I Conferência Internacional de Psicologia Obstétrica
Palestra: Pré Natal do Pai (Felipe Favorette Campanharo)
A gravidez do pai é psicológica. A paternidade e a masculinidade vieram se
transformando ao longo dos anos. Homens no Brasil vivem em média sete anos a menos que mulheres, são maioria nas mortes violentas, por isso é necessário falar sobre saúde do homem, ter uma Política de Saúde voltada aos homens. Geralmente, homens procuram o sistema de saúde após ter um problema já instalado e evoluindo insatisfatoriamente, não buscam a prevenção, isso gera agravo da morbidade, maior sofrimento para eles e suas famílias, menor possibilidade de resolução e maior ônus para o SUS. Muitas doenças poderiam ser evitadas se os homens buscassem mais a Atenção Básica. Na gestação, a mulher passa por várias consultas e exames, geralmente faz exercícios físicos e tem seu ganho de peso monitorado, visando sua saúde e a saúde do bebê. Mas os pais, embora não estejam gestando de fato seu filho, faz parte desse processo, vai ter uma participação ativa nos cuidados do filho e da própria esposa, que necessitará de sua ajuda intensa. Além disso, as mudanças de rotina da casa também o afetarão diretamente, como a privação de sono, pode ainda manifestar alta ansiedade O Ministério da Saúde criou o Pré-Natal do Parceiro em 2016, de forma a cuidar do homem, focalizar em suas necessidades físicas e emocionais. Além disso, aproveita- se a presença do pai nos equipamentos de saúde devido à gravidez da esposa para direcioná-lo a passar por atendimento clínico, fazer exames laboratoriais de rotina, checar cartão de vacinas e vacinar, promove-se discussão de temas de interesse masculino, estimular a paternidade ativa no parto e puerpério (amamentação e cuidados com a criança). Dessa forma, se dá abertura para esse homem cuidar de sua saúde e ao mesmo tempo orientá-lo quanto às transformações que a gestação e o puerpério gerarão em toda a família e como ele deve participar como pai, utilizando algumas práticas para despertar empatia no homem quanto ao que a mulher está passando, usa-se, por exemplo, uma “barriga falsa” que se coloca no homem por um período para ilustrar o peso e incômodo da barriga; alguns eletrodos são colocados na barriga do homem para simular as contrações do parto. Pesquisas mostram que 30% dos pais não acompanharam o nascimento dos seus filhos, apesar de muitas ações serem realizadas para estimular essa participação, ainda é muito expressivo o número de pais que não participam de um momento tão significativo na vida. O homem não conversa com ninguém sobre a paternidade, não sabem de fato o que isso representa e como isso impactará suas vidas, é cada vez mais necessário mostrar a eles o seu papel, que não é de ajuda, mas é ativo, é participativo, é atuante, a única coisa que o pai não pode fazer é amamentar, todo o resto é de sua responsabilidade assim como é da mãe. Para que os homens se conscientizem desse papel ativo, do paternar que lhes cabe, é necessário que as equipes de saúde olhem o homem com atenção e empatia, compreendendo suas limitações, inclusive culturais, quanto ao entendimento de paternidade.