O cordel, assim aparelhado, ser­
ve para fazer o envolvimento da flecha nos pon­
tos de junção da haste com a ponteira, com a
vareta intermediária ou o tampão para o encai­
xe basal da haste, a fim de estreitá-la, impedin­
do que as beiras fiquem salientes. (Frikel 1973:
81; Yde 1965:107, figs. 31, 32). (Ver fig. 33).

CAVADOR HASTE DA FLECHA


Def. Extrator do miolo da haste da flecha feito
da barbatana do surubim provida de pequenas
farpas. (Frikel 1973:157 fig. 33k). (Ver fig. 34). 1973:309 fig. 33k.

249
A rm as
80
UTENSÍLIOS
E IMPLEMENTOS
DE MADEIRA
E OUTROS MATERIAIS

251
Utensílios e implementos
V
80
UTENSÍLIOS E IMPLEMENTOS
DE MADEIRA
E OUTROS MATERIAIS

GRUPOS GENÉRICOS Ralador de lata


Ralador língua de pirarucu
N9 Grupo Ralador raiz de angico
Ralador raiz de paxiúba
01 Utensílios de madeira e outros materiais para o Ralador retangular côncavo
preparo de alimentos Ralador retangular plano
Raspador de concha
02 Utensílios de madeira e outros materiais para a Raspador dente de capivara
guarda e serviço de alimentos Tripé
V. tb. Utensílios de madeira e outros mate­
03 Utensílios de madeira e outros materiais para o riais para a guarda e serviço de ali­
conforto doméstico mentos (02)
Consulte: 10 Cerâmica; 20 Trançados
04 Implementos de madeira e outros materiais para
o trabalho agrícola U TENSÍLIO S DE M ADEIRA E O UTROS MATERIAIS
PA R A A G U A R D A E SER VIÇO DE ALIM ENTOS (0 2 )
05 Implementos de madeira e outros materiais para Def. Apetrechos utilizados para a armazenagem
o trabalho artesanal e serviço de alimentos feitos' com materiais
ecléticos com exclusão dos cerâmicos e trança­
06 Implementos de madeira para a navegação dos.
Uso: recipientes para a guarda e serviço de ali­
mentos.
UTENSÍLIOS D E M A D EIRA E OUTROS M ATERIAIS T. Esp. Cocho
PA R A O PR EPA RO DE ALIM ENTOS (0 1 ) Colher de cabaça / c.
Def. Apetrechos destinados a transformar ali­ Colher de concha
mentos por processos mecânicos (raspagem, Colher de pau côncáva
corte, trituração, moagem) ou químicos (cozi­ Cuia
mento) e para revolvê-los na panela ou no torra- Escumadeira
dor. Exclui os utensílios de cozinha feitos se­ Recipiente de cabaça
gundo os processos da cerâmica e dos trança­ Recipiente de taboca
dos. E, ainda, alguns itens de pequena elabora­ Recipiente espata de palmeira
ção artesanal, descritos e ilustrados por Frikel Recipiente ouriço de castanha
(1973:156, fig. 33a, 32g,h): espeto de carne, V. tb. Utensílios de madeira e outros ma­
pincel para chupar mel. teriais para o preparo de alimentos
Uso: apetrechos de cozinha. ( 01 )
T. Esp. Almofariz Consulte: 10 Cerâmica; 20 Trançados
Colher de pau espatulada
Colher de pau polidental U TENSÍLIO S D E M ADEIRA E OUTROS M ATERIAIS
Faca de material inorgânico PA R A O CONFORTO DOMÉSTICO (0 3 )
Faca de material orgânico Def. Utensílios para conforto pessoal e domés­
Fogão tico incluindo os que servem para iluminação,
Moenda de cana assento e limpeza.
Moquém Uso. Apetrechos de uso caseiro.
Pá de virar beiju ornitomorfa T. Esp. Banco circular
Pá de virar beiju semilunar Banco concavolíneo
Pau ignígero Banco concavo-ovalado
Pilão alguidariforme Banco cupular
Pilão vasi forme Banco ictíomorfo
Pinça Banco ornitomorfo

253
Utensílios e implementos
Banco representando quadrúpede ITENS
Banco retangular
Banco trípode N °: Item
Divisória interna de líber
Escabelo de carapaça 01 Almofariz
Escabelo de couro 02 Balsa
Escabelo de líber 03 Banco circular
Escabelo pecíolo de buriti 04 Banco concavolíneo
Facho 05 Banco côncavo-ovalado
Roda suspensa para bebê 06 Banco cupular
Rodilha de cesto-cargueiro 07 Banco ictiomorfo
Vassoura 08 Banco ornitomorfo
Consulte: 20 Trançados, 30 Cordões e tecidos. 09 Banco representando quadrúpede
10 Banco retangular
IMPLEMENTOS D E M A D EIRA E OU TR O S MATE­ 11 Banco trípode
R IA IS PA R A O TR A BA LH O AGRÍCOLA (0 4 ) 12 Batedor de líber
Def. Apetrechos aparelhados para derrubar ár­ 13 Broca
vores, cavar, plantar! arrancar tubérculos e apa­ 14 Cavador garras de tatu canastra
nhar frutos. 15 Cocho
Uso: implementos ligados à atividade agrícola 16 Colher de cabaça
T. Esp. Cavador garras de tatu canastra 17 Colher de concha
Machado de pedra encabado-cimen- 18 Colher de pau côncava
tado 19 Colher de pau espatulada
Machado de pedra encabado-dobrado 20 Colher de pau polidental
Machado de pedra encabado-embuti- -21 Cuia
do 22 Divisória interna de líber
Machado de pedra encabado-traspas- 23 Escabelo de carapaça
sado 24 Escabelo de couro
Pá de cavouco 25 Escabelo de líber
Pau de cavouco 26 Escabelo pecíolo do buriti
27 Escumadeira
28 Faca de material inorgânico
29 Faca de material orgânico
30 Facho
IMPLEMENTOS DE M A D EIRA E O U TR O S M ATE­ 31 Fogão
R IA IS P A R A O TRABALH O A R T E SA N A L (0 5 ) 32 Formão
Def. Instrumentos aparelhados para produzir 33 Igara
artefatos mediante corte, perfuração, raspagem 34 Machado de pedra encabado-cimentado
e alisamento. Exclui os implementos de fiação, 35 Machado de pedra encabado-dobrado
tecelagem, cerâmica, bem como alguns especí­ 36 Machado de pedra encabado-embutido
ficos para armas. São referidos na bibliografia 37 Machado de pedra encabado-traspassado
como implementos primitivos ou arcaicos. 38 Moenda de cana
Uso: implementos para produzir artefatos. 39 Moquém
T. Esp. Batedor de líber 40 Pá de cavouco
Broca 41 Pá de virar beiju omitomorfa
Formão 42 Pá de virar beiju semilunar
Perfurador dente de peixe-cachorro 43 Pau de cavouco
Plaina de caramujo 44 Pau ignígero
Plaina mandíbula de caititu 45 Perfurador dente de peixe-cachorro
Tesoura mandíbula de piranha
46 Pilão alguidariforme
Consulte: 10 Cerâmica; 30 Cordões e tecidos;
47 Pilão vasi forme
70 Armas.
48 Pinça
49 Plaina de caramujo
50 Plaina mandíbula de caititu
51 Ralador de lata
IMPLEMENTOS DE M A D EIRA PA R A A N A V E G A 52 Ralador língua de pirarucu
ÇÃO (0 6 ) 53 Ralador raiz de angico
Def. Artefatos aparelhados para o transporte 54 Ralador raiz de paxiúba
por água de pessoas e carga. 55 Ralador retangular côncavo
Uso: navegação. 56 Ralador retangular plano
T. Esp. Balsa 57 Raspador de concha
Igara 58 Raspador dente de capivara
Remo cordiforme 59 Recipiente de cabaça
Remo espatular 60 Recipiente de taboca
Remo foliáceo 61 Recipiente espata de palmeira
Remo retangular 62 Recipiente ouriço de castanha
Ubá 63 Remo cordiforme

254
Utensílios e implementos
64 Remo espatular BANCO
65 Remo foliáceo Def. Os bancos talhados em madeira destinam-
66 Remo retangular se aos chefes, pajés e visitantes, sendo prerroga­
67 Roda suspensa para bebê tiva mascuüna. Apresentam-se nas mais varia­
68 Rodilha de cesto-cargueiro das formas. Quando figurativos, representam,
69 Tesoura mandíbula de piranha preferencialmente, animais de maior porte:
70 Tripé dentre as aves, a arara, o jaburu, tuiuiu, urubu,
71 Ubá etc.; dentre os quadrúpedes, a onça Além do
72 Vassoura felino, incluem-se no grupo denominado “ Ban­
co representando quadrúpede”, répteis e anfí­
ALMOFARIZ bios, tais como o jacaré, a tartaruga, o jabuti,
Def. Aparelho constituído de uma pedra com o sapo, comumente esculpidos. Os bancos não
concavidade central e outra, alongada, com a figurativos são descritos segundo a conforma­
qual se quebra cocos ou se tritura alimentos ção do assento.
sólidos. T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
T. Rei. Utensílios de madeira e outros mate­ riais para o conforto doméstico (03).
riais para o preparo de alimentos (01) T. Rei. Escabelo
T. Rei. Filão alguidariforme
Pilão vasi forme BANCO CIRCULAR
Sin. Morteiro Def. Talhado num só bloco de madeira, apre­
senta o plano superior circular com uma de­
pressão escavada para o assento e suporte de
dois trilhos, geralmente compactos.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco côncavo-ovalado

Almofariz e mão de pilão. Museu Paulista 1984:31. Peça arqueo­


lógica de basalto, Minas Gerais.

BALSA
Def. Espécie de jangada construída com toras
de madeira leve pelos índios Paumarí, provida
ou não de “ maloca” para abrigar carga e nave­
gantes (Apud Alves Câmara 1976:33). Esse ti­
po de casa-embarcação é utilizado, segundo o
mesmo autor, pelos Paumarí, durante as en­
chentes.
T. Gen. Implementos de madeira para a nave­
gação (06) Banco circular. índios do Brasil, M.N. s/n9. A, Vista da peça. B.
T. Rei. Igara Secção reta transversal C Vista lateral
Ubá

BANCO CONCAVOLINEO
Def. Banco talhado num só bloco de madeira,
cujo assento oblongo e encurvado tem as ex­
Balsa dos índios Paumarí. A pud Alves Câmara 1976:33. tremidades côncavas e é sustentado sobre dois

255
Utensílios e implementos
trilhos vasados com prolongamentos. É repre­
sentado pelo banco Tukâno.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco côncavo-ovalado

Banco côncavo-ovalado. fndios Waiwai, M.N. n9 41.135. Esc.


1:10. A. Vista do assento. B. Vista lateral C. Secção reta trans­
versal D. Vista da peça.

BANCO CUPULAR
Banco concavolíneo. índios Tukâno, M.N. n9 19.564. Esc. 1:7,5. Def. Tamborete não figurativo talhado num só
A. Vista da peça. B. Vista superior do assento com desenhos de­
bloco de madeira em forma de calha.
corativos. C. Corte longitudinal. D. Corte transversal.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco retangular
BANCO CÔNCAVO-OVALADO
Def. Talhado num só bloco de madeira, apre­
senta o plano superior ovalado, com maior ou
menor depressão no assento e o suporte de dois
trilhos, compactos ou vasados. Esse tipo de ban­
co é representado pelos dos íridios Asuriní e
Waiwai.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco circular
Banco concavolíneo

Banco cupular. fndios Tukúna, M.N. n9 32.732. Esc. 1:10. A.


Vista da peça. B. Secção reta transversal em arco pleno.

BANCO ICTIOMORFO
Def. Talhado num só bloco de madeira, repou­
sando o assento, ovalado, sobre dois trilhos com
prolongamentos, como os trenós. Na represen­
Banco côncavo-ovalado. fndios Asuriní, M.N. n? 40.851. Esc.
1:10. A. Vista da peça. B. Secção transversal C. Secção longi-
tação do peixe destaca-se a talha de dois triân­
tudinaL gulos dispostos nos extremos do assento oval.

256
Ütensílios e implementos
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ BANCO ORNITOMORFO
riais para o conforto doméstico (03) Def. Talhado num só bloco de madeira, repou­
T. Rei. Banco omitomorfo sando o assento sobre dois trilhos com prolon­
Banco representando quadrúpede gamentos. O assento termina, nas duas extremi­
dades, com uma cabeça e um rabo —no caso dos
bancos omitomorfos do alto Xingu — ou duas
cabeças triangulares, a exemplo dos bancos Ka-
rajá, providos com olhos de madrepérola e pu­
pilas de cera (Krause 1941-4, v. 78:249, Baldus
1970:158), que representam a arara.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco ictiomorfo
Banco representando quadrúpede

Banco ictiomorfo. índios Awetí, M.N. n9 3.800. Esc. 1:7,5. A.


Vista da peça. B. Secção reta longitudinal.

Banco omitom orfo representando arara. índios Karajá, M.N.


n9 38.645. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Vista lateral. C. Vista
frontal. D. Vista superior.

BANCO REPRESENTANDO QUADRÚPEDE


Def. Os bancos representando quadrúpedes co­
mo o jabuti, a onça, o sapo, o jacaré e outros
Banco omitom orfo. índios do alto Xingu, M. N. n9 37.414. são, normalmente, apoiados sobre quatro pés,
Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal. C. Vista su­ destacando-se os traços característicos na cabe­
perior. D. Vista frontal. ça do animal figurado.

257
Utensílios e implementos
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco ictiomorfo
Banco omitomorfo

c t>

Banco representando quadrúpede: sapo. índios Tukúna, M.N.


n9 32.585. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Secção reta transver­
sal.
Banco representando quadrúpede: jaguar. índios Makuxí, M. N.
n9 27.542. Esc. 1:10. A. Vista superior, B. Vista lateral esquer­
da. C. Vista frontal. D. Vista posterior.

BANCO RETANGULAR
Def. Tamborete talhado num só bloco de ma­
deira em forma de retângulo, abaulado no as­
sento, repousando sobre dois trilhos.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco cupular
Banco representando quadrúpede não identificado, apoiado so­
bre dois pés. índios Tukúna, M.N. n9 32.586. Esc. 1:10. A. Vista
lateral. B. Secção reta longitudinal. C. Vista posterior. D. Vista
frontal.

Banco retangular não figurativo. índios Kaiwá, M. N. n9 33.564.


lateral esquerda. D. Vista posterior. È. Vista superior. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

258
Utensílios e implementos
BANCO TRIPODE vem com as duas mãos como se faz com o
Def. Assento talhado em madeira, não figurati­ ignígero. (Roth 1970:78). Karl v. den Steinen
vo, apoiado sobre três pés. fala de um perfurador giratório com pontas de
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ pedra, assim descrito: “As conchas e as pedras
riais para o conforto doméstico (03) eram perfuradas com virote. Entalava-sç numa
varinha — em cada extremidade, para que se
pudessem usar as duas — um pedacinho trian­
gular de pedra dura presa por meio de um fio.
A varinha media mais ou menos 1/2 m e girava
entre as mãos. Para perfurar-se a pedra juntava-
se areia”. (1940:249-250). Os Bororo ainda uti­
lizam um implemento idêntico para os mesmos
fins (Albisetti & Venturelli 1962:502).
T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
teriais para o trabalho artesanal (05)
T. Rei. Perfurador dente de peixe-cachorro
Sin. Pua

Banco trípode. índios Makuxí, M. N. n9 27.541. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Secção reta transversal.

BATEDOR DE LÍBER
Def. Rolo de madeira devidamente aparelhado
para espichar, por bateção, a entrecasca de ár­
vore e formar “panos”.
T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
teriais para o trabalho artesanal (05)

Broca (ou furador?) de fêmur de macaco. índios Krixaná, Mu­


seu Pigorini n9 11.582/G, apud Zevi et alii 1983:34.
BROCA
Def. Para perfurar sementes, dentes, conchas,
caramujos, pedra e outros materiais de que são
feitos os adornos, utilizava-se o osso de maca­ CANOA MONÓXILA
co (Lagothrix sp.) o qual era rodado em vai-e- Use: IGARA

259
Utensílio« e implementos
CAVADOR GARRAS DE TATU-CANASTRA COLHER DE CABAÇA
Def. Implemento agrícola arcaico constituído Def. Cucurbitácea piriforme, da espécie chama­
das garras médias dianteiras do tatu canastra da porongo, cortada ao meio, servindo a parte
(Priodontes giganteus). Segundo von den Stei­ oblonga de cabo e a redonda de concha para se
nen, “servia ao homem como ao próprio ani­ levar a comida à boca.
mal, para cavar e revolver a terra; constituía T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
a enxada dos índios” (1940:253). riais para a guarda e serviço de alimentos (02)
T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­ T. Rei. Colher de concha
teriais para o trabalho agrícola (04) Colher de pau côncava
Cuia

Cavaidoí garras de tatu-canastra. índios do alto Xingu. A pud


Steinen 1940:152 fig. 25. (2/5 do tamanho normal).
COLHER DE CONCHA
Def. Utensílio feito do invólucro calcário de
molusco bivalve utilizado como colher para le­
COCHO var comida à boca.
Def. Grande peça escavada num tronco de árvo­ T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
re, ou canoa velha, onde se fermenta e armaze­ riais para a guarda e serviço de alimentos (02)
na bebidas inebriantes. T. Rei. Colher de cabaça
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ Colher de pau côncava
riais para a guarda e serviço de alimentos (02)

Cocho. Desenho segundo foto. índios Jurúna. Colher de concha. índios Marúbo, M.I. n9 75.4.10. Esc. 1:3.

260
Utensílios e implementos
COLHER DE PAU CÔNCAVA COLHER DE PAU POLIDENTAL
Def. Utensílio talhado em madeira, de feitio Def. Utensílio para mexer a comida em ebuli­
análogo ao da concha, e provido de cabo para ção constituído de galho e/ou raiz tri ou poli­
levar alimentos à boca ou mexer iguarias. dental.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o serviço de alimentos (02) riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Colher de cabaça T. Rei. Colher de pau espatulada
Colher de concha Nota: não foi encontrado paradigma nas cole­
ções consultadas.

CUIAMBUCA
Use: CUIA

CUIA
Def. Recipiente de diversos tamanhos, feito do
fruto maduro da cuieira cortado ao meio e es­
vaziado do miolo. É laqueado por dentro e or­
namentado ou não por fora com desenhos pin­
tados ou gravados.
Sin. Cuiambuca
T. Gen. Utensílios de madeira e outros materi­
ais para a guarda e serviço de alimentos (02)
T. Rei. Colher de cabaça

Colher de pau côncava. índios Krahó, M. I. n9 75.6.207. Esc.


1:7,5.

COLHER DE PAU ESPATULADA


Def. Utensílio para mexer a farinha torrada no
tacho ou a comida em ebulição constituído de
um pequeno remo de madeira espatulado.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Colher polidental
i

Cuia. A. índios Asuriní, M.N. n9 40.897. C. Detalhe da gravura


externa. B. índios Asuriní, M.N. n ? 40.929. D. Detalhe da gravu­
ra externa. Esc. 1:5.
Colher de pau espatulada. índios Jahuna, M.N. n ? 21.667. Esc.
1:10. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

DIVISÓRIA INTERNA DE LÍBER


Def. Painel de líber de grande dimensão utiliza­
Colher de pau espatulada. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:309 do para isolar compartimentos internos na ma­
&$■ 33c. loca.

261
Utensílios e implementos
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Assento de líber

Escabelo de couro. índios Kadiwéu, M.I. nP 501. Esc. 1:10.

ESCABELO DE LÍBER
Def. Líber ou tururi, ornado ou não de pintura,
usado para assento ao rés do chão. Geralmente
Divisória interna de líber. índios Pianokotó, M.I. nP 8.565. Esc. de uso feminino ou infantil, registra-se entre os
1:33,3.
Borôro (Albisetti & Venturelli 1962:357), ín­
dios do alto rio Negro e outros.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Escabelo de couro
Divisória de líber

ESCABELO
Def. Reservamos essa designação para os assen­
tos ao rés do chão utilizados, via de regra, pelas
mulheres. Distinguimos os vários tipos pelos
materiais de que são feitos: talos de pecíolo
da folha nova da palmeira buriti; couros, líber,
carapaça de tartaruga e tatu. Os assentos tran­
çados (esteiras) são descritos na respectiva cate­
goria.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Banco (diversas variantes)
Consulte: 20 Trançados

ESCABELO DE CARAPAÇA
Def. A carapaça dorsal da tartaruga ou do tatu
serve de assento improvisado, corrente em todas
as aldeias. (Yde 1965:160).
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para conforto doméstico (03)
Nota: não foi encontrado paradigma nas cole­
ções consultadas.

ESCABELO DE COURO
Def. Couro curtido, ornamentado ou não de
pintura, usado para assento ao rés do chão. Co­
mum entre os índios KadiWéu, Borôro e outros.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Escabelo de líber Escabelo de líber. índios Tukúna, M.N. nP 40.674. Esc. 1:10.

262
Utensílios e implementos
ESCABELO PECÍOLO DO BURITI FACA DE MATERIAL INORGÂNICO
Def. Assento raso, ao rés do chão, geralmente Def. Instrumento de corte feito de lasca de sí­
de uso feminino, a exemplo do que constróem lex ou quartzo com gume nas arestas para uso
os índios do alto Xingu com pecíolo de buriti. culinário. (Cf. Roth 1970:76 pr. 6). Encontra­
(Mauritia flexuosa Mart.) da em uso entre os Waiwai no começo do século
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ (ibidem).
riais para o conforto doméstico (03) T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
teriais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Faca de material orgânico
Nota: Não foi encontrado nenhum espécime
nas coleções consultadas.

FACA DE MATERIAL ORGÂNICO


Def. Instrumento de corte feito de lâmina de
taboca presa a um cabo de madeira para uso
culinário. É acompanhado ou não de bainha.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Faca de material inorgânico

Escabelo pecíolo do b u riti índios Kuikúro, M.N. n 9 39.075.


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe de cada unidade.

ESCUMADEIRA
Def. Utensílio de cozinha semelhante a raque­
ta de tênis. É feito de um aro vergado de madei­
ra flexível, cujo vazio interior é preenchido pelo
entrelace de tiras de embira. Usado para retirar
alimentos sólidos do caldo. Encontrado apenas
entre os Borôro (Albisetti & Venturelli 1962:
321).
T. Gen. Utensílios de mãdeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01) Faca de material orgânico, fndios Xirianá. A pud Koch-Grün-
berg 1982:264 pr. XLVIII, 6 e 7. A. Vista da peça: lâmina de
bambu e cabo de madeira; A j Detalhe da lâmina. B. Secções re­
tas transversais.

FACHO
Def. Resina vegetal colada na ponta de uma
acha de madeira (Baldus 1942:169). Para ilu­
minação servem, também, lascas de ripeiro,
conhecido como turi.
T. Gen. Utensílios- de madeira e outros ma­
teriais para uso e conforto doméstico (03)
Nota: não foi encontrado protótipo nas cole­
ções consultadas.

FOGÃO
Def. Pedras, casas de térmites ou trempes de
cerâmica usadas para equilibrar a panela que vai
Escumadeira. índios Borôro, M.N. n? 32.986. Esc. 1:5. ao lume.

263
Utensílios e implementos
T. Gen. Utensílios de madeira ou outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
Consulte: 10 Cerâmica

GOIVA
Use: FORMÃO

IGARA
Def. Embarcação escavada em um único tronco
de madeira (monóxila), de forma aproximada­
Fogão constituído de casas de térmites. índios Kaapor, M.I. mente elíptica, rasa, fundo chato e soerguida
n ? 6.150. Desenho segundo duas das peças e foto. Esc. 1:7,5.
na popa. A proa, com corte em bisel duplo,
facilita arribar às praias ou delas desprender-se.
As bancadas variam em número segundo o ta­
FORMÃO
manho da canoa. É provida ou não de jacumã;
Def. Implemento tipo plaina fina feito median­ “ leme, ou remo largo manobrado à maneira de
te o engate, numa taboca ou numa vareta de leme” (G. Cruls 1945:286).
madeira roliça, de incisivos de grandes roedo­ Sin. Canoa monóxila
res (capivara, paca, cutia) ou caninos de caititu T. Gen. Implementos de madeira para a navega­
e queixada. Pelo seu formato e resistência pres- ção (06)
ta-se ao uso como plaina, buril ou verruma para T. Rei. Ubá
raspar, alisar, gravar e perfurar madeira, osso, V. tb. Acessórios e partes componentes da em­
concha ou outros materiais. Acompanhado, às barcação (80.02)
vezes, de amolador de pau-feno, o formão é
suspenso de um cordão para levar em volta do
pescoço. O formão dos índios Waiwai é provido
de duas cabeças. A coroa do dente é amolada
em gume cortante.
Sin. Goiva.
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho artesanal (05)
T. Rei. Plaina de caramujo
Plaina mandíbula de caititu

Igara em miniatura. índios Karajá. Coleção particular. A. Vista


da peça. B. Secção reta longitudinal. C. Secção reta transversal.

MACHADO DE PEDRA
Def. Implemento talhado em pedra com gume
aguçado, adaptado a um cabo. Era empregado
para derrubar árvores, rachar e aparelhar madei­
ra e outros materiais. A lâmina varia quanto à
forma em: retangular, ovalada, piriforme, pos­
suindo ou não sulco mais ou menos pronuncia­
do e rebites para ajustá-la ao cabo. Existe uma
classificação da morfologia da lâmina devida a
Beltrão e Mello Filho (1963). Os autores exa­
minaram as coleções do Museu Nacional de ma­
Formão de dente de cutia com amolador de pau-ferro. índios chados não encabados devidas à Comissão Ron-
Asuriní, M.N. nP 40.945. Esc. 1:5. don e a Jaramillo Taylor. Levam em conta, em

264
Utensílios e implementos
primeiro lugar, a existência ou não de “uma
porção bem demarcada com a finalidade espe­
cífica de reter um cabo, isto é, entalhe, sulco
ou ombro” (1963:439). Não distinguem, do
ponto de vista tipológico, os machados lascados
dos polidos. Para fins descritivos, dividem a lâ­
mina do machado de pedra em: talão, corpo e
gume, este último diametralmente oposto ao
talão, o qual pode ter ombros, istoé, prolonga­
mentos que determinam “ a medida máxima do
eixo transverso da peça” (íd.: 442). Descrevem,
atribuindo nomes de regiões (Trombetas,
Itaituba, rio Fresco, etc.) aos sete tipos encon­
trados. Na presente nomenclatura, classifica­
mos os machados de pedra segundo o enca- Machado de pedra encabado-cimentado. índios do r. Padauari,
bamento, distinguindo como tipos principais: alto r. Negro. M.N. n ? 1.225. Esc. 1:10.
1) encabado-cimentado; 2) encabado-dobrado;
3) encabado-embutido); 4) encabado-traspas-
sado. Esta classificação se justifica por tratar-se
de uma tipologia etnográfica e não arqueológi­
ca. Não obstante prestar-se o machado de pedra
à atividade artesanal, tanto quanto à agrícola, é
incluído nesta última por ser, aparentemente,
a precípua. O machado-de-âncora ou semilunar
é descrito na categoria de objetos rituais.
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho agrícola (04)
Consulte: 90 Objetos rituais, mágicos e lúdicos.

MACHADO DE PEDRA ENCABADO-CIMENTADO


Def. Pedra de conformação, tamanho e peso va­
riado, dotada de corte na extremindade livre,
com ou sem entalhe na porção anterior. Essa lâ­
mina é ajustada a um cabo — vara de madeira
inteiriça — mediante uma ligadura de fibra ve­
getal recoberta de látex ou de cerol.
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho agrícola (04)

Machado de pedra encabado-cimentado. índios Katawixi, Museu


Pigorini n9 11.293/G, apud Zevi et alii 1983:98.

MACHADO DE PEDRA ENCABADO-DOBRADO


Def. Pedra de conformação, tamanho e peso va­
riado, de bordo afilado na extremidade cortan­
te, com ou sem entalhe na porção anterior. A
Machado de pedra encabado-cimentado. fndiôs Baníwa, Museu lâmina é encaixada num cabo de vara de madei­
Pigorini n9 11.164/G, apud Zevi et alii 1983:31. ra dobrada ao meio e fortemente amarrada para

265
Utensílios e implementos
sujeitá-la, despontando na extremidade ante­ MACHADO DE PEDRA ENCABADO-EMBUTIDO
rior. A amarração é reforçada com cerol. Def. Pedra de conformação, tamanho e peso va­
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­ riado, de bordo aguçado na extremidade cor­
riais para o trabalho agrícola (04) tante, incrustada num oco feito no cabo de ma­
deira roliça.
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho agrícola (04)
Nota: As lâminas dos machados que serveip de
paradigma e esse verbete foram encontradas
na roça e encabadas a pedido da coletora, B. G.
Ribeiro, em 1981, na aldeia Araweté.

Machado de pedra encabado-embutido. índios Araweté, M.N. n9


40.807. Esc. 1:7,5.

Machado de pedra encabado-embutido. índios Araweté, M.N.


n 9 40.893, Esc. 1:5.

n9 11.961. Esc. 1:7,5.

Machado de pedra encabado-traspassado. índios Borôro, Museu


Pigorini n9 15.504/G, apud Zevi et alii 1983:116.

MACHADO DE PEDRA ENCABADO-TRASPASSADO


Machado de pedra encabado-dobrado. índios Araras, Museu Pigo- Def. Pedra de conformação, tamanho e peso
Hni n9 15.108/G, a p u d Zevi et alii 1983:125. variado, de bordo aguçado na extremidade cor-

266
Utensílios e implementos
tante, que penetra e traspassa o orifício feito
no cabo, ao qual é subseqüentemente amarra­
da.
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho agrícola (04)

MOENDA DE CANA
Def. Aparelho de madeira usado para moer ca­
na-de-açúcar introduzido pelos brancos e adap­
tado segundo o tipo regional. Moquém triangular. A pud Frikel 1973:286, fig. 10a.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)

Moquém piramidal. A pud Frikel 1973:286, fig. 10c. índios Ti­


riyó.

