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Maceió – AL,
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE DESIGN
Maceió – AL,
2016
Dedicatória
Dedico essa pesquisa à toda comunidade Xucuru-Kariri
de Palmeira dos Índios e ao meu amigo Yachykoran.
Agradecimentos
Primeiramente gostaria de agradecer ao Professor Me. Cosme Rogério
Ferreira, que me recepcionou em Palmeira dos Índios e concretizou meu encontro
com os índios Xucuru-Kariri.
À Professora Me. Priscilla Ramalho Lepre, que aceitou orientar essa pesquisa
e tanto contribuiu para o desenvolvimento do trabalho e para a minha formação
acadêmica.
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Figura 1: Mapa do estado de Alagoas indicando os municípios que possuem comunidades indígenas.
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A pesquisa teve início em julho de 2014, com a realização da primeira visita
ao território indígena de Palmeira dos Índios, onde foi possível estabelecer laços de
confiança e pedir autorização para o desenvolvimento do trabalho. Também
permitiu conhecer o contexto social e econômico no qual se encontra a comunidade.
Nesta oportunidade foram visitadas as aldeias Mata da Cafurna e Cafurna de baixo.
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Na aldeia Cafurna de Baixo, não foi identificado o trabalho com artesanato. O
grupo tem como principal fonte de renda a atividade agrícola.
1.2 Objetivos
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e ferramentas utilizados no processo produtivo artesanal; e catalogar os artefatos
produzidos na comunidade.
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Capítulo 01 | Introdução, apresenta a justificativa, o problema de pesquisa,
os objetivos, as limitações da pesquisa e uma visão geral do método utilizado.
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Referencial Teórico
2.1 Design e Identidade Local
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se preocupar com as culturas locais, pois obtida uma forma “adequada”, ela poderia
se repetir indefinida e independentemente do tempo e do lugar (BORGES, 2011;
MORAES, 2006)
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Entretanto, as culturas locais vêm sendo valorizadas e a preocupação com
relação ao resgate de técnicas e tradições passam a permear as discussões em
diversas áreas do conhecimento. O Design é muitas vezes percebido como atividade
que contempla apenas o desenho industrial, a comunicação, a publicidade e o
marketing, no contexto de um ambiente puramente comercial que visa estritamente
a geração de lucros. Porém, de forma contrária, esta profissão está fortemente
relacionada ao desenvolvimento de práticas voltadas para a responsabilidade frente
aos imperativos sociais, nos quais se apoia a ideia da construção e desenvolvimento
da sociedade (PICHLER, 2012; RIOS, 2010).
Desta forma, fica clara a ação do design nas mais diversas áreas, podendo até
mesmo contribuir para informar a história por trás de produtos locais. Para Krucken
(2009):
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Traduzido e adaptado pelo autor.
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consumidor sobre a história por trás daquele objeto, de onde ele veio, quem o fez,
qual a tradição embutida naquela peça.
É possível perceber que para Krucken, Pichler e Rios, o design pode exercer
importante papel na comunicação de produtos locais de determinada comunidade,
desenvolvendo condições para que esses produtos proporcionem benefício real e
durável para o local. Contribui, ainda, para a compreensão de identidade e
diversidade das culturas.
Krucken (2009) ressalta oito ações essenciais para promover produtos locais,
são eles:
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Para Pecqueur (2009, apud ETGES, 2015) a valorização de produtos locais se
dá pela diferenciação na forma de produção e vinculação territorial,
independentemente de preço ou custo de produção, diferenciando-o assim dos
demais produtos oferecidos no mercado global. O produto está diretamente
relacionado à sua raiz territorial, visto que, mesmo com os anseios globais em
homogeneizar, não há territórios iguais.
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2.2 Artesanato
2
Traduzido e adaptado pelo autor.
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lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os
indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
Por outro lado, ninguém reconhece o valor do que não conhece. Exposições,
publicações, seminários e prêmios têm um papel importante na divulgação do
artesanato. Desta forma, o design pode contribuir para aumentar a percepção
consciente do público sobre o objeto feito à mão e ao mesmo tempo incentivar as
boas práticas. Ao colocar o produto artesanal em outro lugar que não o do cotidiano
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– sejam as salas dos museus, sejam as páginas dos livros -, permite também que se
aumente a reflexão sobre a relação entre design e artesanato (BORGES, 2011).
