O documento discute a comunicação entre o cérebro e o intestino através da microbiota intestinal e seu impacto na saúde mental. Apresenta como fatores como nascimento, alimentação e estilo de vida influenciam a microbiota e como desequilíbrios podem levar a inflamação e problemas neurológicos e psiquiátricos. Também discute o potencial dos probióticos, chamados psicobióticos, no tratamento de ansiedade e depressão através de sua ação sobre os neurotransmissores no eixo cérebro-in
O documento discute a comunicação entre o cérebro e o intestino através da microbiota intestinal e seu impacto na saúde mental. Apresenta como fatores como nascimento, alimentação e estilo de vida influenciam a microbiota e como desequilíbrios podem levar a inflamação e problemas neurológicos e psiquiátricos. Também discute o potencial dos probióticos, chamados psicobióticos, no tratamento de ansiedade e depressão através de sua ação sobre os neurotransmissores no eixo cérebro-in
O documento discute a comunicação entre o cérebro e o intestino através da microbiota intestinal e seu impacto na saúde mental. Apresenta como fatores como nascimento, alimentação e estilo de vida influenciam a microbiota e como desequilíbrios podem levar a inflamação e problemas neurológicos e psiquiátricos. Também discute o potencial dos probióticos, chamados psicobióticos, no tratamento de ansiedade e depressão através de sua ação sobre os neurotransmissores no eixo cérebro-in
(João Luciano de Quevedo, Kalil Duailibi, Ricardo Barbuti)
Eixo Cérebro Intestino: Como a Comunicação Acontece (Ricardo Barbuti)
Nós temos uma quantidade imensa de bactérias e microorganismos por todo o corpo e todos os sistemas, e eles são importantes para o nosso organismo, nos protegem de doenças. Eles são transmitidos já pelo liquido amniótico, mas impregnam de fato pelo parto vaginal, por isso crianças nascidas de parto cesárea têm maior tendência a desenvolver vários tipos de doenças, no aleitamento eles também são transmitidos. Esses microorganismos interferem em todo o organismo e modulam a microbiota da criança, a medida que essa microbiota cresce se desenvolve o sistema nervoso (bainha de mielina, plasticidade sináptica, neurotransmissores, crescimento dendrítico etc.), a função sensorial, a linguagem, a memoria e aprendizagem e a cognição. Nos primeiros anos de vida esse crescimento influencia toda vida do indivíduo, por isso é importante expor a criança ao crescimento das bactérias, por meio do parto, do aleitamento, da dieta etc. A microbiota é diferente em cada pessoa, mas deve ser ideal para a pessoa viver com saúde no meio em que a pessoa está, quando isso acontece se chama “eubiose”, mas quando a microbiota do intestino não é suficiente para manter a saúde entra-se em um regime conhecido como “disbiose”. Existem vários fatores que interferem em nossa microbiota: genética, estilo de vida (pratica de exercícios e alimentação), doenças, vacinação, infecções, ingestão de medicamentos etc. A disbiose pode gerar várias doenças, inclusive neuropsíquicas. A eubiose faz o intestino funcionar adequadamente, a disbiose interfere também no intestino e em suas funções, atraindo células inflamatórias que podem chegar ao sistema nervoso central e chegar ao cérebro, atingindo o hipotálamo que se comunica com a hipófise e interfere nas nossas secreções hormonais e alterando sua produção, além de alterar nosso metabolismo, sistemas imunológico, neurotransmissores e condições cognitivas e neurológicas. A forma mais rápida de voltar o organismo para a eubiose é por meio da alimentação, depois a atividade física, o transplante fecal (ainda pouco usado), medicamentos e suplementação com probióticos, simbióticos, posbióticos, parabióticos, psicobióticos e autobióticos.