MORTEIRO
Use: ALMOFARIZ

PÁ DE CAVOUCO
Def. Implemento agrícola. Para desenterrar o
tubérculo da mandioca ou da batata, ou para fa­
zer covas para a semeadura, os índios Karajá
utilizam um bastão de madeira aguçado numa
das pontas e provido de pá na outra. (Apud
Krause 1941-44 vol. 82:290 fig. 83).
T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
Moenda de cana de açúcar. índios Tiriyó. A p u d Frikel 1970: teriais para o trabalho agrícola (04)
308 fig. 32i. T. Rei. Pau de cavouco

MOQUÉM
Def. Grelha para assar ou defumar carne e pei­
xe. É formada de um tablado de madeira apoia­
do sobre três ou quatro pés debaixo do qual é
atiçado o fogo. Mantido a uma distância conve­
niente, o alimento se desidrata lentamente, po­
dendo ser conservado por longo tempo. Distin-
guem-se os seguintes tipos: a) quadrangular;
b) triangular; c) em forma de pirâmide.
T. Gen. Utensílio de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Fogão

fig. 83. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

267
Utensílios e implementos
PÁ DE VIRAR BEIJU ORNITOMORFA Sin. Pau de cavar
Def. Tabuleta de madeira esculpida em forma T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
de pássaro, cuja espécie é definida no prolonga­ teriais para o trabalho agrícola (04)
mento do corpo semilunar. É empregada para T. Rei. Pá de cavouco
acertar a circunferência e virar o beiju no torra-
dor de cerâmica
T. Gen. Utensílios, de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Pá de virar beiju semilunar
Consulte: Cerâmica (10)

Pá de virar beiju ornitomorfa. índios Mehináku, M.N. n ? 38.482. Pau de cavouco. índios Kamayurá, M.N. n ? 35.123. Esc. 1:5. A.
Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe do perfil. Vista da peça. B. Corte transversal

PÁ DE VIRAR BEIJU SEMILUNAR


Def. Tabuleta em forma de meia-lua, com ou
sem decoração pintada, usada para acertar a cir­
cunferência e virar o beiju no torrador.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Pá de virar beiju ornitomorfa

Pau de cavouco apresentando a forma natural da madeira. índios


Xavante, coleção particular. Esc. 1:10.

Pá de virar beiju semiunar. índios Kamayurá, M.N. n9 35.142.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Perfil.

PAU DE CAVAR
Use: PAU DE CAVOUCO

PAU DE CAVOUCO
Def. Implemento agrícola destinado a cavar o
solo para plantar grãos ou tubérculos e desen­
terrar estes últimos. É provido de uma ponta
aguçada e endurecida a fogo, bem como de um
punho artisticamente esculpido. Como paus
de cavar são também usados certos tipos de bor-
dunas pontudas, ou formas naturais adaptadas,
como ocorre entre os Xavante, ou bastões com
bipontas, tipo lança, como entre os Xikrin.
Em certas emergências, servem para espantar
cachorro e como defesa contra cobras e outros Pau.de cavouco. índios Xikrin, Museu de .Genebra n? 33.348,
animais. apud Fuerst 1967:30 fig. 29.

268
Utensílios e implementos
PAU IGNIGERO T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
Def. Aparelho constituído de duas varetas roli­ teriais para o trabalho artesanal (05)
ças, uma delas provida de concavidades, tendo
papel passivo em relação à outra. Posta a girar a
vareta “ ativa”, dentro da concavidade da “ pas­
siva” , produz-se uma faísca que inflama a fina
serragem acumulada pela fricção e a isca de pa­
lha ou algodão adrede preparada. Os paus igní-
geros são guardados, muitas vezes, em um esto­
jo protetor de taquara.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)

Perfurador dente de peixe-cachorro. A pud Steinen 1940:252,


fig. 23 (1/4 tamanho normal).

PILÃO ALGUIDARIFORME
Def. Artefato escavado em madeira em sentido
horizontal, raso e alongado, usado para triturar
alimentos. Devido à sua leveza, pode ser trans­
portado quando necessário.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Pilão vasiforme

Pau ignígero. índios Kamayurá, M.N. nP 13.592. Esc. 1:5.

|3 C

PERFURADOR DENTE DE PEIXE-CACHORRO


Def. “ Os dois dentes da mandíbula inferior do
peixe-cachorro (Cynodon sp.) que se elevam
a 3, 3,5 cm, tinham seus bordos afiados servin­
do para cortar e, sobretudo, picar (na tatua­
gem), arranhar (na ornamentação dos tortuais
feitos de couraça de tracajá), para perfurar
taquara (nas flechas) a fim de abrir orifícios
Pilão alguidariforme. índios Retuana, M.N. n9 21.675. Esc.
destinados à fixação das plumas” . (Karl von 1:10. A. Vista da peça. B. Secção reta longitudinal. C. Secção
den Steinen 1940:247-256). reta transversal.

269
Utensílios e implementos
PILÃO VASIFORME
Def. Artefato escavado a fogo e a machete em
tronco de madeira, em sentido vertical. Apre­
sentam-se os seguintes subtipos principais: 1)
fundo cônico, 2) com pedestal, 3) cilíndrico.
A mão de pilão pode ser lisa ou provida de sali­
ências numa ou em ambas as extremidades. É
usado para moer grãos, sementes, castanhas,
pães de mandioca ou de milho e todo tipo de
alimento sólido que se queira triturar.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Pilão alguidariforme

Pilão vasiforme cilíndrico. índios Ramkokamekra-Canela, M.N.


n9 28.700. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Mão do pilão. C. Sec­
ção reta vertical.

PINÇA
Def. Instrumento constituído de duas hastes rí­
gidas utilizado para retirar brasa, alimentos do
borralho ou das panelas em ebulição.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
Nota: sem paradigma nas coleções consultadas.

Püão vasiforme de fundo cônico. índios do Amazonas, M.N.


n9 6.003. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Secção reta vertical.

PLAINA DE CARAMUJO
Def. Plaina natural feita de caramujo grande do
mato podendo ter uma ou duas perfurações. As-
.sentado o buraco sobre a madeira, as bordas
afiadas tiram lascas finas durante o processo de
alisamento de arcos, hastes de madeira para
pontas de flechas, lánças, etc.. O orifício no ca­
ramujo é obtido golpeando-o com um coco da
palmeira acuri (Albisetti & Venturelli 1962
vol. 1:76).
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho artesanal (05)
T. Rei. Formão
Plaina mandíbula de caititu

Pilão vasiforme com pedestal. índios Kaiwá, M.N. n9 33.608.


Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Vista da mão do pilão. C. Secção
reta vertical. Plaina de caramujo. índios Xikrin, M.I. n9 70.7.100. Esc. 1:3.

270
Utensílios e implementos
PLAINA MANDÍBULA DE CAITITU RALADOR LÍNGUA DE PIRARUCU
Def. A mandíbula do caititu (Tayassu tajacu) Def. Ralador de bastão de guaraná, e de outros
ou da queixada (Tayassu pecari) é usada como produtos, constituído da parte óssea da língua
instrumento para alisar artefatos de madeira, do pirarucu (Arapairm gigas).
principalmente arcos. ítela curva própria das T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
presas, previamente amoladas extraem-se cava­ riais para o preparo de alimentos (01)
cos muito finos arredondando-se as faces inter­
na e externa do arco. (Frikel 1973:74).
T. Gen. Implementos de madeira e outros ma­
teriais para o trabalho artesanal (05)
T. Rei. Haina de caramujo
Formão

Ralador Língua de pirarucu. índios Mawé, M.N. n9 14.804. Esc.


1:3.

RALADOR RAIZ DE ANGICO


Def. Parte da raiz com casca rugosa de angico
(Piptadenia sp.) aparelhada para servir de rala-
. dor.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
Plaina mandíbula de caititu. A p u d Frikel 1973:288, fig. 12e. riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Ralador raiz de paxiúba

PORONGO
Use: RECIPIENTE DE CABAÇA

PUA
Use: BROCA

RALADOR DE LATA
Def. Prancha de madeira na qual se prende uma
folha de flandres, perfurada com pregos, utiliza­ Ralador raiz de angico. índios Bororo, M.N. n9 32.997. Esc.
da como ralador de mandioca e outros alimen­ 1: 10.
tos. Trata-se de um objeto improvisado de in­
fluência forânea.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01) RALADOR RAIZ DE PAXIÚBA
Def. Prancha da raiz aérea, rígida e áspera, da
palmeira paxiúba (Iriartea exorrhiza Mart.)
aparelhada para servir de ralador. Comum entre
diversas tribos.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Ralador raiz de angico.

Ralador raiz de paxiúba (cilindro inteiriço). índios Asuriní,


Ralador de lata. índios Tukúna, M.N. n9 40.543. Esc. 1:10. M.N. n 9 40.902. Esc. 1:10.

271
U te n s ílio s e im p le m e n to s
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Ralador retangular côncavo

Ralador raiz de paxiúba (cilindro cortado ao meio) índios Tukú-


na, M.N. n? 32.590. Esc. 1.10. A. Vista da peça. B. Corte trans­
versal.

RALADOR RETANGULAR CÔNCAVO


Def. Prancha de madeira retangular aconcava-
da, embutida de minúsculas pedrinhas pontudas
de gnaisse ou quartzito, tendo uma saliência
(nariz da prancha) para soerguê-la. Represen­
tada pelo ralador dos grupos Baníwa.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Ralador retangular plano
Ralador retangular plano com embutimento de pedrinhas não
identificadas. índios Waiwai, M.N. n9 41.132. Esc. 1:10. A. Vista
da peça. B. Detalhe da endentação. C. Ornamentação pintada no
centro da prancha. D. Ornamentação pintada nas extremidades
superior e inferior.

Ralador retangular côncavo com incrustação de pedrinhas de


gnaisse (?). índios Baníwa, M.N. n9 21.862. Esc. 1:10. A. Vista
da peça. B. Detalhe da secção reta transversal. C. Corte longitu­ Ralador retangular plano com incrustação de dentes de madeira
dinal. D. Desenho formado pela fixação das pedrinhas. E. Deta­ brejaúba. índios Karajá, M.I. nP 3.089. Esc. 1:10. A, Vista da
lhe da incrustação. peça. B. Detalhe da fixação dos dentes de madeira dura.

RASPADOR DE CONCHA
RALADOR RETANGULAR PLANO Def. Com uma concha tendo um orifício aberto
Def. Prancha de madeira embutida de minúscu­ no meio (gume ativo interno), ou a borda afila­
las pedrinhas pontudas de granito, diabase, da (gume ativo periférico), raspam-se as raízes
gnaisse, quartzo, ou de lascas afiadas de madei­ de mandioca, cortam-se os frutos do pequi ou a
ra dura, sem ou com desenhos ornamentais pin­ polpa da semente. A propósito desse implemen­
tados, a exemplo dos raladores Waiwai. to, ainda hoje comum no alto Xingu, informa

2 72
U t e n s ílio s e im p le m e n to s
K. v.d. Steinen: “ Conchas chatas, colhidas no canudo de ubá, ou eram amarrados ou unidos,
rio, serviam em grande escala para cortar (me­ dois juntos, com um pouco de cera” . (K. v. d.
nos no intuito de separar do que em vista de Steinen 1940:252).
incisões longitudinais), raspar, aplainar, alisar. T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
(. . .) Anodonta era a concha usada para raspar riais para o preparo de alimentos (01)
a raiz da mandioca (. . .). Essa concha servia T. Rei. Raspador de concha
também de plaina para alisar o cabo do macha­ V. tb. Matérias-primas (80.01)
do de pedra, ou o remo; o trabalho, porém, não
era feito com o bordo, mas com o orifício aber­
to no meio da concha. Os índios tiravam com
os dentes a casca externa, fazendo, em seguida,
o orifício de plaina com a noz pontuda do acu-
ri. Com uma outra espécie de Anodonta, itá-i,
‘concha pequena’, alisava-se igualmente a ma­
deira. (. . .) Uma Hyria chata, itá mukú, era in­
teressante por ter um prolongamento pontu­
do com que se abriam, por exemplo, os frutos
pequi. Corresponde ao nosso canivete. . . Nas
viagens, a concha carregava-se ao pescoço;
abriam-se com ela os peixes e a caça; com ela se
escavava na vara para produzir o fogo” . (. . .)
(Steinen 1940:254).
Raspador dente de capivara. A pud Steinen 1940:253 fig. 26.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ (1/2 tamanho normal).
riais para o preparo de alimentos (01)
T. Rei. Raspador dente de capivara
V. tb. Matérias-primas (80.01) RECIPIENTE DE CABAÇA
Def. Recipiente vasiforme ou piriforme para
água e outros líquidos, preparado da casca le­
nhosa de uma Cucurbitácea, que pode alcançar
o tamanho de até 8 litros, tapado ou não, com
ou sem alça.
Sin. Porongo
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para a guarda e serviço de alimentos (02)
T. Rei. Recipiente de taboca

Raspador de concha com gume ativo periférico. índios Kuikúro,


M.N. n? 35.949. Esc. 1:3.

Recipiente de cabaça. índios Yanomâmi, M.N. n9 39.024. Esc.


Raspador de concha com gume ativo interno. índios do alto 1 : 6.
Xingu. A pud Steinen 1940:253 fig. 27.

RASPADOR DENTE DE CAPIVARA RECIPIENTE DE TABOCA


Def. “Entre os roedores, a capivara (Hydrocho- Def. Receptáculo para água ou outro líquido
erus capybara), com seus dentes incisivos infe­ constituído pela porção tubular com entrenós
riores, fornecia os raspadores indispensáveis. Os da taboca ou do taquaruçu, provido de furo
dentes, de 6-8 cm, eram atados pelos índios, para encher ou esvaziá-lo, servindo também de
por meio de um fio de algodão, num pequeno boquilha para beber.

273
U t e n s ílio s e im p le m e n to s
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ RECIPIENTE OURIÇO DE CASTANHA
riais para a guarda e serviço de alimentos (02) Def. Artefato feito de ouriço da castanha-do
T. Rei. Recipiente de cabaça pará ou da castanha sapucaia usado como re­
cipiente ou pilão.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para a guarda e serviço de alimentos (02)

Recipiente ouriço de castanha, fndios Ipurinã, M.N. n9 3.082.


Esc. 1:5.

Recipiente de taboca, fndios Menkragnotire-Kayapó, M.I. n ? REMO


76.2.78. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Detalhe do bocal com Def. Implemento de madeira destinado a mover
orifício. C. Detalhe da extremidade basal. a embarcação. Distinguem-se no remo basica­
mente três componentes: 1) punho, que corres­
ponde à cabeça ou à extremidade proximal do
remo, podendo ser em forma de muleta ou
RECIPIENTE ESPATA DE PALMEIRA plano, com ou sem entalhes decorativos; 2)
Def. Bainha de folha de palmeira (inajá ou ba­ cabo, que corresponde à vara roliça que inter­
baçu) utilizada como recipiente para fins culi­ media o punho e a pá; 3) pá, que determina a
nários e outros fins. terminologia do remo, apresentando como
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­ formas básicas, as seguintes: a) cordiforme ou
riais para a guarda e serviço de alimentos (02) drcular; b) espatular; c) foliácea; d) retangular.
T. Gen. Implementos de madeira para navega­
ção (06)
T. Rei. Igara
Ubá

REMO CORDIFORME
Def. Implemento para mover canoas com pá
circular pontuda, à maneira de coração. Essa
forma de pá discóide ou circular foi adotada pe­
la população regional da Amazônia.
T. Gen. Implementos de madeira para navega­
ção (06)

Recipiente espata de palmeira. índios Tiriyó, apud Frikel 1973:


308 fig. 32b.

Remo cordiforme. índios Tukúna, M.N. n ? 40.532. Esc. 1:20.


A. Vista da peça. B. Detalhe da secção reta transversal. C. Vista
lateral direita.

Remo cordiforme. índios do Amazonas, M.N. n9 15.419. Esc.


Recipiente espata de palmeira. índios Canela-Ramkokamekra, 1:20. A. Vista da peça. B. Corte transversal. C. Vista lateral direi­
M.N. n ° 26.969. Esc. 1:10. ta.

274
U te n s ílio s e im p le m e n to s
REMO ESPATULAR RODILHA DE CESTO-CARGUEIRO
Def. Implemento para mover canoas com pá em Def. Espécie de “ almofada” circular de embira
forma de espátula terminando em ponta trian­ com que as índias do alto Xingu calçam o ces­
gular. to-cargueiro para equilibrá-lo na cabeça.
T. G en. Im p le m e n to s de m a d e ira p a ra navega­ T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
ção (0 6 ) riais para o conforto doméstico (03)
T. Rei. Remo foliáceo

Vista da peça. B. Corte transversal. C. Vista lateral direita.

REMO FOUÁCEO
Def. Implemento para mover canoas com pá em
forma de folha. Distingue-se do remo espatular
por ter a extremidade da pá arredondada e o
corte transversal aconcavado.
T. Gen. Implementos de madeira para navega­
Rodilha de cesto-cargueiro. índios Yawalapití, A. M. N. n9
ção (06) 39.492, B. M. N. n9 39.079. Esc. 1:3.
T. Rei. Remo espatular

RODA SUSPENSA PARA BEBÊ


Def. Constituída de um aro circular de madeira
suspenso por três cordas a uma viga. O assento
preso ao aro é de panoóu entrecasca de árvore.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)

Remo foliáceo. índios Parintintín, M.N. n 9 1128. Esc. 1:20. A.


Vista da peça. B. Corte transversal. C. Vista lateral direita.

REMO RETANGULAR
Def. Implemento para impulsionar canoa de pá
retangular, arredondada na ponta.
T. Gen. Implementos de madeira para navega­
ção (06)

r h

[y
— - - —

-------------------------------------- H
r

---------------------

C
— - - -------------------- tir — ------------------------------------ ^ ■ ■■

Remo retangular. índios do Brasil, M.N. n9 1.129. A. Vista da Roda suspensa para bebê. índios Tariâna, M.N. n9 40.165. Esc.
peça. B. Corte transversal. C. Vista lateral direita. 1: 10.

275
U te n s ílio s e im p le m e n to s
TESOURA MANDÍBULA DE PIRANHA T. Rei. Igara
Def. Implemento constituído pela mandíbula Remo (e suas variantes)
do peixe piranha, usado para fazer incisões que V. tb. Acessórios e partes componentes da em­
facilitam o corte de: taboca, nervura da folha barcação (80.02)
do buriti, linha, cabelo, etc., de modo a cortá-
los ou quebrá-los mais facilmente. Os índios do
alto Xingu deram o nome de “dentes de pira­
nha” à tesoura que viram pela primeira vez usa­
da por v. den Steinen. (Steinen 1940:256).
T. Gen. Implementos de madeira e outros mate­
riais para o trabalho artesanal (05)

Tesoura mandíbula de piranha. índios do alto Xingu. A pud Stei­


nen 1940:252 fig. 24 (tamanho normal).

TRIPÉ
Def. Peça composta de três varas de madeira,
que se entrecruzam na vertical, e uma tábua
disposta na horizontal, na qual se apoia o cesto-
coador cumatá, que filtra o sumo venenoso da
mandioca brava ou outros líquidos. Ubá de casca de jatobá. Índios Kamayurá, M.N. n ? 35.464. Esc.
1:50. A. Vista da peça. B. Detalhe da popa. C. Detalhe da proa.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o preparo de alimentos (01)
Consulte: 20 Trançados VASSOURA
Def. Instrumento feito de taliscas de cipó ou de
piaçaba usado para o asseio doméstico.
T. Gen. Utensílios de madeira e outros mate­
riais para o conforto doméstico (03)

Tripé. índios Desâna, M.N. n9 40.171. Esc. 1:20. Note-se a


cumatá.

UBÁ
Def. Embarcação talhada em casca de árvore,
rasa, fundo chato e pequeno soerguimento da
bordadura, proa e popa.
T. Gen. Implementos de madeira para navega­
ção (06) ças. C. Detalhe da técnica de confecção.

276
U t e n s ílio s e im p le m e n to s
80 UTENSÍLIOS e im p l e m e n t o s
DE MADEIRA
E OUTROS MATERIAIS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (80.00)

Em razão da sistemática adotada, a presente sultada. Outro tópico trata dos Acessórios e partes com­
categoria incorpora os utensílios que guarnecem a casa ponentes da embarcação (80.02).
indígena, com exceção dos que foram inventariados nos O presente capítulo baseia-se primordialmente
capítulos referentes a: 10 Cerâmica, 20 Trançados, 30 nos estudos de Lúcia H. van Velthem (1986:95-108).
Cordões e tecidos. São também abstraídos os imple­ e H. Baldus (1942:166-172); no exame das coleções do
mentos utilizados na confecção da cerâmica, dos cordões Museu Nacional e Museu do índio; e, ainda, na consulta
e tecidos, bem como os específicos para a manufatura a monografias que tratam da cultura material de tribos
das armas. Todos eles são descritos no tópico “imple­ ou áreas culturais específicas, a saber: Roth (1970),
mentos” do glossário complementar das respectivas cate­ Steinen (1940), Frikel (1968, 1973), Krause (1941-44),
gorias. Deixou-se de incluir, igualmente, alguns itens Yde (1965), BalduS (1970), Albísetti 8t Venturelli
mencionados e ilustrados por Frikel (1973:156-8) e por (1962); e com referência à navegação, em Alves Câmara
Yde (1965:118) de pequena elaboração, tais como, pau (1976). As matérias-primas foram identificadas em Rohr
com corda para segurar cachorro, coletor de lixo e pou­ (1976), von Ihering (1968), Carvalho (1984), Le Cointe
cos outros. Incluem-se os implementos de navegação. (1947) e GLenboski (1975). Para conferir os nomes rien-
Cabe recordar a advertência feita na Introdu­ tíficos dos moluscos recebemos a ajuda do Setor de
ção quanto ao uso dos vocábulos: implemento e uten­ Malacologia do Museu Nacional.
sílio. O primeiro pode ser definido como instrumento
ou ferramenta voltado à atividade produtiva: agrícola,
artesanal e de navegação. O segundo é utilizado no senti­ MATÉRIAS-PRIMAS (80.01)
do de objeto utilitário que presta serviços no âmbito
doméstico. I. Matérias-primas de origem animal discriminadas por
Alguns implementos com gume periférico ser­ tipo de artefato
vem a mais de uma atividade, a exemplo dos raspadores,
usados na culinária e no trabalho artesanal, ou do macha­ BROCA
do de pedra, que era empregado tanto na derrubada da Artefato talhado de osso longo de macaco barri­
mata para o cultivo quanto na confecção de artefatos. gudo (Lagothrix sp.), ou outro mamífero, em­
O mesmo ocorre em relação a outros implementos, como pregado como pua ou verruma para perfurar
o pau ignígero. Entretanto, cada um deles foi alocado a moluscos, sementes e outros materiais de se
um único grupo genérico, aquele em que seu emprego fazem adornos (apud Roth 1970:78).
é decisivo.
Por razões óbvias, são aqui incluídos apenas CAVADOR
os objetos móveis, passíveis de colecionamento e guarda Steinen (1940:252) menciona o uso de um
em museus. Em conseqüência, faz-se abstração de obje­ cavador para revolver a terra, no trabalho agrí­
tos mais ou menos fixos como: fogões altos, tipo mesa, cola, feito das garras médias do tatu-canastra
feitos de barro; pedras ou toras de lenha que servem de (ou tatuaçu), que medem até 15 cm de compri­
fogões e suporte de panelas; camas-plataformas, jiraus, mento. Designação antiga: Dasypus gigas; atual:
ganchos e espetos; troncos de madeira usados como Priodontes giganteus.
assento; toras cilíndricas do mesmo material, ou do mio­
lo do pecíolo do buriti, empregadas como travesseiros; COLHER, PLAINA, RASPADOR
armações para colocar flechas ou para secar linha de pes­ 1) Um caramujo, usado como plaina, arqueoló­
ca, etc.; escadas; pedras de amolar; facas improvisadas de gico, foi identificado por Rohr (1976-7, pr.
fasquias de bambu ou capim; vassouras de cachos de fru­ XXH.5) como sendo Strophocheilus mulleri
tos e outros objetos pouco elaborados que se encontram (atualmente Megalobulimus mulleri). E. T. Car­
nas casas indígenas. valho (1984:164 pr. 40) encontrou caramujos
Julgamos desnecessário incluir nesta categoria o feitos plainas, identificados como sendo da fa­
tópico “Definições genéricas”, constante em várias ou­ mília Megalobuümidae, no sitio arqueológico
tras, para explicitar termos de sentido globalizante. O Corondó, em São Pedro da Aldeia, litoral flu­
tópico Matérias-primas (80.01) relaciona as de origem minense. 2) Steinen (1940:254) identifica co­
vegetal, animal e mineral empregadas em cada tipo de mo sendo do gênero Anodonta (atualmente
artefato, segundo dados disponíveis na bibliografia con­ Anodontites) as conchas usadas como raspa-

277
Utensílios e implementos
dores e plainas pelos índios do alto Xingu. 3) n . Matérias-primas de origem vegetal discrim inadas por
Esse autor refere-se, ainda, à concha empregada tip o de artefato
para raspar o tubérculo da mandioca “ da varie­
dade Leila pulvinata Hupé, trazida do Araguaia BANCO
por Castelnau” , conhecida pelos índios como Existem poucas referências na bibliografia sobre
itá. 4) Segundo Karl v. d. Steinen, “ com uma a madeira empregada para talhar os bancos. Os
espécie maior, (itá kuraa) - Unio orbignyanus, Asuriní empregam mogno (Swietenia krukovii
atualmente Castalina orbignyanus — eram alisa­ Gleason), da família das Meliáceas; os Tukâno
dos os arcos; empregava-se, para isso, a superfí­ utilizam o lenho da sorva-grande (Couma rm-
cie externa da concha” (ibidem). 5) Informa crocarpa Barb. Rodr.), uma Apocinácea;outros
o mesmo autor que, o gênero Hyria (atualmente grupos usam o cedro bordado (Cedrela odorata
Prisodon) — uma concha chata com uma extre­ L.), família Meliáceas. Na pintura da madeira
midade pontuda — servia para abrir o fruto do dos bancos (e também dos raladores), os Wai-
pequi, correspondendo ao nosso canivete (op. wai empregam a cinza da folha da palmeira
cit.: 254). 6) E. T. Carvalho encontrou artefatos ubím (Geonoma paniculigera Mart.) dissolvida
de conchas bivalves da família Veneridae no num mordente: amapá doce (Macoubea guia-
sítio arqueológico do litoral fluminense acima nensis Aubl.), uma Apocinácea (Yde 1965:80,
citado: Macrocallista maculata L (93,29% do 82). Os Tukâno empregam o látex da sorva-
total) e, em proporções menores: Lucina pequena, árvore da mesma família, (Couma
pectimta (Gmehn), Anúantis purpurata (La- utilis Mart.), misturado com barro preto para
marck) e Iphigenia brasiliana (Lamarck) cobrir o assento do banco; os desenhos são tra­
(Carvalho 1984:157 pr. 36). çados com tinta vermelha de carajuru (Arra-
bidaea chica (H. B. K.), uma Bigoniácea.
ESCABELO
Como assentos empregam os índios carapaças CABAÇA E CUIA
de jabuti, tatu e da tartaruga da Amazônia Pa- Parte do vasilhame de uso doméstico é feito de:
docnemis expanda), bem como o couro curtido cabaça amargosa (Lagenaria vulgaris Ser., ou
de diversos animais: veado, cervo, anta, onça, L. sicerari (ver Lizot 1980:23), da família
jaguatirica, boi. das Cucurbítáceas, também conhecida como pu-
ranga ou porongo. Prestam-se para depósitos de
FORMÃO água e outros líquidos, por sua forma oblonga
A parte atuante do formão é feita de: 1) incisi­ e tamanhos variados. A casca lenhosa da cuieira
vos de grandes roedores — capivara (Hydro- (Crescentia cujete L.), da família das Bigoniá-
choerus hydrochoerus, antigamente, H. capyba- ceas, cultivada por quase todós os grupos indí­
ra); cutia (Dasyprocta aguti e D. azarae); paca genas do Brasil, ou intercambiada, é de grande
(Coelogenis paca, antigamente Agoutí paca); serventia para uso doméstico, como colher, con­
2) caninos do caititu (Tayassu tayassu) e da cha, copo, prato, etc. A parede interna da cuia
queixada (Tayassu albirostris), que é a espécie é laqueada com a seiva da entrecasca de Mico-
maior de porco-do-mato, caracterizada pelo nia sp., árvore da família das Melastomáceas,
queixo e colarinho brancos, daí o nome. pelos Desâna do rio Tíquié. Mantêm a peça
emborcada, durante vários dias, sobre folha
PERFURADOR podre de mandioca até que o interior adquira
K. v. d. Steinen (1940:251-252) menciona o cor negra brilhante. Para o mesmo fim, Le Coin-
uso pelos índios do alto Xingu de perfuradores te (1947:169) cita o cumaté ou araçá do cam­
feitos de dentes pontudos e fortes de Cyno- po (Myrcia atramentifera Barb. Rodr.), uma
don, nome científico do peixe-cachorro, segun­ Mírtácea e o achuá (Saccoglottis guianensis
do esse autor. Trata-se, certamente, das espécies Benth var. Dolichocarpa Ducke), uma Humiriá-
Hydrolycus scomberoides ou Rhaphiodon vul- cea (op. cit.: 16).
pinus da família dos Caracídeos (R. v. Ihering
1968:518-519). CANOAS E REMOS

Im perm eabilizan tes


Materiais resinosos e pigmentos são empregados
RALADOR
para curtir a madeira dos cascos a fim de prote­
A língua do pirarucu (Arapaima gigas) é utiliza­
gê-los contra o apodrecimento. Os mais co­
da por índios e caboclos para ralar o bastão do
muns, de origem vegeta], são, segundo Alves
guaraná, principalmente. Câmara (1976:77): 1) anil e outras féculas ve­
getais; 2) látex de: a) sorva-pequena (Couma
utilis (Mart.); b) sorva-grande (Couma macro-
TESOURA carpa Barb. Rodr.); c) maçaranduba (Mimusops
“ As dentaduras da piranha serrasalmo serviam excelsa Ducke); 3) resina para calafetar a em­
para cortar” , escreveu Steinen (1940:251). barcação de: a) breu branco verdadeiro Pro-
Trata-se de um peixe de água doce da família tium heptaphyllum (Aubl.) March (= Icica hep-
dos Caracídeos, subiam. Serrassalmíneos. É taphylla Aubl.), família das Burseráceas; b)
provável que a piranha preta ilustrada por Stei­ anani (Symphonia globulifera L.), família das
nen (1940:251 fig. 22) seja a espécie Pygocen- Gutiferáceas. A essas, substâncias são adiciona­
trus piraya. dos, às vezes, corantes de origem mineral.