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Nesse sentido, Santana (2014) considera que é cada vez mais comum a
atuação de designers em empreendimentos artesanais, com o objetivo de interferir
na produção e ampliar seu acesso ao mercado:
ARTESOL
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Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP. Suas ações beneficiam
artesãs e artesãos brasileiros que vivem principalmente em localidades de baixa
renda e são detentores de saberes tradicionais, transmitidos entre gerações, que
devem ser salvaguardados (ARTESOL, S/D). Nesse sentido, as práticas desenvolvidas
pelo ArteSol buscam:
IMAGINÁRIO PERNAMBUCANO
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(ANDRADE, 2006). O grupo desenvolveu uma metodologia multidisciplinar (Figura 3)
própria, composta por cinco eixos que norteiam as ações do projeto:
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O Imaginário Pernambucano assume uma posição menos conservadora que o
ArteSol quanto aos limites da relação entre design e artesanato. Através da sua
metodologia – mencionada acima – que permite atuação em cinco eixos, o grupo
opera na configuração do produto artesanal, nos processos e tecnologias de
produção e na utilização dos materiais. Suas estratégias objetivam a geração de
trabalho e renda, a promoção da inclusão social e o desenvolvimento sustentável da
cadeia de produção, se encaixando assim nos programas de design e artesanato
propostos por Leon. Também se encaixa na postura de Promotor da Inovação
proposta por Bonsiepe.
SEBRAE
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8. Promover o acesso a mercados;
9. Utilizar o marketing como uma das ferramentas para impulsionar a
competitividade;
10. Resgatar a cultura como fator de agregação de valor ao artesanato,
promovendo produtos com a "cara brasileira”;
11. Disponibilizar informações sobre a utilização racional dos recursos
naturais, segundo os postulados da legislação ambiental;
12. Socializar o acesso às informações e ao conhecimento no âmbito do
setor artesanal;
13. Articular parcerias para aumentar a participação do artesanato na
produção nacional e para o consequente fortalecimento do setor.
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Outra colocação importante relativa às relações entre design e artesanato, é
ressaltada por Sebastiana (2015). Para a autora o tema vem ganhando relevância por
diversos fatores na última década, dentre eles:
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Para o desenvolvimento de projetos que envolvem design e artesanato, faz-
se necessário, também, entender a importância da relação entre o tempo e o fazer
artesanal. Júnior (2009) ressalta que:
Outro ponto a ser levado em conta é que muitos artesãos dividem essa
atividade com outras. Nas áreas rurais, essa prática é intercalada com a agricultura.
Sendo assim, os artesãos têm seu próprio tempo de produção, já que tem no
artesanato uma atividade sazonal, realizada quando o trabalho na lavoura é
interrompido (BORGES, 2011).
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Os padrões estéticos do grupo, que se perpetuam pelas tradições,
comunicam sobre a cosmologia e mitologia do grupo, sobre sua
organização social e sobre seu status de grupo social diferenciado em
relação ao universo das outras comunidades e seres da natureza
(SCHAAN, 1997).
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das condições de vida das populações mais pobres. Porém, ainda falta uma
abordagem cultural mais profunda com relação aos povos indígenas e aos
afrodescendentes. Estes dois grupos de minoria apresentam os piores indicadores
sociais do país.
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Figura 4: Arte Gráfica Kusiwa dos índios Wajãpi.
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Outra comunidade indígena que possui rica cultura material é composta
pelos índios Karajá, localizados às margens do Rio Araguaia, entre os estados de
Goiás, Tocantins e Mato Grosso. Sua produção material utiliza técnicas de
construção de casas, tecelagem de algodão, adornos plumários, artefatos de palha,
madeira, minerais, concha, cabaça, córtex de árvores e cerâmica (PIB). A produção
de bonecas em cerâmica merece certo destaque, pois também faz parte dos bens
imateriais registrados pelo IPHAN. Para os índios Karajá, estas bonecas, conhecidas
como Ritxòkò, são muito mais que meros objetos lúdicos, são consideradas
representações culturais que comportam significados sociais profundos, por meio
dos quais se reproduz o ordenamento sociocultural e familiar dos Karajá. Os Saberes
e Práticas Associados ao modo de fazer Bonecas são uma referência cultural
significativa para a comunidade e representam, muitas vezes, a única ou a mais
importante fonte de renda das famílias (IPHAN). A Figura 5 apresenta uma índia
Karajá confeccionando uma boneca Ritxòkò.