Microbiota Intestinal e SNC sob o Olhar do Psiquiatra (João Quevedo)
A Psiquiatria tem dado mais ênfase a microbiologia, Hipocrates dizia que todas as doenças começam no intestino. Nos anos 60 se acreditava que para cada bactéria havia dez células humanas, hoje se sabe que essa relação é de um para um. A microbiota é influenciada por fatores na gestação, no nascimento e posteriormente por fatores ambientais, aos três anos a criança já apresenta a microbiota igual a de um adulto. Ao longo da vida ela é influenciada por diferentes fatores e no envelhecimento elas diminuem em quantidade e variedade. O SNC e a microbiota se comunicam de forma bidirecional, alterações na microbiota levam a alterações intestinais que alteram no comportamento. O nervo vago é o eixo comunicador entre o intestino e o cérebro e tem grande interferência nos transtornos mentais, se o ambiente intestinal estiver saudável o SNC funciona melhor. A maior fonte de serotonina no corpo humano é o intestino, foi primeiramente descoberta no intestino, mas também está em outros tecidos e no SNC. Na mucosa intestinal age promovendo inflamação (disbiose) ou antiinflamação (eubiose), o bom funcionamento da microbiota é responsável pelas células que produzem serotonina. A disbiose leva a uma inflamação crônica que leva ao surgimento oi agravamento de quadros neuropsiquiátricos. O nervo vago tem grande influência sobre o SNC e importante relação com a liberação de serotonina, noradrenalina e dopamina, disfunções nas monoaminas podem ser responsáveis por quadro de humor e ansiedade. Pesquisas mostram o efeito dos probioticos sobre diversas doenças, um deles mostra que o probiotico tem resultado semelhante ao Diazepam na redução da ansiedade, outro mostra seus benefícios sobre a ansiedade, a depressão e a hostilidade/raiva, outro mostra a melhora sobre o estresse, ansiedade e depressão, outro mostra a diminuição de dois sintomas causados pelo estresse, as dores abdominais e a náusea. Por isso psicobióticos exercem papel importante no tratamento adjuvante de transtornos mentais.
Neuroinflamação e Ansiedade: O Papel dos Psicobióticos (Kalil Duailibi)
Mais de 20 anos atrás, pacientes com depressão apresentavam também ansiedade, estresse, doenças clinicas e dor crônica, e os médicos não sabiam porque havia essa correlação. Pesquisas foram descobrindo que a maioria dos casos de depressão maior é precedido por transtornos ansiosos, estudos mostraram que a norepinefrina inicia uma série de eventos em cascata que se manifestam como estados de ansiedade no inicio e evoluem progressivamente para estados depressivos. Depois foi se compreendendo o impacto do estresse sobre a depressão, principalmente aquele relacionado a situações da infância (situações impactantes e de instabilidade que atingem as crianças), considerando inclusive algumas diferenças na estrutura cerebral ocasionadas por esse estresse. Esses traumas na infância dificultam a resposta do indivíduo ao tratamento com antidepressivo (pacientes refratários), principalmente aqueles que sofreram abuso emocional (43%), mas também os que sofreram abuso físico (22%) e sexual (17%) e negligência (19%). O estresse diminui a concentração de BDNF, que é o maior protetor neuronal, atrofiando a ramificação dendritica do neurônio, assim a conectividade sináptica é reduzida no estresse crônico (assim considerado após três meses de estresse constante), esse tipo de estresse afeta a Rac1 que leva a maior possiblidade de desenvolver depressão. O estresse cronino leva o cérebro a ficar inflamado, devido às alterações em seu fincuinamento, e consequentemente o funcionamento de todo o corpo, o estresse agudo leva aoenas a alterações moleculares, se esse estresse for aumentando, a pessoa provavelmente desenvolverá depressão, a pessoa não consegue relaxar e lidar com suas atividades, podemos chamar esse processo de neurodegenerativo. A depressão é uma doença inflamatória devido ao intestino “mal vedado”, que é ocasioando por uso frequente de analgésicos, antibióticos, infecções como HIV, doenças autoimunes, abuso de álcool, doenças inflamatórias no intestino, hipersensibilidade ao gluten, exaustão psíquica (burnout), alergias e alimentos, terapia de radiação, doenças inflamatórias em geral, estresse crônico, os grifados são os grandes fatores principais. O eixo cérebro intestino, pela microbiota, é o responsável por vários neutotransmissores: GABA e acetilcolina (produzidos por lactobacilos e bifidobacterias), serotonina (produzido por enterococcus, scherichia, streptococcus). Na ausência da microbiota necessária os neurotransmissores não se desenvolvem adequadamente. Os psicobioticos são um canal de comunicação bidirecional entre a microbiota e o cérebro, que engloba o SNC, o neuroendócrino, neuroimune, o SN autônomo e SN entérico. A serotonina, a dopamina, a norepinefrina e o GABA são os neurotransmissores envolvidos no processo de ansiedade e depressão. Os psicobióticos, cepas que tem ação especifica no SNC, podem reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, melhoram a agressividade e a irritabilidade, também são eficazes em outras doenças, como autismo, doena de Parkinson, doença de Alzheimer e esclerose múltipla.