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O sexto episódio da série, “O Surgimento do Eu”, retrata a jornada de

desenvolvimento de um bebê desde sua concepção até os primeiros anos de vida, ao se


tornar quem ele é. Quando nasce, o ser-humano é completamente dependente de um
cuidador para que possa sobreviver. À medida em que a criança cresce, o cuidador deve
promover sua independência. Para isso, o ambiente deve se apresentar como suficiente
bom, o qual atenda às necessidades da criança, sejam elas fisiológicas ou emocionais.
Logo no início, Vera Iaconelli - psicanalista e diretora do Instituto Gerar - nos
fala sobre a importância do afeto no desenvolvimento do bebê, enfatizando que este se
torna um sujeito a partir da relação estabelecida inicialmente com seus cuidadores. No
princípio, a criança não tem noção da realidade exterior, o mundo é ela própria,
envolvida com suas sensações e emoções. Quando as experiências de frustração e
ansiedade vão sendo repetidamente aliviadas por alguém, a criança começa a ter noção
de uma realidade externa, inicialmente representada pelo seio de sua mãe. Depois, ela
vai progressivamente percebendo o outro de maneira parcial, primeiramente o seio, o
cheiro, a voz, até finalmente formar a noção de uma pessoa total. Na relação de
aleitamento, o bebê vai internalizando a disposição afetiva da mãe em relação a ele, e,
assim, vai criando internamente uma representação mental daquele "objeto".
No decorrer do episódio, o psiquiatra Stanislav Grof comenta sobre a importância
da mãe - ou de quem faz esse papel - na estruturação indivíduo: “A mãe é a primeira
amostra de humanidade com a qual a criança tem contato. Assim, a relação com a mãe
determina quais mundos o bebê vai habitar e quanto apoio ele poderá esperar das
pessoas.” (O COMEÇO…, 2016, episódio 6). É possível notar uma aproximação com a
teoria psicossocial de Erik Erikson, a qual diz que o desenvolvimento humano é
permeado por crises que se dão ao longo da vida do sujeito. Na primeira infância, por
exemplo, o tema crítico é confiança básica versus desconfiança, que diz que o
desenvolvimento pleno da criança só ocorrerá se ela desenvolver confiança nas pessoas
e no mundo em que ela está interagindo. Com uma resposta de segurança e afeto dessas
pessoas e desse mundo, a criança saberá a quem recorrer e isso será transferido para
suas futuras relações afetivas, que tenderão a ser de apego seguro. Caso a resposta
obtida por ela seja negativa, poderá ser gerada a desconfiança básica, que refletirá no
apego inseguro.
Levando em conta tudo que foi exposto, pode-se concluir que a relação afetiva
estabelecida entre o sujeito e quem exerceu a função parental é primordial para a sua
constituição. Ao longo do desenvolvimento, sua identidade e futura percepção de
mundo serão moldadas tendo como base o vínculo inicial com esse outro.

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