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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE – FAVENI

Paulla Christina Vieira Lima

CÓDIGO DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: desafios com o cenário de


descrença da população brasileira.

São Luís/MA
2021
PAULLA CHRISTINA VIEIRA LIMA

CÓDIGO DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: desafios com o cenário de


descrença da população brasileira.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Venda Nova do
Imigrante – FAVENI como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Especialista em Administração Pública e
Gestão de Pessoas.

São Luís/MA
2021
Código de Ética no Serviço Público: desafios com o cenário de descrença da
população brasileira.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Venda Nova do
Imigrante – FAVENI como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Especialista em Administração Pública e
Gestão de Pessoas.

Aprovada:
RESUMO

O presente trabalho objetiva abordar o impacto do Código de Ética na conduta


do servidor dentro do contexto da Administração Pública, considerando a
importância da construção de um ambiente sólido, pautado em valores,
condutas e respeito ao próximo. Sabendo o quanto as questões éticas tem
visibilidade dentro do contexto organizacional, inclusive porque o tema
corrupção e os escândalos decorrentes dela, com a internet e a divulgação das
notícias em tempo real facilitanto o acesso e conhecimento da comunidade,
estão cada vez mais presentes e recorrentes nas nossas vidas. Este traballho
tem o intuito de abordar a importância dos cumprimentos legais pertinentes ao
Código de Ética nas relações e produtividade do trabalho do servidor público
dentro do contexto da Administração Pública.

PALAVRAS-CHAVE: Código de Ética. Administração Pública. Ética. Valores.


Corrupção. Servidor Público. Produtividade.
1 INTRODUÇÃO

Vivemos tempos de descrédito da sociedade no tocante à conduta


ética das pessoas investidas em cargos públicos, especialmente os políticos. É
rotina dos noticiários, nos mais diversos meios de comunicação, a divulgação
de práticas e condutas relacionadas à corrupção em todos os níveis e poderes.

De acordo com Mário Sergio Cortella, é impossível pensar em ética


sem pensar em convivência, seja em relação a outras pessoas, ao mercado ou
ao serviço, nesse caso, o público. Nessas relações as pessoas, de uma forma
geral, possuem autonomia, mas não soberania; não agem por instindo, mas
são reflexivas, decidem, possuem juízo de valor. A ética faz parte do cotidiano
das pessas, seja nas relações pessoais ou profissionais; falamos e exigimos
que ela faça parte do comportamento humano, político, ecônomico e social,
mas nem sempre sabemos o significado e origem. Ética vem do grego éthos e
significa hábito; e muitas vezes a utlizamos como sinônimo de moral, que vem
do latim mos e que também significa hábito. Etimologicamente é apenas a
preferência a uma ou outra palavra.

Socialmente estamos envoltos de valores e normas. Não há uma


liberdade ilimitada das pessoas, sob pena de responsabilidade. Esses valores
morais e os princípios éticos determinam uma convivência harmoniosa em
sociedade, o agir em coletividade, presumindo a existência de um agente
consciente. A conduta ética ultrapassa as relações sociais, e chega com força
na Administração Pública, inclusive, sendo um tema recorrente e importante,
além de sempre atual, considerando a descrença da população com as notícias
rotineiras de corrupção envolvendo agentes públicos, especialmente na política
nacional.

Não se pode deixar de considerar que a gestão pública é monitorada


pela ação da sociedade, que pressionam o poder público pela veracidade dos
fatos e uma conduta adequada aos preceitos legais e exercício da função de
seus agentes; já que o padrão publicamente aceito precisa ser, sobretudo,
ético, corroborando por uma conduta impecável.
2. Desenvolvimento

Ter uma conduta ética é saber construir relações em que estejam


inserido um conjunto de valores no contexto do ambiente de trabalho, no
exercício da função pública e no trato com a coisa pública.

Em 1994 foi publicado o Decreto nº 1.171 – Código de Ética


Profissional do Servidor Público Federal, que determina que órgãos e
entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta, criem suas
normativas próprias no tocante a ética na Administração Pública, bem como
suas Comissões de Ética.

Considerando o mínimo de moral para que o homem viva em


sociedade e, também, que a publicação do Código de Ética do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal sujeita os seus agentes a normas específicas,
ao servidor público não cabe afastar o elemento ético de sua conduta; o que
significa não ter que decidir somente entre a legalidade ou ilegadade, se está
sendo justo ou injusto, se a situação é conveniente ou não, mas,
principalmente, entre ser honesto e desonesto, como preceitua a Constituição
Federal em seu artigo 37, caput, e § 4º.

O decreto determina deveres e vedações aos servidores públicos que


objetivam garantir a idoneidade dos servidores públicos no exercício de suas
funções e/ou fora dela, observando sempre alternativas que sejam mais
vantajosas para a coletividade. Essa preocupação na garantia da conduta ética
se justifica no capítulo I, seção I, II e III do Decreto nº 1.171/94, sendo eles:

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos


princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor
público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos,
comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da
honra e da tradição dos serviços públicos. II - O servidor público não
poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as
regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção
entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é
sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade,
na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade
do ato administrativo.