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Atualmente, muito da produção artesanal indígena é realizada com a função
comercial como forma de geração de renda. O relato de um índio Wajãpi, em
depoimento destinado ao Livro do Artesanato Waiãpi (1999), enfatiza a importância
do artesanato como fonte alternativa de renda:
Até pouco tempo atrás, para ter acesso aos artefatos de origem indígena, o
consumidor teria que visitar feiras e convenções (como a FENART – Feira Nacional de
Artesanato); esperar as festividades da Semana do Índio ou visitar determinada tribo.
Nos dias atuais, proprietários de galerias e lojas estão demonstrando cada vez mais
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interesse em objetos étnicos e a informatização permitiu o surgimento de lojas
onlines.
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O presente trabalho não tem como objetivo se aprofundar nos atuais
processos de comercialização do artesanato indígena, pois seria necessário um
tempo maior para a realização de uma imersão no assunto. O que é preciso pontuar
aqui é a importância da comercialização desses artefatos como fonte de renda para
os índios, e as atuais vertentes de comércio existentes – referenciadas por Borges
acima.
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Empregavam enfeites consistindo em brincos e botoques, colar de osso,
que mais tarde foi substituído pelo de contas (myghy) ou também
chamado colar dos Dzubukuá.
[...] Os kariri, entretanto, fabricavam não só as redes de dormir de fios de
algodão mocó, como também, redes de pescar, de fibras de palmeira
tocum à semelhança dos Tupis. Fabricavam ainda as cestas de taquaras,
designadas “panacum” (ANTUNES, 1973).
A citação acima faz parte de uma das mais importantes referências históricas
sobre os Xucuru-Kariri. Martins (1994 apud TEIXEIRA, 2014) afirma que Antunes
coligiu vasta documentação sobre o grupo, desde o século XVIII até sua época.
Diante do valor dessa obra bibliográfica, percebe-se que o livro Wakona-Kariri-
Xukuru apresenta poucas informações sobre a cultura material desses índios.
Através do trabalho realizado por Peixoto (2013) foi possível coletar mais
informações sobre o artesanato desenvolvido pelos Xucuru-Kariri. O artesanato é
responsável por aproximadamente 50% da renda da comunidade e envolve a maioria
dos moradores da aldeia, desde os mais velhos até os mais jovens. Não existem
oficinas nem ferramentas apropriadas. Os principais materiais utilizados são
sementes, madeira, ossos e palhas. A comercialização acontece geralmente em
feiras e encontros (PEIXOTO, 2013). A Figura 6 apresenta dois índios da aldeia Mata
da Cafurna desenvolvendo peças artesanais.
Figura 6: Índios da Mata da Cafurna desenvolvendo peças artesanais. A imagem faz parte do acervo
fotográfico de Lenoir Tibiriçá, utilizado no trabalho desenvolvido por Peixoto.
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A partir da pesquisa de referencial teórico percebeu-se que pouco se tem
registrado na literatura sobre o artesanato indígena Xucuru-Kariri de Palmeira dos
Índios. As discussões acerca deste grupo se concentram em questões ligadas às
terras, educação e saúde, temas delicados que necessitam de uma certa emergência
na atualidade. Esse vácuo nos registros históricos sobre a cultura material indígena
do município de Palmeira dos Índios foi o que motivou o desenvolvimento do
presente trabalho.
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Processo Metodológico
Este capítulo apresenta o processo metodológico adotado para o
desenvolvimento da pesquisa, descrevendo as fases, os procedimentos e os
instrumentos utilizados para alcançar os objetivos traçados.
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3.2 Fases da Pesquisa
3.3 Detalhamento
Nesta primeira fase foi realizada uma busca de referências teóricas em Design
e Identidade Local, Design e Artesanato, Povos Indígenas no Brasil e Índios Xucuru-
Kariri. Abaixo seguem as especificações do que foi abordado em cada um dos quatro
temas:
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Povos Indígenas – Busca identificar quem são os índios no Brasil e quantos
são, sua história, cosmologia de vida e cultura. Esta revisão contou com as
seguintes fontes: livros, periódicos, artigos, relatórios, documentos
iconográficos, referências legislativas e publicações em sites.
Índios Xucuru-Kariri – Trata da história desses índios e de suas relações
com o município de Palmeira dos Índios. Para isto foram utilizadas as
seguintes fontes: livros, monografias, dissertações e artigos.
