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Leis penais especiais – A1

Crimes hediondos – lei 8.072/90

 Divisão da lei:

A lei 8.072/90 é composta por 13 artigos, os quais veiculam normas de natureza material e processual. Assim, tem-se o
seguinte quadro:

 O art. 1º elenca em rol taxativo os crimes considerados hediondos;


 O art. 2º, I e II, proíbe a concessão de anistia, graça e indulto, bem como a concessão de fiança;
 O art. 2º, § 1º determina que a pena por crime hediondo será cumprida inicialmente em regime fechado;
 O art. 2º, § 2º acrescentado pela lei 11.464/2007, prevê que “a progressão de regime, no caso dos condenados aos
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário,
e de 3/5 (três quintos), se reincidente

 Sistemas de classificação das infrações penais como crimes hediondos:

a) Sistema legal (adotado pelo Brasil): cabe ao legislador enunciar, de forma exaustiva, os crimes que devem ser considerados
hediondos. Assim, por meio de um rol taxativo de crimes. Logo, se tal conduta delituosa for etiquetada como crime hediondo
pelo legislador, deve ser tratado como tal pelo magistrado.

b) Sistema judicial: leva-se em consideração os elementos do caso concreto, conferindo ao magistrado liberdade para
identificar a natureza hedionda de determinada conduta delituosa. Logo, a depender das circunstâncias gravosas do caso
concreto – por exemplo, gravidade objetiva da conduta, modo ou meio de execução, motivos e consequências do crime, bem
como a dimensão do bem jurídico lesado.

c) Sistema misto: ao invés de fornecer um rol taxativo de crimes hediondos, o legislador apresenta apenas um conceito,
fornecendo alguns traços peculiares dessas infrações penais. A partir dessa definição prévia de crime hediondo, caberia ao juiz,
então, enquadrar determinada conduta delituosa como hedionda.

O critério adotado pela legislação brasileira para rotular determinada conduta como hedionda é o sistema legal. De modo que
para saber se uma infração penal é ou não hedionda, incumbe ao operador tão somente ficar atento ao teor do art. 1º da lei.
8.072/90, que não pode ser ampliado com base na analogia nem por meio de interpretação extensiva.

Natureza não hedionda dos crimes militares: o art. 1º da lei 8.072/90 indica o nomen iuris da infração penal, colocando em
parênteses, na sequência, sua previsão legal. Senda essas previsões crimes que constam apenas do Código Penal, ao passo que
os dois únicos delitos hediondos previstos em legislação especial são o genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da lei 2.889/56) e o de posse
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da lei 10.826/2003) listados no parágrafo único do art. 1º da lei
8.072/90. Portanto, hediondo será apenas a infração penal prevista no Código Penal, na lei 2.889/56, ou na lei 10.826/2003,
jamais sendo tipificada em outro diploma legal. Logo, os crimes descritos no Código Penal Militar, mesmo que similares ao da
lei de crimes hediondos, não são hediondos.

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