Obviamente que a simples existência do Decreto não descarta a


necessidade de controle e fiscalização quanto à conduta dos servidores
públicos, bem como reforça a necessidade de desenvolvimento através de
ações de treinamento e campanhas educativas, por exemplo. A ética não
compreende somente os resultados; estes são consequências das ações e
princípios de uma gestão e tudo isso passa necessariamente por um processo
de educação, formação consciente do cidadão; mas que pelo histórico que o
país possui da atuação de seus agentes públicos e políticos, certamente não
tivemos a educação como o mais forte e apropriado instrumento de formação.

Com o aumento e publicidade dos casos de corrupção envolvendo


servidores públicos, a Secretaria Geral da Presidência da República tem
promovido enquetes com servidores federais em todo território nacional
objetivando apresentar à Comissão de Ética Pública da Presidência da
República proposta de revisão do Código de Conduta da Alta Administração
Federal e do Código de Ética dos Servidores Públicos Civis do Poder Executivo
Federal, tendo sido criado, inclusive, um grupo interministerial para embasar as
recomendações apuradas na enquete. A partir da participação dos agentes
públciso o Grupo de Trabalho pretende sistematizar a percepção, expectativas
e anseios dos servidores públicos federais. Além da enquete de iniciativa do
GT, a Controladoria Geral da União lançou pesquisa para ajudar a entender
melhor a experiência dos agente públicos federais a respeito dos desafio éticos
que enfrentam no dia a dia do trabalho no serviço público.

Ainda dentro desse processo de promoção da atuação ética no serviço


público, foi lançado, pelo Ministério da Economia um Manual de Conduta, que
visa garantir a adequada e eficaz prestação do serviço público ou desempenho
das atividades administrativas essenciais ao atendimento das necessidades da
sociedade. Tendo a não observância das condutas a possibilidade de
responsabilização administrativa.
Dentro desse contexto, é importante frisar a conduta ética de gestores,
que não a levam em consideração e fazem uso do cargo para benefício
próprio, ampliando os casos de corrupção, propina, abuso de poder, desvio de
recursos públicos, uso da máquina e tantas outras ações comuns nos
noticiários e que tornam cada vez mais difícil a credibilidade no serviço e no
servidor público.

Entre as reclamações mais comuns está o atendimento, ligando-o a


fatores como falta de competência, falta de empatia, morosidade e descaso. E
a continuidade desse tipo de comportamento se dá justamente pela ausência
de punição. As chefias imediatas que, muitas vezes ocupam cargos de
confiança, se eximem de tomar as providências necessárias; sem falar que
cargos em comissão funcionam como “moeda de troca” política, prática muito
comum no Brasil, em todas as esferas de governo. Muitas vezes essas funções
de chefia são ocupadas por pessoas sem a qualificação que o cargo ou função
exigem, apenas como cumprimento de alguma promessa de campanha, ou
mesmo uma troca de favor, cumprindo tão somente o compromisso político.

A fragilidade na formação de gestores públicos, demonstrada no


comportamento vulnerável e corruptível, deixam claro como a falta de
conhecimento originário para o exercício do cargo e ações de treinamento
torna o serviço público discrente.

A ética traz a consciência de que o bem público é coletivo e precisa ser


tratado com compromisso. Em contrapartida, mesmo os servidores públicos de
carreira, aqueles aprovados em concurso público de provas ou de provas e
títulos, desconhem muitas das normas que regem as relações morais dentro
das organizações públicas. Desta forma, é necessário que campanhas e ações
de formação por parte dos gestores, sejam eles setoriais ou gerais, sejam
intensificadas, passando a ter, na prática, uma obrigatoriedade do
conhecimento e aplicação dos preceitos legais; ja que a falta de informação
contribui para a violação dos direitos dos cidadãos.

2.1 Ética na Administração Pública


O histórico do Brasil no tocante a corrupção é triste e desanimador,
somos refens da corrupção e da politicagem; parece até que somos
consequência dessas ações, e isso reverbera, inclusive, na imagem negativa
que recai sobre nós mundo afora, e mais recentemente ocupamos posições
nenhum poucos satisfatórias nesse quesito.

Desde as gestões dos menores municípios do país até a esfera


máxima do Executivo nacional, há uma crise generalizada de inversão de
valores. A incompetência e falta de compromisso dominante na Administração
Pública tem trazido à população brasileira descrença, ações que destroem os
pilares da ética na Administração Pública; e dessa forma é impossível
sobreviver com qualidade de vida quando a corrupção é prioridade nos cofres
públicos, o enriquecimento ilícito determina as ações dentro de um governo. É
a supremacia dos cofres pessoais sobre os cofres públicos.