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Visitas exploratórias
Essa etapa se caracterizou pelo caráter informal das conversas com alguns
moradores, tanto da Mata da Cafurna, quanto da Cafurna de Baixo. As conversas não
aconteceram só com artesãos, mas também com índios mais velhos, lideranças
indígenas e agricultores. Para a coleta de dados foi utilizado o diário de bordo para
anotações e uma câmera Fuji Finepix S2980 para o registro fotográfico.
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O tópico Informações identificou dados gerais, como: nome da pesquisadora;
local onde ocorreu a entrevista – identificando em qual das oito aldeias ocorreu o
encontro; a data e a hora. O segundo tópico identificou dados sobre o artesão
entrevistado: nome; data de nascimento; naturalidade; estado civil; contato;
endereço; escolaridade; profissão e tempo de trabalho com artesanato. O terceiro e
último tópico, pontuou questões próprias à produção artesanal, como: quando e
onde aprendeu a atividade; qual o motivo (meio de vida, prática religiosa, outros);
qual a importância do artesanato para a comunidade; entre outras perguntas. O
Roteiro de Entrevista utilizado durante a pesquisa de campo segue em anexo
(Apêndice 1).
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Entrevistas semiestruturadas
Registro Fotográfico
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destes produtos. Como instrumentos para o registro fotográfico, utilizou-se uma
câmera Digital Canon EOS Rebel T5 para a captação de imagem; uma folha de EVA
(Acetato-Vinilo de Etileno) na cor preta (95cm x 70cm) e uma folha de EVA na cor
branca (95cm x 70cm), utilizadas como fundo para os produtos fotografados.
Após o fechamento das fases anteriores, foi realizada uma seleção imagética
dos artefatos produzidos pelos entrevistados, com foco na catalogação do
artesanato indígena existente na comunidade Xucuru-Kariri.
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Discussão dos Resultados
Neste capítulo serão discutidos os resultados alcançados no decorrer da
pesquisa. Divide-se em três partes: a primeira apresenta uma visão geral da
comunidade Xucuru-Kariri da cidade de Palmeiras dos Índios, em Alagoas, a partir de
seus aspectos históricos, geográficos, sociais, econômicos e culturais, obtidos através
de levantamento bibliográfico; a segunda parte trata do registro da atividade
artesanal a partir dos dados coletados através da pesquisa de campo; a terceira e
última parte apresenta os artefatos catalogados durante a pesquisa.
Aspectos históricos
As terras onde hoje se encontra o município de Palmeira dos Índios
constituíam primitivamente um aldeamento indígena, que ali se estabeleceu em
meados do século XVII. Os nativos se instalaram inicialmente em um brejo chamado
Cafurna (PEIXOTO, 2013).
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Alagoas e pároco de Palmeira entre os anos de 1847 e 1899 – índios da aldeia de
Cimbres do alto sertão pernambucano (atual município de Pesqueira, onde ainda
hoje vivem os Xucuru) desceram em direção às terras de Palmeira, enquanto os
índios da aldeia do Colégio do Rio São Francisco (atual município de Porto Real do
Colégio, onde localizam-se os Kariri-Xocó) subiram em direção ao mesmo local.
Formando assim um novo aldeamento, composto pelos índios Xucuru de
Pernambuco e os Kariri de Alagoas (MARTINS, 1994).
Por volta de 1770, Frei Domingos de São José chegou à povoação. Três anos
depois, convertidos os nativos, o frade obteve de Dona Maria Pereira Gonçalves,
proprietária da sesmaria, doação de "meia légua" de terras para a edificação de uma
capela dedicada ao Senhor Bom Jesus da Boa Morte. A Vila de Palmeira dos Índios foi
criada pela resolução nº 10 de 10 de abril de 1835 e sua instalação deu-se a 12 de
março de 1838 pela Resolução nº 27. No entanto, no dia 4 de maio de 1846 a Lei nº
43 suprimiu a Vila e anexou-a novamente à Vila de Anadia, sendo restaurada em
junho de 1853 sob a resolução nº 309. Por fim, foi elevada à categoria de Cidade no
dia 20 de agosto de 1899 pela Lei nº 1.093 como se lê na ata “Auto da Cidade de
Palmeira” nos arquivos da Prefeitura Municipal (ANTUNES, 1973).
