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A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

(Gl 2.16-21)

Em primeiro lugar, a justificação é um ato, e não um


processo (2.16). A justificação é um ato exclusivo de
Deus, e não uma obra humana. E um ato irrepetível,
completo e eficaz, e não um processo. A justificação
não possui graus, uma vez que o menor crente está tão
justificado quanto o maior santo. Todos aqueles que
creem no Senhor Jesus estão justificados de igual
modo, ou seja, nenhum cristão é mais justificado do
que outro. Se fôssemos justificados pelas obras, isso
implicaria um processo gradual.208
Em segundo lugar, a justificação tem na morte de
Cristo sua causa meritória (2.21). Não somos
justificados pelas obras da lei nem mesmo por causa da
nossa fé. Não somos justificados por aquilo que
fazemos para Deus, mas por aquilo que Deus fez por
nós. A única obra que Deus aceita como base da nossa
justificação é a obra de seu Filho na cruz do Calvário. O
sacrifício expiatório de Cristo é a causa meritória da
nossa justificação. Somos justificamos em virtude da
sua morte em nosso lugar e em nosso favor. Warren
Wiersbe ressalta que Deus justifica pecadores e não
“pessoas boas”.209 Paulo diz que Deus justifica o ímpio
(Rm 4.5). Contudo, ninguém é considerado justo com

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base em seu trabalho, mas sim por meio de sua fé em
Deus, que declara justos os pecadores.
Hb 12.2 – JESUS É O AUTOR E CONSUMADOR DA
NOSSA FÉ!
Os falsos apóstolos não rejeitavam a Cristo nem a fé,
mas exigiam que as cerimônias fossem juntadas a
ambos. Se Paulo tivesse admitido essa junção, eles
estariam perfeitamente de acordo, e não haveria
necessidade de perturbar a igreja com esse debate
desagradável.210 A justificação, como ato judicial de
Deus, não descansa nas obras do homem (Rm 3.20,28),
nem mesmo na fé como uma obra do homem (Ef 2.8),
mas unicamente na graça soberana de Deus em Cristo.
Rm 3:20 +Pois ninguém será declarado justo diante
de Deus por fazer o que a lei ordena. A lei
simplesmente mostra quanto somos pecadores.
Rm 3:28 +Portanto, somos declarados justos por
meio da fé, e não pela obediência à lei.
Ef 2:8 +Vocês são salvos pela graça, por meio da fé.
Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus.
Somente a obra mediadora consumada por Cristo
provê a base legal em virtude da qual a justificação do
homem chega a ser possível e também um fato real.
Cristo satisfez completamente as demandas da lei de
Deus; não só pagou nossa dívida, mas também rendeu

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a obediência que nós mesmos devíamos (3.24; Rm 3.24;
Ef 1.7).
Gl 3:24 +Em outras palavras, a lei foi nosso
guardião até a vinda de Cristo; ela nos protegeu até
que, por meio da fé, pudéssemos ser declarados justos.
Ef 1:7 +Ele é tão rico em graça que comprou nossa
liberdade com o sangue de seu Filho e perdoou nossos
pecados.
Conceito
Para o ramo do Direito Civil, a remissão possui o
significado de perdão da dívida. É considerada uma
forma de extinção da obrigação. A remissão implica a
extinção da relação obrigacional por meio do perdão.
O credor perdoa o devedor do que é devido e a
obrigação se extingue.

A remissão pode ser quanto ao seu objeto: total ou


parcial.

Remissão total: ocorre quando se é perdoada


completamente a dívida. Como, por “A” deve 4
milhões de reais de “B”, e “B” realiza a remissão total
da dívida, perdoando “A” do pagamento da dívida.

Remissão parcial: ocorre quando apenas por uma


parte da dívida. Como por exemplo “A” deve 4
3
milhões de reais a “B”, e “B” realiza a remissão de 2
milhões de reais, ficando “A” devedor de 2 milhões
de reais.

A remissão pode ser quanto à forma: expressa,


tácita ou presumida.

Remissão expressa: ocorre quando o credor


remitente perdoa a dívida de forma escrita, verbal.
Como, por exemplo “A” realiza uma declaração, por
meio de um documento particular, perdoando a
dívida de “B”.