A corrupção no Brasil é cultural e tem relação direta com o


desenvolvimento econômico, social e político do país. E talvez por isso, os
países classificados como os mais corruptos do mundo são também os mais
pobres. Dentro dessa realidade que nos assola, é preciso considerar que o
servidor corrupto não vai contra, somente, às atribuições, direitos e deveres do
seu cargo; mas trai a sociedade que confiou na sua idoneidade e probidade
quando deu a ele poderes de representação. Quando inseridos no cargo
público, o servidor passa a ter encargos que se confundem, naturalmente, com
os do Estado, devendo, portanto, atender ao bem comum em primeiro lugar.

Recentemente o país viveu dois grandes capítulos da “novela


corruptiva” da política, o Mensalão e a Lava Jato, que são crises decorrentes
de sucessivas transgressões da representatividade social, e ainda dentro
desse contexto de investigação e justiça, observamos o interesse pessoal em
supremacia. Assim, o envolvimento de políticos e outas figuras importantes
indicam o quanto as nossas representatividades políticas, jurídicas e sociais
perderam, quase que na totalidade, a sua credibilidade.

Nas palavras precisas de Celso Antonio Bandeira de Mello “violar um


princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer”. Os
princípios são basilares, alicerces e a sua desatenção ofende a todo o sistema
de comandos, sendo uma das mais graves formas de ilegalidade ou
inconstitucionalidade. E com tudo isso nos perguntamos, e como ficam os
princípios elencados na Constituição Federal?

O Estado não é so o guardião da Constituição e isso não deve soar


como algo poético, mas fundamental quando se falar em assegurar direitos.
Juntamente ao papel de guardião devem estar uma postura legal, ética, moral
e eficiente, é o estado, adotando essa postura, quem vai garantir o
cumprimento dos interesses coletivos, objetivando o bem-estar coletivo e
social. E dessa forma não existe a possibilidade de disassociar princípios de
ações e políticas públicas, pois são a base e determinantes no alcance dos
objetivos sociais. E são esses desvios de finalidade que revelam que o
problema não é falta de recurso público, mas a forma como ele é empregado,
longe de suprir as necessidades pessoais.

A sociedade precisa que a Administração Pública faça valer os


princípios basilares da Constituição, é determinante que as ações de governo
estejam pautadas na moralidade, ética e eficiência. O agir com ética dentro da
esfera governamental, em um país tão desigual e descrente como o Brasil,
significa trazer esperança para uma vida digna e de bem estar social. Mas
infelizmente a corrupção viralizou a ponto de não termos oções viáveis de
referência de boa gestão e cuidado com a coisa pública.

Obviamente que generalizar a atuação do servidor público não é o


caminho e nem é justo, mas a realidade é que cada vez mais os servidores
públicos tem uma imagem negativa perante a sociedade. Participação em
escândalos de corrupção, desvios de verbas, fraudes são alguns dos exemplos
que esses agentes figuram entre os atores. E a punição sempre parece algo
distante ou impossível de acontecer, sobretudo em quem ocupa o alto escalão
dos governos.

Há que se destacar que a baixa remuneração, os salários congelads e


condições precárias de trabalho são algumas das causas que dificultam o
servir bem à população. E nesse momento a consciência moral deve pautar
sua conduta ética, considerando que existe uma expectativa social, familiar, no
tocante à sua conduta.
3. Conclusão

O Código de Ética precisa ser uma realidade no proceder dos


servidores dos órgãos públicos no país, tem a Administração Pública que fazê-
lo obrigatório, incentivando o cumprimento das normas e deveres nele
estabelecidos, considerando que para que as condutas éticas funcionem, os
gestores precisam fazer os princípios estabelecidos nas suas ações e ações de
seus subordinados.

O famoso “jeitinho brasileiro” tomou espaço dos valores nas


organizações, e é esse jeitinho que se aproveita de verbas e bens públicos
para proveito pessoal. E somente a população pode mobilizar e impedir que
essas ações continuem acontecendo, uma intervenção necessária e urgente
contra a corrosão que a corrupção trouxe ao Estado brasileiro.

A ética deve sobrepor à gestão. Não deve-se temer a gestão e a figura


dos gestores, mas a ética e as consequências do não cumprimento de seus
deveres. A ética é a ferramenta que leva à eficiência e aperfeiçoa as ações
públicas, devendo, portanto, ser uma prática diária, cultural e necessária para a
melhoria dos serviços prestados e, consequentemente, do bem estar social no
país.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do


Poder Executivo Federal Decreto Nº 1.171, de 22 de junho de 1994

Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado,


1998

Lei de Acesso à Informação Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.


Regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas

Consequências Políticas da Corrupção Estrutural. Artigo publicado


em 01/09/2020. Disponível em: <
https://www.justificando.com/2020/09/01/consequencias-politicas-da-corrupcao-
estrutural/> Acesso em 30Jun21.

CORTELLA, Mário Sérgio. Ética e vergonha na cara. 1. ed. São


Paulo: Papirus 7 Mares, 2014

MEDEIROS, Alexsandro. Ética e Política. Site Sabedoria Política.


Amazonas, publicado em abril de 2016. Disponível em: <
https://www.sabedoriapolitica.com.br/etica-e-politica/>. Acesso em 05Jul21.

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