Nos anos seguintes, os limites foram ficando cada vez mais sólidos e o índio já
não podia andar pelo território que lhe pertencera. À medida que a vila surgia os
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nativos eram expropriados do seu patrimônio e submetidos a humilhações,
chegando ao ponto de autoridades locais almejarem a alteração do nome da cidade
para Palmeira, como tentativa de encobrir referências sobre a presença indígena na
região. (PEIXOTO, 2014; SILVA JÚNIOR, 2009).
O município também tem sua origem ligada à lenda local do casal de índios
Tilixi e Tixiliá, narrada pelo romancista, poeta e historiador palmeirense, Luiz B.
Tôrres: conta-se que Tixiliá estava prometida ao cacique Etafé, mas era apaixonada
pelo primo Tilixi. Um beijo proibido condenou Tilixi à morte por inanição. Ao visitar o
amado, Tixiliá foi atingida por uma flecha mortal de Etafé, morrendo ao lado de Tilixi.
No local, nasceu uma palmeira, que simbolizava o amor intenso do casal (IBGE, S/D).
É importante ressaltar que por mais que a lenda seja associada à história do
município, esta não é reconhecida pelos próprios índios Xucuru-Kariri. Fato
comprovado pelo depoimento índio Miguel Celestino da Silva:
“A lenda Tixílía”, narrada pelo Sr. Luiz B. Tôrres, “é uma história que meu
povo não conhece” (ANTUNES, 1973).
Aspecto geográficos
O município de Palmeira dos Índios está localizado na região do agreste
alagoano (Figura 8) e faz limite com os municípios de Estrela de Alagoas (12 Km),
Igaci (15 Km), Belém (22 Km), Mar Vermelho (64 Km), Paulo Jacinto (40 Km),
Quebrangulo (23 Km) e Bom Conselho, PE (42 Km). Com uma área territorial de
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452,515 km², Palmeira dos Índios conta com aproximadamente 70.368 habitantes
(AMA, S/D; IBGE, S/D).
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Figura 9: Fotografia da cidade de Palmeira dos Índios.
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Figura 10: Organização espacial das aldeias existentes dentro do território indígena Xucuru-Kariri.
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Tabela 1: Descrição dos aspectos ambientais das Terras Indígenas Xucuru-Kariri.
Hidrografia A bacia hidrográfica do município de Palmeira dos Índios é formada pelos rios
Coruripe (que nasce na serra do Bonifácio), Panelas, Bálsamo, os riachos Guedes e
Ribeira, as lagoas do Algodão, dos Caboclos, dos Poços, Cascavel, Lagoinha e os
açudes Cafurna e Xukurus. A questão das águas para os índios tem sido dramática,
ao longo de sua história o acesso às fontes de água foi impedido pelos não-índios.
Atualmente, a área ocupada pelos Xucuru-Kariri, possui açudes e minações que vêm
das serras.
Clima Localizado no conhecido polígono das secas, o município de Palmeira dos Índios
possui clima quente e úmido, oscilando a temperatura entre 38° e 12°. Nas serras,
onde situam-se as aldeias, há umidade permanente e as flutuações climáticas têm
poderosa influência no comportamento das culturas e seus rendimentos.
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Como visto na Tabela 1, os recursos ambientais são de grande importância
para a vida da população indígena e estão diretamente ligados às questões
territoriais. Analisando estes aspectos, pode-se concluir que o Território Indígena
não diz respeito apenas à construção de moradias para as famílias, mas também à
distribuição de áreas específicas para a caça, a pesca, o plantio, criação de animais,
além do espaço destinado aos rituais. As terras Xucuru-Kariri abrangem diversos
fatores (históricos, econômicos, sociais, culturais), garantem a manutenção e o
desenvolvimento da qualidade de vida desse povo e asseguram a continuação de
suas manifestações culturais. É justamente neste território que os índios encontram
a matéria-prima necessária para o desenvolvimento da atividade artesanal.
Aspecto sociais
Dentre os diversos problemas enfrentados pelos índios no Brasil, a questão
territorial merece destaque. De acordo com Luciano (2006):
É justamente a luta pela defesa dessas terras que vêm movendo e unificando
toda uma comunidade, etnias e defensores dos direitos indígenas. É neste cenário de
luta que se encontram os índios Xucuru-Kariri do município de Palmeira dos Índios,
que ao decorrer de sua história vêm enfrentando diversas brigas judiciais referentes
à demarcação de suas terras.