278
U te n s ílio s e im p le m e n to s
Madeiras JATOBÁ (Hymenaea courbaril L.)
Conhecida também como jutaí-açu, jataí ou
ACARIÚBA (Minquartia guianensis Aubl.) jutaizeiro. Com a casca espessa constróem-se
Madeira pardo-clara usada pelos Waiwai para a ubás: índios do alto Xingu (Steinen 1940:
manufatura de remos (Yde 1965:77). Família 193); índios Tíriyó (Frikel 1973:41), entre
das Oleráceas. * outros. O diâmetro do tronco alcança l,22cm.
Família Legum. caesalp..
ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl.)
Família das Meliáceas. Madeira castanho-verme­ LOURO (Nectandra spp.)
lha brilhante, semelhante ao cedro, mas de qua­ Família das Lauráceas, é considerada a madeira
lidade superior. Usada pelos índios das Guia- mais apropriada para a construção naval, com a
nas para construir canoas (Roth 1970:613). vantagem de dificilmente rachar. Empregada,
entre outros, pelos índios das Guianas (Roth
1970:613).
ANGÉLICA (Guettarda speciosa Aubl.)
Madeira branca e pouco compacta empregada MUIRAPIRANGAffirosímum paraense Huber)
para fazer canoas pelos índios Waiwai (Yde Família das Moráceas, conhecida como guariu-
1965:77). ba no Peru. Empregada pelos índios Tukúna
para fazer igaras. O cerne é vermelho-escuro
ANGELIM PEDRA (H ym en o lo b iu m petraeum D u ck e) vivo, duro e pesado, mas bom para trabalhar
Família Leg. pap. dalb., alcançando mais de (Glenboski 1975:116).
50 m de altura por 70 cm de diâmetro, prestan-
dose para o fabrico de canoas de grandes di­ PAU D’ARCO (Tecoma sp.)
mensões (Alves Câmara 1976:63-64). Da família das Bigoniáceas, madeira castanho-
pardo, dura, boa para a construção naval. Em­
ATANh (Dimorphandra mora Benth) pregada pelos Karajá na construção da igara
Madeira castanho-clara da família Legum. cae- (Ehrenreich 1948:43).
salp. empregada na manufatura de canoas pelos
índios das Guianas (Roth 1970:613). PAXIÚBA BARRIGUDA (Iriartea ventricosa Mart.)
Palmeira medindo 15 a 20 m de altura por 30 a
BREU BRANCO VERDADEIRO (Protium heptaphyl- 35 cm de diâmetro, formando no meio uma di­
lum (Aubl.) March) latação de 1 a 1,20cm de diâmetro. Como a es­
A madeira dessa espécie e da Protium (Icica) pécie I. exorrhiza é sustentada por um pedestal
altíssima são citadas por Roth (1970:613) co­ de raízes aéreas. Usada no fabrico de igaras (Câ­
mo de uso dos Aparai e Wapitxâna no fabrico mara 1976:63-64).
de canoas.
QUARUBA ( Vochysia tetraphylla Aubl.)
CARAPANAÚBA (Aspidosperma nitidum (Benth) Família das Vosquisiáceas, semelhante ao cedro
Chamada “ árvore do remo” pelos Waiwai; usa­ mas de qualidade inferior. Madeira fácil de tra­
da para esse fim também pelos créole da Guia­ balhar mas pouco durável.
na Francesa (Yde 1965:86) e pelos Marúbo,
segundo D. Melatti. Família das Apocináceas. QUINA (Ogcodeia ulei (Warb.) Macbr.)
Família das Moráceas, utilizada pelos Tukúna
CEDRO BORDADO (Cedrela odorata L.) para a manufatura de igaras (Glenboski 1975:
Variedade de cedro vermelho. Usado na feitura 116).
de canoas pelos índios das Guianas (Roth
1970:613) e Waiwai (Yde 1965:80). Família SUMAÚMA (Bômbax globosum Aubl.)
das Meliáceas. Da família das Bombáceas. Madeira leve própria
para jangadas. Algumas igaras grandes são feitas
CEDRO ? (Cedrela fissilis Vell.) de sumaúma (Roth 1970:613).
Família das Meliáceas. A madeira do tronco é
escavada para construir igaras. Remos com pás DIVISÓRIA DE LIBER
cordiformes são talhados desse cedro, tingidos Líber ou entrecasca de árvore, dos gêneros Fi­
de jenipapo (Genipa americana L.) pelos índios em (principalmente Fiais radula Willd.), Poul-
Tukúna. (Glenboski 1975:102). senia (especialmente Poulsenia armata (Miq.)
Standl.) (Glenboski 1975:112, 113) e Sterculia
COPAÍBA (Copaifera pubiflora Benth) (Le Cointe 1947:475), das famílias Moráceas e
Família Leg. caesalp.. Madeira resinosa pardo- Sterculiáceas, é conhecido na Amazônia sob a
amarelada de textura semelhante à do cedro. alcunha de tururi. Raspando a epiderme e ba­
Usada para fazer canoas pelos índios das Guia­ tendo a entrecasca umedecida obtém-se
nas (Roth 1970:613). um “ pano” macio que serve para a feitura de
indumentária ritual e cotidiana, tipoias, “ pa­
CUPIÚBA (Goupia glabra Aubl.) nos” pintados para guarnecer as divisórias dos
Da família das Celastráceas. Madeira de dureza iniciandos dentro das malocas, escabelos, sa­
média, vermelho-castanho-claro, fácil de traba­ quinhos para a guarda de material de pintura,
lhar para fazer igaras. Citada por Roth (1970: bolsas, etc. Qs métodos de preparo são descri­
613). índios das Guianas. tos, entre outros, por Koch-Grünberg (1909

279
U t e n s ílio s e im p le m e n to s
11:169), para os índios do alto rio Negro; por neas, e rolete com cavidades de urucu (Bixa
Albisetti & Venturelli (1962 1:906) para os orellana L.) (índios Karajá, apud Krause 1941-
Borôro, por Nímuendaju (1952:80) e Glen- 44 vol. 83:148); 2) gameleira (Ficus sp.) e
boski (1975:112), para os Tukúna; por Frikel imbaúba (Cecropia spp.) para ambas as peças
(1973:107) para os Tiriyo' e por Cruls (1952: do aparelho (Baldus 1942:168): os gravetos
94) para diversas tribos. Retirado de árvores de em que se manifesta o fogo são de pau d’estopa
variados tamanhos e espécies, o líber apresenta- (Lecythis sp.) (ibidem); 3) bolaina (Guazuma
se nas cores branco-amarelada, vermelho-ferru­ rosea Popp & Endl., da família das Esterculiá-
gem e castanho-cinzenta. ceas (índios do Ucaiali, apud Tessmann 1930:
Consulte: 50 Adornos de materiais ecléticos, 91); 4) os Makuxí utilizam o lenho de Apeiba
indumentária e toucador; 90 Objetos rituais, glabra Aubl. (Roth 1970:70) como matéria-
mágicos e lúdicos, Glossários complementares. prima ignígera; e 5) os Kaapor, uma Anonácea
(Guatteria sp.) (Inf. pes. WUliam Ballé);os Bo­
ESCABELOS rôro, canela brava (Pseudocaryophyllus sericeus
Assento ao rés do chão feito do pecíolo da pré- (Steinen 1940:620); os Nambikuára, bastões da
foliação do buriti (Mauritia vinifera Mart.) é árvore do breu (Protium sp.) (Roquette-Pinto
usado pelas mulheres no alto Xingu. Muito co­ 1917:186).
muns são os escabelos de líber.
PILÃO
ESPATA-RECIPIENTE Os Waiwai empregam a madeira vermelha do
A bainha da folha da palmeira babaçu (Orbig- cedro bordado (Cedrela odorata L.), uma Me-
nya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.) (= Attalea liácea, e da cupiúba (Goupia glabra Aubl.) (fa­
speciosa Mart.), a da palmeira inajá Maximdiana mília das Celastráceas), na feitura do pilão (Yde
regia Mart.) e a da palmeira paxiúba (Iriartea 1965:80, 89). Para o mesmo artefato, os Desâ-
sp.) (Glenboski 1975:106) são empregadas para na utilizam pau-amarelo (Euxylophora para­
fazer recipientes de uso doméstico. ensis Hub.) e pau-brasil (Sickingia tinctoria
(H.B.K.) K. Sch.) (observação pessoal); os Tapi-
FACA rapé, o lenho do pequi (Caryocar brasiliensis
Diversas espécies de tabocas (Guadua spp.) da Camb) da família das Cariocaráceas (Baldus
família das Gramíneas são aparelhadas para se 1970:241) e os Tukúna, a madeira de Couma-
obter um gume periférico e servirem como fa­ rouna micrantha (Harms) Ducke, segundo Glen­
cas de uso doméstico. boski (1975:109).

FACHO PARA ILUMINAÇÃO RALADOR


A resina de duas espécies de breu —Protiwn Registra-se o uso de cedro (Cedrela odorata
heptaphyllum (Aubl.) March e Icica heptaphyl- L.) e carapanaúba (Aspidosperma excelsüm
la Aubl. é usada pelos índios Waiwai para a ilu­ Benth), uma Apocinácea, na feitura das pran­
minação das malocas (Yde 1965:90). Para o chas dos raladores de mandioca entre os Wai­
mesmo fim empregam-se lâminas de ripeiro wai (Yde 1965:80, 86); os dentes do ralo Kara­
(Eschweilera polyantha A. C. Smith), da família já são de lascas da palmeira brejaúba ou airi
das Lecitidáceas, árvore conhecida também sob (Astrocaryum auri), segundo Krause (1941-
a alcunha de turi, e resina seca de Dacryodes 44 v. 83:150); a madeira do ralo Baníwa é de
aff. belemensis Cuatr. (Glenboski 1975:108), marupá (Simaruba amara Aubl.) da família das
da família das Burseráceas. Simarubáceas. As raízes aéreas, rígidas e áspe­
ras da palmeira paxiúba (Socratea exorrhiza
OURIÇO DE CASTANHA RECIPIENTE (Mart.) Wendl.) servem de ralo a diversas tribos.
Retirada a “tampa” do fruto esférico (ouriço) Com o mesmo propósito, os Borôro utilizam a
da castanha-do-pará (Bertholletia excelsa R B . casca de angico ou parícá-branco (Acacia
K.), que mede 11 a 14 cm de diâmetro, ou da sp.). Para fazer a tábua do ralo, os índios da
castanha sapucaia (Lecythis paraensis Hub.), Guiana empregam o cerne da copaíba (Copai-
ambas da família das Lecitidáceas, cujo diâme­ fera pubiflora (Roth 1970:277).
tro varia entre 18 a 22 cm, obtém-se um reci­
piente para uso doméstico. III. Matérias-primas de origem mineral.

PAU DE CAVOUCO É indeterminada a classificação da pedra para a


As madeiras utilizadas para talhar esse imple­ maioria dos artefatos líricos (machados, raspa­
mento agrícola, registradas na bibliografia, são: dores, pontas de flechas, almofarizes, mãos de
palmeira açaí (Euterpe oleracea Mart.), no caso pilão) catalogados nos museus, provenientes de
dos índios Xikrin (Frikel 1968:103) e da pal­ contextos arqueológicos ou etnográficos. As ro­
meira pupunha (Guilielma gasipaes ( R B. K.) chas mais citadas são: granito, basalto, diabásio,
Bailey), no caso dos Marúbo. gnaisse, quartzo leitoso, quartzo hialino e sílex.
Dos autores consultados, Roth é o único a espe­
PAU IGNÍGERO cificar, com referência aos índios das Guianas,
Os registros bibliográficos informam que os os minérios de que são feitos os dentes dos rala­
paus de ignição são feitos das seguintes maté­ dores: gnaisse, granito, quartzito (Roth 1970:
rias-primas: 1) bastão girador de taquara (Gua­ 277-278). Os raladores e bancos são decorados
dua angustifolia Kunth.), da família das Gramí­ com tintas —amarela e vermelha —extraídas de

280
Utensílios e implementos
argilas ricas em óxido de feno (tauá). A broca CANOA
(ou perfurador giratório) de madeira é provida Def. Termo genérico dado às embarcações indí­
de ponta de quartzo, segundo Albisetti & Ven- genas. Distinguem-se dois tipos: ubáe igara.
turelli (1962:502) no caso dos Bororo e, de
ponta de “pedra dura” , segundo Steinen (1940: CASCO
250-251), no caso dos índios do alto Xingu. Def. Corpo da canoa, incluindo popa e proa.

JACUMÃ
Def. Leme ou remo para governar a embarca­
ACESSÓRIOS E PARTES COMPONENTES D A EM­ ção.
B A R C AÇ Ã O (8 0 .0 2 )
POPA
ABÓBADA Def. Parte posterior oposta à proa da embarca­
Def. Armação arqueada coberta de folha de pal­ ção.
meira ou de esteiras que protegem a carga das
canoas. PROA
Def. Parte anterior da embarcação oposta à po­
BAN CA DA S pa.
Def. Paus atravessados no sentido da largura do
casco, que servem de assento ou para conduzir VARA
a carga nas canoas. Def. Implemento medindo 4 a 5 m de compri­
mento por 3 cm de largura usado para desenca­
BORDADURA lhar ou impulsionar a embarcação em águas
Def. Limite superior do casco da canoa. rasas.

281
U t e n s ílio s eimplementos
90
OBJETOS RITUAIS,
MÁGICOS E LÚDICOS

283
Objetos rituais
90
OBJETOS RITUAIS,
MÁGICOS E LÚDICOS

GRUPOS GENÉRICOS Máscara roda-de-líber Tukúna


Máscara tamanduá Xavante/Xerente
N? Grupo Máscara tecida rio Negro
Máscara trançada calça-e-camisa
01 Indumentária ritual de dança Máscara trançada tamanduá bandeira
Máscara xinguana cabe ça-de-ca baça
02 Insígnias de status diferenciado Máscara xinguana capacete trançado
Máscara xinguana capuz tecido
03 Instrumentália do pajé Máscara xinguana cara-de-macaco
Máscara xinguana escultura antro­
04 Instrumentos cirúrgicos e rituais de mortificação pomorfa
Máscara xinguana escultura ictióide
05 Aparelhos para estimulantes e narcóticos Máscara xinguana roda-capuz
Saia franjas de palha
06 Amuletos de uso pessoal
INSÍG N IA S D E STA TU S DIFER EN C IA D O (0 2 )
07 Utensílios mnemónicos e decomunicação Def. Compreende a grande variedade de objetos
que representavam — ou ainda representam —
08 Utensílios funerários papel importante nas atividades produtivas ou
gueneiras, e que simbolizam essas funções em
09 Utensílios mágico-lúdicos determinados rituais, qualificando seus portado­
res com status diferenciado. Na medida em que
10 Utensílios lúdicos infantis recordam a vida e atividades pregressas da tribo,
tais artefatos contribuem para reforçar a iden­
tidade étnica. Outra característica marcante
INDUM ENTÁRIA R ITU A L DE D A N Ç A (0 1 ) de alguns desses objetos é que, embora utiliza­
Def. Vestimenta-disfarce composta de máscara dos na vida diária, são dotados de maior elabo­
— solta ou parte integrante da vestimenta —que ração artística e requinte de execução. É o caso
figura seres sobrenaturais antropomorfos ou dos arcos, lanças, machados e enxós cerimoni­
zoomorfos; e/ou simples capa de fibras vegetais ais incluídos nesta categoria.
que oculta o usuário. Uso: exclusivamente ritual.
Uso: ritual ou profano, para lazer do usuário e T. Esp. Arco cerimonial
dos circunstantes. Bastão cerimonial Timbíra
T. Esp. Capa cortina de franjas Cabeça mumificada Mundurukú
Capa pele de onça Cetro emplumado
Máscara anta Juri-taboca Cetro Ipurinã
Máscara antropomorfa rio Negro Cetro Palikúr
Máscara antropomorfa Tukúna Cetro Waiwai
Máscara borboleta rio Negro Enxó ritual de pedra
Máscara capacete-plumário Pankararú Escudo ritual trançado
Máscara cara-de-cuia Kaxináwa Gravata emblema Xavante
Máscara cara-de-cuia Timbíra Lança cerimonial Kaxináwa
Máscara cara grande Tapirapé Lança cerimonial Timbíra
Máscara cilíndrica Tapirapé Machado de pedra semilunar
Máscara de aruanã Punhal ritual Tapirapé
Máscara de líber Wayâna-Aparai
Máscara-esteira Ilm bíra IN STRUM ENTÁLIA DO PAJÉ (0 3 )
Máscara jacaré Tukúna Def. Compreende os objetos —excluídos os ma-
Máscara macaco-prego Xikrin racás (instrumentos musicais) — passíveis de
Máscara onça Juri-Taboca serem trazidos aos museus, mediante os quais o
Máscara onça Tukúna xamã pratica ritos de cura ou feitiços de male­
Máscara peixe Juri-Taboca fício. A instrumentália do pajé é difícil de ser

285
Objetos rituais
inventariada, uma vez que se distribui por várias Lho: talismãs preservativos
categorias de artefatos e, mesmo dentro de um T. Esp. Adorno-amuleto heteróclito
mesmo artefato, existiriam “encantamentos” Amuleto Apinayé goela-de-guariba
mágicos difíceis de definir. É o que diz Zerries Amuleto Ipurinã
a propósito do maracá: “ O conteúdo do mara- Colar-amuleto de casulo
cá, que compreende diversos tipos de pedrinhas, Colar-amuleto dentes, sementes
sementes, etc, forneceria material para toda
uma dissertação” (Zerries 1981:333). UTENSÍLIOS MNEMÓNICOS E DE COMUNICAÇÃO
Uso: práticas xamanísticas (0 7 )
T. Esp. Bastão xamânico Kaxuyâna Def. Objetos que ajudam a fazer associações,
Bolsa líber remédios do pajé tendentes a reter fatos ou números na memória,
Cabacinha remédios do pajé ou a transmitir mensagpns.
Estojo remédios do pajé Uso: artifícios para memorizar e comunicar.
Feitiço de morte Karajá T. Esp. Convite de festa
Feitiço pajé Tenetehara Cordão estatístico
Pedra do pajé Suruí Tabuleta calendário
Tubo do pajé Marúbo
UTENSÍLIOS FU N E R Á R IO S (0 8 )
INSTRUM ENTO S CIRÚRGICOS E RITU A IS D E MOR­ Def. Compreende cestos para o acondiciona­
TIFICA Ç Ã O (0 4 ) mento dos ossos para o sepúlcro definitivo, re­
Def. Compreende implementos utilizados na gistrados entre os Bororo e os Wayâna-Aparai.
medicina indígena e instrumentos de ordália E, ainda, urnas de cerâmica para o mesmo fim.
a que são submetidos os jovens nos ritos de ini­ Uso: enterramento secundário de restos mortais
ciação com o objetivo de incutir-lhes resistência T. Esp. Cesto funerário
à dor. Urna funerária de cerâmica
Uso: produzir curas e/ou ordálias em ritos espe­
cíficos. U TENSÍLIO S MÀGICO-LÚDICOS (0 9 )
T. Esp. Cauterizador de feridas Karajá Def. Objetos com fascínio mágico, que se acre­
Instrumento cirúrgico Nambikuára dita possuam poderes para alterar as leis natu­
Instrumento corte cordão umbilical rais; e/ou objetos com finalidade lúdico-estéti­
Látego para flagelação Yekuana co-desportiva.
Moldura trançada para tocandiras Uso: propiciatório e lúdico-desportivo.
Tridente para mortificação Waiká T. Esp. Abano plumário Kaxináwa
Cordão mágico de caça
Cruz de fios
APARELHOS PARA ESTIM ULANTES E NARCÓTI­ Escultura zoomorfa ritual Ipurinã
COS (05) Escultura zoomorfa ritual Timbíra
Def. Utensílios usados para o preparo, guarda e Escultura magia-de-caça Kaxuyâna
consumo de diversos tipos de estimulantes psi- Feitiço-de-chuva Karajá
coativadores e narcotizantes: tabaco (para fumo Miniatura de Kwarip
e aspiração nasal); caapi (para ingerirem forma Prestidigitador Kaxináwa para disci­
de bebida); paricá (para inalação nasal); pó de plinar esposa
ipadu (coca) para mascar. Roda casa-de-festas Wayâna
Üso: profano e ritual nas festas e funções xama­ Toras para corrida
nísticas.
T. Esp. Aspirador rapé de taboca U TENSÍLIO S LÚDICOS IN FA N T IS (1 0 )
Bandeja para paricá Def. Compreende a vasta gama de brinquedos
Cachimbo de cerâmica socializadores — miniaturas de arcos, flechas,
Cachimbo de jequitibá bancos, panelas, cestos, etc. — que ensinam as
Cachimbo de madeira crianças de cada sexo a se familiarizarem com o
Cachimbo noz de tucum património de cultura material de cada tribo e a
Caramujo para paricá se exercitarem nas tarefas que serão chamadas a
Ci garro desempenhar quando adultas. E, ainda, objetos
Mó de paricá fabricados por adultos, ou crianças mais velhas,
Porta-cigarro para lazer e prazer cotidiano. Aqui inventariar
Pote cerimonial bebida alucinógena mos apenas estes últimos.
Sacola de ipadu Uso: lúdico e socializador
Tabaqueira de cabaça T. Esp. Bola de borracha
Tabaqueira de taboca Brinquedo aviãozinho
Brinquedo boneco buriti Bororo
AM ULETOS D E USO PESSO AL (0 6 ) Brinquedo boneco buriti Timbíra
Def. Os adornos — principalmente infantis — Brinquedo boneco cabaça Bororo
incluídos neste grupo, de uso diário ou festivo, Brinquedo boneco de madeira
são qualificados como “ remédios” ou “encan­ Brinquedo boneco de pano
tamentos” destinados a prevenir doenças ou fei­ Brinquedo de barro
tiços que comprometam a saúde dos adultos ou Brinquedo em dobraduras
o crescimento dos imaturos. Brinquedo máscara de aruanã

286
Objetos rituais
Brinquedo trançado 53 Feitiço de chuva Karajá
Brinquedo trançado pega-moça 54 Feitiço de morte Karajá
Cama de gato 55 Feitiço pajé Tenetehara
Conupio 56 Figura de ceia
Figura de cera 57 Figura de embira
Figura de embira 58 Gravata emblema Xavante
Peteca 59 Instrumento cirúrgico Nambikuára
Pião noz de tucum 60 Instrumento corte cordão umbilical
Utensílio lúdico infantil de caracóis 61 Lança cerimonial Kaxináwa
62 Lança cerimonial Timbíra
63 Látego para flagelação Yekuana
64 Machado de pedra semilunar
65 Máscara anta Juri-Taboca
Item 66 Máscara antropomorfa rio Negro
67 Máscara antropomorfa Tukúna
01 Abano plumário Kaxináwa 68 Máscara borboleta rio Negro
02 Adorno-amuleto heteróclito 69 Máscara capacete-plumário Pankararú
03 Amuleto Apinayé goela-de-guariba 70 Máscara cara-de-cuia Kaxináwa
04 Amuleto Ipurinã 71 Máscara cara-de-cuia Timbíra
05 Arco cerimonial 72 Máscara cara-grande Tapirapé
06 Aspirador rapé de taboca 73 Máscara cilíndrica Tapirapé
07 Bandeja para paricá 74 Máscara de aruanã
08 Bastão cerimonial Timbíra '75 Máscara de líber Wayâna-Aparai
09 Bastão xamânico Kaxuyâna 76 Máscara-esteira Timbíra
10 Bola de borracha 77 Máscara jacaré Tukúna
11 Bolsa líber remédios do pajé 78 Máscara macaco-prego Xikrin
12 Brinquedo aviãozinho 79 Máscara onça Juri-Taboca
13 Brinquedo boneco buriti Bororo 80 Máscara onça Tukúna
14 Brinquedo boneco buriti Timbíra 81 Máscara peixe Juri-Taboca
15 Brinquedo boneco cabaça Bororo 82 Máscara roda-de-líber Tukúna
16 Brinquedo boneco de madeira 83 Máscara tamanduá Xavante/Xerente
17 Brinquedo boneco de pano 84 Máscara tecida rio Negro
18 Brinquedo de barro 85 Máscara trançada calça-e-camisa
19 Brinquedo em dobraduras 86 Máscara trançada tamanduá bandeira
20 Brinquedo máscara de aruanã 87 Máscara xinguana cabeça-de-cabaça
21 Brinquedo trançado 88 Máscara xinguana capacete trançado
22 Brinquedo trançado pega-moça 89 Máscara xinguana capuz tecido
23 Cabacinha remédios do pajé 90 Máscara xinguana cara-de-macaco
24 Cabeça mumificada Mundurukú 91 Máscara xinguana escultura antropomorfa
25 Cachimbo de cerâmica 92 Máscara xinguana escultura ictióide
26 Cachimbo de jequitibá 93 Máscara xinguana roda-capuz
27 Cachimbo de madeira 94 Miniatura de kwaríp
28 Cachimbo noz de tucum 95 Mó de paricá
29 Cama de gato 96 Moldura trançada para tocandiras
30 Capa cortina de franjas 97 Pedra do pajé Suruí
31 Capa pele de onça 98 Peteca
32 Caramujo para paricá 99 Pião noz de tucum
33 Cauterizador de feridas Karajá 100 Porta-cigarro
34 Cesto funerário 101 Pote cerimonial bebida alucinógena
35 Cetro emplumado 102 Prestidigitador Kaxináwa para disciplinar esposa
36 Cetro Ipurinã 103 Punhal ritual Tapirapé
37 Cetro Palikúr 104 Roda casa-de-festas Wayâna
38 Cetro Waiwai 105 Sacola de ipadu
39 Cigarro 106 Saia franjas de palha
40 Colar-amuleto de casulo 107 Tabaqueira de cabaça
41 Colar-amuleto dentes, sementes 108 Tabaqueira de taboca
42 Convite de festa 109 Tabuleta calendário
43 Cordão estatístico 110 Toras para corrida
44 Cordão mágico de caça 111 Tridente para mortificação Waiká
45 Corrupío 112 Tubo do pajé Marúbo
46 Cruz de fios 113 Urna funerária de cerâmica
47 Enxó ritual de pedra 114 Utensílio lúdico infantil de caracóis
48 Escudo ritual trançado
49 Escultura zoomorfa ritual Ipurinã ABANO PLUMÁRIO KAXINÁWA
50 Escultura zoomorfa ritual Timbíra Def. Para ocasiões cerimoniais, os Kaxináwa
51 Escultura magia-de-caça Kaxuyâna manufaturam abanos de penas caudais de mu-
52 Estojo remédios do pajé tum ou de gavião justapostas e atadas pelos

287
Objetos rituais
canhões (Kensinger et alii 1975:215). Esses aba- AMULETO IPURINÃ
nos são usados para avivar o fogo. Def. Artefato destinado a prevenir doenças ou
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09) feitiços. No caso dos Ipurinf registra-se um in­
vólucro de palmeira amarrado na borda junta­
mente com dois espinhos aguçados de palmei­
ra.
T. Gen. Amuletos de uso pessoal (06)

Amuleto Ipurinã. índios Ipurinã, M.N. n9 3.042. Esc. 1:1.

Abano plumário Kaxináwa. Museu Haffenreffer de Antropologia


n9 69-10068. A pud Kensinger et alii, 1975:215.

ADORNO-AMULETO HETERÓCLITO
Def. “ As crianças usam freqüentemente pulsei­
ras ou tomozeleiras com penduricalhos forma­
dos de fragmentos de toda a sorte de madeiras,
raízes ou pequenos ossos e sementes, às quais
se atribuem virtudes medicinais” (Nimuendaju
1946:55). Registrado entre os grupos Timbíra.
T. Gen. Amuletos de uso pessoal (06)
Nota: sem paradigma nas coleções consultadas.

AMULETO APINAYÉ GOELA-DE-GUARIBA


Def. Artefato destinado a prevenir doenças ou
feitiços em crianças. É constituído da “ cápsula
de ressonância da goela do guariba (macaco
da família dos cebídeos, do gênero Allouatta).
Pendura-se ao pescoço das crianças que so­
frem de coqueluche para que bebam nela”
(informação do colecionador Curt Nimuendaju,
livro de Tombo do Museu Nacional n ? 25.919).
T. Gen. Amuletos de uso pessoal (06)

Arco cerimonial. índios Borôro, M.N. n9 38.446. Esc. 1 :10. A.


Vista da peça. B. Corte transversal

ARCO CERIMONIAL
Def. “ Os arcos que denominamos festivos ou
Amuleto Apinayé goela-de-guariba, fndios Apinayé, M.N. n?
25.919. Esc.1:2. enfeitados caracterizam-se pela abundância de

288
Objetosrituais
ornamentos: plumas coladas ou penas pendura­ T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcó­
das ao longo de seu comprimento; anéis de fo- ticos (05)
líólos de broto de palmeiras, ou de peles de
animais, ou de metal, ou de segmentos de cara­
paça de tatus; fragmentos de conchas; trançados
de acúleos brancos de ouriço; desenhos obtidos
por maceração parcial da madeira. Todos apre­
sentam, na extremidade superior, um rico tufo
de plumas de penas de. arara, gaviões e, às ve­
zes, lascazinhas de taquara com trançado de
acúleo de ouriço, ou folíolos de broto de pal­
meiras pintados, e até madeixas de cabelos
humanos” (Albisetti & Venturelli 1962:488).
Registram-se arcos cerimoniais em vários outros
grupos indígenas, além dos Boròro.
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)

ASPIRADOR RAPÉ DE TABOCA


Def. Em forma de “ V”, é feito de duas tabocas
presas no vértice por uma mistura de cera de
abelha, resina e balata. Usado por dois homens,
um dos quais sopra o rapé na narina do outro.
A. Bandeja para paricá. índios Mawé, M.N. n9 17.246. B. Aspira­
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­ dor, índios Mawé, M.N. n ? 2.919. Esc. 1:3.
cos (05)

BASTÃO
Def. Objeto ritual fino e comprido esculpido
em madeira assemelhado à borduna. Distingue-
se do cetro por seu maior tamanho que permi­
te cravá-lo no chão. É encontrado entre os gru­
pos Timbíra, Kaxuyâna e outros.
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)
T. Rei. Cetro

BASTÃO CERIMONIAL TIMBÍRA


Def. Tábua estreita (4 a 6 cm), cujo compri­
mento varia entre 60 a 1.12 cm, tendo a parte
inferior pontiaguda e a superior decorada com
entalhes e “dentes” à maneira dos pentes. Obje­
to cerimonial dos iniciandos pepyé, Timbíra
orientais (Nimuendaju 1946:185-6).
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)

Aspirador rapé de taboca. índios Kaxináwa, Museu Haffenreffer


de Antropologia n ? 69-10016b, apud Kensinger 1975:227 fig.
228. Esc. 1:2.

BANDEJA PARA PARICÁ


Def. Tabuleta de madeira, altamente elaborada,
tendo no meio um retângulo escavado para co­
locar o paricá. O cabo é esculpido em forma de
cabeça de cobra ou de jacaré com olhos de ma­
drepérola. Os primeiros exemplares foram reco­
lhidos entre os Mawé pela expedição de Spix
Bastão cerimonial Timbíra. índios Timbíra, M.N. n ? s 26.637,
e Martius. Acompanha a bandeja um aspirador 26.638. A.B. Vista das peças. A j Bi Detalhe das empunhaduras.
de osso de ave. Esc. 1:20.

