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A Eleição e A Salvação
A Eleição e A Salvação
Israel:
Ezequiel 18:32 “Porque não tenho prazer na morte do que morre, diz o Senhor DEUS;
No entanto esta vontade de Deus em salvar o pecador incluía o próprio judeu porque se
corporativamente eram eleitos individualmente estavam perdidos pelo que tinham necessidade
de se converterem – “porque nem todos os que são de Israel são Israelitas” (Ro 9:6):
Ezequiel 33:11 “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio,
mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos
vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?”
Isto tornou-se ainda mais claro depois da rejeição do Messias, porquanto lemos:
Ro 11:28: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós (Igreja); mas, quanto
à eleição, amados por causa dos pais (Israel).”
Igreja:
1Tim 2:3-6: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,
Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos,
Tit 2:11 “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”
Custa a entender como é possível que perante a clareza destes textos ainda exista quem pense
que o nosso amado Senhor tenha escolhido uns para serem salvos deixando outros para a
perdição. Que mais é que o Senhor nos terá de dizer para compreendermos que o Seu desejo
mais ardente é salvar “todos os homens”?
A eleição nunca contemplou a salvação porque Deus não salva povos mas almas (a própria
conversão de Israel ao Messias passava pelo arrependimento e baptismo na água de cada
Israelita individualmente). São duas coisas completamente distintas. Um eleito para o ser tem
de se converter primeiro, e todos o podem fazer. Isto é a Graça de Deus na verdadeira acepção
da palavra. O nosso Deus é um Deus de graça
É muito claro na palavra de Deus o Seu ardente desejo em salvar almas, as quais para Ele valem
mais que o mundo inteiro: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a
sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” ( Mt 16:26). No entanto este
desejo de salvação em nada belisca os Seus planos eternos nem estes estorvam à Sua vontade
em salvar almas.
Conforme podemos ver pelo texto de Efésios 1 existem um conjunto de aspectos que fazem
parte, por decreto Divino, da vocação da Igreja e consequentemente da nossa eleição (por ex.: a
essência, o carácter, filiação, herança, pátria celestial, …) mas não encontramos qualquer
referência à salvação.
É contudo usual citar-se 2 Ts 2:13 para afirmar que Deus também nos elegeu para a salvação:
“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus
elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;”. De facto
embora apareça aqui a palavra “salvação” o facto é que ela não diz respeito à nossa alma mas
ao assunto tratado em todo o capítulo 2 desta epístola: a Grande Tribulação. O que ali diz é que
na Sua bendita graça o Senhor nos elegeu para nos salvar, à Igreja Corpo de Cristo, desse
período terrível que vai ser a Grande Tribulação. De facto este é também um dos factos
soberanos da eleição do povo celestial – que este não passaria pela Grande Tribulação. Não é
por mérito nosso ou como recompensa pelos serviços da Igreja enquanto povo mas porque
Deus assim decretou e definiu como um dos aspectos para que fomos eleitos. Refira-se aliás
que já em 1 Ts 5 quando o apóstolo trata o mesmo assunto ele tem o cuidado de ressalvar esta
verdade embora dito de outra forma: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a
aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, ( 1 Ts 5:9).
Ninguém pode negar a importância do atributo da presciência de Deus para o plano da eleição,
no entanto este não foi usado no sentido que tradicionalmente se entende de que o Senhor
sabendo antecipadamente os que se haviam de salvar, os terá escolhido para determinado fim.
Não que o Senhor não conheça antecipadamente o coração do homem, pois só Deus conhece
os intentos do coração humano, mas o facto é que Deus não escolheu ninguém para ser salvo
ou perdido. Pensamos que esta verdade exalta ainda mais a graça de Deus que não obstante a
Sua presciência relativamente a quem se salva e a quem se perde, continua a oferecer a
salvação a todos sem excepção e mais que isso permitiu que o Seu Filho amado morresse por
todos inclusive pelos que Deus sabia que se iam perder. Talvez isto nos ajude a compreender
um pouco melhor a dureza do castigo eterno sobre os que rejeitarem o Senhor e a Sua salvação.