No final do século XIX, com o decreto provincial que ocorreu em 1872, foram
extintos os aldeamentos existentes em Alagoas, alterando assim a relação existente
entre índio e Estado. Segundo Silva Júnior (2013):
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A extinção dos aldeamentos representa uma tentativa de acelerar o
processo de integração dos índios, mas principalmente de seus
territórios, à sociedade nacional. [...] Neste contexto, a legislação imperial
previa que as terras indígenas seriam loteadas e estes lotes distribuídos
entre índios, entretanto, isso não ocorreu em todos os aldeamentos,
inclusive, vale salientar que nenhuma em Alagoas. Na maioria dos casos,
as terras indígenas foram consideras devolutas, sendo loteadas e
transferidas através de título de compra a terceiros (SILVA JÚNIOR; 2013).
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Outro problema social existente entre os Xucuru-Kariri é o faccionalismo,
associado historicamente à oposição entre as famílias Celestino e Santana. Na
atualidade a aldeia da Fazenda Canto é a área de influência da família Celestino e a
da Cafurna, da família Santana (OLIVEIRA JÚNIOR, 1997). Segundo Silva Júnior (2013),
este faccionalismo é resultado de episódios da vida cotidiana da comunidade. Uma
das principais causas foi a busca por poder político seja simbólico ou oficial.
Aspectos econômicos
As atividades produtivas realizadas dentro do Território Indígena Xucuru-
Kariri variam de acordo com a dimensão de cada aldeia. As principais atividades
identificadas foram a agricultura, a caça, a pesca, o extrativismo vegetal, a criação
animal e o artesanato indígena.
O território que envolve Palmeira dos Índios é formado por encostas elevadas
e úmidas, o que o torna propício ao cultivo de frutas e hortaliças, típicas da produção
camponesa e que caracteriza a ocupação serrana. Já as terras planas, menos úmidas
e favoráveis à mecanização, às pastagens e à criação de animais foram ocupadas por
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fazendeiros. Nesse sentido, a expropriação do patrimônio Xucuru-Kariri aconteceu
no sentido sul-norte, ou seja, os índios foram sendo empurrados das terras planas,
mais férteis e com recursos hídricos, para as serras próximas à cidade (PEIXOTO,
2014).
Silva (2004 apud SILVA JÚNIOR, 2009) observa a relação entre os índios
Xucuru-Kariri e o campesinato como forma de vida:
Sob análise, é possível concluir que a atividade pode ser interpretada como
uma nova forma de reconstruir as bases culturais Xucuru-Kariri diante do atual
mercado consumidor, ajudando a criar uma nova qualidade de vida.
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Aspectos culturais
Durante a realização da primeira visita ao território Xucuru-Kariri percebeu-se
que o índio idealizado no imaginário de grande parte da população não correspondia
aos indígenas existentes na cidade de Palmeira dos Índios. Seu modo de vida se
assemelha bastante ao do não índio, falam a mesma língua; usam as mesmas
vestimentas; moram em casas; frequentam escolas, igrejas, feiras.
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Em 29 de maio de 1759 foi instituído o regulamento Direcção com que
Interinamente se Devem Regular os Índios das Novas Villas e Logares Erectos nas
Aldeias da Capitania de Pernambuco e suas Annexas. O documento representou uma
tentativa clara de criação de uma camada camponesa etnicamente indiferenciada
dos colonos portugueses em processo de ocupação das terras brasileiras. Estabelecia
o uso compulsório da língua portuguesa e a adoção de nomes próprios, vestimentas
e habitações semelhantes às dos coloniais, somada a uma diretriz para seu
estabelecimento enquanto produtores autônomos de produtos agrícolas passíveis de
comercialização, de maneira a inseri-los no sistema econômico colonial (OLIVEIRA
JÚNIOR, 1997).
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com a população local, que em seu imaginário, ainda acredita na figura mítica de
“um índio genérico”. É importante ressaltar que a incorporação de novos objetos na
cultura Xucuru-Kariri não significa abdicar de sua origem indígena, nem esquecer
suas tradições.
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No tocante ao ensino da atividade (Gráfico 2), 44,4% da amostra ensinou o
ofício aos seus filhos; 33,3% da amostra já ensinou para outros índios da
comunidade; 22,2% da amostra compreende os artesãos que já ensinaram a
atividade fora da aldeia através de oficinas; 22,2% ainda não ensinou à outras
pessoas. Faz-se importante salientar que alguns artesãos ensinaram o ofício para
suas famílias e para membros dentro e fora da comunidade.