289
Objetosrituais
BASTÃO XAMÂNICO KAXUYÂNA cortes de madrepérola e conchinhas inteiras,
Def. O bastão e a bandeja de paricá constituem tendo no seu interior espinhos de palmeira
uma unidade e fazem parte do equipamento li­ “para escarificação” , segundo registro do Livro
gado à cerimônia de aspiração de rapé (mori: do Tombo do Museu Nacional (n? 3.076).
de tabaco ou de paricá), entre os Kaxuyâna, T. Gen. Instrumentália do pajé (03)
grupo Karib do rio Trombetas. Os outros com­
ponentes são: pedaço de um antigo tecido de
algodão; pincel de pêlo de caititu para juntar o
rapé; pilão de ouriço de castanha; aspirador de
tubos de osso. Tal como a bandeja, o bastão é
artisticamente esculpido em madeira. Designa­
do kurum-kukúru (imagem, urubu-rei), possui
“ um cabo liso, mas na parte central onde se se­
gura, acha-se imbutido um osso” (de onça, vea­
do ou porco). A cabeça do urubu-rei repousa
sobre o corpo dobrado de uma cobra mítica
que “ tem um par de orelhas atrás da cabeça”
(Frikel 1961:8. Zerries 1981:337 fig. 12b).
T. Gen. Instrumentália do pajé (03)
V. tb. Bandeja de paricá

Bolsa líber remédios do Pajé. fndios Ipurinã, M.N. n9 3.076. Esc.


1:5.

BRINQUEDOS
Def. A maior parte dos brinquedos indígenas
relaciona-se, estreitamente, às tarefas que as
crianças serão chamadas a exercer quando adul­
tas, tendo, portanto, finalidades práticas e edu­
cativas dirigidas a cada sexo. Assim, para meni­
nos, os pais e avós fabricam canoas, arcos e fle­
chas em miniatura; para as meninas, panelinhas,
torradores, tipoias e bonecas. Segundo os regis­
tros bibliográficos, os utensílios para o lazer in­
fantil podem ser divididos em: 1) brinquedos
trançados, com destaque ao “pega-moças” ;
Bastão xamânico Kaxuyâna. A pud Frikel 1961:8 fig. A. 2) brinquedos em dobraduras; 3) brinquedos
em cera; 4) brinquedos de barro; 5) camas de
gato; 6) bonecos. Além desses, cabe mencionar
os piões, corrupios, petecas, aviõezinhos, etc...
BOLA DE BORRACHA T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
Def. Bola de látex, feita por algumas tribos
amazônicas, para recreio juvenil: o jogo de bola. BRINQUEDO AVIÃOZINHO
Encontrada atualmente entre os índios Paresí, Def. Em quase todas as aldeias encontra-se, hoje
para uso interno e venda. em dia, um brinquedo muito popular entre os
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10) meninos, manufaturado por eles próprios: o
aviãozinho de madeira, da medula do buriti
ou de cera.
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Bola de borracha. índios Kepkiriwát, M.N. n9 15.044. Esc. 1:2.

BOLSA LIBER REMÉDIOS DO PAJÉ


Def. Recipiente de líber contendo elementos
utilizados nos exorcismos do pajé. No caso dos Brinquedo aviãozinho de madeira. índios Tukúna, M.N. n9
índios Ipurinã, esse artefato é adornado de re­ 30.321.Esc.1:10.

290
Objetosrituais
BRINQUEDO BONECO BURITI BORORO BRINQUEDO BONECO CABAÇA BORÒRO
Def. “É um pequeno brinquedo da largura de Def. “ É uma pequena cucurbitácea silvestre na
um semifolíolo ou de um folíolo de broto de qual pinturas faciais e plumas habilmente dis­
palmeira babaçu, querendo imitar uma criança postas imitam o rosto e a cabeça de uma bone­
do sexo feminino. Tem o comprimento de 6 a ca e determinam o clã possuidor” (Albisetti
10 cm e se origina de um ou mais folíolos ou & Venturelli 1962:478). Ocorre entre os índios
semifolíolos enrolados sobre si mesmos” (Albi- Bororo.
setti & Venturelli 1962:477). T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

BRINQUEDO BONECO DE MADEIRA


Def. Talha antropomorfa em muirapiranga, ca­
racterizada pela pequena saliência dos braços,
colados ao corpo, e a pequena movimentação
das pernas. E também por deixar de apresentar
qualquer característica étnica traduzida em pin­
tura corporal, corte de cabelo ou adornos pes­
Brinquedo boneco buriti Bororo. índios Bororo, M.N. n9 4.759. soais. Manufaturado para recreio das crianças
Esc. 1:4. e, atualmente, principalmente para a venda, pe­
los índios Tukúna, e também outros grupos in­
dígenas.
BRINQUEDO BONECO BURITI TIMBÍRA T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
Def. Brinquedo de meninas entre os grupos
Timbíra. Constituído de um pedaço de pecíolo
de buriti provido de seios, para indicar boneca
de sexo feminino, cinto de cordões, pintura em
vermelho e negro e penugem de gavião. Os bo­
necos que representam o sexo masculino, além
das citadas características de ornamentação cor­
poral trazem uma fita frontal e cinta de folíolo.
(Nimuendaju 1946:111).
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Brinquedo boneco de madeira. índios Tukúna, N.N. n ? 33.407.


Esc. 1:5.

Brinquedo boneco buriti feminino Timbíra. índios Ramkoka-


mekra-Canela, M.I. nP 27.062. Esc. 1:4.

Brinquedo boneco cabaça Bororo. índios Bororo, M.N. nP Brinquedo boneco de madeira. índios Kadiwéu, M.I. q.9 1-533.
38.425.Esc.1:5. Esc. 1:5.

291
Objetosrituais
BRINQUEDO BONECO DE PANO índios das Guianas (Roth 1970:497 e ss. fig.
Def. Figura de trapo, que imita a forma huma­ 241 a 244).
na, e serve de brinquedo às meninas. Estranho T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
à cultura indígena, foi adotado e aculturado
segundo o ethos de cada tribo.
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Brinquedo em dobraduras. índios Ramkokamekra-Canela, apud


Museu Goeldi 1986:86.

Brinquedo boneco de pano, representando um sobrenatural,


índios Karajá, M.N. nP 33.272. Esc. 1:2.

BRINQUEDO DE BARRO
Def. Modelagens de argila —na forma de minia­
turas de panelas, torradores, colheres, etc. —
são feitas para as meninas brincarem de “ do­
nas de casa” . Com a mesma finalidade são mo­
deladas figuras de animais. “ Figuras antropo-
morfas de barro são usadas como ‘filhos na
tipôia’ ” (Frikel 1973:207, índios Tiriyó; Roth
1970:494, índios das Guianas).
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Brinquedo em dobraduras representando ave. índios Apinayé,


M.I. s/nP Esc. 1:5.

Brinquedo de barro representando o jacaré. índios Kadiwéu,


M.N. nP 38.567. Esc. 1:4.

BRINQUEDO EM DOBRADURAS
Def. Confeccionados com pínulas de folha nova
de palmeira (babaçu, buriti, tucum) assumem as
formas mais variadas interpretadas como pássa­
ros, peixes, partes de animais, utensílios, etc.
Registrado o uso em diversas tribos, a exemplo
de: Tenetehara (Wagley & Galvão 1961:201 est. Brinquedo em dobraduras, representando o rabo do jacaré. ín­
xi); Tiriyó (Frikel 1973:206 fig. 47a a j); dios Apinayé, M.N. nP 27.700. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B.
Borôro (Albisetti & Venturelli 1962:476-477); Detalhe do anverso. C. Detalhe do verso.

292 /
Objetosrituais
BRINQUEDO MÁSCARA DE ARUANÃ Tíquié (pino pawê numeié = cobra, nome, pe-
Def. A reprodução, para fins lúdicos, de másca­ gar-moça) explicita a forma e a finalidade do
ras de aruanã feitas em palha ou em barro, ou brinquedo (informação pessoal). Registrado por
mesmo de vários mascarados embarcados em Roth (1970:497) entre os índios das Guianas
canoa, é comum entre os Karajá, a julgar pelas (v.tb.Koch-Grünberg 1909 vol. 1:274 fig. 152).
coleções dos museus. T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Brinquedo trançado pega-moça. índios Tukâno, M. 1. s/nP Esc.


1 :2,5. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

CABACINHA REMÉDIOS DO PAJÉ


Def. Recipiente de cabaça com tampa de sabu­
go de milho contendo elementos utilizados nos
exorcismos do pajé. No caso dos índios Apina­
Brinquedo máscara de aruanã. índios Karajá, M.N. n P 37.719. yé, o registro do colecionador Curt Nimuendaju
Esc. 1:3.
transcrito no Livro de Torribo do Museu Nacio­
nal (n? 25.926) informa tratar-se de dentes de
BRINQUEDO TRANÇADO lontra e de jacaré usados “como remédio contra
Def. Imitam utensílios domésticos (cestos, pe­ doença dos olhos” .
neiras, tipitis, etc.) bem como elementos da T. Gen. Instrumentália do pajé (03)
fauna e a forma humana. Tratando-se de bone­
cos e de utensílios domésticos, destinam-se ao
recreio das meninas.
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
Consulte: 20 Trançados

Cabacinha remédios do pajé. índios Apinayé, M.N. nP 25.925.


Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Vista do conteúdo: dentes de lon­
tra e de jacaré. >

Brinquedo trançado. índios Apinayé, Museu Goeldi nP 10.941.


A pud Museu Goeldi 1986:86. A. Vista da peça. B. C. Detalhe do CABEÇA MUMIFICADA MUNDURUKÚ
trançado.
Def. Crânios conservando a pele eram mumifi­
cados pelos antigos Mundurukú para mostrar
valor guerreiro. Eram decepados de inimigos
BRINQUEDO TRANÇADO PEGA-MOÇA tombados em combate. Alguns deles conserva­
Def. Espécie de mini-tipiti que, quando pressio­ vam os cabelos longos e eram dotados, nas ore­
nado encolhe, e quando nele se agarra o dedo é lhas, de fartas borlas de algodão e/ou brincos
impossível soltá-lo, exceto se encolhido nova­ plumários. M órbitas eram recheadas de resina
mente para alargar-se. Ocorre entre os índios do para servir de adesivo a um par de dentes incisi­
alto rio Negro. A designação em tukâno do rio vos de roedor. Da boca entreaberta pendiam

293
Objetos rituais
franjas ou tão somente um grosso cordão que CACHIMBO DE JEQUITIBÁ
permitia ao dono da cabeça carregá-la nas cos­ Def. Aparelho de fumante feito do fruto do
tas. jequitibá conhecido regionalmente como “ ca-
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) chimbeiro” . Entre os Xikrin, “a casca da fruta,
bem dura, é alisada, especialmente por dentro.
A fumaça é sugada e aspirada pelo orifício da
haste ou do caule que liga a fruta ao galho”
(Frikel 1968:51). Entre os Bororo, o cachimbo
é formado pelo “ picnocárpio do jequitibá, es-
vasiado de suas sementes, no qual se adapta um
segmento de taquarinha” (Albisetti & Ventu-
relli 1962:838). Segundo Baldus (1970:247),
“ os Karajá têm dois tipos: com um anel enta­
lhado próximo à abertura do fornilho e outro
singelo. Nos cachimbos Tapirapé e Kayapó
falta este sulco circular” .
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Cachimbo de jequitibá. índios Menkragnotire, M. I. n9 75.2.40.


Esc. 1:2. A. Vista da peça. B. Corte longitudinal.

CACHIMBO DE MADEIRA
Def. Aparelho de fumador esculpido em madei­
ra com um tubo da mesma matéria-prima para
aspirar a fumaça. Os cachimbos de madeira dos
Cabeça mumificada Mundurukú. Índios Mundurukú, M.N. s/n9 índios Kadiwéu são laboriosamente entalhados
Esc. 1:7,5. com figuras antropomorfas. Os índios Kokrai-
moro e outros grupos Kayapó imitam na ma­
deira a forma do fruto do jequitibá de que es­
culpem o cachimbo.
CACHIMBO DE CERÂMICA T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
Def. Aparelho de fumador feito de barro. Com­ cos (05)
põe-se de um fornilho onde se coloca o tabaco e T. Rei. Cachimbo de jequitibá
de um aspirador. Às vezes é confeccionado em
forma de chifre.
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Cachimbo de cerâmica. índios do Uaupés, M.N. n9 40.234. Cachimbo de madeira com figuras antropomorfas. índios Kadi­
Esc. 1:3,3. A. Vista da peça. B. Secção longitudinal. wéu. Desenho sobre foto do Museu do índio.

294
Objetosrituais
CAMA DE GATO
Def. “ Brinquedo infantil com um barbante a
que se ataram as pontas e que duas pessoas vão
tirando uma dos dedos da outra, alternadamen­
te, dando ao cordel disposição variada e simé­
trica” (Dicionário Aurélio). Comum a diversas
tribos que formam figuras às quais são atribuí­
das designações e significados os mais variados.
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

CAPA CORTINA DE FRANJAS


Def. Alguns grupos Karib (Tiriyó, Waiwai) con­
feccionam mantos descartáveis de folíolos de
miriti e/ou de entrecasca de árvore desfiada.
Esses mantos formam uma espécie de cortina
sustentada na cabeça ou nos ombros, caso em
que -são acompanhados de capacete trançado.
Cachimbo de madeira imitando o fruto do jequitibá. índios Xi- Segundo os Waiwai, seus portadores “repre­
krin, Museu de Genebra n9. 16.33432. A pud Fuerst 1967:32 sentam espíritos que visitam a aldeia, os quais
fig. 24. A. Vista da peça. B. Corte longitudinal. não devem ser reconhecidos pelos espectado­
res” (Yde 1968:231).
As capas confeccionadas com fitas de líber são
ornadas com pinturas segundo a técnica resist
CACHIMBO NOZ DE TUCUM
dye ou tie dye.
Def. Constituído de uma noz de tucum per­
furada para formar o fornilho e com outro furo T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
V. tb. Processos de manufatura (90.03)
menor para enfiar o aspirador de fumo. Este é
de osso de macaco. Encontrado entre os índios
Kaxináwa.
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Cachimbo noz de tucum. índios Kaxináwa, Museu Haffenreffer


de Antropologia n9 69-10016a, apud Kensinger et alii 1975:227,
fig. 228. Esc. 1:1.
I

A. Cama de gato com o significado de “ pé de ema” . índios Ram-


kokamekra-Canela, M.N. n9 27.138. B. “ Cama de gato” interpre­
tada como “ casa”. índios Ramkokamekra-Canela, M.N. n9 Capa cortina de franjas. índios Waiwai, apud Yde 1968:275
27.133. Esc. 1:5. fig. 128. Esc. 1:10.

295
Objetosrituais
CAPA PELE DE ONÇA CAUTERIZADOR DE FERIDAS KARAJÁ
Def. Indumentária ritual constituída da pele — Def. Segundo Krause (1943 vol. 89:159 fig.
às vezes com a cabeça — de onça, represen­ 157) os Karajá possuem um instrumento para
tando o espírito desse carnívoro. Usada em ritu­ tratar lesões, assim descrito: “Nas lesões profun­
ais dos índios Borôro. das, como as de flechadas ou coisa semelhante,
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) emprega-se também a cauterização. Para isso,
usa-se um osso de perna humana (fig. 187)
(déi ou wolisõli) com envoltório de embira. A
extremidade inferior é negrejada pela ação do
fogo” (Krause loc. cit.).
T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de
mortificação (04)

Cauterizador de feridas Karajá. índios Karajá, apud Krause


1943 vol. 89:92 fig. 187.

CESTO FUNERÁRIO
Def. Cesto alguidariforme adornado de penas
no qual os índios Borôro acondicionam os ossos
do morto para o enterro definitivo. As cinzas
e ossos dos homens Wayâna-Aparai são enterra­
dos num cesto estojiforme (pakará) onde, em
Capa pele de onça. índios Borôro, apud Albisetti & Venturelli vida, guardavam seus mais valiosos pertences
1962:238. (Velthem 1984:254>. As cinzas das mulheres
dessa tribo são sepultadas num tipiti (op.
CARAMUJO PARA PARICÁ cit: 236).
Def. Recipiente para armazenar pó de paricá T. Gen. Utensílios funerários (08)
(Piptadenia peregrina). “Para trazer o pó às na­ Consulte: 20 Trançados
rinas emprega-se um aspirador composto de
dois canos de ossovs de ave fixados numa das
extremidades com balata. Um dos canos é intro­
duzido na boca e o outro na narina; um sopro é
suficiente para levar o pó às porções mais remo­
tas da mucosa nasal” (Roth 1970:245-6). O
uso desse narcótico foi registrado entre os ín­
dios do alto rio Negro (Koch Grünberg 1909
vol. 1:323), os Mura, Mawé, Witoto, entre ou­
tros (Roth op. cit.: 244-246).
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Cesto funerário. índios Borôro, Museu Regional Dom Bosco


n9 B53 1583. A pud Albisetti & Venturelli 1962:163. Esc. 1:10.

CETRO
Def. Objeto ritual que os dançarinos levam na
mão em certos eventos. Podem ser empluma­
dos, a exemplo dos cetros dos índios Munduru-
Caramujo para paricá. índios Mawé, M.N. n9 17.300. Esc. 1:3.
A. Vista do caramujo com osso embutido e tampa. B. Vista do kú, Parintíntin e Tembé, esculpidos em madeira
aspirador. na forma de bichos, como os dos índios Ipuri-

296
Objetosrituais
nã (Ehrenreich 1948:127 fig. 46), ou retangula­
res com desenhos ornamentais privativos de
determinada tribo. Distinguem-se dos bastões
por serem de menor tamanho não podendo ser
apoiados no chão.
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)
T. Rei. Bastão

CETRO EMPLUMADO
Def. Armação sólida, Cilíndrica, provida de ca­
bo, circundado por várias camadas de plumas,
amarradas por embricação em círculo na parte
inferior, e por penas longas ornadas com tufos
de plumas, no extremo oposto. Cetros de ma­
deira cilíndrica, revestidos de plumas, foram re­
gistrados entre os Parintintin (Zevi et alii 1983:
109 fig. 224). M. N. n9 4.435 e entre os Tembé
(M.N.nPS 15.136,15.137).
Cetro Ipurinã. índios Ipurinã, Museu GoeLdi n? 3.664. A pud
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) MPEG 1986:100 e 258. Comprimento: 87 cm.
Consulte: 40 Adornos plumários

CETRO WAIWAI
Def. “Artefato cerimonial em forma de remo” é
a única informação contida no catálogo do Mu­
seu Paulista (1984:126, 279) a respeito desse
objeto talhado em madeira e decorado com pin­
tura e pingentes de penas. Não é provável tra­
tar-se de objeto para a venda uma vez que deu
entrada no MPem 1951. Não é mencionado por
Yde (1965) em sua monografia sobre a cultura
material Waiwai.
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)
Cetro emplumado. índios Mundurukú, M.N. n9 5.964. Esc.
1:7,5. A. Vista da peça. B. Detalhe da embricação em círculo.
C. Detalhe da fixação dos tufos de plumas às penas longas.

CETRO IPURINA
Def. Artefatos esculpidos numa só peça de ma­
deira na forma de dois peixes, um deles vasa-
do, unidos um ao outro por uma travessa e or­
nados com pintura e borlas de palha.
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)

CETRO PALDCÚR
Def. Distintivo de status usado nas danças pelos
índios Palikúr. Talhado em madeira com cabo
esculpido e corpo espatulado. Cetro W aiwai.'índios Waiwai, Museu Paulista n ° 6.476. Apud
T. Gen. Insígnia de status diferenciado (02) MP/USP 1984:126, 279. Comp. 54 cm.

297
Objetos rituais
CIGARRO
Def. Porção de fumo picado, enrolado em folha
de tauari. Varia em tamanho, segundo seja de
uso individual, ritual coletivo, ou para práticas
de pajelança.
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Cigarro. índios Borôro, M.N. n9 33.069. Esc. 1:4.

Colar-amuleto dentes, sementes. índios Tenetehara, M.N. n9


COLAR-AMULETO DE CASULO 32.660. Esc. 1:5. A. Vista da peça. B. Detalhe da perfuração de
Def. Adereço infantil usado em volta do pesco­ meio coco de tucum.
ço formado por “ cordéis que atravessam casu­
los de certas larvas. A estes colares os Borôro
atribuem também virtudes mágicas, preservati­ CONVITE DE FESTA
vas ou curativas” . (Albisetti & Venturelli 1962: Def. Utensílio de comunicação encontrado en­
360). Peculiar aos índios Borôro. tre os índios Palikúr. Consiste em certo número
T. Gen. Amuletos de uso pessoal (06) de lâminas finas de taquara ligadas entre si por
fios cujas extremidades terminam com tufos
de penas recortadas. O conjunto forma uma
espécie de pequena esteira com alça de algodão.
T. Gen. Utensílios mnemónicos e de comunica­
ção (07)

Colar-amuleto de casulo. índios Borôro, Museu Regional D. Bos-


co n9 B55 1725. A pud Albisetti & Venturelli 1962:359. Esc.
1:5.
Convite de festa. índios Palikúr, M.I. n9 8.165. Esc. 1:3.

CORDÃO ESTATÍSTICO
COLAR-AMULETO DENTES SEMENTES Def. Dispositivo mnemónico composto de cor­
Def. Adereço infantil usado à volta do pescoço déis enodados. Registrado por Koch Grün-
formado de dentes perfurados de animais, berg entre os Taulipáng e outras tribos vizi­
unhas, cocos cortados ao meio e sementes. nhas. O autor denomina-o “ cordão de me­
Segundo Wagley & Galvão (1961:215), refe­ mória, cada nó significa um dia” (1982:235 pr.
rindo-se aos Tenetehara, “alguns desses colares, 41 fig. 3). Ladislau Netto refere-se a “ cordéis
fabricados com dentes de onça, macaco ou com estatísticos” entre os Bafuaná (?) do vale do
determinadas sementes, têm o uso específico de Amazonas. “Estes cordéis são diferentes entre
servirem como preventivos a doenças” . si, tanto na espessura como na cor e natureza da
T. Gen. Amuletos de uso pessoal (06) fibra de que foram confeccionados. Parece que

298 /
Objetosrituais
cada uma das classes e talvez das idades desta CORRUPIO
tribo tem, ao perder membro, o seu cordel pe­ Def. Brinquedo formado por um disco de caba­
culiar em que o falecimento é registrado por ça, denteado no bordo externo, com dois furos
meio de um nó. No entanto, é para supbr que no centro pelos quais passa um fio longo. O mo­
não só de obtuário sirvam estas cordas, se­ vimento de enrolação e distensão do fio faz gi­
não também no cômputo dos nascimentos (La- rar o corrupio. Registrado o uso entre os Tiri-
dislau Netto 1870:275). No Museu Nacional yó por Frikel (1973:205 fig. 47k) e entre os
encontram-se quatro artefatos desse tipo pro­ Tenetehara por Wagley 8t Galvão (1961:202
cedentes dos Bafuaná (ns. 5.196 a 5.199, cole­ est. xii).
ção Gonçalves Dias, 1861). Os três primeiros T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)
assemelham-se ao cordão estatístico divulgado
por Koch-Grünberg (loc. cit.).

Corrupio. índios Tenetehara, M.N. nP 25.720. Esc. 1:3.

Cordão estatístico, fndios Taulipáng, apud Koch Grünberg 1982:


235 pr. 41 fig. 3. Esc. 1:3. CRUZ DE FIOS
Def. Como o nome indica, trata-se de uma cruz
de madeira cujas varetas são unidas pela suces­
são de fios, formando um quadrado. Encontra­
da por Baldus entre os Tapirapé como um orna­
mento da casa para prevenir doenças e maus
espíritos (Baldus 1970:256). É designada anyrã
que significa morcego. Curt Nimuendaju reco­
lheu um objeto semelhante / thread cross) entre
os Ramkokamekra-Canela que representaria a
Cordão estatístico., fndios Bafuaná, rio Demeni (rio Negro). “asa do morcego” . Qualifica-o como brinquedo
Museu Nacional n? 5.199. Esc. 1:3. A. Vista da peça. B. Detalhe de criança. Baldus (loc. cit.) informa a existên­
de uma unidade: dobradura de palha amarrada por cordel. cia de “ cruz de fios” como enfeite de cabeça
combinado com outros adornos entre os Kaya-
CORDÃO MÁGICO DE CAÇA pó, Karajá e Borôro.
Def. Os Taulipáng possuem um amuleto que, se­ T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)
gundo acreditam, traz êxito ao caçador em suas
excursões de caça. Consiste num cordão provi­
do de uma franja de múltiplas cordinhas finas
(Koch-Grünberg 1982:235 pr. XV 1 e la).
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

Cordão mágico de caça. fndios Taulipáng, a p u d Koch-Grünberg Cruz de fios. índios Ramkokamekra-Canela, M.N. nP 27.098.
1982:235 pr. XV, 1 e la. Esc. 1:10. Esc. 1:2. A. Anverso. B. Verso.

299
Objetos rituais
ENXÓ RITUAL DE PEDRA ESCULTURA ZOOMORFA RITUAL IPURINÃ
Def. Implemento de cabo curto em forma de Def. Escultura de madeira, registrada como or­
forquilha, tendo uma lâmina cortante de pedra namento de casa por Ehrenreich, que assim
afilada. Antes do coritato com os brancos, a descreve: “No teto de muitas cabanas estão
era usado para desbastar a madeira na confec­ suspensas figuras de peixe que se formam de
ção de canoas, trocanos, bancos, raladores, pi­ espigas de milho ou que se fazem de casca de
lões, etc. Mais tarde, adquiriu a função de obje­ árvore recortada e pintada (fig. 40a, b)” (Ehren­
to ritual levado ao ombro durante as danças. reich 1948:119). Acrescenta, a seguir, o mesmo
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) autor: “A cumeeira é enfèitada, às vezes, com
figuras humanas trançadas de palha, represen­
tando flechadores assim como Crévaux os en­
controu entre as tribos da Guiana” (ibidem).
Na legenda da figura 40a, b, que representa pei­
xes esculpidos, Ehrenreich informa que os ori­
ginais se encontram no Museu Nacional.
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

Enxó ritual de pedra. índios Tariâna, M.N. nP 19.557. Esc. 1:7,5.


A. Vista da peça. B. Detalhe da ponteira de pedra. Esc. 1:5.

Escultura zoomorfa ritual Ipurinã. índios Ipurinã, M.N. nP


ESCUDO RITUAL TRANÇADO 16.454. Esc. 1:5.
Def. Beça plana circular, com uma protuberân­
cia no centro, feita segundo a técnica de tran­
çado torcido. Usada antigamente como escudo ESCULTURA ZOOMORFA RITUAL TIMBÍRA
de guerra (?) e/ou escudo ritual e emblema tri­ Def. Nos ritos de iniciação Krahó, os mem­
bal pelos grupos indígenas do alto rio Negro. bros da metade peixe (tep) carregam alimento
Acompanhava o escudo, como insígnia comple­ embrulhado em folha de buriti em forma de
mentar, a lança chocalho (ou murucu-maracá). peixe. Esculturas de madeira e da medula do
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) buriti ictíoformes são desfiladas também nesses
Consulte: 20 Trançados. eventos. E, ainda, uma escultura de madeira em
forma de garça, com penas coladas, como repre­
sentação do personagem garça.
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

Escultura zoomorfa ritual Timbíra representando peixe: medula


de buriti envolta em cordel. índios Krahó, M.I. nP 75.6.242. Esc.
1:5.

Escudo ritual trançado. índios Desâna, M.N. nP 856. Esc. 1:10. Escultura zoomorfa ritual Timbíra representando peixe: talha em
A. Vista da peça. B. Secção reta transversal. madeira. índios Krahó, M.I. nP 75.6.240. Esc. 1:5.

300 /
Objetosrituais
FEITIÇO DE CHUVA KARAJÁ
Def. Krause (1943 vol. 89:159 fig. 182a, b)
registra dois artefatos mágicos entre os Karajá,
assim definidos: “Hetjiwá. Duas hastezinhas de
taquara amarradas uma à outra; na extremidade
anterior, uma camada de cera em que estão co­
ladas penas. As varinhas estão cortadas; o seu
tamanho normal é de um metro mais ou menos
Escultura zoomorfa ritual Timbíra representando uma garça. ín­ (fig. 182a). Os instrumentos deste tipo agitam-
dios Krahó, M.I. n ? 75.6.2. Esc. 1:5. se contra as nuvens, para afastar a chuva. Um
segundo aparelho é formado de duas varetas de
uns 50 cm de comprimento e amarradas uma à
ESCULTURA MAGIA-DE-CAÇA KAXUYÂNA outra (fig. 182b). A vareta mais grossa, de cor
Def. Entre os Kaxuyâna registra-se a talha em preta, chama-se kuoluní, e a mais fina, de cor
madeira de esculturas de bichos (cachorro, an­
clara, nohõddmudá. Com ambas se bate vertical­
ta), devidamente pintadas para caracterizar o
mente na direção das nuvens” (Krause, loc. cit.)
animal representado, destinadas a atrair a caça. T. Gen. Utensílios mágco-lúdicos (09)
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

Feitiço de chuva Karajá. índios Karajá, apud Krause 1943 vol.


89:159 fig. 182a. Esc. 1:20.

Escultura magia-de-caça Kaxuyâna. índios Kaxuyâna, Museu


Goeldi n9 7241. A p u d MPEG 1986:87 e 255.

ESTOJO REMÉDIOS DO PAJÉ Feitiço de chuva Karajá. índios Karajá, apud Krause 1943 vol.
Def. Utensílio para práticas xamanísticas, cons­ 89:159 fig. 182b. Èsc. 1:10.
tituído de um cesto estojiforme que “ contém,
além de espinhos mágicos, sementes de feijões
de plantas alucinógenas, pedaços de resina ama­
rela e perfumada e diversos cristais de rocha”
(Zerries 1981:333 e fig. 8).
T. Gen. Instrumentália do pajé (03) FEITIÇO DE MORTE KARAJÁ
Def. Registrado por Krause (1943 vol. 89:
159 fig. 185) entre os Karajá e assim definido:
“Para matar alguém há vários recursos. Trança-
se de embira um pênis de macaco (noó kraobé,
fig. 185a, b) que se passa furtivamente ao inimi­
go. Este, então, precisa morrer” (Krause loc.
cit.).
T. Gen. Instrumentália de pajé (03)

Estojo remédios do pajé. índios Tukâno, Museu de Munique, Feitiço de morte Karajá. índios Karajá, apud Krause 1943 vol.
apud Zerries (1981:333 e fig. 8). 89:160 fig. 185a, b.

301
Objetos rituais
FEITIÇO PAJÉ TENETEHARA
Def. Pedaços de madeira fusiformes, revestidos
de resina, unidos entre si com fios de algodão.
“ Fabricados pelos pajés, são usados por estes
nas suas demonstrações de poder xamanístico,
ou para feitiçaria, fazendo-os penetrar no inte­
rior do corpo das vítimas. Dizem os Tenetehara
que os pajés sabem ‘amolecer a madeira’. Quan­
to mais complexa a forma, mais difíceis são de
extrair” (Wagley & Galvão 1961:221 est.
XXXI).
T. Gen. Instrumentália do pajé (03)

Figura de cera Tapirapé representando o sobrenatural topy. ín­


dios Tapirapé, M.N. nP 38.870. Esc. 1:3.

