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O Caminho Para a Santidade

“Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o
amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois
fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a
palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Pois toda carne é como a erva, e toda a
sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor,
porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.
Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda
sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno
leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já
tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. Chegando-vos para ele, a pedra que
vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós
mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio
santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de
Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular,
eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós
outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, a pedra que
os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço
e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o
que também foram postos. Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo,
mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia” (1 Pedro 1.22-2.10).

Muitos crentes hoje adoram cantar corinhos de louvor sobre santidade, mas a maioria
não tem a mínima idéia de como obter a santidade sobre a qual cantam. Nossas igrejas
experimentam uma grande incoerência entre o sentimento e a realidade, entre a emoção
de domingo e o comportamento durante a semana. Como alguém se torna santo?

Escrevendo aos crentes que passavam por severos testes de sua fé, o apóstolo Pedro
exortou os cristãos à santidade como um meio apropriado para suportar suas provas.
Em vez de deixar uma recomendação fácil, ele instou: “Segundo é santo aquele que vos
chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pe
1.15). Você pode perguntar: como alguém realiza isso? Em 1 Pedro 1.22-2.10, o
apóstolo dá as explicações.

Amar Intensamente (1 Pe 1.22-25)

Pedro não iniciou com a razão. Em vez disso, ele começou com o coração: “Amai-vos,
de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22). Amar significa colocar o bem-
estar de alguém acima do seu. Há muitos anos, quando meus filhos eram pequenos, eles
encontraram dois gatinhos sarnentos perdidos na vizinhança. Minha mãe, que estava nos
visitando, detestava gatos. Apesar disso, seu amor por seus netos a impeliu a ajudá-los
a dar mamadeira aos gatinhos, para que recuperassem a saúde. Fiquei impressionado
com o gesto de amor.
Deus é santo e completamente único em Sua habilidade e inclinação a amar: “Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Os filhos de Deus tornam-se
santos, separados para Ele, quando seguem Seus passos e amam aos outros.

Ardentemente indica a natureza zelosa de amar como Deus ama. Esse mesmo advérbio,
traduzido como “intensamente” em Lucas 22.44, demonstra a intensidade envolvida:
“E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou
como gotas de sangue caindo sobre a terra”.

Existem três razões para amar ardentemente. Primeiro, porque é assim que Deus ama.
Segundo, porque esses crentes haviam feito um compromisso: “tendo purificado a vossa
alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido,
amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22). Como eles já haviam
abandonado o egoísmo, Pedro os instigou a praticarem aquele compromisso. Terceiro,
porque foi para isso que eles haviam nascido: “Pois fostes regenerados não de semente
corruptível (perecível), mas da incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e
é permanente” (1 Pe 1.23). Poderíamos dizer que nascemos (de novo) para amar. Não
devemos mais viver na velha natureza, mas na nova, que é nascida em Deus e moldada
segundo o próprio Jesus. Amar fervorosamente uns aos outros manifestará quem
realmente somos. Aqueles que nasceram de semente imperecível devem manifestar um
amor imperecível.

Por que Pedro começou falando sobre o amor? Porque o amor é o que deve mover as
relações. O conhecimento sem amor produz a arrogância (1 Co 8.1). A obediência
sempre pavimenta o caminho para a instrução. O amor deve preceder o aprendizado
para que cresçamos em santidade. O exercício é espiritual, em vez de acadêmico, o
que pode explicar porque há tanta imaturidade em nossas igrejas, apesar da abundância
de ensino bíblico e materiais para estudo bíblico. A maturidade depende não somente
de aprendizado, mas de amor.

Aprender Avidamente (1 Pe 2.1-3)

Em seguida, Pedro disse aos seus leitores para que aprendessem avidamente:
“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda
sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno
leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pe 2.1-
2).

Nada produz mais fome do que o trabalho pesado. Amar ativamente nossos irmãos deve
produzir fome por ensino adicional. Porém, por que Pedro teria que ordenar este desejo
pela Palavra? Aparentemente alguns procuram respostas em outros lugares para o
sofrimento envolvido em amar seus irmãos. Talvez, alguns procuram em psicologia
humana, manipulação interpessoal ou idéias mundanas de autopreservação.