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Gráfico 3: Dados sobre a participação em cooperativas ou associações.
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Com relação à origem da atividade (Gráfico 5), 100% dos entrevistados
responderam que sempre existiu artesanato na comunidade indígena Xucuru-Kariri,
porém eram produzidos para uso pessoal e ritualístico.
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Gráfico 6: Dados sobre a existência de espaço de trabalho.
Figura 11: Casa do Artesanato, residência e estabelecimento comercial do artesão Lourenço, Coité.
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Figura 12: Espaço de trabalho do casal Yachykoran e Luciana, Mata da Cafurna.
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Gráfico 8: Dados sobre a comercialização do produto.
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Com relação às limitações que possam interferir na produção artesanal
(Gráfico 10), 11,1% da amostra entrevistada citou a escassez de alguns materiais
típicos da região; 100% dos entrevistados explicaram que o maior problema é a falta
de reconhecimento da cultura indígena pelo mercado consumidor.
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Gráfico 11: Dados sobre o destino das sobras de materiais.
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Gráfico 13: Dados sobre o artesanato como principal fonte de renda.
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Olhe, o artesanato, ele me tirou de várias coisa. Vamos supor assim, ele
me fichou, me deu uma ocupação na minha mente. Porque antes quando
eu trabalhava pros outros, dia de hoje já tava ou curtindo ou ia jogar bola.
Entendeu? Não tinha responsabilidade. Eu com o artesanato tenho mais
responsabilidade. [...] Pense num amigo fiel que eu arrumei foi o
artesanato! (Lourenço, 19 de março de 2016).
MADEIRA
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Tabela 2: Descrição das madeiras identificadas durante as entrevistas com os artesãos.
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O Gráfico 15 ilustra os dados acerca do local onde as madeiras são
encontradas: 72% do material pode ser encontrado no próprio município de
Palmeira dos Índios; 17% do material é comprado em madeireiras e 11% provém do
município de Porto Real do Colégio, onde se encontra a comunidade indígena Kariri-
Xocó.
Como visto na Tabela 2, as madeiras que são retiradas pelos artesãos – seja
em Palmeira dos Índios, seja em Porto Real do Colégio – só podem ser coletadas no
período da “Lua Escura” (Lua Nova). Segundo os entrevistados, quando a madeira é
retirada fora deste período torna-se fraca e é atacada por “bichos”.
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Figura 13: Etapa de secagem das madeiras.
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Figura 14: Flechas e Porta Flechas durante a última etapa do processo produtivo artesanal.
OSSO
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Tabela 3: Descrição dos ossos identificadas durante as entrevistas com os artesãos.
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Figura 15: Adorno de osso.
PALHA
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Tabela 4: Descrição da palha identificada durante as entrevistas com os artesãos.
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PEDRAS
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Figura 17: Colar de pedra ametista.
PENAS
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Braçadeira
Brincos
Garça Região Não tem Cocar
Colar
Tererê
Braçadeira
Brincos
Gavião Região Não tem Cocar
Colar
Tererê
Guiné Região Não tem Brinco
Braçadeira
Brincos
Jaçanã Jacana Região Não tem Cocar
Colar
Tererê
Braçadeira
Brincos
Jandaia Aratinga jandaya Região Não tem Cocar
Colar
Tererê
Pato Região Não tem Brinco
Braçadeira
Brincos
Netta
Paturi Região Não tem Cocar
erythrophthalma
Colar
Tererê
Pau de cabelo
Peru Região Não tem
Zarabatana
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O processo produtivo varia de artefato para artefato. As penas podem ser
enlaçadas com barbante de algodão dando forma ao produto desejado, um cocar
por exemplo (Figura 18). Ou podem ser fixadas em outros materiais, como em
sementes (brincos) e madeira (zarabatana). O tempo de produção também varia de
acordo com o artefato, sendo o cocar o mais demorado – cerca de dois dias após o
processo pré-produtivo.
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Tabela 7: Descrição das sementes identificadas durante as entrevistas com os artesãos.
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Gráfico 16: Dados sobre os locais onde as sementes são encontradas.
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Figura 19: Etapa do processo de seleção em que as
sementes são separadas de outros subprodutos vegetais.