FIGURA DE EMBIRA
Def. Representações de bichos (macaco, sapo
cururu) são feitas com recheio de palha e envol­
vimento de embira pelos índios Xikrin, segundo
registro de Frikel (1968:61 est. 8d). “Estes bo­
Feitiço pajé Tenetehara. índios Tenetehara, M.N. n ° 33.944 necos de animais possuem todos somente três
Esc. 1:2. dedos nas mãos e nos pés, fazendo lembrar cer­
tas representações em desenhos rupestres”
(ibidem).
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

FIGURA DE CERA
Def. Para o lazer infantil, os Xikrin confeccio­
nam figuras de cera representando, geralmente,
animais de caça (Frikel 1968:63). Qs Karajá
(Krause 1941-44 pr. 45 fig. 7) confeccionam
figuras antropomorfas de cera, com os carac­
teres distintivos da tribo, e também modela­
gens de animais. Os Tapirapé representam em Figura de embira representando macaco-prego. índios Xikrin,
cera o sobrenatural Topy “que tem a proprie­ Museu Paulista n ? 12.750, apud MP/USP 1984:93 e 274. Esc.
1:5.
dade de percorrer o céu durante a tempestade”
(Baldus 1970:406). Sua característica mais re-
marcável é a representação dos testículos e do
pênis em tamanho exagerado, não faltando o
estojo peniano. (Cf. Baldus 1970:424 foto 72). GRAVATA EMBLEMA XAVANTE
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10) Def. Colar feito de fio grosso torcido de algo­
dão arrematado por chumaços da mesma fibra
e uma pena pendente na nuca. É uma espécie
de emblema étnico, usado pelos homens
Xavante nos cerimoniais, e que denota a relação
crucial vigente nessa sociedade entre o filho da
irmã e o tio materno. “A entrega deste colar

frV ^
pelo irmão da mãe ao filho da irmã acompanha
a imposição de um nome pelo primeiro ao se­
gundo” (Maybury-Lewis 1974:118-119). A par
disso, a doação desse colar (tsõrebzu, em xavan­
te) “estabelece formalmente os direitos in per­
Figurade cerazoomorfa representandootamanduá. índiosApi- sonam sobre o menino, por parte do irmão da
nayé,M.N. n? 25.680.Esc. 1:1. mãe” E “equivale à limitação dos direitos que

302 /
Objetos rituais
/ sobre ele são exercidos por seu pai e seus paren­
tes patrilineares” (op. cit: 297).
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)

Gravata emblema Xavante. índios Xavante, coleção particular.


Esc. 1:5.

INSTRUMENTO CIRÚRGICO NAMBIKUÁRA


Def. Lasca de madeira pontuda utilizada pelos
grupos Nambikuára para pequenas cirurgias,
segundo informação do coletor, E. Roquette-
Pinto, registrada no Livro de Tombo do Museu
Nacional (n? 5.755). (V. tb. Roquette-Pinto
1917-133 fig. 61). Lança cerimonial Kaxináwa. índios Kaxmáwa, Museu Haffen-
T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de reffer de Antropologia n9 69-10187, apud Kensinger 1975:158
mortificação (04) fig. 148. Esc. 1:10.

Instrumento cirúrgico Nambikuára. índios Nambikuára, M.N.


nP 5.755. Esc. 1:1.

INSTRUMENTO CORTE CORDÃO UMBILICAL


Def. Instrumento feito de bambu destinado
a cortar o cordão umbilical dos recém-nascidos.
“ A parteira amarra o cordão umbilical com um
fio de algodão e corta-o com uma pequena faca
de bambu; um instrumento de ferro inibiria
definitivamente o crescimento da criança”
(Nimuendaju 1939:101).
T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de
mortificação (04)

Instrumento corte cordão umbilical. índios Apinayé, M.N. n9


25.926. Esc. 1:3.

Lança cerimonial Timbíra. índios Canela-Ramkokamekra, apud


LANÇA CERIMONIAL KAXINÁWA Nimuendaju pr. 31a. (Desenhada a partir de foto).
Def. Lanças altamente elaboradas, com dese­
nhos na ponteira, envolvimento de fios colori­ LANÇA CERIMONIAL TIMBÍRA
dos na haste e pingentes de plumas são usadas, Def. Constituída de uma vara de madeira roli­
juntamente com arcos cerimoniais, r.os ritos ça com envoltório ornamental de algodão e
de fertilidade (Kensinger et alii 1975:158). arremate de tufos de penas ou de borlas de fios.
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) É ofertada aos indivíduos que desempenham

303
Objetos rituais
papéis destacados durante certos ritos Timbíra MÁSCARA
(Nimuendaju 1946:147 e pr. 31). Def. Entendemos por esse termo —empregado,
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) geralmente, como sinônimo de indumentária
ritual — os disfarces de dança que personifi­
LÁTEGO PARA FLAGELAÇÃO YEKUANA cam entes sobrenaturais antropomorfos e zoo-
Def. Os Yekuana empregam a flagelação como morfos. No presente contexto, a palavra más­
método profilático contra doenças. “Antes de cara indica todo o traje e não apenas a “cara”.
comer carne de anta, o chefe da maloca flagela Isto é, inclui a veste tubular de líber, a gola e
todos os habitantes jovens, crianças, mulheres o saiote de palha, ou a veste trançada que co­
e rapazes ‘para que a carne não lhes cause ne­ bre a quase totalidade do corpo do dançarino.
nhuma doença’. Postam-se diante da cabeça da Quando peças únicas, peculiares a determina­
anta, que jaz no solo, e recebem três a quatro do grupo ou região, levam no título o nome
vergastadas nas pernas e cadeiras com um láte­ da tribo ou da área onde ocorrem. Além de ca­
go de cabo curto feito de folíolos entrançados racterizar o duende representado na “cara” da
de Bromélia” (Koch-Grünberg 1982:315). O máscara, os índios recorrem a desenhos no
mesmo látego é usado em outras ocasiões para todo para a identificação do símile, a gestos,
demonstrar força e coragem (op. cit.: 316). sons e posturas para simular a aparência do ente
T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de representado. As máscaras do alto Xingu en­
mortificação (04) carnam entidades aquáticas, sobretudo peixes,
sendo de um modo geral feitas aos pares: ma­
cho e fêmea. Em outras tribos, “são concebidas
como receptáculos da alma dos mortos, espíri­
tos de plantas e animais, seres mitológicos, de­
mônios ou fenômenos da natureza” (Museu
Paulista 1984:120). Diante dessa multiplicidade
dé caracteres figurados, e da impossibilidade de
inventariá-los em sua totalidade, optamos por
um critério morfológico, que leva em conta as
matérias-primas e, conseqüentemente, as técni­
cas compatíveis. Desse ponto de vista, distin­
guimos os seguintes macro tipos: 1) máscaras
trançadas, registradas entre diversos grupos do
tronco Jê (Timbíra, Kayapó, Xerente, Xavan-
te), índios do alto Xingu, Karajáe Tapirapé;2)
máscaras de líber encontradas nos rios Japurá,
Solimões e no noroeste amazônico (Juri-taboca
(extintos), Tukúna, índios do alto rio Negro);
Látego para flagelação Yekuana. índios Yekuana, apud Koch- 3) máscaras tecidas (alto Xingu, alto Rio Ne­
Griinberg 1982:284, prancha LIX fig. 6. Esc. 1:4. gro); 4) máscaras com “cara” de madeira (alto
Xingu, Tukúna, Tapirapé); 5) máscaras com
“cara” de cabaça (alto Xingu, Kaxináwa, Tim­
MACHADO DE PEDRA SEMILUNAR bíra); 6) máscaras compostas de capuz, calça
Def. Artefato de pedra, em forma de âncora ou e camisa (alto Xingu, Xikrin). Do ponto de vista
de meia lua, atado a um cabo por envoltório de­ geográfico, as três principais áreas de ocorrência
corativo de fios de algodão e provido de alça de máscaras são: 1) norte do Amazonas; 2) alto
para carregar. Segundo Nimuendaju (1939: Xingu; 3) Tocantins-Araguaia.
126), a área de distribuição dos machados em T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
âncora coincide com a dos grupos Jê. Referin­
do-se aos Apinayé, esse autor opina que essa
arma deve ter sido usada para ultimar o inimi­ MÁSCARA ANTA JURI-TABOCA
go na guerra e, ao findarem estas, como objeto Def. A representação da anta na máscara de
ritual (op. cit.: 127). dança dos índios Juri-Taboca, subgrupo dos Jú­
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02) ri, do rio Japurá, extintos em meados do século
XIX, impressiona pelo realismo, beleza plástica
e perfectibilidade da realização. Pertence à
coleção Spix 8í Martius guardada no Museu
de Munique.
T. Gen. hdum entária ritual de dança (01)

MÁSCARA ANTROPOMORFA RIO NEGRO


Def. Composta de uma veste inteiriça de líber
pintado, que cobre a cabeça e o tronco, bem
como de mangas soltas enfiadas nos buracos
dos braços e que terminam em frarijas, as quais
também orlam o aro inferior da indumentária.
Os olhos, o nariz e a boca aparecem pintados
Machado de pedra semüunax. índios Apinayé, Museu Goeldi
n ° 2.292.A p u d MPEG 1986:43 e 260. Esc. 1:2,5. no lugar próprio. Manufaturada pelos Kobéwa

304 /
Objetos rituais
e usada por todos os grupos da região do alto
rio Negro em rituais fúnebres.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara antropomorfa Tukúna (molde trançado recoberto de


líber), fndios Tukúna, M.N. n9 918. Esc. 1:7,5.

Máscara anta Juri-taboca. fndios Juri-taboca, Museu de Munique,


apud Zerries 1980:126 fig. 62. Esc. 1:10.

Máscara antropomorfa Tukúna (cara talhada em madeira), fndios


Tukúna, ooleção particular. Esc. 1:7,5.
Máscara antropomorfa rio Negro, fndios Wanâna, M.N. n?
20.550. Esc. 1:20.

MÁSCARA ANTROPOMORFA TUKÚNA


Def. Constituída de uma cabeça modelada se­
gundo a técnica do trançado, recoberta de lí­
ber, ou uma “cara” talhada em madeira e ajus­ MÁSCARA BORBOLETA RIO NEGRO
tada a complementos — orelhas, pescoço — Def. Veste de líber com mangas soltas enfiadas
também de entrecasca de árvore. Esta cabeça é no lugar dos braços. A cara, reduzida, é ladeada
acompanhada por uma vestimenta tubular pin­ por duas asas reproduzidas esquematicamente
tada, terminando em franjas, dotada ou não de na pintura da vestimenta. Segundo Goldman
mangas da mesma matéria prima. Ocorrem tam­ (1963:222), nas máscaras do alto rio Negro,
bém peças inteiriças. As máscaras Tukúna são “ cada painel é pintado com um desenho geomé­
usadas nas festas de iniciação feminina para trico que retrata as características físicas do ser
afastar os espíritos malignos que elas represen­ que se deseja representar. Os peixes, por exem­
tam. plo, têm desenhos de escamas, enquanto que
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) as aves e os insetos voadores têm desenhos de

305
Objetos rituais
asas. Os motivos obedecem a formas tradicio- MÁSCARA CARA-DE-CUIA KAXINÁWA
n á s” . Def. Cucurbitácea de tamanho avantajado, cor­
tada ao meio em sentido longitudinal, decora­
da com pintura e adornos faciais peculiares aos
Kaxináwa. O portador da máscara encarna o
sobrenatural que ela representa. É usada nos ri­
tos de fertilidade. Nos dois furos laterais é
passado um cordel de algodão que mantém a
máscara aderente ao rosto (Kensinger et alii
1975:153 fig. 43)
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara borboleta rio Negro. índios Wanâna, M.N. n9 20.571.


Esc. 1.20.
MÁSCARA CAPACETE-PLUMÁRIO PANKARARÚ
Def. Indumentária de dança dos índios Pankara-
rú composta de três unidades: 1) capacete circu­
lar trançado revestido de uma fieira de penas de Máscara cara-de-cuia Kaxináwa. índios Kaxináwa, M.I. s/n9
galo doméstico e penas de peru fixas no eixo Esc. 1:5.
superior do capacete; 2) gola de caraguatá ou
agave que cobrem os ombros; 3) saiote da mes­
ma fibra pintado de anilina Acompanha a indu­ MÁSCARA CARA-DE-CUIA TIMBÍRA
mentária um bordão e chocalho para marcar o Def. Feita de cuia redonda, seccionada longitu­
ritmo da dança. dinalmente. Apresenta duas aberturas para os
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) olhos e uma terceira, denteada, para a boca.
A superfície é pintada de branco e vermelho, se­
gundo os padrões de pintura facial Timbíra.
A máscara é mantida no rosto por uma corda
que volteia a cabeça. (Nimuendaju 1946:219
e pr. 40b).
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara carade-cuia Timbíra. índios Ramkokamekra Canela,


M.N. n 9 s 26.867, 26.869. Esc. 1:10.

MÁSCARA CARA-GRANDE TAPIRAPÉ


Def. Semicírculo de madeira recamado com um
mosaico de plumas peitorais de arara, terminan­
do com um remate de penas caudais dessa ave à
maneira de raios. A representação dos olhos é
feita com retângulos de madrepérola, ladeando
os respectivos orifícios; a do nariz, com uma
protuberância de madeira; a da boca, com dentes
Máscara capacete-plumário Pankararú. índios Pankararú, M.I.
n9 77.1.1. Esc. 1:20. A. Vista de costas. B. Vista de frente. de osso ou de pau. Chamada ypé, pelos Tapira-

306 /
Objetos rituais
pé, e conhecida como cara grande pelos regio­ cal, ou horizontal. E, ainda, de uma gola de
nais. folíolos de buriti e um saiote da mesma maté­
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) ria-prima. Variantes dessa forma ocorrem entre
os índios Tapirapé (Wagley 1977:110, 219), e
entre os Xikrin (Frikel 1968:81-82, est. 13b).
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara cara-grande Tapirapé. Índios Tapirapé, M.I. n ? 73.3.1.


Esc. 1:20.

MÁSCARA CILÍNDRICA TAPIRAPÉ


Def. Capacete cônico, trançado com palha de Máscara de aruanã. índios Javahé, M.N. n? 30.908. Esc. 1:10.
folha de palmeira, terminando em franja que
cobre o corpo do usuário. Usadas aos pares,
essas máscaras Tapirapé representam espíritos MÁSCARA DE LÍBER WAYÂNA-APARAI
de animais (Wagley 1977:216). Def. Capacete com “ cara” pintada culminando
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) com franjas que cobrem o corpo do usuário.
Peculiar aos Wayâna-Aparai, essa máscara com­
parece em coleções particulares recentes.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara de líber Wayâna-Aparai. Coleção particular, apud Klin-


Máscara cilíndrica Tapirapé. Desenho segundo foto apud Baldus towitz 1986:107.
1970:271 foto 60. A.B. Variantes do trançado. B i: detalhe
d a técnica do trançado. Esc. 1:20.

MÁSCARA-ESTEIRA TIMBÍRA
MÁSCARA DE ARUANA - Def. Indumentária ritual formada por “duas es­
Def. São conhecidas por essa designação as in­ teiras trançadas suspensas de um suporte hori­
dumentárias de dança dos índios Karajá e Java- zontal posto sobre a cabeça do usuário. Da bor­
hé, usadas no ritual do mesmo nome. Consiste da inferior pende uma pesada franja de palha
num capacete trançado, recamado por um mo­ de buriti, que cobre totalmente o corpo do mas­
saico de plumas, olhos de madrepérola e uma fi­ carado. Dois ‘chifres’ de pau roxo, de aproxi­
eira de penas apensa, às vezes, em sentido verti­ madamente dois metros de comprimento, pro-

307
Objetos rituais
jetam-se da parte superior da máscara, a qual é MÁSCARA MACACO-PREGO XKRIN
geralmente pintada de maneira esquemática pa­ Def. Traje de dança constituído de uma esteira
ra representar um rosto” (Vincent 1986:157). de forma oval, trançada com palha de babaçu
Ver também Nimuendaju 1946:201-212. e provida de franjas de embira de castanheira.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) Registrada entre os Xikrin (Frikel 1968:82-83,
est. 14a; Fuerst 1967:26-27 fig. 31).
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara-esteira Timbíra. índios Timbíra, M.N. n9 27.027.


Esc. 1:20.

MÁSCARA JACARÉ TUKÚNA


Def. Carantona de madeira figurando a cabeça
com mandíbula e dentes de jacaré; gola de fran­
ja de líber, veste tubular do mesmo material,
com pintura icônica, terminando em franja.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Esc. 1:7,5.

MÁSCARA ONÇA JURI-TABOCA


Def. De grande realismo e perfeição técnica é a
máscara representando cabeça de onça recolhi­
da pela expedição Spix e Martius entre os Juri-
taboca, do rio Japurá, tribo extinta em meados
do século XIX. Pela técnica (suporte de trança­
do), matéria-prima (revestimento de líber) e es­
tilo aproxima-se das máscaras dos índios Tukú­
na do rio Solimões.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

MÁSCARA ONÇA TUKÚNA


Def. Máscara símile de um animal duende iden­
tificado com a onça. É construída numa só peça
Máscara jacaré Tukúna. índios Tukúna, M.N. n9 32.691. Esc.
de fibra liberiana, sendo a cabeça modelada so­
1 : 20 . bre base trançada. Toda ela é pintalgada de oce-

308 /
Objetos rituais
los para caracterizar iconicamente as manchas
do pêlo do felino.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara peixe Juri-taboca. índios Juri-taboca. Museu de Muni­


que, apud Zerries 1978:284 efig. 379. Esc. 1:10.

Máscara onça Juri-taboca. índios Juri-taboca, Museu de Muni­


que, apud Zeiries 1980:105, fig. 41.
MÁSCARA RODA-DE-LIBER TUKÚNA
Def. Indumentária ritual de dança constituída
de um pano de entrecasca de árvore, pintado e ar­
mado sobre um bastidor de madeira, suspenso
sobre a cabeça do usuário. Usado pelos índios
Tukúna no ritual da “ moça nova” .
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara onça Tukúna. índios Tukúna, M.N. n ? 33.433. Esc.


1 : 20 .

MÁSCARA PEIXE JURI-TABOCA


Def. Molde executado em trançado, recoberto
de líber, representando a cabeça de um peixe
sobrenatural. Esse disfarce de dança foi reco­
lhido por Spix e Martius (1817-1820) entre os
Juri-taboca, tribo extinta do rio Japurá, perten­
cendo ao acervo do Museu Etnográfico de Mu­
nique. Máscara roda-de-líber Tukúna. índios Tukúna, desenho sobre fo­
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) to de Jussara Gruber. Esc. 1:20.

309
Objetos rituais
MÁSCARA TAMANDUÁ XAVANTE/XERENTE
Def. Cône de palha de buriti, feito segundo a
técnica de trançado torcido. Possui “ trompa”
no ápice e uma abertura na altura do rosto,
prolongando-se até os pés onde termina em
franja. Ocorre entre os Xavante e Xerente.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
Consulte: 20 Trançados

Máscara trançada calça-e-camisa. índios Mehináku, M-N. n?


38.464. Esc. 1:20.

Máscara tamanduá Xavante/Xerente. índios Xerente, M.N. n9


28.267. Esc. 1:25.

MÁSCARA TECIDA RIO NEGRO


Def. Máscara que encarna o espírito do “juru-
pari” , proibida de ser vista pelas mulheres e ra­
pazes não iniciados. É produzida pela tecedura
de fio de pêlo de jupará, ou de macaco, pelos
índios do alto rio Negro. Chamada tmcacaraua
que, em língua geral, quer dizer “ pêlo de maca­
co” (Cruls 1952:98). Existe um exemplar no
Museu Pigoríni, de Roma.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
Nota: sem protótipo nas coleções consultadas.

MÁSCARA TRANÇADA CALÇA-E-CAMISA


Def. Indumentária ritual composta de quatro
a cinco peças: capuz, camisa, mangas, calça e, Máscara trançada tamanduá-bandeira. índios Xikrin, apud
no caso do alto Xingu, estandarte com mandí­ Frikel 1968 est. 14b. Esc. 1:20.
bula de pirarara. É denominada me-karón,
entre os Xikrin, que significa “imagem” , “visa-
gem”, “espírito” (Frikel 1968:84). No alto Xin­ MÁSCARA TRANÇADA TAMANDUÁ-BANDEIRA
gu representa um sobrenatural da água: yowma Def. Traje de dança para mascarados feito de
(pente pirarara), em língua aruak. palha trançada. A cabeça da máscara, em forma
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) de funil, braços e uma espécie de trompa comu-

310
Objetos rituais
nica, iconicamente, as características do animal MÁSCARA XINGUANA CAPUZ TECIDO
representado. Registrado o uso entre os Xikrin Def. Uma moldura oval de madeira roliça serve
(Frikel 1968:83-4 est. 14b; Fueist 1967:26-27 de “bastidor” para tecer, com fios de algodão,
fig. 31), os Apinayé e Xerente (Vincent 1986: a “ cara” da máscara. Sobre o tecido são pinta­
156). O traje completo inclui saia de palha. dos padrões convencionais xinguanos e figura­
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) dos olhos, nariz e boca. É guarnecida de franja
de seda de buriti, para ocultar o rosto, e acom­
MÁSCARA XINGUANA CABEÇA-DE-CABAÇA panhada de saia da mesma matéria-prima. A
Def. Cabaça inteira, ou cortada ao meio, com parte oval não é colocada diante do rosto mas
dois furos redondos representando os olhos, fi­ obliquamente para cima. O dançarino enxerga
guração de boca, nariz e pintura facial, culmi­ através da guarnição de franjas.
nando com uma franja de palha e tendo orelhas T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
trançadas. Segundo M.H. Fénelon Costa o nome
em Mehináku dessa máscara é njamalú (“o mui­
to feio” ). É provável que v.d. Steinen se refira
a esse tipo de máscara quando diz: “com caba­
ças pintadas de preto e branco ou de preto e
vermelho representam-se cabeças de homens e
de mulheres, cujo cabelo é tirado de bromélias”
(1940:386).
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara xinguana cabeça-de-cabaça. índios do alto Xingu, M.N.


n9 38.651. Esc. 1:10.

MÁSCARA XINGUANA CAPACETE TRANÇADO Máscara xinguana capuz tecido representando peixe. índios Ba-
kairi, coleção Museu de Berlim, apud Zerries 1978:284 fig.
Def. Capacete conoidal, manufaturado segundo 380a.
a técnica de trançado torcido com palha de bu­
riti, tendo uma a três pontas no ápice e um véu
de folíolos dessa palmeira na base. É usado com
um saiote de palha de buriti.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
Consulte: 20 Trançados

Máscara xinguana capacete trançado, fndios Kamayurá, M.N.


n9 37.860. Vista no verso e anverso. Esc. 1:20. 35.775. Esc. 1.10.

311
Objetos rituais
MÁSCARA XINGUANA ESCULTURA ANTROPO-
MORFA
Def. Talha retangular de madeira na forma de
um rosto humano com nariz esculpido em rele­
vo. Pintura convencional do alto Xingu repre­
sentando certos animais ou peixes.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Máscara xinguana capuz-tecido. Desenho sobre foto do Museu


do índio. A. Vista do dançarino com capuz e calça. B. Detalhe
do padrão de desenho pintado na “ cara” da máscara. Esc. 1:25.

MÁSCARA XINGUANA CARA-DErMACACO


Def. Modelagem trançada representando maca­
co, o qual tem a cara plana, quadrada, modela­
da em cera negra. Tem dentes de piranha, olhos
circulares de madrepérola de concha fluvial.
Saem-lhe da boca cordéis de algodão tingidos
de vermelho. 0 corpo é constituído de arma­
ção de fasquias da nervura da folha do buriti
presas entre si mediante trançado torcido se-
mi-rígido. As fasquias são enfeixadas em espi­
ral para formar o rabo. Toda a peça é coberta Máscara xinguana escultura antropomorfa. índios Kamayurá,
de algodão não fiado, dando idéia de carne e M.N. n ? 38.652. Esc. 1:6.
couro revestindo o esqueleto. Do aro terminal
pende uma cortina de franjas que cobre o rosto
MÁSCARA XINGUANA ESCULTURA ICTIÓIDE
do portador.
Def. Capacete afunilado construído pelo en-
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
trançamento de fasquias da nervura da folha
Consulte: 20 Trançados
do buriti em trançado torcido. No ápice é fixa­
da uma escultura em madeira pintada repre­
sentando um peixe. Segundo von den Steinen,
esta máscara é usada na dança Yutúka, dança
dos peixes: “ peixes de madeira são levados à
cabeça, príndpalm ente o pacu e o matrinchã”
(1940:386).
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)
Consulte: 20 Trançados

Máscara xinguana caia-de-macaco. índios Mehináku, M.N. n ? Máscara xinguana escultura ictióide. índios Bakairi, M.N. n9
38.477. Esc. 1:10. 17.549. Esc. 1:7,5.

312
Objetos rituais
MÁSCARA XINGUANA RODA-CAPUZ MINIATURA DE KWARIP
Def. Disfarce de grandes dimensões (diâmetro Def. Símile miniaturizado dos postes prepara­
1.540 mm), denominado tukuse pelos índios dos no ritual fúnebre dos índios do alto Xingu
Waurá, de caráter profano. “ Dada sua função no qual se reconstitui a criação da humanidade
recreativa, fazem-se inúmeras brincadeiras, ten­ a partir dos kwarip.
do como alvo principal as mulheres” (MP/USP T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)
1984:120). É composto de capuz circular e cal­
ças, ambos trançados de flabelos de buriti, se­ MÔ DE PARICÁ
gundo a técnica de entretorcimento. Def. Pequeno pilão feito do endoiárpio de fru­
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01) to não identificado empregado pelos índios
Consulte: 20 Trançados Mawé para moer o paricá (Piptadenia peregri­
na (L.) Benth. A respeito desse rapé escreve Le
Cointe (1947:390): “ Com as sementes torra­
das, os índios do alto rio Negro fabricam uma
sorte de rapé, o niopó; as sementes são secas ao
sol e trituradas; o pó soprado nas ventas produz
uma excitação muito grande, loquacidade, can­
tos, gritos, saltos; o princípio ativo é, provavel­
mente, uma saponina” . Acompanha a mó um
pequeno bastão de madeira.
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

A. Mó de paricá, M.N. n ? 5.192. B. Bastão usado com a mó,


M.N. n ? 2.928. índios Mawé, èsc. 1:3.

MOLDURA TRANÇADA PARA TOCANDIRAS


Def. Objeto cerimonial trançado de formas va­
riadas, representando onça, peixe, entes mito­
lógicos, onde se colocam formigas tocandiras
para ferrar as crianças púberes nos ritos de ini­
ciação. Ocorre entre os Wayâna-Aparai, Tiriyó,
Mawé, índios das Guianas.
Máscara xinguana roda-capuz. índios Waurá, M.N. n ? 41.004. T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de
Esc. 1:25. mortificação (04)

Moldura trançada para tocandiras figurando peixe, fndios Wayâ-


Miniatura de kw arip. índios Kamayurá, M.N. n9 35.573. Esc. na.A p u d Schoepf 1971:55 fig. 48, Museu de Genebra nP 34.382.
1:5. Esc. 1:5.

313
Objetos rituais
PEDRA DO PAJÉ SURUÍ
Def. Pedra de calcedônia (tipo quartzo), cole­
tada pelo pajé Suruí nas nascentes dos igarapés,
amarrada a um fio de algodão enegrecido com
resina de jatobá. É usada como colar nas fun-
ções xamanísticas. (Informação do coletor:
Carlos Coimbra). A propósito de seixos trans­
parentes e brilhantes — encontrados no interior
do maracá do pajé — observa Zerries (1981:
333): “ Se focalizarmos apenas os minerais
translúcidos, verifica-se que a sua transparência
representa a transcendência, ou seja, a transi­
ção do mundo natural para o metafísico, em
especial para o céu como fonte de luz” .
T. Gen. Instrumentália do pajé (03)

Pião noz de tucum. índios Tukâno, M.N. n9 40.205. Esc. 1:2.


Modo de uso segundo desenho de Koch Grünberg 1909 vol.
1 : 121 .

Pedras do pajé Suruí. índios Suruí, A. B. M.L n9 81.1.16,


81.1.22. Esc. 1:2
PITEIRA
Use PORTA-CIGARRO
PETECA
Def. Pequena bola achatada, com um “topete” PORTA-CIGARRO
no centro, feita de palha de milho que se joga Def. Utensílio talhado em madeira com que os
com a palma da mão. grupos do alto rio Negro sustentam o charuto
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10) fumado ritualmente. Para isso é provido de
duas varetas dispostas verticalmente. A parte
inferior termina em ponta para fincar no chão.
Lateralmente, é representado, na talha, o banco
Tukâno.
Sin. Piteira
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
cos (05)

Petecas. 1) índios Karajá, M.N. n 9 35.310. 2) fndios Gorotíre-


Kayapó, M.N. n9 35.546. Esc. 1:7,5. Vista de perfil; vista da ba­
se.

PIÃO NOZ DE TUCUM


Def. Caroço de tucum ou pequena cabaça com
um furo na parte dilatada para fazer a peça sil­
var quando em movimento. Na base introduz-
se-lhe uma taboca onde se enrola o fío que fará
girar o pião. Registrado entre os índios do alto
rio Negro (Koch Grünberg 1909 vol. 1:121), POTE CERIM ONIAL BEBIDA A LU CINÓ G ENA
das Guianas (Roth 1970:496 fig. 240), os Ti- Def. Peça de cerâmica manufaturada pelos ín­
riyó (Frikel 1973:205 fig. 46c), além de outros. dios do alto rio Negro para conter uma bebida
T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10) alucinógpna feita à base de um cipó (Baniste-

314
Objetos rituais
riopsis caapi) ingerida ritualmente pelos ho­ RODA CASA-DE-FESTAS WAYÂNA
mens. Def. Disco de madeira, de aproximadamente
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­ 81 cm de diâmetro, colocado na cumeeira da
cos (05) casa de festas Wayâna-Aparai, com pinturas
figurativas feitas com tintas minerais: branca,
preta, cinzenta, ocre e vermelho-castanho. A
representação retrata uma entidade mítica bicé-
fala, cujas Unhas sinuosas lembram as da cobra
ou da lagarta. É um ente sobrenatural presente
na mitologia que “virava as canoas e devorava
seus ocupantes” (Velthem 1976:64). A mesma
temática — sobrenatural bicéfalo cobra/lagarta
— é representada na cestaria, nos adornos de
miçangas, peças de cerâmica e na pintura corpo­
ral, mediante expressões gráficas distintas (Vel­
them op. cit.: 12).
Pote cerimonial bebida alucinógena. índios Tukâno, Museu Goel- T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)
di n? 8.563. Esc. 1:10. A pud MPEG 1986:108 e 260.