Entretanto, as Escrituras nos dizem para confiarmos em nosso alimento natural. Aqui, a
imagem de uma mãe amamentando é forte. O leite materno é para uma criança o que a
Palavra de Deus é para um crente. Todos percebem quando há um bebê faminto. Sem
malícia, engano ou hipocrisia. Nascemos de novo da Palavra de Deus (uma semente
imperecível), e devemos desejar o leite da Palavra. Devemos ser como os recém-
nascidos.

Esse desejo deve substituir as atitudes erradas. Sem dúvida, alguns responderam
inapropriadamente ao desafio de amar aos outros. A expressão despojando é sempre
usada no Novo Testamento para a substituição de algumas atitudes. A maldade e o dolo
lembram que o desejo mau e o engano havia penetrado nos relacionamentos
interpessoais entre irmãos. A hipocrisia e a inveja indicam a presença do ciúme e a falta
da transparência. A palavra maledicências mostra que esses sentimentos foram
revelados publicamente, como em uma típica família em que o amor é forçado até o
ponto de ruptura.

Pedro ordenou esse desejo pela Palavra, porque o anseio por uma dieta saudável deve
ser cultivado. Deixando todo comportamento maldoso, podemos, então, consumir a
Palavra de Deus – nosso alimento natural – como o leite em um lar cheio de crianças.

Nosso apetite pela Palavra de Deus deve ser cultivado. Os crentes que experimentaram e
viram que o Senhor é bom não devem permitir que comidas prejudiciais destruam seu
desejo por alimentação verdadeira. Se você perdeu seu apetite pela Palavra de Deus,
recultive-o lendo sua Bíblia regularmente. A obediência (amar ardentemente) e a fome
espiritual (aprender avidamente) produzem santidade.

Trabalhar Entusiasticamente (1 Pe 2.4-10)

O terceiro passo em direção à santidade é o exercício: “Chegando-vos para ele, a


pedra que vive... também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual” (1 Pe 2.4-5). O contexto sugere uma ordem suave. Alguns lêem a expressão
sois edificados como “deixem-se ser edificados”, enquanto outros invertem o
significado como “edifiquem a si mesmos”. Claramente, essa edificação é resultado dos
crentes “chegarem-se para Ele”. Portanto, devemos estar disponíveis para o serviço,
como participantes do sacerdócio real que Jesus está edificando.

A Lei de Moisés estabeleceu o sacerdócio levítico para servir à nação de Israel em uma
casa física (o Templo). O novo princípio identifica cada crente como um sacerdote em
uma casa espiritual. Porém, esse “sacerdócio de crentes” não significa que somos
sacerdotes em isolamento. Cada crente é uma “pedra viva” em uma “casa viva”, que é
um sacerdócio santo. Devemos trabalhar entusiasticamente, porque a integridade da
casa depende de cada pedra.

A casa viva desse plano é a Igreja. Israel falhou temporariamente no que se refere à
vinda de seu Messias pela primeira vez. Então, até que Ele retorne, Jesus é a pedra
angular de uma casa espiritual – Sua Igreja – que Ele disse que edificaria (Mt 16.18).

Esse templo vivo e santo é o meio pelo qual Deus glorifica a Si mesmo neste mundo, até
o dia em que Ele reconstruirá o Templo de Israel para o Reino do Messias. Todos os
crentes genuínos, tanto judeus quanto gentios, devem trabalhar juntos para oferecer
“sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pe 2.5).

Esse caminho para a santidade é essencial, portanto, para a Igreja, porque essa
“geração escolhida” temporária, chamada também por Pedro de “raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”, tem o propósito
de proclamar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz” (1 Pe 2.9).

Até que os ramos naturais (o povo judeu) sejam enxertados na sua própria oliveira (Rm
11.24), os ramos da oliveira brava (gentios) devem viver e trabalhar juntos de um modo
que reflita a glória e a santidade de Deus ao mundo. Portanto, não deixe que suas
provações o distraiam no caminho para a santidade.

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