A presciência de Deus, de que nos fala Pedro, relativamente à eleição consiste no facto de que
Deus na eternidade passada ter previsto o pecado na Sua criação celestial e terrena e ter
idealizado um “propósito … segundo a eleição” por meio do qual reconciliaria toda a criação
consigo mesmo: “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude
dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra;” (Ef. 1:10). De facto o
pecado não apanhou Deus desprevenido, antes com um plano para lhe dar resposta e isto
graças ao atributo da Sua presciência.
Mas perguntará alguém: não é Deus soberano para escolher uns para a salvação em detrimento
de outros? A nossa resposta é NÃO. Deus é soberano mas também é coerente e a coerência de
Deus é o limite da Sua soberania. Podemos mesmo dizer que Deus nunca passa por cima de Si
mesmo. O Seu ardente desejo em salvar almas impede-o de rejeitar à partida seja quem for.
Corroboramos esta verdade com um exemplo: Deus não é soberano para deixar de cumprir com
as Suas promessas quando nós lhe somos infiéis (o que até seria justo)? A palavra de Deus dá-
nos a resposta: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2Ti 2:13).
Nem a soberania Divina o pode fazer “negar-se a Si mesmo”. Escolher uns para serem salvos em
detrimento de outros seria “negar-se a Si mesmo”, ou negar o Seu próprio desejo declarado em
salvar almas.
Não queremos deixar de fazer um breve comentário ao capítulo 9 da epístola aos Romanos. De
facto uma leitura menos cuidada daquele texto pode-nos deixar a ideia de que o nosso amado
Senhor usa a Sua soberania de uma forma tirana. ‘ Compadecesse de quem quer, endurece a
quem quer, sem que a coisa formada possa dizer ao que a formou: porque me fizeste assim ’.
Mas a verdade é que o estudo atento do texto leva-nos exactamente à conclusão que acima
salientamos. De facto Deus nunca deveu nada ao homem para que este O questione – o homem
só tem que se queixar de si mesmo. Mas Deus é misericordioso mesmo para com os rebeldes
pelo que lemos: “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar
de misericórdia”. Mesmo em relação aos “vasos da ira” lemos: “E que direis se Deus, querendo
mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira,
preparados para a perdição;”. Preparados por quem? Por Deus? Não, por eles próprios. Deus
nunca contou com a perdição do homem pelo que os que se perdem não terão um destino
especifico para eles mas o “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” (Mt 25:41). É
verdade porém que Deus já endureceu os corações de muitos. mas nunca condenou nem
endureceu santos nem pessoas que o desejavam conhecer como seu salvador, apenas homens
ímpios cujos corações já à muito tinha dito não a Deus. Atentemos para os dois exemplos
citados naquele capítulo: Esaú, de quem falaremos mais adiante, e Faraó. Homens perversos
que tinham rejeitado o valor das coisas eterna a favor das temporais. Que dizer então se depois
de estes e muitos outros homens terem rejeitado totalmente o Senhor, Ele os endurecer e usar
para melhor se revelar e concretizar os Seus planos? Por isso podemos compreender melhor o
versículo que diz: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?”
O mesmo se passa com aquele texto das escrituras, tantas vezes incompreendido, de Ro. 9:11:
“Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal
(para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das
obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor.
Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos pois? que há
O que este texto diz é que Deus na Sua soberania escolheu Jacó e não Esaú para ser o patriarca
das doze tribos de Israel. Esaú não estava condenado por causa desta decisão de Deus, o que o
condenou foi a vida profana que ele sempre viveu. Pela sua vida compreendemos o porquê
desta decisão de Deus: Esaú como patriarca fazia perigar os planos de Deus relativos, aqui sim,
à eleição de Israel:
“(para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das
obras, mas por aquele que chama)”. Note-se que tanto na chamada de Jacó, David, Pedro e da
tribo de Judá o que sempre determinou a escolha foi sempre a vontade soberana de Deus de
acordo com o que o Senhor entendeu ser o melhor para levar até ao fim os Seus planos. E nisto
não há injustiça porque se os que não são chamados souberem com humildade se sujeitar à
vontade de Deus por certo que também poderão ser usados para a gloria de Deus noutras áreas.
É o que acontece num igreja local que está ordenada segundo Deus: quando o Senhor chama, ou
elege, um crente para ancião por exemplo, os não chamados não deixarão de ser abençoados
por causa disso, a menos que como Esaú se ensoberbeçam e se tornem profanos. Aí sim “Amei
a Jacó,- o escolhido – e aborreci a Esaú – o soberbo”
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