PRESTIDIGITADOR KAXINÁWA PARA DISCIPLI­


NAR ESPOSA
Def. Os Kaxináwa preparam um artefato mági­
co com a finalidade de disciplinar o comporta­
mento feminino. É composto de unha do ta­
manduá-bandeira ou do bico do tucanuçu esgas-
tados num cabo de madeira. Este é decorado
com enrolamento de fio, capim-navalha e plu­
mas. “O disciplinador da esposa é suspenso dos
esteios da casa como um lembrete à mulher das
expectativas do marido quanto a seu comporta­
mento. Pode também ser usado como adorno
pelos homens nos rituais da fertilidade. A tradu­
ção literal da designação em língua Kaxináwa é:
esposa-bom-causa-fazer-coisas” (Kensinger et
alii 1975:226).
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

Roda casa de-festas Wayâna. índios Wayâna-Aparai, Museu de


Berlim, apud Zerries 1978:288 fig. 392.

SACOLA DE IPADU
Prestidigitador Kaxináwa para disciplinar esposa. índios Kaxiná­
Def. Pequena sacola feita de líber onde se depo­
wa, Museu Haffenreífer de Antropologia n9 69-10097, apud sita o pó de ipadu (coca) que se leva nas via­
Kensinger et alii 1975:226 fig. 227. Esc. 1:6. gens. “ O índio serve-se de ipadu (em língua
geral) especialmente quando vai à caça e à pes­
ca, porque, entorpecente como é, não lhe deixa
PUNHAL RITUAL TAPIRAPÉ sentir fome nem sede e deste modo, dispensa-
Def. Instrumento de corte, provavelmente ceri- o de levar ahmentos. Dele fazem, então, uma
, monial, constituído de uma ponta de pedra lan- bola, num canto da boca, e vão chupando-o
ceolada inserida num cabo cilíndrico de madei­ aos poucos” (Bruzzi 1977:208). Corrente entre
ra. O cabo é revestido por um enrolamento or­ os índios do alto rio Negro.
namental de fios de algodão, tendo apêndices T. Gen. Estimulantes e narcóticos (05)
de tufos de plumas em ambas as extremidades.
T. Gen. Insígnias de status diferenciado (02)

Punhal ritual Tapirapé. índios Tapirapé, Museu Pigorini n9 Sacola de ipadu. índios do alto rio Negro. A p u d Bruzzi 1977:
11.170/G, apud Zevi et alii 1983:123 fig. 256. Esc. 1:7,5. 208 fig. 17.

315
Objetos rituais
SAIA FRANJAS DE PALHA T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­
Def. Indumentária que cinge o meio do corpo cos (05)
feita de folio los do olho da.palmeira babaçu T. Rei. Caramujo-recipiente e aspirador de pa­
ou buriti, descendo da cintura até uma altura ri cá
variável das pernas.
T. Gen. Indumentária ritual de dança (01)

Tabaqueira de taboca. índios Marúbo, MJ. 75.4.12, 75.4.12a.


Esc. 1:6. A. Recipiente de taboca e tampa. C. Corte transversal.
B. Aspirador de rapé.

TABULETA CALENDÁRIO
Def. Dispositivo mnemónico composto de uma
ou mais tabuinhas de madeira ou osso com fu­
ros simetricamente alinhados. Na coleção do
Museu Kgorini, de Roma, encontra-se um obje­
to desse tipo atribuído aos Wapitxâna que, se­
gundo a etiqueta que o acompanha, era “usado
para computar dias, pessoas e coisas” (Zevi et
alii 1983:94 fig. 183). Ladislau Neto menciona
um “ calendário grosseiro, mas bastante original,
feito de madeira” assim descrito: “É uma taboi-
nha retangular, crivada de pequenos furos equi­
Vista da peça. B. Detalhe da armação dos folíolos. distantes, indicando, ao que nos parece, uma
certa e determinada divisão do tempo, talvez
em dias e em épocas lunares, etc.” (Ladislau
TABAQUEIRA DE CABAÇA Netto 1870:276). Wagley 8t Galvão (1961:219
Def. Recipiente de folhas secas pulverizadas de fig. 19) encontraram um calendário entre os Te-
tabaco. É constituído de uma cabaça alongada netehara para marcar os dias da semana. E cons­
cujo gargalo é fechado com uma tampa. Regis­ tituído de uma prancheta de madeira com sete
trado entre os Nambíkuára e outros grupos in­ furos e um pino que é enfiado no furo corres­
dígenas. pondente ao dia assinalado.
T. Gen. Aparelhos para estimulantes e narcóti­ T. Gen. Utensílios mnemónicos e de comunica­
cos (05) ção (07)

Tabaqueira de cabaça. índios Nambikuára, M.N. n9 12.022. Esc.


1:3.

TABAQUEIRA DE TABOCA
Def. Recipiente de taboca, com tampa de ma­
deira e desenhos em pirogravura, no qual se
guarda tabaco em pó para cheirar. É acompa­
nhado de um aspirador feito de dois fragmentos
de osso da asa do mutum ligados com breu em
forma de V. Usado em funções xamanáticas
pelos índios Marúbo. (Informação dos coleto­ Tabuleta calendário de osso. índios Wapitxâna, Museu Pigorini
res: Delvahir e J. C. Melatti). n ° 11.581/G. A pud Zevi et alii 1983:93-94 fig. 183.

316
Objetos rituais
Tora para corrida com cabo. índios Krahó, M.I. n9 75.6.231.
Esc. 1:6.

Tabuleta calendário de madeira. índios Tenetehara, M.N. n °


TRIDENTE PARA MORTIFICAÇÃO WAIKÁ
33.850. Esc. 1:3. Def. Bastão de madeira do ceme da palmeira
tucum com três dentes entalhados usado para
mortificação ritual pelos índios Waiká. (Infor­
mação do catálogo).
T. Gen. Instrumentos cirúrgicos e rituais de
mortificação (04)
TORAS PARA CORRIDA
Def. As toras mais comuns são talhadas do tron­
co cilíndrico do buriti, medindo cerca de lm de
comprimento, 40-50cm de diâmetro e um peso
estimado em 100 kg. (Nímuendaju 1946:137).
Segundo Nimuendaju (1946:136) “as corridas
de tora constituem o esporte nacional não so­
mente dos Tímbíra, inclusive dos Apinayé,
como, provavelmente, de todos os grupos Jê
setentrionais e centrais” . O outro tipo de tora,
esculpido do ceme de madeira, possui cabos
laterais no sentido do eixo do cilindro. Seu peso
Tridente para mortificação Waiká. índios Waiká-Yanomâmi,
é ínfimo. M.I. n 9 8.345. Esc. 1:10. A. Vista da peça. B. Corte transversal.
T. Gen. Utensílios mágico-lúdicos (09)

TUBO DO PAJÉ MARÚBO


Def. Peça usada nas curas xamanísticas do pajé
Marúbo constituída de pequena haste de ta­
boca recoberta de breu e embutida em osso da
asa do urubu. (Informação fios colecionadores:
Delvahire J. C. Melatti).
T. Gen. Instrumentália do pajé (03)

Tubo do pajé Marúbo. índios Marúbo, M.L n9 75.4.18. Esc.


Tora cilíndrica de corrida, fridios Krahó, M.I. s/n9 Esc. 1:25. 1 :5. A. Vista da peça. B. Corte transversal.

317
Objetos rituais
URNA FUNERÁRIA DE CERÂMICA UTENSÍLIO LÚDICO INFANTIL DE CARACÓIS
Def. Vasilha gameliforme avantajada com tam­ Def. Enfiadura de caracóis utilizada para ale­
pa, receptáculo de restos mortais. grar as crianças e fazê-las parar o chôro. (Infor­
T. Gen. Utensílios funerários mação dacolecionadora: Delvair Melatti).
Consulte: 10 Cerâmica T. Gen. Utensílios lúdicos infantis (10)

Utensílio lúdico infantil de caracóis. índios Marúbo, M.I. n9


75.4.51. Esc. 1:7,5. A. Vista da peça. B. C. Detalhe dos cara­
cóis.

Urna funerária de cerâmica. Índios Karajá, M.N. s/n? Esc.


1:7,5. A. Vista da peça com a tampa. B. Detalhe das respectivas
secções transversais. C. Decoração no fundo interno da uma.

318
Objetos rituais
90 OBJETOS RITUAIS,
MÁGICOS E LÚDICOS
GLOSSÁRIO COMPLEMENTAR (90.00)

A presente categoria é a mais ecle'tica das des­ O Grupo genérico denominado Instrumentália
critas até agora, tanto no que se refere à função dos arte­ do pajé compreende artefatos usados nas curas. Sãobol-
fatos como às técnicas e matérias-primas empregadas na sinhas ou estojos com miudezas tais como: seixos rola­
sua confecção. Teoricamente, nela deveria ser incluída a dos, espinhos, pequenas miniaturas de arcos-e-flechas
maioria dos adornos móveis usada nos ritos, particular­ empregados, ao que tudo indica, como feitiço ou exor­
mente, os plumários. E, também, grande parte dos ins­ cismo de cura. O critério de Otto Zerries (1981:319-
trumentos musicais, os bancos associados à qualificação 360) é bem mais amplo. No artigo intitulado “ Atributos
dostatus e à atividade xamanística, e até mesmo algumas e instrumentos rituás do xamã na América do Sul não-
clavas, atualmente de uso cerimonial, inventariadas na andina e o seu significado”, Zerries inclui, além dos ador­
categoria 70 Armas. Razões anteriormente expostas re­ nos plumários, os maracás (chocalhos), instrumental
comendaram a inserção dos referidos objetos em outras para o uso de drogas (recipientes e bandejas para pós nar­
categorias. cóticos), bastões cerimoniais e bancos zoomorfos. Ou
Basicamente são aqui inventariados os “instru­ seja, leva em conta toda a parafernália do pajé envolvida
mentos” necessários à realização dos rituais e à pajelan- na atividade xamanística.
ça. Esses artefatos caracterizam-se por serem elaborada­
mente decorados, a exemplo dos arcos e lanças cerimo­ Como seria de se esperar, não foi possível com­
niais; por representarem emblemas de status, ao modo pulsar no presente inventário todos os objetos rituais,
dos cetros; ou peças peculiares a certas tribos emprega­ mágicos, lúdicos e mnemónicos. Eles são difíceis de lo­
das somente em eventos especiais. calizar nas coleções dos museus e muito pouco tem sido
As indumentárias de dança respondem, com escrito a seu respeito. As maiores lacunas encontram-se
maior propriedade, a estas últimas características. Mas a no elenco de artefatos propiciatórios ou punitivos que
categoria inclui, também, objetos como o machado de formam a instrumentália do pajé e na grande variedade
pedra semilunar, a enxó cerimonial de pedra, o escudo de amuletos, principalmente infantis, com que as crian­
trançado, que teriam outras aplicações no curso da his­ ças são protegidas contra forças sobrenaturais. Deles da­
tória tribal. Abrangí igualmente certos emblemas de co­ mos alguns exemplos de que tivemos conhecimento atra­
mando, ornamentos de casa e, até mesmo, o que chama­ vés da bibliografia e da consulta aos fichários das cole­
mos “ Prestidigitador para disciplinar esposa” encontrado ções. Com efeito, só foi possível dicionarizar aqueles
entre os Kaxináwa, além de objetos cirúrgicos e curati­ artefatos que traziam informações confiáveis dos cole­
vos, destinados a estimulantes e narcóticos, lúdicos in­ cionadores e que se encontravam disponíveis nos acervos
fantis, mágicos e mnemónicos. do Museu Nacional e Museu do índio.
As máscaras são os artefatos rituais por excelên­ Devido à sua natureza “ personalizada” por tri­
cia, constituindo o grupo mais extenso. Não foi possível bo, o objeto ritual traznodescritor,istoé, na sua designa­
dicionarizar a sua totalidade e sim os exemplares mais ção, geralmente o nome do grupo onde foi registrado. Isso
conhecidos e estudados. Por seus referenciais icônicos, só não ocorre quando o mesmo artefato, por exemplo a
esses objetos comunicam um conjunto de idéias ligadas chamada “ Máscara de aruanã” , participa do elenco de
aos mitos e ritos. Sua utilização, bem como a de outros objetos rituais de mais de uma tribo; no caso, dos Karajá
objetos rituais, exige a associação de gestos, de cantos e e seus subgmpos Javahé e Xambioá, dos Tapirapé e
música que transmitem aos circunstantes sensações vi­ Xikrin.
suais, táteis e auditivas. No grupo Definições genéricas (90.01) defini­
Além das máscaras, outros artefatos rituais pre­ mos o que se entende por objeto ritual. Em Matérias-
sentes nas culturas indígenas estão pejados de simbolis­ primas (90.02) agrupamos, por tipo de artefato, aquelas
mo que só pode ser entendido dentro de cada contexto que, segundo a bibliografia, são empregadas na sua con­
e não à vista do artefato isolado. Em certos casos, o fecção. Finalmente, em Processos de manufatura (90.03)
objeto pode ser incluído em mais de um grupo genérico descrevemos a técnica de tingimento de franjas de líber
em virtude do uso que lhe é dado. Acontece que esse uso conhecida como resist dye ou tie dye, tal como foi
varia segundo a tribo ou o autor que anotou o dado a observada por dois autores.
respeito. A cruz de fios, por exemplo, é descrita como O presente glossário beneficiou-se da consulta
ornamento de casa para prevenir doenças e maus espíritos a monografias anteriormente citadas e, de modo especí­
(Tapirapé), como brinquedo de crianças (Apinayé) ou fico, dos seguintes trabalhos: Frikel 1961, 1968; Zerries
como enfeite de cabeça (Kayapó, Karajá, Bororo). Em 1978, 1980, 1981; Fueist 1967; Albisetti & Venturelli
virtude dessa ambigüídade, decidimos alocá-lo no grupo 1962; Nmuendaju 1946; Kensinger et alii 1975; Yde
dos utensílios mágico-lúdicòs, que é o mais abrangente. 1968;Wagley & Galvão 1961; Ehrenreich 1948.

319
Objetos rituais
vore do breu, balata, da família das Sapotá-
DEFINIÇÕES GENÉRICAS (90.01) ceas, além de outras gomas.

OBJETO RITUAL
Def. Como o nome indica, trata-se de objetos
exibidos em cerimônias sagradas e/ou profanas INDUMENTÁRIA DE DANÇA
que, em seu conjunto, mapeiam os limites iden­ Para talhar a cara das máscaras, os Tukúna
tificadores de uma tribo indígena. Sob esse empregam o pau-de-balsa ou pau-de-jangada
ponto de vista, o objeto ritual contém um com­ (Ochrorm lagopus Swartz), da famflia das
ponente ideológico da maior importância: refor­ Bombacáceas. Trata-se de madeira muito leve e
ça a identidade étnica. Em função disso, requer elástica empregada também para construir
uma adjetivação que explicite a sua origem. os compartimentos das moças púberes dessa tri­
Com efeito, mais que o objeto utilitário ele bo (Glenboski 1975:122). As caras das másca­
“personaliza” o grupo, diferenciando-o de ou­ ras do alto Xingu, dos Kaxináwae dos Timbíra
tros. Contribui, dessa forma, para a coesão so­ são feitas de cabaça (Lagenaria vulgaris Ser.),
cial. Por outro lado, a posse e uso de certos uma Cucurbitácea, e de cuieira (Crescentia
objetos rituais confere ao indivíduo a legitima­ cujete L.), uma Bigoniácea. Na confecção da in­
ção do seu status. Em conseqüência, por seus dumentária ritual, os Tukúna empregam a en­
conteúdos simbólicos e estéticos, o objeto ritual trecasca da caxinguba (também conhecida co­
e a atividade ritualística a que está associado mo gameleira ou figueira branca — em espa­
comunicam a identidade pessoal, social e étnica nhol llancharm blanca - Ficus radula Willd),
do indivíduo, como uma linguagem visual ou da família das Moráceas (Glenboski 1975:
um texto iconográfico. A par da mitologia e 112). A llancharm roja (sorvinha?), da mesma
das crenças religiosas, fundamenta valores e família, cuja entrecasca é vermelha é igualmente
ideais de cada tribo. usada para fazer a indumentária dos mascara­
dos Tukúna (Glenboski 1975:113). As franjas
MATÉRIAS-PRIMAS (90.02) da mesma são feitas de matá-matá branco / Chy-
troma turbinata (Berg) Míers, da família das Le-
CACHIMBOS citidáceas. A mesma entrecasca serve a fins do­
Os Tapirapé, Karajá e Kayapó fazem cachim­ mésticos: alças dos cestos-cargueiros, amarrados
bos do fruto do jequitibá (Cariniana aff C. de lenha (Glenboski 1975:102, 110, 123).
domesticae (Mart.) Mieis, da família das Leciti- As capas de franjas ou os capuzes-máscaras de
dáceas, esvaziado dos caroços, conservando entrecasca de árvore dos índios Waiwai são
aproximadamente a forma original (Baldus confeccionados de quatro espécies do gênero
1970:244). Os Bororo também empregam o Eschweilera, além do líber do tauarí (Coura-
endocarpo do mesmo fruto no qual adaptam tari spp.), todas da família das Lecitidáceas
uma taquarinha para aspirar a fumaça (Albisetti (Yde 1968:89-90).
& Venturelli 1962:838). Fabricam-se igualmen­ As máscaras trançadas ou de folíolos soltos são
te cachimbos de barro e de madeira. feitas de flabelos de Palmáceas: miriti (Mauritia
flexuosa L.), buriti (Mauritia vinifera Mart.),
CORANTES babaçu (Orbígnya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.
Na pintura das máscaras Timbíra emprega-se =Attalea speciosa Mart.) por diversos grupos
resina de breu almecega (Tetragastris trifolio- indígenas. Os Pankararú empregam para esse
lata (Engl.) Cuatr. (= Protium trifoUolatum fim uma planta da família das Bromeliáceas, o
Engl)., da família das Burseráceas misturado com caraguatá acanga (Bromelia pinguin L.), ou o
urucu (Bixa orellam L ) para obter corante ver­ agave (Agave americana L.) cultivado nas roças
melho; e a mesma resina com carvão, para o ne­ (informação pessoal da índia Pankararú Quité-
gro (NImuendaju 1946:203). Os Tiriyó empre­ ria Maria de Jesus).
gam a tinta de breu vermelho (Protium apicula-
tum Swartz) e breu preto (Tetragastris pana-
mensis (Engl.) O. Kuntze, da mesma família,
para tingir os flabelos transversais que unem as MORTALHA DE CIGARRO
capas de franjas de miriti (Mauritia flexuosa L.) Líber mais fino de tauari (Couratari spp.), uma
(Frikel 1973:179). A pintura das máscaras Tu- Lecitidácea, é empregado para envolver o taba­
kúna se faz com resina preta de anani (Morono- co do cigarro (Gastão Cruls 1952:94).
bea sp.), da família das Gutiferáceas, e pintura
branca de argila (tabatinga) (Museu Paulista/
USP 1984:125). Os Tukúna empregam, ainda,
argila terrosa para o amarelo e, os Pankararú, PIÕES
o pó vermelho da pedra toá, moída, dissolvi­ O p ã o dos índios Deni é feito do fruto do (An-
do na água. thodiscus amazonicus Gleason). Retira-se o
miolo do fruto maduro e insere-se uma haste
FIGURAS DE CERA de madeira no centro. Abrem-se também dois
Cera de abelha é empregada para fazer figuri­ furos laterais para que o pião possa silvar (Pran-
nhas (Frikel 1973:207, Roth 1970:495). Para ce 1986:132). O pião dos grupos indígenas do
o mesmo fim emprega-se o cerol, constituído alto rio Negro é feito de noz de tucum (Astro-
de cera de abelha misturado com látex da ár­ caryum sp.) (observação pessoal).

320
Objetos rituais
delas de cada vez —é amarrada em círculo com
PROCESSOS DE MANUFATURA (90.03) fitas de entrecasca, em alturas variadas e a cer­
tos intervalos. Terminada a amarração, toda a
RESIST DYE cortina é levada a um pântano. Aí ela é imer­
Def. Uma espécie de “ pintura em negativo” das sa na água por várias horas. No caso em que pre­
franjas de líber que compõem a Capa cortina de senciei o procedimento, ela foi deixada no pân­
franjas dos Tiriyó é processada do seguinte mo­ tano pelo espaço de quatro horas. Depois, disso,
do, segundo Frikel (1973:139): “As fibras da a cortina é retirada da água, trazida de volta
capa são firme e densamente enfaixadas em em- para casa e suspensa entre os postes como antes.
biras nos lugares que não devem ser tintos, en­ As fitas de líber são desamarradas e removidas,
quanto que as fibras ficam descobertas nos tre­ exibindo-se as partes das fibras que haviam sido
chos que devem mostrar-se coloridos. Depois a amarradas, as quais mantêm a cor amarela origi­
capa é colocada dentro de uma certa lama (uma nal, enquanto que as partes que não haviam si­
espécie de tijuco) durante dois a três dias. Sol­ do amarradas adquirem uma coloração negro-
tam-se então as faixas de embira e lava-se a peça azulada pela exposição à água do pântano”
na água corrente do rio. O desenho aparece, en­ (Yde 1968:273 e fig. 128). Citando Linné
tão, em preto, devido à ação da lama”. O pro­ (1934:162-167) e Ryden (1943), Yde conclui
cesso, observado por Yde entre os Waiwai, é que a técnica encontra paralelo na pintura em
descrito do seguinte modo: “Cada franja (de negativo, de cerâmica, e nade ikat, dos tecidos,
líber) pendente ou melhor dito, certo número sendo pouco comum na América da Sul.

321
Objetos rituais
INDICES
A elaboração deste índice tem por objetivo sistemati­ no glossário. Isto é, com as informações que ajudam a
zar a matéria de que trata o DICIONÁRIO, segundo o definir cada objeto: aparência, matéria-prima, manufatu­
uso e a função dos artefatos, com subordinação herár- ra, uso e função. Nos índices, menciona-se a página onde
quica a duas macro-divisões ou classes: o descritor pode ser consultado.
I. Utensílios e implementos ligados às atividades de O presente DICIONÁRIO consta de 1.307 verbetes.
subsistência, conforto doméstico e pessoal; transporte; Destes, 598 nomeiam e descrevem os Itens, ou seja, os
II. Adornos e objetos de uso pessoal, artefatos rituais, artefatos, incluindo seus acessórios e os implementos pa­
mágicos e lúdicos. ra produzi-los, que costumam ser recolhidos aos museus,
A primeira classe inclui utensílios para as atividades tais como, teares, fusos e outros, com exceção dos des­
de subsistência, preparo e serviço de alimentos e confor­ cartáveis. Dos 709 restantes, 49 são Grupos genéricos
to doméstico. Inclui, portanto, os implementos agríco­ onde são reunidos artefatos de uma determinada catego­
las, as armas de caça e pesca (extensivas às práticas guer­ ria que servem a funções similares; 141 são as Defini­
reiras), os utensílios domésticos, fogões e os implemen­ ções genéricas, a exemplo de, cestaria, vasilhame, arte
tos para a manufatura de artefatos. A segunda macro- plumária, etc. As Matérias-primas arroladas somam um
divisão engloba a parafernália vinculada ao embeleza­ total de 276, os Processos de manufatura, 108 e as par­
mento e personalização do corpo, os objetos rituais, tes componentes do artefato são descritas em 60 verbe­
curativos, mágicos, mnemónicos e lúdicos. A primeira tes. A par disso, 60 outros definem, no caso da Cerâmi­
grande divisão está para a perpetuação física do indiví­ ca, o Tratamento e acabamento da superfície, os Tipos
duo na mesma proporção em que a última para o proces­ de decoração e os Motivos decorativos. A estes últimos
so de socialização e reprodução social. se agregam sete verbetes referentes a Motivos específicos
Embora pareça pobre, a cultura material indígena, do trançado. No caso da Cerâmica são descritos, ainda,
aqui inventariada, soma um total de 598 itens. Se consi­ oito implementos descartáveis.
derarmos que alguns grupos, como os Timbíra, antes do Como se sabe, os elementos materiais de uma cultu­
contato com o branco, dificilmente possuíam objetos de ra são interdependentes. A distinção entre seus compo­
valor permanente — mesmo porque as regias de herança nentes serve a fins de classificação e de exposição indis­
eram muito frouxas e os indivíduos eram enterrados com pensáveis ao estudo e à catalogação das coleções. Tendo
a maioria dos seus bens (Nimuendaju 1946:158) — esse em vista esse objetivo, procedemos à indexação que se
número parece avultado. segue, mencionando a página onde o respectivo descritor
Na tabela abaixo, oferecemos um quadro numérico pode ser consultado. Encerra o volume o índice alfabéti­
dos descritores distribuídos do modo como comparecem co geral dos itens.
TABELA NUMÉRICA DE DESCRITORES E VERBETES
ic o m p o n e n te s

T r a ta m en to .e
I m p le m e n to s

d a su p e r fic ie
P ro c esso s de
m a n u fa tu ra

[acabam en tp

d e c o r a tiv o s
id o a r tefa to
D e fin iç õ e s

A c e s só r io s

decoração
D E S C R IT O R E S
G en eh icos

G en érica s

M atérias-

T ip o s d e

M o tiv o s
G ru pos

e
prim as

T o ta is
Partes
Iten s

VERBETES

1 0 C E R Â M IC A 5 21 5 14 5 9* - 11 8 25 27 130

20 TRANÇADOS 6 51 33 43 31 - - 5 - - 7 176

3 0 C O R D Õ E S E T E C ID O S 4 30 45 27 35 12 - 8 - - - 161

4 0 A D O R N O S P L U M Á R IO S 3 41 19 68 34 - - - - - - 165

5 0 A D O R N O S D E M A T E R IA IS E C L É T IC O S ,
IN D U M E N T Á R IA E T O U C A D O R 6 128 10 41 2 — — — — — — 187

6 0 IN S T R U M E N T O S M U S IC A IS E
D E S IN A U Z A Ç A O 4 45 8 25 - - 1 9 - - - 92

70 ARM AS 5 72 13 11 - 2 8 18 - - - 129

8 0 U T E N S ÍL IO S E IM P L E M E N T O S D E
M A D E IR A E O U T R O S M A T E R IA IS 6 65 4 41 — 7 — 9 — — — 132

9 0 O B J E T O S R IT U A IS , M Á G IC O S
E L Ú D IC O S 10 114 4 6 1 — — — — — • — 135

T O T A IS 49 567 141 276 108 30 9 60 8 25 34 1 .3 0 7

* Dos nove implementos para a manufatura da cerâmica apenas um é arrolado entre os itens; os demais são descartáveis.

323
fndices
ÍNDICE ANALÍTICO DOS ITENS

U TENSÍLIO S E IMPLEMENTOS LIGADO S À S A TIV I­ Cesto vasiforme, 49


D A D E S D E SUBSISTÊNCIA, CONFORTO DOMÉSTI­ De fumador trançado, 52
CO E PESSOAL; TRANSPO RTE. Suporte de cabaça, 56

A TIV ID A D E S D E SUBSISTÊNCIA
2.6 Utensílios de madeira e outros materiais para o pre­
paro de alimentos
1. Im plem entos para a atividade agrícola
Almofariz, 255
Cavador garras de tatu canastra, 260 Colher de pau espatulada, 261
Machado de pedia encabado-cimentado, 265 Colher de pau poli dental, 261
Faca de material inorgânico, 263
Machado de pedra encabado-dobrado, 265-266
Faca de material orgânico, 263
Machado de pedra encabado-embutido, 266
Fogão, 263-264
Machado de pedra encabado-traspassado, 266-267
Moenda de cana, 267
Pá de cavouco, 267
Moquém, 267
Pau de cavouco, 268
Pá de virar beiju omitomorfa, 268
Pá de virar beiju semilunar, 268
2 U ten sílios para preparo, con su m o e arm azenagem de
Pau ignígero, 269
alim entos
Pilão alguidariforme, 269
Pilão vasiforme, 270
2.1 Cerâmica utilitária para a cozinha
Pinça, 270
Caçarola, 24
Ralador de lata, 271
Panela alguidariforme, 25-26
Ralador língua de pirarucu, 271
Panela gameliforme, 25-26
Ralador raiz de angico, 271
Panela vasiforme, 25-26
Ralador raiz de paxiúba, 271-272
Torrador, 28
Ralador retangular côncavo, 272
Ralador retangular plano, 272
2.2 Cerâmica utilitária ejou cerimonial para armazena­ Raspador de concha, 272-273
gem e serviço Raspador dente de capivara, 273
Bilha, 22 Tripé, 276
Bilhas comunicantes, 22-23
Colher de barro, 24 2.7 Utensílios de madeira e outros materiais para a guar­
Jarra, 25 da e serviço de alimentos
Moringa, 25 Cocho,260
Pote, 26 Colher de cabaça, 260
Prato, 27 Colher de concha, 260
Taça, 27 Colher de pau côncava, 261
Tigela, 27-28 Cuia, 261
Travessa, 28 Escumadeira, 263
Xícara, 29 Recipiente de cabaça, 273
Recipiente de taboca, 273-274
2.3 Cerâmica para o lume Recipiente espata de palmeira, 274
Fogareiro, 25 Recipiente ouriço de castanha, 274
Trempe de barro, 28
3. Arm as para a o b te n ç ã o d e p rod u tos d e caça e pesca.
2.4 Trançados para o processamento da mandioca Inclui as d e guerra e defesa.
Cumatá, 51
Peneira, 55 3.1 Armas de arremesso complexas
Tipiti, 57 Arco canelado, 216-217
Tipiti de torção, 57 Arco circular, 216-217
Tuaví, 58 Arco côncavo-convexo, 217
Arco cuneiforme, 217
2.5 Trançados para aguarda e serviço de alimentos Arco elipsoidal, 217
Apá, 42-43 Arco plano-côncavo, 217
Cantil com invólucro trançado, 44 Arco quadrangular, 217
Cesto alguidariforme, 44-45 Arco retangular, 217-218
Cesto bomali forme, 45-46 Arco triangular, 218
Cesto gameliforme, 47 Bodoque, 218
Cesto paneirifoime, 47-48 Dardo de propulsor, 223
Cesto platiforme, 48 Flecha-curabi farpada, 225
Cesto tigeliforme, 49 Flecha-curabi lanceolada, 226