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Após o período de pré-produção ou de aquisição do material, iniciam-se as
etapas do processo produtivo do artesanato. Nesta etapa as sementes são furadas
de um extremo a outro com o auxílio de um furão – instrumento de metal adaptado
para esta finalidade (Figura 21). As sementes não passam pelo procedimento de
tingimento, com exceção das de açaí – que já são adquiridas com colorações
diferentes.
DIVERSOS
Além das madeiras, ossos, palhas, pedras, penas e sementes, foi criada uma
outra classificação de materiais que inclui outras tipologias que não se encaixavam
nas anteriores. Os materiais classificados como Diversos se encontram descritos na
Tabela 8.
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Tabela 8: Descrição dos materiais diversos identificados durante as entrevistas com os artesãos.
Material Nome Científico Onde é encontrada Período de coleta Produto final
Caramujo do Porto Real do
Não tem Colar
sertão Colégio
Anel
Coco Palmeira / Maceió Não tem Colar
Pulseiras
Cabaça
Região Maracá
de cambuca
Cabaça
Região Não tem Maracá
de coité
Cocar
Barbante de Palmeira /
- Não tem Colar
algodão Maceió
Pulseiras
Cocar
Barbante Palmeira /
- Não tem Colar
encerado Maceió
Pulseiras
Miçangas - Maceió Não tem Pulseiras
Presilha de
- Maceió Não tem Tererê
cabelo
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Gráfico 17: Dados sobre a origem dos materiais.
Quanto ao local onde o material é encontrado (Gráfico 18), 45% pode ser
encontrado no município Palmeira dos Índios – barbante de algodão, barbante
encerado, coco, cambuca e coité; 45% é encontrado em Maceió – barbante de
algodão, barbante encerado, coco, missangas e presilha de cabelo e 10% do material
é encontrado em Porto Real do Colégio – caramujo do sertão.
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A casca de caramujo é utilizada especificamente na confecção de colares. No
que se refere ao processo de pré-produção, é necessário selecionar as cascas que
são apropriadas para a confecção dos colares. Nesta etapa os artesãos analisam a
resistência à quebra dos envoltórios de caramujos (Figura 22). Após a seleção inicia-
se o processo de limpeza do material.
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Figura 23: Colar de caramujo.
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Figura 24: Etapas dos processos de pré-produção. A esquerda, cascas de coco durante a etapa de
secagem. A direita, artesão explicando a etapa de seleção das cascas.
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Para a confecção de maracas são utilizados dois tipos de cabaça, a de
cambuca e a de coité. Os processos pré-produtivos de ambos os frutos são
semelhantes e têm início com a remoção do fato de ambas as cabaças (Figura 36),
que em seguida são lixadas e lavadas. É importante ressaltar que a retirada do fato
do coité é mais trabalhosa, visto que a polpa deste fruto é mais consistente e está
fixada à casca.
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Figura 27: A esquerda cabaça de cambuca. A direita cabaça de coité.
Passada estas etapas, dar início aos processos produtivos – que são os
mesmos para os dois frutos. Com auxílio de um pirógrafo, os artesãos desenham
grafismos nas cabaças. Finalizados os adornos, os materiais são lavados e estão
prontos para a inserção das sementes e do cabo de madeira. Conforme os artesãos,
são utilizadas diferentes tipologias de sementes.
Alguns artesãos acrescentam mais uma etapa que diz respeito aos processos
de acabamento, que consiste na aplicação de uma resina retirada da mata que
proporciona brilho e durabilidade ao material. A Figura 28 apresenta duas maracas
finalizadas, uma confeccionada de cabaça de cambuca e outra de coité.
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Figura 28: A esquerda maraca de cambuca. A direita maraca de coité.
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4.3 Estudo de Caso | Coleta de Dados de Campo – Catalogação
Sobre esse assunto a artesã Koram explicou que a falta de valorização dos
produtos artesanais por parte dos consumidores vem desestimulando a
continuidade da atividade pelos índios mais novos. Nesse sentido, a pesquisa
apontou para três aldeias, dentre as oito existentes no Território Xucuru-Kariri, que
mantém o artesanato como atividade econômica: Coité, Fazenda Canto e Mata da
Cafurna (Figura 29).
BRAYNER, Natália Guerra. Patrimônio Cultural Imaterial: para saber mais / Brasília:
IPHAN, 2012.
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de Palermo, p. 177-250, 2015.
Roteiro de Entrevista
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