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O papel do microbiota intestinal na

Doença de Alzheimer
Biologia Celular e
Molecular II

Discentes:
Afonso Eira
José Vieira
Sicawati Santos
Doença de Alzheimer - Visão Geral

Deterioração progressiva do funcionamento cognitivo


Degeneração e a atrofia do tecido nervoso do sistemas
nervoso central
Doença descoberta em 1901 pelo psiquiatra alemão
Alois Alzheimer, o primeiro a identificar e caracterizar
um caso de demência precoce numa mulher de 51
anos chamada Auguste Deter
Alzheimer vs. Demência
Sintomas e fases da doença

Estádio Inicial Estádio Intermédio Estádio avançado


Falta de atenção Dificuldade acrescida Défice cognitivo debilitante
Esquecimento de em recordar Personalidade abusiva,
compromissos ou planos informações recentes ansiosa ou paranóica
Desorientação em Problemas de Instabilidade
ambientes pouco familiares comunicação verbal (agressividade/passividade)
Discurso repetitivo
Diagnóstico

Observação comportamental do
paciente
Testes neuropsicológicos
Testemunho de pessoas próximas
ao paciente
Exame físico, de modo a excluir
outras possíveis patologias
(Parkinson, por exemplo)
Análise do fluido cerebral
Testes neuro-imagiológicos
Tratamento
Infelizmente, ainda não há cura, mas existem tratamentos para ajudar a
aliviar os sintomas e retardar sua progressão em alguns casos.
o controlo de outras patologias concomitantes
a terapia ocupacional
o envolvimento em grupos e serviços de apoio
a terapêutica medicamentosa: fármacos que
podem reduzir os sintomas e ajudar a
melhorar a qualidade de vida dos pacientes-
inibidores da colinesterase (donepezilo,
rivastigmina, tacrina) e memantina
Os mecanismos biológicos por detrás da doença de
Alzheimer

Patologia complexa, com nenhuma causa específica a que se possa atribuir completa
responsabilidade
Perda de neurónios e sinapses no córtex cerebral e em determinadas áreas
subcorticais
Na grande maioria dos casos resulta da combinação de diversos fatores genéticos,
estilo de vida e fatores ambientais
Foram identificados várias mutações autossómicas dominantes (20), ao nível da
proteína precursora amiloide (APP), e da presenilina 1 (PSEN1) ou presenilina 2 (PSEN2)
- pequena percentagem dos casos da doença
Os mecanismos biológicos por detrás da doença de
Alzheimer
Estrutura do tecido nervoso
Os mecanismos biológicos por detrás da doença de
Alzheimer
A manutenção do funcionamento dos
neurónios depende:
a. da capacidade de comunicação com
outros neurónios
b. da entrada suficiente de glicose no
cérebro
c. da neurogénese - menos proeminente
em pessoas com doença de Alzheimer
No entanto, o tecido nervoso não é todo
constituído por neurónios, mas em
grande parte pelas células gliais, sendo
as mais relevantes para o estudo desta
patologia as micróglias
Os mecanismos biológicos por detrás da doença de
Alzheimer
Micróglias não realizam a destoxificação do cérebro
Acumulação e subsequente deposição de proteína amiloide-β (Aβ) e proteína-tau, numa forma
hiperfosforilada
Os mecanismos Placas Amilóides

biológicos por
detrás da
doença de
Alzheimer Emaranhados
neurofibrilares
O microbiota intestinal influencia a
homeostase de outras partes do
Eixo Intestino - nosso organismo, com
especialmente o sistema nervoso

Cérebro central

O microbiota intestinal consiste na


comunidade diversificada de
microrganismos que habitam o trato
gastrointestinal, particularmente o
cólon

Milhares de espécies diferentes de


bactérias, vírus, fungos e outros
microrganismos, que coletivamente
desempenham um papel fulcral na
digestão, na função imunológica e
principalmente no metabolismo
Eixo Intestino - Cérebro

O eixo intestino-cérebro é um sistema de


comunicação bidirecional que liga o sistema
nervoso central (SNC), que inclui o cérebro e a
medula espinhal, ao trato gastrointestinal
Abrange uma rede complexa de vias neurais,
hormonais e imunológicas que permitem a
comunicação e interação contínua entre o
intestino e o cérebro
Mas qual é a relevância desta
relação para o estudo da
doença de Alzheimer?
Eixo Intestino - Cérebro

As células micróglia são a primeira fronteira de defesa imunológica do cérebro, não só


pela sua capacidade de detetar e fagocitar substâncias intrusas, mas também pela
forma como conseguem amplificar sinais inflamatórios externos a partir de citocinas
pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, and TNF-α).
A ativação desregulada ou prolongada pode levar à inflamação crónica e danos aos
tecidos e a produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias e espécies reativas de
oxigénio pelas micróglia ativadas pode contribuir para processos neuro inflamatórios
observados em diversos distúrbios neurológicos

Devido a isto, a inflamação crónica do cérebro é


considerada um dos principais fatores de risco para o
desenvolvimento de doença de Alzheimer.
Eixo Intestino - Cérebro

Situações de simbiose trazidas por excesso de stress ou consumo de álcool excessivo


podem resultar num aumento da permeabilidade intestinal. Este aumento permite a
secreção de produtos tóxicos sintetizados pelos microrganismos para a corrente
sanguínea. Estes produtos vão ter um efeito inflamatório para o tecido nervoso, efeito
que via ser amplificado pela atividade desregulada das células micróglia

Desequilíbrio do microbiota intestinal pode afetar a homeostase cerebral

Durante a digestão, os micro-organismos intestinais produzem


metabolitos essenciais como neurotransmissores e ácidos gordos de
cadeia curta

anti-inflamatórios que regulam a sobre-atividade de células micróglia


Eixo Intestino - Cérebro
Alguns estudos recentes sugerem que o
microbiota intestinal pode comprometer a
integridade da barreira hematoencefálica
(BHE), uma barreira protetora cuja função
é regular a passagem de moléculas entre a
corrente sanguínea e o cérebro.
A interrupção está intimamente ligada ao
desenvolvimento de doença de Alzheimer.
Alterações no microbiota intestinal podem
contribuir para este processo,
promovendo a inflamação e afetando a
capacidade de proteção desta barreira
Possíveis Vias
Terapêuticas
Probióticos

O uso de probióticos
pode estimular o
crescimento de
bactérias intestinais
com efeitos benéficos
para o microbioma
intestinal, reduzindo a
inflamação no cérebro
Anti-inflamatórios e Dieta Restritiva

A inflamação crónica é um fator de


risco para a doença de Alzheimer
O microbiota intestinal realiza a
manutenção da resposta imunitária
A utilização de medicamentos anti-
inflamatórios ou intervenções
dietéticas pode retardar o avanço
desta doença por redução da
atividade de vias inflamatórias
Fecal microbiota transplantation (FMT)

Fecal microbiota transplantation


(FMT) consiste na transferência de
uma solução de matéria fecal de
um indivíduo saudável para o trato
intestinal de um doente, alterando
diretamente o seu microbiota
Permite uma diminuição da
deposição de placas Beta-amilóide e
melhor função cognitiva.
Conclusão
Bibliografia
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