324
índice analítico dos itens
Flecha encaixe de osso, 226 Sarabatana singela inteiriça, 238
Flecha espeque, 226 Setas de sarabatana, 238
Flecha esporão de raia, 227
Flecha farpada, 227 3.5 Apetrechos de defesa
Flecha fisga, 227 Escudo de couraça, 224
Flecha fisga bifurcada, 228 Escudo de couro, 224
Flecha fisga trifurcada, 228 Escudo-disfarce, 224
Flecha foliácea pedunculada, 228 Estrepes, 224
Flecha foliácea pedunculada com aletas, 228
Flecha lanceolada arqueada, 229 4. Armadilhas para caça e pesca
Flecha lanceolada barbelada, 229
Fiecha lanoeolada biconvexa, 229 4.1 Artefatos trançados
Flecha lanceolada prismática, 229-230 Arapuca, 43
Flecha poli pontas, 230 Caniçada, 44
Flecha ponta dupla, 230 Covo, 51
Flecha rombuda bolota, 230 Nassa, 53
Flecha rombuda cruzeta, 230 Socó, 56
Fie cha rombuda virote ,231
Flecha-sararaca espeque, 231 4.2 Artefatos tecidos
Flecha-sararaca fisga, 231 Jereré, 83
Flecha-sararaca triangular com aletas, 232 Puçá, 85
Flecha serrilhada bilateral, 232
Flecha serrilhada unilateral, 232
Flecha triangular pedunculada, 232 5. Implementos para a atividade artesanal
Propulsor de dardos, 236
5.1 Artefatos para a manufatura de cerâmica
3.2 Armas de arremesso simples (Excluem-se os improvisados e descartáveis)
Boleadeira, 218 Polidor de cerâmica, 33
Lança encaixê de osso, 233
Lança espeque, 233 5.2 Artefatos para fiação e tecelagem
Lança foliácea pedunculada com ale tas, 234 Agulha de gancho, 106
Lança gancho unilateral, 234 Agulha de orifício, 106
Lança lanceolada arqueada, 234 Agulha de ponta, 106
Lança lanceolada barbelada, 234 Batedor-espátula, 106
Lança poKfarpada, 235 Bobina, 106
Lança serrilhada bilateral, 235 Fuso, 106
Murucu, 236 Lançadeira, 106
Pente do tecelão, 106
3.3 Armas contundentes de choque Tear amazônico, 107
Borduna circular estriada, 218-219 Tear com varas alçadas, 107
Borduna circular lisa, 219 Tear de cintura, 107
Borduna circular semí-estriada, 219 Tear em arco, 107
Borduna côncavo-convexa espatulada, 220
Borduna cuneiforme espatulada, 220 5.3 Implementos para trabalho artesanal variado
Borduna losangular prismática, 220-221 Batedor de líber, 259
Borduna ovalada, 221 Broca, 259
Borduna quadrangular, 221 Formão, 264
Clava circular, 222 Perfurador dente de peixe-cachorro, 269
Clava côncavo-convexa ampulhetada, 222 Plaina de caramujo, 270
d ava losangular espatulada, 222 Plaina mandíbula de caititu, 271
dava retangular concavolúiea, 223 Tesoura mandíbula de piranha, 276
dava retangular espatulada, 223
Maça, 235 5.4 Implementos específicos para a manufatura de
armas
3.4 Armas de sopro com setas ervadas e seus acessórios Arrocho de flecha, 249
Carcás de madeira, 242 Cavador haste da flecha, 249
Carcás de palha dobrada, 242
Carcás de taboca com tampa, 242
Carcás de taquaruçu sem tampa, 242 6. Artefatos fabricados especificamente para a venda
Carcás trançado impermeabilizado, 242
Carcás trançado semi-impermeabilizado, 242 6.1 Artefatos cerâmicos
Panelinha para curare, 243 Boneca Karajá, 23-24
Pincel para curare, 243 Cinzeiro, 24
Sarabatana reforçada bipartida, 237 Pote para plantas, 26-27
Sarabatana reforçada inteiriça, 237
Sarabatana reforçada semi-inteiriça, 237 6.2 Artefatos trançados
Sarabatana singela bipartida, 238 Tipiti para a venda, 57

325
índice analítico dos itens
USO DOMÉSTICO E PESSO AL Remo retangular, 275
Ubá, 276
7. U ten sílios para uso d o m éstico e co n fo rto pessoal
A D O R N O S E OBJETOS DE USO PESSO AL . A R T E F A
7.1 Artefatos trançados TO S R IT U A IS, MÁGICOS E LÚDICOS
Abano trançado, 42
Esteira, 52 A D O R N O S E OBJETOS D E USO PESSOAL
Rede de dormir trançada, 55-56
1. Adornos da cabeça e da face
7.2 Artefatos tecidos
Abano tecido, 80 1.1 Adornos trançados da cabeça
Cobertor, 82 Aro trançado, 43
Mosquiteiro, 84 Chapéu trançado, 50
Rede de dormir, 85-86 Coroa trançada, 51
Disco occipital, 52
7.3 Artefatos de madeira e outros materiais Ferradura ocdpital, 52
Banco drcular, 255 Pára-sol, 53-54
Banco concavolíneo, 255-256
Banco côncavo-ovalado, 256 1.2 Adornos de cordame e tecidos da cabeça
Banco cupular, 256 Aro tecido, 80
Banco ictiomorfo, 256-257 Testeira tecida, 87
Banco omitomorfo, 257 Touca com cobre-nuca, 88
Banco representando quadrúpede, 257-258
Banco retangular, 258 1.3 Adornos plumários da cabeça
Banco trípode, 259 Aro emplumado, 114
Divisória interna de líber, 261 Brincos emplumados, 115
Escabelo de carapaça, 262 Capacete ,115
Escabelo de couro, 262 Coifa, 116
Escabelo de líber, 262 Coifa com cobre-nuca, 116-117
Escabelo pecíolo do buriti, 263 Coroa radial emplumada, 118
Facho, 263 Coroa vertical emplumada, 118-119
Roda suspensa para bebê, 275 Diadema horizontal, 119-120
Rodilha de cesto-cargueiro, 275 Diadema ocdpital rotíforme, 119-120
Vassoura, 276 Diadema rotiforme alçado, 120
Diadema Transversal, 120
TR A N SPO R TE
Diadema vertical, 120-121
Diadema verticial rotiforme, 120-121
8. Transporte por terra d e crianças e carga
Faixa frontal emplumada, 121
Grampo da cabeleira, 121
8.1 Artefatos trançados Grinalda, 122
Aturá, 43 Grinalda com cobre-nuca, 122
Cesto-cargueiro alguidariforme, 44-45 Labrete emplumado, 122-123
Cesto-cargueiro bomaliforme, 45-46 Leque do ocdpído, 123
Cesto-cargueiro coniforme, 49 Narigueira emplumada, 123-124
Cesto-cargueiro gameliforme, 47 Ornato emplumado da face, 124
Cesto-cargueiro paneiriforme, 47-48 Penacho alçado na fronte, 124
Cesto-cargueiro quadranguiar, 50 Pingente da cabeleira,. 125
Gaiola trançada, 53 Placa ocdpital emplumada, 125
Jamaxim, 53 Testeira emplumada, 126
TLpóia trançada, 57 liara emplumada, 126-127
Toucado, 127
8.2 Artefatos tecidos (inclui líber)
Alforge, 80 1.4 Adornos de materiais ecléticos da cabeça
Saco-cargueiro, 86 Auricular bico de tucano, 150
Sacola, 86 Auricular cavilha, 150
TLpóia de líber, 184 Auricular de metal, 150-151
Tipóia tecida, 87 Auricular de miçangas, 151
Auricular de sementes, 151
Auricular disco de madrepérola, 151
9. N avegação Auricular discóide compacto, 152
Auricular discóíde vasado, 152
9.1 Implementos de madeira para a navegação Auricular fragmentos de madrepérola, 152
Balsa, 255 Botoque botão de madeira, 154-155
Igara, 264 Botoque disco de madeira, 155
Remo cordiforme, 274 Capacete couro de onça, 157
Remo espatular, 275 Coroa contas de caramujo, 168
Remo foliáceo, 275 Coroa garras de onça, 169

326
Índice analítico dos itens
Estilete facial, 170 Colar dentes recortados de osso, 166
Estilete nasal, 170 Colar élitros de coleóptero, 166
Fita frontal couro de onça, 171 Colar garras de onça, 166
Fita frontal de folíolo, 171 Colar miçangas e sementes, 166
Labre te-cavilha, 172 Colar miniaturas escultóricas de tucum, 166-167
Labrete de acúleos, 173 Colar pingente de quartzo, 167
Labre te de concha, 173 Colar plaquetas quadrilaterais de madrepérola, 167
Labrete de madeira, 173 Colar plaquetas retangulares de caramujo, 167
Labrete de miçangas, 174 Colar plaquetas retangulares de madrepérola, 168
Labrete de osso, 174 Colar raques de penas, 168
Labrete de resina, 174 Colar recortes de metal, 168
Labrete fragmentos de madrepérola, 174-175 Corselete dorsal de miçangas, 169
Narigueira contas de caramujo, 175 Gargantilha de miçangas, 172
Tembetá de quartzo, 183-184 Peitoral de acúleos, 175
Tubo pendente da cabeleira, 184 Peitoral de metal, 175
Turbante de cabelos humanos, 185 Peitoral dentes de macaco, 176
Turbante pêlo de macaco, 185 Peitoral dentes de onça, 176
Peitoral dentes de roedor, 176
2. Adornos do tronco Peitoral pente e pingente, 176-177
Peitoral unhas tatu canastra, 177
2.1 Adornos trançados do tronco Pingente dorsal peles de animais, 178-179
Cinta trançada, 50 Sobrecintode miçangas, 182
Cinto trançado, 50 Sobrecinto de sementes, 182
Pingente trançado dorsal, 55

2.2 Adornos de cordame e tecidos do tronco 3» Adornos dos membros


Bandoleira de cordões, 80-81
Cinta-liga, 81-82 3.1 Adornos trançados dos membros
Cinto de cordões, 82
Braçadeira trançada, 44
Cinto tecido, 82
Pulseira trançada, 55
Colar de cordões, 82-83
Manto tecido, 84 3.2 Adornos de cordame e tecidos dos membros
Pingente dorsal de cordões, 84 Braçadeira de cordões, 81
Braçadeira tecida, 81
2.3 Adornos plumúrios do tronco Jarreteira de cordões, 83
Bandoleira emplumada, 114 Jarreteira tecida, 83
Cinta emplumada, 115-116 Pulseira tecida, 84-85
Qnto emplumado, 116 Tomozeleira tedda, 87-88
Colar emplumado, 117
Colar-apíto emplumado, 117-118 3.3 Adornos plumários dos membros
Mantelete emplumado, 123 Braçadeira emplumada, 114-115
Pingente dorsal emplumado, 125 Jarreteira emplumada, 122
Poncho emplumado, 125-126 Penacho alçado da braçadeira, 124
Saiote emplumado, 126 Pulseira emplumada, 125-126
Tomozeleira emplumada, 127
.2.4 Adornos de materiais ecléticos do tronco
Bandoleira cruzada contas de caramujo, 152
Bandoleira de miçangas, 153 3.4 Adornos de materiais ecléticos dos membros
Bandoleira de sementes, 153 Anel, 150
Onto contas de caramujo, 160 Braçadeira contas de caramujo, 155
G nto couro de onça, 160 Braçadeira de couro, 155
Cinto de miçangas, 161 Braçadeira de folíolo, 156
Q nto dentes de mamífero, 161 Braçadeira,de miçangas, 156
Colar anéis de coco, 161-162 Braçadeira de sementes, 156
Colar antenas de coleóptero, 162 Braçadeira pêlo de jupará, 156
Colar canutilhos de osso, 162 Jarreteira de borracha nativa, 172
Colar canutilhos de taquara, 162 Jarreteira de miçangas, 172
Colar contas de caramujo, 163 Pulseira cauda de tatu, 179
Colar contas de coco e dentes, 163 Pulseira de borracha nativa, 179
Colar contas de coco tucum, 163 Pulseira de madeira, 179
Colar contas de madrepérola, 164 Pulseira de metal, 179
Colar costelas de cobra, 164 Pulseira de miçangas, 180
Colar costelas de pássaro, 164 Pulseira de sementes, 180
Colar de miçangas, 164 Pulseira osso de ave, 180
Colar de sementes, 164-165 Pulseira ouriço de castanha, 180
Colar dentes de mamífero, 165 Pulseira recortes coco de tucum, 180
Colar dentes em camadas superpostas, 165 Tomozeleira de miçangas, 184

327
índice analítico dos itens
4. Indumentária e arranjos de decoro ARTEFATOS RITUAIS, MÁGICOS E LÚDICOS

4.1 Objetos trançados 7. Instrumentos musicais e de sinalização


Sandália trançada, 56
7.1 Aerofone
4.2 Objetos de cordame e tecidos Aerofone de palheta, 196
Poncho tecido, 85 Apito de cabaça, 196-197
Saia tecida, 86 Apito de cerâmica, 196-197
Tanga de cordões, 87 Flauta com aeroduto externo, 200
Flauta de pã, 200
4.3 Objetos de materiais ecléticos Flauta dupla com aeroduto externo, 200-201
(não inclui os plumários) Flauta globular com aeroduto externo, 200-201
Avental de líber, 152 Flauta globular sem aeroduto, 201
Cinta de líber, 160 Flauta nasal, 201
Encacho de líber, 170 Flauta reta com aeroduto, 202
Estojo peniano, 170-171 Flauta reta de osso, 202
Saia franjas de líber, 181 Flauta reta sem aeroduto, 202
Sandália de borracha nativa, 181 Flauta reta sem orifícios, 202
Sandália medula de buriti, 181 Flauta transversa com orifícios, 203
Tangp de miçangas, 182 Flauta transversa sem orifícios, 203
Tanga de sementes, 183 Trompete poliglobular, 206
Uluri, 185 Trompete politubular, 206-207
Trompete reto, 206-207
Trompete transverso, 207
Trompete transverso de cerâmica, 207
Zunidor, 208
5. Tratamento do corpo e toucador
7.2 Cordofone
5.1 Artefatos de materiais ecléticos Arco de boca, 197
Carimbo-cabaça, 157 Arco musical, 197
Carimbo coco-babaçu, 157-158 Mola, 208
Carimbo-corda, 158
Carimbo-garfo, 158 7.3 Idiofone
Carimbo plano-largo, 158 Bastão maciço de ritmo, 197
Carimbo-rolo, 159 Bastão oco de ritmo, 197-198
Carimbo-vareta, 159 Chocalho de vara, 198
Carimbo-vértebras, 159 Chocalho em cacho, 198
Dilatador lóbulos das orelhas, 169 Chocalho em fieira, 198-199
Escarificador, 170 Chocalho globular, 199
Espátula para pintura facial, 170 Chocalho tubular, 199
Furador de lábio, orelhas, nariz, 171-172 Chocalho tubular duplo, 199
Pente duplo de uma haste, 177-178 Idiofone de fricção, 200
Pente singelo de duas hastes, 178 Lança-chocalho, 203
Pente singelo de uma haste, 178 Paus entrechochantes, 203
Pincel para pintura corporal, 178 Reco-reco, 204
Recipiente produtos de toucador, 180-181 Sistro, 204
Riscador para pintura corporal, 181 Taça-chocalho de cerâmica, 204
Saquinho líber para carajuru, 182 Tambor de carapaça, 205
Tatuador, 183 Tambor de fenda, 205
Tambor de madeira oca, 205
Tambor de tábua de madeira, 206

6. Objetos de uso pessoal 7.4 Membranofone j


Tambor d’água, 205
6.1 Objetos trançados de uso pessoal Tambor de cerâmica, 205
Cesto bolsiforme, 45-46 Tambor de pele, 206
Cesto estojiforme, 46-47
Patrona, 54 7.5 Acessório de instrumento musical
Patuá, 54 Baqueta, 211-212

6.2 Objetos tecidos de uso pessoal 8. Indumentária ritual de dança


Bolsa tecida, 81 Capa cortina de franjas, 295
Capa pele de onça, 296
6.3 Objetos de materiais ecléticos de uso pessoal Máscara anta Juri-Taboca, 304-305
Bolsa carapaça de tatu, 153 Máscara antropomorfa rio Negro, 304-305
Bolsa de cabaça, 153 Máscara antropomorfa Tukúna, 305
Bolsa de couro, 154 Máscara borboleta rio Negro, 305-306

323
índice analítico dos itens
Máscara capacete-plumário Pankararú, 306 Cachimbo de cerâmica, 294
Máscara cara-de-cuia Kaxináwa, 306 Cachimbo de jequitibá, 294
Máscara cara-de-cuia Timbíra, 306 Cachimbo de madeira, 294-295
Máscara cara-grande Tapírapé, 306-307 Cachimbo noz de tucum, 295
Máscara cilíndrica Tapirapé, 307 Caramujo para parícá, 296
Máscara de aruanã, 307 Cigarro, 298
Máscara de líber Wayâna-Aparai, 307 Mô de paricá, 313
Máscara-esteira Timbíra, 307-308 Porta-cigarro, 314
Máscara jacaré Tukúna, 308 Pote cerimonial bebida alucinógena, 314-315
Máscara macaco-prego Xikrin, 308 Sacola de ipadu, 315
Máscara onça Juri-Taboca, 308-309 Tabaqueira de cabaça, 316
Máscara onça. Tukúna, 308-309 Tabaqueira de taboca, 316
Máscara peixe Juri-Taboca, 309
Máscara roda-de-líber Tukúna, 309 13. Amuletos de uso pessoal
Máscara tamanduá Xavante-Xerente, 310 Adomo-amuleto heteróclito, 288
Máscara tecida rio Negro, 310 Amuleto Apinayé goela-de-guariba, 288
Máscara trancadacalça-e-crmisa, 310 Amuleto Ipurinã, 288
Máscara trançada tamanduá bandeira, 310-311 Colar-amuleto de casulo, 298
Máscara xinguana cabeça-de-cabaça, 311 Colar-amuleto dentes, sementes, 298
Máscara xinguan a capacete trançado, 311
Máscara xinguana capuz tecido, 311-312 14. Utensílios mnemónicos e de comunicação
Máscara xinguana cara-de-macaco, 312 Convite de festa, 298
Máscara xinguana escultura antropomorfa, 312 Cordão estatístico, 298-299
Máscara xinguana esçultura ictióide, 312 Tabuleta calendário, 316
Máscara xinguana roda-capuz, 313
Saia franjas de palha, 316 15. Utensílios funerários
Cesto funerário, 296
9. Insígnias ide status diferenciado Urna funerária de cerâmica,318
Arco cerimonial, 288-289
Bastão cerimonial Timbíra, 289
Cabeça mumificada Mundurukú, 293-294 16. Utensílios mágico-lúdicos
C etro e m p lu m a d o , 2 9 7
Abano plumário Kaxináwa, 287-288
Cetro Ipurinã, 297 Cordão mágico de caça, 299
Cetro Palikúr, 297 Cruz de fios, 299
Cetro Waiwai, 297 Escultura zoomorfa ritual Ipurinã, 300
Enxó ritual de pedra, 300 Escultura zoomorfa ritual Timbíra, 300-301
Escudo ritual trançado, 300 Escultura magia-de-caça Kaxuyâna, 301
Gravata emblema Xavante, 302-303 Feitiço de chuva Karajá, 301
Lança cerimonial Kaxináwa, 303 Miniatura de Kwarip, 313
Lança cerimonial Timbíra, 303-304 Prestidigitador Kaxináwa para disciplinar espos a, 315
Machado de pedra semilunar, 304 Rodacasa-de-festas Wayâna, 315
Punhal ritual Tapirapé, 315 Toras para corrida, 317

10. Instrumentália do pajé


Ba*tão xamânico Kaxuyâna, 290 17. Utensílios lúdicos infantis
Bolsa líber remédios do pajé, 290 Bola de borracha, 290
Cabadnha remédios do pajé, 293 Brinquedo aviãozinho, 290
Estojo remédios do pajé, 301 Brinquedo boneco buriti Bororo, 291
Feitiço de morte Karajá, 301 Brinquedohoneco buriti Timbíra, 291
Feitiço pajé Tenetehara, 302 Brinquedo boneco cabaça Borôro, 291
Pèdra do pajé Suruí, 314 Brinquedo boneco de madeira, 291
Tubo do pajé Marúbo, 317 Brinquedo boneco de pano, 292
Brinquedo de barro, 292
11. Instrumentos cirúrgicos e rituais de mortificação Brinquedo em dobraduras, 292
Cauterizador de feridas Karajá, 296 Brinquedo máscara de aruanã, 293
Instrumento cirúrgico Nambikuára, 303 Brinquedo trançado, 293
Instrumento corte cordão umbilical, 303 Brinquedo trançado pega-moça, 293
Látego para flagelação Yekuana, 304 Cama de gato, 295
Moldura trançada para tocandiras, 313 Corrupio, 299
Tridente para mortificação Waiká, 317 Figura de cera, 302
Figura de embíra, 302
12. Aparelhos pára estimulantes e narcóticos Pèteca, 314
Aspirador rapé de taboca, 289 Pião noz de tucum, 314
Bandeja para pari cá, 289 Utensílio lúdico infantil de caracóis, 318

329
índice analítico dos itens
ÍNDICE ALFABÉTICO DOS ITENS

Abano plumárío Kaxináwa, 287-288 Bandoleira emplumada, 114


Abano tecido, 80 Baqueta, 211-212
Abano trançado, 42 Bastão cerimonial Tímbíra, 289
Adomo-amuleto heteróclito, 288 Bastão maciço de ritmo, 197
Aerofone de palheta, 196 Bastão oco de ritmo, 197-198
Agulha de gancho, 106 Bastão xamânico Kaxuyâna, 290
Agulha de orifício, 106 Batedor de líber, 259
Agulha de ponta, 106 Batedor-espátula, 106
Alforge, 80 Bilha, 22
Almofariz, 255 Bilhas comunicantes, 22-23
Amuleto Apínayé goela-de-guariba, 288 Bobina, 106
Amuleto Ipurinã, 288 Bodoque, 218
Anel, 150 Bola de bonacha, 290
Apá, 42-43 Boleadeira, 218
Apito de cabaça, 196-197 Bolsa carapaça de tatu, 153
Apito de cerâmica, 196-197 Bolsa de cabaça, 153
Arapuca, 43 —Bolsa de couro, 154
Arco canelado, 216-217 Bolsa líber remédios do pajé, 290
Arco cerimonial, 288-289 'B olsa tecida, 81
Arco circular, 216-217 Boneca Karajá, 23-24
Arco côncavo-convexo, 217 Borduna circular estriada, 218-219
Arco cuneiforme, 217 Borduna circular lisa, 219
Arco de boca, 197 Borduna circular se mi-estriada, 219
Arco elipsoidal, 217 Borduna côncavo-convexa espatulada, 220
Arco musical, 197 Borduna cuneiforme espatulada, 220
Arco plano-côncavo, 217 Bordunalosangular prismática, 220-221
Arco quadranguiar, 217 Borduna ovalada, 221
Arco retangular, 217-218 Borduna quadran guiar, 221
Arco triangular, 218 Botoque botão de madeira, 154-155
Aro emplumado, 114 Botoque disco de madeira, 155
Aro tecido, 80 Braçadeira contas de caramujo, 155
Aro trançado, 43 Braçadeira de cordões, 81
Arrocho de flecha, 249 Braçadeira de couro, 155
Aspirador rapé de taboca, 289 Braçadeira de folíolo, 156
Aturá, 43 Braçadeira de miçangas, 156
Auricular bico de tucano, 150 Braçadeira de sementes, 156
Auricular cavilha, 150 Braçadeira emplumada, 114-115
Auricular de metal, 150-151 Braçadeira pélo de jupará, 156
Auricular de miçangas, 151 Braçadeira tecida, 81
Auricular de sementes, 151 Braçadeira trançada, 44
Auricular disco de madrepérola, 151 Brincos emplumados, 115
Auricular discóide compacto, 152 Brinquedo aviãozinho, 290
Auricular discóide vas ado, 152 Brinquedo boneco buriti Bororo, 291
Auricular fragmentos de madrepérola, 152 Brinquedo boneco-buriti Tímbíra, 291
Avental de líber, 152 Brinquedo boneco cabaça Bororo, 291
Balsa, 255 Brinquedo boneco de madeira, 291
Banco circular, 255 Brinquedo boneco de pano, 292
Banco concavolíneo, 255-256 Brinquedo de barro, 292
Banco côncavo-ovalado, 256 Brinquedo em dobraduras, 292
Banco cupular, 256 Brinquedo máscara de aruanã, 293
Banco íctíomorfo, 256-257 Brinquedo trançado, 293
Banco ornitomorfo, 257 Brinquedo trançado pega-moça, 293
Banco representando quadrúpede, 257-258 Broca, 259
Banco retangular, 258 Cabadnha remédios do pajé, 293
Banco trípode, 259 Cabeça mumificada Mundurukú, 293-294
Bandeja para paricá, 289 Caçarola, 24
Bandoleira cruzada contas de caramujo, 152 Cachimbo de cerâmica, 294
Bandoleira de cordões, 80-81 Cachimbo de jequitibá, 294
Bandoleira de miçangas, 153 Cachimbo de madeira, 294-295
Bandoleira de sementes, 153 Cachimbo noz de tucum, 295

330
índice analítico dos itens
Cama de gato, 295 Clava côncavo-convexa ampulhetada, 222
Caniçada, 44 Clava losangular espatulada, 222
Cantil com invólucro trançado, 44 Clava retangular concavolínea, 223
Capa cortina de franjas, 295 Clava retangular espatulada, 223
Capa pele de onça, 296 Cobertor, 82
Capacete, 115 Cocho, 260
Capacete couro de onça, 157 Coifa, 116
Caramujo para paricá, 296 Coifa com cobre-nuca, 116-117
Carcás de madeira, 242 Colar-amuleto de casulo, 298
arcás de palha dobrada, 242 Colar-amuleto dentes, sementes, 298
§ arcás de taboca com tampa, 242
Carcás de taquaruçu sem tampa, 242
Colar anéis de coco, 161-162
Colar antenas de coleóptero, 162
Carcás trançado impermeabilizado, 242 Colar-apito emplumado, 117-118
Carcás trançado semi-impermeabilizado, 242 Colar canutilhos de osso, 162
Carimbo-cabaça, 157 Colar canutilhos de taquara, 162
Carimbo coco-babaçu, 157-158 Colar contas de caramujo, 163
Carimbo-corda, 158 Colar contas de coco e dentes, 163
Carimbo-garfo, 158 Colar contas de coco tucum, 163
Carimbo plano-largo, 158 Colar contas de madrepérola, 164
Carimbo-rolo, 159 Colar costelas de cobra, 164
Carimbo-vareta, 159 Colar costelas de pássaro, 164
Carimbo-vértebras, 159 Colar de cordões, 82-83
Cauterizador de feridas Karajá, 296 Colar de miçangas, 164
Cavador garras de tatu-canastra, 260 Colar de sementes, 164-165
Cavador haste da flecha, 249 Colar dentes de mamífero, 165
Cesto alguidari forme, 44-45 Colar dentes em camadas superpostas, 165
Cesto bolsiforme, 45-46 Colar dentes recortados de osso, 166
Cesto bomalfforme, 45-46 Colar élitros de coleóptero, 166
Cesto-cargueiro alguídariforme, 44-45 Colar emplumado, 117
Cesto-cargueiro bomaliforme, 45-46 Colar garras de onça, 166
Cesto-cargueiro coniforme, 49 Colar miçangas e sementes, 166
Cesto-cargueiro gameli forme, 47 Colar miniaturas escultóricas de tucum, 166-167
Cesto-cargueiro paneiriforme, 47-48 Colar pingente de quartzo, 167
Cesto-cargueiro quadrangular, 50 Colar plaquetas quadrilaterais de madrepe'rola, 167
Cesto estojiforme, 46-47 Colar plaquetas retangulares de caramujo, 167
Cesto funerário, 296 Colar plaquetas retangulares de madrepérola, 168
Cesto gameliforme, 47 Colar raques de penas, 168
Cesto paneiriforme, 47-48 Colar recortes de metal, 168
Cesto plaliforme, 48 Colher de barro, 24
Cesto tigelíforme, 49 Colher de cabaça, 260
Cesto vasiforme, 49 Colher de concha, 260
Cetro emplumado, 297 Colher de pau côncava, 261
Cetro Ipurinã, 297 Colher de pau espatulada, 261
Cetro Palikúr, 297 Colher de pau poli dental, 261
Cetro Waiwai, 297 Convite de festa, 298
Chapéu trançado, 50 Cordão estatístico, 298-299
Chocalho de vara, 198 Cordão mágico de caça, 299
Chocalho em cacho, 198 Coroa contas de caramujo, 168
Chocalho em fieira, 198-199 Coroa garras de onça, 169
Chocalho globular, 199 Coroa radial emplumada, 118
Chocalho tubular, 199 Coroa trançada, 51
Chocalho tubular duplo, 199 Coroa vertical emplumada, 118-119
Cigarro, 298 Corrupioi 299
Cinta de líber, 160 Corsefete dorsal de miçangas, 169
Cinta emplumada, 115-116 Covo, 51
Cinta-liga, 81-82 Cruz de fios, 299
Gnta trançada, 50 Cuia, 261
Cinto contas de caramujo, 160 Cumatá, 51
G nto couro de onça, 160 Dardo de propulsor, 223
Cinto de cordões, 82 Defumador trançado, 52
G nto de miçangas, 161 Diadema horizontal, 119-120
G nto dentes de mamífero, 161 Diadema occipital rotifqrme, 119-120
G nto emplumado, 116 Diadema ro ti forme alçado, 120
Cinto tecido, 82 Diadema transveisal, 120
G nto trançado, 50 • Diadema vertical, 120-121
Cinzeiro, 24 Diadema verticial rotiforme, 120-121
Gava circular, 222 Disco occipital, 52