Remissão tácita: quando o credor desenvolve uma


conduta que faz inferir que ele perdoou a dívida.
Como, por exemplo “A” é credor de 2 milhões, “B”
paga 400 mil reais a “A” e “A” lhe dá um recibo no
valor de 2 milhões. Assim, tacitamente o “A” está
remindo 1 milhão e 600 reais. Pois recebeu só 400 mil
e deu um recibo dizendo que recebeu os 2 milhões.
Remissão presumida: é aquela determinada na lei.

G0859 αφεσις aphesis


de 863; TDNT - 1:50 9,88; n f
1) livramento da escravidão ou prisão

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2) remissão ou perdão, de pecados (permitindo que
sejam apagados da memória, como se eles nunca
tivessem sido cometidos), remissão da penalidade
Em terceiro lugar, a justificação tem na fé sua causa
instrumental (2.16). Somos salvos não pela fé, mas pela
graça mediante a fé. A fé não é a causa meritória, mas a
causa instrumental da justificação. “A justificação não
procede da fé assim como não procede das obras, mas
é apropriada pela fé”.212 Apropriamo-nos do que Cristo
fez por nós pela fé. A fé é a mão estendida que recebe o
presente da vida eterna. Os judaizantes, entretanto,
pleiteavam uma justificação fundamentada em Cristo
e nas obras. Paulo, porém, nada sabia a respeito dessa
semi-justificação.
A fé é receptiva, mas não passiva (Jo 3.16; Fp 2.12,13).
"Desenvolvei a vossa salvação" (Fp 2:12) não é o
mesmo que "conquistai a vossa salvação".
Em primeiro lugar, Paulo está escrevendo a leitores
já "santos" (Fp 1:1), ou seja, que já aceitaram a Cristo e
foram separados para ele. O verbo "desenvolver" tem o
sentido de "trabalhar até a consumação", como  quem
trabalha em um problema de matemática até chegar ao
resultado final. No tempo de Paulo, esse termo também
se referia a "trabalhar em uma mina" extraindo dela
o máximo possível de minério valioso, ou "trabalhar
em um campo" obtendo a melhor colheita possível. O
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propósito que Deus deseja que alcancemos é a
semelhança a Cristo, "para [sermos] conformes à
imagem de seu Filho" (Rm 8:29). A vida acarreta
problemas, mas Deus nos ajuda a lidar com eles. Assim
como uma mina ou um campo, nossa vida tem um
potencial tremendo, e Deus quer nos ajudar a usar esse
potencial ao máximo.
Em quarto lugar, a justificação tem nas obras sua
consequência óbvia (2.19). Não somos salvos pelas
obras, mas para as obras. As obras não são a causa da
nossa justificação, mas seu resultado. Somos salvos
pela graça somente pela fé, mas a fé salvadora nunca
vem só. A fé sem obras é morta. As obras são a
evidência da nossa justificação.
Precisamos fazer aqui uma distinção entre
justificação e santificação. A justificação é um ato, e a
santificação é um processo. A justificação acontece fora
de nós, e a santificação ocorre dentro de nós. A
justificação acontece no tribunal de Deus, e a
santificação se dá em nosso coração. A justificação é
uma questão de imputação (pôr na conta de): a culpa do
pecador é imputada a Cristo, e a justiça de Cristo é
imputada ao pecador (2Co 5.21). 2Co 5:21 +Pois Deus
fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por
nosso pecado, para que por meio dele fôssemos
declarados justos diante de Deus.
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A santificação é uma questão de transformação (2Co
3.17,18). Na justificação o Pai toma a iniciativa (Rm
8.33); na santificação o Espírito Santo é o agente (2Ts
2.13). A justificação é um veredicto judicial dado de
uma vez para sempre; a santificação é um processo que
continua toda a vida.215
É importante ressaltar ainda que justificação e
santificação são distintas, mas não separadas.
Ao justificar o pecador, Deus pode ser considerado
como o juiz que preside um tribunal de justiça. O
prisioneiro está assentado no banco dos réus. O juiz
absolve o prisioneiro, declarando-o justo e livre de
culpa. Mas a história não termina aqui. O juiz volta-se
para esse homem livre, agora, adota-o como filho,
concedendo-lhe seu Espírito (4.5,6; Rm 8.15). Aqui é
onde justificação e santificação se encontram, porque a
pessoa justificada, por pura gratidão e por meio do
poder capacitador do Espírito Santo, começa a lutar
contra seus pecados e a realizar boas obras para a
glória do seu Juiz e Pai. As boas obras jamais justificam
a ninguém, mas não é menos certo que nenhuma
pessoa justificada quer viver sem elas (Ef 2.8-10).216

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