331
Índice alfabético dos itens
Dilatador lóbulos das orelhas, 169 Flecha rombuda cruzeta, 230
Divisória interna de líber, 261-262 Flecha rombuda virote, 231
Encacho de líber, 170 Becha-saraiaca espeque, 231
Enxó ritual de pedra, 300 Flecha-sararaca fisga, 231
Escabelo de carapaça, 262 Becha-sararaca triangular com ale tas, 232
Escabelo de couro, 262
Flecha serrilhada bilateral, 232
Escabe lo de I íbe r, 2 62
Flecha serrilhada unilateral, 232
Escabelo pecíolo do buriti, 263
Escarificador, 170 Becha triangular pedunculada, 232
Escudo de couraça, 224 Fogão, 263-264
Escudo de couro, 224 Fogareiro, 25
Escudo-dísfarce, 224 Formão, 264
Escudo ritual trançado, 300 Furador de lábio, orelhas, nariz, 171-172
Escultura magia-de-caça Kaxuyâna, 301 Fuso, 106
Escultura zoomorfa ritual Ipurinã, 300 Gaiola trançada, 53
Escultura zoomorfa ritual Timbíra, 300-301 Gargantilha de miçangas, 172
Escuma de ira, 263 Grampo da cabeleira, 121
Espátula para pintura facial, 170 Gravata emblema Xavante, 302-303
Esteira, 52 Grinalda, 122
Estilete fadai, 170
Grinalda com cobre-nuca, 122
Estilete nasal, 170
Idiofone de fricção, 200
Estojo peniano, 170-171
Estojo remédios do pajé, 301 Igara, 264
Estrepes, 224 Instrumento cirúrgico Nambikuára, 303
Faca de material inorgânico, 263 Instrumento corte cordão umbilical, 303
Faca de material orgânico, 263 Jamaxim, 53
Facho, 263 Jarra, 25
Faixa frontal emplumada, 121 Jarreteirade borracha nativa, 172
Feitiço de chuva Karajá, 301 Jarreteira de cordões, 83
Feitiço de morte Karajá, 301 Jarreteirade miçangas, 172
Feitiço pajé Tenetehara, 302
Jarreteira emplumada, 122
Ferradura o cd pitai, 52
Jarreteira tecida, 83
Figura de cera, 302
Figura de embira, 302 Jereré, 83
Fita frontal couro de onça, 171 Labrete-cavilha, 172
Fita frontal de folíolo, 171 Labrete de acúleos, 173
Flauta com aerodutoexterno, 200 Labrete de concha, 173
Flauta de pã, 200 Labrete de madeira, 173
Flauta dupla com aeroduto externo, 200-201 Labrete de miçangas, 174
Flauta globular com aeroduto externo, 200-201 Labrete de osso, 174
Flauta globular sem aeroduto, 201 Labrete de resina, 174
Flauta nasal, 201 Labrete emplumado, 122-123
Flauta reta com aeroduto, 202 Labrete fragmentos de madrepérola, 174-175
Flauta reta de osso, 202 Lança cerimonial Kaxináwa, 303
Flauta reta sem aeroduto, ?02
Lança cerimonial Timbíra, 303-304
Flauta reta sem orifícios, 202
Flauta transversa com orifícios, 203 Lança-chocalho, 203
Flauta transversa sem orifídos, 203 Lançadeira, 106
Flecha-curabi farpada, 225 Lança encaixe de osso, 233
Flecha-curabi lanceolada, 226 Lança espeque, 233
Flecha encaixe de osso, 226 Lança foliácea pedunculada com ale tas, 234
Flecha espeque, 226 Lança gancho unilateral, 234
Flecha esporão de raia, 227 Lança lanceolada arqueada, 234
Flecha farpada, 227 Lança lanceolada barbelada, 234
Flecha fisga, 227 Lança polifarpada, 235
Flecha fisga bifurcada, 228
Lança serrilhada bilateral, 235
Flecha fisga trifurcada, 228
Látego para flagelação Yekuana, 304
Flecha foliácea pedunculada, 228
Flecha foliácea pedunculada com ale tas, 228 Leque do ocdpído, 123
Flecha lanceolada arqueada, 229 Maça, 235
Flecha lanceolada barbelada, 229 Machado de pedra encabado-dmentado, 265
Flecha lanceolada biconvexa, 229 Machado de pedra encabado-dobrado, 265-266
Flecha lanceolada prismática, 229-230 Machado de pedra encabado-embutido, 266
Flecha poli pontas, 230 Machado de pedra encabado-traspassado, 266-267
Flecha ponta dupla, 230 Machado de pedra semilunar, 304
Flecha rombuda bolota, 230 Mantelete emplumado, 123

332
índice alfabético dos itens
Manto tecido, 84 Peitoral unhas tatu canastra, 177
Máscara anta Juri-Taboca, 304-305 Penacho alçado da braçadeira, 124
Máscara antropomorfa rio Negro, 304-305 Penacho alçado na fronte, 124
Máscara antropomorfa Tukúna, 305-306 Peneira, 55
Máscara borboleta rio Negro, 305-306 Pente do tecelão, 106
Máscara capacete-plumário Pankararú, 306 Rente duplo de uma haste, 177-178
Máscara cara-de-cuia Kaxináwa, 306 Pente singelo de duas hastes, 178
Máscara cara-de-cuia Timbíra, 306 Pente singelo de uma haste, 178
Máscara cara-grande Tapirapé, 306-307 Perfurador dente de peixe-cachorro, 269
[^Máscara cilíndrica Tapirapé, 307 Peteca, 314
Máscara de aruanã, 307 Pião noz de tucum, 314
Máscara de líber Wayâna-Aparai, 307 Pilão alguidariforme, 269
Máscara-esteira Timbíra, 307-308 Pilão vasiforme, 270
Máscara jacaré Tukúna, 308 Pinça, 270
Máscara macaco-prego Xikrin, 308 Pincel para curare, 243
Máscara onça Juri-Taboca, 308-309 Pincel para pintura corporal, 178
Máscara onça Tukúna, 308-309 Pingente da cabeleira, 125
Máscara peixe Juri-Taboca, 309 Pingente dorsal de cordões, 84
Máscara roda-de-líber Tukúna, 309 Pingente dorsal emplumado, 125
Máscara tamanduá Xavante/Xeiente, 310 Pingente dorsal peles de animais, 178-179
Máscàra teddo rio Negro, 310 Pingente trançado dorsal, 55
Máscara trançada calça-e-camisa, 310 Placa occipital emplumada, 125
Máscara trançada tamanduá-bandeira, 310-311 Plaina de caramujo, 270
M áscara x in g u a n a cab eça-de-cabaça, 311 Plaina mandíbula de caititu, 271
Máscara xinguana capacete trançado, 311 Polidor de cerâmica, 33
Máscara xinguánacapuz tecido,311-312 Poncho emplumado, 125-126
Máscara xinguanacara-de-macaco, 312 Poncho teddo, 85
Máscara xinguana escultura antropomorfa, 312 Porta-cigarro, 314
Máscara xinguana escultura ictióide, 312 Pote, 26
Máscara xinguana roda-capuz, 313 Pote cerimonial bebida alucinógena, 314-315
Miniatura de Kwarip, 313 Pote para plantas, 26-27
Mó de paricá, 313 Prato, 27
Moenda de cana, 267 Prestidigitador Kaxináwa para disciplinar esposa, 315
Moldura trançada para tocandiras, 313 Propulsor de dardos, 236
Moquém, 267 Puçá, 85
Moringa, 25 Pulseira cauda de tatu, 179
Mosquiteiro, 84 Pulseira de borracha nativa, 179
Murucu, 236 Pulseira de madeira, 179
Narígueira contas de caramujo, 175 Pulseira de metal, 179
Narigueira emplumada, 123-124 Pulseira de miçangas, 180
Nassa, 53 Pulseira de sementes, 180
Ornato emplumado da face, 124 Pulseira emplumada, 125-126
Pá de cavouco, 267 Pulseira osso de ave, 180
Pá de virar beiju omitomorfa, 268 Pulseira ouriço de castanha, 180
Pá de virar beiju semilunar, 268 Pulseira recortes coco de tucum, 180
Panela alguidariforme, 25-26 Pulseira tedda, 84-85
Panela gameliforme, 25-26 Pulseira trançada, 55
Panela vasiforme, 25-26 Punhal ritual Tapirapé, 315
Panelinha para curare, 243 Ralador de lata, 271
Pára-sol, 53-54 Ralador língua de pirarucu, 271
Patrona, 54 Ralador raiz de angjco, 271
Patuá, 54 Ralador raiz de paxiúba, 271-272
Pau de cavouco, 268 Ralador retangular côncavo, 272
Pau igiígsro, 269 Ralador retangular plano, 272
Paus entrechocantes, 203 Raspador de concha, 272-273
Pedra do pajé Suruí, 314 Raspador dente de capivara, 273
Peitoral de acúleos, 175 Recipiente de cabaça, 273
Peitoral de metal, 175 Recipiente de taboca, 273-274
Peitoral dentes de macaco, 176 Recipiente espata de palmeira, 274
Peitoral dentes de onça, 176 Recipiente ouriço de castanha, 274
Peitoral dentes de roedor, 176 Recipiente produtos de toucador, 180-181
Reitoral pente e pingente, 176-177 Reco-reco, 204
333
Índice alfabético dos itens
Rede de dormir, 85-86 Tatuador, 183
Rede de dormir trançada, 55-56 Tear amazônico, 107
Remo cordiforme, 274 Tear com varas alçadas, 107
Remo espatular, 275 Tear de dntura, 107
Remo foliáceo, 275 Tear em arco, 107
Remo retangular, 275 Tembetá de quartzo, 183-184
Riscador para pintura corporal, 181 Tesoura mandíbula de piranha, 276
Roda casa-de-festas Wayâna, 315 Testeira emplumada, 126
Roda suspensa para bebê, 275 Testeira tecida, 87
Rodilha de cesto-cargueiro, 275 liara emplumada, 126-127
Saco-cargueiro, 86 Tigela, 27-28
Sacola, 86 Hpiti, 57
Sacola de ipadu, 315 TLpiti de torção, 57
Saia franjas de líber, 181 Tipiti para a venda, 57
Saia franjas de palha, 316 Tipóiade líber, 184
Saia tecida, 86 Típóia tecida, 87
Saiote emplumado, 126 Hpóia trançada, 57
Sandália de borracha nativa, 181 Toras para corrida, 317
Sandália medula de buriti, 181 Tom ozeleira emplumada, 127
Sandália trançada, 56 Tomozeleira de miçangas, 184
Saquinho líber para carajuru, 182 Tomozeleira tecida, 87-88
Sarabatana reforçada bipartida, 237 Torrador, 28
Sarabatana reforçada inteiriça, 237 Touca com cobre-nuca, 88
Sarabatana reforçada semi-inteiriça, 237 Toucado, 127
Sarabatana singela bipartida, 238 Travessa, 28
Sarabatana singela inteiriça, 238 Trempe de barro, 28
Setas de sarabatana, 238 Tridente para mortificação Waiká, 317
Sistro, 204 Tripé, 276
Sobrecintode miçangas, 182 Trompete poliglobular, 206
Sobrecinto de sementes, 182 Trompete politubular, 206-207
Socó, 56 Trompete reto, 206-207
Suporte de cabaça, 56 Trompete transverso, 207
Tabaqueira de cabaça, 316 Trompete transverso de cerâmica, 207
Tabaqueira de taboca, 316 Tuavi, 58
Tabuleta calendário, 316-317 Tubo do pajé Marúbo, 317
Taça, 27 Tubo pendente da cabeleira, 184
Taça-chocalho de cerâmica, 204 Turbante de cabelos humanos, 185
Tambor d’água, 205 Turbante pêlo de macaco, 185
Tambor de carapaça, 205 Ubá, 276
Tambor de cerâmica, 205 Uluri, 185
Tambor de fenda, 205 Urna funerária de cerâmica, 318
Tambor de madeira oca, 205 Utensílio lúdico infantil de caracóis, 318
Tambor de pele, 206 Vassoura, 276
Tambor de tábua de madeira, 206 Vrola, 208
Tanga de cordões, 87 Xícara, 29
Tanga de miçangas, .182 Zunidor, 208
Tanga de sementes, 183

334
índice alfabético dos itens
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340
Bibliografia citada
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

10 CERÂMICA 17. Cestos-cargueiros gameliformes no interior da casa


Prancha I de Kanato. Foram confeccionados para um moita-
I 1. Arapaí, índia Asuriní, aplicando o padrão tainga- rá (ritual de troca). índios Yawalapití, sul do Par­
wa (sobrenatural antropomorfo) com pigmento de que Indígena do Xingu. Foto Fred Ribeiro, 1980.
óxido de ferro sobre pote de cerâmica. Aldeia Koa- 18. Cesto bomaliforme com tampa. índios Xerente,
tinemo, igarapé Ipiaçava, médio Xingu, sul do Pa­ coleção particular, foto Pedro Lobo.
rá. Foto Fred Ribeiro, 1981.
2. Gose do tracejamento na peça da figura. 1. Prancha IV
3. Vitrificação com resina de jatobá na peça da figura 19. Abano trançado de folha flabeliforme de carandá,
1. índios Kadiwéu, coleção particular, foto Pedro Lo­
4. Ceramista dando os últimos retoques em Boneca bo.
Karajá. índios Karajá, ilha do Bananal, Goiás. Foto 20. Lavagem da jpolpa da mandioca com uso da esteiri-
Pedro Lobo. nha tuaví. índios Yawalapití, foto Fred Ribeiro,
5. Tigela e bilha pintadas com padrões labirínticos e 1980.
vitrificadas. Índios Konibo, rio Ucaiali. Coleção 21. Cesto estojiforme trançado com talas de arumã.
particular, foto Pedro Lobo. índios das Guianas, col. Museu Nacional, foto
6. Tigela com pintura em negativo. índios Kaxináwa, Pedro Lobo.
A cre. Cortesia de R egina Müller. 22. Cesto-cargueiro coniforme trançado hexagonal
com talas de arumã. índios Paresí, col. Museu Na­
Prancha II cional,'foto Pedro Lobo.
7. Mbuiá espremendo o ácido prússico da polpa da 23. Coroa trançada em processo de confecção: talas db
mandioca em panela gameliforme. índios Asuriní, pecíolo do buriti entramadas com casca de cipó
foto Fred Ribeiro, 1981. imbé (Philodendron sp.). índios Jurúna, rio Manit-
8. Teporí assando beiju em torrador de cerâmica sus­ sauá-missu, Parque Indígena do Xingu, foto Fred
tentado sobre trempe de barro. Notar as panelas Ribeiro, 1980.
gameliformes usadas no processamento da mandio­ 24. Patrona (cesto estojiforme). Trançado enlaçado
ca. índios Yawalapití, Parque Indígena do Xingu, flexível com talas de taquarinha e fio de algodão,
foto Fred Ribeiro, 1980. índios Asuriní, coleção particular, foto Domingos
9. Trempes de barro ornadas com pintura de padrões Lamônica.
característicos do alto Xingu: motivos cobra e pei­
xe pacu. índios Yawalapití, col. particular, foto
Pedro Lobo. 30 CORDÕES E TECIDOS
10. Vasilhas Waurá, coleção particular. Seqüênáa da Prancha V
esquerda para a direita: tigela cabaciforme, duas 25. Tepori retirando a seda do olho da folha nova db
panelas gameliformes em miniatura, taça-chocalho buriti para fiar linha. Desse broto ainda serão ex­
de cerâmica. Foto Pedro Lobo. traídos a palha e a nervura para os trançados. ín­
11 . dios Yawalapití, foto Fred Ribeiro, 1980.
12. Tigelas dps índios Kadiwéu com ornamentação 26. Tximaio fiando a seda do buriti. Ao lado, um no­
gravada e pintada. Coleção particular, foto Pedro velo dessa fibra. índios Yawalapití, foto Fred Ri­
Lobo. beiro, 1980.
27. Fusos usados na fiação do algodão. índios Kayabí,
20. TRANÇADOS col. particular, foto Pedro Lobo.
Prancha III 28. Pausa na fiação do algodão. índia Araweté, igarapé
13. Ipó, índio Kayabí descortícando a taquarinha Ipixuna, tributário do médio Xingu, sul do Pará.
(Arundinaria sp.) para extrair uma finíssima tala a Foto Fred Ribeiro, 1981.
ser usada no trançado de apá. Posto Indígena Diau- 29. Braçadeira tecida pela técnica de croché com fio
arum, Parque Indígena do Xingu, foto Fred Ribei­ de algodão sendo pintada de urucu. índios Men-
ro, 1980. tuktíre (ou Txukahamãe), aldeia Kretíre, norte do
14. Apás dos índios Kayabí: trançado de taquarinha, Parque Indígena do Xingu. Foto Fred Ribeiro,
pintura com seiva de jequitibá dos motivos taan- 1980.
gap (sobrenatural), a apá maior, e sementes de mi­ 30. Agulhas de croché de osso de mutum. índios Asu­
lho, a menor. Coleção particular, foto Pedro Lobo. riní, col. Museu Nacional, foto Domingos Lamõ-
15. Colmos de arumã (hchnosiphon sp.) descascados, nica.
prontos para seiem reduzidos a talas. índios Tukâ-
no, Missão Salesiana Iauareté, rio Uaupés, Amazo­ Prancha VI
nas. FotoB . G. Ribeiro, 1978. 31. Apeona terminando a tecedura de uma rede de al­
16. Cestos tigeliformes em miniatura, trançado costu­ godão, já em uso, mediante entretorcido compac­
rado com palha de folha de buriti. índios Krahó, to. índios Asuriní, foto Fred Ribeiro, 1981.
col. Museu Nacional, Foto Pedro Lobo. 32. Detalhe da tecedura da rede da foto 31.

341
Documentação fotográfica
33. 51. Colar-apito emplumado: penas de araracanga,
34. Trabalho em malha: início e término de tecelagem anambé azul, saí e ararimba grande. índios Kaa­
(enlace interconectado figura-de-8) de saco-car- por, col. particular, foto Pedro Lobo.
gueiro com fio de tucum. índios Txikão, sul do 52. índio do Nordeste usando coroa horizontal e pin­
Parque Indígena do Xingu, foto Fred Ribeiro, gente doisal emplumado. Óleo do pintor holan­
1980. dês Albert Eckhout, vindo ao Brasil com Maurício
de Nassau (1637-1644). Cortesia de Gência Hoje.
Prancha VII
53. Colares emplumados femininos: plumas do papo
35. Mulheres Araweté com traje completo — saia-cin- de tucano, caudais e peitorais de anambé azul e de
ta, saia, tipóia (também usada como tubo-lenço saurá. índios Kaapor, col. particular, foto Pedro
para a cabeça) — a caminho da aldeia Foto Fred Lobo.
Ribeiro, 1981. 54. Labietes emplumados: penalonga de arara com re­
36. Tear com varas- alçadas e urdidura na horizontal. camo em mosaico de plumas de anambé azul e de
Tecelagem de saia segundo a técnica de entretor- saí. índios Kaapor, col. particular, foto Pedro Lo­
cimento. índios Araweté, foto Fred Ribeiro, 1981.
bo.
37. Tecedura de tipóia de algodão (entretecido sarja-
do) em tear em arco (ou tipo Ucaiali). índios Txi- 50 ADORNOS DE MATERIAIS ECLÉTICOS,
kão, sul do Parque Indígena do Xingu, foto Fred INDUMENTÁRIA E TOUCADOR
Ribeiro, 1980.
Prancha XI
38. Detalhe de tipóia: tecido saijado de algodão. Repa- 55. índio Suyá com botoque. Ao fundo, a cobertura
re-se o padrão labirinto e a faixa amarelo-mostarda
de sapé de maloca do tipo xinguano. Aldeia Suyá,
obtida com açafrão-da-terra. índios Junina, foto
norte do Parque Indígena do Xingu, foto Fred Ri­
Fred Ribeiro, 1980.
beiro, 1981.
56. Colar pingente de quartzo e omato plumário. ín­
40 A D O R N O S PLUM ÂRIOS
dios do rio Uaupés, afluente do alto rio Negro,
Prancha VIII
Amazonas. Col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
39. Coifa com cobie-nuca: plumagem peitoral e caudal 57. Coroa garras de onça. índios Borôro, col. Museu
de araracanga com arremate de tufos de plumas de Nacional, foto Pedro Lobo.
mutum. índios Mundurukú, col. Museu Nacional, 58. Colar dentes recortados de osso. índios Makuxí,
foto Pedro Lobo. col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
40. Grinalda com cobie-nuca: penas e plumas de arara
e mutum. índios Mundurukú, col. Museu Nacio­
Prancha XII
nal, foto Pedro Lobo.
59. Colar dentes em camadas superpostas. índios Ka-
41. Jarreteira emplumada: plumas de araracanga, arara
yabí, col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
canindé e mutum. índios Mundurukú, col. Museu
60. Menino Mentuktíre (ou Txukahamãe) paramen­
Nacional, foto Pedro Lobo.
tado com colar dentes de mamífero, bem como
42. Toucado em processo de confecção: penas caudais
colar, braçadeiras e brincos de miçangas. Aldeia
de araracanga e arara azul. índios Mentuktíre, al­
Kretíre, PIX, foto Fred Ribeiro, 1980.
deia Kretíre, Parque Indígena do Xingu, foto Fred
Ribeiro, 1980. 61. Ayupu, índio Kamayurá envergando paramentos
43. Emplumação de coifa com penas de garça e de ga­ de festa: colar plaquetas retangulares de caramu­
vião.- índios Jurüna, rio Manitsauá-missu, Parque jo, diadema vertical e brincos emplumados. Aldeia
Indígena do Xingu, foto Fred Ribeiro, 1980. Yawalapití, Parque Indígena do Xingu, foto Fred
Ribeiro, 1981.
Prancha IX 62. À esquerda: colar plaquetas retangulares de cara­
44. Coroa vertical emplumada com plumas peitorais de mujo pronto para o uso; à direita, um colar contas
araracanga. índios Karajá, col. Museu Nacional, fo­ de caramujo, pronto, e outro faltando limar. Na
to Pedro Lobo. foto vêem-se, ainda: pedra esculpida em diabásio
45. Menina Karajá usando brincos com pingentes de de machado arqueológico e pedaço de machado;
rosetas de plumas de araracanga. Foto Pedro Lobo. contas discóides e peças retangulares soltas, bem
46. Leque do ocdpício: penas de arara azul, gavião e como o caramujo de que são feitas (provavelmen­
te do gênero Megalobulimus). índios Yawalapití,
garça. índios Karajá, col. Museu Nacional, foto
Pçdro Lobo. PIX, foto Fred Ribeiro, 1980.
47. Brincos de plaquetas emplumadas. índios Bororo,
Prancha XIII
col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
63. Mará, índia Asuriní, exibindo a joalheria de sua
48. Diadema verticial rotiforme: penas longas de arara
tribo: colares dentes recortados de osso e colares
e papagaio. índios Borôro, col. Museu Nacional, fragmentos de coco e mutum. Foto Fred Ribeiro,
foto Pedro Lobo. 1981.
Prancha X 64. Fragmentos de coco tucum e de osso de m utum /]
49. Braçadeiras emplumadas: plumas do papo do tuca­ perfurados e enfiados em cordel, colocados na ca­
no, urupígeas e abdominais (esfiapadas) de arara­ lha aberta num pedaço de pecíolo da folha de ba­
canga. índios Kaapor, col. particular, foto Pedro baçu, a fim de receber um polimento que os arre­
Lobo. donde. Antigamente isso era feito com pedras, ho­
50. Diadema horizontal: penas caudais de japu, peito­ je com esmeril. índios Asuriní, foto Fred Ribeiro,
rais de arara, mutum e pomba trocai; pingentes de 1981.
plumas de cerebídeos e de cotingideos. índios Kaa­ 65. Pente duplo de uma haste. índios Desâna, col. par­
por, col. particular, foto Pedro Lobo. ticular, foto Pedro Lobo.

342
Documentação fotográfica
66. Pente singelo de uma haste com pingentes de rose­ Igarapé Ipixuna, afluente do médio Xingu, sul do
tas de plumas. índios Kaapor, col. particular, foto Pará. Foto Fred Ribeiro, 1981.
Pedro Lobo. 82. Pemeri ralando milho em ralador raiz de paxiúba
para preparar mingau. índios Asuríní, foto Fred
Prancha XTV Ribeiro, 1981.
67. Uakunapu (Waurá casado com Txikão), mostran­ 83. Machado de pedra encabado-cimentado. índios
do dois cintos de miçangas com desenho de ban­ Nambikuára, col. Museu Nacional, foto Pedro Lo­
deira brasileira. Aldeia Txikão, sul do Parque In­ bo.
dígena do Xingu, foto Fred Ribeiro, 1980. 84. Remo espatular com decoração pintada. índios Ka­
68. Aventá de líber ornamentado com padrões geomé- rajá, col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
fy. tricôs, de uso masculino. índios do rio Uaupés, 85. índia Tupi do Nordeste portando cabaça para
col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo. transporte de água, o filho de colo e um cesto-
69. Peitoral unhas tatu canastra. índios Bororo, col. cargueiro. Óleo do pintor holandês Albert Eckhout
Museu Nacional, foto Pedro Lobo. (1637-1644) vindo ao Brasil com Maurício de Nas-
70. Sobre cinto de sementes negras de cana da índia sau. Cortesia de Leonel Kaz.
(Cana indica) e brancas de lágrimas de N. Senhora, 86. Formão e respectivo amolador. índios Araweté,
anematadas com flores de plumas. índios Kaapor, col. Museu Nacional, foto Domingos Lamônica.
col. particular, foto Pedro Lobo. 87. Tsoaviné usando o formão de dente de cotia para
afilar a ponta da flecha. índios Araweté, foto Fred
60 INSTRUMENTOS MUSICAIS Ribeiro, 1981.
Prancha X V
71. índios Yawalapití, durante um ritual, tocando 90 OBJETOS RITUAIS, MÁGICOS E LÚDICOS
flauta reta sem orifícios. Aldeia Yawalapití, Par­ Prancha XVIII
que Indígena do Xingu, foto Fred Ribeiro, 1980. 88. Cetro emplumado: plumagem de araracanga, papa­
72. Flautas retas de osso, índios Tukâno, col. Museu gaio e mutum. índios Mundurukú, col. Museu Na­
Nacional, foto Pedro Lobo. cional, foto Pedro Lobo.
73. Flauta nasal de cabaça e flauta reta de taquara sem 89. Máscara antropomorfa rio Negro feita de líber —
aeroduto, índios Nambikuára, col. Museu Nacio­ entrecasca de árvore do gênero Fiais — com orna­
nal, foto Pedro Lobo. mentação de padrões convencionais.
74. Chocalho globular de cabaça gravada ornado de índios do Uaupés, col. Museu Nacional, foto Pedro
plumas. índios Bororo, col. Museu Nacional, foto Lobo.
Pedro Lobo. 90. Escudo trançado de uso cerimonial. índios Desâna,
col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo.
70 ARMAS 91. Máscara cara-grande Tapirape revestida de mosaico
Prancha X V I de plumagem de araracanga e arara azul. índios
75. Bordunas côncavo-convexas espatuladas: detalhe Tapirapé, col. Museu Nacional, foto Ricardo Mo­
das empunhaduras com revestimento trançado. ín­ derno.
dios Kayabí, col. particular, foto Pedro Lobo.
76. Bordunas circulares lisas. índios Karajá, col. Mu­ Prancha XIX
seu Nacional, foto Pedro Lobo. 92.
77. Clava retangular còncavolínea. índios do rio Uau­ 93. Máscaras de aruanã com capacete emplumado en­
pés, col. Museu Nacional, foto Pedro Lobo. vergadas por índios Karajá durante um ritual. Al­
78. deia Karajá, ilha do Bananal, foto Pedro Lobo.
79 Flecha serrilhada bilateral e flecha lanceolada-bi-
serrilhada; emplumação tangencial de penas intei­ Prancha XX
ras. Col. Museu Nacional, sem identificação de 94. Máscara antropomorfa Tukúna: base trançada re­
tribo, foto Pedro Lobo. vestida de líber pintado. Col. Museu Nacional, foto
80. Modo de uso de arco e flecha: demonstração feita Pedro Lobo.
com flecha de ponta lanceolada arqueada. índios 95. Saia franjas de palha usada como complemento de
Araweté, igarapé Ipixuna, afluente do médio Xin­ indumentária de dança. índios Yawalapití, Parque
gu, sul do Pará, foto Fred Ribeiro. Indígena do Xingu, foto Fred Ribeiro, 1980.
96. Figura de cera: objeto para folguedo infantil. ín­
80 U TENSÍLIO S E IMPLEMENTOS D E M ADEIRA dios Tapirapé, col. Museu Nacional, foto Pedro Lo­
E O U TR O S M ATERIAIS bo.
Prancha X VII 97. Porta-cigarro esculpido em madeira. índios do rio
81. Tiramidi, garoto de 10 anos, socando grãos de mi­ Uaupés, afluente do alto rio Negro, col. Museu Na­
lho maduro em pilão vasiforme. índios Araweté, cional, foto Pedro Lobo.

343
Documentação fotográfica
A presente edição de DICIONÁRIO DO ARTESANATO
INDÍGENA, de Berta G. Ribeiro, Apresentação de Theka
Hartmann, do Museu Paulista e Prefácio da Autora. Projeto:
Nomenclatura das Coleções Etnográficas, apoio da Coorde-
nadoria Geral de Acessos Museológicos, Fundação Pró-
Memória —Ministério da Cultura, Museu Nacional, Univer­
sidade Federal do Rio de Janeiro, Museu do índio e Funda­
ção Nacional do índio. É o volume número 4 da-Coleção
“Reconquista do Brasil” (Série Especial), dirigida por Anto­
nio Paim, Roque Spencer Maciel de Barros e Ruy Afonso da
Costa Nunes, diretor, até o volume 3, Mário Guimarães Ferri
(1918-1985), da Universidade de São Paulo. Foi composta
com tipos da Familia Press Roman, corpo 10/12. Notas
em corpo 8/8, os ti'tulos dos capi'tulos em corpo 18 da
mesma familia. A coordenação gráfica, diagramação, com­
posição e Arte-final, Line’s Studio Ltda. do Rio de Janeiro
(021-263-1029). A mancha tipográfica é de 37,5 x 61 pai-
cas. O papel do texto é de fabricação nacional, Westerprint,
110 g/m2, branco tipo 234 Esp., e o das ilustrações a cores
é couché Matt 120 g/m2, fabricados e fornecidos pela Cia.
Industrial de Papel Pirahy, Santanésia — Estado do Rio de
Janeiro. Foram impressos 100 exemplares, numerados de
001 a 100, destinados a subscritores e fora do comércio, o
texto impresso em papel vergé creme 120 g/m2, também
de fabricação da Cia. Industrial de Papel Pirahy, que tam­
bém fabricou o papel Matt para as ilustrações a 4 cores. A
capa foi concebida pelo artista plástico Cláudio Martins.
As ilustrações 1.430 em preto no texto são de autoria do
Antropólogo, arquiteto e desenhista Hamilton Botelho
Malhano que também diagramou a iconografia a cores. A
documentação fotográfica, deve-se ao Dr. Frederico F.
Ribeiro, Pedro Lobo e Domingos Lamônica e Ricardo
Moderno. Os fotolitos do texto foram confeccionados
por Linolivro S/C Composições Gráficas Ltda., à Rua
Dr. Odilon Benévolo, 189 — Benfica, Rio de Janeiro. Os
fotolitos da capa e das pranchas coloridas foram executadas
pela Multicor Ltda., à Rua Carijós, 840 - Belo Horizonte,
com a supervisão do gerente industrial Altair Reis da Silva
(Marreco). Planejamento gráfico de Alceu Letal. Impressa
na Gráfica Bisordi Ltda., à Rua Santa Clara, 54 — Brás —
São Paulo. As ilustrações a cores foram impressas pela Grá­
fica Planalto Ltda., de Abrão de Castro Belkerman à Rua
Lima Duarte, 73 — Belo Horizonte, para a Editora Itatiaia
Limitada, à Rua São Geraldo 67 — Belo Horizonte e, em
regime de co-edição com a EDUSP — Editora da Universi­
dade de São Paulo. No Catálogo Geral leva o número 1010. *1
As ilustrações de Hamilton
Botelho Malhano valorizam excep­
cionalmente os glossários, imprimin­
do-lhes, além de um aspecto atraen­
te, as clarificações que só a gravura
pode oferecer. Elas foram desenha­
das em escala, indicada na legenda,
à vista das peças, e com detalhes que
ajudam a entendê-las e documentá-
las. Os apetrechos de trabalho arte-
sanal, designados implementos, são
distribuídos pelas categorias a que
servem.

A nomenclatura se constitui,
assim, num amplo museu etnográ­
fico “portátil” em que os protótipos
são definidos e desenhados. Acredi­
tamos que este trabalho, por sua
natureza, exercerá uma função sis­
tematizadora a serviço da recupera­
ção dos acervos, não só indígenas
mas também de cultura popular,
que, a partir de agora, poderão ser
consultados e estudados convenien­
temente.
EDITORA ITATIAIA LIMITADA
EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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